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Índice:............................................................................................................................................ 1
Uma tentativa de síntese das diferenças entre as NIC e os vários regimes do SNC: .................... 5
Microentidades: ....................................................................................................................... 12
Bibliografia ................................................................................................................................. 17
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Lista de Siglas e abreviaturas:
DF – Demonstrações Financeiras
ME – Microentidades
PE – Pequenas Entidades
UE – União Europeia
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Introdução:
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Biografia do autor:
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Uma tentativa de síntese das diferenças entre as NIC e os vários regimes
do SNC:
O artigo “Uma tentativa de síntese das diferenças entre as NIC e os vários regimes do
SNC”, publicado na Revista Contabilista nº 259 de outubro de 2021, por Fábio Albuquerque em
colaboração com o ISCAL, divide-se em duas partes. Na primeira parte, o autor do artigo
concentra-se, essencialmente, em explicar a abrangência obrigatória e facultativa das NIC
(Normas Internacionais de Contabilidade) em Portugal e em clarificar os diversos níveis de
normalização contabilística (NCRF, NCRF-PE e NCM). Já na segunda parte do artigo, o autor
explicita as diferenças entre o SNC (Sistema de Normalização Contabilístico) e as NIC.
1ª Parte do Artigo
Segundo o autor, a adoção das NIC em Portugal têm um caráter de obrigatoriedade para
as “(…) contas consolidadas das entidades com valores mobiliários admitidos à negociação num
mercado regulamentado da UE, bem como as respetivas contas individuais de tais entidades (e
que não sejam obrigados a elaborar e apresentar contas consolidadas), ficando as suas DF
individuais igualmente sujeitas à certificação legal das contas (CLC) (…)” (Albuquerque F. d.,
2021) e um carácter opcional para as “(…) entidades que possuam contas consolidadas, bem como
entidades cujas contas individuais integram o perímetro de consolidação de entidades que
consolidam contas utilizando as NIC (obrigatória ou facultativamente), ficando tais contas, em
ambos os casos, sujeitas à CLC (…)” (Albuquerque F. d., 2021).
No âmbito da harmonização contabilística, o autor explica que houve a necessidade de se
introduzir em Portugal um novo sistema de normalização contabilística. Desta forma, baseando-
se nas normas internacionais de contabilidade, surgiu em 2009 o Sistema de Normalização
Contabilística (SNC). O SNC veio permutar o antigo normativo contabilístico nacional, o Plano
Oficial de Contabilidade (POC), que já não se ajustava às necessidades contabilísticas
internacionais e nacionais. O autor salienta, também, que embora o SNC se baseie nas NIC, os
normativos nacionais aplicáveis às entidades não abrangidas pela obrigatoriedade ou pela
faculdade de adoção das NIC, apresentam diferenças relativamente às normas internacionais que
“(…) são mais evidentes consoante o regime do SNC em que tais entidades se incluam”
(Albuquerque F. d., 2021).
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Com a introdução do SNC, para além de se pretender harmonizar o processo de
normalização contabilística nacional, pretendia-se, também, a simplificação de requisitos para as
entidades de menor dimensão. Para tal, no âmbito do SNC existem três diferentes níveis de
normalização contabilística, sendo estes o regime geral (NCRF - Normas Contabilísticas e de
Relato Financeiro), com requisitos mais abrangentes, o NCRF-PE (Norma Contabilística e de
Relato Financeiro para as Pequenas Entidades) e o NCM (Norma Contabilística para as
Microentidades) que são dois regimes mais simplificados e que se aplicam às pequenas entidades
(PE) e microentidades (ME), respetivamente.
Em relação ao regime contabilístico para as PE e ME, o autor diz que no âmbito do SNC
a existência de cada regime resultou da simplificação dos conteúdos das normas contabilísticas
de relato financeiro do SNC e das normas internacionais de contabilidade, contudo nenhum dos
regimes é integralmente comparável com as NIC e com as NCRF, e que o enquadramento das
pequenas e microentidades no âmbito do SNC tem por base a verificação de três limites (Total de
volume de negócios, Total de ativos e Nº médio de empregados) que não devem ser ultrapassados
à data do balanço, em pelo menos dois dos três.
Fábio Albuquerque acrescenta ainda, que o regime geral para as ME inicialmente não se
encontrava inserido no âmbito do SNC, tendo sido apenas integrado em 2015. Com a inclusão da
NCM, o autor afirma que se constituiu em Portugal um sistema de normalização contabilístico
“único constituído por diversos subsistemas” (Albuquerque F. d., 2021).
Por fim, o autor afirma que a tentativa de harmonização contabilística foi diversas vezes
alvo de críticas, pois “(…) deixava a cargo dos Estados-membros (EM) um conjunto vasto de
opções em distintas matérias, incluindo os limiares de enquadramento nos diferentes níveis de
normalização, com um nível de enquadramento também ele opcional (…)” (Albuquerque F. d.,
2021). O autor salienta, ainda, que as alterações obrigatórias que se impuseram aos Estados-
membros, para a aplicação da harmonização contabilística, vieram agravar ainda mais as
diferenças entre as NIC e o SNC, e destaca a necessidade eminente de se rever os limites do
conceito de dimensão para fins de enquadramento das entidades nacionais nos níveis acima
mencionados.
2ª Parte do Artigo
Segundo o autor, apesar de o SNC ter sido construído com base nas NIC, existem diferenças
relevantes entre ambos, que se podem enquadrar em distintos tópicos, tais como:
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1. Instrumentos contabilísticos integrantes dos distintos modelos de normalização;
2. Diferenças deliberadamente assumidas pelos legisladores nacionais ou explicadas por
razões contextuais;
3. Diferenças decorrentes de critérios impostos pelas diretivas europeias;
4. Diferenças decorrentes do maior dinamismo das alterações das NIC face às NCRF.
4. Diferenças decorrentes do maior dinamismo nas alterações das NIC face às NCRF:
De acordo com Fábio Albuquerque, existe uma desatualização do SNC face às alterações
do IASB, tais como, entre outros:
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- Alterações à estrutura conceptual do IASB;
- Alterações à IAS 1, que introduziu, entre outros aspetos, uma maior flexibilidade na
designação das demonstrações financeiras (sendo que, por exemplo, o balanço, pode
ser designado de demonstração da posição financeira);
- Introdução dos ativos não correntes detidos para distribuição do capital (IFRS 5);
- Novo conceito de justo valor e de técnicas de mensuração (IFRS 13);
- Emissão de uma nova norma para o tratamento dos instrumentos financeiros, que
introduz um novo modelo para a identificação do critério de mensuração e para o
reconhecimento de perdas por imparidade (IFRS 9);
- Emissão de uma nova norma para o tratamento do rédito, em que é feita uma distinção
entre o tratamento de diversos tipos de rédito (IFRS 15);
- Emissão de uma nova norma para o tratamento das locações (IFRS 16).
Por fim, o autor analisa ainda algumas diferenças entre os regimes do SNC (NCRF,
NCRF-PE e NCRF-ME) que optámos por não explorar neste trabalho.
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Reflexão crítica:
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− NCRF-PE – Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro para as Pequenas
Entidades
− NCRF-ME – Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro para as Microentidades
− NCRF-ESNL – Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro para as Entidades do
Setor não Lucrativo
− NCP – Normas de Contabilidade Pública
Desde que, foi implementado, em 2009, o SNC sofreu apenas três atualizações (Mourão,
2018):
Com base no referido, destacamos que a falta de atualizações no SNC leva a que os
normativos contabilísticos nacionais estejam a ficar desatualizados face aos normativos
contabilísticos internacionais. Esta situação acabará por colocar as empresas portuguesas em
desvantagem, pois a aplicação de práticas e princípios contabilísticos diferentes leva a uma
diminuição da comparabilidade da informação financeira, o que conduz em maiores gastos para
as empresas na preparação da sua informação financeira e dificuldades na compreensão do risco
e da rendibilidade dos investimentos.
Já no âmbito internacional, o organismo responsável atualmente pela elaboração das
normas internacionais de contabilidade (IAS – International Accounting Standards e IFRS -
International Financial Reporting Standards) é o IASB (International Accounting Standards
Board). O IASB, pela forma como tem vindo a evoluir conquistou a condição de organismo
principal no processo de harmonização contabilística internacional.
Este organismo veio substituir, em 1995, o IASC (International Accounting Standards
Comittee), cujas normas apenas abrangiam a contabilidade, e não o relato financeiro (Rodrigues,
(2022), tal como citado em Mourão, (2018)).
O IASC tinha sido criado em 1973 com os seguintes objetivos (Lapi, 2015):
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− Trabalhar de uma forma geral para a melhoria e harmonização dos regulamentos,
normas e procedimentos contabilísticos relacionados com a apresentação das
demonstrações financeiras.
Por decisão da UE, a adoção das IAS/IFRS é, desde 2005, de caráter obrigatório para
todas as empresas com valores mobiliários que estejam admitidas à negociação em mercado
regulamentado. Caso se trate de um grupo económico nestas mesmas condições, o mesmo terá de
responder a esta obrigação para as DF consolidadas e para as DF individuais das respetivas
entidades, sendo opcional para as entidades com DF individuais que integrem o perímetro das
primeiras. Desde 2007 que as empresas que não estejam cotadas em bolsa podem também optar
por adotar estas normas.
Tal como mencionado anteriormente, as NCRF dividem-se em vários patamares de
normalização contabilística. A elegibilidade das empresas (microentidades, pequenas entidades,
médias entidades, grandes entidades e pequenos grupos) para se inserirem em determinado
patamar está dependente da verificação dos critérios seguintes:
− Total do ativo;
− Volume de negócios;
− Número médio de empregados.
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Microentidades:
Para que a empresa possa utilizar o normativo NCRF-ME tem de ser considerada
microentidade. Para tal, não pode ultrapassar 2 dos 3 seguintes limites:
Pequenas entidades:
Uma pequena entidade pode optar por adotar as NCRF-PE ou as NCRF. Para ser
considerada pequena entidade, não pode ultrapassar 2 dos seguintes 3 limites:
Estas entidades não podem adotar as NCRF-ME, visto que o rigor desse normativo é
inferior ao exigido para as empresas desta dimensão.
Médias entidades:
Estas empresas não podem adotar as NCRF-PE nem as NCRF-ME, porque o rigor destes
normativos é inferior ao exigido.
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Grandes entidades:
As grandes entidades são as empresas que ultrapassam os limites definidos para as médias
entidades. Estas entidades também têm obrigatoriamente de adotar as NCRF.
Pequenos grupos:
Os pequenos grupos são constituídos pela empresa mãe e pelas empresas subsidiárias
que à data do balanço da empresa mãe, não ultrapassem 2 dos 3 limites:
De acordo com o autor, e tal como já referimos no capítulo anterior, o facto de os limiares
de enquadramento dos diferentes níveis de normalização serem deixados a cargo dos Estados-
membros foi diversas vezes alvo de críticas. Na nossa opinião, estes limiares devem ser definidos
para todos os Estados-membros pelo próprio IASB. Não obstante, esses limiares devem ter em
consideração a realidade e a dimensão de cada Estado-membro.
Por exemplo, se os limiares para Alemanha fossem os mesmos que para Portugal, uma
pequena entidade na Alemanha, talvez fosse erradamente considerada uma grande entidade,
porque a realidade e a proporção são diferentes. Isso iria prejudicar a comparabilidade entre
ambos os países.
Assim sendo, esta estruturação deve ser uniforme e permitir que as DF sejam o mais
comparáveis possível entre os vários Estados-membros.
Por sua vez, partilhamos da mesma opinião do autor do artigo em relação à necessidade
de revisão destes limiares para Portugal. Acreditamos que seja necessária uma atualização, tendo
em conta que os mesmos já foram definidos há 8 anos, e que estamos em constante mudança e
evolução.
O autor Fábio Albuquerque alerta ainda os leitores para o facto de o objetivo da
harmonização contabilística ter sido também alvo de críticas.
Embora o processo de harmonização contabilística tenha sido profundamente debatido, e
seja segundo Samuels e Oliga, citados por Lorca (2001), um processo politicamente complexo,
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teoricamente complicado e operativamente incerto, enquanto grupo concordamos com o
desenvolvimento do processo de harmonização contabilística, pelas inúmeras vantagens que traz
para as empresas e pelo facto de contribuir para a harmonia das práticas e princípios
contabilísticos.
Segundo Essers, et al., (2009), conforme citado em Mourão (2018), existem diversas
vantagens decorrentes da harmonização dos normativos contabilísticos, tais como:
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De acordo com Fábio Albuquerque, as NCRF são, em grande parte, baseadas nas
IAS/IFRS. Já as NCRF-PE e as NCRF-ME são, apesar de não integralmente comparáveis,
baseadas nas IFRS-SME (IFRS por Small and Medium Entities), que foram criadas por
reconhecimento por parte do IASB da dificuldade das entidades não obrigadas a prestar contas
públicas em elaborar as DF.
Apesar de, segundo o autor, as NCRF-PE e as NCRF-ME se afastarem ligeiramente das
normas internacionais, faz todo o sentido, na nossa ótica, que o processo contabilístico seja menos
complexo para as pequenas e microentidades, tendo em conta que são entidades de menor
dimensão, muitas vezes geridas por indivíduos com poucos conhecimentos de gestão e de
contabilidade, e com poucos recursos. Para além disso, muitas vezes, dada a dimensão do negócio,
não se justifica, na nossa opinião, ter de apresentar a informação com tanto detalhe.
Na nossa ótica, é lícito que existam diferenças entre o SNC e as NIC, visto que o SNC é
um sistema de normalização contabilística nacional, e que não apresenta no seu todo o mesmo
grau de exigência que as NIC. No entanto, e por esta mesma razão, na nossa opinião, o SNC
deveria acompanhar as NIC em termos de flexibilidade quando às DF, visto que não é coerente
que as DF do normativo nacional apresentem um maior grau de exigência do que as DF do
normativo internacional.
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Conclusão:
A existência de práticas e princípios contabilísticos diferentes em cada país é um
obstáculo à globalização dos mercados e ao crescimento económico.
Em virtude das assimetrias existentes na informação financeira, surge a necessidade de
se harmonizar os normativos e práticas contabilísticas dos diferentes países, evitando, assim,
diferenças no apuramento de resultados e na avaliação das empresas. Posto isto, surge a
harmonização contabilística.
A harmonização contabilística enquanto processo de convergência dos normativos e
práticas contabilísticas levou, inevitavelmente, a um conjunto de reformas nos sistemas
contabilísticos, nomeadamente no sistema contabilístico português, através da criação do SNC.
Por sua vez, da necessidade de se adotar um conjunto de normas contabilísticas
mundialmente aceites, destacamos o papel essencial do IASB enquanto organismo principal de
normalização contabilística internacional.
O SNC baseia-se nas NIC para a criação das NCRF, no entanto, os normativos nacionais
aplicáveis às entidades não abrangidas pela obrigatoriedade ou pela faculdade de adoção das NIC,
apresentam diferenças relativamente às normas internacionais.
Grande parte das diferenças entre as NIC e o SNC, devem-se ao facto essencial do SNC
ser um sistema de normalização contabilístico menos flexível e mais desatualizado. O SNC impõe
requisitos específicos mais rígidos do que as NIC, e desde que foi implementado, em 2009, foi
atualizado três vezes.
Destacamos que a falta de atualizações no SNC leva a que os normativos contabilísticos
nacionais estejam a ficar desatualizados face aos normativos contabilísticos internacionais, o que
acabará por colocar as empresas portuguesas em desvantagem, pois a aplicação de práticas e
princípios contabilísticos diferentes leva a uma diminuição da comparabilidade da informação
financeira, o que conduz em maiores gastos para as empresas na preparação da sua informação
financeira e dificuldades na compreensão do risco e da rendibilidade dos investimentos.
Não obstante ao referido, na nossa opinião, é lícito também que existam diferenças entre
o SNC e as NIC, visto que o SNC é um sistema de normalização contabilística nacional, e que
não apresenta no seu todo o mesmo grau de exigência que as NIC.
No entanto, é importante referir que essas diferenças não devem ser em demasia, por
forma a existir uma harmonia com os normativos internacionais. Destacamos, ainda, que para que
não existam diferenças significativas é importante atender às características de cada país no
processo de criação de uma linguagem contabilística comum a todos os países.
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Bibliografia
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regimes do SNC. Contabilista, 38-45.
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