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Laboratório de Criação I - Fotografia 2022 / 23

Mestrado Artes do Som e Imagem, 1º ano, 1º semestre


Prof. Emanuel Brás

Guia para fotografar com a câmara de grande formato Sinar F 2

Este guia é constituído por 3 partes:


I - Introdução à câmara de grande formato de banco óptico: noções fundamentais, lista de
equipamento.
II - Procedimentos para preparar a câmara no local a fotografar.
III - Anexos com explicações sobre: o modo de utilizar o visor de cartolina; o procedimento
de controlo da profundidade de campo; o fotómetro Gossen.

I - Introdução à câmara de grande formato de banco óptico: noções fundamentais, lista de


equipamento (para a Sinar F2).

Dimensões do grande formato:


- 9x12 cm - 5x7 in = 13 x 18 cm
- 4x5 in = 10,2 x 12,7 cm - 8x10 in = 20 x 25 cm

Tipos de câmaras:
- mono-carril ou de banco óptico (Sinar F2);
- técnica ou prancheta (não existe na ESAD)

Tipos de objectivas para o grande formato 4x5 in


- Grande angular = 90 mm .
- Objectiva normal = 150 mm .
- Teleobjectiva = 210 mm

Componentes da câmara
- Carril / eixo
- Fole (bellow), saco (importante: sempre que utilizar a grande angular, será necessário
substituir o fole da câmara pelo saco; jamais se deverá arrumar a câmara na caixa com o
saco montado, porque pode perfurar o saco).
- Parte da frente (front standard)
- Parte de trás (back standard)
- Prancheta, onde está acoplada a lente. (Cada objectiva está acoplada a uma
prancheta. Quando for necessário mudar de objectiva, bastará encaixar na máquina a
prancheta que tem acoplada a obectiva pretendida)

Movimentos da câmara
- Noções prévias: eixo óptico, ângulo de cobertura, círculo de cobertura.
- Movimentos da câmara:
- Deslocação (= shift) que poderá ser vertical, subida ou descida, ou lateral, à
esquerda ou à direita. Na câmara Sinar F2, estas deslocações tanto podem ser
na parte da frente como da parte de trás.
- Inclinação (= tilt) que poderá ser feito tanto na parte da frente como da parte
de trás da máquina; a mais frequente é com a parte da frente para decidir um
plano de focagem, de acordo com o princípio de Scheimpflug.
- Rotação (=swing) na câmara Sinar F2, poderá ser feito tanto na parte da
frente como na parte de trás.

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Lista de equipamento necessário para trabalhar com grande formato Sinar F2

Caixa da câmara Sinar F2 com:


- Câmara com fole instalado.
- Lupa de focagem.
- Fotómetro (testar se a pilha tem carga).
- Cabo disparador.
- Nível de bolha de ar independente da câmara 1.
- Objectiva instalada na prancheta.
Objectivas
- Objectivas: 90 mm (grande angular); 150 mm (normal); 210 mm (tele-objectiva
ligeira).
Tripé 2
- Tripé para câmara de grande formato.
- Interface tripé-câmara, devidamente aparafusado na câmara.
Outros acessórios
- Pano preto para obscurecimento.
- Carregadores para colocar o filme.
- Saco preto que substitui o fole quando se utiliza as objectivas 90 mm ou 150
mm.
- Visor de cartolina preta.
- Instruções para utilização da câmara e focagem 3

II - Procedimentos para preparar a câmara no local a fotografar

Precauções prévias
Uma vez que não é imediato encontrar o ponto de vista desejado e a instalação da
câmara é demorada, convém chegar ao local com antecedência, de modo a preparar calmamente
a câmara e ensaiar todas as operações.
Cuidados a seguir para preservar o equipamento: não poderão ocorrer quedas do
equipamento. A caixa da câmara deverá sempre ser transportada na vertical. O tripé deverá estar
sempre bem estabilizado, com a coluna na vertical. A câmara não deverá ser transportada quando
acoplada ao tripé. O encaixe e desencaixe da câmara no tripé é feito só com o sistema rápido;
nunca deverá desaparafusar o interface de ligação.

Escolha do ponto de vista: o visor de cartolina


A visor é muito útil para encontrar o ponto de vista mais adequado à fotografia que se
pretende. Esse visor para o formato 4x5 in (10,2x12,7 cm) é muito fácil de construir; basta uma

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O nível de bolha de ar suplementar é para substituir o nível acoplado á parte de trás que está danificado.
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O tripé para a câmara de grande formato, não pode ser um tripé para câmaras de médio ou pequeno
formatos, uma vez que estes não têm resistência para o peso daquele tipo de câmara.
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Só nas primeiras vezes que se trabalha com esta câmara; depois os procedimentos acabam por ficar
adquiridos.

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cartolina preta com uma secção cortada com as dimensões desse formato. Uma vez no local que
se pretende fotografar, é necessário manter uma distância entre o visor e o olho, do observador,
igual aos valores das distâncias focais das objectivas. O que for visível no interior do visor, isto é
aquilo enquadrado pelo visor, corresponderá ao enquadramento da fotografia desde que: o ponto
de vista (câmara e observador) estejam na mesma posição e a distância focal (objectiva e
observador-cartolina) sejam os mesmos. Atenção: é fundamental não esquecer que a utilização
dos movimentos de câmara de grande formato implica uma utilização mais elaborada do visor, tal
como é explicado no esquema em anexo (ver anexo Viewpoint Perspective).

Procedimentos para a preparação da câmara


1 - Depois de encontrado o ponto de vista, deve-se começar por colocar o tripé bem
estabilizado e com a coluna na vertical, tendo como guia o nível de bolha de ar do tripé, - ou
o nível independente que está na caixa da câmara. Depois colocar a cabeça do tripé na
horizontal, colocar a cabeça de modo a coincidir com os zeros das escalas, relativos aos
movimentos de inclinação.
2 - Encaixar a câmara no tripé, e colocar todas as escalas, relativas aos movimentos, na
posição zero. Colocar a câmara de modo a que os níveis de bolha de ar - ou o nível
independente que está na caixa da câmara- indicarem a horizontal.
3 - Se pretender utilizar as objectivas 90 mm ou 150 mm e fazer movimentos, será
necessário substituir o fole pelo saco. Depois de concluído o trabalho, não esquecer de
remover o saco e colocar o fole; pois poderá perfurar o saco se arrumar a câmara na caixa
com o saco acoplado.
4 - Retirar as tampas da objectiva e abrir o obturador e o diafragma.
5 – Enroscar o cabo disparador na tomada do obturador (no corpo da objectiva).
7 - Centrar o eixo da câmara e colocar a parte da frente (prancheta com lente) e a parte de
trás (vidro despolido) simétricas em relação à cabeça do tripé, tornando assim a câmara
estável. Para tal os botões de aperto que fixam cada uma daquelas partes, situados por
baixo do eixo, deverão estar desapertados.
8 - Por aproximação e afastamento da parte da frente e parte de trás da câmara, fazer uma
primeira focagem (o diafragma deverá estar todo aberto), depois fixar ambas partes ao
carril/eixo, rodando nos botões situados por debaixo do eixo.
9 - Criar condições de obscurecimento com o pano preto. Debaixo do pano preto, olhar para
o visor e analisar a imagem projectada. Se for necessário mudar ligeiramente o ponto de
vista, levante com muito cuidado o conjunto da câmara e tripé e mova-o. Se tiver de mudar
substancialmente o ponto de vista, então o melhor é desacoplar a câmara do tripé e mover
os dois em separado.
Se tiver de mudar apenas o enquadramento, então faça um deslocamento com a parte de
trás da câmara.
Atenção: para primeiras experiências com esta câmara, recomenda-se apenas movimentos
na câmara do tipo deslocamentos (shift): verticais e horizontais.

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Sempre que mover o tripé não esqueçer de verificar os níveis, i.e. a horizontal.
10 - Ainda debaixo do pano preto, utilize a lupa de focagem e mova a parte de trás da
câmara rodando o botão do lado direito, para uma focagem selectiva com precisão.
11 - Pondere qual a nitidez que necessita ao longo da profundidade no espaço plástico.
Para controlar a profundidade de campo siga as instruções da câmara Sinar. Determine
qual o valor de abertura, do diafragma. que necessita (ver anexo Selective Sharpness).
12 - Medir a luz, se possível através do método da luz incidente. Atenção: ajuste a
sensibilidade no fotómetro à sensibilidade do filme com que está a fotografar. Identifique
qual a velocidade/tempo de exposição que necessita em função do valor de abertura que
determinou na etapa anterior (etapa 11).
13 - Ajustar o diafragma e o obturador para os valores determinados pela profundidade de
campo e da medição de luz.
14 - Fechar o obturador. IMPORTANTE: verificar se o obturador está fechado! Verificar se o
obturador está fechado! Verificar se o obturador está fechado! Accionar a mola do
obturador.
15 - Inserir o carregador na parte de trás da câmara. Antes, verifique que está a inserir filme
virgem. Tenha o cuidado de proceder de forma delicada e segura (para não mover a parte
detrás), assim como verificar que o carregador ficou completamente encaixado (evitando
entradas marginais de luz que danificarão a imagem).
16 - Retire a tampa do carregador, que protege o filme que está dentro da câmara.
17 - Aguardar cerca de meio minuto, precavendo-se de possíveis vibrações da câmara
causadas pela inserção do carregador. Segurar no cabo disparador de modo a não mover a
parte da frente da câmara.
18 - Finalmente: click! Mas ainda não terminou!
19 - Insira a tampa no carregador, mas desta vez com a extremidade preta virada para fora
(que indica que o filme já foi exposto). Agora já pode remover o carregador da câmara. Se
pretender fazer uma segunda exposição, vire o carregador, ou insira outro que tenha filme
virgem., e se ocorrerem alterações de luminosidade, então volte à etapa 12; senão ir para a
etapa 13: acionar a mola do obturador.

Seguinte(s)
...
20 - No final, antes de arrumar a câmara na caixa: a) todos os botões de aperto das partes
da frente e de trás deverão estar com folga; b) o manípulo do anel de fixação do eixo/carril
deverá estra também desapertado; c) a mola do obturador não ficou em tensão, i.e. não
está accionada.
Agora que todas as partes da câmara estão móveis, é possível assim um perfeito ajuste no
interior da caixa

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III - Anexos com explicações sobre: o modo de utilizar o visor de cartolina; o procedimento
de controlo da profundidade de campo; o fotómetro Gossen
Ver páginas seguintes com: Viewpoint Perspective; Selective Sharpness; fotómetro Gossen.

Bibliografia

- Adams, Ansel, The Camera, Ed. Little, Brown and Company, Boston,London, 10th ed. 1989.
“Chapter 10 - View-Camera Adjustments”, pp. 141-161.

- Langford, Michael (1996) Fotografia Básica, Ed. Dinalivro, Lisboa, 4ª edição,


4º capítulo (parcial) : Máquinas fotográficas, pp 69-73,
6º capítulo: Movimentos da máquina fotográfica, pp 105-118.

- Stone, Jim (2003) A User’s Guide to the View Camera, New Jersey: Pearson education; 3rd
editition.

- Tillmanns, Urs (1997) Basics And Applications, Creative Large Format, Feuerthalen:
Sinaredition.

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