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ORÇAMENTO
EMPRESARIAL
B868
Broman, Samantha
Orçamento Empresarial/ Samantha Broman. Revisado e
atualizado – 2. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Grupo Ibmec
Educacional, 2019.
98 p.; 20x26 cm
Inclui bibliografia
CDD: 658.15
SUMÁRIO
Unidade 4 Integração 94
4 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Após concluir o estudo da disciplina Orçamento Empresarial, você será capaz de:
Caro(a) aluno(a),
Portanto, neste curso você será apresentado a uma das mais importantes e tradicionais fer-
ramentas de planejamento e controle. Entender como funciona o processo orçamentário e
como se elabora um orçamento é um fator de diferenciação dos profissionais das empresas,
principalmente aqueles que irão trabalhar na Controladoria ou na Administração Financeira
das empresas.
Após este estudo, você estará habilitado a participar ativamente do processo de elaboração
do orçamento de uma empresa. Aproveite ao máximo os recursos oferecidos no material
didático da disciplina e as interações com seu professor online. Discuta com seus colegas
os conceitos tratados em cada unidade. Aproveite para conhecer, ou rever, diversos temas
diretamente relacionados à matéria. Seu engajamento é muito importante para o sucesso
dessa jornada.
Bons estudos!
Equipe Ibmec online
DIRETRIZES PEDAGÓGICAS
Tenha sempre em mente que você é o principal agente de sua aprendizagem! Para um es-
tudo eficaz, siga estas dicas:
■■ Organize o seu tempo e escolha os melhores dias e horários para estudar;
Capítulo 1
INTRODUÇÃO
AO PROCESSO
ORÇAMENTÁRIO
CAPÍTULO 1 9
INTRODUÇÃO
O processo de elaboração do orçamento faz quais objetivos devem ser atingidos com a
parte do sistema de planejamento e controle elaboração do orçamento, como o processo se
das organizações. É um esforço que envolve desenvolve, quais suas etapas, vantagens obtidas
toda a empresa, devendo ser coordenado, o que e limitações.
cabe à Controladoria ou à área de Planejamento
financeiro da empresa. É disso que vamos tratar neste primeiro módulo.
Entenderemos no que consiste um processo
Entende-se que desde meados da década de orçamentário, o que as empresas almejam com a
1990, o incremento nas turbulências ambientais adoção desta ferramenta. E, além disso, quais são
e a crescente globalização evidenciaram a as diferentes formas de orçar e como ocorrem
necessidade de as empresas reagirem e inovarem as práticas de revisar os orçamentos, tendo em
com velocidade. vista as influências das mudanças externas e as
variações entre os resultados de curto prazo
Um bom sistema de gestão e controle pode encontrados.
aumentar as chances de sucesso da empresa e, por
outro lado, problemas no controle das empresas O Orçamento envolve toda a Organização. No
podem levá-las a grandes perdas e, até mesmo, à entanto, a gestão eficiente do processo de
falência organizacional (MERCHANT, 1998). orçamento, tarefa típica do profissional da área
de Finanças é imprescindível, para que a empresa
Assim, o planejamento e o controle gerencial são tenha sucesso na sua elaboração.
entendidos como uma ferramenta imprescindível
para a boa gestão do negócio. Para exercer esse
papel, é necessário conhecer, antecipadamente,
10 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
OBJETIVOS DO CAPÍTULO
Para melhor compreensão dos temas abordados, este módulo está dividido em:
UNIDADE 1
FUNÇÕES DO ORÇAMENTO
Em uma perspectiva ampla, o orçamento tem como ponto de partida os objetivos que cons-
tam no plano estratégico da empresa (PADOVESE; TARANTO, 2009).
■■ comunicar os objetivos;
■■ poder gerar metas e ser usado como instrumento de avaliação de desempenho (FRE-
ZATTI, 2017).
O Planejamento
O orçamento faz com que os gestores pensem à frente, e possam antecipar os resultados de
seus planos, antes de aprová-los e executá-los (PADOVEZE; TARANTO, 2009).
■■ Quais resultados (lucro ou prejuízo) são esperados para certa unidade de negócio e para
a empresa?
O planejamento permite que as decisões sejam antecipadas pelas diversas áreas envolvidas,
enquanto o controle busca garantir que essas decisões ocorram.
1 O planejamento estratégico busca aproveitar as oportunidades e evitar riscos, tendo em vista uma análise do
ambiente da organização, pela qual, cria-se consciência das oportunidades, ameaças, pontos fortes e fracos para
o cumprimento da missão (FREZZATI, 2017).
12 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Assim, a melhor referência para a análise dos resultados é o valor orçado e não os resulta-
dos passados, pois os resultados passados podem ter adversidades que não ocorrerão no
próximo ano. Além disso, é o valor orçado que reuniu os diferentes planos operacionais e
financeiros consolidados em demonstrações contábeis e em metas, após a empresa verifi-
car se eles fazem sentido e se proporcionam resultados satisfatórios.
Plano de
Marketing
Plano de
Produção,
Estocagem e Modelo
Suprimentos de
Orçamento
Plano de
Relatórios Orçados
Recurso
Humanos
Plano de
Investimentos
A seguir, vamos discutir a importância do controle, tendo em vista que espera-se minimizar
qualquer risco que o planejamento venha a ser inócuo.
Importância do controle
Uma vez comparados, faz-se uma análise dos desvios encontrados. Para discutir sobre a
relevância das variações entre o orçado e o realizado, a organização pode adotar o referen-
cial no valor absoluto, bem como observar o percentual de variação, indicando, a partir de
qual variação percentual, alocará maiores esforços para o entendimento de suas causas.
A revisão do orçamento mantém a sua utilidade e pode apontar ações a serem tomadas
pela administração para que novos desvios sejam evitados. Logo, uma vez que sejam iden-
tificadas as variações relevantes entre os resultados previstos e realizados, as áreas em que
ocorreram e suas causas, a organização adequa sua visão da realidade e pode decidir por
mudanças e /ou providências corretivas (FREZATTI, 2017).
Tomar Ações
conhecimento
Apurar variações
entre previsto e
realizado
Realimentção do
Tomar Ações processo de
conhecimento planejamento
Fonte: Elaborada pelos autores, adaptada de FREZATTI (2017, p. 87).
14 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
■■ coordenar das atividades da empresa com base no planejamento, para buscar e geren-
ciar recursos, de acordo com as metas;
■■ poder trazer maior transparência para as áreas da empresa, visto que discutiram juntas
as etapas do orçamento;
■■ medir a eficiência, por meio de indicadores, não apenas de ordem financeira, mas
também operacionais a serem monitorados com frequência.
UNIDADE 2
TIPOS DE ORÇAMENTO
Esta unidade se dedica a apresentar diversas formas de orçar e esclarecer suas particulari-
dades. Vamos começar, compreendendo os tipos de orçamento, de acordo com Padovese
e Taranto (2009).
O orçamento estático
Observa-se que existem argumentos para que os orçamentos sejam formalizados nas
empresas, em termos da sua credibilidade e de outras questões, como a observância ao
cronograma do orçamento para decisões, implementações e controle; a sua efetiva comu-
nicação e base lógica.
Porém, ocorrendo alguma alteração conjuntural drástica, que justifique a revisão do orça-
mento, como a empresa faria? Nesse caso, a empresa faz um novo orçamento, utilizando o
primeiro como referência.
O orçamento flexível surge para facilitar a comparação entre o resultado realizado e o orça-
mento, uma vez que pode haver diferenças significativas no nível de atividade (no volume de
vendas e/ou de produção), que impactarão nos custos variáveis. Considere que um volume
de vendas superior ao previsto impactaria em custos variáveis superiores também. Assim,
para fins de avaliação de desempenho da gestão, podemos entender que não faria sentido
penalizar o gestor da fábrica por ele ter incorrido em custos variáveis maiores.
Podemos entender a aplicação do orçamento flexível voltado para a análise das variações, princi-
palmente aquelas relacionadas às variações significativas nas vendas e nos custos de produção.
16 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Enquanto o orçamento estático (que é fixo) está baseado em um único nível de atividade, “o
orçamento flexível é ajustado de acordo com mudanças no nível de atividade real” (HORN-
GREN; FOSTER; DATAR, 2000, p. 154); ou seja, é refeito para o nível de atividade efetivamente
constatado. O orçamento ajustado vem das definições do conceito de forecast, segundo
Padovese e Taranto (2009):
■■ o orçamento original modificado;
■■ uma nova previsão até o fim do período orçado. Ou seja, “a somatória dos valores dos
períodos já realizados mais os valores dos períodos ainda a serem realizadas, com um
total, tratando das variações ocorridas nos meses realizados” (PADOVESE; TARANTO,
2009, p. 34).
É uma projeção, em tese, mais próxima à realidade, já que a proximidade do mês de exercí-
cio diminui a incerteza, aumentando a assertividade das projeções.
Algumas organizações trabalham com esse tipo de orçamento, fazendo ajustes no horizonte
de curto prazo. Mas repare que a empresa poderá trabalhar conjuntamente, realizando tanto
o orçamento estático (fixo), quanto o orçamento flexível, ou o orçamento ajustado. Assim,
o estático pode ser mantido como referência original, enquanto os orçamentos flexíveis ou
ajustados terão outras finalidades, nas quais a assertividade é o elemento mais importante.
Cabe observar que a análise das variações entre o resultado efetivo e aquele orçado tem
por objetivo conhecer as razões que levaram ao desvio do que foi planejado e replanejar.
As variações podem ser causadas por motivos relacionados à quantidade (ou volume), por
motivos de preço, por razões de eficiência ou outros. A atividade de análise das variações é
desenvolvida na fase de controle e acompanhamento do orçamento.
Orçamento contínuo
Também conhecido pelo seu nome correspondente em inglês, rolling forecast ou rolling budget.
Trata-se de um orçamento móvel: tão logo o mês vigente termina, faz-se o orçamento do perí-
odo de 12 meses à frente. Assim, a empresa estará continuamente elaborando o orçamento.
Considere, por exemplo, que a empresa elaborou o orçamento para o período de janeiro a
dezembro de determinado ano. Uma vez encerrado o mês de janeiro desse ano, a empresa
CAPÍTULO 1 17
então irá, em fevereiro, revisar o período orçado de fevereiro a dezembro, e fazer o orça-
mento de janeiro do ano seguinte. Dessa forma, a empresa sempre terá os próximos 12
meses orçados.
Conforme Welsch (1979, p. 97), “o planejamento contínuo de lucros é usado quando se acre-
dita que planos realísticos somente podem ser feitos para curtos períodos e é desejável ou
necessário replanejar e refazer projeções continuamente por força das circunstâncias”.
Como vantagem desse tipo de orçamento, há autores que destacam que “resulta em um
orçamento mais preciso e detalhado” (LUNKES, 2003, p. 90). Por outro lado, há quem argu-
mente que este conceito praticamente “descaracteriza o orçamento tradicional, pois o
acompanhamento do orçamento e a análise de variações, de certa maneira, perdem o sen-
tido. O conceito não vislumbraria o comprometimento dos gestores, ao prescindir da jus-
tificação das variações” (PADOVEZE; TARANTO, 2009, p. 38). O diagrama a seguir, ilustra os
períodos móveis do orçamento contínuo. A primeira linha temporal representa o período
inicialmente coberto pelo orçamento. A segunda linha é o período orçado ao longo do mês
de janeiro, e assim por diante.
Assim como nos outros tipos de orçamento com foco no curto prazo (em revisões realiza-
das ao longo do exercício), o orçamento contínuo também tende a gerar novas versões dos
demonstrativos de resultados projetados, com as mudanças.
Jan/13 Dez/13
Fev/13 Jan/14
Mar/13 Fev/14
A forma de elaboração tradicional do orçamento assume como ponto de partida, ainda que
implicitamente, a situação atual da organização, no que diz respeito à sua estrutura, seu
funcionamento, suas necessidades, enfim, suas atividades operacionais.
O orçamento base zero nasce da crença de que o método habitual de elaboração do orça-
mento leva em consideração os dados passados e presentes na montagem do orçamento.
Entretanto, estar atrelado a uma forma predeterminada de operação pode ser um vício
indesejável. Os administradores estariam presos a padrões ou formas de operar que não
são, necessariamente, os melhores. E essas formas seriam, em alguma dose, perpetuadas
pelo orçamento.
Assim sendo, a proposta do orçamento base zero é romper com qualquer vínculo histórico
ou presente. É fazer um orçamento sem tomar como referência a estrutura vigente da orga-
nização. As bases vigentes são questionadas, repensadas, rediscutidas. Novas bases devem
ser justificadas.
De acordo com o mentor desse tipo de orçamento, Peter A. Pyhrr (1973), trata-se de um pro-
cesso funcional de controle e planejamento operacional, segundo o qual cada gestor deve
justificar todas as solicitações de dotações orçamentárias em detalhe, para serem avaliadas
por análises sistemáticas.
O orçamento base zero acaba tornando-se uma filosofia de trabalho, na qual oportunidades
de redução de custos são constantemente perseguidas. Os gerentes também podem esta-
belecer se determinada atividade continua a ser uma prioridade, ou se pode ser eliminada
ou reduzida, se existem oportunidades para automatizar, simplificar ou padronizar o traba-
lho. Todos os departamentos, processos, projetos e atividades passam a ter que se justificar;
passam a se sujeitar a uma análise custo-benefício. Com isso, conforme a literatura salienta,
diversas vantagens podem ser obtidas, entre elas a identificação e eliminação de ineficiên-
cias e a diminuição de redundâncias e atividades paralelas.
Por outro lado, haverá limitações ou dificuldades na sua aplicação, uma vez que o orça-
mento base zero poderá demandar uma maior dedicação dos profissionais na sua elabora-
ção. Isto poderá provocar uma maior resistência a mudanças por parte dos envolvidos no
processo (PADOVEZE, 2009).
CAPÍTULO 1 19
Segundo Padovese e Taranto (2009, p. 46) até mesmo custos estruturados que são variáveis
(relacionados com o nível de atividade) podem ser reanalisados, em termos da discussão de
suas quantidades necessárias destes, como exemplo: “a quantidade KWh no consumo de
energia elétrica”.
Como veremos no próximo módulo, o orçamento por atividades é elaborado por meio do
método de custeio por absorção, caso venha a ser comparado com as demonstrações emi-
tidas pela Contabilidade. Entretanto, sendo o orçamento uma ferramenta gerencial, nada
impede que, em vez de compará-lo às demonstrações elaboradas conforme princípios e
normas contábeis, a empresa prefira compará-lo a demonstrações gerenciais. Assim, o orça-
mento por atividades é preparado segundo o método do custeio por atividades, ou custeio
ABC (Activity Based Costing).
A opção pelo orçamento por atividades decorre da escolha da empresa pelo método de
custeio ABC para apuração de seu resultado realizado. É uma opção necessária para tornar
possível esse tipo de orçamento.
No custeio por atividades, antes de levar o custo dos departamentos aos produtos, haverá
uma nova etapa intermediária: levá-los às atividades. Neste método de custeio, considera-se
que as atividades são consumidoras de recursos dos departamentos. Por sua vez, os produ-
tos são consumidores de atividades.
20 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Para seguir a mesma metodologia empregada no custeio ABC. De acordo com o emérito
professor Eliseu Martins, numa abordagem inicial, as etapas do custeio ABC são as seguintes
(MARTINS, 2010):
■■ identificação das principais atividades;
Assim, utilizando-se este método, acredita-se que a apropriação dos custos dos recursos aos
produtos gere uma informação mais rica e fidedigna.
Ademais, o custeio baseado em atividades favorece que os gestores identifiquem custos que
não agregam valor, estimem recursos necessários e podem ser utilizado para que se elabore
indicadores chave de performance operacional para controle.
Ekholm e Wallin (2011, p. 145) afirmam que existem significativas evidências que o tradicio-
nal orçamento anual continua sendo percebido como útil, assim como há uma percepção de
complementariedade entre o orçamento anual e os orçamentos com revisão de curto prazo,
como o orçamento contínuo [rolling budgets].
No entanto, cabe destacar que, na década de 1990, o tradicional orçamento anual recebeu
críticas. Em uma reunião de executivos no Beyond Budgeting Round Table – BBRT, a aborda-
gem do Beyond Budgeting foi conceituada como: “um coerente conjunto de processos alter-
nativos que apoiam metas e reconhecimento, um planejamento contínuo [o rolling forecast],
uma demanda de recursos, uma coordenação dinâmica e de significativos controles em
multiníveis na empresa (HOPE; FRASER, 2003; FREZATTI, 2017; PADOVESE; TARANTO, 2009).
Padovese e Taranto (2009, p. 82) alegam que conhecer as discussões do Beyond Budgeting
pode ser valioso para que se possa entender possíveis questões indesejáveis que venham
a surgir em relação à forma como como os orçamentos são utilizados. Ou seja, “feitos que
devem ser removidos do sistema e da cultura orçamentária da empresa”.
CAPÍTULO 1 21
O artigo ‘Is the annual budget really dead?’ (EKHOLM; WALLIN; 2000,
p. 519), trata de uma pesquisa empírica que foi realizada por meio
de uma postal survey, na qual evidenciaram, já em 1999, o uso
combinado do orçamento anual com as diferentes maneiras de orçar.
Esses autores apontaram que “relativamente poucas empresas estão
planejando abandonar seus orçamentos anuais completamente”, pois
“os comentários feitos por vários entrevistados também indicam que
sistemas alternativos, ou melhor, complementares, como o rolling forecast
INFORMAÇÃO e sistemas de monitoramento semelhantes ao Balanced Scorecard, já
EXTRA existem, funcionando paralelamente ao orçamento anual”.
Frezatti (2017) também destaca o alerta feito por Hope e Fraser (2003) sobre o orçamento
anual poder ser usado de forma inadequada e gerar um possível risco comportamental,
no qual os gestores podem adotar condutas disfuncionais (por exemplo, superestimar ou
subestimar previsões), ainda que as revisões orçamentárias venham reduzir esse risco e
tratar dessa questão.
UNIDADE 3
O CICLO ORÇAMENTÁRIO
O planejamento estratégico define uma missão para a empresa – que é sua própria razão
de ser. Com base nisso, a administração escolherá uma estratégica específica para que a
empresa se posicione no seu ambiente competitivo, traça as metas a serem atingidas e tra-
balha para cumprir sua missão.
22 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Cabe destacar que além do planejamento e execução, o controle das atividades integra a ges-
tão das organizações e busca garantir que as decisões tomadas ocorreram (FREZATTI, 2017).
Planejamento e Execução
■■ No planejamento do processo orçamentário, um cronograma de atividades aprovado e
divulgado auxilia muito a controladoria para organizar o orçamento, indicando as etapas
do processo, os responsáveis pela sua execução e os prazos a serem cumpridos.
Uma vez elaborado o orçamento, a empresa irá executar as atividades, conforme o que foi
planejado. Na medida em que as atividades forem executadas, surgirá a atividade de con-
trole, na qual os resultados obtidos serão comparados àqueles planejados.
Controle
■■ Normalmente o setor de controladoria e/ou áreas de planejamento financeiro devem
efetuar o monitoramento dos orçamentos, bem como apoiar os gestores para isso
(PADOVESE; TARANTO, 2009).
■■ Para que seja possível comparar os acontecimentos planejados com os reais, todas as
peças orçamentárias devem constar de relatórios de acompanhamento para que se
possa fazer a análise das variações.
■■ Os desvios encontrados devem ser explicados, de modo que os gestores tenham fee-
dback sobre a efetividade de suas ações.
Segundo Frezatti (2017 p. 17) “se o controle orçamentário é a forma de realimentar o sistema
de planejamento, dependendo do grau de satisfação deste último, ele pode ser estruturado
de maneira flexível ou rígida, complexa ou simplificada, centralizada ou participativa”.
O orçamento é integrado
Definição de
Premissas
Orçamento de
Vendas
Orçamento de
Produção
Orçamento de
Compras
Orçamento das
Gastos de Fábrica
Orçamento do
Custo de
Materiais Diretos
Orçamento dos
Custos de Produção
e de Vendas
Orçamento de Orçamento de
Investimentos Despesas
Demonstração de Orçamento
Resultado Orçada de caixa
UNIDADE 4
MODELO INTEGRADO
Por modelo de orçamento, para os objetivos propostos nesta apostila, estamos definindo
um conjunto de planilhas eletrônicas que, a partir, dos planos operacionais, de investimen-
tos e financiamentos, produzirão demonstrações contábeis orçadas, em bases mensais.
Princípios práticos
Quanto mais integrados forem os sistemas, mais úteis se tornam e trazem mais qualidade
das informações, inclusive quanto à redução de erros (FREZATTI, 2017). Sistemas como fatu-
ramento, contas a receber, compras, contas a pagar, sistema contábil, sistema fiscal, e tan-
tos outros, se alimentam mutuamente das mesmas bases de dados e fornecem informa-
ções a diferentes departamentos. Assim, busca-se a integridade ao longo dos processos de
comunicação e compartilhamento de informações, assegurando: a precisão; a qualidade
do seu gerenciamento; o controle das entradas de informações, do processamento e das
saídas das informações (relatórios); a geração das demonstrações de forma consistente e
automática, evitando redundâncias indesejáveis de dados.
3. A própria apresentação das demonstrações contábeis orçadas poderá ser mais conden-
sada que as demonstrações contábeis realizadas.
O orçamento pode ser entendido como um modelo, porque representa uma versão simpli-
ficada da realidade. Esse modelo tem como objetivo projetar o comportamento esperado
para as variáveis econômicas e financeiras da empresa, mantendo o foco no que causar
impacto mais relevante.
Resumo
Neste primeiro módulo, apresentamos as funções do orçamento, as quais estão ligadas,
principalmente, às necessidades de planejamento e controle.
Em seguida, apresentamos as conceituações que são condizentes com a prática nas empre-
sas, segundo Padovese e Taranto (2009) e outros autores internacionais que apresentam
sobre as diferentes formas praticadas de orçar (os ‘tipos de orçamento’). Assim sendo, além
do tradicional orçamento anual – o orçamento estático, conhecemos os orçamentos: ajustá-
vel, flexível, contínuo, base zero e baseado em atividades.
CAPÍTULO 1 27
Capítulo 2
ORÇAMENTO
OPERACIONAL
CAPÍTULO 2 29
INTRODUÇÃO
Neste capítulo, veremos como estimar e elaborar Assim, dada a relevância desta etapa, cada
o orçamento das atividades operacionais da elemento do orçamento operacional é calculado
empresa, suas vendas, produção, custos e e projetado de forma interligada com os
despesas, entre outras, que alimentarão os demais módulos que abordam o orçamento de
demonstrativos contábeis usados no processo capital e financeiro da empresa (investimentos
orçamentário e refletirão o sistema de e financiamentos), com as respectivas
planejamento e controle da empresa. Iniciaremos demonstrações contábeis.
pelo plano de vendas, cujos valores serão uma
referência fundamental para todas as outras Portanto, iniciamos este módulo abordando as
variáveis do orçamento operacional. premissas orçamentárias e, a partir de então,
você poderá acompanhar o exemplo prático
Lembrando que o orçamento operacional é até o último módulo da apostila, no qual são
integrado ao orçamento de investimentos consolidadas as demonstrações contábeis.
e financiamentos, conforme será visto mais
adiante. A partir deste módulo, trabalharemos um
exemplo de elaboração do orçamento, no qual
todas essas variáveis serão calculadas e mostram
a integração dos planos orçamentários.
30 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
OBJETIVOS DO CAPÍTULO
Para melhor compreensão das questões que envolvem o orçamento operacional, este
capítulo está dividido em:
UNIDADE 1
ORÇAMENTO DE VENDAS E DEDUÇÕES
A grosso modo, por exemplo, em uma empresa industrial, o Diretor Industrial alega que a
quantidade a ser produzida “depende do volume de vendas”, assim como os planos e des-
pesas de marketing e de vendas serão elaborados para dar sustentação a um determinado
orçamento de vendas. Porém, além deles, o conjunto das despesas de toda ordem, acaba
limitado pela receita que a empresa será capaz de gerar.
■■ o método do uso final do produto é aplicado no caso de empresas parceiras que tro-
cam informações relacionadas a expectativas de vendas e, assim, é possível conhecer o
que seus clientes irão vender. Como exemplo, podemos citar os fornecedores de auto-
peças para a indústria automobilística e empresas prestadoras de serviços com contra-
tos periódicos (PADOVEZE; TARANTO, 2009).
Por fim, devemos observar que o planejamento das empresas incorpora as políticas de
preços da empresa e as possíveis influências destes no comportamento das previsões das
quantidades a serem vendidas, mês a mês, produto a produto.
Vamos criar um exemplo que nos acompanhará por todas as unidades e módulos daqui
por diante. Construiremos, neste módulo e no seguinte, os planos orçamentários a serem
consolidados em demonstrações contábeis orçadas. No presente exemplo, os planos e
demonstrações contábeis serão elaborados para os dois primeiros meses: janeiro e feve-
reiro. Contudo, sabemos que esses planos, assim como as demonstrações orçadas, abran-
gem o período de 12 meses.
CAPÍTULO 2 33
No exemplo, vamos considerar uma indústria que fabrica dois produtos – o de tamanho
médio e o de tamanho grande, designados respectivamente por M e G. Nossa empresa
adquire insumos de outra indústria. O produto manufaturado pela empresa será vendido a
uma distribuidora.
M 10.000 12.000
G 8.000 11.000
M 50,0 50,0
G 70,0 70,0
M 500.000 600.000
G 560.000 770.000
A Receita Líquida de Vendas é obtida pela dedução dos impostos sobre vendas e dos des-
contos comerciais. Os descontos comerciais podem ser orçados como um percentual sobre
a receita bruta e serem mantidos durante todo o exercício previsto, ou tratados como pro-
moções aplicadas em determinados momentos, ou atreladas a alguns produtos específicos.
Cabe observar que a empresa pode entender que um certo nível de devolução é inevitável
e, por isso, irá considerá-las em seu plano.
Como em nosso exemplo tratamos de uma indústria, os tributos a serem considerados são:
Quadro 3 – Alíquotas
ALÍQUOTA
ICMS: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte 24,0%
Interestadual, Intermunicipal e de Comunicações;
Digamos que a empresa concederá 2% de descontos comerciais sobre a Receita Bruta. E não
estamos considerando devoluções.
No nosso exemplo, os resultados até a Receita Líquida, são apresentados a seguir, conforme
tributos colocados à título de exemplos e vigentes.
■■ A base de cálculo dos impostos sobre as vendas (ICMS, PIS e COFINS) é a receita bruta
deduzida de descontos comerciais e devoluções;
■■ o PIS e COFINS são “cumulativos” porque, conforme veremos mais adiante, a empresa
adota o regime de lucro presumido (logo compõe a base de cálculo do ICMS);
■■ o ICMS é cobrado “por dentro” do preço de venda e sua base de cálculo é constituída
considerando-se a Receita Bruta menos as deduções e menos o PIS e Cofins;
CAPÍTULO 2 35
Receita Bruta -
Receita Ajustada R$490.000 R$588.000 R$548.800 R$754.600 R$1.038.800 R$1.342.600
Descontos
(-) Receita
PIS + COFINS 4% -R$19.600 -R$23.520 -R$21.952 -R$30.184 -R$41.552 -R$53.704
Ajustada*4%
(-) Receita
ICMS -R$117.600 -R$141.120 -R$131.712 -R$181.104 -R$249.312 -R$322.224
Ajustada*24%
Receita Ajustada
RECEITA LÍQUIDA R$372.400 R$446.880 R$417.088 R$573.496 R$789.488 R$1.020.376
- ICMS
A questão tributária nas empresas está relacionada com o tipo de atividade, de produto, de
local e outros. Além disso, caso a legislação tributária venha a sofrer alterações, é possível
entender que será importante que os profissionais saibam interpretar, demonstrar e avaliar
as variações da base de informações entre os períodos anterior e posterior a essa possível
alteração. Por isso, na prática orçamentária é muito importante que os profissionais envol-
vidos com o orçamento busquem alinhar essas previsões nos preceitos da contabilidade
tributária da empresa.
Observe que a diferença entre a Receita Bruta e a Receita Líquida, é muito relevante.
Para o andamento do nosso exemplo, cabe notar que o preço de venda considerado no
cálculo da Receita Bruta não inclui o IPI. Este imposto será cobrado ao comprador, que irá
pagar preço de venda mais o IPI. Por outro lado, o ICMS é um imposto que já está incluído
no preço e, portanto, na Receita Bruta. A forma de orçarmos o pagamento das contribuições
PIS e COFINS dependerá do regime de tributação que a empresa tiver adotado, pois caso
seja o lucro real, então o PIS e COFINS serão “não cumulativos”. Em cada caso, as alíquotas
de PIS e COFINS sobre vendas serão diferentes.
36 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Nesta unidade, discutimos sobre o plano de vendas do orçamento, que deve envolver as
áreas comerciais da empresa (e muitas vezes a logística também) e conhecemos diferentes
práticas para realizar a previsão das quantidades a serem vendidas. Além disso, para uma
boa projeção das receitas, observamos que o orçamento não pode deixar de considerar as
questões tributárias da empresa, assim como precisa estar alinhado às políticas de preço e
de crédito, antecipando análises e decisões sobre estas.
UNIDADE 2
ORÇAMENTO DE PRODUÇÃO E COMPRAS DE MATERIAIS
Política de estoques
A gestão da empresa pondera fatores, como o tipo e variedade dos produtos, e formula uma
política de estoques (por exemplo, se é deteriorável, ou não). Busca-se que não haja falta de
disponibilidade de produto acabado em estoque (ruptura nas vendas), mas também evita-se
que haja riscos de perda por obsolescência dos produtos.
CAPÍTULO 2 37
Esta política pode ser resumida, para fins de orçamento, na definição de um índice de cober-
tura dos estoques. Este índice nos informa quanto tempo de venda futura está coberto pelos
estoques, de sorte tal que a venda estaria garantida, em caso de dificuldades de reposição.
Padovese e Taranto (2009) chamam essa cobertura de estoque de: Política de Estocagem em
Dias de Venda.
Admitindo-se que o índice de cobertura fosse, por exemplo de 60 dias, isto significa que o
estoque de produtos acabados, ao final do mês, seria igual à venda orçada dos dois meses
subsequentes. Ainda como exemplo, digamos que a empresa tenha uma política de cober-
tura de 15 dias de venda e a previsão de vendas do mês seguinte seja de 3.000 unidades, o
seu estoque final previsto será 3.500 unidades ÷ 30 dias × 15 dias = 1.750 unidades.
Logo, uma vez formados os estoques ao final do mês, em quantidades físicas, a produção
será dada por:
PRODUTO M PRODUTO G
Quantidade Quantidade
10.000 12.000 11.000 8.000 11.000 10.000
Vendida Vendida
Estoque
Estoque final 12.000 11.000 - 11.000 10.000 -
final
Estoque
Estoque inicial 9.000 12.000 - 10.000 11.000 -
inicial
Quantidade Quantidade
13.000 11.000 - 9.000 10.000 -
Produzida Produzida
Com base neste quadro, primeiro calculamos que o estoque final previsto para cada mês é
baseado na venda prevista para os 30 dias seguintes em si (visto que a política de cobertura
é de 30 dias). Com essa informação, em seguida, calculamos a quantidade a ser produzida.
O estoque inicial de janeiro é uma informação conhecida da empresa, ou prevista (igual ao
estoque de fechamento de dezembro do exercício anterior).
Por exemplo: a quantidade a ser produzida no final do mês de janeiro, do produto M, será:
Logo,
Uma vez estabelecida a quantidade produzida, podemos seguir para o próximo passo:
encontrar a quantidade a ser comprada de materiais diretos – ou matéria-prima. Compras,
em nosso modelo, são os materiais a serem adquiridos, em quantidades físicas. Nessa etapa,
o profissional de orçamento deverá obter a composição do produto, junto à área industrial.
Isto é, quais materiais, e em que quantidades, entram na fabricação do produto.
CAPÍTULO 2 39
PRODUTO M PRODUTO G
MP 1 2 MP 3 1
MP 2 1 MP 4 2
MP1: matéria-prima 1
Vamos, então, seguir no exemplo, considerando uma cobertura de 30 dias e que os estoque
iniciais de janeiro são informados. Obteremos as compras orçadas, conforme demonstrado
nos próximos quadros (teremos de dispor da quantidade produzida de março).
PRODUTO M PRODUTO G
QUANTIDADE QUANTIDADE
13.000 11.000 10.000 9.000 10.000 9.000
PRODUZIDA PRODUZIDA
Logo, o Consumo de MP é calculado pela quantidade produzida multiplicado por cada item
da composição de materiais (quadro acima). No exemplo do mês de janeiro, do produto M,
da Matéria-prima 1, o consumo de MP será de 13.000 unidades produzidas * 2 unidades de
MP = 26.000. O orçamento de compras de MP é calculado por:
MP
Ou seja,
Compras de MP = 26.000 + 22.000 – 15.000
Logo,
Agora precisamos obter as compras de materiais em valores monetários. Esse valor é utili-
zado na elaboração da conta “Fornecedores”, no Balanço Patrimonial. Observe que, na com-
pra ao fornecedor industrial, nossa empresa irá pagar o preço de compra, mais o IPI. Já para
a formação da conta “Estoques” não são incluídos, nem o ICMS, nem o IPI, uma vez que, por
serem recuperáveis, eles não integram o custo do produto. Estes dois impostos formarão as
contas de “Impostos a Recuperar”.
Com relação às compras de materiais, agora que já calculamos seu efeito no custo da pro-
dução, precisamos obter os valores monetários com os respectivos impactos em contas do
Balanço Patrimonial (que será estruturado mais adiante, no módulo 4). Supondo-se que a
alíquota de ICMS seja de 20% sobre preço de compra, e que a do IPI seja de 8%, observe o
quadro com o preço de custo de cada Matéria-Prima.
JANEIRO
MP1 33.000 1,50 1,62 3.960 53.460 1,20 9.900 39.600
FEVEREIRO
MP1 20.000 1,50 1,62 2.400 32.400 1,20 6.000 24.000
Lembre-se de que o preço de custo do insumo não inclui IPI, mas inclui ICMS.
UNIDADE 3
ORÇAMENTO DOS CUSTOS DA PRODUÇÃO
Geralmente, o custeio por absorção é o sistema de custeio adotado para fins de orçamento,
por ser aquele utilizado na Contabilidade para produção das demonstrações contábeis.
Assim, este será o método que empregaremos em nosso exemplo.
Vale lembrar que “os gastos relativos a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens
são custos” (MARTINS, 2010, p. 25). Este é o caso dos gastos dos departamentos da fábrica.
Como são custos, serão acumulados na conta “Estoques”, até que o produto seja vendido.
42 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Custo de matéria-prima
JANEIRO FEVEREIRO
PRODUTO M
PRODUTO G
Os gastos da parte da folha de pagamentos das empresas (salários, encargos, 13º salário,
férias e benefícios) relacionados com empregados que trabalham na parte da produção /
fábrica, são tratados como custo. Os custos de mão de obra direta referem-se aos gastos
com profissionais cujo trabalho é identificável por produto (por exemplo: manuseiam os
CAPÍTULO 2 43
produtos/tem contato físico com o produto). Os custos de mão de obra indireta, serão alo-
cados junto aos custos indiretos de fabricação (LINS; SILVA, 2005).
JANEIRO FEVEREIRO
Obrigações
$ 9.200 $ 13.800 $ 23.000 $ 10.000 $ 15.000 $ 25.000
Trabalhistas
Cabe ressaltar que é possível fazer uma estimativa de custo de mão de obra direta, por meio
de uma taxa apurada (uma medição). Ou seja, dividindo o valor dos salários mais encargos e
benefícios pela quantidade de horas médias trabalhadas (totais, ou por produto).
Para custos de fabricação que não foram considerados como diretos (não foram apropria-
dos diretamente aos produtos) é necessário utilizarmos um critério de rateio, ou de rastreio,
para levar os custos dos departamentos aos produtos (LINS; SILVA, 2005). O critério adotado
em nosso exemplo foi a quantidade de “horas de mão de obra” que cada produto consome
na sua fabricação (conforme o quadro anterior - Custo de Mão de Obra Direta Orçada, o pro-
duto M utiliza 40% e o produto G utiliza 60% do total de horas de Mão de Obra). Os quadros
a seguir nos mostram o total consolidado de custos indiretos (soma dos departamentos) e o
custo indireto apropriado a cada produto.
44 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Observe que uma das linhas dos custos indiretos de fabricação indica a depreciação indus-
trial, pois, a depreciação relativa à equipamentos industriais é considerada como custo.
Como veremos mais adiante (no módulo 3), para os ativos imobilizados que sejam destina-
dos a atividades industriais (por exemplo máquinas e equipamentos usados na fabricação),
a depreciação será um dos elementos do custo de produção do mês.
JANEIRO FEVEREIRO
Em nosso exemplo, para informação dos estoques iniciais de janeiro, sabe-se que a conta
de “Estoque de Produto Acabado” em 31/12 tem um saldo de Produto M de 9.000 unidades,
no valor de R$ 144.000 e um saldo do Produto G de 10.000 unidades, no valor de R$ 300.000
(essa informação é disponibilizada no nosso exemplo, lembrando que, na prática, o estoque
inicial de um mês deve ser idêntico ao estoque de encerramento do mês anterior).
CAPÍTULO 2 45
JANEIRO
Custo dos Produtos Vendidos 10.000 153.818 15,4 8.000 240.253 30,0 394.071
FEVEREIRO
Custo dos Produtos Vendidos 12.000 196.217 16,4 11.000 323.189 29,4 519.406
Observe que, para efeitos de orçamento foi adotada uma premissa assumida que não há
estoque de produtos em elaboração.
46 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
UNIDADE 4
ORÇAMENTO DAS DESPESAS, DEPRECIAÇÃO
E TRIBUTOS SOBRE O LUCRO
Os gastos com o pessoal que trabalha nas atividades de produção e fabricação já foram
mencionados na unidade 3 (na formação dos custos de mão de obra).
Para o nosso exemplo, abordaremos agora o plano de Recursos Humanos, em relação aos
efetivos das atividades administrativas (por exemplo: finanças, marketing, comercial, jurí-
dico) e detalharemos sua projeção de despesas com pessoal.
Assim sendo, a parte dos gastos relacionados com o pessoal, serão orçados a partir de
um plano de recursos humanos, que deve se preocupar com o quadro de pessoal no hori-
zonte do planejamento. Esse plano considera, não apenas a quantidade de funcionários
por função, mas também as movimentações (admissões e desligamentos; promoções e
desenvolvimentos).
Uma vez feito esse plano de RH de forma qualitativa, projeta-se os valores dos gastos liga-
dos aos salários como as férias, 13º salário, encargos e benefícios (incluindo aumentos de
mérito/promoções, projeções de acordo coletivo, projeções de indenizações por futuros
desligamentos e outros).
CAPÍTULO 2 47
Os encargos sociais são de dois tipos: 1. as obrigações trabalhistas, que são diretamente
proporcionais ao salário; 2. os tributos sobre a folha de pagamentos (salários e obrigações),
como exemplo a Contribuição Patronal para a Previdência (CPP), e o Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS) ou outro tributo que a legislação determine.
JAN FEV
Quadro no início do mês 40 40
Admissões - 5
Rescisões - -
SALÁRIOS E FÉRIAS
JAN FEV
Salário do mês anterior (R$) 102.000 102.000
% Dissídio coletivo - 5%
Como as respectivas despesas de pessoal podem ser obtidas pela variação dos saldos das
contas do passivo de obrigações trabalhistas (no Balanço Patrimonial, que será visto mais
adiante), precisamos calcular, primeiro, essas contas, com base nas provisões.
O saldo da conta de provisão de férias a pagar, deverá ser equivalente a n/12 do último salá-
rio, no qual “n”, é o número de meses decorridos a partir do último mês de férias gozadas. O
cálculo é individual, mas no orçamento, iremos trabalhar com valores médios. Por outro lado,
o saldo será debitado (diminuído), quando o empregado efetivamente goza suas férias (baixa
de férias).
■■ O passivo de obrigações trabalhistas será composto de: a provisão de férias a pagar dos
departamentos administrativos equivalente a 3/12 dos salários do mês de dezembro
(mês de partida do orçamento).
■■ A provisão de férias, a pagar do mês de janeiro, será de 4/12 dos salários de janeiro, já
que não há previsão de baixa prevista nesse mês (salário de $ 102.000 ÷ 12 meses × 4
meses= $ 34.000).
■■ A provisão de férias a pagar de fevereiro será de 5/12, sobre o salário do grupo antigo
(salário com 5% de dissídio $ 107.100 ÷ 12 meses × 5 meses= $ 44.625), menos a baixa da
provisão de férias do mês ($ 102.000/12 = $8.500), mais 1/12 sobre o salário dos novos
admitidos (salário de $15.000/12 = $ 1.250), totalizando $ 37.375. Ou seja, o mesmo cui-
dado deve ser tomado no cálculo da provisão do décimo terceiro salário: a contagem de
avos das novas admissões tem início no mês de admissão.
Quando o empregado entra de férias, recebe um adicional de um terço sobre o valor de suas
férias, implicando um desembolso adicional por parte da empresa, sendo, em geral, Adicio-
nal de férias a pagar = 1/3 x Férias a Pagar.
CAPÍTULO 2 49
JAN FEV
Despesa de Férias 8.500 3.375
Seguindo com nosso exemplo, para as despesas com os tributos sobre folha de pagamen-
tos, vamos admitir que a alíquota de recolhimento da CPP e demais contribuições para o
INSS somem os valores demonstrados no quadro abaixo:
50 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
JAN FEV
Desp. Contribuições INSS 13.628 15.470
Para completar o orçamento de despesas com pessoal, faltam as despesas com os bene-
fícios oferecidos pela empresa como, por exemplo, assistência médica e, ainda, algumas
outras como vale-transporte e auxílio alimentação. Nesta categoria, com o intuito de sim-
plificar a elaboração do orçamento de despesas, faz sentido considerarmos essas despesas
proporcionais à quantidade de empregados verificada em cada mês.
No nosso exemplo, para as despesas com os benefícios oferecidos pela empresa (por exem-
plo: assistência médica, vale-transporte e auxílio alimentação), adotamos o gasto médio com
“Benefícios e Outras”. Ou seja de R$ 500 por funcionário.
CAPÍTULO 2 51
Outras Despesas
Dentre as despesas gerais departamentais mais comuns estão: energia elétrica, telecomu-
nicações e comunicações, despesas com viagens, estadias e refeições, publicidade e propa-
ganda, brindes (PADOVESE; TARANTO, 2009).
Algumas despesas, em particular as variáveis, poderão ser orçadas de forma mais simples,
sem perda de precisão, por meio de um percentual da receita. No nosso exemplo, a despesa
com comissão de vendas, representa 3% da receita bruta. E a despesa de frete sobre as ven-
das é de 2% da mesma receita.
JANEIRO FEVEREIRO
Receita Bruta R$ 1.060.000 R$ 1.370.000
JANEIRO FEVEREIRO
Demais Desp. de
Vendas e G&A 85.000 59.500 144.500 106.500 74.500 181.000
Materiais de escritório $ 1.000 $ 3.000 $ 4.000 $ 2.500 $ 3.500 $ 6.000
Materiais de limpeza $ 2.500 $ 3.500 $ 6.000 $ 2.000 $ 3.000 $ 5.000
Serviços de segurança $ 5.500 $ 6.000 $ 11.500 $ 5.500 $ 6.000 $ 11.500
Energia $ 11.000 $ 14.000 $ 25.000 $ 13.000 $ 15.000 $ 28.000
Telecomunicações $ 12.000 $ 13.000 $ 25.000 $ 15.000 $ 17.000 $ 32.000
Comissão sobre vendas $ 31.800 $ 31.800 $ 41.100 $ 41.100
Frete sobre vendas $ 21.200 $ 21.200 $ 27.400 $ 27.400
Propaganda e Marketing $ 20.000 $ 20.000 $ 30.000 $ 30.000
Despesas de depreciações
Os valores das aquisições de ativos imobilizados são demonstrados no ativo de longo prazo
do balanço patrimonial (a ser visto mais adiante, no módulo 3). No orçamento do resultado,
temos o efeito da depreciação dos ativos de longo prazo existentes (e ainda não totalmente
depreciados) e a depreciação dos novos imobilizados (novos investimentos), a entrarem em
operação no exercício em orçamento.
DEPRECIAÇÃO MENSAL
O orçamento de tributos sobre o lucro, seguirá o regime de tributação adotado pela empresa.
No caso de empresas que ingressam o regime de Lucro Real, o ponto de partida é o lucro
apurado pela Contabilidade. Podem ser necessários alguns ajustes (adições ou exclusões),
para os quais, cabe o julgamento quanto à sua materialidade, para fins de orçamento.
A base de cálculo, neste regime, poderá ainda ser deduzida de prejuízos fiscais de períodos
anteriores, ou seja, é permitida a compensação de prejuízos passados. Caso existam preju-
ízos a serem compensados, há um limite para o montante a ser compensado por período.
Assim sendo, para projetar a Base de Cálculo no regime de Lucro real, adota-se a seguinte
fórmula: Base de cálculo do Lucro Real = LAIR + Adições – Exclusões – Compensações.
Neste regime, a base de cálculo é presumida a partir da receita bruta. A legislação tributária
estabelece Taxas de Presunção, conforme o setor econômico (indústria, comércio, ou ser-
viço) em que a empresa estiver inserida, de acordo com a legislação tributária.
54 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Assim sendo, para projetar a Base de Cálculo no regime de Lucro Presumido, adota-se a
seguinte fórmula:
Conforme foi assumido no Módulo 1, que as contribuições de COFINS e PIS seriam cumula-
tivas, a empresa do caso do nosso exemplo é vinculada ao regime do Lucro Presumido.
JAN FEV
Despesas
Provisão de IRPJ
20.776 26.852
Provisão de CSLL
7.479 9.667
Com o cálculo dos tributos sobre o lucro, chegamos ao cálculo final do Lucro líquido e ao
Demonstrativo de Resultados orçado, como veremos consolidado no último módulo de
estudo. Lembrando que o orçamento operacional é parte constituinte do orçamento inte-
grado da empresa, no próximo módulo, estudaremos o orçamento de investimentos.
CAPÍTULO 2 55
Resumo
Neste capítulo estudamos as diferentes alternativas de previsão de vendas e a elaboração
do orçamento de vendas, o primeiro dos planos a ser confeccionado. Em seguida, vimos
como preparar o orçamento dos custos de produto, cientes que o método utilizado deve ser
consistente com o método de custeio adotado pela empresa, de forma a viabilizar a compa-
ração do desempenho realizado com o planejado, no orçamento. Constatamos também a
projeção das despesas.
Para continuar com as projeções que impactam nos resultados, observamos, apenas bre-
vemente, o orçamento das depreciações, uma vez que o orçamento de investimentos será
tratado no próximo capítulo.
Por fim, foi visto que o orçamento dos tributos sobre o lucro não pode ser diferente do
regime adotado pela Contabilidade na apuração do resultado realizado.
Capítulo 3
ORÇAMENTO DE
INVESTIMENTOS E
FINANCIAMENTOS
CAPÍTULO 3 57
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS DO CAPÍTULO
Para melhor compreensão das questões que envolvem o orçamento operacional, este
capítulo está dividido em:
UNIDADE 1
ORÇAMENTO DE INVESTIMENTOS
Os investimentos são recursos gastos hoje para se obterem benefícios e fluxos de caixa
futuros. No plano orçamentário, o conteúdo do plano de investimentos estará vinculado ao
planejamento estratégico da empresa.
Então, nesta etapa, são consolidadas as decisões sobre projetos de investimentos da empresa
em seu orçamento de capital (capital budget), que descreve o planejamento de longo prazo
para avaliar, realizar e monitorar os desembolsos de capital dos projetos, ou programas
da companhia (HORNGREN, SUNDEM; STRATTON, 2004). Em outras palavras, tratamos da
avaliação relacionada com a aquisição de ativos de longo prazo, em geral, imobilizados, ou
intangíveis, planejada para o período orçamentário. Aqui, para o nosso fim, investimentos
poderão compreender planos de expansão da capacidade da empresa, modernização/reno-
vação do seu parque produtivo, ou outros projetos necessários para que novos produtos e
serviços sejam gerados. Também podemos mencionar objetivamente a aquisição de, por
exemplo, equipamentos, instalações e terrenos.
Assim, para decidir sobre os projetos candidatos a fazerem parte do orçamento da empresa,
os investimentos devem passar por testes de avaliação, cuja função é tipicamente finan-
ceira: o teste de viabilidade econômica e o de viabilidade financeira.
Faremos, agora, uma breve consideração sobre os demonstrativos financeiros para come-
çar a compreender que as técnicas de análise econômica utilizam a projeções das Demons-
trações de Fluxo de Caixa futuras.
Para a aplicação das técnicas de análise econômica (que discutiremos a seguir), a empresa
precisa projetar suas gerações de fluxos de caixa futuros. Ou seja, há uma diferença impor-
tante entre a Demonstração do Resultado de Exercício (DRE) e a Demonstração dos Fluxos de
60 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Caixa (DFC). Enquanto o DRE demonstra o confronto das receitas com os custos e despesas
do período com o objetivo de apurar o resultado (lucros/perdas no período), a Demonstra-
ção dos Fluxos de Caixa indica as saídas e entradas de dinheiro no caixa durante o período
considerado e o resultado desse fluxo de caixa. Logo, as projeções desses demonstrativos
para fins do orçamento (projeções futuras a serem analisadas no presente) devem respeitar
esses demonstrativos.
Então, podemos entender que a Demonstração dos fluxos de caixas futuros projeta a con-
frontação entre recebimentos e pagamentos futuros, pelo qual pode-se prever um superávit
financeiro (quando os valores do recebimento superam os valores dos pagamentos), ou um
déficit financeiro (quando há mais dispêndios do que recebimentos).
Existem dois modos de projetar os fluxos de caixa, sabendo que o resultado de ambos é
idêntico.
■■ Fluxo de caixa direto: relaciona todos os ingressos de numerários e dispêndios para o
alcance dos resultados financeiros
■■ Fluxo de caixa indireto: parte do lucro líquido do exercício contábil para chegar ao
mesmo resultado financeiro do fluxo direto.
Para tratar de uma das diferenças do fluxo de caixa versus lucro contábil podemos citar a
explicação de Ehrhardt e Bringham (2012, p. 417) sobre o efeito da depreciação de ativos
no fluxo de caixa, pois “embora a aquisição de ativos resulte em uma saída de caixa, os con-
tadores não mostram a compra de ativos como dedução do lucro contábil. Em vez disso,
eles deduzem a despesa de depreciação a cada ano durante toda a vida útil do ativo”. Ou
seja, o desembolso inicial não é observado na apuração do resultado (no DRE), enquanto os
lançamentos de depreciação que são observados no DRE não representam saídas de caixa
concomitantes (que ocorreram na aquisição do ativo).
Para acrescentar aos comentários sobre a projeção de fluxos de caixa, podemos mencionar
que, ao observar o fluxo de caixa indireto, além dos movimentos de variações dos ativos
imobilizados da empresa1 ), cabe lembrar outro ponto importante apontado por Ehrhardt e
Bringham (2011) sobre as variações no capital de giro operacional líquido: a diferença entre
aumento exigido no ativo circulante operacional e aumento no passivo circulante operacio-
nal; pois as vendas realizadas em um período podem ser a prazo (a serem recebidas futu-
ramente, assim como ocorre com os gastos a prazo (a serem pagos futuramente), além dos
impactos das variações dos estoques.
Para se escolher que investimentos realizar, é necessário avaliar cada um deles. Isso é feito
com o emprego de técnicas, ou métodos de avaliação, que listamos a seguir.
■■ Fluxo de Caixa Descontado (FCD), ou método do Valor Presente Líquido (VPL): calcula-se
o valor presente de todos os fluxos de caixa esperados com o projeto. Ou seja, os fluxos
de caixa futuros são descontados para a data atual, utilizando-se uma taxa de juros com-
postos, que reflita o custo de capital da empresa (muitas vezes chamada de “taxa K”, ou
de “taxa mínima de atratividade”). Essa taxa pode ser entendida como a taxa mínima de
retorno do projeto, exigida pela empresa, pois o retorno mínimo exigido será o custo do
capital. O critério de decisão acerca da aceitação do projeto será o sinal do valor presente
encontrado: o projeto é interessante se o VPL for positivo, pois significa o quanto os fluxos
de caixa de entrada superam os fluxos de saída (incluindo-se o próprio valor investido).
Desse modo, a sua taxa de retorno supera a taxa mínima de atratividade.
1 A variação dos ativos imobilizados da empresa pode ser compreendida pelos desembolsos relacionados com a
aquisição de ativos imobilizados de longo prazo da empresa, como as máquinas e equipamentos.
62 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
PENSAR já simulou que pequenas alterações no nível dessa taxa podem impactar
significativamente no resultado? A taxa está contemplando o prêmio de
risco do negócio?
Cabe atentar para as condições de capacidade produtiva que o orçamento operacional con-
sidera. Digamos, por exemplo, que um projeto, que implique em aumento de capacidade
produtiva, não venha a ser aprovado. Nesse caso, será necessário avaliar se a capacidade
produtiva mensal e anual de cada equipamento está de acordo com os orçamentos de vendas
e produção. Caso haja uma diferença negativa entre o plano operacional e a capacidade
produtiva (falta de capacidade), medias devem ser tomadas antes do início no plano de
produção orçado (PADOVESE; TARANTO, 2009).
CAPÍTULO 3 63
UNIDADE 2
DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES
O ativo imobilizado é formado por ativos operacionais como: móveis, edifícios, máquinas
e equipamentos, veículos, edifícios, computadores, terrenos. Eles são considerados como
responsáveis pela geração de produtos e serviços da empresa e são tangíveis. Os ativos
intangíveis são aqueles incorpóreos como exemplo: licenças de uso de software e patentes.
Uma definição muito comum na literatura contábil é que depreciação é o registro do declí-
nio de valor de um ativo imobilizado tangível, em função da deterioração física gradual, ou
deterioração econômica por obsolescência (LUDÍCIBUS; MARION, 2001).
Caso o investimento seja destinado a atividades industriais, a depreciação será um dos ele-
mentos do custo de produção do mês e só irá ao resultado, como parte do custo do produto
vendido, na medida em que a receita seja realizada.
Por outro lado, caso o investimento seja relacionado a atividades administrativas, desvincu-
ladas da atividade de manufatura, então a depreciação será imediatamente reconhecida no
resultado como despesa.
Cabe ainda lembrarmos que ativos intangíveis, como patentes de propriedade da empresa,
sofrem um mecanismo parecido com a depreciação, denominado de amortização. Já os
recursos naturais, como florestas e minas, sofrem desgaste denominado de exaustão (SILVA;
TRISTÃO, 2009).
■■ novos ativos não circulantes. Logo, os investimentos que estão sendo avaliados e apro-
vados no orçamento que está sendo elaborado.
Ou seja, para o cálculo da depreciação deve-se considerar o grupo de ativos que já existem
no início do período orçamentário e, portanto, já estão sendo depreciados pela Contabili-
dade (que pode ser obtido por meio do sistema de ativo fixo) e os novos investimentos, que,
por enquanto, existem apenas no plano orçamentário. Cabe o cuidado de agrupar os ativos
de mesma vida útil.
Desta forma, uma vez que os novos investimentos que estão sendo avaliados ao longo
do orçamento sejam aprovados, seus lançamentos impactarão no Balanço Patrimonial da
empresa e na Demonstração do Fluxo de Caixa, assim como a nova depreciação mensal
passará a afetar, também, o Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE), de acordo com
a finalidade do investimento, como vimos logo acima.
Entre nos sites das empresas desse setor e explore esse conteúdo. Você
também pode consultar as informações financeiras que são publicadas
periodicamente (na aba de Relação com os Investidores dos respectivos
NA PRÁTICA sites das empresas).
quando esses projetos iniciam sua vida útil. Desse modo, as despesas de depreciação, relati-
vas a esses novos projetos (quando entram em produção), também devem ser incorporadas
nas projeções da depreciação dos ativos correntes do resultado operacional, lembrando
que cabe atentar para a atividade fim do investimento (se ele é industrial, ou administrativo).
Paralelamente, cabe atentar para a característica integrada dos orçamentos. No caso de
expansão da produção, por exemplo, é importante o alinhamento entre o volume operacio-
nal orçado e o volume adicional gerado por esses novos projetos aprovados.
No nosso exemplo, vamos considerar que será feito um investimento de R$ 570.000, relativo
à aquisição de novos equipamentos industriais, os quais serão recebidos em 31 de janeiro,
entrando em operação no mês seguinte, com um aumento no valor da depreciação indus-
trial mensal (R$ 570.000 ÷ 120 meses = R$ 4.750).
Novos Equipamentos
Industriais $570.000 120 $4.750
(adquiridos em 31/01)
Nesta unidade, detalhamentos o cálculo das depreciações, demonstrando seu cálculo men-
sal para despesas de depreciação. Estudamos isso, ao entender o cálculo dos custos fixos
indiretos, pois a incidência da depreciação é alinhada à finalidade do imobilizado (a depre-
ciação relacionada a investimento em ativos destinados a atividades industriais é parte do
custo do produto vendido, enquanto a depreciação relacionada com atividades administra-
tivas é reconhecida, imediatamente, como despesa)
UNIDADE 3
FINANCIAMENTOS E DESPESAS FINANCEIRAS
Para os investimentos de longo prazo, como o exemplo tratado na unidade anterior, é pru-
dente que sejam financiados por obrigações também de longo prazo. Desse modo, pode-
mos encontrar como fontes de financiamento de longo prazo: recursos próprios gerados
internamente por lucros retidos; recursos externos sob a forma de endividamento: capital
de terceiros, ou a emissão de ações: capital próprio (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2005).
■■ arrendamento mercantil: “uma empresa cede à outra o direito de usar e obter rendi-
mentos com bens de capital de outra empresa, por um determinado período” (LEMES
JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2005, p. 234).
No sistema price, as prestações são constantes. Uma prestação, por sua vez, é decomposta
em duas partes: os juros e a amortização. Assim, a cada mês, juros e amortização somam,
sempre, o mesmo valor. No entanto, de um mês para o outro, os juros são decrescentes
(pois mês após mês, o saldo devedor diminui) e a amortização é crescente.
Assim sendo, cabe à área financeira definir a fonte de captação de recursos, considerando
ainda questões como as premissas de taxa de juros, prazo de pagamento, carência (se hou-
ver) e sistema de amortização.
68 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Como o exemplo do empréstimo foi em moeda estrangeira (dólares), houve uma variação
cambial de R$ 0,10 (cotação de 1,90 em janeiro e de 2,00 em fevereiro), que refletiu em
um gasto de R$ 30.000, relativo ao valor total captado em dólar e R$ 300 relativo aos juros
mensais em dólar. Assim, as despesas financeiras de fevereiro, relacionadas com os juros
mensais totais ficaram em R$ 5.700 do valor do empréstimo na moeda local mais os R$ 300
relativos à variação cambial do mês (juros totais – R$ 6.000)
Cabe lembrar que o valor da prestação mensal desse financiamento pode ser calculado no
Excel, pela função PGTO. Ou seja, calcula-se pela função PGTG (taxa; parcelas; valor pre-
sente; valor futuro; tipo).
A mesma função é utilizada para o cálculo em dólar. A lista abaixo demonstra o financia-
mento em dólar, com as prestações fixas:
Onde:
■■ PMT é o valor da prestação mensal, o qual é a soma de juros e amortização;
■■ Fator é o índice que transforma o valor presente numa série constante de pagamentos
(ou prestações) mensais. Ou seja, Fator = ((1+i)12 × i / ((1+i)12 – 1).
70 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
UNIDADE 4
CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PROJETADAS
Desse modo, existem algumas razões para que as empresas projetem a demonstração dos
resultados, o balanço patrimonial e o fluxo de caixa:
■■ possibilitam a separação do resultado econômico, identificado por meio do demonstra-
tivo de resultados projetado, e o resultado financeiro, identificado por meio do fluxo de
caixa projetado;
■■ possibilitam integridade das informações projetadas, pois, por exemplo, além de proje-
tar a receita, o respectivo recebimento constará no contas a receber no balanço patri-
monial, até que seja realizado, quando será refletido no caixa projetado.
CAPÍTULO 3 71
DEMONSTRAÇÃO DE
RESULTADOS DO PERÍODO
RECEITAS
CPV
MARGEM BRUTA
DESPESAS
RESULTADO OPERACIONAL
OUROS
RESULTADO ANTES DO IR
IR
RESULTADO LÍQUIDO APÓS IR
FLUXO DE CAIXA
DO PERÍODO
OPERACIONAL
DE BENS DE CAPITAL
DO ACIONISTA
FINANCEIRO
A figura acima mostra que, assim como ocorre na contabilização, o orçamento precisa ter
os seus demonstrativos projetados, de forma também integrada. Isto de maneira que o
Balanço Patrimonial do fim do exercício anterior (20x1) contém os saldos iniciais para o exer-
cício em orçamento, cuja projeção do Resultado do exercício (20x2), bem como os movimen-
tos de geração/absorção de caixa durante o ano, impactarão nos saldos finais do Balanço
Patrimonial do fim do ano, em orçamento (20x2).
72 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Resumo
Neste capítulo, estudamos as técnicas que as empresas utilizam para tomar a decisão de
fazer, ou não, fazer certo investimento de capital. Examinamos as vantagens e as limitações
de alguns dos métodos mais empregados.
Outro tópico explorado foi como financiar tais investimentos. Analisamos, em termos gerais,
alguns dos mecanismos existentes para a captação de longo prazo, além dos diferentes sis-
temas de amortização de financiamentos.
CAPÍTULO 4 73
Capítulo 4
DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS
74 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS DO CAPÍTULO
Para melhor compreensão das questões que envolvem o orçamento operacional, este
capítulo está dividido em:
Unidade 4 – Integração
76 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
UNIDADE 1
A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS (DRE)
O DRE do nosso exemplo de caso, está estruturado conforme os valores já projetados nos
capítulos 2 e 3. Para concluir este demonstrativo, resta completá-lo com as receitas ou des-
pesas financeiras de curto prazo, o que será feito quando elaborarmos o “Fluxo de Caixa”.
Cardoso (2012, p. 112) aponta alguns passos para serem lembrados na confecção de uma
projeção de demonstração de resultados:
1. a receita líquida é resultado da receita bruta líquida dos impostos (no nosso exemplo
também houveram descontos);
2. o lucro bruto é resultado da receita líquida deduzida dos custos dos produtos vendidos
(CPV);
O próximo quadro apresenta a DRE para os dois meses orçados em nosso exemplo. A coluna
da direita visa auxiliar a consulta da referência dos valores das respectivas linhas.
Financeiras 0 -6.000 3 3
Outras 0 -30.000 3 3
No nosso exemplo, vamos considerar que, quanto à participação dos lucros, a empresa
tenha previsto distribuí-las a empregados (5%) e aos administradores (também 5%), con-
forme a tabela abaixo.
78 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
JANEIRO FEVEREIRO
3. Resultado bruto;
4. Despesas Operacionais;
UNIDADE 2
DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA (DFC)
Assim, o Saldo final de Caixa gerado é calculado pelo Saldo Inicial de Caixa, mais os saldos
das atividades: Operacional, Investimento e Financiamento.
■■ O saldo do caixa Operacional do fim do período relaciona com os fluxos de caixa rela-
tivos à manutenção das operações da empresa, como os recebimentos das vendas, o
pagamento das compras, dos impostos e das despesas.
■■ O saldo do caixa dos Investimentos diz respeito aos fluxos de adições, ou baixas de ativo
não circulantes (por exemplo: investimentos de capital).
Entradas de caixa
(-) Saídas de caixa
Caixa gerado pela operação
Atividade de Investimento
Entradas de caixa
(-) Saídas de caixa
Caixa aplicativo em investimento
80 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Entradas de caixa
(-) Saídas de caixa
Caixa oriundo de financiamento
Vamos retomar nosso exemplo para elaborar o Fluxo de caixa, pelo modelo direto.
Vamos, agora, apurar o pagamento de impostos sobre vendas em dois grupos: um formado
pelo ICMS, PIS e COFINS, e o outro pelo IPI.
JAN. FEV.
JAN. FEV.
■■ a partir do segundo mês (fevereiro), os fluxos são obtidos por meio das compras (com
IPI), assumindo-se que são pagas com prazo de 30 dias; e das despesas, respeitando-se
a seguinte premissa quanto ao seu prazo de pagamento:
Benefícios 100%
Observe que é comum que a classificação do DFC seja mais sintética. O quadro a seguir
mostra o agrupamento dos custos de mão de obra direta (MOD) e os indiretos de produção
(CIP), (sem considerar matéria prima) com as despesas de “Vendas” e “Administrativas”.
Além disso, para encontrar o desembolso da categoria “Demais Gastos” (a qual não inclui
pessoal nem depreciação) é necessário somar a parcela à vista, incorrida no próprio mês,
com a parcela a prazo, incorrida no mês anterior.
Cabe atentar que é bastante relevante a diferença do tratamento entre custos e despesas,
conforme as regras contábeis. Tendo em vista o enfoque em pagamentos nesta unidade, os
quadros apresentados a seguir retomam os custos de produção (MOD e CIP) e as despesas
de “Vendas” e “G&A” (Gerais & Administrativas) já calculadas anteriormente.
CAPÍTULO 4 83
Agrupando-se os gastos dos dois quadros anteriores, chegaremos, conforme fica claro no
quadro seguinte, ao “Pagamento dos Demais Gastos”, para o mês de fevereiro. Observe
que o item denominado “Demais Gastos”, compreende os itens “Demais Custos Indiretos”, e
“Demais Despesas de Vendas e Gerais & Administrativas”.
84 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Observe que os valores do item “Pagamento dos Demais Gastos”, de fevereiro, é formado
por duas parcelas, uma proveniente dos “Demais Gastos” do próprio mês de fevereiro, paga
à vista, e a outra, do mês anterior, paga a prazo. O valor total pago, marcado em vermelho,
será demonstrado no DFC de fevereiro.
■■ Quando estudamos despesas, vimos que haverá empregados em férias no mês de feve-
reiro. Haverá então um desembolso de R$ 5.667, relativo aos adicionais de 1/3 das férias
do pessoal da fábrica e administrativo (2 x R$ 2.833 x 1/3).
■■ O saldo da provisão de IR e CSLL a pagar (em 31/12), será pago em janeiro. Como a apu-
ração de IR e CSLL é trimestral, não haverá novo pagamento em fevereiro.
O quadro a seguir, nos apresenta a demonstração confeccionada para os dois meses orça-
dos. Mas é importante observarmos que, caso o saldo final de caixa (ou disponibilidades)
encontrado, fosse negativo, teríamos que calcular um empréstimo de curto prazo para
“fechar o caixa”. Não foi o caso dos dois meses do exemplo.
CAPÍTULO 4 85
Atividades Operacionais
Entradas de Caixa
Receita Financeira
Atividades de Investimento
Financiamentos 0
Amortização (principal)
Para fins de orçamento, nosso exemplo apresenta o método direto, no qual observa-se os
saldos após as movimentações de saldo iniciais (+) entradas (-) saídas. O método indireto,
por sua vez, parte do lucro líquido do exercício contábil, chegando ao mesmo resultado
financeiro do fluxo de caixa pelo método direto.
A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) passou a ser um relatório obrigatório pela contabi-
lidade para empresas de capital aberto. A análise da geração futura de caixa e o respectivo
controle orçado versus realizado, é, também, muito importante, nessa análise de caixa.
Cabe destacar um alerta importante, mencionado por Padovese e Taranto (2009) sobre o
fluxo anual, mas que, também, aplica-se para as avaliações mensais/trimestrais: “é possível
que o fluxo de caixa gerado no ano seja negativo, que esse fluxo suplante, até mesmo, as
disponibilidades iniciais e que a empresa detecte a necessidade de lançar mão de outras
fontes de financiamento, para enfrentar suas insuficiências de caixa”. Nesse caso, de a
empresa captar financiamentos (empréstimos) com capital oneroso de terceiros, ela incorre
em despesas financeiras com juros, de maneira que precisará estimá-las em seus resulta-
dos, bem como analisar profundamente sua condição de liquidez (condições de honrar seus
pagamentos). Por outro lado, saltos positivos de caixa podem ser aplicados e gerar possíveis
receitas financeiras.
UNIDADE 3
O BALANÇO PATRIMONIAL (BP)
No Ativo Circulante são registrados os bens e direitos realizáveis ao longo do exercício social
subsequente. No Ativo Não Circulante, por sua vez, são classificados os direitos realizáveis
após o final do exercício subsequente, assim como os bens de utilização permanente.
No Patrimônio Líquido, a conta “Lucros Acumulados” não mais existe, uma vez que, ao final
do exercício social, todo lucro precisará ser destinado. Uma parcela do lucro poderá ser
distribuída aos sócios na forma de dividendos; outra parte do lucro poderá ser destinada à
formação de reservas; enquanto uma terceira parcela poderá, em tese, ser incorporada ao
próprio capital social.
CAPÍTULO 4 87
As contas do ativo
Vamos examinar a formação dos valores orçados de cada uma das contas, com a ressalva
de que, em nosso exemplo, o grupo do Ativo Não Circulante contempla, apenas, o subgrupo
do Imobilizado.
Como as contas do balanço são permanentes, o saldo de qualquer mês, parte do saldo do
mês anterior. Dessa forma, é necessário que o modelo de projeção seja alimentado por um
balanço de partida. Como nosso primeiro mês projetado será janeiro, partiremos dos saldos
do balanço de dezembro do ano anterior.
No nosso exemplo, a conta “Clientes” tem um saldo inicial de Janeiro de R$1.200.000 (saldo
em 31/12) e é debitada (ou seja, adicionada, na planilha de cálculo) pela receita de venda a
prazo e pelo IPI das vendas, deduzidos do desconto comercial, conforme já foi apurado no
capítulo 2 – Unidade 1.
Por outro lado, será creditada (ou seja, diminuída, na planilha de cálculo) pelo recebimento
das vendas, que foram apurados de acordo com a política de crédito concedida aos clientes,
como podemos acompanhar no quadro a seguir.
Já o Estoque de Matéria-Prima (MP) é adicionado por “Compras sem ICMS”, isto é, pelo valor
de compras de matérias-primas, ou materiais diretos, valor este líquido dos impostos recu-
peráveis, conforme apurado no capítulo 2 – Unidade 2. Na medida em que os insumos forem
requisitados para produção, o valor do “Custo de Matéria-Prima”, é transferido desta conta
para a de “Estoque de Produto Acabado”.
Acima, observamos as projeções dos saldos das contas dos ativos da empresa, que se refe-
rem ao conjunto de bens e diretos, controlados por uma empresa, que derivam de even-
tos ocorridos no passado e que tem potencial de gerar caixa futuramente. A seguir, vamos
acompanhar as contas do passivo.
Na composição do ativo, cabe lembrar que os lançamentos relacionados com o curto prazo,
ou seja, a um período de até 360 dias, são chamados de Ativo Circulante e representam o
ciclo operacional da empresa. Por sua vez, o Ativo Não Circulante registra os ativos que tem
expectativa de realização superior a 360 dias.
A projeção das contas de ativo trata dos bens e direitos da empresa. Vamos, agora, abordar
a projeção das contas do passivo, que representam as obrigações da empresa.
As contas do Passivo
Em relação a “Salários a Pagar”, seu saldo é creditado (ou seja, seu valor aumenta) devido à
despesa de salários incorrida no mês, seja salário do pessoal de fábrica (um custo de pro-
dução), seja salário do pessoal de vendas e administração, conforme estudamos no capítulo
2. O saldo será debitado, isto é, diminuído, pelo pagamento de salários verificado no mês.
Quanto à conta de provisão de férias e décimo terceiro, seu saldo aumenta pelas despesas
com provisão de férias e décimo terceiro salário (tanto “Fábrica”, quanto “Vendas” e “G&A”).
Diminui, por sua vez, pelo pagamento dessas obrigações trabalhistas, como já estudamos.
A conta de INSS e FGTS a recolher, refere-se aos tributos que incidem sobre os salários e
obrigações trabalhistas. Seu saldo aumenta por conta do custo e das despesas de Vendas e
G&A, com INSS e FGTS, conforme já estudamos. O pagamento que ocorrer no mês, relativo
a estes tributos, provoca a diminuição do saldo da conta.
“Fornecedores” é a conta relativa às compras, a prazo, de insumos adquiridos junto aos for-
necedores. Sua formação é a seguinte: será creditada (aumentada) pelo valor das compras
(com ICMS), acrescidas de IPI (conforme já estudamos); e será debitada (diminuída) pelo
pagamento das compras, efetuado ao fornecedor.
CAPÍTULO 4 91
A rubrica “Contas a Pagar”, no nosso caso, engloba os custos indiretos de fabricação, exceto
a depreciação ativos industriais, e as despesas de vendas e G&A, exceto as despesas de
salários e encargos, e depreciação dos ativos administrativos. Abrange, também, custos e
despesas com benefícios. Seu saldo aumenta pela despesa e diminui pelo pagamento, con-
forme vimos no quadro 7.
A conta “Provisão de IR e CSLL” vai sendo creditada (aumentada) pela despesa mensal com
Imposto de Renda e contribuição social sobre o lucro líquido. No momento do pagamento
destes tributos, a conta é então debitada (saldo diminuído). Supondo-se que o período de
apuração escolhido para os tributos seja trimestral, então não haverá recolhimento nos
meses de janeiro e fevereiro.
No quadro acima, observamos as projeções dos saldos das contas dos passivos da empresa,
que representam recursos de terceiros que financiam a empresa. São as obrigações pre-
sentes da empresa, que derivam de eventos ocorridos no passado e geram expectativa de
redução futura dos ativos, quando da liquidação dessas obrigações.
CAPÍTULO 4 93
Na composição do passivo, cabe lembrar que os lançamentos relacionados com o curto prazo,
ou seja, a um período de até 360 dias são chamados de Passivo Circulante e representam o
ciclo operacional da empresa. Por sua vez, o Passivo Não Circulante (exigível a Longo Prazo)
registra os ativos que tem expectativa de realização superior a 360 dias.
Por fim, quanto ao Patrimônio Líquido da empresa, também conhecido como capital próprio,
podemos considerar que, uma vez que as obrigações contra terceiros já estão contempladas
no passivo da empresa, a diferença (Ativo – Passivo = PL) pertence aos acionistas da empresa.
Fechando o balanço
Em nosso exemplo, não temos movimentação no Patrimônio Líquido e Capital Social nos
meses orçados. Eis a demonstração do Balanço Patrimonial, orçado para os meses de
janeiro e fevereiro.
Circulante Circulante
Caixa e Banco 100.000 27.100 18.690 Salários a pagar 200.000 202.000 227.100
Clientes 1.200.000 1.264.800 1.594.080 Prov. Férias e 13º 70.000 112.833 150.100
ICMS a recuperar 30.000 32.000 27.200 INSS e FGTS 50.000 53.642 60.298
IPI a recuperar 20.000 12.800 10.880 Fornecedores 190.000 172.800 146.880
Estoques – acabado 444.000 514.929 473.673 Contas a pagar 230.000 290.600 323.300
Estoques – insumos 143.000 149.000 137.400 Impostos a recolher 250.000 249.312 322.224
IPI a recolher 100.000 106.000 137.000
IR e CSLL a recolher 90.000 28.255 64.774
Participações a pagar 4.747 9.487
Financiamentos 570.000 552.691
O Balanço Patrimonial indica ATIVO = PASSIVO + PATRIMONIO LÍQUIDO, sendo que o termo
“Patrimonial” indica esse conjunto de bens, direitos e obrigações.
94 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
UNIDADE 4
INTEGRAÇÃO
Nesta unidade, vamos criar um caso hipotético, tomando como ponto de partida, o exemplo
que construímos ao longo do curso.
Considere que a empresa deseja avaliar o impacto de uma campanha promocional, na qual
o preço de venda dos produtos, em janeiro, é reduzido em 10%. Além disso, acima de um
determinado volume comprado, o cliente teria maior prazo de pagamento, de tal sorte que
30% das vendas seriam recebidas em 60 dias. Em contrapartida, a quantidade vendida, em
janeiro, de cada produto aumentaria 20%.
SIMULAÇÃO JANEIRO
TOTAL 1.144.800
JAN. FEV.
Receita Bruta 1.144.800 1.370.000
(-) Deduções -292.153 -349.624
Receita Líquida 852.647 1.020.376
(-) CPV -444.879 -503.458
Lucro Bruto 407.768 516.918
(-) Despesas -322.715 -415.831
Vendas -131.109 -154.708
Financeiras 0 -6.000
Gerais e Adm. -185.106 -219.123
Depreciação -6.500 -6.000
Outras 0 -30.000
Lucros Operacional 85.053 101.086
(-) Outras Rec./Desp.
Lucro Antes de IR 85.053 101.086
(-) I.R. e CSLL -30.516 -36.519
(-) Participações -5.317 -6.295
Observe, ainda, que, para se ajustar às novas condições de venda (maior prazo de recebi-
mento), a entrada de caixa por recebimento das vendas será bem menor em janeiro, assim
como os recebimentos, em fevereiro, serão menores. Estes efeitos também estão destaca-
dos no Balanço e no Fluxo de Caixa.
Veja, abaixo, como ficou a composição do contas a receber e a projeção dos recebimentos.
96 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Como os efeitos de redução no fluxo de caixa operacional, é possível que seja necessário
a empresa tomar empréstimos de curto prazo (os quais não eram necessários na situação
anterior). Esta captação de recursos se refletirá automaticamente no Balanço, na conta de
“Financiamentos de Curto Prazo”.
Observe que, com base nos impactos que as demonstrações contábeis apresentarem,
impactos de rentabilidade, liquidez, endividamento, etc., os gestores poderão decidir pela
conveniência da adoção daquele curso de ação.
CAPÍTULO 4 97
Resumo
Este capítulo abordou a discussão sobre uma etapa financeira do orçamento, que se refere
ao orçamento de investimentos e como a empresa pode financiar esses projetos.
Também analisamos, em termos gerais, como financiar tais investimentos, por meio da
captação de longo prazo. Ao observar exemplo-base de financiamento, compreendemos as
variáveis envolvidas de amortização de empréstimos, assim como o cálculo das despesas
financeiras, com juros e com variações cambial, que impactam no resultado. Vimos também
como a matemática financeira é uma ferramenta útil nessa etapa.
Para consolidar nosso estudo neste capítulo, elaboramos o orçamento das principais
demonstrações contábeis: o Demonstrativo de Resultados, Balanço Patrimonial e o Demons-
trativo de Fluxos de Caixa.
Mais do que conhecer uma forma de projetá-las, verificamos quais informações elas exigem.
Estas informações foram geradas ao longo das etapas anteriores, à medida que os planos
operacionais, de investimento e de financiamento foram formados.
Com a elaboração do Balanço Patrimonial, foi possível verificar que os saldos de cada conta
são formados por meio da reprodução dos lançamentos contábeis, que corresponderam
aos fatos ocorridos.
Com essa verificação, este quarto capítulo permitiu completar seu conhecimento a res-
peito das inter-relações entre os planos e as demonstrações, assim como entre as próprias
demonstrações contábeis.
Na última unidade deste capítulo, o aspecto de integração do modelo foi reforçado. Mostra-
mos, com um exemplo, que o orçamento pode ser usado como uma poderosa ferramenta
de planejamento e simulação.
98 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
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