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ADAPTAÇÃO DO RECÉM NASCIDO AO AMBIENTE TÉRMICO

Ambiente afeta a sobrevivência de muitas formas


Mudança de ambiente profunda e abrupta ao nascimento
O nascimento é a maior alteração ambiental suportável
Mudanças:
Na alimentação (vida parasítica intrauterina)
Na respiração (trocas gasosas placentárias)
No contato com microorganismos (feto praticamente estéril)
Na termorregulação (produção de calor)

“Atravessando o vale da escuridão do nascimento” Smith C.A.

Causas de mortalidade do recém nascido:


Mudança brusca na temperatura do ambiente
Pouca reserva corporal
Maior área superficial para dissipar calor
Menor capacidade de aumentar calor metabólico
Menor isolamento corporal

Suínos:
↓ TR de 2 a 5°C nas primeiras 35 horas após o parto
5% natimortos
10% mortalidade na maternidade

Cordeiros:
Mais de 50% das mortes nos três primeiros dias de vida
75% das mortes ocorrem nos cinco primeiros dias de vida
Resfriamento pode levar a pneumonia, inanição e diarréia

Bezerros:
20% das mortes antes dos seis meses de vida
maioria ocorre nas duas primeiras semanas
diarréia, pneumonia e outras infecções

Pintinhos:
Menos de 5% das mortes nas três primeiras semanas
Aquecimento é prática mais comum no manejo

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Animais são acidóticos ao nascimento
Baixo pH e PO2
Alta PCO2 e Ácido lático

Leitões:
Nativivos pH 6,8 a 7,4 com PCO2 63,9
Natimortos pH 6,5 a 6,9 com PCO2 156,4

Relações: viabilidade, pH e PCO2 em leitões ao nascimento


Escore de viabilidade pH do sangue PCO2 do sangue
10 7,31 58,8
8–9 7,18 69,1
6–7 7,06 93,4
1–5 6,86 116,0
natimorto 6,69 156,4

Fetos suportam hipoxia mais que adultos


Ele é mais eficiente em realizar glicólise anaeróbica neste momento
Tempo de sobrevivência à asfixia

REGULAÇÃO DA TEMPERATURA EM RECÉM NASCIDOS

Área de superfície corporal e isolamento

Calor armazenado e aumento estimado na TR em relação ao peso corporal


Peso corporal Capacidade calórica do corpo Aumento na TR (°C)
(kg) (kcal/dm2/°C)
para manter homeotermia
1 12,5 31,4
10 5,8 14,5
100 2,7 6,7
1000 1,2 3,1

Temperatura crítica inferior


Recém nascido Adulto
Bovino 10 -25
Ovino 29 -5
Suínos 32 15
Aves 33 15

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Termoestabilidade do recém nascido
Idade (horas) Peso corporal (kg ou g) Mudança na TR no frio
Leitões
6 1,44 -4,4
18 1,46 -3,2
30 1,44 -0,9
Pintainho
8 43 -14,0
32 43 -7,5
128 57 -2,9

Capacidade metabólica

O cordeiro deve triplicar a taxa metabólica poucas horas após nascimento:


Taxa de consumo de oxigênio do feto ≈ ovelha

Cordeiro com 5kg → 0,3m2 = 0,06m2/kg


Ovelha com 50 kg → 1 m2 = 0,02m2/kg

Em suínos a taxa metabólica dobra nos três primeiros dias e


triplica na primeira semana

Após o nascimento, o cordeiro reage mais rapidamente ao frio que o leitão

O leitão realiza vasoconstrição periférica e piloereção ao nascimento

A taxa metabólica diminui com o crescimento do filhote:


Leitão 16 ml/kg/min (3 a 7 d) → 11 ml/kg/min (2 semanas seguintes)
Cordeiro 12 ml/kg/min (1° dia) → 9 ml/kg/min (aos 60 dias)
Bezerro produção de calor / superfície decresce 1% ao dia no 1° mês
Pintinho 2 ml/g/min (1d) → 1,9 ml/g/min (1 semana)

Desenvolvimento da homeotermia:

Depende da habilidade em elevar a taxa metabólica

Aves → processo mais lento


Leitão → 2 a 3 dias
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Cordeiro → uma hora após nascimento
O feto reserva a energia da gestação para utilizá-la ao nascimento:
 Glicogênio
 Gordura
 Tecido adiposo marrom (responsivo à epinefrina)

Cordeiro: gordura → 3% do peso vivo


Glicogênio → 6% do fígado e 2% do músculo esquelético
1 h após nasc.→ aumentam 6x FFA e 2x glicose

Bezerro possui Tecido adiposo marrom → parece ser inábil em utilizá-lo

Leitão consome suas reservas energéticas e do leite da porca (5%EE)


(↑ ED porcas em gestação aos 109 dias ↑ na reserva dos leitões)

Um cordeiro pode:
 Necessitar de 60 kcal/hora
 Nascer com uma reserva de 600 a 1000 kcal
 Mamar o mais rápido possível (sobrevivência)

O estresse calórico no recém nascido

Alta relação superfície massa: susceptíveis ao frio e ao calor

Leitões: máximo de 36°C


Cordeiros toleram 43°C
Bezerros recém nascidos: 40°C (maior capacidade de elevação da
temperatura da camada limite, mais resistentes que com um ano)

Zona de indiferença térmica

Menor capacidade de tolerância à amplitude térmica

“Ambiente cuidadosamente selecionado e relativamente uniforme”


Wolfgang Bianca

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