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REQUERIMENTO TÉRMICO AMBIENTAL

Produtividade máxima X custos


Modificações ambientais ➪ maximizar sua renda líquida
Conhecimento das necessidades térmicas X Comportamento do animal
TAE deve ser avaliada para cada espécie

SUÍNOS
Muitos estudos foram realizados com suínos
Facilidade de realização de pesquisas
Possibilidade de inferência dos resultados conseguidos em laboratórios

MOVIMENTO DO AR

Com o aumento da temperatura ambiente, para haver percepção, deve-se


elevar a velocidade do ar:
nas temperaturas de 12, 16 e 30°C, ➪ vento a 15, 20 e 60 cm/segundo-1.

Vento a 20 cm/s forçaria uma perde de calor do animal por convecção.


Leitões (5 kg) tiveram melhor desempenho quando foram submetidos a
uma adaptação ao vento por intermédio de ventiladores (Tabela 1).

Tabela 1 - Desempenho de leitões relacionado ao ambiente térmico


Vento Adaptação gradativa
GPD (kg) 0,15 0,14
CRD (kg) 0,25 0,28
E. Alimentar 0,60 0,50
Fonte: Muehling (1961). Adaptado de CURTIS (1983).

Suínos em terminação (35°C): elevadas velocidades de vento


↓ desempenho.
Recomendações: a velocidade do vento não deve ser superior aos 5 m/s

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TEMPERATURA DO PISO

Tabela 2: Ganho de peso de leitões alojados em diferentes condições (3°C)


Condições Ganho Diário (kg)
Individual (s/ palha) 0,45
Em grupo (s/ palha) 0,63
Em grupo (c/ palha) 0,72
Fonte: Moustgaard (1962); Adaptado de CURTIS (1983).

Tabela 3: Ganho de peso de leitões alojados em diferentes pisos


Ganho de Peso (kg)
Idade Concreto aquecido Forr. Madeira Concreto
3 dias 1,5 1,7 1,6
3 semanas 5,3 5,4 5,4
8 semanas 15,1 16,7 11,1
Fonte: Lucas (1953); Adaptado de CURTIS (1983).

Animais de 25-90 kg ➪ em temperatura de 17°C (início) a 10°C (final)


➪ A temperatura no piso de concreto foi 7°C abaixo do piso com palha
➪ ↓ GPD 10 a 20 g/dia/°C abaixo da termoneutralidade (piso s/ palha)
➪ CR extra de 20 a 40 g/d quanto abaixo da TCI

CONDIÇÕES DE FRIO
Taxa de produção de calor termoneutra (HT) (suínos de 20 a 180 kg):

HT = 65 + 0,32 EM (kcal/kg0,75/dia

Consumo de EM de mantença (EMmt) na termoneutralidade:


EMmt = 65 + 0,32 EMmt (kcal/kg0,75/dia

Últimos resultados: este requerimento é em torno de 100 kcal/kg 0.75/dia.

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TEMPERATURA CRÍTICA INFERIOR PARA CONSUMO DE EMmt
Tabela 4: TCI para suínos submetidos a diferentes níveis de consumo
Fase Peso (kg) taxas de consumo
1 2 3
Recém nascido
Isolado 2 31 29 29
em grupo 2 27 24 24
Crescimento
Isolado 20 26 21 17
em grupo 20 24 19 15
Terminação
Isolado 60 24 20 16
em grupo 60 23 18 13
Cevado
Isolado 100 23 19 14
em grupo 100 22 17 12
Matriz
Magra 140 25 20 14
Gorda 140 23 18 12
Fonte: Holmes (1977); Adaptado de CURTIS (1983).

➪ Animais criados em grupo, se amontoam, permitindo baixar a TCI


➪ Maior consumo de EM proporciona menor valor de TCI
➪ Resultados de um estudo por período curto (3 semanas)
➪ Maiores períodos de exposição: ↓ valores TCI

EFEITO DO CONSUMO DE ALIMENTO SOBRE A TCI


Os suínos consomem de 2 a 4 vezes a sua necessidade de mantença
Pela tabela 4:

para cada 100 kcal extra de ➪ 1 ou 2°C em recém nascidos;


EM/pv0,75/dia ➪ 4 a 5°C em suínos em crescimento; e
ocorre diminuição na TCI
➪ 5 a 6 °C em suínos reprodutores.
De acordo com o NRC, um suíno alimentado à vontade
mantido em condições de termoneutralidade, poderá
consumir até 2,8 kg de alimento além das suas necessidades.

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Tabela 5: Alteração na TAE nas várias condições de ambiente:
Condição variação na TAE
Velocidade do ar:
0,2 -4
0,5 -7
1,5 -10
Tipo de piso:
palha +4
concreto+sarrafo -5
concreto úmido -5 a -10
Temp. ar-parede (≠°C):
13 -7
3 -1,5
1 -0,5
Fonte: Mount (1975); Adaptado de CURTIS (1983).

CALOR PARA MANTER O CORPO AQUECIDO


x CONSUMO DE ALIMENTO

No frio: CR diretamente proporcional ao grau de estresse.

Tabela 6 Calor e alimento extra para compensar diminuição de temperatura em 1°C:


Fase do animal Peso vivo (kg) Calor (kcal/dia)* Alimento (g/dia)**
Recém Nascido 2 11 4
Crescimento 20 38 13
Cevado 100 100 35
Reprodutor:
Magro 140 170 59
Gordo 140 98 35
* referente a 1°C abaixo da Temp. Crítica Inferior
** EM  2900 kcal/kg.
Fonte: Holmes (1977); Adaptado de CURTIS (1983).

Tabela 7 Quantidade extra de alimento (g/dia**)


necessárioem diferentes temperaturas:
Temperatura Ambiente Efetiva
Peso vivo (kg) TCI 15 10 5
20 18 39 104 169
100 14 0 144 324
** EM  2900 kcal/kg.
Fonte: Holmes (1977); Adaptado de CURTIS (1983).

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Redução na TDG é maior do que a ↓ na TDP
➪ Primaridade animal: uso de gordura como combustível
➪ Redução na TDP: depende do nível de alimentação
➪ Outros estudos: ↓ 13 a 19 g. para cada °C de diminuição da tº (termin.)
➪ Fornecendo alimentação constante, VERSTEGEN (↓GP 15 g / ↓°C)
➪ Em ad libitum ↓ 30 a 45 g Ração / °C para conpensar o ganho.

Estima-se em 45 g/dia o ↑ CR / °C de frio para suínos de 20 a 100 kg.

ALTERAÇÃO DO NÍVEL DE PB DA RAÇÃO NO FRIO

➪ Não há evidências de que a exigência de PB varie com a temperatura


exemplo:
Animal com CR 2800g de uma ração com 13,5 % PB
↓ 5°C, (40g/°C): ➪ CR 3000g de ração (12,6 % PB).

SUÍNOS EM CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO NO CALOR

➪ A pressão de vapor é muito importante para o suíno no calor


A 30 °C um aumento de 18% na UR do ar eqüivale à elevação de 1°C

➪ estresse de calor gera diminuição do consumo


➪ aumentar a densidade da dieta (concentração dos nutrientes)
➪ há um acréscimo na eliminação de potássio na urina
➪ há aumento na espessura de toucinho

ALTERAÇÃO DA PROTEÍNA NA DIETA DEVIDO AO CALOR

Outro exemplo:

Animal com CR 2800g de uma ração com 13,5 % PB


↑ 5°C, (20g/°C): ➪ CR 2700g de ração (14,4 % PB).

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VARIAÇÕES CÍCLICAS E MUDANÇAS NA TEMPERATURA

As alterações abruptas causam maiores estresse aos animais.

Desempenho de Suínos submetidos à mudança abrupta de temperatura


Fatores T° constante 19➪3°C 3➪18°C
dias ➪ 3 19 1-12 13-28 1-12 13-28
GPD (g) 580 720 260 590 690 790
EA (%) 27 32 11 25 33 33
Fonte: Moustgaard (1962); Adaptado de CURTIS (1983).

REPRODUÇÃO E GESTAÇÃO

➪ Marrãs e porcas devem ser protegidas contra o calor excessivo


➪ Nunca atingir acima de 32°C.
➪ Requerimento de EM para mantença aumenta no frio.
➪ Uma fêmea de 150 kg ➪ 50g de CRD extra/ ↓ 1°C na TR
➪ Para os macho nunca exceder 29°C (espermatogênese)

MATERNIDADE

Matrizes:
➪ não exceder 27°C e jamais atingir 32°C
➪ Calor ↓CR e produção de leite
Aquecer os leitões

CRECHE
Animais sujeitos ao ataque de patógenos
caso haja uma alteração brusca de temperatura

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AVES

NINHADA
➪ Condições naturais X artificiais
➪ Mais sensíveis até a 3ª semana de idade
➪ Criados em lotes tendem a manter desempenho semelhante
➪ Diminuir cerca de 3°C/semana até 20°C.

CRESCIMENTO
Desempenho de frangos (3 a 9 semanas) em diferentes temperaturas:
Temp. (°C) Ganho de Peso (g/dia)
3 semanas 9 semanas GP 3➪9 semanas
13 271 1478 1207
16 283 1580 1297
18 301 1678 1377
21 342 1742 1400
24 332 1652 1320
27 315 1576 1261
Fonte: Osbaldiston (1968); Adaptado de CURTIS (1983).
Desempenho de frangos em diferentes temperaturas
Item 7(Cº) 13(Cº) 8(Cº) 24(Cº)
GPD (g) 31 32 32 32
CRD (g) 89 86 83 81
EA (%) 35 37 38 39
Fonte: Prince (1961); Adaptado de CURTIS (1983).

Evolução das características de desempenho do frangos de 1976 a 2007


Características de desempenho 1976 1987 1997 2001 2007*
Peso vivo aos 42 dias (g) 1050 1775 2425 2650 3000
Dias para atingir 2 kg 63 45 37 35 33
Rendimento de carcaça (%) 66,7 67,8 69,5 70,3 71,5
Rendimento de carne de peito (%) 12,6 14,5 16,1 17,3 19,1
Kg ração / kg de carne de peito 20 13 10 8,7 6,5
Adaptado: Souza (2003). * Previsão

POEDEIRAS
➪ Em temp. ↓ a 21C: o tamanho dos ovos ↑ com o período de postura.
➪ Períodos curtos (4 h) sob temp. acima de 37C, reduziu mais o peso
dos ovos que temperaturas ambientes na faixa dos 29C

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Qualidade do ovo

➪ O valor das Unidades Haugh piora no verão


➪ Calor: ovos de casca finas
[ ] de Ca no sangue é de 25 a 30% menor a 32ºC, comparado a 21ºC
Maior excreção renal de bases devido à compensação da alcalose resp
➪ Menor percentagem de ovos com manchas de sangue no verão

Temperatura (Cº) % de aves com sangue % ovos com manchas de


nos ovos sangue
32 17 0,6
21 41 2,7
8/23 47 4,0
Wilson et al. (1964) Adaptado CURTIS (1983)

Efeito da temperatura sobre a qualidade do ovo:


Parâmetro Temperatura ambiente
8ºC 19ºC 30ºC
Peso do ovo (g) 63,1 60,4 55,6
Peso casca (%) 10,3 10,3 9,4
Peso gema (%) 31,4 32,1 30,9
Peso albúmen (%) 58,3 57,8 59,9
Carmon e Huston (1965) Adaptado CURTIS (1983)

➪ Temperatura ambiente
ótima: 13C e 21C
de 10C a 25C são bem toleradas
↑ 25C o bom desempenho depende de ajustes na dieta
(Dieta bem ajustada: ↑ temperatura melhor desempenho)
↑ 38C, as poedeiras estão sob severo estresse calórico
Resumo...
Conseqüências
Ambiente Frango de corte Poedeiras
Até 10ºC ↓ GP e pior CA ↓ produção de ovos
De 10 a 15ºC Pior CA e menor interferência da UR sobre a termólise
De 15 a 25ºC Maior eficiência em GP Maior eficiência alimentar
ocorre entre 24 e 25ºC
↓CR e GP Melhor CA Menos problemas até 26ºC
De 25 a 30ºC A partir de 27ºC:
do nº e tamanho dos ovos e
pior qualidade de casca
Acima de 30ºC Piora todos os parâmetros
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Variação de temperatura:
30C e 18C ( média de 26C) melhor desempenho,
comparado àquelas mantidas a temperatura constante de 24C

BOVINOS DE CORTE

- Existem poucos dados disponíveis sobre o efeito do ambiente em gado


de corte.
- A tabela 11.39 ( p. 129) mostra um experimento realizado durante 7
anos no Canadá, com gado de corte mantido a pasto para engorda.

TCI para vacas de corte prenhes variou entre -10C e -20C


TCI para bezerros com menos de 250 kg pv -15C e -20C

- Desempenho aceitável em ambiente de 15C a 30C


- GPD diminui em t. mínima de 27C e média de 35C
- O gado de corte não tolera mudanças bruscas na temperatura ambiente
- Nestas ocasiões, os animais reduzem o consumo de alimento, ficam
mais susceptíveis à doenças, e seu desempenho normalmente diminui.

BOVINOS LEITEIROS
Reflexos da temperatura nas reações fisiológicas de uma vaca
Parâmetro 18ºC 30ºC
Calor metabólico (kcal/h) 841 629
Temperatura retal 38,6 39,9
Temp. da pele 33,3 37,7
Respirações/min. 32 94
Balanço de líquidos
Urina (kg/d) 11,1 12,8
Consumo água (kg/d) 57,9 74,7
Evaporação pela superfície 94,6 150,6
corporal (g/m/h)
Evaporação pela respiração 60,6 90,9
Alimentos (kg/d)
Consumo de concentrados 9,7 9,2
Consumo de feno 5,8 4,5
Produção de leite 18,4 15,7
Adaptado de McDOWELL (1974).

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Qualidade do leite no calor:
ocorre redução no conteúdo de proteína, gordura e alguns minerais
Vacas mantidas a 8 e a 36ºC: ↓ EE 3,85 ➪ 3,31% e PB 3,42 ➪2,98%.

OVINOS

- Os ovinos aparentemente crescem mais rápido quando a temperatura


ambiente está entre 5C e 25C.

- Como os bovinos, estes animais tendem a diminuir o consumo


voluntário de alimentos fibrosos durante dias quentes, evitando o
aumento da temperatura corporal.

- A temperatura ambiente alta pode estar envolvida com o estímulo do


crescimento da lã de ovelhas.

QUALIDADE DA CARCAÇA

PSS (“porcine stress syndrome”)

Utilização anaeróbia rápida do glicogênio muscular ➪ ↓


pH
desnaturação de proteínas cruciais à habilidade de retenção de água

Carne PSE: pálida, mole e exudativa

- Bovinos: pode ocorrer excessiva glicogenólise muscular, menor


formação de ácido láctico (↑pH).
- O pH alto interfere na oxigenação post-mortem da mioglobina, e a
carcaça adquire coloração escura.

CONCLUSÃO:
➪Para diagnosticar se o ambiente não confiar apenas em termômetros, além
disto temos que observar os animais.
➪ Para amenizar os efeitos do ambiente: manejo nutricional,
modificações ambientais e a seleção de indivíduos mais resistentes.
➪ Nunca se pode esquecer da relação custo-benefício

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O produtor quer máximo rendimento líquido com desempenho ótimo

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