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MATERIAL DIDÁTICO

Fundamentos de
Contabilidade para
Não Contadores
Professor Carlos Alexandre Sá
Sumário

1. PROGRAMA DA DISCIPLINA 4
1.1 Ementa 4
1.2 Carga horária total 4
1.3 Objetivos 4
1.4 Conteúdo programático 4
1.5 Metodologia 5
1.6 Bibliografia recomendada 5
Curriculum vitae do professor 5

2. A TESOURARIA ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.


2.1 A Administração Financeira Error! Bookmark not defined.
2.2 A Gestão da Tesouraria Error! Bookmark not defined.

3. INTRODUÇÃO AO FLUXO DE CAIXA ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.


3.1 Conceitos Fundamentais Error! Bookmark not defined.
3.2. Os Saldos a Controlar Error! Bookmark not defined.
3.3 A Conciliação Bancária Error! Bookmark not defined.

4. O FLUXO DE CAIXA PELO MÉTODO DIRETOERROR! BOOKMARK NOT


DEFINED.
4.1 Estruturando o Plano de Contas da Tesouraria Error! Bookmark not defined.
4.2 A Entrada de Dados Error! Bookmark not defined.
4.3 Relatórios e Gráficos Error! Bookmark not defined.

5. O FLUXO DE CAIXA PROJETADO ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.


5.2 O Horizonte da Projeção Error! Bookmark not defined.
5.3 Compromissos e Previsões Error! Bookmark not defined.
5.4 Projetando as Entradas de Curto Prazo Error! Bookmark not defined.
5.5 Projetando as Saídas de Curto Prazo Error! Bookmark not defined.

6. O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 6


6.1 Os Órgãos Reguladores 9

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro ii


6.2 O Conselho Monetário Nacional 10
6.3 A SEPIC - Secretaria de Previdência Complementar 10
6.4 A SUSEP – Superintendência de Seguros Privados 10
6.5 A CVM – Comissão de Valores Mobiliários 10
6.6 O Banco Central do Brasil 11
6.7 Autoridades de Apoio 18
6.8 As Instituições Financeiras 19

7. OPERAÇÕES DE CAPTAÇÃO DE CURTO PRAZO 23


7.1 O IOF - Imposto sobre Operações Financeiras 24
7.2 Principais Operações de Curto Prazo 25
7.3 As Garantias 43

7. APLICAÇÕES FINANCEIRAS 45
7.1 Títulos de Renda Fixa e Títulos de Renda Variável 50
7.2 Aplicações Financeiras de Curto Prazo 51

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1. Programa da disciplina

1.1 Ementa
A tesouraria como gestora das disponibilidades da empresa. Acompanhamento de proje-
ção do fluxo de caixa. Fluxo de caixa e planejamento financeiro. Como se formam as
taxas de juros. As principais operações de captação de curto prazo. Aplicações de curto
prazo. Os conceitos básicos. Os principais produtos. Estratégias de investimento.

1.2 Carga horária total


6 horas aula.

1.3 Objetivos
Expor os fundamentos de gestão de tesouraria utilizados no mercado. Estudar a estrutura
e o cálculo das principais operações de aplicação e captação de recursos. Apresentar as
principais técnicas de projeção, acompanhamento e interpretação do fluxo de caixa. Inte-
grar o fluxo de caixa e as operações de aplicação e captação de recursos no Planejamento
Financeiro.

1.4 Conteúdo programático


§ O Planejamento Financeiro.

§ O Sistema Financeiro Nacional. Seus principais órgãos e suas funções. Política


Fiscal e Política Monetária. Operações de Mercado Aberto, Reservas Compulsó-
rias, Política Cambial. O Banco Central e o COPON. SELIC, CETIP. Taxas SE-
LIC e DI-Over. A cunha da inadimplência. Como se formam as taxas de juros.

§ Operações de captação de recursos. Taxas pré e pós-fixadas. Taxas de juros flu-


tuantes. Aspectos tributários: o IOF. Principais operações de curto prazo: descon-
tos de títulos e duplicatas, operações de capital de giro em moeda nacional e es-
trangeira, contas garantidas.

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§ Operações de aplicações de recursos. Retorno e taxa de retorno. Risco e volatili-
dade. Como risco e retorno se inter-relacionam. Curva do papel e curva do mer-
cado. Sensibilidades às variações das taxas de juros. Tipos de operação: papéis de
renda fixa e variável, equivalentes a caixa, derivativos. Principais operações em
papéis de renda fixa: depósitos remunerados, títulos públicos. Fundos de aplica-
ção financeira. Custos de transação. Diversificação.

1.5 Metodologia
Aulas teóricas intercaladas com de exercícios práticos.

1.6 Bibliografia recomendada


FERREIRA, Luiz Francisco Rogé. Manual de Gestão de Renda Fixa. Porto Alegre: Bo-
okman, 2004.
FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009.
OLIVEIRA, Gilson, PACHECO Marcelo. Mercado Financeiro Objetivo e Profissional.
São Paulo: Editora Fundamento, 2005.
SÁ, Carlos Alexandre. Fluxo de Caixa: a visão da tesouraria e da controladoria. São
Paulo: 4ª. Ed. Editora Atlas, 2012.
SECURATO, José Roberto. Cálculo Financeiro das Tesourarias. São Paulo: Saint Paul
Institute of Finance – Editora, 2003.

Curriculum do professor
Carlos Alexandre Sá, Formado em Engenharia Civil pela PUC-RJ, Mestrado em Finan-
ças e Economia Empresarial na EPGE da Fundação Getúlio Vargas. Diretor Financeiro
de empresas nacionais e estrangeiras. Professor convidado da Fundação Getúlio Vargas.
Autor dos livros: O Estabelecimento do Limite de Crédito: uma nova abordagem para
um velho problema (Qualitymark, 2004), O Orçamento Estratégico: uma visão empre-
sarial (Qualitymark, 2005), Contabilidade para não Contadores (Senac Rio, 6ª Ed.
2010), Fluxo de Caixa: a visão da tesouraria e da Controladoria (Editora Atlas, 4ª Ed
2012) e Orçamento Empresarial: novas técnicas de projeção e acompanhamento
(Editora Atlas, 2013).. Supervisor revisor técnico da tradução do livro Filosofias de In-
vestimentos do Prof. Damodaran (Qualitymark, 2006). Professor do Instituto de Desen-
volvimento Empresarial. Sócio da Capacitar Treinamentos e Desenvolvimento Empre-
sarial Ltda.

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1. O planejamento financeiro

O objetivo da Tesouraria é a gestão do Caixa e Equivalente de Caixa. O problema é que


o Caixa e Equivalente de Caixa é uma conta paradoxal, pois, se por um lado, é o ativo
mais importante da empresa (pois sem ele a empresa pode quebrar), por outro lado, é seu
ativo menos rentável.
De fato, os recursos do Caixa e Equivalente de Caixa ou estão no caixa e nos bancos (e,
neste caso, não rendem nada), ou estão aplicados no mercado financeiro. Ora, por defini-
ção o mercado financeiro deve ser menos rentável do que a empresa. Não fosse assim,
para que montar a empresa? Melhor seria deixar o dinheiro aplicado no mercado finan-
ceiro.
Assim, chamamos de planejamento financeiro a uma estratégia montada pela Tesouraria
para (1) garantir que não vão faltar recursos para a empresa liquidar seus compromissos
(de preferência sem recorrer a empréstimos de curto prazo) e (2) garantir que a empresa
não possua recursos ociosos ou subutilizados no Caixa e Equivalente de Caixa.
Isto é feito por meio de:
1. Uma boa projeção do fluxo de caixa;
2. Uma correta determinação de um saldo mínimo de caixa que não seja nem tão pequeno
que obrigue a empresa a tomar empréstimos onerosos de curto prazo, nem tão elevado
que leve a empresa a manter em caixa recursos ociosos ou subutilizados.
3. Uma correta seleção de operações de empréstimos e uma eficiente aplicação dos ex-
cedentes financeiros em aplicações financeiras.
Se a empresa é tomadora de recursos, ou seja, precisa fazer empréstimos para fechar seu fluxo
de caixa, a melhor estratégia será, quase sempre, a que conduz ao menor custo financeiro. Já
se a empresa é doadora de recursos, ou seja, possui excessos de caixa para aplicar, a melhor
estratégia será aquela que conduz à melhor relação risco/retorno, considerando o perfil de
aversão ao risco da pessoa que, na empresa, tem a palavra final sobre o assunto.
Quanto maior for a incerteza quanto ao fluxo de caixa projetado, maior deverá ser o saldo
mínimo de caixa. O inverso também é verdade, ou seja, quanto maior for a certeza quanto
ao fluxo de caixa projetado, menor poderá ser o saldo mínimo de caixa. Em outras pala-
vras, o que as afirmações acima estão transmitindo é uma realidade evidente em si mesma,
ou seja, quanto maior o risco, maior deve ser a margem de segurança com a qual devemos
trabalhar.
A figura a seguir ilustra o tripé sobre o qual se apoia o planejamento financeiro.

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Projeção
do Fluxo
de Caixa

Saldo Mí- Opera-


nimo de ções de
Caixa Tesoura-
ria

Figura 1 – O planejamento financeiro

O saldo mínimo de caixa está para a tesouraria assim como o estoque mínimo de segu-
rança está para a indústria e o comércio. O estoque de segurança só existe porque o em-
presário não tem certeza das vendas. Do exposto acima se depreende que o fluxo de caixa
projetado não é um exercício de futurologia. Apesar de todas as técnicas de projeção
existentes, haverá sempre um grau, maior ou menor, de incerteza quanto às entradas e às
saídas que ocorrerão durante o período projetado. Assim, quanto menos confiarmos em
nossas projeções, mais teremos que nos apoiar no saldo mínimo de caixa, e vice versa.
Isto, que a primeira vista soa como uma novidade é, na verdade, intuitivo. Se não, veja-
mos.

Exemplo 1.1: Quanto maior for a incerteza, maior deverá ser a margem de segurança
Imagine dois indivíduos. Um é assalariado, com segurança de emprego e com suas fi-
nanças organizadas. O outro um corretor de imóveis que vive de comissões sobre vendas
que são incertas. Supondo que ambos sejam agentes racionais, será que estes dois indi-
víduos usariam a mesma estratégia para administrar suas finanças pessoais? Será que
ambos assumiriam compromissos financeiros com a mesma tranquilidade? Claro que
não! O corretor só deve assumir compromissos financeiros se estiver respaldado por uma
poupança que assegure sua sobrevivência no pior cenário.

O mesmo acontece com as empresas. A regra de ouro do planejamento financeiro é: o


bom planejamento financeiro deve assegurar a sobrevivência da empresa no pior cenário
e ser capaz de captar as oportunidades advindas dos melhores cenários. Daí a importância
do saldo mínimo de caixa.

Definição 2.2: A regra de ouro do planejamento financeiro

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O bom planejamento financeiro deve assegurar a sobrevivência da empresa no pior ce-
nário e ser capaz de captar as oportunidades advindas dos melhores cenários.

É no mínimo curioso que quando um empresário considera um novo empreendimento,


ele projeta seus investimentos em terrenos, prédios, máquinas, equipamentos, veículos,
móveis, utensílios, estoques, gastos fixos e variáveis. No entanto, poucos são os que di-
mensionam suas necessidades de saldo mínimo de caixa. E, no entanto, o saldo mínimo
de caixa é um fator de produção como outro qualquer. A falta de caixa obriga a empresa
a recorrer a empréstimos de curto prazo e, como vimos, toda vez que a empresa aumenta
sua dependência de empréstimos de curto prazo, dizemos que ela fragilizou sua estrutura
de capital de giro.
No limite, em uma empresa na qual o fluxo de caixa seja totalmente imprevisível, sua
estratégia financeira deveria se apoiar em um rígido controle de gastos e em um saldo
mínimo de caixa que assegurasse sua sobrevivência no pior cenário, sem recorrer a em-
préstimos de curto prazo.

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2. O Sistema Financeiro Nacional

Chamamos de Sistema Financeiro Nacional ao conjunto de instituições, reguladoras e


operacionais, formadas com o objetivo de manter um fluxo de recursos entre poupadores
e investidores. O Sistema Financeiro Nacional vem sofrendo profundas reformulações
desde a promulgação, em 1964 da Lei n.º 5.595/64, conhecida como Lei de Reforma do
Sistema Financeiro Nacional, que criou o Conselho Monetário Nacional, o Banco Cen-
tral do Brasil, além de estabelecer as normas operacionais e rotinas de funcionamento
aos quais as entidades do sistema financeiro deveriam se subordinar. Posteriormente, a
Lei n.º 4.728/65 reestruturou o mercado de capitais criando condições para que empre-
sas de capital aberto a captassem recursos através da Bolsa de Valores de forma a aten-
der sua crescente demanda por crédito. Em 1976 foi criada a Comissão de Valores Mo-
biliários que retirou do Banco Central a responsabilidade pela regulamentação e fisca-
lização das atividades relacionadas ao mercado mobiliário (ações, debêntures, etc.).
Neste mesmo ano, foi promulgada a Lei das S/A estabelecendo a forma de constituição,
a composição acionária, a estrutura das demonstrações financeiras, as obrigações aci-
onárias, as obrigações e os direitos dos acionistas e a constituição dos órgãos estatutá-
rios e legais.

2.1 Os Órgãos Reguladores


Hoje, as instituições reguladoras do Sistema Financeiro Nacional, apresentam, no seu ní-
vel mais elevado, a seguinte estrutura apresentada na figura a seguir:

CMN

BACEN CVM SUSEP PREVIC

Figura 2- Estrutura do SFN

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2.2 - O Conselho Monetário Nacional
O Conselho Monetário Nacional é um órgão normativo, integrado pelo Ministro da Economia,
pelo Secretário Especial da Fazenda e pelo Presidente do Banco Central, que funciona como
um conselho de política econômica, e que é responsável pela fixação das diretrizes das políti-
cas monetária, creditícia e cambial do país. São atribuições do CMN:
¨ Autorizar emissões de papel moeda;
¨ Aprovar o orçamento monetário preparado pelo Banco Central;
¨ Fixar diretrizes e normas da política cambial;
¨ Disciplinar o crédito em suas modalidades e as formas de operações creditícias;
¨ Estabelecer limites para a remuneração das operações e serviços bancários ou financeiros;
¨ Determinar as taxas do recolhimento compulsório das instituições financeiras;;
¨ Regulamentar as operações de redescontos de liquidez;
¨ Outorgar ao Banco Central o monopólio de operações de câmbio quando o balanço de
pagamentos assim o exigir;
¨ Estabelecer normas a serem seguidas pelo Banco Central nas transações com títulos pú-
blicos;
¨ Regular a constituição, o funcionamento e a fiscalização de todas as instituições financei-
ras que operam no país.

2.3 - A PREVIC – Superintendência Nacional de Previdência


Complementar
A PREVIC – Superintendência Nacional de Previdência Complementar é uma autarquia de
natureza especial, dotada de autonomia administrativa e financeira e patrimônio próprio, vin-
culada ao Ministério da Economia.

2.4 - A SUSEP – Superintendência de Seguros Privados


A SUSEP – Superintendência de Seguros Privados é o órgão responsável pelo controle e fis-
calização do mercado de seguros, previdência privada aberta e capitalização.

2.5 - A CVM – Comissão de Valores Mobiliários


A CVM é um órgão normativo cujo objetivo é o fortalecimento do Mercado de Ações por
meio de ações tais como:
¨ Estímulo de aplicação de poupança no mercado acionário

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¨ Garantia de um funcionamento eficiente e regular das bolsas de valores e instituições au-
xiliares que operem neste mercado;
¨ Proteção dos titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e outros e outros
tipos de atos ilegais que manipulem preços de valores mobiliários nos mercados primários
e secundários de ações;
¨ Fiscalização da emissão, do registro, da distribuição e da negociação de títulos emitidos
pelas sociedades anônimas de capital aberto.

2.6 - O Banco Central do Brasil


O Banco Central do Brasil é o órgão do SFN responsável pela estabilidade da moeda. São
funções do Banco Central:
¨ A formulação, a execução e o acompanhamento da política monetária;
¨ O controle das operações de crédito em todas as suas formas;
¨ A formulação, a execução e o acompanhamento da política cambial e de relações finan-
ceiras com o exterior;
¨ A organização, o disciplinamento e a fiscalização do Sistema Financeiro Nacional e or-
denamento do mercado financeiro;
¨ A emissão de papel-moeda e de moeda metálica e execução dos serviços do meio circu-
lante.

2.6.1 - A Política Monetária


Para melhor compreender como funciona a política monetária praticada pelo Banco Cen-
tral é necessário entender o mecanismo de reservas bancárias.
Da mesma forma que as pessoas físicas ou jurídicas possuem contas correntes junto a
instituições financeiras através das quais fazem pagamentos e recebimentos, também es-
tas instituições financeiras possuem contas correntes no Banco Central através das quais
recebem créditos e débitos de outras instituições financeiras.
Se um cliente abre uma conta corrente, uma conta de poupança ou faz uma aplicação
adquirindo um título privado, pode fazê-lo em papel-moeda. Quando esta operação é feita
em papel-moeda, diz-se que o “encaixe” da instituição financeira elevou-se. Neste caso,
a instituição financeira poderá depositar, no todo ou em parte, este encaixe em sua conta
corrente no Banco Central.
Se, ao invés de operar com papel-moeda, uma pessoa realizar uma operação financeira
qualquer com cheque, e este for depositado em um banco distinto daquele onde seu emi-
tente mantém conta corrente, a transferência de fundos entre as duas instituições finan-
ceiras ocorrerá na manhã do dia seguinte, após a compensação que é realizada durante a
noite. Nas operações financeiras realizadas por meio de cheques, há uma transferência de
saldos da conta de reservas bancárias da instituição que foi sacada para a conta corrente
de reservas bancárias da instituição onde o cheque foi depositado.
Pelo exposto acima, percebe-se que, quando se trata de transações feitas por meio de
cheques, embora os saldos das contas correntes de reservas bancários de cada instituição
variem a cada depósito e a cada saque, o somatório dos saldos das contas correntes de
todas as instituições financeiras mantém-se constante no curto prazo. Isto porque todo

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crédito havido na conta de uma instituição representa um débito de idêntico valor no saldo
de reservas de outra instituição.
Já, quando o depósito ou o saque é feito em papel-moeda o saldo consolidado das contas
de reservas bancárias é afetado. Já a chamada base monetária – que é a soma do dinheiro
em mão do público mais o total de reservas bancárias – permanece constante no curto
prazo porque o montante subtraído do total em poder do público é idêntico ao aumento
de reservas bancárias.
Vê-se, portanto, que a única instituição com poderes de influir sobre a liquidez do sistema
como um todo é o Banco Central, por ser ele a única entidade com poder de criar ou
destruir reservas bancárias em curto prazo. Chamamos de política monetária a estas in-
terferências do Banco Central que têm por objetivo controlar a expansão da moeda e do
crédito e exercer controle sobre a taxa de juros, procurando adequá-los às necessidades
de crescimento econômico e estabilidade dos preços. Para a consecução destes objetivos,
o Banco Central utiliza (a) operações de mercado aberto, (b) reservas compulsórias e (c)
assistência financeira da liquidez.

§ As Operações de Mercado Aberto

O controle da liquidez através de operações do mercado aberto consiste na compra ou venda de


títulos do Tesouro Nacional da carteira do BC. Por este sistema, o Banco Central avalia diariamente
a liquidez do sistema. Constatado um excesso de liquidez, o Banco Central sai vendendo títulos de
forma a reduzir o meio circulante. Em caso de escassez de liquidez, o Banco, ao contrário, resgata
estes títulos injetando, desta forma, meio circulante no sistema.
Estas intervenções podem ser feitas por meio das chamadas operações compromissadas –
quando o prazo de resgate é definido – ou operações definitivas – quando o título incorpora-
se à carteira da instituição compradora. As operações de compra e venda compromissadas são
realizadas através dos “dealers”, que são instituições financeiras credenciadas periodicamente
pelo Banco Central, e selecionadas dentre as mais atuantes no sistema financeiro. Nestes casos,
é feito diariamente um leilão informal, por telefone, quando é estabelecida a taxa de juros. Já
os leilões de operações definitivas são geralmente feitos semanalmente (quando se trata de
Bônus do Banco Central) ou no último dia útil de cada mês (quando se trata de Letras do
Tesouro Nacional) e deles podem participar quaisquer instituições financeiras mediante apre-
sentação de proposta por escrito.
Na condução da política monetária, todas as operações são feitas através do Sistema de Liqui-
dação e Custódia (SELIC), que é o sistema de processamento de dados destinado ao registro
de transações de todos os títulos públicos federais negociados no mercado aberto. Operações
que não se relacionem com a política monetária, abrangendo transações referentes a títulos
privados (e alguns títulos públicos estaduais) são efetuadas através do Balcão Organizado de
Ativos e Derivativos (CETIP), análogo ao SELIC.

§ Reservas Compulsórias

Para melhor compreender o mecanismo das reservas compulsórias é preciso entender como
funciona a capacidade de criar moeda estrutural que possuem as instituições financeiras. Re-
almente, ao conceder crédito em conta corrente a seus clientes, a instituição financeira cria
meios de pagamento que, ao serem utilizadas pelo tomador do crédito, geram depósito em
outra instituição financeira, a qual, por sua vez, passa a dispor de gerar outro crédito a outro

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cliente, e assim sucessivamente. A repetição deste mecanismo mostra a capacidade de multi-
plicar a moeda que possuem as instituições financeiras.
Para reduzir esta capacidade de geração de moeda, o Banco Central exige que algumas insti-
tuições financeiras – especificamente bancos comerciais, bancos múltiplos com carteiras co-
merciais e caixas econômicas – mantenham uma parcela de seus recursos nas chamadas “re-
servas bancárias compulsórias”. Estas reservas nada mais são do que depósitos compulsórios
que devem ser feitos em espécie no próprio Banco Central e não sofrem qualquer tipo de re-
muneração por parte da autoridade monetária (no caso, o BACEN). As instituições podem
ficar sujeitas a recolhimentos junto ao BACEN de até 100% dos depósitos a vista e de até 60%
de outros títulos contábeis.
Pelo exposto acima, percebe-se que, quanto maior for o recolhimento compulsório ao BACEN
menor será a quantidade de recursos disponíveis para empréstimo e maior será a taxa de juros
exigida pelos Bancos para seus empréstimos.

2.6.2 A Política Cambial


Na área internacional, compete ao Banco Central:
¨ Atuar no sentido de garantir o funcionamento regular do mercado de câmbio, a esta-
bilidade relativa das taxas de câmbio e o equilíbrio do balanço de pagamentos, po-
dendo, para este fim, comprar e vender ouro e moeda estrangeira e realizar operações
de crédito no exterior;
¨ Administrar as reservas cambiais do país;
¨ Promover, como agente do Governo Federal, a contratação de empréstimos e a colo-
cação de títulos no exterior;
¨ Acompanhar e controlar os movimentos de capitais, inclusive os que se referem a
acordos com entidades internacionais e à recuperação dos créditos governamentais
brasileiros no exterior;
¨ Negociar, em nome do governo brasileiro, com as instituições estrangeiras e com os
organismos financeiros estrangeiros e internacionais;
¨ Neste sentido, além da execução da política cambial, zelando por sua coerência com
a política monetária, o BACEN busca aplicar com segurança, liquidez e rentabilidade
adequada, as reservas internacionais. O BACEN cuida ainda da necessária regula-
mentação dos fluxos cambiais relativos ao comércio exterior e aos capitais estrangei-
ros. É também de sua responsabilidade promover o relacionamento financeiro global
do País com o exterior.

§ Regulamentação do Mercado de Câmbio

A taxa de câmbio, que representa o preço, em moeda nacional, da unidade monetária


estrangeira, é formada pela oferta e pela demanda daquela divisa, ou seja, pelo mercado
de câmbio, cujos agentes são, do lado da oferta, os turistas estrangeiros, os exportadores
de bens e serviços, os receptores de investimentos externos e os tomadores de emprésti-
mos e financiamentos no exterior. Do lado da demanda, os agentes são os turistas brasi-
leiros no exterior, os importadores de bens e serviços, as empresas que repatriam investi-
mentos externos ou pagam lucros ou dividendos sobre eles e aqueles que amortizam ou
pagam juros sobre empréstimos ou financiamentos no exterior.

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No mercado de câmbio, entre as duas pontas, a ofertante e a demandante, estão os bancos
autorizados a operar com câmbio, os quais intermedeiam a oferta e a demanda de moeda
estrangeira dos clientes. O BACEN, – executor da política cambial – atua no mercado
interbancário visando, primordialmente, a estabilidade relativa das taxas de câmbio e
pode adquirir os excedentes nele gerados ou suprir eventuais necessidades, de forma a
evitar a valorização da taxa, no primeiro caso, ou desvalorização se houver escassez da
moeda, sempre observando a coerência com as metas da política monetária.
Em março de 1995, o regime cambial brasileiro foi alterado, adotando-se o sistema de
bandas cambiais. Neste novo sistema, a política cambial passou a ser gerida por um sis-
tema de faixas de flutuação da taxa de câmbio. A intervenção do BACEN no mercado de
câmbio ocorria sempre que as taxas de mercado atingiam os limites superiores ou inferi-
ores das taxas de flutuação, podendo também intervenções no interior da faixa de flutua-
ção (intrabanda) para prevenir oscilações indevidas nas cotações.
A partir de janeiro de 1999, diante da crise cambial que se anunciava, o BACEN abando-
nou o regime de bandas e passou a deixar o cambio oscilar livremente ao sabor das pres-
sões do mercado. Mesmo dentro do sistema de câmbio livre, o BACEN atua todas as
vezes que detecta algum movimento especulativo, deixando o câmbio flutuar livremente
quando as pressões sobre a moeda são consequência de oscilações normais de mercado.
O BACEN também realiza arbitragem de ouro contra o dólar norte-americano com ban-
cos no país, visando a manutenção da paridade de preços internacionais e domésticos do
metal, buscando, assim, a minimização de distorções de preços que possam estimular
eventuais desvios da produção nacional de ouro.
É importante ressaltar o estreito relacionamento entre as políticas cambial e monetária.
Sempre que o BACEN intervém no mercado de câmbio, comprando ou vendendo divisas
contra a moeda nacional, ele o faz através do crédito ou débito na conta de reservas ban-
cárias da instituição que vendeu ou comprou aquelas divisas, respectivamente. Assim
ocorre, no primeiro caso, expansão da base monetária e, no segundo, contração.
Cabe destacar que a atuação do BACEN compreende ainda:
¨ O acompanhamento permanente das práticas adotadas pelos participantes do mer-
cado, com a elaboração de estudos e análises do comportamento e as tendências dos
segmentos livre e flutuante;
¨ O monitoramento das operações de câmbio em nível nacional, com a finalidade de
coibir as eventuais transações irregulares e de orientar a atuação dos agentes de mer-
cado;
¨ O aperfeiçoamento das normas aplicáveis ao mercado de câmbio e revisão perma-
nente de matérias já regulamentadas, com vistas a atender as necessidades de moder-
nização dos instrumentos e das práticas adotadas pelas instituições intervenientes no
mercado, e
¨ A condução de processos administrativos instaurados contra pessoas físicas e jurídi-
cas que eventualmente pratiquem qualquer irregularidade em operações cambiais.
É conveniente lembrar ainda o caso de remessas para o exterior, através de contas em moeda
nacional. É livre o depósito de moeda nacional em conta de uma instituição financeira do ex-
terior, a qual pode, por sua vez, utiliza-las na compra de moeda estrangeira em um banco
autorizado a operar em câmbio no país, com possibilidade de, posteriormente, fazer a transfe-
rência para a conta do destinatário no exterior. Nesta operação, deve ser apresentada a mesma

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documentação básica que ampararia a operação caso ela fosse realizada mediante operação de
câmbio destinada à transferência de moeda estrangeira, bem como comprovante de recolhi-
mento de tributos, caso exigíveis. As operações devem também ser registradas no SISBACEN
– Sistema de Informações do Banco Central, com identificação do tomador da ordem, do be-
neficiário no exterior, da instituição estrangeira envolvida e da finalidade da transferência dos
recursos.

§ Administração das Reservas Internacionais

A alteração de reservas no BACEN dá-se basicamente por suas transações de compra e venda
de divisas no mercado de câmbio, em decorrência do resultado entre exportações e importa-
ções e entre compras e vendas financeiras. Porém, o acréscimo ou decréscimo verificado nas
reservas internacionais não é exatamente igual às compras ou vendas efetuadas via leilões. Isto
porque existem operações diretas do BACEN, tais como o pagamento de encargos da dívida
externa, encargos de dívidas contraídas junto ao Fundo Monetário Internacional, etc.
Segundo a Lei n.º 4.595, compete privativamente ao BACEN ser o depositário das reservas
oficiais de ouro, de moeda estrangeira e de Direitos Especiais de Saque – DES. Assim, o BA-
CEN mantém aquelas reservas aplicadas no mercado financeiro internacional em depósitos a
prazos fixos diferenciados, em títulos governamentais estrangeiros, em ouro e em outros ativos
financeiros de alta segurança e liquidez. Para o bom gerenciamento das aplicações, o BACEN
leva em conta todos os compromissos que tem no curto, médio e longo prazos, assim como a
previsão de receitas e despesas do mercado de câmbio como um todo.
Um outro aspecto a ser considerado diz respeito ao nível mínimo que o BACEN tem que
garantir para as reservas internacionais do país. O Senado federal, conforme o estabelecido na
Resolução nº 82 de 18/12/90, fixou como nível mínimo, aquele que assegura recursos sufici-
entes para manter a média mensal das importações dos últimos 12 meses, durante um período
mínimo de 4 meses.

§ Acompanhamento dos Movimentos de Capitais

Capitais estrangeiros são os bens ou recursos ingressados no país, e cuja propriedade pertence
a residentes no exterior. Os capitais estrangeiros são aplicados no país basicamente como in-
vestimentos ou créditos. Os investimentos representam ações de capital social de empresas
instaladas no Brasil, que podem ser adquiridas diretamente ou via bolsas de valores. Os crédi-
tos podem ser classificados em empréstimos ou financiamentos, dependendo da forma de seu
ingresso no país (moeda = crédito, equipamento = financiamento). A soma dos saldos não
amortizados dos empréstimos e financiamentos corresponde ao total da dívida externa.
Nestas rubricas estão relacionadas, por exemplo, os desembolsos e as amortizações de prin-
cipal (exclui o pagamento de juros) junto a organismos internacionais tais como o Banco Mun-
dial – BID, o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BIRD, os Eximbanks americano
e japonês e as amortizações relativas às negociações com os credores externos (bancos comer-
ciais e instituições oficiais de crédito).
A lei determina que os ingressos e retornos dos capitais estrangeiros, assim como seus rendi-
mentos, sejam registrados no BACEN. Estes registros servem para acompanhar o comporta-
mento destes fluxos com a finalidade de detectar eventuais anomalias e, principalmente, em-
basar a atuação dos regulamentos relativos às diversas modalidades de capitais estrangeiros.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 15


São registrados ainda no BACEN os investimentos brasileiros no exterior e as operações as
operações externas de arrendamento mercantil, aluguel de equipamentos e diversos serviços,
tais como os contratos relacionados com a transferência de tecnologia estrangeira, relativos à
prestação de assistência e serviços técnicos e pagamentos de royalties no exterior.

2.6.3 Negociação da Dívida Externa


No âmbito do relacionamento do país com a comunidade financeira internacional, o BACEN
vem, desde 1982, coordenando o processo de negociação e implementação dos acordos de
reestruturação da dívida externa brasileira, com a participação de mais de oitocentos credores
internacionais, tanto oficiais (Clube de Paris) quanto privados (bancos comerciais).
Com a implementação do Plano Brasileiro de Financiamento de 1992, negociado com credo-
res privados internacionais e a consequente troca da dívida externa do setor público por bônus
de emissão da República, os recursos depositados no BACEN, relativamente ao passivo ex-
terno, foram transferidos para o Tesouro Nacional.
Assim ficou a União responsável pelas obrigações financeiras junto aos credores, atuando o
BACEN como agente encarregado da implementação e administração dos contratos de rees-
truturação da dívida externa, com o consequente cumprimento dos cronogramas de pagamento
e demais condições ali previstas.

2.6.4 Órgãos Auxiliares

§ Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (COPOM)


O COPOM foi instituído em 26.06.96 com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política
monetária e definir a taxa de juros. A criação do COPOM buscou proporcionar maior trans-
parência e ritual adequado ao processo decisório a exemplo do que já era adotado pelo Federal
Open Market Committee (FOMC) do Banco Central dos Estados Unidos e pelo Central Bank
Council do Banco Central Alemão. Em Junho de 1998, o Banco da Inglaterra também instituiu
o Monetary Policy Committee (MPC).
A taxa de juros é definida como a meta para a taxa SELIC, a vigorar no período entre reuniões
do COPOM e, se for o caso, o seu viés ou tendência. A Taxa SELIC é a média ajustada dos
financiamentos diários apurados pelo Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC)
para títulos federais.
O COPOM é composto pelos 8 (oito) membros da diretoria colegiada do BACEN, com direito
a voto, sendo presidido pelo presidente do BACEN, o qual tem voto de qualidade. Também
participam das reuniões, sem que tenham direito a voto, os chefes dos seguintes departamen-
tos: Departamento Econômico, Departamento de Operações de Reservas Internacionais, De-
partamento de Operações Bancárias, Departamento de Operações de Mercado Aberto e o De-
partamento de Estudos e Pesquisas. Participam ainda o Consultor da Diretoria de Política Mo-
netária, como Secretário Executivo do COPOM, e a Assessora de Imprensa.
Atualmente ocorrem oito reuniões ordinárias anuais, que duram dois dias, podendo ser con-
vocadas, pelo presidente do Comitê, reuniões extraordinárias, sempre que necessário.
Na primeira parte da reunião, os chefes dos departamentos já mencionados apresentam uma
análise da conjuntura, abrangendo índices de preços, nível de atividade, evolução dos

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 16


agregados monetários, finanças públicas, balanço de pagamentos, ambiente externo, evolução
do mercado doméstico de câmbio, operações com reservas internacionais, estado de liquidez
bancária, evolução do mercado monetário, operações de mercado aberto e a avaliação pros-
pectiva das tendências da inflação.
Na segunda parte, o Diretor responsável pelos assuntos de política monetária apresenta pro-
postas de política e alternativas para a taxa de juros baseadas na avaliação da conjuntura. Em
seguida, os demais membros da diretoria colegiada fazem suas ponderações e apresentam
eventuais propostas alternativas. Ao final, procede-se à votação das propostas, buscando-se,
sempre que possível, o consenso. Ao término da reunião, ao mesmo tempo em que a Assesso-
ria de Imprensa divulga aos jornalistas a decisão final, é expedido um Comunicado através do
Sistema de Informações do Banco Central (SISBACEN), que informa a nova meta de taxa
SELIC e seu eventual viés.
Quando o COPOM estabelece viés, confere ao presidente do BACEN poderes para alterar,
sem necessidade de convocar reunião extraordinária, a meta da Taxa SELIC na direção do
viés. Esta decisão é informada através de Comunicado divulgado na véspera de vigência da
nova meta.
Na segunda quinta-feira após cada reunião do COPOM, é disponibilizado na página do BA-
CEN na Internet e aos repórteres, através da Assessoria de Imprensa, um resumo da reunião
intitulado “Notas da Reunião do COPOM”.
Trimestralmente, nos meses de março, junho, setembro e dezembro, são apresentados
para análise, os Relatórios de Inflação que, depois de aprovados, são divulgados. Os Re-
latórios de Inflação abordam o desempenho do regime de “metas de inflação”, os resul-
tados das decisões passadas de política monetária e a avaliação prospectiva da inflação.

§ Secretaria do Tesouro Nacional


A Secretaria do Tesouro Nacional é o órgão responsável pela administração e utilização
dos recursos que entram nos cofres do Governo Federal provenientes, principalmente,
dos impostos pagos pelos contribuintes. Em outras palavras, a STN é a Tesouraria do
Governo Federal.
São funções da STN, entre outras:
¨ Propor a programação financeira anual e mensal do Governo;
¨ Liberar recursos financeiros para os órgãos setoriais do sistema de programação fi-
nanceira;
¨ Administrar a dívida mobiliária e contratual securitizada do Tesouro Nacional;
¨ Coordena o pagamento de operações de crédito garantidas pela União, quando não
honrados pelos devedores;
¨ Administrar as operações oficiais de crédito, que são os financiamentos concedidos
com recursos do Governo Federal;
¨ Administra os haveres financeiros do Tesouro Nacional;
¨ Analisa a capacidade de pagamento de estados e municípios em operações de crédito
com o aval da União.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 17


2.7 Autoridades de Apoio
2.7.1 O Banco do Brasil
O Banco do Brasil é um conglomerado financeiro que atua como banco múltiplo tradicional,
embora opere, em muitos casos, como agente do governo federal. É o principal executor da
política oficial de crédito rural. Conserva, ainda, algumas funções que não são próprias de um
banco comercial comum, mas típicas de um parceiro principal do governo federal na prestação
de serviços bancários como, por exemplo:
¨ A Câmara de Compensação de cheques e outros papéis;
¨ Os pagamentos e suprimentos necessários à execução do Orçamento Geral da União;
¨ A aquisição e o financiamento dos estoques de produção exportável;
¨ O agenciamento e dos pagamentos e recebimentos fora do país; a realização, por
conta própria e por conta do BACEN, de operações de compra e venda de moeda
estrangeira nas condições estabelecidas pelo CMN;
¨ A operação dos fundos setoriais tais como pesca e reflorestamento;
¨ A captação de depósitos de poupança direcionados ao crédito rural e à operação do
Fundo Constitucional do Centro-Oeste;
¨ A execução das políticas de preços mínimos de produtos agropastoris;
¨ A execução do serviço da dívida pública consolidada;
¨ O recebimento, a crédito do Tesouro Nacional, das importâncias provenientes da ar-
recadação de tributos ou rendas federais;
¨ Como principal executor dos serviços bancários de interesse do governo federal, in-
clusive suas autarquias, receber em depósito, com exclusividade, as disponibilidades
de quaisquer entidades federais, compreendendo as repartições de todos os ministé-
rios civis e militares, instituições de previdência e outras autarquias, comissões, de-
partamentos, entidades em regime especial de administração e quaisquer pessoas fí-
sicas ou jurídicas responsáveis por adiantamentos.
2.7.2 Caixa Econômica Federal
A Caixa Econômica Federal é a instituição financeira responsável pela operacionalização das
políticas do governo federal para a habitação popular e saneamento básico, caracterizando-se,
cada vez mais, como banco de apoio ao trabalhador de baixa renda.
À CEF é permitido atuar nas áreas de atividades relativas a bancos comerciais, sociedades de
crédito imobiliário, de saneamento e de infraestrutura urbana, além de prestação de serviços
de natureza social delegada pelo governo federal.
As principais atividades da CEF estão relacionadas com a captação de recursos em cadernetas
de poupança, em depósitos judiciais e a prazo e sua aplicação em empréstimos vinculados à
habitação. Os recursos obtidos junto ao Fundo de Garantia de Tempo de Serviço – FGTS –
são direcionados, em sua quase totalidade, para as áreas de saneamento e infraestrutura urbana.
A CEF exerce a administração de loterias, de fundos e de programas, entre os quais destacam-
se o FGTS, o Fundo de Compensação das Variações Salariais – FCVS, o Programa de Inte-
gração Social – PIS, o Fundo de apoio ao Desenvolvimento Social –FAS e o Fundo de De-
senvolvimento Social –FDS.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 18


2.7.3 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social –
BNDES
O BNDES é uma empresa pública federal vinculada ao Ministério de Desenvolvimento, In-
dústria e Comércio Exterior, que tem como objetivo financiar a longo prazo, os empreendi-
mentos que contribuam para o desenvolvimento do país.
O BNDES possui duas subsidiárias:
¨ O BNDESPAR – que objetiva fortalecer a estrutura de capital das empresas privadas
e desenvolver o mercado de capitais; e
¨ O FINAME – que financia a comercialização de máquinas e equipamentos e admi-
nistra as operações de financiamento à exportação.
Atualmente, o foco de atuação do BNDES está voltado para:
¨ Ampliação e diversificação das exportações;
¨ Reestruturação da indústria;
¨ Expansão e adequação da infraestrutura de empresas privadas, com ênfase nos inves-
timentos em energia e telecomunicações;
¨ Melhoria dos canais de acesso ao crédito para as micro, pequenas e médias empresas;
¨ Fortalecimento do mercado de capitais;
¨ Gerenciamento dos programas de privatização.
As principais fontes de recursos do BNDES são o Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT e
o retorno sobre os investimentos. Estas duas fontes de recursos representam cerca de 70% das
receitas do BNDES.

2.8 As Instituições Financeiras


As normas operacionais das instituições financeiras são definidas no Manual de Normas e
Instruções preparado pelo BACEN. Estas instituições financeiras podem ser divididas em:
¨ Instituições de Crédito de Curto Prazo;
¨ Instituições de Crédito de Médio e Longo Prazos;

Instituições de Crédito para Financiamento de Bens de Consumo Duráveis;


¨ Sistema Financeiro da Habitação;
¨ Instituições de Intermediação no Mercado de Capitais;
¨ Instituições de Seguros e Capitalização;
¨ Instituições de Arrendamento Mercantil – Leasing.
Dentro do escopo de nosso trabalho, vamos nos concentrar nas Instituições de Crédito de Curto
Prazo e nas Instituições de Intermediação no Mercado de Capitais.
As Instituições de Crédito de Curto Prazo podem ser:

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 19


§ Os Bancos Comerciais
O objetivo dos bancos comerciais é, de acordo com o Manual de Normas e Instruções do
BACEN é financiar, a curto e médio prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras
de serviços e as pessoas físicas. Com este objetivo, os bancos comerciais:
¨ Descontam títulos;
¨ Realizam operações de crédito simples;
¨ Realizam operações de crédito em conta corrente (contas garantidas);
¨ Realizam operações especiais (credito rural, câmbio, comércio internacional);
¨ Captam depósitos a vista e a prazo fixo;
¨ Obtém recursos junto a instituições oficiais para repasse a clientes;
¨ Obtém recursos externos para repasse a clientes;
¨ Efetuam a prestação de serviços, inclusive mediante convênios com outras instituições.
As principais fontes de captação de recursos dos bancos comerciais são os depósitos à vista
(contas correntes de livre movimentação), os depósitos a prazo fixo (CDB’s e RDB’s), co-
brança de títulos e tarifas públicas.

§ As Caixas Econômicas
Embora sua principal atividade seja atuar no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo e
no Sistema Financeiro da Habitação, as CE’s também atuam como bancos comerciais na me-
dida em que captam depósitos a vista, realizam operações de crédito e prestam serviços. Ope-
ram ainda, em crédito direto ao consumidor para o financiamento de bens de consumo durá-
veis e têm o monopólio das operações de empréstimo sob penhor de bens pessoais e sob con-
signação.
Uma das fontes de recursos das CE’s é o produto da venda de bilhetes das loterias.
Os depósitos em cadernetas de poupança são sua principal fonte de recursos. Além disto cen-
tralizam e aplicam todos os recursos oriundos do FGTS.

§ Os Bancos Cooperativos e as Cooperativas de Crédito


As cooperativas de crédito são instituições que atuam basicamente nos setores primários da
economia com o objetivo de permitir um melhor escoamento das safras agrícolas para os di-
versos centros consumidores. Os usuários finais dos créditos concedidos pelas cooperativas
são sempre os cooperados.
As principais fontes de recursos das Cooperativas de Crédito são os descontos em folha dos
cooperados e os depósitos a vista e a prazo, neste caso chamados de Recibo de Depósito de
Cooperativas (RDC).
Já os Bancos Cooperativos são bancos comerciais com participação exclusiva de cooperativas.
Estes bancos fazem tudo o que um banco comercial faz. Como seus acionistas são as coope-
rativas e seus clientes são, principalmente, os cooperados, sua tendência é aplicar os recursos
no desenvolvimento das atividades dos cooperados.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 20


§ Os Bancos Múltiplos com Carteira Comercial
Os bancos múltiplos são bancos que possuem mais de uma carteira, sendo pelo menos uma
delas comercial ou de investimento. Os bancos múltiplos foram criados a partir da resolução
nº 1.524/88 do BACEN com a finalidade de racionalizar a administração das instituições fi-
nanceiras que, muitas vezes, possuíam, dentro do mesmo grupo econômico, várias empresas
financeiras atuando em áreas tão diferentes como banco comercial, banco de investimento,
banco de crédito imobiliário, banco de desenvolvimento e companhia de leasing. Após a pro-
mulgação da Resolução 1.524 estas empresas passaram a ser reunidas sob a forma de diversas
carteiras de uma mesma instituição financeira.
As Instituições de Intermediação no Mercado de Capitais podem ser:

§ Sociedades Corretoras (CCVM)


As CCVM são instituições típicas do mercado acionário, operando com compra, venda e dis-
tribuição de títulos e valores imobiliários (inclusive ouro) por conta de terceiros. Estas empre-
sas fazem a intermediação com as bolsas de valores a de mercadorias. Sua constituição de-
pende de autorização do BACEN e o exercício de sua atividade depende de autorização da
CVM. Estas instituições operam nos recintos das bolsas de valores e de mercadorias efetuando
lançamento público de ações, administrando carteiras, custodiando valores mobiliários, admi-
nistram fundos de investimento, operando no mercado aberto e intermediando operações de
câmbio.

§ Sociedades Distribuidoras (DTVM)


As DTVM são empresas cujas atividades básicas são:
¨ Subscrição isolada ou por meio de consórcio de títulos e valores mobiliários para revenda;
¨ Intermediação da colocação de emissões de capital no mercado;
¨ Operações no mercado aberto;
¨ As DTVM têm uma atuação mais restrita do que as CCVM na medida em que não têm acesso às
bolsas de mercadorias e de valores.

§ Bancos de Investimento
Os Bancos de Investimento são instituições que foram criadas com o objetivo de colocar à
disposição das empresas recursos de médio e longo prazo para o financiamento de capital de
giro ou de ativos fixos. Os BI’s não podem manter contas correntes. Seus recursos são capta-
dos através da emissão de CDB’s e RDB’s, repasses de recursos de origem interna e externa
e venda de cotas de fundos de investimentos por eles administrados.
As principais operações efetuadas no âmbito dos bancos de investimento são:
¨ Empréstimos com prazo mínimo de um ano para financiamento de ativo fixo;
¨ Empréstimos com prazo mínimo de um ano para financiamento de capital de giro;
¨ Operações de “underwritting”;
¨ Repasses de empréstimos obtidos no exterior;
¨ Repasses de recursos obtidos no país;

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 21


¨ Prestação de garantia de empréstimo no país ou proveniente do exterior;
¨ Incentivo à melhoria da produtividade através da reorganização, da racionalização e da moderni-
zação das empresas promovendo fusões, cisões e aquisições.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 22


3. Operações de captação de curto prazo

Os juros cobrados em uma operação financeira podem ser calculados a taxas pré-fixadas
ou pós-fixadas. Uma taxa é pré-fixada quando é definida no momento do fechamento do
negócio e não varia ao longo do contrato. Quando uma operação é fechada a uma taxa de
juros pré-fixada, a inflação pode cair ou subir, a cotação do dólar pode despencar ou dis-
parar, o Banco Central pode reduzir ou aumentar a taxa referencial de juros, e a taxa de
juros da operação não se altera.

Exemplo 3.1: Taxa pré-fixada


Suponha que uma empresa tenha feito um empréstimo de $ 100.000 por 12 meses a uma
taxa de juros de 10% ao ano e pagamento de principal e juros no final da operação.
Aconteça o que acontecer com as taxas de juros definidas pelo Banco Central, ou com a
cotação do dólar, ou com as taxas de inflação, no momento do vencimento a empresa
terá que pagar ao banco $ 110.000.

Já a taxa de juros pós-fixada é composta de duas parcelas, sendo uma delas fixa e a outra
variável. A parcela da taxa de juros que é fixa é chamada de taxa de juros real. A parcela
variável evolui de acordo com um indexador que é definido no momento do contrato.

Exemplo 3.2: Taxa pós-fixada


Suponha que uma empresa tenha feito um empréstimo de $ 100.000 por seis meses a uma
taxa de juros de 10% ao semestre acima da inflação no período medida pelo IPCA e
pagamento de principal e juros no final da operação. Caso a inflação no semestre, me-
dida pelo IPCA, tenha sido 5%, a empresa terá que pagar no momento da liquidação do
contrato $ 115.500, conforme mostram os cálculos abaixo:

$ 100.000 x 1,05 x 1,10 = $ 115.500

Principal Fator referente à inflação no Fator referente à taxa de


período juros real

São inúmeros os indexadores utilizados pelas instituições financeiras para contratos de


empréstimos e financiamentos. Os mais comuns em operações de curto prazo são o dólar,
o IPCA, o IGPM e a TR.
Existem, ainda, as taxas de juros flutuantes. Quando uma operação é fechada a uma taxa
de juros flutuantes, tanto o indexador quanto a taxa de juros real podem variar. Neste caso
o indexador mais comum tem sido o CDI.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 23


§ Os Certificados de Depósito Interbancários (CDI)
Os Certificados de Depósito Interbancários (CDI’s) foram criados na década de 80 como
um instrumento que permitisse às instituições financeiras emprestar dinheiro entre si de
forma a garantir o “fechamento” de seus fluxos de caixa. Assim, as instituições com so-
bras de caixa emprestam àquelas que apresentam escassez de recursos. Os CDI’s são tí-
tulos das próprias instituições financeiras e possuem características idênticas às de um
Certificado de Depósito Bancário. Sua negociação, no entanto, está restrita ao mercado
interbancário.
As operações com CDI são realizadas sem qualquer interferência do Banco Central. Es-
tão, portanto, livres de impostos. A troca destes papéis é feita eletronicamente, sem con-
tratos, sendo que as transações ficam registradas nos sistemas das próprias instituições e
na CETIP – Balcão Organizado de Ativos e Derivativos. Diariamente a CETIP publica a
taxa média dos CDI’s negociados entre as maiores instituições financeiras do país no dia
anterior. É esta a taxa que servirá de base de cálculo nos contratos pós-fixados em CDI**.
E quando é que se deve optar por um empréstimo a taxas pré-fixadas, pós-fixadas ou
flutuantes? Será que tanto faz uma ou outra? Veja bem que quando o empréstimo é feito
a taxas pré-fixadas, sabe-se, desde o momento do fechamento do contrato, o quanto se
pagará de juros. Isto não ocorre quando os juros são pós-fixados ou a taxas flutuantes.
Neste caso, se o indicador disparar, o tomador do empréstimo sairá perdendo; já se o
indexador despencar, ele sairá ganhando.

Exemplo 3.3: Variação do indexador


Imagine que no exemplo de um empréstimo a taxas pós-fixadas dado no início desta seção, a
taxa de inflação no semestre houvesse disparado e atingido a 15%.
Neste caso, a empresa teria que pagar $ 126.500 (= $ 100.000 x 1,15 x 1,10) em vez dos $
115.500 calculados anteriormente. Se, ao contrário, a taxa de inflação tivesse sido apenas
1% no semestre, a empresa teria que pagar $111.100, conforme os cálculos abaixo:
$ 100.000 x 1,01 x 1,10 = $ 111.100

É por isso que quando a empresa tem a percepção que as taxas de inflação, ou as cotações do
dólar ou as taxas de juros vão subir, em teoria, deve dar preferência a operações de empréstimo
a taxas de juros pré-fixadas porque assim estará “travando” estas taxas de juros em seu ponto
mais baixo. Por outro lado, caso a empresa achar que as taxas do indexador de seu contrato
vão cair, deve, em teoria, dar preferência a contratos de empréstimos a taxas pós-fixadas. Ve-
remos adiante que, na prática, nem sempre as coisas funcionam assim.

3.1 - O IOF - Imposto sobre Operações Financeiras


As operações de financiamento e empréstimo entre pessoas jurídicas estão sujeitas à incidência
do IOF. A base de cálculo deste imposto é o valor dos recursos entregues ou colocados à

**
Visite o site da CETIP no endereço: www.cetip.com.br

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 24


disposição do tomador do empréstimo e a alíquota, quando se tratar de pessoa jurídica, é 1,5%
a.a ou 0,0041% a.d. (≈1,5% a.a. ÷ 365 dias) acrescidos de um adicional de 0,38% incidentes
sobre o principal emprestado e cobrados “na cabeça”. Por isso, quando uma empresa faz um
contrato de empréstimo em moeda nacional com um banco ou com outra pessoa jurídica, ela
não recebe exatamente a quantia que tomou emprestado. Isto acontece porque quem empresta
retêm o valor correspondente ao IOF.

Exemplo 3.4: O cálculo do IOF


Voltemos ao exemplo apresentado na seção anterior no qual uma empresa tomava empres-
tado $ 100.000 para pagar em seis meses (ou seja, 180 dias). Independente de as taxas de
juros serem pré-fixadas ou pós-fixadas, o banco reteria $ 1.118 de IOF e somente entregaria
ao seu cliente $ 98.882, conforme se pode verificar nos cálculos abaixo.
Cálculo do IOF devido
$ 100.000 x 180 dias x 0,0041% = $ 738
Cálculo do adicional
$ 100.000 x 0,38% = $ 380
Cálculo do líquido a receber
$ 100.000 - $ 738 - $ 380 = $ 98.882

Quando o contrato previr amortizações parciais do principal da dívida, o IOF é calculado pro-
porcionalmente aos dias em que o cliente efetivamente utilizou o saldo devedor.

Exemplo 3.5: Cálculo do IOF em operações com amortizações periódicas


Caso no exemplo anterior o principal da dívida fosse amortizado em duas prestações iguais,
trimestrais e sucessivas de $50.000, o cálculo do IOF devido seria feito, conforme a memória
de cálculo abaixo:
1a. parcela: $ 100.000 x 90 dias x 0,0041% a.d. = $ 369,00
2a. parcela: $ 50.000 x 90 dias x 0,0041% a.d. = $ 184,50
Adicional do IOF $ 100.000 x 0,38% = $ 380,00
Total = $ 933,50

3.2 - Principais Operações de Curto Prazo


Quanto à sua natureza, as operações de empréstimo bancário de curto prazo para financiamento de
Capital de Giro mais comuns no mercado podem ser:
§ Desconto de Títulos e Duplicatas
§ Operações de Capital de Giro

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 25


§ Contas Garantidas

3.2.1 - Desconto de Títulos e Duplicatas


O desconto é uma modalidade de empréstimo de curto prazo para capital de giro concedido
por meio de adiantamento garantido por títulos ou notas promissórias de crédito com recebi-
mento futuro. Os juros são cobrados antecipadamente na data de liberação dos recursos com
base na taxa de juros (também chamada de taxa de desconto) e no prazo a decorrer1 de cada
título.
No caso da Duplicata, o emitente do título, ao negociá-lo, é obrigado a endossá-lo transferindo
para a instituição financeira seus direitos creditícios. Apesar desta transferência de direitos
creditícios, a empresa emitente continua responsável pela liquidez do título negociado de tal
forma que não pagando o sacado2, a instituição financeira poderá debitar seu valor na conta
corrente do emitente.
É importante notar que os descontos de Notas Promissórias, Duplicatas e cheques pré-datados
são das poucas operações financeiras que, juntamente com as operações em moeda estrangeira
e os juros de mora, tem seus encargos financeiros calculados pelo regime de juros simples. No
final desta seção, explicaremos porque isto acontece.

Exemplo 3.6: Desconto de duplicata


No dia 16/12/10 a Empresa XYZ descontou com o Banco ZYX um título de $ 15.000 cujo
vencimento era no dia 5/01/11. A taxa de desconto negociada foi de 1,5% a.m. Qual foi o
valor líquido recebido pela empresa?
Solução:
1 – Prazo a decorrer do título – 20 dias corridos.
2 – Cálculo do IOF
$ 15.000 x 20 dias x 0,0041% a.d. = $ 12,30
$ 15.000 x 0,38% = $ 57,00
3 – Cálculo dos juros
Taxa proporcional = 0,015 x (20 dias ÷ 30 dias) = 2,67%
Juros = $ 15.000 x 0,01 = $ 150,00
4 – Cálculo do líquido recebido
$ 15.000 - $ 12,30 - $ 57,00 - $ 150 = $ 14.780,70

Observe que, no exemplo dado, não se mencionou a data de emissão da duplicata. De fato, a
data de emissão do título é irrelevante para o cálculo dos juros e do valor líquido a receber. O
que importa é o prazo a decorrer do título.

1
A expressão “prazo a decorrer” significa o prazo que falta para o vencimento do título.
2
A expressão “sacado” significa, neste contexto, a empresa devedora, ou seja, que tem que pagar a
duplicata. Já o “emitente” é a empresa credora, ou seja, a que tem que receber o pagamento da dupli-
cata.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 26


Outro dado importante é que, no caso do desconto de títulos e duplicatas, a taxa de juros efe-
tivamente paga pelo tomador do empréstimo acaba sendo maior do que a taxa nominal de
desconto. Veja por que. Sabemos que a taxa de juros de um empréstimo é a relação entre o
juro pago e o principal da dívida, referida a um período de tempo. No caso do exemplo acima,
o cliente tomou emprestado, ou seja, recebeu, $ 14.850 (= $ 15.000 - $ 150)3, e pagou $150 de
juros. A taxa de juros no período de 20 dias foi então:
$ 150 ÷ $ 14.850 = 0,0101 ou 1,01% a.p.
Para encontrarmos a taxa mensal que seja proporcional a 2,74% no período de 20 dias, temos:
30 dias
i p = 1,01% x = 1,52% a.m.
20 dias
Como se vê, neste caso, o cliente pagou, efetivamente, 1,52% ao mês. Isto é mais do que os
1,50% a.m. que ele poderia pensar que estava pagando devido ao fato de ser esta a taxa de
desconto cobrada.
Quando uma empresa envia um ou mais títulos para serem descontados, estes títulos são rela-
cionados em um documento conhecido como “borderô”.

Exemplo 3.7: O Borderô de desconto


No dia 7/12/10 uma empresa descontou os seguintes títulos a uma taxa de desconto de
2% a.m. Calcular o valor do borderô sem levar em consideração as tarifas bancárias.

Nº de
Dupl.n° Sacado Venct°. Valor Juros IOF Líquido
Dias
1349 Empresa Alfa 04/12/ano 1 28 12.002,5 (224,05) (58,28) 11.720,2
534/1 Empresa Beta 21/12/ano1 14 6 (337,44) (156,66 35.659.6
36.153,7 3
9122 Empresa 24/12/ano 1 17 5 (177,39) (69,59)) 15.405,45
15.652,4
309 Gama Delta
Empresa 07/01/ano2 31 0 (503,59) (121,01 23.742,42
24.367,0
Total 88.175,78 (1.242,46 (405,54) 86.527,78
9 ) ) 8

Os juros da primeira duplicata foram calculados pela equação:

Valor do Título x Taxa de Desconto x nº de dias 12.002,56 x 2% x 28


Juros = = = 224,05
30 30
O IOF foi calculado pela equação:
IOF = Valor descontado x (0,38% + n° de dias x 0,0041% a.d.
= 11.778,51 x (0,38% + 28 x 0,0041%) = 58,28

Será que o fato de o desconto de títulos e duplicatas ser calculado pelo regime de juros
simples é bom ou é mau para o tomador do empréstimo? Sabemos da matemática finan-
ceira que o montante, quando calculado pelo regime de juros simples, evolui segundo
uma linha reta (daí a expressão “juros lineares”) e que, quando calculado pelo regime de

3
Para comparar a taxa de desconto com a taxa efetiva de juros não se considera os efeitos do IOF.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 27


juros compostos, evolui segundo uma curva exponencial (daí a expressão “juros expo-
nenciais”). Isto significa que o montante calculado pelo regime de juros compostos evolui
muito mais rapidamente do que quando calculado pelo regime de juros simples. Basta
dizer que um capital aplicado a uma taxa de 2% a.m. calculado no regime de juros simples
dobra em 50 meses. Já, se este mesmo capital for aplicado à mesma taxa de 2% a.m. só
que calculado pelo regime de juros compostos, ele dobra em apenas 35 meses.

Montante

Tempo

Figura 3 – Evolução do montante no regime de juros simples


Montante

Tempo
Figura 4 – Evolução do montante no regime de juros compostos

Será então que tomar um empréstimo no regime de juros simples é sempre melhor do que
no regime de juros compostos? Vejamos um exemplo.

Exemplo 3.8: Juros simples vs. Juros compostos


Duas empresas tomaram emprestado R$ 100.000 cada, para pagar em 6 meses. Em am-
bos os casos a taxa de juros era de 10% ao ano. O empréstimo da primeira empresa era
calculado no regime de juros simples; o da segunda, no regime de juros compostos. Em
sua opinião, qual das duas empresas fez o melhor empréstimo?
Resposta:

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 28


1a empresa
M = P x [1 +( i x n)] = 100.000 x [1 + (0,10 x 0,5)] = R$ 105.000
Onde:
M = montante
P = principal
i = taxa de juros
n = prazo da operação
2ª empresa
M = P x (1 + i)n = 100.000 x (1 + 0,10)0,5 = R$ 104.880

Curiosamente, a empresa que tomou emprestado no regime de juros compostos acabou


tendo um desembolso menor do que a que tomou emprestado no regime de juros simples
e isto vai contra nossa intuição. Como explicar o acontecido? Veja a figura abaixo:

Juros Compostos

Juros Simples
Montante

R$ 105.000

R$ 104.880

Tempo

6 meses

1 ano

Figura 5 - Juros Simples vs. Juros Compostos

Se o prazo dos dois empréstimos fosse um ano, as duas empresas teriam pagado o mesmo,
ou seja, teriam pagado juros de R$ 10.000. Se o prazo da operação fosse superior a um
ano, a empresa que houvesse tomado emprestado a juros compostos, teria desembolsado
mais. Como o prazo do empréstimo foi inferior ao período de capitalização (um ano), a
empresa que tomou a juros simples acabou pagando mais.
Conclusão:

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 29


Todas as vezes que o prazo da operação for inferior ao período de capitalização, o regime
de juros simples produz um montante superior ao montante produzido pelo regime de
juros compostos.

3.2.2 Hot-Money
O chamado hot-money é um empréstimo cujo prazo, normalmente, varia de 1 a 10 dias.
Para os clientes que são tomadores deste tipo de operação o banco pode propor a assina-
tura de um contrato fixando as condições da operação e, a partir daí, efetuar a transferên-
cia de recursos mediante uma simples comunicação do cliente, que pode ser feita via faz
ou e-mail. Neste caso, as operações são garantidas por uma nota promissória previamente
assinada.
Os juros das operações de hot-money são referenciados ao CDI over mensal acrescidos
de um spread para cobrir os custos e a remuneração do banco.

Exemplo 3.9: Hot-Money


Uma empresa tomou emprestado R$ 1.000.000 por dois dias em uma operação de hot-
money. A taxa pactuada foi CDI + 0,09% ao dia. Calcular o montante de juros pagos e
o IOF incidente sobre a operação, sabendo-se que o CDI over mensal nos dois dias foi
0,045% e 0,046%, respectivamente.
Resposta:
1° dia)
IOF: 1.000.000 x (0,0041% + 0,38%) = 3.841,00
Juros: 1.000.000 x [(0,045% ÷ 30) + 0,09%] = 915,00
2° dia)
IOF: 1.000.915 x 0,0041% = 41,04
Juros: 1.000.915 x [(0,046% ÷ 30) + 0,09%] = 916,17

3.2.3 Operações de Capital de Giro


As operações de capital de giro são empréstimos com prazos variados (geralmente supe-
riores a 30 dias) para pagamento de juros e amortização do principal. Os juros cobrados
podem, por sua vez, ser pré-fixados ou pós-fixados. No caso de contratos de capital de
giro em moeda nacional, os juros são sempre calculados no regime de juros compostos.
Existem casos em que a remuneração de quem empresta pode ser cobrada, no todo ou em
parte, antecipadamente. Quando toda a remuneração é cobrada antecipadamente por oca-
sião da liberação dos recursos, diz-se que os juros foram cobrados “na cabeça”. Quando
somente parte dos juros é cobrada no ato de liberação dos recursos, denomina-se esta
parcela antecipada de comissão “flat” ou TAC – Taxa de Abertura de Crédito.
Finalmente, um último lembrete: apesar de sabermos que existem meses com 28, 29, 30
e 31 dias e anos com 365 dias e com 366 dias, a convenção do mercado é considerar todos
os meses com 30 dias corridos e todos os anos com 360 dias corridos. Mais adiante

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 30


veremos que o mercado também convencionou que o ano possui 252 dias úteis indepen-
dentes dos dias da semana em que caiam os feriados.

n Operações em Moeda Nacional com Juros Pré Fixados

As operações em moeda nacional com juros pré-fixados podem ser amortizadas pelo sis-
tema SAC – Sistema de Amortização Constante e pela Tabela Price. Vejamos primeiro
as operações amortizadas pelo SAC.
Ao calcular o valor das parcelas de uma operação de capital de giro com juros pré-fixados
e amortizada pelo SAC, siga os seguintes passos:
1. Calcule o número de dias entre a data de entrada em vigor do contrato e a primeira
prestação e entre as prestações sucessivas.
2. Calcule para cada prestação a taxa de juros no período que seja equivalente à taxa da
operação. Lembre-se de que duas taxas são equivalentes quando, aplicadas no regime
de juros compostos sobre um mesmo principal e por um mesmo período, produzem
um mesmo montante.
3. Aplique a taxa de juros encontrada sobre o saldo devedor. Isto porque o tomador do
empréstimo só deve pagar juros sobre os recursos efetivamente utilizados no período.
Caso a operação preveja amortizações parciais, à medida que o saldo devedor vai di-
minuindo, os juros devidos vão diminuindo também.

Exemplo 3.10: Operações de Capital de Giro


Calcule o valor das duas primeiras prestações do contrato de capital de giro abaixo,
sabendo-se que a taxa de juros foi pré-fixada em 20% a.a.

Instituição Banco XPTO Valor em R$ 100.000,00


Descrição Capital de Giro Taxa de Juros ao ano 20,00%
Contrato nº 123.456/xx IOF
Assinatura 10/jan/xxxx Líquido Recebido

Prest. Data Principal Juros Total Saldo


0 10/jan/xx 100.000,00
1 10/fev/xx 20.000,00 80.000,00
2 10/mar/xx 20.000,00 60.000,00
3 11/abr/xx 20.000,00 40.000,00
4 10/mai/xx 20.000,00 20.000,00
5 10/jun/xx 20.000,00

Solução:
1 – Cálculo da 1a. prestação:
Prazo: 31 dias

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 31


Taxa de juros equivalente no período:
[(1,20)31/360 - 1] = 0,0158238
Cálculo dos juros:
$ 100.000 x 0,0158 = $ 1.582,38
Total da prestação:
$ 20.000,00 + $ 1.582,38 = $ 21.582,38
2 – Cálculo da 2a. prestação:
Prazo: 28 dias
Taxa de juros equivalente no período:
[(1,20)28/360 - 1] = 0,0142816
Cálculo dos juros:
$ 80.000 x 0,01142816 = $ 1.142,53
Total da prestação:
$ 20.000,00 + $ 1.142,53 = $ 21.142,53
Repetindo os cálculos para as demais prestações, a planilha preenchida ficará assim:

Instituição Banco XPTO Valor em R$ 100.000,00


Descrição Capital de Giro Taxa de Juros ao ano 20,00%
Contrato nº 123.456/xx IOF 751,46
Assinatura 10/jan/xx Líquido Recebido 99.248,54

Prest. Data Principal Juros Total Saldo


0 10/jan/xx 100.000,00
1 10/fev/xx 20.000,00 1.582,38 21.582,38 80.000,00
2 10/mar/xx 20.000,00 1.142,53 21.142,53 60.000,00
3 11/abr/xx 20.000,00 980,30 20.980,30 40.000,00
4 10/mai/xx 20.000,00 591,82 20.591,82 20.000,00
5 10/jun/xx 20.000,00 316,48 20.316,48

Dica!
Antes de começar a negociar com seu banco, consulte o site do Banco Central do Brasil
– https://www.bcb.gov.br/estatisticas/txjuros – para ter um balizamento de como andam
as taxas de juros praticadas pelas diversas instituições financeiras. Você encontrará um
quadro semelhante ao quadro abaixo, onde você deverá clicar sobre a operação que deseja
pesquisar.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 32


Usando a calculadora HP-12C
No caso do exemplo acima, os mesmos resultados poderiam ser obtidos de maneira muito
mais simples usando a calculadora financeira HP-12C. Neste caso, teríamos para a pri-
meira prestação:
n = 31 ÷ 360 = 0,86111 ano
i = 20% a.a.
PV = 100.000
FV = ?

Lembrete!
1. O prazo da operação deve ser expresso na mesma unidade de tempo da taxa de juros.
Como a taxa de juros está expressa em anos, o prazo da operação foi expressa em anos
também. Daí dividirmos o prazo (31 dias) por 360.
2. Neste exercício, o valor presente é sempre igual ao saldo devedor.
Entrando com os valores acima na calculadora, temos:

Digitando Visor Comentário

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 33


0,86 n 0,86 Período em anos
11
20 i 20,00
Taxa de Juros ao ano

100.0 CHS PV -100.000,00 Saldo devedor


00
FV 121.582,38 Montante procurado

O cálculo das parcelas de uma operação de capital de giro amortizada pela tabela Price é
complexa e necessita da ajuda de um computador. Esta dificuldade advém de fato de os
prazos entre as prestações nem sempre serem idênticos (pois, quando um pagamento cai
em um final de semana ou em um feriado, este pagamento tem que ser transferido para o
primeiro dia útil subseqüente) e os valores das prestações terem que ser idênticos. Neste
sistema, os valores das prestações são idênticos, mas as parcelas referentes aos pagamen-
tos dos juros são decrescentes ao passo que as parcelas referentes às amortizações serem
crescentes, conforme o exemplo abaixo.

Exemplo 3.11: Operações de Capital de Giro


Calcule o valor da amortização e dos juros das duas primeiras prestações do contrato
de capital de giro abaixo, sabendo-se que a taxa de juros foi pré-fixada em 20% a.a. e
que o empréstimo será amortizado pela tabela Price.

Instituição Banco XPTO Valor em R$ 100.000,00


Descrição Capital de Giro Taxa de Juros ao ano 20,00%
Contrato nº 123.456xx IOF (754,41)
Assinatura 10/jan/xx Líquido Recebido 99.245,59

Prest. Data Principal Juros Total Saldo


0 10/jan/xx 100.000,00
1 10/fev/xx (19.349,70) (1.582,38) (20.932,08) 80.650,30
2 10/mar/xx (19.780,26) (1.151,81) (20.932,08) 60.870,04
3 11/abr/xx (19.937,56) (994,52) (20.932,08) 40.932,48
4 10/mai/xx (20.326,47) (605,61) (20.932,08) 20.606,01
5 10/jun/xx (20.606,01) (326,07) (20.932,08) 0,00

Solução:

1 – Cálculo da 1a. prestação:


Prazo: 31 dias
Taxa de juros equivalente no período:
[(1,20)31/360 - 1] = 0,0158238
Cálculo dos juros:
$ 100.000 x 0,0158 = $ 1.582,38

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 34


Amortização:
$ 20.932,08 - $ 1.582,38 = $ 19.349,70
2 – Cálculo da 2a. prestação:
Prazo: 28 dias
Taxa de juros equivalente no período:
[(1,20)28/360 - 1] = 0,0142816
Cálculo dos juros:
$ 80.650,30 x 0,0142816 = $ 1.151,81
Amortização:
$ 20.932,08 - $ 1.151,81= $ 19.780,26

n Operações em Moeda Nacional com Juros Pós Fixados em CDI


As taxas do CDI são publicadas diariamente no site da CETIP e expressas em termos de
juros anuais. Para determinar a taxa do CDI acumulada entre duas datas, entre no site da
CETIP (https://calculadorarendafixa.com.br/#/navbar/calculadora).

Exemplo 3.12: Operações em CDI


Quanto pagaria no dia 13 de maio de 2020 uma empresa que, no dia 3 de fevereiro do
mesmo ano houvesse tomado emprestado R$ 100.000,00 de um banco a uma taxa de juros
correspondente a 103% do CDI?
Resposta:

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 35


Seguindo os passos indicados anteriormente encontraríamos 1,00369531, conforme a
ilustração abaixo.

Ou seja, o valor devido seria R$ 101.039,14 (R$ 100.000,00 x 1,01039141).

Exemplo 7.13: Operações pós-fixadas em CDI


Uma empresa assinou em 9 de fevereiro um contrato de capital de giro no valor de
$100.000. O prazo do contrato era dois meses e o principal seria amortizado em duas
parcelas iguais mensais e sucessivas de $50.000 cada, com vencimentos nos dias 9 de
março e 9 de abril. O contrato previa ainda pagamento de juros mensais nas mesmas
datas de amortização do principal. A taxa de juros pactuada foi de 103% do C.D.I. Per-
gunta-se: qual o valor das prestações pagas?

Instituição Banco XPTO Valor em R$ 100.000,00


Descrição Capital de Giro % do CDI 103,00%
Contrato nº 654.321/08 IOF
Data da Assinatura 09-fev Líquido Recebido

Data CDI
Prest. Principal Juros Total Saldo
Pagt° (Fator)
09/02 100.000,00
1 09/03 50.000,00 50.000,00
2 11/04 50.000,00

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 36


Tabela do CDI
Data CDI Fator 100% Fator 103%
07-fev 11,14 1,3691526 1,3814488
08-fev 11,14 1,3697266 1,3820444
09-fev 11,14 1,3703008 1,3826402
10-fev 11,15 1,3708753 1,3832363
11-fev 11,14 1,3714505 1,3838332

07-mar 11,64 1,3795319 1,3922201


08-mar 11,64 1,3801348 1,3928458
09-mar 11,64 1,3807379 1,3934718
10-mar 11,64 1,3813414 1,3940980
11-mar 11,64 1,3819451 1,3947246

07-abr 11,65 1,3934755 1,4066931


08-abr 11,64 1,3940850 1,4073258
11-abr 11,64 1,3946942 1,4079583
12-abr 11,63 1,3953038 1,4085911
13-abr 11,65 1,3959131 1,4092237

Solução:
1 – Cálculo da primeira prestação
Cálculo dos juros
Fator do dia 09/02 – 1,3826402
Fator do dia 09/03 – 1,3934718
J = [(1,3934718÷ 1,3826402)-1] x R$ 100.000 = R$ 783,40
Cálculo da prestação
R$ 50.000 + R$ 783,40 = R$ 50.783,40
2 – Cálculo da segunda prestação
Cálculo dos juros
Fator do dia 09/03 – 1,3934718
Fator do dia 11/04 – 1,4079583

J = [(1,4079583÷ 1,3934718)-1] x R$ 50.000 = R$ 519,80

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 37


Cálculo da prestação
R$ 50.000 +R$ 519,80 = R$ 50.519,80
Depois de preenchida, a planilha desta operação deverá ficar assim:

Instituição Banco XPTO Valor em R$ 100.000,00


Descrição Capital de Giro % do CDI 103,00%
Contrato nº 654.321/08 IOF 568,60
Data da Assinatura 09-fev-11 Líquido Recebido 99.431,40

Data CDI
Prest. Principal Juros Total Saldo
Pagt° (Fator)
09-fev 1,3826402 100.000,00
1 09-mar 1,3934718 50.000,00 783,40 50.783,40 50.000,00
2 11-abr 1,4079583 50.000,00 519,80 50.519,80

Observação:
Repare que no cálculo das prestações no caso dos juros pós-fixados em CDI pelo método
acima não foi necessário calcular o número de dias entre as datas das prestações.

n Operações em Moeda Estrangeira com Juros Pré Fixados


As operações em moeda estrangeira são feitas com recursos externos obtidos pelos bancos
e repassados a seus clientes com uma margem de lucro denominada “spread”. Estas ope-
rações podem oferecer quatro vantagens em relação aos empréstimos feitos em moeda
nacional. São elas:
1. Estão isentas do pagamento do IOF.
2. Os juros são calculados pelo regime de juros simples.
3. Os prazos podem ser mais dilatados.
4. Como as taxas de juros externas são bem inferiores às cobradas no Brasil, há a
possibilidade de estas operações saírem mais baratas do que se houvessem sido
feitas em Reais.
No entanto, as operações em moeda estrangeira trazem embutido um grande problema: o
risco cambial. Se a cotação da moeda estrangeira disparar em relação ao Real o custo do
empréstimo pode se tornar proibitivo. São inúmeros os exemplos que ilustram este pro-
blema. Nos últimos dez anos, em pelo menos duas ocasiões a cotação do dólar disparou:
durante a crise cambial de janeiro de 1999, no final de 2002 e no quarto trimestre de 2008.
Inúmeras empresas que estavam endividadas em moeda estrangeira tiveram prejuízos
enormes.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 38


Quando as empresas são exportadoras e, portanto, têm contas a receber em moeda estran-
geira, pode acontecer de a desvalorização cambial não ser grave. Basta que o valor dos
empréstimos em moeda estrangeira seja próximo aos valores a receber pelas exportações
feitas. Neste caso, a desvalorização que encarece as operações em moeda estrangeira au-
menta os valores a receber e a situação se equilibra. Já as empresas que não possuem
ativos em moeda estrangeira, caso queiram tomar recursos nestas moedas e não estejam
dispostas a correr riscos, podem proteger suas posições com as chamadas operações de
“hedge”. São operações sofisticadas e que fogem ao escopo deste curso.
Nas operações em moeda estrangeira, a taxa de câmbio usada no cálculo da amortização
do principal e dos encargos é sempre a “taxa de venda”, ou seja, a taxa pela qual o banco
vende a moeda estrangeira. Quando se trata de Dólar norte americano, o Banco Central
publica diariamente a chamada PTAX, que é a média ponderada da taxa de venda do dólar
comercial apurada no dia anterior. Sendo assim, somente no dia seguinte é que se vai
saber qual foi a PTAX. Isto quer dizer que, na prática, as operações denominadas em
PTAX são sempre liquidadas em D+1, isto é, as variações cambiais são apuradas com
base na variação da moeda havida entre um dia antes da data inicial e um dia antes da
data de cada prestação.

Exemplo 7.(a): Operação em moeda estrangeira pré-fixada


A Empresa Alfa fechou com um banco, no dia 15/01/10, uma operação em moeda estran-
geira no valor de US$ 100.000. O PTAX de compra do Dólar norte-americano no dia
anterior ao dia da assinatura do contrato era de R$ 1,77030. O prazo da operação era
de 2 anos. Os juros deveriam ser pagos semestralmente e o principal deveria ser inte-
gralmente pago no final.
Calcular o valor da primeira prestação que venceu no dia 15/07/10 sabendo-se que a
taxa de juros da operação eram 12% a.a. e que o PTAX de venda do Dólar no dia
15/07/10 era R$ 1,76820.
Solução:
1 - Cálculo da taxa de juros proporcional
Considerando que o período tem 181 dias, e tendo em vista que as operações em US$
são sempre calculadas no regime de juros simples, teremos que a taxa de juros propor-
cional é dada pela formula.
12 x 181
ip = = 6,0333%
360
2 - Cálculo dos Juros em US$
Juros = Principal x Taxa de Juros = US$ 100,000 x 6,0333% = US$ 6,033.33
3 - Cálculo da prestação em R$
US$ 6,033.33 x R$ 1,76820 / US$ = R$ 10.668,13
Como a Contabilidade lança os juros e a variação cambial em contas separadas, para
efeitos contábeis esta prestação deverá ser decomposta em:
Juros = US$ 6,033.33 x R$ 2,3795 / US$ = R$ 14.356,31
Variação Cambial = US$ 6,033.33 x (R$ 1,9420 – R$ 2,3795) = -R$ 2,639.58

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 39


Observação:
As operações em moeda estrangeira não são necessariamente calculadas pela taxa do dia
anterior, ou seja, o PTAX. Estas operações podem eventualmente ser negociadas pelo
dólar do dia (chamado no mercado de “dólar pronto”). Neste caso, a taxa de câmbio uti-
lizada é a taxa de venda no momento do fechamento do contrato de câmbio.
Geralmente as grandes empresas, que possuem um maior poder de negociação junto aos
bancos, preferem fechar operações em moeda estrangeira com base no dólar pronto, pois
assim poderão usufruir condições mais favoráveis. Já as empresas médias e pequenas,
costumam preferir as operações com base na PTAX pelo fato de estas taxas serem impes-
soais.
n Operações em Moeda Estrangeira com Juros Pós Fixados
O principal indexador das operações pós-fixadas em moeda estrangeira é a LIBOR (Lon-
don Inter Bank Offered Rate). A LIBOR é uma taxa básica referencial de juros a ser
praticada a partir mês iniciado e pode ser cotada para 1, 3, 6 ou 12 meses de tal forma que
se pode calcular com até um ano de antecedência o valor de uma prestação de um contrato
em moeda estrangeira indexado à Libor.
3 meses 0,19 % a.a
6 meses 0,25 % a.a
12 meses 0,40 % a.a

Exemplo 7.14: Operação em moeda estrangeira a juros pós-fixados


No dia 27 de junho de 2011, uma empresa contratou um empréstimo de US$ 1,000,000 a
Libor mais 3%. O contrato prevê pagamento de juros semestrais e principal no final. Qual o
valor em US$ da primeira prestação de juros a ser paga no dia 27/12/2011?
Solução:

A primeira prestação será cobrada dentro de 183 dias, ou seja, no dia 27 de dezembro 2011,
que cai em uma terça-feira. O valor da prestação, em dólar, é calculado conforme a sequencia
abaixo.
1 - Cálculo da taxa proporcional
(0,40% + 3%) ´183
Taxa Equivalente = = 1,7283% ao semestre
360
2 - Cálculo dos Juros
Juros = US$ 1,000,000 x 1,7283% = US$ 17.283

As operações em moeda estrangeira são feitas com recursos captados no exterior pela institui-
ção financeira no Brasil. Como os juros que as instituições financeiras brasileiras remetem
para as instituições financeiras no exterior são tributados pelo Imposto de Renda, o ônus deste
tributo é repassado para a empresa brasileira tomadora do empréstimo. Na maioria dos casos,

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 40


a alíquota do imposto de renda nestes casos é 15%. No entanto, existem países que possuem
acordos tributários com o Brasil que fazem com que esta alíquota possa ser diferente.
Suponhamos que no exemplo acima os juros que calculamos estivessem sujeitos ao imposto
de renda na alíquota de 15%. Quanto o banco deveria cobrar à empresa tomadora do emprés-
timo para que o valor dos juros após a incidência dos 15% do imposto de renda fosse US$
23,974.02? Para calcularmos este valor, dividimos o valor líquido da remessa por 0,85. Assim,
teríamos que:
Valor bruto = US$ 17.283÷ 0,85 = US$ 20,332.84
n ACC/ACE
O ACC – Adiantamento sobre Contrato de Câmbio é uma operação de financiamento no qual
o banco antecipa total ou parcialmente o montante de um contrato de exportação. Este mon-
tante é equivalente à quantia em moeda estrangeira comprada a termo destes exportadores pelo
banco financiador. O objetivo desta operação é financiar o exportador durante a fase de pro-
dução e comercialização da mercadoria a ser exportada. Por ser considerado um incentivo à
exportação, as taxas destas operações são bem mais favoráveis do que as taxas de mercado.
As operações de ACC podem ser desdobradas em duas fases. Na primeira fase, o banco pode
adiantar os recursos da operação por até 360 dias. A segunda fase ocorre quando as mercado-
rias já estão prontas e embarcadas, e podem ser solicitadas até 60 dias após o embarque de
forma a aproveitar ao máximo a possível variação cambial. Nesta fase, a operação passa a
chamar-se ACE – Adiantamento sobre Cambiais Entregues. Os prazos das ACE’s podem es-
tender-se até 180 dias após o embarque. Um aspecto interessante destas operações é que os
limites de crédito para sua realização são concedidos sem prejuízo dos limites de crédito já
concedidos pelo banco à empresa exportadora.

7.2.4 Contas Garantidas


As contas garantidas são uma forma de empréstimo de curto prazo pela qual o banco
disponibiliza para seu cliente um limite dentro do qual podem ser feitos saques a desco-
berto. É semelhante ao cheque especial, apenas que os limites utilizados pelos clientes
têm que estar cobertos por duplicatas que garantam o crédito concedido. Os recursos das
contas garantidas costumam ser mais caros do que os obtidos em operações de capital de
giro ou em desconto de duplicatas. Um dos motivos disto acontecer é que, no caso das
contas garantidas, o banco é obrigado a manter recursos disponíveis para que o cliente
saque no momento que quiser, caso contrário, terá que recorrer a operações interbancá-
rias, cujos juros costumam ser os mais caros para as instituições financeiras. Por isso, as
contas garantidas devem ser usadas, de preferência, em empréstimos de curtíssimo prazo
que não possam ser financiados nem com descontos de duplicata e nem com operações
de capital de giro.
Nas contas garantidas os juros são cobrados em função do saldo devedor e do número de
dias de utilização do crédito. Também neste caso os juros podem ser pré-fixados ou pós-
fixados. Atualmente a modalidade mais comum de indexação de contas garantidas é o
CDI. No caso de os juros serem pré-fixados, seu calculo é feito pelo chamado método
hamburguês, no qual os juros são calculados pelo regime de juros simples.

Exemplo 7.(b): Conta garantida

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 41


O quadro abaixo representa o saldo de uma conta corrente ao longo de sete dias de uma
semana. Os saldos negativos representam os valores utilizados da conta garantida.
Calcular o valor dos juros pagos pela empresa nos três primeiros dias do período sa-
bendo-se que a taxa de juros cobrada pela instituição financeira para este tipo de ope-
ração é de 6,00 % a.m. pré-fixados.

Dia Saldo
1 (120.523,56)
2 (227.540,45)
3 154.957,12
4 42.459,44
5 165.579,52
6 169.579,52
7 164.579,52

Solução:
Juros pré-fixados:
Cálculo da taxa de juros efetiva diária proporcional a 6,00 % a.m.
0,06 ÷ 30 = 0,002 ou 0,2% a.d.
Cálculo dos juros diários
1° dia - R$ 120.523,56 x 0,002 = R$ 241,05
2° dia - R$ 227.540,45 x 0,002 = R$ 455,08
3° dia - zero
Os saldos devedores das contas garantidas também estão sujeitos ao IOF na alíquota de
0,0041% a.d. Além do IOF há, também a incidência do adicional do IOF à alíquota de
0,38%, o qual incide sobre o total do saldo devedor médio acrescido dos juros e do IOF.
No exemplo acima, teríamos que:
IOF –($ 120.523,56 + $ 227.540,45) x 0,0041% = $ 14,27
Adicional do IOF – [($ 120.523,56 + $ 227.540,45) ÷ 30] + $ 241,05 + $ 455,08 + $
14,27) x 0,38% =$ 46,79
Os cálculos acima podem ser conferidos no site da FIESP abaixo:
http://apps.fiesp.com.br/spcred/simulador/conta_garantida_geral_resultado.asp

Quando os juros são pós-fixados em CDI, normalmente as taxas são definidas em função da
taxa diária equivalente ao CDI mais um sobrepreço*. Neste caso a taxa é denominada tal como:
CDI + 0,4% a.m. A taxa efetiva mês é determinada calculando-se a taxa equivalente ao mês
do CDI e somando-a ao spread. A taxa efetiva dia é obtida determinando-se a taxa equivalente
dia do CDI e somando-se o spread dividido por 30.

Exemplo 7.15: Conta garantida pós-fixada

*
O mercado se refere a este sobrepreço como “spread”.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 42


Quais os juros pagos sobre o saldo devedor de $ 400.000 de uma conta garantida que tenha
sido negociada a uma taxa de juros pós-fixada equivalente a CDI + 0,4% a.m. sabendo-se
que a taxa do CDI naquele dia era 12,12 % a.a.?
Solução:
1 - Cálculo da taxa equivalente dia do CDI
ie = 1,1212 (1/252) – 1 = 0,0004541
2 – Cálculo da taxa equivalente dia do contrato
ie = 0,0004541 + (0,004÷30) = 0,0005874
3 – Cálculo dos juros
$ 400.000 x 0,0005874 = $ 234,96

Agora que aprendemos a calcular os juros de uma conta garantida, estamos em condições de
entender o funcionamento desta modalidade de empréstimo. Na verdade, o que acontece na
prática é que, ao aprovar um limite de conta garantida para um cliente, o banco abre uma conta
garantida que não é diretamente observável pelo cliente. Todas as vezes que o saldo da conta
corrente fica negativo, o banco transfere recursos da conta garantida para a conta corrente e
cobra juros pela utilização destes recursos. À medida que vão ocorrendo depósitos na conta
corrente, estes são transferidos para a conta garantida até que seu saldo devedor zere.

Faltou dinheiro

Conta Conta
Corrente Garantida

Sobrou dinheiro

Figura 6 - A conta garantida

7.3 As Garantias
Em operações de empréstimo para capital de giro ou mútuo os bancos normalmente pe-
dem o aval dos diretores da empresa, garantias reais (duplicatas) e Notas Promissórias.
Quando se trata de empresas de primeira linha, as garantias reais costumam ser dispensa-
das. Nestes casos os bancos contentam-se com o aval dos diretores e a Nota Promissória.
Quando o contrato prevê o pagamento de juros pós-fixados, é impossível saber exata-
mente qual vai ser o valor de liquidação do contrato. Nestes casos o banco solicita que a
empresa tomadora assine uma Nota Promissória em branco, a qual será preenchida com
os valores do contrato em caso de inadimplência. Algumas empresas estranham este pro-
cedimento e se recusam a cumprir esta exigência. A legislação, no entanto, prevê a

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 43


existência das Notas Promissórias vinculadas. Nestes casos, se a Nota Promissária for
preenchida com elementos em desacordo com o previsto no contrato, tal fato caracteriza
comportamento abusivo e, neste caso, a Nota Promissória perde seu valor.
As garantias pedidas pelos bancos devem ser suficientes para cobrir o principal da opera-
ção, seus encargos financeiros e uma margem de segurança para fazer face a eventuais
inadimplências que tirem das duplicatas sua característica de garantias.
Compete à empresa, no entanto, controlar o nível das garantias durante a vigência do
contrato de forma a não entregar ao banco credor mais garantias do que o acordado. Isto
pode ser feito por meio de um relatório conforme o mostrado abaixo:

Saldo em Dupl. Dupl.


Banco Operação Valor Garantias Total
Aberto Inativas Ativas

Bco. Alfa 159.753 100.000 100.000 115.000 15.000 120.000 135.000

Bco. Beta 09191 80.000 80.000 96.000 90.000 90.000

Bco.Gama 1825-1 300.000 200.000 230.000 30.000 180.000 210.000

Bco.Gama 1825-2 400.000 400.000 460.000 50.000 510.000 560.000

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 44


7. Aplicações Financeiras

Iniciamos este módulo definindo dois conceitos fundamentais quando se trata de aplica-
ções financeiras: o conceito do que é “risco” e o do que é “retorno”. Em finanças, chama-
mos de retorno os ganhos havidos em decorrência de uma aplicação ou investimento. O
retorno, por sua vez, é composto de duas parcelas.
A primeira delas é representada pela valorização do investimento feito. Quando um in-
vestidor compra um terreno e o revende, mesmo que não o tenha explorado, se o preço
de venda foi superior ao preço de compra acrescido dos gastos havidos (condomínio,
IPTU etc.), ele teve um retorno. A segunda parcela são os rendimentos recebidos no pe-
ríodo em que esteve de posse da aplicação feita. Um dividendo recebido é um retorno, da
mesma forma que os juros de uma aplicação ou o aluguel de um imóvel. Então, se um
investidor aplicou $ 1.000 em ações e depois de certo tempo vende estas ações por $ 1.200
e, se neste período ele recebeu $ 100 de dividendos, seu retorno foi $ 300.
No entanto, não basta medir o retorno por seu valor absoluto. Se você tivesse que escolher
entre duas aplicações igualmente seguras, uma que rendesse $ 1.000 e outra que rendesse
$ 2.000 no mesmo período, qual seria sua opção? Antes de se decidir, você certamente
perguntaria qual seria o investimento inicial num e noutro caso. Vemos então que para
compararmos investimentos que envolvam riscos iguais, temos que comparar o retorno
com o valor investido, em um mesmo período de tempo. Chamamos à relação entre o
retorno e o principal investido de taxa de retorno. A taxa de retorno nada mais é do que
a rentabilidade do investimento e deve estar sempre referida a uma unidade de tempo.

Exemplo 7.1: Taxa de retorno


Qual seria a taxa de retorno de um investidor que houvesse adquirido ações no valor de $
1.000 e que, ao final de um ano, as houvesse vendido por $ 1.200, sabendo-se que, ao final
deste período, ele recebeu $ 100 de dividendos.
Solução:
Investimento: $ 1.000
Retorno: $ 300
Taxa de retorno: $ 300 ÷ $ 1.000 = 0,30 ou 30% ao ano.

No entanto, ao calcular a rentabilidade de um investimento, é importante levar em considera-


ção o valor do dinheiro no tempo.

Exemplo 7.2: O valor do dinheiro no tempo


Qual seria a rentabilidade auferida por um investidor que houvesse comprado um aparta-
mento por R$ 100.000, o houvesse alugado logo após a aquisição por R$ 1.000 por mês e, ao
final de um ano, o houvesse vendido por R$ 120.000?

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 45


Solução:
R$ 121.000

11 x R$ 1.000

R$ 100.000

Digitando Visor Comentário

100000 CHS g CF0 -100.000,00 Fluxo inicial

1000 g CFj 1.000,00 Entrada

11 g Nj 11,00 No. de entradas iguais, anuais e sucessivas

121000 g CFj 121.000,00 Entrada final

f TIR 2,45 2,45%


a.a.

O segundo conceito que é essencial compreender é o conceito de “risco”. Em finanças, cha-


mamos de “risco” a incerteza quanto aos resultados. Veja bem que estes resultados imprevisí-
veis não precisam ser necessariamente ruins, basta que sejam incertos. Os três tipos de risco
que vamos discutir a seguir são:
s O risco de calote representado pela incerteza de receber de volta o valor aplicado ou o
rendimento devido.
s O risco de liquidez representado pela incerteza de conseguir se desfazer da aplicação feita
a qualquer tempo.
s O risco de retorno representado pela incerteza quanto ao rendimento da aplicação.
Existem outros tipos de risco assim como existem outras formas de se classificar os riscos. Em
teoria das carteiras, os riscos são classificados em “sistemáticos” e “não sistemáticos” e, tam-
bém, em “diversificáveis” e “não diversificáveis”. Um outro tipo de risco é o chamado risco
soberano que é a incerteza de que uma aplicação feita no exterior não seja prejudicada pelas
mudanças da legislação local.
Na prática não existem investimentos totalmente livres de risco. Só para se ter uma ideia, os
investimentos considerados mais seguro do mundo são os títulos do Tesouro norte-americano
– as Treasury Bills, as Treasury Notes e as Treasury Bonds. No entanto, como veremos quando
tratarmos dos papéis de renda fixa, ao aplicar nestes papéis o investidor pode saber exatamente
o quanto vai resgatar na data de vencimento do título, mas não tem certeza do quanto vai
receber caso queira se desfazer deste papel antes de seu vencimento. Isto significa que nem

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 46


mesmo os papéis mais seguros do mundo estão totalmente livres de risco já que possuem um
risco de liquidez.
Da mesma maneira que o retorno pode ser quantificado para efeitos de comparação da taxa de
retorno entre dois ou mais investimentos, o risco também pode ser quantificado. A medida que
mede o risco é o desvio padrão. Para compreender o conceito de desvio padrão, imagine que
tenhamos acompanhado diariamente ao longo de um mês* o valor de dois investimentos e que
tenhamos registrado nossas observações em um gráfico semelhante ao mostrado na figura
abaixo.

Média

Figura 7 - A volatilidade

Repare que o investimento claro apresenta uma dispersão em torno da média menor do que a
do investimento escuro. O desvio padrão dá a medida da dispersão dos valores em torno da
média. Aqui não estamos interessados na fórmula de cálculo do desvio padrão. Basta que en-
tendamos o conceito. O mercado se refere ao desvio padrão como volatilidade. Assim, quanto
mais volátil for um investimento, mais arriscado (ou seja, mais imprevisível) ele é. Na figura
acima, o investimento vermelho é menos volátil (e, portanto, mais seguro) que o investimento
azul.
Quando se trata de aplicações financeiras, risco e retorno são indissociáveis. O mercado pre-
cifica o risco e cobra um prêmio de risco que será tanto maior quanto maior for a volatilidade
de um investimento. É por isso que quanto maior for o risco, maior terá que ser o retorno de
uma aplicação. Chamamos de prêmio de risco à diferença entre a taxa de retorno exigida pelo
mercado sobre um determinado investimento e taxa de retorno obtida por uma aplicação livre
de risco.

Exemplo 7.3: O prêmio de risco


Qual o prêmio de risco de um investimento cujo rendimento esperado seja 15% a.a. sabendo-
se que taxa de retorno de um investimento “livre de risco” é 11,35% a.a.
Solução:
O premio de risco é 3,75% a.a. (=15% - 11,25%).
O que o exemplo acima mostra é que, a menos que a taxa de retorno esperada seja, no mínimo,
3,75% a.a. acima da taxa de retorno do investimento livre de risco, o mercado não estará dis-
posto a correr o risco daquela aplicação. No Brasil, os títulos públicos são considerados os

*
Este exemplo é meramente elucidativo já que o comportamento de um investimento ao longo de um
mês é insuficiente para tirar qualquer conclusão a respeito de suas características.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 47


parâmetros do investimento livre de risco. Isto porque, teoricamente, se o governo não possuir
recursos para resgatá-los no vencimento, pode emitir moeda para fazê-lo.
Vejamos agora como risco e retorno se inter-relacionam. Repare na figura abaixo. Neste ce-
nário temos duas aplicações, uma clara e outra escura, sendo que a clara possui uma taxa de
retorno média superior à taxa de retorno média da escura. Além disto, a aplicação clara é tam-
bém menos volátil, ou seja, menos arriscada. Dizemos em finanças que, neste caso, a aplicação
clara domina a aplicação escura no risco e no retorno. Nesta circunstância, 100% dos inves-
tidores com expectativas racionais4 dariam preferência à aplicação clara5.
Rentabilidade

Dias

Figura 8- Cenário 1

Considere agora o cenário 2 abaixo. Vemos que as duas aplicações possuem a mesma
volatilidade, mas a taxa de retorno média da aplicação escura é superior à da aplicação
clara. Neste cenário, 100% dos investidores com expectativas racionais dariam preferên-
cia à aplicação escura, pois ela equivale à aplicação clara no que diz respeito ao risco,
mas a domina no retorno.
Rentabilidade

Dia

Figura 9 - Cenário 2

No cenário 3 da figura 14, a taxa de retorno média dos dois investimentos é igual mas o
investimento claro é menos volátil e, portanto, menos arriscado. Este é um caso em que
os dois investimentos se equivalem quanto ao retorno, mas o investimento escuro é

4
Neste contexto, um agente possui expectativas racionais quando seu principal objetivo é maximizar sua
capacidade de consumo.
5
Nestes exemplos não estamos considerando a possibilidade de fatos extraordinários que alterem radi-
calmente as expectativas do mercado em relação aos dois investimentos.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 48


dominado pelo claro no que diz respeito ao risco. Agora, 100% dos investidores com
expectativas racionais dariam preferência à aplicação clara.

Rentabilidade

Dia
Figura 10 - Cenário 3

Até aqui tem havido unanimidade entre os investidores quando se trata de optar entre as
duas aplicações. A situação se complica no cenário 4. Agora a aplicação escura domina a
clara quanto ao retorno, mas é dominada por ela quanto ao risco. Qual a opção dos inves-
tidores considerando que podem aplicar todos os seus recursos tanto no investimento
claro quanto no escuro ou podem, ainda, aplicar em ambos na proporção que preferirem?
Neste caso a preferência de cada investidor vai depender do seu grau de aversão ao risco.
Quanto mais avesso ao risco for o investidor (ou seja, quanto mais conservador) maior
será a proporção de recursos que destinará ao investimento claro. Quanto menos avesso
ao risco ele for, maior a proporção de recursos que investirá na aplicação escura.
Rentabilidade

Dia

Figura 11 - Cenário 4

Com relação ao risco, os investidores, teoricamente, podem ser:


§ Avessos ao risco
§ Neutros ao risco
§ Propensos ao risco
Um investidor avesso ao risco é aquele investidor que exige um prêmio para assumir um
risco. Quanto mais avesso ao risco for este investidor, maior será o prêmio que exigirá
para assumir o risco. O investidor neutro ao risco seria aquele investidor que escolhesse
sempre as aplicações que dessem o maior retorno sem se preocupar com os riscos envol-
vidos. Embora seja difícil imaginar tal tipo de comportamento na prática, vários modelos
econômicos utilizam esta abstração para chegar às suas conclusões. Já o investidor

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 49


propenso ao risco6 seria aquele investidor que escolheria sempre a opção mais arriscada
independente de seu retorno. Este investidor, na verdade, não estaria buscando o retorno;
estaria arriscando pelo prazer de arriscar. Este tipo de investidor não é contemplado pela
teoria econômica porque não possui expectativas racionais.
Vemos, então, que cada investidor tem um grau diferente de aversão ao risco. O problema
é que não se consegue avaliar com precisão o grau de aversão ao risco de um investidor
antes de ele fazer suas opções de investimento. Este fenômeno é chamado em microeco-
nomia de princípio da preferência revelada.
Por tudo o que foi visto até agora, chegamos a duas conclusões. A primeira é que não
existem aplicações completamente livres de risco. A segunda é que, quando se trata de
escolher onde aplicar seus excessos de caixa, existem algumas regras que são comuns a
todas as empresas. No entanto, a decisão final quanto à composição de sua carteira vai
depender do grau de aversão ao risco da pessoa que tem a palavra final sobre o assunto,
ou seja, não existe uma regra que seja aceita por todos indistintamente.

7.1 Títulos de Renda Fixa e Títulos de Renda Variável


Dizemos que um investimento é de renda fixa quando possui um fluxo de caixa contra-
tado, ou seja, um fluxo de pagamentos pré-determinado e por um prazo limitado. O fato
de um fluxo de pagamentos ser contratado não significa que saibamos com antecedência
o valor exato de suas entradas. Significa que as regras de formação das entradas são pré-
estabelecidas.
São considerados títulos de renda fixa papéis tais como:
§ Os Certificados de Depósito Bancário;
§ As Operações Compromissadas
§ Os DPGE’s – Depósitos com Garantias Especiais
§ As Notas Promissórias Comerciais (commercial papers)
§ Os Títulos Públicos;
§ As Debêntures;
§ As Export Notes.
Já os papéis de renda variável possuem um fluxo de caixa residual, ou seja, suas entradas
são indefinidas e o seu prazo indeterminado. As ações de uma empresa de capital aberto,
por exemplo, são papéis de renda variável. Isto porque, somente depois de pagar todos os
credores, se ainda sobrarem recursos, será decidido o quanto a empresa vai distribuir aos
seus acionistas.
Existem evidências empíricas que, no longo prazo, uma carteira de mercado rende mais
do que os papéis de renda fixa. A diferença entre a rentabilidade a mais proporcionada no
longo prazo pelas aplicações em renda variável sobre as aplicações em ativos de renda
fixa é denominada prêmio de paciência. No entanto, devido à elevada volatilidade dos
ativos de renda variável no curto prazo, seria muito imprudente aplicar os excessos caixa
nestes ativos, a menos que a empresa só vá precisar destes recursos em um prazo muito
longo.

6
Alguns autores referem-se a este tipo de investidor como “amantes do risco”.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 50


Prêmio de Paciência

Figura 12 – O prêmio de paciência

Existem, ainda, dois outros tipos de operações que, por suas características, não se enqua-
dram em nenhuma das duas classificações acima: os equivalentes à caixa* (também cha-
mado de caixa remunerado) e os derivativos. As cadernetas de poupança e os fundos de
investimento, por permitirem a qualquer momento aplicações adicionais de recursos e
resgates totais ou parciais de seus saldos, funcionam como uma conta corrente remune-
rada. Por isso são chamados de equivalentes à caixa. Os derivativos são operações cujo
valor deriva (daí o seu nome) do comportamento de um ativo subjacente. Os derivativos
não são ativos; são contratos. Além disto, por serem extremamente sofisticadas, fogem
completamente do escopo deste curso.
Como este módulo trata de aplicações de excessos de caixa para os efeitos do planeja-
mento financeiro de curto prazo, e como as instituições não financeiras em geral não apli-
cam seus excessos de caixa de curto prazo em títulos de renda variável, somente tratare-
mos aqui dos papéis de renda fixa e das aplicações equivalentes à caixa.

7.2 Aplicações Financeiras de Curto Prazo

7.2.1 Aplicações de Renda Fixa


Vimos que um investimento é de renda fixa quando oferece ao investidor um fluxo de
caixa contratado, ou seja, seus rendimentos são pré-determinados e seu prazo, limitado.
As taxas de juros dos investimentos de renda fixa podem ser pré-fixadas ou pós-fixadas.
Em uma aplicação de renda fixa com taxas de juros pré-fixadas, estas taxas são acordadas
no fechamento do contrato e não variam até a data de sua liquidação final.

Exemplo 7.4: Aplicações de renda fixa a juros pré-fixados


Qual o retorno que receberia ao final de um ano um investidor que aplicasse R$
100.000 a uma taxa de juros pré-fixados de 20% a.a.?
Resposta:
R$ 100.000 x [(1+20%) – 1] = R$ 20.000

*
Esta expressão deriva de “Cash equivalent” em inglês.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 51


Vê-se, portanto que, neste caso, mesmo que as taxas de juros no período houvessem disparado
ou despencado, o retorno não se alteraria.
Já as taxas de juros pós-fixadas podem ser decompostas em duas parcelas: uma parcela fixa,
que não varia, chamada de taxa de juros real, e outra que varia de acordo com um indexador.

Exemplo 7.5: Aplicações de renda fixa a juros pós-fixados


Suponha que um investidor tenha feito uma aplicação de $ 100.000 por um ano a uma taxa
de juros de 4% a.a. acima da inflação no período medida pelo IPCA e recebimento do prin-
cipal e juros no final da operação. Caso a inflação no ano, medida pelo IPCA, tenha sido 5%,
o investidor teria a receber no momento da liquidação do contrato $ 109.200, conforme mos-
tram os cálculos abaixo:

$ 100.000 x 1,05 x 1,04 = $ 109.200

Principal Fator de capitalização do IPCA Fator de capitalização da


taxa de juros real

Imagine que, no exemplo anterior, a taxa de inflação no semestre houvesse disparado e


atingido a 15%. Neste caso, o investidor teria a receber R$ 126.500 (= $ 100.000 x 1,15 x
1,10) em vez dos $ 109.200 calculados anteriormente. Se, ao contrário, a taxa de inflação
tivesse sido apenas 1% no semestre, o investidor receberia apenas R$ 105.040 ($ 100.000 x
1,01 x 1,04).

Existem, ainda, um caso particular das taxas de juros pós-fixadas que são as taxas de juros
flutuantes, nas quais tanto o indexador quanto a taxa de juros real variam ao longo do contrato.
É o caso, por exemplo, das aplicações indexadas ao CDI.
As taxas do CDI, que representam a média ponderada das taxas de juros das operações inter-
bancárias havidas ao longo de um dia, são publicadas diariamente no site da CETIP e expres-
sas em termos de juros anuais.
A medida que o Banco Central vai estabelecendo novas metas para a taxa Selic e que as pro-
jeções da taxa de inflação anual vão se alterando, tanto o taxa de juros real quanto a parcela
referente à inflação no período variam.
Existem papéis que pagam um rendimento periódico e outros, não. Os rendimentos periódicos
pagos por um título de renda fixa são chamados cupom. Por esta razão, os papéis que não
pagam rendimentos periódicos são chamados genericamente de títulos zero cupom.

Exemplo 7.6: Títulos que pagam cupom


Considere um título que custasse R$ 1.000, tivesse um prazo de dois anos e que pagasse um
cupom semestral de R$ 30. O fluxo de caixa deste título seria o representado na figura abaixo.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 52


R$ 1.030

R$ 30 R$ 30 R$ 30

R$ 1.000

No caso dos títulos zero cupon é comum conhecer o valor do título na data de seu resgate. Este
valor é denominado valor de face. O valor a ser aplicado é denominado preço unitário do
título, ou simplesmente PU, como é conhecido no mercado. Nestes casos, o valor a ser pago
pelo título vai depender da remuneração desejada pelo investidor.

Exemplo 7.7: Preço unitário de um título zero cupon


Suponha que um investidor queira adquirir no dia 16/01/2011 um título zero cupom com R$
1.000 de valor de face e que vença no dia 01/09/2011 Qual seria o preço máximo que este
investidor estaria disposto a pagar por este título caso deseje um rendimento bruto de 13%
a.a. Considere que o período possua 162 dias úteis.
Solução:
O gráfico abaixo representa o fluxo de caixa do papel.

R$ 1.000

162 d.u.

PU = ?

Para encontrar o valor presente deste papel que nos conduza a uma taxa de retorno de 16%
a.a. temos que dividir o valor de face pelo fator de capitalização (1,16)162 / 252.
Temos então que:
VF = 1.000

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 53


n = 162 d.u.7
i = 13% a.a. ou 0,13 a.a.
PU = ?
Logo:
VF R$ 1.000
PU = n
= 162
= R$ 924,438754
(1 + i) 252
(1,13) 252

7.2.2 As Taxas de Juros


Vimos que as taxas cobradas pelo banco quando empresta recursos são função, principal-
mente, de suas taxas de captação e do risco do cliente. Vimos também que as instituições
financeiras emprestam dinheiro entre si nas chamadas operações interfinanceiras (também
chamadas de operações interbancárias). A média ponderada das taxas de juros das operações
interbancárias havidas ao longo de um dia é a taxa do CDI que serve de parâmetro para a
maioria das operações pós-fixadas no mercado.
Assim como os bancos possuem uma hierarquia de taxas para empresar recursos, também
possuem uma hierarquia de taxas na hora de captar recursos. Os recursos mais baratos para os
bancos são os captados junto às pessoas físicas de pequeno porte e os mais caros são os obtidos
juntos a outras instituições financeiras. A figura abaixo ilustra de forma esquemática e simpli-
ficada esta hierarquia de taxas de juros.

Ordem crescente de taxas de captação

PF PJ PF PJ PF PJ Bancos
de de de de de de
pequeno pequeno médio médio grande grande
porte porte porte porte porte porte

Ordem crescente de taxas de empréstimo

Figura 13 – Hierarquia de taxas de juros

Isto explica porque quando um banco toma recursos emprestados de outra instituição finan-
ceira, o faz por prazos curtíssimos. Por ser o recurso mais caro de que dispõe para financiar
sua escassez de caixa, o banco procura substituí-lo o mais rapidamente possível por recursos
mais baratos. Explica também porque as pequenas e médias empresas quase nunca conseguem
aplicar acima ou captar abaixo da taxa do CDI.
Uma dúvida que pode estar lhe ocorrendo é: se o dinheiro captado de uma grande empresa é
mais caro do que o captado de uma empresa de porte médio, por que na hora de emprestar os

7
A sigla d.u. é a abreviação de “dias úteis”.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 54


bancos cobram delas uma taxa de juros menor do que a cobrada das empresas de porte médio?
A resposta a esta questão reside no fato de a inadimplência das grandes empresas ser, em geral,
mais baixas do que as das pequenas e médias empresas. Os bancos também levam em consi-
deração o fato de o custo de administrar uma grande operação ser muito mais barato do que o
custo de administrar uma operação envolvendo recursos reduzidos.
Vejamos agora outro problema. Caso tenhamos a percepção de que as taxas de juros vão cair,
devemos dar preferência a aplicações com taxas de juros pré-fixadas ou pós-fixadas? E quando
nossa percepção for de que as taxas de juros vão subir, por qual taxa devemos aplicar nossos
excessos de caixa?
À primeira vista dá a impressão que todas as vezes que nossa percepção for de que as taxas de
juros vão cair, deveríamos optar por operações a taxas de juros pré-fixadas de forma a travar
as taxas de juros no seu ponto mais alto, e vice-versa. Mas será que isto é sempre verdade?
Taxas de Juros

aplicação resgate tempo

Figura 14 – “Travando” a taxa de juros no seu ponto mais alto

Acontece que não somos os únicos a querer travar as taxas de juros no seu ponto mais alto.
Quando um aplicador investe seus excessos de caixa ou quando um banco empresta para um
cliente, eles precificam as expectativas quanto à evolução das taxas de juros e cobram uma
taxa pré-fixada que seja equivalente ao que acreditam que será a taxa pós-fixada no período.
Esta expectativa do mercado quando à evolução das taxas do CDI é evidenciada nas operações
de swaps de taxas pré-fixadas por CDI e são publicadas diariamente em sites especializados
(um site onde estas taxas podem ser encontradas é o http://br.invertia.com). No dia 14 de se-
tembro de 2012, por exemplo, estas taxas eram as seguintes:
Swap Pré x DI 30 dias 7,34 % a.a.
Swap Pré x DI 60 dias 7,28 % a.a.
Swap Pré x DI 90 dias 7,29 % a.a.
Swap Pré x DI 150 dias 7,26 % a.a.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 55


Swap Pré x DI 180 dias 7,26 % a.a.
Swap Pré x DI 360 dias 7,49 % a.a.
Sendo assim, em se tratando de uma aplicação financeira, só valeria a pena considerar uma
aplicação numa taxa pré-fixada caso a taxa oferecida pelo banco fosse superior às expectativas
do mercado.

Exemplo 7.8: Optando por uma taxa pré ou pós


Suponha que no dia 13/09/12 um cliente possuísse R$ 100.000 para aplicar por 180 dias e
que o banco lhe oferecesse um CDB com duas opções de taxas: ou 95% do CDI ou 6,50%
a.a. pré-fixados. Será que valeria a pena o investidor considerar uma aplicação a uma taxa
pré-fixada?
Solução:
Como o mercado no dia 13/09/12 o mercado estava projetando uma variação do CDI nos
próximos 180 dias de 7,26% a.a., caso esta projeção se confirmasse o investidor teria uma
rentabilidade bruta de 6,90 % a.a. (12,39% x 98%) Como uma das opções oferecidas pelo
banco era um CDB a uma taxa pré-fixada de 6,50 % a.a. caso o cliente acreditasse nas pro-
jeções do mercado poderia considerar a aplicação a uma taxa pós-fixada apesar de a per-
cepção do mercado fosse que as taxas de juros apresentam uma tendência de queda.
Taxas de Juros

Mercado
6,90 %

Banco
6,50 %

13/09/xx 12/03/xx+1 tempo

Figura 15 – Projeção do banco vs. projeção do mercado

É importante notar que, mesmo no caso em que a expectativa do mercado seja que a taxa pós-
fixada oferecida pelo banco seja superior às oferecidas para uma aplicação a taxas pré-fixadas,
esta previsão não é isenta de riscos. Isto porque nada garante que as previsões do mercado
realizar-se-ão. Pode acontecer de as taxas de juros caírem abaixo da previsão do mercado e
acabarem abaixo da taxa pré-fixada oferecida pelo banco. Nestes casos o investidor que hou-
vesse optado por uma aplicação a uma taxa pós-fixada sairia perdendo. Vejamos como isto
acontece na prática.
Exemplo 7.9: Optando por uma taxa pré ou pós 2
No dia 1º junho um investidor que possuía recursos para aplicar por 180 dias. Consultado, o
seu banco lhe ofereceu um título com vencimento em 28 de novembro do mesmo ano e R$

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 56


1.000.000 de valor de face a uma taxa de 14,80% a.a. ou um CDB de R$ 933.316,74 rendendo
98% do CDI. O investidor verificou que, naquela data o swap Pré x DI de 180 dias era 15,08%
a.a., comparou as duas taxas e resolveu arriscar aplicando no título pré-fixado. Qual o valor
do investimento inicial que teria que ser desembolsado por este investidor?
Solução:

Digitando Visor Comentário

0,5 n 0,50 No de períodos de capitalização

14,80 Taxa de juros anuais


14,8 i

Valor de face do título


1000000 FV 1.000.000,00

PV - 933.316,74 Valor descontado a investir

Exemplo 7.10: Optando por uma taxa pré ou pós 3


O quanto valeria para o investidor esta aplicação no dia 30 de agosto do mesmo ano?
Solução:
Considerando que do dia 30 de agosto ao dia 28 de novembro existam 90 dias corridos, terí-
amos:
Digitando Visor Comentário

0,25 n 0,25 No de períodos de capitalização

14,8 i 14,80 Taxa de juros anuais

FV 1.000.000,00 Valor de face do título


1000000

PV -966.083,20 Valor descontado

Exemplo 7.11: Optando por uma taxa pré ou pós 4


Imagine agora que no dia 30 de agosto o investidor quisesse resgatar esta aplicação e que
nesta data o swap Pré x DI de 90 dias fosse 15,13% a.a. Qual o valor máximo que pagaria
por este título um investidor que estivesse procurando uma rentabilidade de 98% do CDI?
Solução:
Considerando que a taxa equivalente a 98% do swap Pré x CDI para 90 dias é 15,0234%
a.a., teríamos:

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 57


Digitando Visor Comentário

0,25 n 0,25 No de períodos de capitalização

15,023 i 15,02 Taxa de juros anuais


4
1000000 FV
1.000.000,00 Valor de face do título

PV -965.613,77 Valor descontado

Vemos que, neste caso, o investidor acabou tendo uma perda. Por que isto aconteceu? Isso
aconteceu porque, quando as taxas de juros aumentam, quem aplicou a taxas pré-fixadas “tra-
vou” estas taxas de juros no seu ponto mais baixo, conforme podemos observar na figura
abaixo.
Taxas de Juros

Mercado

Banco

15,02 %

14,78 %

01/06 30/08 28/11 tempo

Figura 16 – Travando a taxa de juros em seu ponto mais baixo.

7.2.3 Curva do Papel e Curva do Mercado


À medida que o tempo passa o custo de carregar o papel aumenta para o investidor de acordo
com a equação:
M = P x (1+ i)n
Onde:
M = montante
P = principal investido
i = taxa de juros expressa no sistema unitário

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 58


n = nº de períodos de capitalização expresso na mesma unidade de tempo da taxa de juros.
Quando a taxa de juros é expressa em função do CDI, o número de períodos de capi-
talização é expresso em termos de dias úteis.
Os pontos definidos por esta equação ao longo da vida do título formam o que o mercado
chama de curva do papel. A curva do papel define, portanto, a evolução diária do custo de
carregamento do título para o investidor.
No entanto, o custo de carregamento do papel para o investidor não é necessariamente (aliás,
não é quase nunca) igual ao valor de mercado do título. Este valor é definido diariamente pela
equação:
VF
VM =
(1 + i)n
Onde:
VM = valor de mercado do título
VF = valor de face do título
i = taxa de juros diária vigente no dia expressa na notação unitária
n = no de períodos de capitalização que faltam até a data de vencimento do título, expresso
na mesma unidade de tempo da taxa de juros.
Os pontos definidos por esta equação ao longo do prazo a decorrer do título formam o que o
mercado chama de curva do mercado. A curva do mercado define, portanto, a evolução diária
do valor de mercado do título. A figura a seguir mostra um gráfico de evolução da curva do
papel e da curva de mercado de um título.

1000,00

990,00

980,00

970,00

960,00

950,00

Curva do P apel
940,00 Curva do M ercado

930,00

Figura 17 – Curva do papel vs. curva do mercado

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 59


Como no período coberto pelo papel representado no gráfico acima as taxas de juros estavam
em queda, a curva do mercado está, na maior parte da vida útil do papel, acima da curva do
papel.

7.2.4 Sensibilidade às Variações das Taxas de Juros


Vamos imaginar dois títulos, ambos com prazo de vencimento de 2 anos. O título 1 é um título
zero cupom que possui um valor de face de R$ 1.125,51 e um P.U. de R$ 1.000,00. O
título 2 paga um cupom semestral de 12% a.a. e possui um P.U. de R$ 1.000,00. Qual
dos dois possui a maior taxa interna de retorno?
Vejamos primeiro o caso do título 1.

R$ 1.125,51

4 semestres

R$ 1.000,00

Digitando Visor Comentário

4 n 4,00 No de períodos de capitalização

1.000 CHS PV -1.000,00 P.U.

1.125,51 FV 1.125,51 Valor de face do título

i 3,00 TIR = 3,00% a.s.

Vejamos, agora, o título 2.

R$ 1.030

R$ 30 R$ 30 R$ 30

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 60


Digitando Visor Comentário

1000 CHS g CF0 -1.000,00 Fluxo inicial

30 g CFj 30,00 Entrada

3 g CFj 3,00 No. de entradas iguais, anuais e sucessivas

1.030 g CFj 1.030,00 Entrada final

Vemos, portanto,f que


TIR os dois títulos possuem
3,00 a mesma taxa
TIR = interna
3,00 de retorno, ou seja, a
% a.s..
mesma rentabilidade. Será, então, que para um investidor que não tivesse uma necessidade
imediata de caixa, e que, portanto, não precisasse do rendimento dos cupons, seria indiferente
aplicar no título 1 ou no título 2? Vejamos.
Qual seria o P.U. dos dois títulos caso a taxa de juros aumentasse de 3,00% a.s. para 4,00%
a.s.? Neste caso o P.U. do título 1 passaria de R$ 1.000,00 para R$ 962,09. O investidor per-
deria, portanto, R$ 37,91 por título. Já o P.U. do título 2 passaria a valer R$ 963,70. O inves-
tidor perderia, portanto, R$ 36,30, ou seja, perderia menos do que quem tivesse investido no
título 1.
E qual seria o P.U. dos dois títulos caso a taxa de juros caísse de 3,00% a.s. para 2,00 % a.s.?
Neste caso o P.U. do título 1 passaria de R$ 1.000,00 para R$ 1.039,80. O investidor ganharia,
portanto, R$ 39,80 por título. Já o P.U. do título 2 passaria a valer R$ 1.038,08. O investidor
ganharia, portanto, R$ 38,08, ou seja, ganharia menos do que quem tivesse investido no título
1.
Temos, assim, que quando as taxas de juros sobem, o valor de mercado do título 1 diminui
mais do que a do título 2. Em compensação, quando a taxa de juros cai, o valor de mercado
do título 1 aumenta mais do que a do título 2. Ou seja, o título 1 é mais volátil (e, por isso,
mais arriscado) do que o título 2. Podemos também dizer que o título 1 é mais sensível às
variações de taxas de juros do que o título 2. O parâmetro que mede o grau de sensibilidade
de um título de renda fixa às variações da taxa de juros é chamado de “duração” (ou “duration,
em inglês).
Podemos definir a duração como sendo a média dos valores presente dos fluxos de caixa de
um título de renda fixa (exceto o FC0), descontados pela taxa interna de retorno do papel,
ponderados pelo seu prazo medido na mesma unidade de tempo do período de capitalização
da taxa de desconto. A duração representa o prazo médio de vencimento de um título e é me-
dida na mesma unidade de tempo do período de capitalização da taxa de desconto.

Exemplo7.12: Cálculo da duração


Calcular a duração do título 2 do exemplo acima.
I II III IV V

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 61


Prazo Fluxo de VP VP dividido pelo Coluna IV vezes
em semestres Caixa Taxa: 3% a.s. preço do título Coluna I
1 30,00 29,13 0,0291 0,0291
2 30,00 28,28 0,0283 0,0566
3 30,00 27,45 0,0275 0,0824
4 1.030,00 915,14 0,9151 3,6606
Soma 1.000,00 1,0000 3,8286

Ou seja, a duração do título 2 é 3,8286 semestres, ou 689,15 dias (= 180 x 3,8186), ou 1,91
anos (= 3,8286 ÷ 2).
Já a duração do título 1 seria:

I II III IV V
Prazo Fluxo de VP VP dividido pelo Coluna IV vezes
em semestres Caixa Taxa: 3% a.s. preço do título Coluna I
4 1.125,51 1.000,00 1,0000 4,0000
Soma 1.000,00 1,0000 4,0000

O resultado acima não surpreende, já que o prazo médio de um título zero cupom se confunde
com o seu prazo de vencimento.
Do exposto acima, depreende-se que:
§ Quanto maior for a duração de um título, maior será sua sensibilidade às variações da
taxa de juros;
§ A duração de um título zero cupom é igual ao seu prazo de vencimento. Uma Conse-
quência desta regra é que, quanto maior for o prazo de vencimento de um título zero
cupom, maior sua duração e, portanto, maior será sua sensibilidade às variações da
taxa de juros;
§ Mantendo-se o prazo de vencimento constante, quanto maior for o valor do cupom,
menor será a duração do título, e vice-versa;
§ Se nada mais variar, a duração de um título que paga cupom diminui à medida que a
taxa de desconto aumenta.
Mas afinal, devemos dar preferência a títulos que possuam duração alta ou baixa? E a resposta
é: depende do grau de aversão ao risco do investidor. Um investidor conservador dará prefe-
rência aos títulos de baixa duração. Já quem gosta de emoções fortes provavelmente escolherá
títulos de longa duração.
Exatamente porque quanto maior for o prazo de vencimento de um título de renda fixa pré-
fixado mais volátil e, portanto, mais arriscado é este título, é que, mesmo quando a percepção
do mercado é que as taxas de juros estão em queda, a partir de certo prazo, as taxas do swap
pré x DI começam a subir. Veja que as taxas de swap apresentadas na seção 3.2 baixam até o
prazo de 180 dias e sobem quando o prazo passa para 360 dias.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 62


17,0000

16,5000

16,0000

15,5000

15,0000

14,5000
1 91 181 271 361 451 541 631 721

Figura 18 – Evolução das taxas de título pré-fixados em função de seu prazo de vencimento

7.2.5 Aspectos Tributários


As aplicações de um modo geral estão sujeitas a três impostos: o IOF - Imposto sobre Opera-
ções de Crédito, Câmbio e Seguros, o Imposto de Renda e a Contribuição sobre o Lucro Lí-
quido.

n O IOF

O IOF incide sobre os ganhos financeiros havidos em aplicações em títulos de renda fixa e sua
alíquota é decrescente em função do prazo da aplicação. Assim, aplicações de um dia pagam
96% de IOF sobre o ganho financeiro bruto auferido. A partir do trigésimo dia de aplicação,
os rendimentos financeiros ficam isentos do IOF. Veja abaixo a tabela de incidência do IOF.
A coluna “No. de dias” refere-se ao prazo da aplicação, assim compreendido como sendo nú-
mero de dias decorridos entre a data da aplicação e a data de seu resgate.

No de No de No de No de
Alíquota Alíquota Alíquota Alíquota
dias dias dias dias
1 96% 9 70% 17 43% 25 16%
2 93% 10 66% 18 40% 26 13%
3 90% 11 63% 19 36% 27 10%
4 86% 12 60% 20 33% 28 6%
5 83% 13 56% 21 30% 29 3%
6 80% 14 53% 22 26% 30 0%
7 76% 15 50% 23 23%
8 73% 16 46% 24 20%

Exemplo 7.(12): O IOF

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 63


Suponhamos que um investidor faça uma aplicação de R$ 1.000.000 e resgate R$
1.000.050 no dia seguinte. O IOF, neste caso, corresponderia a 96% de R$ 50 (ou seja, R$
48), pois o prazo da aplicação foi de apenas um dia. Caso este mesmo investidor aplicasse R$
1.000.000 e resgatasse R$ 1.000.500 dez dias depois, o IOF cobrado seria de 66% de R$ 500,
ou seja, R$ 330.

n O Imposto de Renda

Com o objetivo de estimular investimentos de longo prazo, entrou em vigor, no primeiro dia
de janeiro de 2005, uma nova regra que altera a cobrança do Imposto de Renda retido na Fonte
sobre aplicações financeiras.
Segundo a Lei 11.033 de 21/12/04 foi adotado um critério de tributação decrescente. Neste
caso, a alíquota do IR sobre os rendimentos produzidos diminui à medida que os recursos
fiquem mais tempo aplicados.

As novas alíquotas de Imposto de Renda


Com a alteração, as aplicações em fundos de investimento e de renda fixa ganham incentivos
fiscais, tendo em vista que as alíquotas variam, de forma regressiva, de acordo com o prazo de
permanência da aplicação:

Prazo da Aplicação Alíquota


Até 180 dias 22,50%
De 180 dias a 360 dias 20,00%
De 360 dias a 720 dias 17,50%
Acima de 720 dias 15,00%

Além desses prazos, o investidor deve obter informações sobre os prazos dos papéis da carteira
do fundo de investimento em que está aplicado ou interessado em aplicar, a fim de identificar
se a sua composição é de curto ou de longo prazo.
A alíquota do imposto sobre o ganho líquido em renda variável passou de 20% para 15%.
Também foi criada a alíquota de 0,005% incidente sobre o valor de alienação (venda) que será
retida na fonte.

Ativos isentos de tributação


§ Letras Hipotecárias;
§ Letras de Crédito Imobiliário;
§ Certificados de Recebíveis Imobiliários;
§ Ganhos líquidos por pessoa físicas em operações efetuadas com ações no mercado à
vista de bolsas de valores, se o total das alienações , realizadas no mês, não exceder a

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 64


R$ 20.000,00 e com ouro ,ativo financeiro, se o total das alienações desse ativo , não
exceder a R$ 20.000,00.

Fundos de Investimento

A partir de 01/01/2005, os fundos de investimento, para fins tributários serão classificados em


fundos de curto prazo e fundos de longo prazo de acordo com a composição da sua carteira,
considerando:
– Fundos de investimento de longo prazo, cuja carteira de títulos tenha prazo médio su-
perior a 365 dias.
– Fundos de investimento de curto prazo, cuja carteira de títulos tenha prazo médio igual
ou inferior a 365 dias.

Fundos de Longo Prazo

1 – Base de Cálculo:
– Diferença positiva entre o valor de resgate e valor da aquisição da cota.
– Aplicação de alíquotas decrescentes em função do prazo de manutenção do investi-
mento, conforme tabela abaixo:

Prazo da Aplicação Alíquota


Até 180 dias 22,50% no resgate
De 180 dias a 360 dias 20,00% no resgate
De 360 dias a 720 dias 17,50% no resgate
Acima de 720 dias 15,00% no resgate

2 – Imposto de Renda Semestral - ”Come-Cotas”:


Não efetuando resgate, haverá incidência de Imposto de Renda Semestral de 15% (“come-
cotas”) sobre os rendimentos produzidos a partir de 01/01/2005 e cobrado no último dia útil
dos meses maio e novembro de cada ano.

3 – Tributação por ocasião do resgate das cotas:


Por ocasião do resgate das cotas, será aplicada alíquota complementar sobre os rendimentos
tributados nos meses de maio e novembro (“come-cotas”) e aplicação da alíquota efetiva, em
função do prazo de aplicação, sobre os rendimentos ocorridos após a cobrança do imposto
semestral.

Prazo da Aplicação Alíquota Complementar Alíquota Efetiva


Até 180 dias 7,50% no resgate 22,50% no resgate
De 180 dias a 360 dias 5,00% no resgate 20,00% no resgate
De 360 dias a 720 dias 2,50% no resgate 17,50% no resgate

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 65


Acima de 720 dias isento 15,00% no resgate

4 – Retenção do imposto:
Do administrador do fundo.

5 – Compensação de Prejuízos:
Eventuais perdas decorrentes de resgates efetuados a partir de 01/01/05 poderão ser compen-
sadas com rendimentos auferidos em resgates ou incidências posteriores no mesmo fundo ou
em outro administrado pelo mesmo administrador, desde que sujeito à mesma classificação
para fins de tributação, neste caso ”fundo de investimento de longo prazo”.

Fundos de Curto Prazo

1 – Base de Cálculo:
– Diferença positiva entre o valor de resgate e valor da aquisição da cota.
– Aplicação de alíquotas decrescentes em função do prazo de manutenção do investi-
mento, conforme tabela abaixo:

Prazo da Aplicação Alíquota


Até 180 dias 22,50% no resgate
Acima de 181 dias 20,00% no resgate

2 – Imposto de Renda Semestral - ”Come-Cotas”:


Não efetuando resgate, haverá incidência de Imposto de Renda Semestral de 20% (“come-
cotas”) sobre os rendimentos produzidos a partir de 01/01/2005 e cobrado no último dia útil
dos meses maio e novembro de cada ano.

3 – Tributação por ocasião do resgate das cotas:


Por ocasião do resgate das cotas, será aplicada alíquota complementar sobre os rendimentos
tributados nos meses de maio e novembro (“come-cotas”) e aplicação da alíquota efetiva, em
função do prazo de aplicação, sobre os rendimentos ocorridos após a cobrança do imposto
semestral.

Prazo da Aplicação Alíquota Complementar Alíquota Efetiva


Até 180 dias 2,50% no resgate 22,50% no resgate
Acima de 181 dias isento 20,00% no resgate

4 - Retenção do imposto:
Do administrador do fundo.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 66


5 – Compensação de Prejuízos:
Eventuais perdas decorrentes de resgates efetuados a partir de 01/01/05 poderão ser compen-
sadas com rendimentos auferidos em resgates ou incidências posteriores no mesmo fundo ou
em outro administrado pelo mesmo administrador, desde que sujeito à mesma classificação
para fins de tributação, neste caso ”fundo de investimento de longo prazo”.

Exemplo 7.(13): Tributação na fonte dos ganhos de capital em aplicações financeiras


Uma empresa tributada pelo lucro real aplicou, no dia 25 de abril, R$ 100.000 em um fundo
de investimento de curto prazo e resgatou 100% do que havia investido no dia 26 de setembro
(ou seja, 154 dias corridos depois). Quais foram os impostos retidos na fonte pagos pela em-
presa sabendo-se que no dia 31/05 a aplicação valia R$ 101.500 e no dia do resgate a apli-
cação valia R$ 105.000?

105.000

101.500
100.000

25/04 31/05 26/09

Resposta:
No dia 31/05
R$ 1.500,00 x 20% = R$ 300,00
No dia 26/09
(R$ 1.500,00 x 2,5%) + (R$ 3.500,00 x 22,50%) = R$ 825,00

A esta altura você deve estar se perguntando: mas, afinal, qual a vantagem de se aplicar nos
fundos de curto prazo? E a resposta é: como os papéis que compõem as carteiras dos fundos
de curto prazo têm um prazo médio inferior aos que compões as carteiras dos fundos de longo
prazo, estes fundos possuem durações diferentes e, portanto, diferentes sensibilidades às vari-
ações das taxas de juros. Sendo assim, os agentes agressivos talvez se sintam mais propensos
a aplicarem em fundos de longo prazo. Já os agentes mais conservadores provavelmente se
sentirão mais atraídos pelos fundos de curto prazo, que são menos voláteis.

Títulos de Renda Fixa

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 67


Os rendimentos produzidos por aplicações financeiras de renda fixa sujeitam-se à incidência
do Imposto de Renda na Fonte nas mesmas alíquotas que os fundos de investimento de longo
prazo.

1 - Base de Cálculo:
– Diferença entre o valor de alienação e o valor da aplicação.
– Aplicação de alíquotas decrescentes em função do prazo de manutenção do investi-
mento, conforme tabela abaixo:

Prazo da Aplicação Alíquota


Até 180 dias 22,50% no resgate
De 180 dias a 360 dias 20,00% no resgate
De 360 dias a 720 dias 17,50% no resgate
Acima de 720 dias 15,00% no resgate

2 - Retenção do imposto:
Do administrador do fundo.

3 – Compensação de Prejuízos:
Não se aplica.
É importante notar que este imposto retido na fonte é compensável no imposto de renda a
pagar na declaração das pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, cujas alíquotas
para instituições não financeiras são:
– Imposto de Renda 15% sobre o lucro tributável;
– Adicional do Imposto de Renda 10% do lucro tributável que exceder a R$
240.000 no ano, ou R$ 20.000 por mês;
– Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 9% sobre o lucro líquido.

Exemplo 7.15: Cálculo do ganho líquido 1


No dia 01/04, uma empresa tributada pelo lucro real, sujeita a uma tributação do IR/CSLL, e
cujos recursos não tenham circulado por uma conta investimento, investiu R$ 100.000,00 em
um fundo mútuo. Nesta data, o valor da cota do fundo era R$ 769,037527. No dia 11/04 a
empresa precisou resgatar 100% do que havia investido. Nesta data o valor da cota era R$
772,723262. Qual foi o ganho líquido ou a perda deste investidor?
Solução:
O ganho bruto pode ser calculado pela equação:

æ 772,723262 ö
GB = 100.000 x ç - 1÷ = 479,27
è 769,037527 ø

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 68


Cálculo da carga tributária:
IOF = 479,27 x 66% = 316,32
IR/CSLL = (479,27 – 316,32) x 34% = 55,40
Líquido a receber
479,27 – 316,32 – 55,40 = 107,55
Neste caso, o investidor teria ganhado R$ 107,55.
Veja bem que isto foi o quanto a empresa ganhou (regime de competência), e não o quanto
recebeu no momento do resgate (regime de caixa). No momento do resgate a empresa rece-
beria:
Cálculo da carga tributária no momento do resgate:
IOF = 479,27 x 66% = 316,32
IR/CSLL = (479,27 – 316,32) x 22,5% = 36,66
Líquido a receber
479,27 – 316,32 – 36,66 = 126,29
Por ocasião da declaração do IR, a empresa descontaria R$ 36,66 do imposto de renda a
pagar.

Exemplo 7.16: Cálculo do ganho líquido 2


Qual seria o ganho líquido (ou a perda) caso esta mesma empresa resgatasse 100% do
investimento acima no dia 25/04 caso, naquele dia, o valor da cota fosse R$ 775,420697?
Solução:

æ 775,420697 ö
GB = 100.000 x ç - 1÷ = 830 ,02
è 769,037527 ø
Cálculo da carga tributária:
IOF = 830,02 x 20% = 166,00
IR/CSLL = (830,02 – 166,00) x 34% = 225,77
Líquido a receber
830,02- 166,00–225,77 = 438,25

7.2.6 Custos de Transação


Quando um investidor avalia as diferentes possíveis estratégias de investimento, é preciso não
se esquecer que, além da carga tributária, tem que considerar os chamados custos de transação,
que podem fazer com que a rentabilidade observada de um investimento possa diferir muito
da sua rentabilidade projetada.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 69


Transacionar tem um custo, e algumas estratégias possuem custos de transação maiores do
que outras. Os custos de transação evidentemente prejudicam o desempenho dos investimen-
tos e podem fazer com que carteiras que de outra forma seriam lucrativas acabem por se tornar
carteiras ineficientes. Para discutirmos os efeitos destes custos, precisamos compreender quais
são eles, como variam de uma estratégia para outra e como podem ser minimizados. Nesta
seção, apresentaremos uma visão abrangente dos custos de transação e mostraremos que os
custos de corretagem e as taxas de administração (que muitos consideram serem os únicos
custos de transação) são apenas alguns (e muitas vezes os menores) dos custos de transação.
Antes de discutirmos o que vêm a ser os custos de transação e como medi-lo, vamos ver uma
forma bastante simples de estimá-lo, e calcular, ainda que por baixo, o quanto, na média, afe-
tam os retornos dos nossos investimentos.
Antes, porém, de entrarmos neste assunto propriamente dito, vamos falar da diferença que
existe entre investimentos ativos e investimentos passivos.
Um investimento é dito passivo quando procura acompanhar o rendimento de um índice que
é genericamente denominado índice de referência. O índice de referência tanto pode ser o
CDI, o dólar, o índice IBOVESPA, ou qualquer outro índice que se queira. Fica claro, por-
tanto, que o investidor passivo se contenta com uma rentabilidade que acompanhe a variação
do índice de referência quando este sobre ou cai. Já o investidor ativo está constantemente
buscando oportunidades que lhe permitam maximizar a sua rentabilidade.
Quando se trata de títulos de renda fixa, é comum usar a variação do CDI no período como
referencial para avaliar a eficiência da estratégia de investimento. No caso dos investimentos
de renda variável, o referencial costuma ser o índice IBOVESPA. Como neste curso não abor-
damos os investimentos em ativos de renda variável, vamos nos ater aos custos de transação
dos ativos de renda fixa. Os investimentos de renda fixa, também podem ser ativos ou passi-
vos. No caso dos investimentos passivos em títulos ou fundos de renda fixa os custos de tran-
sação podem ser facilmente estimados pela equação:
Retorno do investimento passivo – Variação do índice de referência = Custos de transação
Em se tratando de investimentos ativos, teremos:
Retorno do investimento ativo – Variação do CDI = Retorno da negociação ativa – Custos
de transação
Alguns dos mais evidentes custos de transação são:
§ Taxa de corretagem – cobrada na compra de alguns títulos de renda fixa, como títulos
públicos, por exemplo;
§ Taxa de administração – cobrada pelos gestores de fundos de investimento como
uma porcentagem do patrimônio líquido do fundo;
§ Taxas de performance – cobrada por alguns gestores de investimentos ativos como
uma porcentagem da rentabilidade que excede a rentabilidade do índice de referência;
§ Spread de compra e venda – que é a diferença entre o preço de compra e o preço de
venda de quase todos os ativos, mesmo que negociados em um mesmo ponto de venda.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 70


Este custo de transação pode acontecer por ocasião das mudanças de posição do in-
vestidor;
§ Custo de espera – representado pelo custo de oportunidade pela espera em decidir
diante de uma mudança da situação do mercado e a consequente perda do melhor mo-
mento de se desfazer de ou de investir em um determinado ativo;
§ Impacto nos preços – observados quando um megainvestidor entra comprando ou
vendendo um determinado ativo. Nestes casos, à medida que os preços sobem (no caso
de compra) ou caem (no caso de venda) o investidor acaba perdendo rentabilidade;
§ Custo da ociosidade – representado pela perda de rentabilidade devido ao fato de o
gestor do investimento manter parte de suas disponibilidades sem investir para fazer
face a necessidades iminentes de caixa.
Além destes custos, os fundos incorrem ainda em outros custos que são debitados aos cotistas,
tais como:
§ Taxas, impostos e contribuições que incidam, ou venham incidir, sobre os bens, direi-
tos e obrigações do fundo;
§ Despesas com registros de documentos em cartório;
§ Impressão, despacho e publicação de relatórios previstos na regulamentação em vigor;
§ Honorários dos auditores independentes;
§ Comissões pagas sobre as operações do fundo;
§ Honorários de advogados, custos e despesas incorridas em defesa dos interessas do
fundo;
§ Despesas com custódia de ativos financeiros que integrem a carteira do fundo;
§ Despesas com fechamento de câmbio vinculadas às operações do fundo.
Tudo isto contribui para reduzir a rentabilidade de uma aplicação e deve ser levado em consi-
deração na hora de investir.

n Os Depósitos de Prazo Fixo (CDB’s e RDB’s)

O Certificado de Depósito Bancário – CDB – e o Recibo de Depósito Bancário – RDB – são


papéis de emissão da própria instituição financeira e que têm como finalidade captar os exces-
sos de caixa de quem tem para emprestar para quem está com escassez de recursos.
A diferença entre os CDB’s e os RDB’s está no fato de os CDB’s serem transferíveis, podendo
ser resgatados (mesmo que com prejuízo) antes de seu vencimento. Já os RDB’s são intrans-
feríveis e, em caso de resgate antes do prazo, não rendem quaisquer juros. Além disto, em caso
de falência da instituição financeira lançadora do papel, as aplicações em CDB’s estão

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 71


garantidas, até um determinado valor8, pelo Fundo Garantidor de Crédito. Estas vantagens
fazem com que os RDB’s tenham praticamente deixado de ser negociados no Brasil.
Outras características dos CDB’s são:
t Os CDB’s com taxas de juros pré-fixadas sido emitidos com um prazo de até um ano,
podendo ser resgatados, no todo ou em parte, após 30 dias corridos e contados da data da
aplicação, mediante acordo prévio com a instituição financeira. Já os CDB’s com taxas de
juros pós-fixadas têm sido emitidos com prazos de até cinco anos, podendo ser resgatados,
no todo ou em parte, a partir do primeiro dia de aplicação, mediante acordo prévio com a
instituição financeira. Também pode ser negociado com a instituição financeira a troca do
regime de capitalização (de pré para pós, e vice-versa) ao longo da vida do papel. No en-
tanto, esta alternativa não se estende a todos os tipos de CDB’s, sendo restritas apenas
aplicações de grandes volumes.
t No caso de papéis pós-fixados, o indexador mais utilizado tem sido o CDI. No entanto,
pode ser negociado com a instituição financeira, aplicações indexadas ao dólar e à TR.
t Os juros são calculados pelo regime de juros compostos.
t As instituições financeiras exigem um valor mínimo de aplicação nestes papéis;
t O imposto de renda retido na fonte é, em ambos os casos, cobrado por ocasião do resgate
de acordo com a tabela apresentada no módulo anterior.

Exemplo 7.17: CDB a juros pré-fixados


Quanto receberia um investidor que houvesse aplicado R$ 100.000 em um CDB de 45 dias
úteis a uma taxa pré-fixada de 20,00 % ao ano?
Solução:
Cálculo dos juros
J = VP x [(1 + i)n – 1] = $ 100.000 x [(1,20) (45 / 252) - 1] = $ 3.309,32
Cálculo dos tributos
Como o prazo da aplicação foi superior a 30 dias, não há a incidência do IOF. Neste caso o
Imposto de Renda na fonte é:
$ 3.309,32 x 22,5% = $ 744,60
Ganho líquido
$ 3.309,32 - $744,60 = $ 2.564,72
Observação:
Note bem que o valor resgatado pode diferir do ganho líquido havido com a aplicação. No
caso de empresas tributadas pelo lucro real e que tenham imposto de renda a pagar, ao

8
Em abril de 2009, este valor era R$ 60.000,00.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 72


calcular o ganho líquido teríamos que considerar um gasto com o IR e CSLL na alíquota de
34%, e não 22,5%.

Exemplo 7.18: CDB a juros pós-fixados


O quanto receberia no resgate um investidor que houvesse aplicado, no dia 06 de janeiro, $
100.000 em um CDB e o tivesse resgatado no dia 27 de fevereiro do mesmo ano, sabendo que
este papel rendeu 95% do CDI no período? Use a tabela do CDI abaixo.

Data CDI 95%


05/01 13,59 1,118147
06/01 13,60 1,118686
07/01 13,61 1,119225
08/01 13,60 1,119765
09/01 13,61 1,120305

25/02 12,62 1,136345


26/02 12,62 1,136856
27/02 12,60 1,137367
02/03 12,61 1,137877
03/03 12,62 1,138388

Solução:
1 – Cálculo dos juros
Fator 95% em 07/01: 1,119225
Fator 95% em 27/02: 1,137367
Juros = Valor Aplicado x (fator em 27/02 ÷ fator em 07/01)
= $ 100.000 x [(1,137367÷ 1,119225) - 1] = $ 1.620,94
2 – Cálculo dos tributos
Como o prazo da aplicação foi superior a 30 dias, não há a incidência do IOF. Neste caso o
Imposto de Renda na fonte é:
$ 1.620,94 x 22,5% = $ 364,71
Valor resgatado
Valor resgatado = Valor investido – Imposto de Renda retido na fonte

= $ 1.620,94 - $ 364,71 = $ 1.256,23

n As Operações Compromissadas

Os negócios denominados “compromissados” no sistema financeiro são assim chamados


quando há, por uma das partes, o compromisso de realizar uma operação contrária àquela que

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 73


realizou. Isto é, se o banco vendeu ele se compromete a comprar de volta e se comprou ele se
compromete a vender.
Exemplo: vamos supor que o banco tenha um título (um documento que represente uma dí-
vida). Pode ser um título público, um certificado de depósito bancário ou uma debênture. Re-
capitulando, o banco tem este título. Aí, ele propõe vender para você com o compromisso de
recomprá-lo em 30 dias, por exemplo.
Nesse caso, o banco está agindo como se estivesse pedindo dinheiro emprestado a você e
dando como garantia de que irá pagar, este título. Veja que ele não quer se “desfazer” do título
ou, por outro lado, você não quer “adquirir” esse título. Caso contrário a negociação seria
“definitiva” (ele vende você compra e pronto).
A taxa pactuada com o banco deve ser inferior à taxa do título que está sendo dado em garantia.
Logo, em caso de inadimplência da instituição que emprestou, vale a taxa de remuneração do
título que foi dado em garantia.
Note que uma operação compromissada representa um empréstimo de uma das partes para a
outra, com o “lastro” ou a “garantia” de um título.
O banco oferece a seus clientes uma operação compromissada em vez de um CDB por vários
motivos. Entre eles:

a) A primeira é a questão do crédito. Lembre-se que o banco precisa de dinheiro às vezes


e, dependendo do seu tamanho, ele não consegue esses recursos simplesmente emitindo
um CDI (certificado de depósito interbancário ou interfinanceiro) ou um CDB. Os credo-
res podem exigir “garantias” mais sólidas;

b) O banco tem condições de emitir o CDI e o CDB comentados em “a)”, mas percebe
que se fizer uma operação compromissada com um título mais seguro do que o de sua
própria emissão (um título público por exemplo), conseguiria recursos a custos mais bai-
xos (a taxa de juros seria menor para ele porque apresentou uma garantia boa);

c) O banco tem um título que paga uma taxa de juros mais alta e não quer “vender” o
título, mas sim alugá-lo por uma fração dos juros que ele está pagando; e

d) O banco quer conseguir recursos, mas não quer contribuir para o fundo garantidor de
créditos. Este fundo garantidor de créditos é aquele que protege os depositantes até o valor
de R$ 70.000,00 por CPF.

Sobre este último ponto, é preciso lembrar-se que as operações compromissadas não são
garantidas pelo fundo garantidor de créditos e, se você não confiar muito na solidez do
banco, não deveria trocar um CDB de até R$ 70.000,00 por uma operação compromis-
sada.

n Os Depósitos a Prazo com Garantia Especial

A DPGE um depósito a prazo garantido pelo Fundo Garantidor de Crédito até o limite de
R$ 20.000.000,00 por instituição financeira. Isto permite que o investidor obtenha

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 74


melhores remunerações aplicando em instituições financeiras de médio e pequeno porte
sem correr os riscos de calote normalmente associados a estas instituições.
Para se ter certeza de que o investimento tem mesmo a garantia do FGC os contratos
relativos a este investimento devem:
a) conter o prazo de resgate do investimento;
b) ser objeto de registro específico pela CETIP;
c) ser celebrados com um único titular, a ser identificado pelo respectivo número do
CPF/CNPJ, vedada a manutenção de conta conjunta.
De acordo com o comunicado 064/2009 da CETIP, de 21.07.2009, serão emitidos extratos
de “Posição de Custódia e de Movimentação de Ativos” (documento para simples confe-
rência) para os clientes detentores de DPGE e enviados para o endereço constante no
cadastro efetuado pelos Participantes titulares das contas de clientes. Desta forma, é fun-
damental que as posições e os dados cadastrais dos clientes identificados estejam perma-
nentemente atualizados. O recebimento deste extrato certificará que o depósito está regis-
trado na CETIP como DPGE.
Adicionalmente, conforme dispõe a Resolução 3.692/09, as instituições financeiras de-
vem fornecer aos titulares dos depósitos a prazo com garantia especial comprovante do
registro específico do depósito, emitido pela entidade registradora (CETIP), devendo o
comprovante de registro específico ser remetido em até cinco dias úteis após contratação
da operação.
O FGC somente efetua o pagamento da garantia de acordo com relatório fornecido pelo
Banco Central do Brasil, elaborado pela CETIP, na hipótese de intervenção ou liquidação
extrajudicial na instituição financeira.
No entanto, as aplicações em DPGE não podem ser resgatadas antes de seu vencimento
e suas taxas de juros também não podem ser alteradas durante a vida útil do papel.

n Os Títulos Públicos

Vimos que um dos instrumentos de que dispõe o Banco Central para controlar o volume
de moeda em circulação (e, consequentemente, os preços) é a emissão de títulos públicos.
Chamamos de títulos públicos aos papéis emitidos pelo governo e que rendem juros para
seus compradores. Antigamente estes papéis eram emitidos pelo Banco Central e pelo
Tesouro Nacional. Atualmente, somente o Tesouro Nacional emite títulos públicos. No
entanto, quem vende os títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional é o Banco Cen-
tral.
Quando o Banco Central quer vender títulos públicos faz um leilão destes papéis. So-
mente as instituições financeiras autorizadas podem participar destes leilões. São várias
as razões pelas quais os bancos compram os títulos do Governo. Entre elas poderíamos
citar:
¨ São papéis seguros que possuem uma boa rentabilidade. São, por conseguinte, boas
aplicações para os excessos de caixa dos bancos;

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 75


¨ Os fundos de investimento de renda fixa, como veremos um pouco mais adiante, apli-
cam uma grande parte de seus recursos nestes títulos. Os bancos precisam, portanto,
possuir estes títulos para vender para os fundos;
¨ As empresas estatais são obrigadas a aplicar seus excessos de caixa em títulos públi-
cos. Muitas empresas privadas também necessitam destes títulos para darem como ga-
rantia de operações financeiras ou quando participam de concorrências. Os bancos
precisam ter um estoque destes papéis para vender para estes clientes.
¨ Além disto, os títulos públicos são uma aplicação interessante para instituições não
financeiras também.
Os bancos adquirem, então, títulos públicos não apenas para aplicarem seus excessos de
caixa, mas também para vender para seus clientes. Uma vez adquiridos estes papéis dos
bancos, as empresas não financeiras não precisam esperar até o vencimento destes títulos
para resgatá-los. Podem vendê-los a qualquer tempo para outras empresas não financeiras
que estejam interessadas em comprá-los. Este mercado em que são transacionados títulos
públicos de prazo decorrido é chamado de mercado secundário.
Ao decidir investir em títulos públicos, a empresa deverá, antes de qualquer coisa montar
sua carteira de acordo com os seus objetivos, adequando prazos de vencimento e indexa-
dores às suas necessidades. Há títulos de curto, médio e longo prazo. Assim, se a empresa
acha que vai precisar de dinheiro no curto prazo, deve optar por títulos de curto prazo. Já
se a empresa se a empresa acha que vai precisar de dinheiro no longo prazo, deve optar
por títulos de longo prazo.
O quadro abaixo apresenta, de forma resumida e simplificada, os títulos públicos e suas
principais características.

Título Rentabilidade Atualização Taxa de Juros Cupon


LTN pré-fixada não há não há não há
LFT pós-fixada taxa SELIC não há não há
NTN-B pós-fixada IPCA definida na emissão semestral
NTN-C pós-fixada IGP-M definida na emissão semestral
NTN-D pós-fixada dólar definida na emissão semestral
NTN-F pré-fixada não há definida na emissão semestral
NTN-H pós-fixada TR não há não há

Vê-se pelo quadro acima que os títulos podem ser pré-fixados ou pós fixados. Os títulos
pré-fixados sempre possuem um valor de face de R$1.000,00. Os títulos pré-fixados são
as LTN e as NTN-série F. Já os títulos pós-fixados têm o seu valor corrigido por um
indexador. Os títulos pós-fixados põem ser a LFT e as NTN – séries B, C, D e H, com ou
sem cupom.
Como vimos anteriormente, os títulos pré-fixados possuem um risco de retorno caso se-
jam resgatados antes de seu vencimento. Nesses casos, quanto maior for o prazo do título,
maior será sua volatilidade e, portanto, seu risco de retorno. Já os títulos pós-fixados pro-
tegem o investidor dos riscos inerentes à inflação (caso o indexador seja o IPCA) ou às
taxas de juros (caso o indexador seja a SELIC).

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 76


Os títulos que pagam cupom são recomendados para as empresas que gostariam de com-
plementar seus fluxo de caixa com os juros de suas aplicações financeiras. Já os títulos
zero cupom possuem duas vantagens: a primeira é que, como os juros são reinvestidos e
se incorporam ao principal e passam e render juros, também, são mais rentáveis do que
os títulos que pagam rendimentos periódicos. Por outro lado, como os recursos ficam
investidos por mais tempo, acabam pagando menos imposto de renda.

Resumindo, os títulos públicos se dividem em três grandes grupos. São eles :


1. As LTN’s - Letras do Tesouro Nacional. Estes títulos são pré-fixados e não possuem
cupon, ou seja, não pagam juros periódicos. Seu valor de face é sempre um múltiplo
de R$ 1.000 e seu rendimento é função do deságio com que são comprados.

Exemplo 7.19: A LTN


Uma LTN de R$ 1.000 que vence em um ano e que vale hoje R$ 854,70 rende 17% a.a.
conforme o gráfico e memória de calculo abaixo.

R$ 1.000

1 ano

R$ 854,70

éæ VF ö ù éæ 1.000 ö ù
i = êç ÷ - 1ú = êç ÷ - 1ú = 0,17 a.a ou 17% a.a.
ëè VP ø û ëè 854,70 ø û

2. As LFT’s – Letras Financeiras do Tesouro – Estes títulos são pós-fixados e


não possuem cupon, ou seja, não pagam juros periódicos. Seu valor nominal na data
base (ou seja, seu valor de lançamento) é sempre um múltiplo de R$ 1.000 e seu
rendimento é a taxa SELIC.

Exemplo 7.20: A LFT


Uma LFT de R$ 1.000 com prazo de um ano, caso a variação da taxa SELIC neste perí-
odo tiver sido de 20%, seria resgatada por R$ 1.200 conforme o gráfico e a memória de
cálculo abaixo.

R$ 1.200

1 ano
IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 77

R$ 1.000
M = P x(1+ i) x n = R$ 1.000 x 1,20 x 1ano = R$ 1.200

Observe que no caso das LTN’s o valor de vencimento do título é sempre R$


1.000 ou um múltiplo de R$ 1.000. Já no caso das LFT’s o valor de lançamento é
sempre R$ 1.000 ou um múltiplo de R$ 1.000.
3. As NTN’s –Notas do Tesouro Nacional – são títulos que podem ser pré-fixados ou,
dependendo da série de emissão, pós-fixados e indexados a vários índices tais como
o dólar, o IPCA, o IGPM e a TR. Um das diferenças entre as NTN’s e as LTN’s e
LFT’s é que quase todas as NTN’s pagam juros semestrais.
Uma das vantagens em se investir em títulos públicos são os seus reduzidos custos de
transação, que se limitam aos impostos e às taxas cobradas pelas instituições financeiras
e pela BM&F. Os impostos são os mesmos que incidem sobre as operações de renda fixa:
IOF e IR ,conforme a tabela para aplicações de longo prazo. Já o IOF é cobrado conforme
sua tabela regressiva em casos de resgate em um prazo inferior a 3º dias e não incide sobre
os cupons. É importante notar que, no caso das aplicações em títulos públicos não há o
come-cotas.
São duas as taxas cobradas no caso de uma aplicação em títulos públicos: uma cobrada
pela BM&F (taxa de custódia) e outra pela instituição financeira (taxa de administração).
A taxa de custódia é 0,30% ao ano sobre o valor dos títulos e não dá para ser negociada.
Já as taxas cobradas pela instituição financeira variam de instituição para instituição e
podem ser consultadas no link abaixo:
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-instituicoes-financeiras-habilitadas
Geralmente essas taxas são cobradas semestralmente nos primeiros dias úteis de janeiro
e julho. Recomenda-se que se opte por corretoras que não cobrem taxas ou cobrem taxas
bem baixa, como por exemplo 0,1% a.a.
No entanto, na hora de escolhermos uma corretora, devemos levar também em conside-
ração o porte, as facilidades e a reputação da corretora. Para avaliar o porte da corretora,
consulte o link abaixo no qual as corretoras estão classificadas por volume de transações.
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/258201/Ran-
king_Mar%C3%A7o_2016.pdf/d4436972-6461-4aba-9669-1a804201a6bd
Quando a corretora for um agente integrado, a empresa pode investir em títulos públicos
diretamente no site da corretora, sem ter que entrar no site da BM&F.
E, por que, investir diretamente por meio de uma corretora em vez de investir por inter-
médio do seu banco? Existem duas razões. A primeira delas é o custo, pois as corretoras

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 78


independentes (ou seja, que não estão ligadas aos bancos) possuem taxas muito menores,
podendo até serem gratuitas. A segunda razão é o baixo risco. Isso porque, mesmo se a
corretora quebrar, ainda assim o dinheiro que estiver investido em títulos públicos estará
garantido. Isso ocorre porque seus títulos não ficam na corretora, eles são mantidos (o
termo técnico é custodiados) na BM&F Bovespa, através da CBLC (Companhia Brasi-
leira de Liquidação e Custódia).
Para não dizer que não há risco algum, você só precisa ficar atento ao dinheiro mantido
na conta corrente da corretora. Este é o único capital que poderia ser perdido em caso de
falência da corretora. Por essa razão, sempre que você transferir um dinheiro da sua conta
para a conta da corretora, invista-o imediatamente. Da mesma forma, quando fizer um
resgate ou algum título vencer, reinvista o quanto antes esse valor, ou solicite a transfe-
rência para sua conta corrente, em seu banco atual.

n Aplicações equivalentes à caixa


Chamamos de aplicações equivalentes à caixa aos investimentos de curto prazo, com alto
grau de liquidez, ou seja, que sejam rapidamente conversíveis em uma quantidade conhe-
cida de moeda, e cujos riscos de alteração de valor sejam insignificantes. As principais
aplicações equivalentes a caixa disponíveis para as pessoas jurídicas são a caderneta de
poupança e os fundo de investimento.

n Cadernetas de Poupança
As cadernetas de poupança de pessoas jurídicas com fins lucrativos diferem das caderne-
tas de poupança das pessoas físicas ou das pessoas jurídicas sem fins lucrativos pelo fato
de sua remuneração ser trimestral e não mensal. Estas aplicações estão isentas de qualquer
tipo de imposto para as pessoas jurídicas não tributadas com base no lucro real9.
A base de cálculo do rendimento é o menor saldo diário apresentado em cada período.
Sua taxa de retorno é a TR na data de aniversário mais 0,5% a.m.

Exemplo 7.21: A caderneta de poupança


O menor saldo da caderneta de poupança de uma empresa tributada com base no lucro
real foi $ 10.000. Calcular o retorno bruto deste investimento sabendo-se que as cotações
da TR nas datas de aniversário da aplicação eram:
Mês 1 – 0,1502%
Mês 2 – 0,1832%

9
Empresas tributadas com base no lucro real são empresas obrigadas a apresentar um balanço no final
do ano. Nestes casos o lucro é calculado com base nas receitas e nas despesas havidas no período. A
maioria das pequenas empresas podem optar por serem tributadas com base no chamado lucro presu-
mido. Nestes casos, os impostos são calculados como uma porcentagem do faturamento.

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Mês 3 – 0,1878%
Solução:
Cálculo do montante
VF = 10.000 x [(1,001502 x 1,001832 x 1,001878) x 1,005)] = 10.102,47
Cálculo do retorno
10.102,47 – 10.000,00 = 102,47

Devido a seu baixo rendimento, a caderneta de poupança tem sido muito pouco utilizada
como opção para os excessos de caixa de empresas privadas com fins lucrativos.

7.2.7 Os Fundos de Investimento


Os fundos de investimento são condomínios de investidores que colocam seus recursos
para serem administrados por uma instituição devidamente autorizada pelo Banco Central
para fazê-lo. Os fundos podem ser classificados quanto à composição de sua carteira em
três grandes categorias principais:
¨ Fundos de Renda Fixa
¨ Fundos de Renda Variável
¨ Fundos de Renda Mista

n Principais Conceitos
Os principais conceitos envolvendo os fundos de investimento são:
t Cota – é a fração ideal do patrimônio líquido de um fundo. Seu valor em Reais varia à
medida que o patrimônio do fundo também varia;
t Patrimônio Líquido – é o valor de mercado dos ativos que compõem a carteira do
fundo, já descontadas as despesas inerentes à sua administração e as taxas de admi-
nistração e “performance”;
t Provisão – é o reconhecimento de despesas que ainda não tenham sido pagas, mas
que já tenham sido abatidas do valor do patrimônio liquido do fundo. Exemplo: pro-
visão de imposto de renda;
t Data de Cotização – é a data em que os recursos são convertidos em cotas, no caso de
uma aplicação, ou as cotas são convertidas em reais, em caso de resgate. Quando os
recursos são convertidos em cotas no mesmo dia da aplicação e as cotas são converti-
das em caixa no mesmo dia do resgate, dizemos que a data de cotização é D+0. Quando
este prazo é de dois dias, dizemos que a data de cotização é D+2, e assim por diante.
t Taxa de Administração – é a taxa cobrada pela instituição financeira para administrar
o fundo. Esta taxa, que varia de fundo para fundo e de instituição para instituição além

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de poder variar dependendo do montante aplicado, é calculada em função do patrimô-
nio médio do fundo no ano. Exemplo: 2%, ou seja, 2% a.a sobre o patrimônio médio
do fundo. Neste caso, a taxa de administração é calculada diariamente multiplicando
o valor do patrimônio líquido do fundo naquele dia por 2% ÷ 252. Quanto menor a
taxa de juros do mercado maior é o impacto da taxa de administração na remuneração
de um fundo. Se a rentabilidade de um fundo for 16,5% ao ano, uma taxa de adminis-
tração de 3% a.a. representaria menos de 20% desta rentabilidade. Se a taxa de retorno
for 9%, a mesma taxa de administração consumiria mais de 33% da remuneração do
investidor.
t Taxa de Performance – é a taxa percentual cobrada pela instituição administradora do
fundo sobre uma parcela da taxa de retorno que exceder um determinado índice previ-
amente estabelecido. Exemplo: 15% sobre o IBOVESPA. Significa que o fundo co-
brará uma taxa de 15% da taxa de retorno do fundo que exceder a taxa de retorno do
índice IBOVESPA.
t Alavancagem – é o conceito que define o grau de utilização de recursos de terceiros
para aumentar as possibilidades de ganhos. As operações a descoberto no mercado de
futuros ou de opções são exemplos de operação de alavancagem, pois representam a
possibilidade de usufruir a possível valorização de um título sem ter que desembolsar
imediatamente todo o valor da compra.
t Fundos Referenciados – são fundos que possuem pelo menos 95% da carteira com-
postos por ativos financeiros que acompanham, direta ou indiretamente, a variação de
um indicador de desempenho denominado “benchmark”. Assim, quem aplica em cotas
de um fundo referenciado se contenta com uma taxa de retorno igual ao de seu indica-
dor de desempenho, mesmo que esta seja negativa. Se, por exemplo, um investidor
aplicar em cotas de um fundo cambial e a cotação do dólar cair, este investidor tem
que estar preparado para o fato de que o valor da cota do fundo pode cair mais ou
menos na mesma proporção. Apenas os fundos referenciados estão autorizados a man-
ter em sua denominação a referência a algum indicador, como, por exemplo, fundo DI,
fundo cambial etc. Os fundos referenciados, por não estarem preocupados em maxi-
mizar os ganhos de seus cotistas, mas apenas em manterem a paridade com a taxa de
retorno de seu indicador de desempenho, não são obrigados a manter um sólido corpo
técnico. Por isso, suas taxas de administração costumam ser, na média, menores do
que as dos fundos não referenciados. Existem fundos que nem cobram taxa de admi-
nistração.
t Fundos Conservadores – são fundos com posições no mercado de derivativos de até
uma vez seu patrimônio líquido. Estes fundos podem comprometer até 5% de seu pa-
trimônio líquido com garantias das operações no mercado de futuros (margens iniciais)
e prêmios de opções. Segundo o Banco Central, este percentual é suficiente para o
fundo fazer “hedge” e, portanto, não possui caráter especulativo.

IDEMP // Gestão de Tesouraria e Planejamento Financeiro 81


t Fundos Moderados – são fundos com posições no mercado de derivativos de até três
vezes seu patrimônio líquido. Estes fundos podem comprometer até 20% de seu patri-
mônio com margens iniciais e prêmios de opções.
t Fundos Agressivos – são fundos com posições no mercado de derivativos superiores
a três vezes seus patrimônios líquidos. Estes fundos podem comprometer até 50% de
seu patrimônio com margens iniciais e prêmios de opções.
À medida que o investidor vai adquirindo cotas de um fundo, as quantias aplicadas vão
sendo “empilhadas”, sendo que as aplicações mais antigas ficam na parte mais baixa da
pilha e as aplicações mais recentes ficam na parte mais alta. Quando há um resgate, as
cotas resgatadas são retiradas da parte mais baixa da pilha, ou seja, as cotas mais antigas
são sempre resgatadas antes das cotas mais recentes.

Exemplo 7.22: O resgate de cotas


Suponha que um investidor tenha feito as seguintes aplicações em um fundo de investimentos:
1o de janeiro 10.000 cotas
15 de janeiro 10.000 cotas
31 de janeiro 10.000 cotas
Se no dia 5 de fevereiro o investidor resgatar 11.000 cotas, as 10.000 primeiras cotas resga-
tadas serão retiradas do investimento feito em 1° de janeiro e as 1.000 cotas restantes, do
investimento feito em 15 de janeiro.

É importante, para efeitos tributários, compreender este sistema de resgate. No nosso exemplo,
as 10.000 primeiras cotas resgatadas estão isentas do IOF já que foram aplicadas há mais de
30 dias. As 1.000 cotas restantes, não. O imposto de renda incidirá, na alíquota de 20%, sobre
a diferença a maior entre o valor das 10.000 primeiras cotas na data da aplicação e seu valor
na data do resgate. Este mesmo imposto incidirá, na alíquota de 20%, sobre a diferença a
maior entre o valor das demais 1.000 cotas na data da aplicação e seu valor na data do resgate,
líquidos do IOF.
Atualmente os fundos podem ser classificados em dois grandes grupos: os FIF’s – Fundos de
Investimento Financeiro e os Fundos de Investimento em outros Fundos, também conhecidos
por FAC. A diferença entre estes dois fundos é que os FIF’s aplicam diretamente em ativos de
renda fixa e/ou de renda variável e/ou em derivativos. Já os FAC’s são fundos que aplicam
seus recursos em cotas dos FIF’s.
Na prática, isto significa que é mais fácil saber em que ativos os FIF’s estão investindo do que
os FAC’s já que os administradores dos fundos disponibilizam esta informação.

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Exemplo 7.23: Os FIF’s
Digamos que você possua cotas de um fundo de renda fixa e que queira saber a compo-
sição da carteira deste fundo. O administrador do fundo lhe informaria que, naquele
momento, a carteira do fundo possuía a seguinte composição:
CDB 3,25%
LFT 86,14%
NTN-D 1,25%
NTN-F 0,44%
OC* 7,89%

No caso dos FAC’s seria necessário conhecer as carteiras dos diversos FIF’s cujas cotas
compõem sua carteira. Já os FAC’s possuem a vantagem de serem muito flexíveis na
distribuição de seus recursos entre FIF’s conservadores, moderados e agressivos diversi-
ficando os seus riscos e montando carteiras que sejam adequadas ao grau de aversão ao
risco de seus investidores. Além disto, nem sempre os bancos aceitam que seus clientes
apliquem diretamente nos FIF’s.

n O FIF – Fundo de Investimento Financeiro

Os FIF’s são fundos administrados por instituições financeiras autorizadas pelo Banco
Central. Seus recursos são aplicados em títulos de renda fixa ou variável tais como
CDB’s, títulos públicos, ações de empresas de capital aberto, ouro e derivativos.
Os FIF’s se dividem em:
t Fundos DI – são fundos que possuem um risco mínimo. Possuem um mínimo de 95%
de seus ativos investidos em papeis indexados ao CDI e podem ser alavancados.
t Fundos Cambiais – são fundos cujos ativos estão investidos em títulos da dívida pú-
blica ou privada, indexados ao dólar e/ou derivativos cambiais.
t Fundos de Renda Fixa Pré ou Pós-fixados – são fundos cujas carteiras são compostas
por títulos da dívida pública ou privada, com taxas pré-fixadas ou pós-fixadas. Quando
a taxa de juros sobe, os títulos pós-fixados protegem o investidor já que o valor de seu
investimento sobe na mesma proporção. Quando os juros caem, os títulos pré-fixados
travam a taxa de retorno em seu ponto mais alto.
t Os Fundos de Renda Variável – são fundos que possuem ampla flexibilidade em sua
política de investimento e os investidores devem estar atentos ao regulamento de cada
fundo, pois nele estão descritas as estratégias e políticas de investimento. É fundamen-
tal que o investidor conheça os riscos do fundo em que pretende investir, para que se
certifique de estar tomando a decisão de investimento mais adequada a seu perfil.

*
Operações compromissadas, ou seja, títulos públicos que foram comprados com a garantia do vendedor
de recompra-los em uma data futura.

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Os Fundos de Renda Variável, por sua vez, podem ser classificados em:
– Fundos Passivos – são fundos referenciados que seguem um “benchmark” (nor-
malmente, o IBOVESPA) e se comprometem a buscar uma taxa de retorno seme-
lhante a este índice. Estes fundos não podem ser alavancados.
– Fundos Ativos – Os fundos ativos procuram obter uma taxa de retorno superior à
do “benchmark”. Seus administradores, normalmente, indicam no regulamento
qual a política será aplicada para perseguir este objetivo.
t Os Fundos de Renda Mista – os quais podem ser divididos em dois tipos principais:
– Fundos Multiportfólio ou Mistos – são fundos cuja carteira é composta por ativos
de renda fixa (públicos os privados) e um máximo de 49% em ativos de renda
variável.
– Fundos Livres ou Derivativos – são fundos com perfil de risco mais agressivo,
que combinam diversos tipos de ativos e indexadores. Podem trabalhar alavanca-
dos, assumindo inclusive posições de patrimônio líquido negativo.

n Os FAC’s - Fundos de Aplicação em Cotas de outros Fundos

Os FAC’s são fundos cujas aplicações são compostas exclusivamente por cotas dos FIF’s
com prazos de atualização iguais ou inferiores aos do FIF do qual possui cotas. O FAC
não pode aplicar mais do que 25% de seu patrimônio em um mesmo fundo, exceto quando
este fundo for administrado por uma instituição do mesmo grupo financeiro do FAC.

7.2.8 Diversificação
Quando as quantias a aplicar são vultosas, é recomendável diversificar as instituições nas
quais se pretende investir este excesso de caixa de forma a diluir o risco de calote. Existem
empresas de classificação de risco de crédito que classificam as instituições financeiras
de acordo com o risco que representam para os investidores. Cada uma destas empresas
de classificação de risco usa um código diferente para classificar as instituições financei-
ras. A classificação que apresentamos a seguir é apenas um exemplo.

ESCALA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO – INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

Nota Conceito
Instituições com fortes bases patrimoniais, excelente política de crédito e histórico
de resultados acima da média das instituições financeiras. Sua capacidade de gera-
AAA ção de caixa é diferenciada e não é seriamente atingida por mudanças nas condições
econômicas e regulatórias possíveis de serem previstas. Altíssima segurança de
honrar compromissos financeiros regulares.
Instituições com saudável política de crédito e sem problemas significativos. Estas
instituições são mais vulneráveis a mudanças nas condições econômicas e regula-
AA
tórias do que as classificadas como AAA. Alta segurança de honrar compromissos
financeiros regulares.

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Instituições com adequada política de crédito, que possuem uma ou mais áreas com
fragilidades, mas com condições de supera-las no curto prazo. Estas instituições são
A mais vulneráveis a mudanças nas condições econômicas e regulatórias do que as
classificadas como AAA e AA. Boa segurança para honrar compromissos financeiros
regulares.
Instituições que possuem algumas áreas importantes apresentando fragilidades.
Possuem condições de superar estas fragilidades no médio prazo. No entanto, uma
BBB mudança nas condições econômicas ou regulatórias podem afetar sua capacidade
de honrar seus compromissos financeiros. Moderada capacidade de honrar seus
compromissos financeiros regulares.
Instituições que apresentam perdas de alguns fatores de proteção financeira que
podem resultar em inadequado nível de segurança de honrar seus compromissos
BB
financeiros regulares. Dependem de mudanças favoráveis nas condições econômi-
cas e regulatórias que lhes permitam honrar seus compromissos financeiros.
Sua capacidade de gerar caixa está afetada por vários problemas em várias áreas.
Mesmo que estejam honrando seus compromissos financeiros nas datas pactuadas,
B a continuidade deste procedimento depende de mudanças favoráveis nas condições
econômicas e regulatórias. Baixa capacidade de honrar seus compromissos finan-
ceiros regulares.
Instituições com muito sérios problemas e, a menos que algum suporte externo seja
C providenciado, não têm condições de honrarem seus compromissos financeiros as-
sumidos. Elevado risco de não honrarem seus compromissos financeiros.
Instituições com graves problemas de geração de caixa exigindo imediato suporte
D externo de grande capacidade financeira. Inadimplentes com elevadíssimo risco de
não honrarem seus compromissos financeiros assumidos.

Estas empresas de classificação de risco também fazem sugestões de limites operacionais nas
quais recomendam os percentuais da carteira de renda fixa do aplicador, por classes de insti-
tuições financeiras agrupadas por tamanho e por notas que lhes são atribuídas de acordo com
seus fundamentos financeiros. Estes percentuais também são limitados a 10% do Patrimônio
Líquido de cada banco, o que for menor.

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Sugestão de Limites Operacionais

Limite máximo de aplicação por banco

Faixas Porte Grande Porte médio Porte pequeno


Notas Prazo
s/ alerta c/ alerta s/ alerta c/ alerta s/ alerta c/ alerta

I x > 11 10% 9% 8% 7% 6% 5% 360 dias

II 11 > x > 10 9% 7% 7% 5% 5% 4% 180 dias

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III 10 > x > 9 7% 5% 5% 3% 4% 3% 90 dias

IV 9>x>8 5% 3% 3% 2% 3% 2% Revisão em 45 dias

V 8>x>7 3% 1% 2% 1% 3% 1% Revisão em 30 dias

Limite máximo por porte ilimitado 70% 50%

Fonte: Lopes Filho & Associados

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7.2.9 Conclusões
Ao final deste módulo, você deve estar se perguntando: mas afinal, qual a melhor aplica-
ção? Será que existe uma regra que seja comum a todos os investidores na hora de aplicar
seus excessos de caixa? A resposta a esta pergunta é: não! A começar pelo fato de que
empresas que sejam percebidas pelas instituições financeiras como representando riscos
diferentes terão acesso a taxas diferentes na hora de fazer suas aplicações. Por outro lado,
empresas com diferentes graus de aversão ao risco também farão escolhas diferentes na
hora de compor sua carteira de aplicações.
No entanto existem diretrizes que devem ser seguidas. Algumas recomendações que po-
dem ser interessantes são:
¨ Defina as necessidades de caixa da empresa no curto, médio e longo prazo.
¨ Uma alternativa que talvez seja interessante para empresas que possuam excessos de
caixa para aplicar em prazos mais curtos é adiantar o pagamento de fornecedores
mediante um desconto sobre o valor da dívida. Estas aplicações não estão sujeitas ao
pagamento do IOF.
¨ Antes de aplicar em um título de renda fixa, avalie as perspectivas da economia para
julgar se deve aplicar em um papel pré-fixado ou pós-fixado.
¨ Consulte o seu banco para ver o que é mais vantajoso, se aplicar em um CDB ou em
um fundo de investimento.
¨ Se sua aplicação for de longo prazo, verifique o que é mais vantajoso, se um CDB
ou um título público.
¨ Certifique-se de que sua aplicação não está descasada do passivo da empresa.
¨ Antes de aplicar em um fundo, leia com atenção seu prospecto. Existem alguns fun-
dos agressivos que, caso seu patrimônio líquido fique negativo, podem solicitar aos
cotistas uma cobertura em dinheiro. Isto significa que, nestes casos, o cotista, além
de perder o que aplicou, ainda tem que desembolsar uma quantia adicional para cobrir
o prejuízo do fundo.
¨ Certifique-se de que a política de aplicação do fundo está alinhada com o perfil de
risco da pessoa que, na empresa, tem a palavra final sobre a composição da carteira.
¨ Analise o desempenho do fundo nos últimos meses e avalie os seus custos de transa-
ção.
¨ Diversifique suas aplicações. Não ponha todos os ovos em um mesmo cesto.
¨ Compare taxas e negocie sempre.
¨ Lembre-se, principalmente, que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade
futura!

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