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Frei Luís de Sousa

o para evitar todas as formalidades e delongas que aliás havia de haver numa separação
ordem. - Ainda há outra pessoa com quem lhe prometi - não pude deixer de prometer, PROFESSOR
Orientação de leitura
que sem isso não queria ele entrar em acordo algum - com quem lhe prometi que havia
1. a) Ausência de eLementos
falar hoje e antes de mais nada. decorativos; corte com o
.Y1anuel- Quem? será possível? .. Pois esse homem quer ter a crueldade de rasgar, fevra a mundo profano;b) eI.emen1os
próprios da religião cristã,
, os pedaços daquele coração já partido? - Não tem entranhas esse homem: sempre ligação clara à vida espiri-
foi, duro, desapiedado como a sua espada. - É D. Madalena que ele quer ver? .. tual; morte seguida de res-
surreição; c) símbolo de
orge - Não, homem; é o seu aio velho, é Telmo Pais. Como lho havia de recusar? final de vida no mundo pro-
fano; d) símbolo de final de
Manuel - De nenhum modo: fizeste bem; eu é que sou injusto. Mas o que eu padeço é
vida no mundo profano;
o e tal! ... - Vamos; eu ainda me não entendo bem claro com esta desgraça; dize-me, fala- e) indício de que aLguémirá
professar.
-e a verdade: minha mulher ... minha mulher! com que boca pronuncio eu ainda estas
2.1 Amor, ternura, arrepen-
vras! - D. Madalena o que sabe? dimento, preocupação com
orge - O que lhe disse o romeiro naquela fatal sala dos retratos ... o que já te contei. Sabe a saúde e com as conse-
quências de caráter social
D. João está vivo, mas não sabe aonde: supõe-no na Palestina talvez; é onde o deve supor da nova condição de Maria
(filha ilegítima).
palavras que ouviu.
2.2 Manuel de Sousa Cou-
_danuel=- Então não conhece, como eu, toda a extensão, toda a indubitável verdade da nossa tinho casou com o. Mada-
lena sem o cadáver de
ça. Ainda bem! talvez possa duvidar, consolar-se com alguma esperança de incerteza. D. João de Portugal ter sido
orge - Ontem de tarde não; mas esta noite começava a raiar-lhe no espírito alguma falsa encontrado, apesar de ela o
ter procurado durante sete
dessa vã esperança. Deus lha deixe, se é para bem seu. anos e ter casado com o
consentimento da família de
Manuel - Porque não há de deixar? Não é já desgraçada bastante? - E Maria, a pobre
D. João de Portugal. Esse
ia!... essa confio no Senhor que não saiba, ao menos por ora ... foi o seu erro, mas como
agiu com honestidade não
Jorge - Não sabe. E ninguém lho disse, nem dirá. Não sabe senão o que viu: a mãe quase cometeu conscientemente o
agonias da morte. Mas o motivo, só se o ela adivinhar. - Tenho medo que o faça ... crime de adultério.
2.3 Revolta.
Manuel - Também eu.
3. Nesta cena do Ato 111,
Jorge - Deus será connosco e com ela! - Mas não: Telmo não lhe diz nada por certo; eu já Manuel de Sousa Coutinho
está dominado pelos senti-
asseverei - e acreditou-me - que a mãe estava melhor, que tu ias logo vê-la ... E assim
mentos ao contrário do Ato I
ro que, até lá por meio do dia, a possamos conservar em completa ignorância de tudo. em que se mostra predomi-
nantementeracional
is ir-se-lhe-á dizendo, pouco a pouco, até onde for inevitável. E Deus ... Deus acudirá.
4. Maria tinha tuberculose .
Manuel - Minha pobre filha, minha querida filha!
5. A morte de Manuel de
Sousa Coutinhoé metafófica,
morreu para o mundo profa-
no e a sua mortalha será o
hábito de frade.

ntação de leitura 6. Metáfora: «Peregrinação


da terra» - vida de sofrimen-
didascália inicial, interpreta os seguintes elementos: to; Hipérbole: «Amarguras
ardentes» - intenso sofri-
«casarão vasto, sem ornato algum» mento.
«escadas. tocheiras, cruzes, ciriais e outras alfaias e guisamentos de igreja (...) escuite (...) 7. Frei Jorge anuncia o futu-
onde cruz negra de tábua com o letreiro J. N. R. J. e toalha (...) como se usa nas cerimónias ro de Manuel de Sousa
Coutinho e D. Madalena
so Semana Santa.» (entrada na vida religiosa); a
«tocheira baixa com tocha acesa e já bastante gasta» identidade do Romeiro é
apenas conhecida por três
«um castiçal de chumbo, de credência, baixo e com vela acesa» pessoas (Frei Jorge, Manuel
«um hábito completo de religioso domínico, túnica, escapulário, rosário, cinto» de Sousa Coutinho e o
Arcebispo); o Romeiro irá
a cena evidencia-se a dor pungente de Manuel de Sousa. ainda encontrar-se com
Telmo; D. Madalena desco-
Identifica os sentimentos e as preocupações que revela em relação à filha. nhece que o Romeiro é
anuel de Sousa Coutinho admite ter errado, mas rejeita ter cometido um crime. Esclarece D. João de Portugal; Maria
nada sabe sobre a tragédia
o significado do erro assumido e do crime rejeitado. que caiu sobre a família.
Identifica o sentimento do pai de Maria em relação a D. João de Portugal.

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