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Prof. Flávio Medeiros Vieites

8. MANEJO E ALIMENTAÇÃO DE LEITÕES

8.1. MANEJO DE LEITÕES EM ALEITAMENTO

a). Fase: nascimento até desmama

b). Perdas: principalmente na 1ª semana de vida


 Causas:
 Alimentação
 Manejo
 Cuidados higiênico-sanitários
 Instalações
 Equipamentos
c). Cuidados com os leitões recém-nascidos:

1. Parto sempre assistido e auxiliado sempre que necessário.

2. Após cada nascimento:


 Retirar membranas fetais  asfixia
 Limpar e secar leitões
 Massagens  ativar circulação e respiração

3. Corte cordão umbilical:


 Tesoura desinfetada
 Amarrar com barbante de algodão
 Desinfetar com tintura de iodo a 5%

4. Cortar os dentes:
 Rentes a gengiva (4 caninos e 4 cantos)
 Alicate desinfetado
 Objetivo: evitar ferimentos nas tetas e companheiros

5. Cortar o rabo:
 Corte de 2/3 do rabo
 Bisturi, alicate, debicador

6. Marcar leitão pelo método oficial da ABCS:


 Método  piques e furos nas orelhas
 Alicate especial contendo um perfurador circular
 Piques (mossas):
 100, 200, 400, 800  1 x
 1 e 10  até 2 x
 3 e 30  até 3 x
 Permite marcar 1599 leitões sem repetição
 3 piques superiores  nenhum inferior
 Outros métodos:
 Tatuagem
 Brincos plásticos e metais
 Chapas metálicas e plásticas
 Nº no casco

7. Pesagem dos leitões:


 Pesar todos leitões
 Anotar em fichas
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 Peso inferior a 1000g  eliminados


8. Orientar e auxiliar as primeiras mamadas:
 Colocar para mamar na 1ª hora após nascimento
 Fracos, médios e fortes: em f(produção de leite nas tetas)
 Colostro:
 Única fonte de anticorpos maternais
 Propriedade imunizante
 Função laxativa e nutritiva
 Ingestão: até 36 horas após nascimento
 Imunidade: anticorpos existentes no colostro
 Absorção: intactos  corrente sangüínea

 Produção de leite: 2,5 a 7,0 litros/dia


Pico: 3ª semana

 Fatores que afetam a produção de leite:


 Temperatura ambiente
 Número de leitões mamando
 Gordura corporal da porca no início da lactação
 Nível de PB e energia da ração da lactante

Concentração (mg/ml) de IGG, IGM, IGA em soro de porcas durante a lactação de 0-72 h e de 5-42 dias

Estágio de Lactação IGG IGM IGA


Horas:
0 95,6 9,1 21,2
6 64,8 6,9 15,6
12 21,1 4,2 10,1
18 21,6 3,2 6,7
24 14,2 2,7 6,3
48 6,3 2,7 5,2
72 3,5 2,4 5,4
Dias:
5 1,8 2,1 5,2
7 1,5 1,8 4,8
14 1,0 1,5 4,8
21 0,9 1,4 5,3
28 0,8 1,4 5,6
35 0,8 1,7 7,8
42 0,8 1,8 9,4
Fonte: Kobasa (1987)

9. Aquecimento dos leitões com uma fonte de calor:

 Aparelho termorregulador ineficiente ao nascimento


 Perda de 1,7 a 7,2 ºC logo após ao nascimento
 Obs: glicogênio  hipoglicemia
 Evita morte por frio
 Lâmpada afastada da porca
 Temperatura externa: 1ª sem. (32 ºC), 2ª sem. (25 ºC)

 Causas da necessidade de aquecimento:


 Baixa eficiência da termorregulação
 Baixo teor gordura subcutânea (mau isolamento)
 Pêlos muito esparsos
 Grande superfície corporal/ unidade de peso

 Calor suplementar:
 Reduz mortalidade
 Acelera GP
 Melhora CA

10. Prevenção e tratamento da anemia dos leitões:


 Administrar ferro injetável: 3º dia de vida
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 Causas:
 Nasce com pouca reserva de ferro
 Reserva dá para  5 dias
 Evitar anemia

 Necessidade de ferro do leitão:

Especificação Quantidade de ferro


Necessidade do leitão 5 mg/ dia
Leite da porca 1 mg/ leitão/dia
Deficiência 4 mg/ leitão/dia
Reserva do leitão 20 mg/ leitão
Fonte: Costa (1972)

 Aplicar 100mg de Fe injetável/ leitão no 3º e 12º dia


 Após 21 dias de idade  fonte de ferro (ração)

11. Uniformizar leitegadas:


 Elimina competição
 Melhor desempenho dos leitões
12. Fornecimento da 1ª ração aos leitões
 A partir da 1ª sem. de vida
 Ração: rica em proteína, energia, vitaminas e minerais (alta digestibilidade)
3 a 5kg de PV (0,25 kg/an./dia): 26,0% PB; 3400kcal ED/kg; 0,90% Ca; 0,55% Pd; 1,50% Lis, 0,86% met+cis.
 Elevada palatabilidade
 Sistema enzimático pouco desenvolvido
 Atividade enzimática:
 Amilase: aumenta nos primeiros dias
 Maltase, sacarase e protease: pouco ativas
 Lactase: alta no recém- nascido
Obs: Nutrição de leitões depende da idade de desmame
 Motivos para o fornecimento da ração para leitões com 7 dias de idade:
 Acostuma-o a ingerir ração seca após desmame
 Exigências nutricionais aumentam após 21 dias
 Estimula desenvolvimento de leitões mais fracos

13. Fornecimento de água aos leitões:


 Bebedouro próprio
 Água de boa qualidade
 À partir do fornecimento da 1ª ração
 Importância: 65 a 75% tecidos formados durante o crescimento
 Papel decisivo na:
 Digestão
 Assimilação dos alimentos
 Regulação da temperatura
 Eliminação de substâncias tóxicas ao organismo

14. Manter maternidade livre de umidade

15. Castrar leitões machos:


 Não destinados à reprodução
 Idade: entre 15 a 20 dias de idade
 Evitar outras práticas de manejo neste dia
16. Desmama de leitões:
 Brusca  retirar a porca
 Não fornecer ração neste dia
 Água limpa, fresca, boa qualidade e à vontade
 Permitir que bebam com facilidade
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 Devem permanecer alguns dias na maternidade


 Pesar todos leitões

17. Vacinação:
 14 dias de idade: Paratifo
 Desmama: Peste suína
 Destinados à reprodução: repetir anualmente

8.2. ALGUNS ASPECTOS SOBRE A NUTRIÇÃO DE LEITÕES APÓS A DESMAMA

 Desmama entre 18 e 21 dias de idade:


 Aumento da produtividade
 Problemas de desempenho nas duas primeiras semanas: desafio para nutricionistas e
suinocultores

APÓS DESMAMA PRECOCE PERDA DE PESO NAS


FASE DE RAÇÃO: DIETA SECA E DE PRIMEIRAS SEMANAS
ALEITAMENTO BAIXO TEOR DE GORDURA, SEGUIDA DE DIARRÉIA
LEITE: DIETA SEM LACTOSE E RICA EM EM FUNÇÃO DAS
EQUILIBRADA E OUTROS CHO’S  PERDA DE MUDANÇAS NA
DIGESTÍVEL PESO E DIARRÉIAS ALIMENTAÇÃO

 Do ponto de vista fisiológico:


 Desmama após 7ª semana
 Níveis de lactase são baixos
 Maltase e amilase são suficientes

 Emprego de antibióticos e agentes antibacterianos na dieta após desmama tem merecido especial atenção:
 Desmama mais precoce  maior incidência de diarréia

 No dia da desmama deve-se fornecer:


 50g de ração/ leitão 2x ao dia
 Aumento gradativo  450g no 5º dia após desmama

 Desmama precoce requer técnicas mais aperfeiçoadas:


 Manejo
 Nutrição
 Cuidados sanitários

 Diarréia dos leitões:


 Responsáveis por grandes prejuízos econômicos:
 Mortalidade até 50%
 Leitões fracos
 Debilitados
 Refugos
 Susceptíveis a outras infecções
 Desempenho comprometido

 Causas da diarréia:
 Má absorção de CHO’S da dieta (maltase e amilase)
 Estresse da desmama:
 Desencadeia queda na resistência

 Não é uma doença

 Sistema comum de várias doenças:


 MMA das porcas
 Vírus
 Bactérias
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 Parasitas
 Distúrbios nutricionais

 Vista como resultado de várias interações:


 Ambiente
 Instalações
 Manejo
 Higiene das instalações
 Qualidade da água
 Responsável pela maternidade
 Nível sócio-econômico-cultural do proprietário
 Situação econômica do setor
 Qualidade da ração
 Assistência veterinária e laboratório da região

8.3. MANEJO NA CRECHE

1. Permanência na creche:
 Desmama até 20 kg PV (desmama-70 dias)
 Transferidos: aos 70 dias de idade  setor engorda
2. Fase que requer cuidados como na maternidade:
 Evitar estresse
 Ambiente calmo
 Sem visitas
 Cuidados com higiene
3. Instalações:
 Gaiola com piso telado
 Suspensa: 0,60m do piso
 Densidade: 10 a 20 leitões  0,30 m2/ leitão
 Comedouro automático
 Bebedouro tipo chupeta: 0,25 m do piso
 Canal de dejetos sob gaiolas: Esgotado e lavado diariamente
Evitar fermentação e formação de gases
 Necessidade de ventilação artificial
 Ambiente calmo e higiênico
 Temperatura adequada: 22 a 24 ºC; 50-60% UR
 Janela, exaustores ou ventiladores

4. Limpeza:
 Varrer e raspar
 Não lavar

4. Alimentação:
 5 a 10 kg de PV (0,5 kg/an./dia): 23,7% PB;3400kcal ED/kg; 0,80% Ca; 0,40% Pd; 1,35% Lis, 0,76% met+cis.
 10 a 20 kg de PV (1,0 kg/an./dia): 20,9% PB;3400kcal ED/kg; 0,70% Ca; 0,32% Pd; 1,15% Lis, 0,65 met+cit.
 Troca de ração deverá ser gradativa

8.4. FASE DE CRESCIMENTO

1. 20 a 60 kg PV (70 a 120 dias)

2. Vacinar contra peste suína clássica:


Creche  crescimento

3. Uniformizar lotes por peso e idade


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4. Área:
0,5 m2/ leitão
10 a 20 animais/baia
5. Uso de vermífugos no início da fase: Deixar sem ração 24 horas antes

6. Pulverizar contra ectoparasitas (neguvon a 5%):


 Instalações e animais
7. Limpeza: Varrer baias e lavar 1 vez/sem

8. Observar tosse: indicativo de pneumonia (Tylan)

9. Alimentação: à vontade
 De 20 a 50 kg (1,855 kg): 18% PB; 3400 kcal ED/kg; 0,60% Ca; 0,23% Pd; 0,95% Lis; 0,45% met+cit.
 De 50 a 80 kg (2,575 kg) : 15,5%PB; 3400 kcal ED/kg; 0,50% Ca; 0,19% Pd; 0,75% Lis; 0,44% met+cit

8.5. FASE DE TERMINAÇÃO

1. 60 a 95-100 kg PV (120 a 150 dias de idade)

2. Início desta fase:


 Vermifugar: 24 h jejum
 Combater ectoparasitas
3. Limpeza:
 Raspar e varrer diariamente
 Lavar 1 vez/sem
4. Área:
 0,8 –1,0 m2/animal
 10 a 20 animais/baia

5. Alimentação:
 Á vontade (3,075 kg)
 Níveis:13,2% PB;3400 kcal ED/kg; 0,45% Ca; 0,15% Pd; 0,60% Lis, 0,35% met+cis.
6. Enviar animais para o abate:
 95-100 kg PV
 Lavagem e jejum

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS D0S LEITÕES

Nutriente 3 a 5 kg 5 a 10 kg 10 a 20 kg 20 a 50 kg 50 a 80 kg 80 a 120 kg
ED (kcal/kg) 3400 3400 3400 3400 3400 3400
PB (%) 26,0 23,7 20,9 18,0 15,5 13,2
Ca (%) 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,45
Pd (%) 0,55 0,40 0,32 0,23 0,19 0,15
Na (%) 0,25 0,20 0,15 0,10 0,10 0,10
Ác. linol. (%) 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
Lis (%) 1,50 1,35 1,15 0,95 0,75 0,60
M+C (%) 0,86 0,76 0,65 0,54 0,44 0,35
CR (g/dia) 250 500 1000 1855 2575 3075
Fonte: NRC (1998)

Nutriente 3 a 5 kg 6 a 15 kg 15 a 25 kg 25 a 50 kg 50 a 75 kg 75 a 100 kg
ED (kcal/kg) 3900 3500 3400 3400 3400 3400
PB (%) 22,0 21,0 19,0 17,9 16,8 16,4
Ca (%) 0,98 0,90 0,84 0,78 0,71 0,63
Pd (%) 0,60 0,50 0,44 0,38 0,33 0,32
Na (%) 0,28 0,22 0,18 0,17 0,16 0,16
Lis (%) 1,57 1,36 1,08 0,98 0,88 0,83
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M+C (%) 0,90 0,81 0,65 0,63 0,62 0,58


CR (g/dia) 250 500 1000 1855 2575 3075
Fonte: Rostagno et al. (2000)

EQUAÇÕES PARA ESTIMAR AS EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE SUÍNOS,


EM PORCENTAGEM POR MCAL DE ED EM FUNÇÃO DO PESO VIVO.

Nutriente Equação R2
Suínos de médio potencial genético
Proteína Y=(6226,2 – 32,748x + 0,1948x2)/1000 1,00
Lisina Y=(354,73 – 2,1151x + 0,0096x2)/1000 1,00
Suínos de alto potencial genético
Proteína Y=(6743 – 27,914x + 0,1225x2)/1000 1,00
Lisina Y=(401,03 – 1,0243x – 0,0039x2)/1000 1,00
Suínos de baixo potencial genético
Proteína Y=(5344,2 – 32,748x + 0,1948x2)/1000 1,00
Lisina Y=(311,54 – 2,5471x + 0,0153x2)/1000 1,00
Suínos em crescimento
Cálcio Y=(263,05 – 0,8255x + 0,0009x2)/1000 1,00
Fósforo disponível Y=(158,40 – 1,6265x + 0,0103x2)/1000 1,00
Sódio Y=(56,839 – 0,1892x + 0,0008x2)/1000 1,00
Fonte: Rostagno et al. (2000)

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