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edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação
coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950
Domenico Serio
1918-2010
Apresentação
As razões que me levaram a escolher a obra
residencial vertical de Adolf Franz Heep como tema deste
trabalho, são fruto de referenciais oriundos da infância,
somados a uma considerável coincidência recente.
mais técnica e aprofundada, a importância de edifícios Este interesse pela habitação vertical, produzida
que desde criança me chamavam a atenção além do Itália, pela arquitetura moderna em São Paulo, me levou à escolha
como o Viadutos (Artacho Jurado) e a Galeria Metrópole deste tema para a elaboração da monografia final do curso
(Salvador Cândia e Gian Carlo Gasperini). de arquitetura; nela, fiz um fichamento pouco aprofundado
de treze edifícios modernos de habitação no centro de São
Dentre os edifícios residenciais que víamos nos Paulo, sendo que dentre eles, cinco eram de Franz Heep.
passeios, dois me despertaram um maior interesse: o
Ouro Preto, situado na avenida São Luiz, e o Lausanne, na Cinco anos após a conclusão do curso de arquitetura,
avenida Higienópolis. Quando Mario Figueroa me disse resolvi retomar o contato com os estudos e optei pelo
que estes edifícios haviam sido projetados pelo mesmo mestrado. A escolha do tema ocorreu de maneira muito
arquiteto do Itália, um alemão chamado Adolf Franz Heep, natural, devido ao meu grande interesse pela habitação
quis conhecer outras obras deste arquiteto, até então vertical moderna. Mas era necessário um recorte mais
desconhecido para mim. preciso de toda esta vasta produção; foi aí que meu amigo
e sócio, Ricardo Ruiz Martos, me disse: “Você não adora o
Com o doutorado de Figueroa, pude conhecer mais Heep? Então, estude só a obra do Heep! Neste momento,
dois edifícios residenciais de Heep: o Icaraí, situado na surgia o meu tema de mestrado: os edifícios residenciais de
praça Roosevelt e o Normandie, na 9 de Julho. Franz Heep em São Paulo.
Edifício Lausanne - 1953-58 - Adolf Franz Heep Edifício Ouro Preto - 1954-57 - Adolf Franz Heep
Foto: Edson Lucchini Jr. Foto: Edson Lucchini Jr.
VII
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Edifício Jequitibá
Sumário
Sinopse / Abstract 4
Parte I
Introdução
Acerca dos objetivos desta pesquisa 6
Metodologia de trabalho 7
Referenciais teóricos 9
Capítulo 1
Da necessidade de reconhecimento de uma 11
prática projetual
Capítulo 2
Modernidade de berço: a trajetória de Adolf 13
Franz Heep da Europa ao Brasil
Capítulo 3
Algumas obras não residenciais significativas 17
3.1 - Edifício do jornal O Estado de São Paulo 17
3.2 - Edifício Casa da França 18
3.3 - Edifício Souza Naves 18
3.4 - Edifício São Marcos 18
3.5 - Edifício Itália 19
3.6 - Igreja São Domingos 20
Capítulo 4
A cidade que mais cresce no mundo: panorama 21
da modernização e verticalização de São Paulo
no pré e pós 2ª guerra
Parte II
Os edifícios: objetos de estudo
Capítulo 5
5.1 - Critérios metodológicos de análise 26
5.2 - Critérios de ordenação das análises 27
5.3 - Tabela geral dos edifícios a serem 28
analisados
2
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Sumário
Capítulo 6
As análises 30
6.1 - Edifício Ouro Verde 31
6.2 - Edifício Normandie 50
6.3 - Edifício Icaraí 78
6.4 - Edifício Ibaté 94
6.5 - Edifício Lausanne 113
6.6 - Edifício Ouro Preto 142
6.7 - Edifício Lucerna - Cine Comodoro 160
6.8 - Edifício Araraúnas 183
6.9 - Edifício Guaporé 202
6.10 - Edifícios Lugano e Locarno 226
Capítulo 7
7.1 - Tabela com os demais edifícios de Heep 249
em São Paulo
7.2 - Considerações sobre os edifícios não 251
analisados
Parte III
Conclusões
Capítulo 8
8.1 - Inserção Urbana 253
8.1.1 - Valorização e entendimento de 254
esquinas
Sumário
Sinopse Abstract
Adolf Franz Heep foi uma das mais importantes Adolf Franz Heep was one of the most important
personalidades a deixar sua marca no pujante cenário personalities to live his mark over the strong architectonic
arquitetônico paulistano e brasileiro dos anos 1950 e 1960; scenarios in São Paulo and Brazil in the years of 1950 and
neste período, ele projetou inúmeros edifícios, sendo 1960. Around that period, he had projected countless
que alguns deles se tornaram referências da arquitetura buildings in a way that some of than turn to be a reference
brasileira tendo contribuído para as transformações que of the Brazilian architecture along with a contribution to
elevaram a cidade de São Paulo ao patamar de metrópole transform São Paulo in one of the cities that reach status
moderna. of modern metropolis.
Nascido na cidade de Fachbach, Alemanha, no ano Born in the city of Fachbach in Germany on the year
de 1902, Heep forma a sua personalidade arquitetônica of 1902, Heep develops his architectonics personality during
num momento histórico em que as discussões sobre os a special moment in the history when appealing discussions
conceitos de moradia mínima e de racionalização eram about minimal dwelling places and rationalization were
recorrentes. Em Paris, nos anos 1930, após trabalhar frequent. In Paris during 1930 years, after have worked for
com Le Corbusier, desenvolve alguns edifícios verticais de Le Corbusier, he develops various vertical housing buildings,
habitação para a classe média, em sociedade com Jean focusing the middle class, together with Jean Ginsberg.
Ginsberg; esta experiência foi fundamental para a definição That experience was fundamental for the definition of the
das bases de sua produção paulistana, anos mais tarde. basis in his production in Sâo Paulo City later on.
Após a 2ª guerra mundial, Franz Heep chega a São After the 2º World War Franz Heep arrives in
Paulo, onde atuará na consolidação e racionalização de São Paulo were he worked on the consolidation and
um modelo vertical de morar, produzindo duas dezenas de rationalization of a vertical way of leaving the same time as
edifícios residenciais que serão o objeto desta pesquisa. he produced two groups of ten buildings, witch will be the
object of this research.
A partir de um reconhecimento sistemático dessa
produção foi realizado o estudo pormenorizado, de caráter Beginning from the systematic recognition of this
descritivo e analítico de uma amostra de dez edifícios production, it was accomplish a detailed scrutiny, focusing
projetados por Heep em São Paulo, destacando os seus analyses and description on a sample of ten buildings
aspectos espaciais, plásticos, técnicos e urbanos; como developed by Heep in São Paulo, enhancing its spatial,
método para aprofundar os estudos, os edifícios foram plastics, technical and urban aspects as a method to go
redesenhados em meio digital, não apenas com o intuito deeper on the dissection of the buildings itself. Those
de ilustrar as situações descritas no texto, mas também de buildings, chosen to be the object of the analyses, were
registrar graficamente as suas condições originais. redesigned by digital methods not only to illustrate the
diverse situation described in the text, but to record
Esta pesquisa visa não apenas gerar uma graphically the original conditions of the project made by
documentação gráfica de qualidade acerca dos edifícios Heep.
residenciais de Franz Heep, mas também identificar
elementos recorrentes, que revelam o perfil projetual This research aim, not only, generate quality
do arquiteto, contribuindo para o conhecimento mais graphical documentation about the residential buildings
aprofundado de sua obra e a ampliação do reconhecimento projected by Franz Heep, but also identify appealing
da arquitetura moderna brasileira e paulistana. elements that reveal the way of working profile attitude of
the architect. This is our contribution to go deeper in the
knowledge of his achievements and enlarge the recognition
of the modern architecture in Brazil and São Paulo city.
Adolf Franz Heep ao lado da maquete do Edifício Itália - final dos anos 1950
Fonte: Acervo pessoal de Friedrich E. Blanke
Parte I
Introdução
6
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Metodologia de trabalho
(1) - Friedrich E. Blanke, alemão residente no Brasil, está com sua tese de doutoramento em andamento com o título “O arquiteto Adolf Franz Heep e a influência dele na arquitetura de
São Paulo” pela Carl von Ossietzky Universität Oldenburg, na Alemanha
(2) - A construtora Auxiliar é a única que ainda atua na área da construção civil nos dias de hoje, dentre os dez edifícios escolhidos para análise; as demais, C.N.I, Otto Meinberg S.A e
Dacio. A de Moraes foram extintas.
8
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
(3) - O DAMP ( Divisão de Arquivo Municipal de Processos) é um setor da Prefeitura de São Paulo que tem como atribuição conservar o acervo de processos administrativos encerrados,
dos exercícios de 1921 até hoje.
(4) - Os edifícios de Heep publicados na Revista Acrópole são: Normandie, Icaraí, Ouro Preto, Araraúnas, Lausanne e Lugano e Locarno
(5) - Os edifícios de Heep publicados na Revista Habitat são: Ibaté e Tucumàn
9
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Referenciais teóricos
(7) - Ruth Verde Zein é arquiteta pela FAU-USP (1977), mestre pela UFRS (1999) e doutora pela UFRS (2005) e pós-doutora pela FAU-USP (2008) e orientadora desta presente pesquisa.
(8) - Denise Xavier é arquiteta pela FAU PUCCAMP (1988) e mestre pela EESC- USP (2000).
(9) - Mario Arturo Figueroa Rosales é arquiteto formado pela FAU PUCCAMP (1988) doutor pela FAU-USP (2002)
11
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Capítulo 1
Da necessidade de reconhecimento de uma prática
projetual
Capítulo 2
Modernidade de berço: a trajetória de Adolf Franz Heep
da Europa ao Brasil
Este capítulo10 tratará brevemente da vida e obra
de Adolf Franz Heep, desde a sua formação européia à
sua produção no Brasil, para que se compreenda melhor
como o contexto de sua época definiu o seu perfil como
arquiteto, ressonando diretamente em seu trabalho na
cidade de São Paulo.
Lucjan Korngold
Além de Lina, nomes como Lucjan Korngold
Gian Carlo Palanti
(Polônia), Hans Broos (Áustria), Giancarlo Palanti (Itália),
Gian Carlo Gasperini (Itália), Victor Reif (Polônia) entre
muitos outros, vieram ao Brasil, onde viveram e obtiveram
muito êxito na prática arquitetônica.
Com Adolf Franz Heep não foi diferente. Ele chegou
ao Brasil em 1947; passou alguns dias no Rio de Janeiro e
logo veio à capital paulista. Elgson Ribeiro Gomes15, que
trabalhou muitos anos com Heep em São Paulo, relata em
entrevista a Friedrich Blanke uma história sobre a chegada
Hans Broos do arquiteto a São Paulo:
(14) -Jean Ginsberg, arquiteto polonês, foi para Paris no ano de 1924; estudou na Ecole Spéciale D’architecture e abriu seu escritório na mesma cidade em 1930. Foi sócio de Franz Heep
de 1932 a 1945. (BARBOSA, 2002, p. 20)
(15) - Elgson Ribeiro Gomes é arquiteto formado pela Universidade Mackenzie. Trabalhou no escritório de Franz Heep nos anos 1950. Em 1959, se mudou para Curitiba, onde contribuiu
para a consolidação da arquitetura moderna local. (GNOATO, L. Salvador P. Arquitetura e urbanismo de Curitiba – transformações do Movimento Moderno. Tese de Doutorado: FAU USP,
São Paulo, 2002)
15
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
(16) - Henrique Mindlin (1911-1971) formou-se engenheiro-arquiteto pela Universidade Mackenzie em 1932.
16
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
(17) - Informações mais detalhadas sobre a Construtora Auxiliar estão presentes na página 278
(18) - Informações mais detalhadas sobre o Cine Comodoro estão presentes na página 160
17
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Capítulo 3
Algumas obras não residenciais significativas19
Apesar do objeto desta pesquisa serem os edifícios
residenciais produzidos por Franz Heep em São Paulo,
cabe realizar, de modo geral, um apanhado de outras
obras importantes do arquiteto, dentro e fora da capital
paulista.
Ed. O Estado de São de São Paulo - 1948 Ed. O Estado de São de São Paulo - 1948
Foto: Edson Lucchini Jr. Fonte: Revista Acrópole 181, 1953, p.485.
(19) - As informações presentes neste capítulo foram compiladas a partir das seguintes obras:
BARBOSA, Marcelo Consiglio. A obra de Adolf Franz Heep no Brasil. Dissertação [Mestrado em Arquitetura e Urbanismo] - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São
Paulo, 2002;
GATTI, Catharine. Perfil do arquiteto - Franz Heep. Revista Projeto nº 97, São Paulo, março de 1987, p. 98-104, além de pesquisas realizadas por Friedrich Blanke para a realização de sua
tese de doutoramento.
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Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
3.3- Edifício Souza Naves
O Souza Naves é um edifício público, desenvolvido
por Heep, já em seu próprio escritório, em parceria com
Elgson Ribeiro Gomes. O projeto era destinado ao Instituto
de Pensões e Aposentadorias dos Servidores do Estado
(IPASE). Está localizado na cidade de Curitiba e seu projeto
data de 1953.
O São Marcos é um edifício de escritórios projetado
por Heep em 1959, na cidade de São Paulo. Possui fachadas
voltadas para três alinhamentos sendo que a principal
Ed. Casa da França - Rio de Janeiro - 1950 - J. Pilon e F. Heep
Fonte: Revista Acrópole 217, 1956, p.22.
volta-se para a Praça da Sé. As demais voltam-se para a rua
XV de Novembro e Anchieta. Destacam-se neste edifício,
a fachada ritmada pela caixilharia. A predominância dos
envidraçamentos se dá pela orientação sul da fachada
principal, que se volta para a Praça da Sé. A fachada norte,
muito sombreada pelos edifícios vizinhos, também conta
com muitas superfícies envidraçadas.
Ed. Souza Naves - Curitiba - 1953 - F. Heep e Elgson R. Gomes Ed. São Marcos - São Paulo - 1959 - Adolf Franz Heep
Fonte:http://circulandoporcuritiba.blogspot.com/2010_03_01_ Foto: Edson Lucchini Jr.
archive.html - acesso em maio de 2010
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Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Ed. Itália - São Paulo - 1956 Perspectiva do saguão do ed. Itália - São Paulo - 1956
Foto: Edson Lucchini Jr. Fonte: Revista Acrópole 210, 1956, p.229.
Igreja São Domingos - São Paulo - 1953 Igreja São Domingos - São Paulo - 1953
Fonte: Revista Acrópole 325, 1965, p.43. Fonte: Revista Acrópole 325, 1965, p.41.
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Capítulo 4
A cidade que mais cresce no mundo: panorama da
modernização e verticalização de São Paulo no pré e pós
2ª guerra.
(21) - Entende-se por “centro novo” de São Paulo, a parte dele que transpôs o Vale do Anhangabaú em direção ao oeste.
(22) - O “Código de Obras Arthur Saboya” teve sua promulgação como lei municipal nº 3.427 em 1929
(23) - Termo extraído de (FIGUEROA, 2002)
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Construção dos edifícios Lugano e Locarno na av. Higienópolis - 1959 Esses fatores fizeram com que os casarões virassem
Verticalização avançando sobre os palacetes
Fonte: http://www.sampa.art.br/images/142.jpg
alvo do novo mercado imobiliário, já que esses terrenos,
acesso em maio de 2010 além de todas as suas boas características espaciais, ainda
se encontravam numa região da cidade já dotada de uma
boa infra-estrutura.
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Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Capítulo 5
5.1 - Critérios metodológicos de análise
(24) - Os Critérios sobre a escolha desta amostra de dez edifícios são comentadas no item de nome “Metodologia de trabalho”, na página 7
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1953, Normandie
1953, Icaraí
1953, Ibaté
1953, Lausanne
1954, Lucerna
cine Comodoro
1955, Araraúnas
Capítulo 6
As análises 1956, Guaporé
1958, Lugano e
Locarno
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á
bara
r. s
bé
m
tai
r. p
r.
iauí
mackenzie
construção
Otto Meinberg S.A.
terreno
Retangular - 533 m²
unidades
Térreo:
1 ap. zelador de 50m², 1 ap. de 71m²,
1 ap. de 90m²
1º ao 8º pav:
1 ap. de 153m2, 1 ap. de 156m²
9º pav.:
1 ap. de 96m², 1 ap. de 113m²
10º pav.:
1 ap. de 160m²
Total: 22 unidades
c o e f. d e a p ro ve i ta m e nto
7.45 - Área total = 3970m²
taxa de ocupação
63 %
conservação
Boa
descaracterização
Média
32
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
(25) - Considerações sobre o bairro de Higienópolis também podem ser encontradas na página 23
(26) - Informações mais detalhadas sobre a parceria entre Franz Heep e Otto Meinberg podem ser encontradas na página 16
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Térreo e subsolo
90 m²
rua sabará
O pavimento térreo, sem pilotis, abriga três
apartamentos, sendo que um deles, com 50,00m², destina-
se ao zelador; este separa-se dos demais pelo acesso
ap. zel.
50 m² principal que situa-se deslocado à esquerda do eixo da
71 m² planta, para quem da rua vê o edifício de frente pela rua
Piauí; um corredor de 4,00m de largura conduz ao hall social,
situado na porção central do volume, de onde se acessam
os apartamentos térreos destinados aos moradores à
direita, os elevadores ao centro, e o apartamento do
rua piauí
zelador à esquerda. Atrás da caixa de elevadores há um
Esquema de distribuição do pavimento térreo
hall de serviço, onde se acessam as escadas e a saída para
circulação horizontal - hall social os fundos do lote.
circulação vertical
lojas
O subsolo, destinado às garagens, conta com dois
acessos feitos por rampas; um se dá pela rua Sabará,
ocupando o recuo entre a torre e a divisa do lote; o outro,
se dá pela rua Piaui, também ocupando o recuo lateral. Há
apenas a possibilidade da acomodação de 14 veículos na
garagem, número inferior ao de unidades, que somam 22.
Circulação Vertical
A caixa de circulação vertical do Ouro Verde está
contida dentro do volume único do edifício; ela se dá por dois
elevadores, sendo que um deles abre-se para o hall social,
e o outro, para o hall de serviço, que é onde se acessam as
Térreo do Ouro Verde - acesso social.
escadas em ferradura, sem patamar intermediário.
Foto: Edson Lucchini Jr.
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Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
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A unidades do 1º ao 8º andar possuem 153m²
e 156m², com arranjos espaciais muito semelhantes,
portanto, a descrição de uma se aplica à outra.
rua sabará
156 m² O acesso social do apartamento se dá pela sala de
jantar, que não possui divisões com a sala de estar; juntas,
elas conformam uma planta em “L” com 39,00m². Na sala
153 m²
de jantar, há uma passagem para um hall que distribui
os fluxos para dois dormitórios, cozinha e banheiro; os
dormitórios são idênticos e espelhados entre si, com
15,00m² cada. O banheiro, comum para os dois dormitórios,
possui 8,00m² de área e espaço para banheira, separada
rua piauí do box. A cozinha, retangular, com 11,00m², pode ser
Esquema de distribuição do pavimento tipo do 1º ao 8º andar
acessada pelo hall de distribuição, pela sala de jantar e
pela lavanderia, além de contar com o acesso de serviço
circulação horizontal - hall social
do apartamento, resultando num excesso de portas, que
circulação vertical
lojas
compromete sensivelmente a distribuição do mobiliário.
A sala de estar fragmenta o setor íntimo do apartamento,
separando a suíte dos demais dormitórios, o que confere,
de certo modo, mais privacidade para esta, porém, rompe
a setorização do apartamento.
rua sabará
rompimento da simetria diagonal que ordenava os andares
113 m²
inferiores, produzindo duas unidades de arranjos espaciais
96 m² e dimensões diferentes no 9º pavimento.
rua sabará
dois dormitórios de solteiro de 15,00m² cada e um de casal,
com 18,00m². Há um banheiro que serve ao dormitório
160 m² de casal, sendo acessado pelo corredor, sem configurar
uma suíte; um outro banheiro, na outra extremidade
terraço
do corredor, serve aos dois dormitórios de solteiro. O
setor de serviços é composto pela cozinha, dormitório e
banheiro de empregada. A cozinha é acessada pela sala de
jantar e conta com 13,00m²; nela também se encontra o
rua piauí acesso de serviço do apartamento. Há uma fragmentação
da área de serviço, de modo que o dormitório e banheiro
Esquema de distribuição do 10º andar
de empregada separam-se da área de serviço pela caixa
circulação horizontal - hall social
de escadas do edifício, resultando numa situação onde
circulação vertical
o espaço para lavagem de roupas encontra-se fora do
lojas
apartamento. Nesta unidade, pode-se obrservar uma
setorização mais precisa e independente, ou seja, é possível
acessar os diferentes setores da planta sem ter que passar
por um setor para chegar a outro.
Fachadas
1
apto. zelador - 50 m²
1 - acesso principal 1 - sala de jantar
3
2 - hall de social 2 - sala-living
3 - hall de serviço 3 - banheiro
4 - depósito de lixo 4 - cozinha
5 - serviço
2 3
apto. 1 dorm. - 71 m² apto. 1 dorm. - 90 m²
1 - sala de jantar 1 - sala de jantar
2 - sala de estar 2 - sala de estar
3 - dormitório 3 - dormitório
4 - banheiro 4 - banheiro
5 - cozinha 5 - cozinha
6 - serviço 6 - serviço
7 - banh. empregada 7 - dorm. empregada
8 - banh. empregada
1 2
planta do pav. térreo
esc. 1:250
1 - rampas
2 - caixas d’água
planta do subsolo
esc. 1:250
45
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Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
1
apto. 3 dorm. - 153 m²
1 - sala de jantar
2 - sala de estar
3 - hall de distribuição
4 - dorm. solteiro
5 - dorm. solteiro
6 - suíte casal
7 - banheiro casal
8 - banheiro social
1
9 - cozinha
10 - serviço
11 - dorm. empregada
12 - banh. empregada
planta do 1º ao 8º pav.
esc. 1:250
1 2
apto. 2 dorm. - 96 m² apto. 2 dorm. - 113 m²
1 - sala de jantar 1 - sala de jantar
2 - sala de estar 2 - sala de estar
3 - dorm. casal 3 - dorm. solteiro
4 - dorm. solteiro 4 - dorm. casal 1
5 - banheiro 5 - closet
6 - cozinha 6 - banheiro
7 - serviço 7 - cozinha
8 - dorm. empregada 8 - serviço
9 - banh. empregada 9 - dorm. empregada
10 - banh. empregada
planta do 9º pav.
esc. 1:250
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Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
corte AA
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Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
detalhe de fachada
Alternância de cheios e vazios entre ter-
raços, faixas verticais de cobogós e super-
fícies mais opacas em alvenaria.
pça. tes
rtins fon
roosevelt r. ma
r. ma
rtinh
lig. l
o pr
o
julh
este
e
9d
ado
av.
-oes
te
construção
C.N.I.
(Engº resp. Roberto Zuccolo)
terreno
Irregular - 1360 m²
unidades
1º ao 7º pav.:
10 kitch. de 30m², 2 ap. de 52m²
8º ao 19º pav:
10 kitch. 30m2
20º pav.:
5 ap. de 52m²
21º pav:
5 ap. de 46m²
Total: 214 unidades
publicações
Acrópole 219, 1957, p.95-97
c o e f. d e a p ro ve i ta m e nto
7.5 - Área total = 10.220m²
taxa de ocupação
60 %
conservação
péssima
Fotos do ed. Normandie em
1955
Fonte: Revista Acrópole 219, descaracterização
1957, p.95. Média
51
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Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
A Avenida 9 de Julho e o Plano de Avenidas edifício Guatemala, de 1955, do arquiteto Francisco Beck.
(AMARAL DE SAMPAIO, 2002 p.134)
Nos anos, 1930 e 1940, o modelo rodoviarista se O edifício Normandie, projetado por Franz Heep
consolidara através do Plano de Avenidas de Prestes Maia. em 1953 e entregue em 1957, também está inserido
Este plano expansionista baseava-se na adoção de uma neste importante vetor de verticalização criado pelo
estrutura viária radial-perimetral de modo a expandir a Plano de Avenidas, que é a avenida 9 de Julho. É o edifício
área central, além de possibilitar e ordenar o crescimento com o maior número de unidades projetado por Heep
vertical e horizontal da cidade em anéis sucessivos. O em São Paulo, totalizando 214, sendo que 209 são do
projeto previa a construção e alargamento de avenidas, tipo kitchenette27 . A reportagem da revista Acrópole nº
gerando fluidez ao tráfego entre o centro e os bairros; 219 destaca que a opção por se construir um edifício de
estas avenidas, além do papel viário, definiram vetores de kitchenettes na avenida 9 de julho se dá pelo fato dela ser
expansão vertical na cidade. Seu sucesso parcial se deu uma via de grande movimento, o que não atrai famílias, e
apenas com a nomeação de Prestes Maia como prefeito, sim, pessoas solteiras ou casais sem filhos.
que implantou o perímetro de irradiação, expandindo o
centro e conseqüentemente, a ocupação vertical. (AMARAL No Normandie, Heep inaugura algumas tipologias
DE SAMPAIO, 2002 p.133) que serão repetidas diversas vezes por ele mesmo em
outros projetos posteriores. A fachada, marcada pelas
Com Maia à frente da prefeitura foram executadas floreiras, por elementos curvos de concreto que separam
a Av. Ipiranga, o alargamento da Av. Senador Queiróz as unidades, e pelos caixilhos com peitoris e bandeiras
e São Luiz, projetos da 23 de Maio e da Radial Leste e móveis, será reproduzida com pequenas variações nos
construção da avenida Tiradentes e da 9 de Julho; esta foi edifícios Arapuã (1953), e no Japurá (1954). As soluções de
um importante exemplo de vetor de verticalização, onde planta das kitchenettes do Normandie, serão amplamente
mais de 100 edifícios foram erguidos por empreendedores reproduzidas em outros edifícios de Heep, como o Icaraí28
privados, voltados à habitação coletiva de baixo custo entre (1953), o Arapuã (1953), o Araraúnas29 (1955), o Marajó
1945 e 1960. Dentre esses edifícios, encontramos alguns (1955) e o Guaporé30 (1956).
interessantes exemplares da arquitetura moderna, como o
bloco principal
av. 9 de julho
53
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Térreo e subsolo
A circulação vertical do edifício Normandie se dá em Em todos os andares destinados às habitações
um volume irregular de cantos arredondados, destacado (1º ao 21º), o arranjo espacial dos pavimentos se dá
da lâmina principal do edifício e situado na parte posterior por um corredor linear voltado para a face posterior da
desta, voltada para os fundos do lote. Este volume de lâmina principal, que iluminado e ventilado por cobogós
circulação vertical é o único elemento do projeto que rompe de concreto, distribui os fluxos para os apartamentos,
a simetria da planta, e consequentemente, da fachada voltados para a face principal. O Normandie conta com
posterior do edifício; essa quebra de simetria deu-se por seis situações distintas na distribuição e tamanhos dos
uma condicionante geométrica do terreno, como mostra o apartamentos nos pavimentos tipo, fruto dos recuos que
croqui abaixo. Quatro elevadores, sendo três sociais e um o edifício sofre ao longo do seu desenvolvimento vertical.
de serviço, levam do térreo ao 21º pavimento. Do 1º ao Do 1º ao 7º pavimento, o bloco principal de apartamentos
21º, as escadas são lineares sem patamar intermediário. alinha-se com as duas divisas laterais do lote, acarretando
Somente nas transposições do 1º pavimento para o térreo numa maior área do pavimento tipo e possibilitando a
e deste para o subsolo, ela se torna curva, em forma de distribuição de doze unidades do tipo kitchenette, dispostas
ferradura, também sem patamar intermediário. A adoção lado a lado, todas voltadas para a avenida 9 de Julho, com
de um volume destacado da lâmina principal para a orientação sudeste. As duas unidades das extremidades
realização da circulação vertical, era uma prática corrente da planta do pavimento tipo, do 1º ao 7º andar, contam
na época do Normandie, não só na obra de Heep, como na com 52m² de área e possuem largura 1,00m maior que
de muitos outros arquitetos contemporâneos a ele; esta as dez demais, que contam com 30m² cada. Além disto,
solução é encontrada na obra de Franz Heep nos edifícios as unidades das extremidades ainda possuem os terraços
Icaraí (1955), Arapuã (1953), Araraúnas (1955) e Arlinda trapezoidais, que projetam-se até o alinhamento com os
(1958), além de também ser utilizada no Ed. Copan, de edifícios lindeiros.
Oscar Niemeyer.
52m² 30m² 30m² 30m² 30m² 30m² 30m² 30m² 30m² 30m² 30m² 52m²
circulação horizontal
circulação vertical
Fachada posterior do Ed. Copan - Oscar Niemeyer - 1951 - Corpo de
circulação vertical destacado da lâmina principal. unidades
Foto: Edson Lucchini Jr.
56
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
As plantas das kitchenettes de 30m² são compostas dotada de serviços coletivos, dispensando-os de estarem
por uma cozinha, um banheiro e uma sala-living. A cozinha dentro de cada apartamento. Neste caso paulistano, a
conta com 1,00m de largura por 0,80m de profundidade, unidade de habitação não é auto-suficiente, como a de
cujo detalhamento aparece na publicação da revista Le Corbusier, mas o fato do edifício de kitchenettes estar
Acrópole nº 219. Uma geladeira se encaixa sob a pia de inserido num contexto urbano bem servido de opções para
mármore, que conta com uma cuba e um espaço suficiente as refeições, a compactação da cozinha se torna viável. As
para a colocação de um fogão de duas bocas. Acima da lavanderias são ausentes nas kitchenettes, mais uma vez
cuba, encontram-se duas prateleiras de granilite. Heep pressupondo que serão utilizados os serviços da cidade.
desenhou este pequeno espaço em todos os seus detalhes, Outra possível explicação para se justificar as dimensões
com equipamentos muito compactos. O conceito de reduzidas da cozinha é o fato de não existirem na época
kitchenette desta época em São Paulo, se apropriava de tantos equipamentos eletro-eletrônicos disponíveis
alguns elementos da cartilha de habitação mínima de Le no mercado. Hoje, com a grande variadade desses
Corbusier, que tinha como prerrogativa a não necessidade equipamentos, muitas das cozinhas do Normandie foram
de espaços generosos para serviços como cozinha e reformadas, aumentando a sua área e diminuindo a do
lavanderia dentro do apartamento, afinal a célula31 de banheiro, que possuia medidas mais generosas devido à
habitação (termo para se definir uma unidade unifamiliar) presença do bidê, fato recorrente na época.
fazia parte de uma unidade de habitação auto-suficiente,
(31) - Termo extraído de SAMPAIO, Maria Ruth Amaral de (org.). A Promoção Privada de Habitação Econômica e a Arquitetura Moderna, 1930-1964. São Carlos: RiMa, 2002
57
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Estrutura
46m² 46m² 46m² 46m² 46m²
Fachadas
Lojas do térreo e rampa de acesso.
Foto: Edson Lucchini Jr.
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Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
bandeira ar quente
floreira
peitoril
ar frio
Elementos de fachada.
Fonte: Revista Acrópole 219, 1957, p.112.
entre si, eles também servem como uma espécie de brise; correr, em vidro e aço, cujo comprimento corresponde
a orientação sudeste do edifício promove uma incidência à largura do apartamento. Sob a floreira há um peitoril
de luz solar na fachada principal de modo diagonal, desta basculante em vidro. A bandeira, sobre o caixilho principal,
forma, as lâminas de concreto, impedem que os raios também bascula; este sistema de peitoris e bandeiras
do forte sol da tarde incidam diretamente nas unidades basculantes tem a função de promover a troca de ar no
residenciais. Além das questões funcionais, as lâminas apartamento, de modo que o ar frio entra pela parte inferior
de concreto atribuem uma forte identidade à fachada do (peitoril) e o ar quente sai pela parte superior (bandeira).
Normandie, estabelecendo um interessante ritmo visual,
para quem vê o edifício de baixo para cima. Esta tipologia de fachada descrita será retomada
por Heep, com pequenas variações, no edifício Arapuã
As aberturas das unidades, voltadas para a fachada (1953) e no Japurá (1954).
principal, são compostas por caixilhos de duas folhas de
65
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Situação Atual
Hoje, o Normandie se encontra muito degradado;
além da falta de manutenção, nota-se que os caixillhos
originais vêm sendo trocados por novos muito diferentes
Fachada dos fundos, vista da rua Avanhandava
Fonte: Revista Acrópole 219, 1957, p.97. entre si, comprometendo a unidade da fachada. Além
disso, o fechamento dos terraços trapezoidais trouxe um
empobrecimento considerável da volumetria.
1 - rampa de acesso
2 - hall social - portaria
3 - hall de elevadores sociais
4 - zelador
5 - lojas
6 - estoques
7 - banheiros
67
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
1 - lojas
2 - estoques
3 - banheiros
4 - medidores
5 - molas dos elevadores
68
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
1 2
planta do 1º ao 7º pav.
esc. 1:250
1 2
kitchenette - 52 m² kitchenette - 30 m²
1 - cozinha 1 - banheiro
2 - banheiro 2 - cozinha
3 - ambiente de dormir 3 - closet
4 - ambiente de estar 4 - sala-living
5 - terraço
69
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
planta do 8º pav.
esc. 1:250
1
kitchenette - 30 m²
1 - banheiro
2 - cozinha
3 - closet
4 - sala-living
70
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
1
kitchenette - 30 m²
1 - banheiro
2 - cozinha
3 - closet
4 - sala-living
71
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
1
kitchenette - 30 m²
1 - banheiro
2 - cozinha
3 - closet
4 - sala-living
72
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
1
apto. 1 dorm. - 52 m²
1 - cozinha
2 - área de serviço
3 - banheiro
4 - sala de estar
5 - dormitório
6 - terraço
73
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
1
1
1
kitchenette - 46 m²
1 - cozinha
2 - área de serviço
3 - banheiro
4 - sala-living
5 - terraço
74
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
corte AA
75
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
fachada posterior
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Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
detalhe de fachada
Floreiras que conferem horizontalidade.
Lâminas de concreto que individualizam
as unidades trazendo privacidade, além
de proteção solar e um interessante
ritmo na fachada, para quem vê o edifício
de baixo e lateralmente.
pça.
roosevelt
na
pesta
stor
r. ne
construção
Incorporação: Otto Meinberg S.A.
Construção: George Doppler Ltda.
terreno
retangular - 382,5 m²
unidades
1º ao 24º pav.:
4 kitchenettes de 43,00m²
Total - 96 unidades
publicações
Acrópole 210, 1956, p. 234 - 235
c o e f. d e a p ro ve i ta m e nto
13.8 - Área total = 5354,61m²
taxa de ocupação
58%
conservação
Boa
descaracterização
Baixa
publicação na revista acrópole nº 210 - 1956
79
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
A Praça Roosevelt33
(33) - As informações sobre a praça Roosevelt são provenientes do site http://pt.wikipedia.org acessado em abril de 2010
80
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Inauguração da Praça Roosevelt - 25 de janeiro de 1970 Inauguração da Praça Roosevelt - 25 de janeiro de 1970
Fonte: acervo pessoal de Dario Bueno Fonte: acervo pessoal de Dario Bueno
81
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
praça
roosevelt
(34) - O edifício Jequitibá é um projeto de Adolf Franz Heep datado de 1957, situado na cidade litorânea de São Vicente, SP. (p. XX)
82
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Térreo e subsolo
circulação horizontal
Situada em um volume destacado do principal
circulação vertical
lojas
localizado na parte posterior do terreno, a circulação
vertical é composta por dois elevadores e uma escada em
três quartos de volta sem patamar intermediário.
Estrutura
As exigências de uso de um pavimento térreo
podem frequentemente condicioná-lo a um arranjo
espacial diferente daquele dos pavimentos tipo. Essas
diferentes demandas de espaços sugeriram a adoção de
dois diferentes ritmos de distribuição estrutural no edifício
Icaraí.
transições
86
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
87
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Fachadas
(35) - As Unidades de Habitação (Unité d’Habitation) são grandes edifícios modulares projetados por Le Corbusier após a 2ª guerra mundial. Elas foram construídas em Nantes-Rezé,
Briey-en-Foret, Meaux, Belim e Firminy, porém, a mais célebre é a de Marselha; nela, Le Corbusier teve, pela primeira vez, liberdade total para expressar suas concepções sobre a
habitação moderna destinada à classe média. (BOESIGER, Willy. Le Corbusier. São Paulo: Martins Fontes, 1998.)
89
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
90
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
1
kitchenette - 43 m²
1 - cozinha
2 - banheiro
3 - sala-living
4 - terraço
1
91
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
corte AA
92
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
detalhe do coroamento
O coroamento segue as linhas verticais
e horizontais da fachada, criando um
guarda-corpo para a cobertura igual aos
demais, porém opaco, sem os gradis.
detalhe do térreo
No térreo há uma robusta viga de tran-
sição que possui uma leve inflexão. As
portas da entrada social e das lojas são
recuadas afim de serem protegidas da
chuva.
94
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
bo
klo
oc
ad
r.
a
h
nt
r.
on
io
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rlo
s
r.
ta
lui
us
sc
ug
oe
a
lh
r.
o
construção
Otto Meinberg S.A.
terreno
Retangular - 668 m²
unidades
1º ao 6º pav.:
2 kitch. de 30,75m², 5 ap. de 62m²,
1 ap. de 90,20m²
7º pav:
6 ap. de 54m2, 1 ap. de 73m²
8º pav.:
5 ap. de 42,25m², 1 ap. de 80,30m²
Total: 61 unidades
publicações
Habitat 29, 1956, p.62-63
c o e f. d e a p ro ve i ta m e nto
7.2 - Área total = 4815m²
taxa de ocupação
83 %
conservação
Boa
descaracterização
Foto do ed. Ibaté em 1956 Fonte: Revista Habitat 29, 1956, p.62.
Baixa
95
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
A Rua Augusta36
bloco principal maior face do terreno, voltada para a rua Antonio Carlos,
sofre um desnível de 3,00m, no sentido da esquerda para
a direita, para quem desta rua vê o edifício de frente,
portanto, o ponto mais baixo do terreno, situa-se na
rua antonio carlos esquina com a rua Augusta.
Pavimento térreo
(36) - As informações sobre a rua Augusta foram compiladas a partir de informações provenientes do site http://pt.wikipedia.org acessado em fevereiro de 2010
96
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
rua augusta
bloco principal
A partir do primeiro pavimento, o corpo elevado
segue faceando os alinhamentos do terreno, porém, ele
rua antonio carlos
recua-se da divisa dos fundos em 3,20m; somente as caixas
1º ao 6º andar
de escadas e elevadores, além de um pequeno trecho
da planta na extremidade direita, continuam faceando a
divisa dos fundos. O sétimo pavimento sofre recuos, que
o desloca em 1,60m do alinhamento com a rua Antonio
Carlos e 1,20m do alinhamento com a rua Augusta.
No oitavo pavimento há um novo recuo em relação ao
sétimo em mais 1,75m no sentido longitudinal e 1,35 no
transversal. O edifício, portanto, conta com térreo mais oito
pavimentos, sendo que os dois últimos são escalonados. A
altura total da face do volume voltada para a rua Augusta
é de 34,00m, porém, devido ao desnível que ocorre no
térreo, a face oposta do volume conta com 31,00m de
altura. Esta diferença de 3,00m, fez com que fosse possível
a adoção de uma sobreloja apenas na porção direita, para
quem vê o edifício da rua Antonio Carlos, como mostra o
corte esquemático abaixo.
sobreloja
3.00
0.00
Térreo
O pavimento térreo acompanha o desnível de
3,00m que o terreno sofre em seu sentido transversal,
loja na direção da esquerda para a direita, para quem, da rua
90m² Antonio Carlos, vê o edifício de frente; deste modo, as seis
rua augusta
loja loja loja loja lojas acompanham este desnível, estando cada uma numa
83m² 97m² 88m² 95m² loja
86m²
cota diferente. Destas seis lojas, quatro estão totalmente
voltadas para a rua Antonio Carlos, uma está voltada para a
rua Augusta, e uma está na esquina, abrindo-se para ambas
rua antonio carlos as ruas. O acesso dos moradores se dá na porção central da
circulação horizontal - hall social planta térrea, onde um corredor de 4,00m de largura por
circulação vertical 12,00m de comprimento conduz aos elevadores. Ladeando
lojas à direita o acesso principal de moradores, encontra-se
uma entrada independente que conduz à sobreloja, cujo
uso se destina a escritórios. Sem dúvida, a adoção de lojas
no térreo foi uma decisão acertada por se tratar de um
projeto implantado em uma das ruas de comércio mais
intenso da cidade.
Circulação Vertical
A circulação vertical do Ibaté, assim como na maioria
dos edifícios laminares projetados por Heep, é feita em
volumes secundários, destacados do principal, que faceiam
a divisa de fundos do terreno, porém, neste caso em
análise, as escadas e elevadores estão em caixas separadas
Térreo do Ibaté - valorização da esquina. e independentes entre si. A caixa de elevadores situa-se na
Foto: Edson Lucchini Jr.
porção central da planta; já a de escadas, desloca-se mais
(37) - Termo extraído de (BARBOSA, 2002, p. 92)
98
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
rua augusta
Pavimento tipo e unidades
62m² 30m² 30m² 62m² 62m² 62m² 62m² 90m²
rua augusta
54m² 54m² 54m² 73m²
modo, o 7º pavimento conta com seis unidades de 54,00m²
e uma de 73,00m². O recuo não interferiu muito no arranjo
rua antonio carlos das plantas das seis unidades de 54,00m² em relação às
Esquema de distribuição do 7º pavimento de 62,00m² dos andares inferiores, sendo que a única
diferença entre elas, além da perda de 8,00m², é o fato
circulação horizontal da sala de estar e do dormitório terem se transformado
circulação vertical em terraços abertos, que não contam na área total do
unidades apartamento.
Fachadas
O coroamento do Ibaté ocorre nos dois últimos Considerações e hipóteses acerca da postura de
pavimentos, que sofrem o escalonamento obrigatório. Heep em relação aos escalonamentos e coroamentos dos
Os recuos geraram terraços descobertos, separados entre edifícios serão comentadas de forma mais detalhada nas
si por muros de 2,00m de altura que individualizam as conclusões deste trabalho (p.271).
unidades residenciais. Não há mais o uso da “Janela Ideal”
e sim, portas balcão de abrir com bandeira superior de
ventilação permanente. O 7º pavimento ainda conta com Situação Atual
a floreira da grelha dos andares inferiores, porém, no
8º, ela dá lugar a um guarda-corpo de concreto e tubos
metálicos. Atualmente, o edifício Ibaté encontra-se num
estado satisfatório de conservação e num nível baixo de
No coroamento do edifício Ibaté, como em quase descaracterização em relação ao projeto original. Como
todos os demais estudados, o escalonamento obrigatório em quase todos os edifícios estudados, os fatores que mais
surge como uma forte condicionante de projeto, que agridem as fachadas são os fechamentos de terraços com
desafia a capacidade do arquiteto em obter uma solução caixilhos variados e de péssima qualidade, que empobrecem
harmoniosa. Só o escalonamento em si já representa uma a volumetria original do edifício e comprometem a unidade
ruptura com a unidade do corpo principal da fachada, mas da fachada. Os andares escalonados estão com seus
aqui neste caso, e em quase todos os projetos de Heep, terraços quase todos cobertos com materiais diversos,
esta ruptura se reforça com a adoção de caixilhos, guarda- atribuindo um aspecto negativo ao edifício.
corpos e floreiras diferentes dos utilizados no restante da
torre.
107
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
planta do 1º ao 6º pav.
esc. 1:250
1 2 3
1 2 3
kitchenette - 30,75 m² apto. 1 dorm. - 62 m² apto. 2 dorm. - 90,20 m²
1 - cozinha 1 - cozinha 1 - cozinha
2 - banheiro 2 - serviço 2 - banheiro
3 - sala-living 3 - banheiro 3 - sala de jantar
4 - sala de jantar 4 - sala de estar
5 - sala de estar 5 - dormitório casal
6 - dormitório 6 - dormitório solteiro
7 - closet 7 - terraço
8 - serviço
108
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
planta do 7º pav. 1 2
esc. 1:250
1 2
apto. 1 dorm. - 54 m² apto. 1 dorm. - 73 m²
1 - cozinha 1 - cozinha
2 - serviço 2 - banheiro
3 - banheiro 3 - sala de jantar
4 - sala de jantar 4 - sala de estar
5 - sala de estar 5 - dormitório
6 - dormitório 6 - serviço
7 - closet 7 - terraços
planta do 8º pav.
esc. 1:250
1 2
1 2
apto. 1 dorm. - 54 m² apto. 1 dorm. - 73 m²
1 - cozinha 1 - cozinha
2 - serviço 2 - banheiro
3 - banheiro 3 - sala de jantar
4 - sala de jantar 4 - sala de estar
5 - sala de estar 5 - dormitório
6 - dormitório 6 - serviço
7 - closet 7 - terraços
109
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
corte BB
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Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
detalhe de fachada
Grelha cujas unidades retangulares
correspondem a um apartamento. Seus
elementos horizontais são floreiras que
iludem a transição entre os pavimentos.
rá
baa
r. s
iana
av.
d
hi
veri
gie
nóp
r. d.
olis
r. m
ara
nhã
o mackenzie
construção
Construtora Auxiliar S.A.
(Engº resp. Elias e Aizik Helcer)
terreno
Retangular - 1635,00 m²
unidades
Térreo: 2 ap. de 165 m²
1 ap. zelador de 80 m²
1º ao 13º pav.: 4 ap. de 175 m²
14º pav.: 4 ap. de 152 m²
15º pav.: 1 ap. de 263 m²
2 ap. de 133 m²
Total - 62 unidades
publicações
Acrópole 239, 1958, p. 504 a 509
c o e f. d e a p ro ve i ta m e nto
8,50 - Área total = 13.960m²
taxa de ocupação
49,5 %
conservação
Ótima
Perspectiva original do Edifício Lausanne
Fonte: Fotografia de Fernando Martinelli do quadro que contém o desenho original, desenhado
descaracterização
por Franz Heep, encontrado no escritório do engenheiro Aizik Helcer em São Paulo. Baixa
114
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Térreo e subsolo
Circulação Vertical
(39) -Este tipo de diposição, em que se prioriza a proximidade entre banheiros, é recorrente nos apartamentos de Heep. Os edifícios Ouro Preto (p.142) e Lugano e Locarno (p.226) que
são do mesmo porte do Lausanne, contam com arranjos espaciais semelhantes.
120
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
av. higienópolis
Edifício Lausanne em construção - 1956 - Vista do 15º andar Edifício Lausanne em 1958 - Sala do apartamento de 263m² do 15º andar
Fonte: Acervo pessoal de Aizik Helcer Fonte: Acervo pessoal de Aizik Helcer
possui um banheiro privativo. No dormitório de casal planta do apartamento, está localizada a copa e a cozinha
surge, pela primeira vez, neste projeto, um closet; é por ele com despensa, além da área de serviço, com dormitório e
que se acessa o banheiro do casal e o ambiente de dormir. banheiro de empregada.
Pode-se dizer que o dormitório de casal é uma suíte, pois
possui um banheiro privativo, porém, este banheiro se O 15º pavimento ainda conta com duas unidades de
abre para o corredor, de onde se deduz que ele também 133,00m² e dois dormitórios cada; seus arranjos espaciais
possa ser usado socialmente, caracterizando uma situação diferem entre si não conceitualmente, mas na disposição
um tanto quanto inusitada. Na porção superior direita da de alguns ambientes, como mostram os desenhos abaixo.
Fachadas
127
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
A idéia de Heep era que cada ambiente voltado O coroamento do Lausanne tem como elemento
para a fachada principal tivesse suas venezianas pintadas marcante uma laje perfurada por elementos trapezoidais
com cores diferentes. As cores propostas eram: creme, de cantos arredondados, que caracterizam dômus; no
azul-claro, vermelho e verde, dispostas de maneira início eles eram externos, cobrindo os terraços do 15º
aleatória. A simetria do edifício, claramente percebida andar como uma espécie de pergolado, porém, com o
em planta, seria fatalmente transposta à fachada. Porém, fechamento dos terraços, os dômus passaram a fazer
esta simetria é quebrada pela aleatoriedade das cores parte do interior dos apartamentos, perdendo uma de
das venezianas e pelas inúmeras posições diferentes que suas atribuições originais, que era a de coroar o edifício,
elas se encontram a todo momento, ora abertas, ora resultando no empobrecimento da fachada.
fechadas, conferindo um forte dinamismo à fachada. Além
disto, as venezianas fazem com que se perca a noção das Nas duas fachadas laterais, que se diferem apenas
compartimentações internas do edifício, conferindo uma pela disposição de algumas aberturas nos 14º e 15º
absoluta uniformidade à sua principal face. As linhas pavimentos, predominam superfícies cegas em alvenaria,
brancas que se sobressaem na fachada, correspondem sempre revestidas com pastilhas cerâmicas brancas, porém,
às lajes, assumindo um importante papel na atribuição destacam-se uma faixa de caixilhos similares aos da fachada
de horizontalidade ao conjunto. Hoje, as venezianas estão principal, que representam as aberturas dos dormitórios de
pintadas em apenas três cores: vermelho, verde e branco. solteiro dos apartamentos, além das janelas dos banheiros
Apesar da descaracterização, o conceito da aleatoriedade, com cantos arredondados, que simbolizavam um elemento
desejada por Heep, não se perdeu totalmente. corrente na obra de Franz Heep.
128
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Detalhes construtivos
Caixilhos dos terraços - Foto: Edson Lucchini Jr Detalhe da alavanca do brise - Fonte: Acervo do Ed. Lausanne - cedido por Fernando Martinelli
Croqui de Adolf Franz Heep - Detalhe das arandelas do hall dos aptos.
Fonte: Acervo do Ed. Lausanne - cedido por Fernando Martinelli
131
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Elementos artísticos
Painel de Clovis Graciano no térreo do Ed. Lausanne - 1958
Foto: Edson Lucchini Jr.
1 2
1 2
áreas comuns apto. 2 dorm. - 165 m² apto. zelador - 80 m²
1 - rampas de acesso ao 13 - sala de jantar 7 - sala de estar/guarita
desembarque de veículos 14 - sala de estar 8 - dorm. casal
2 - escadas de acesso de 15 - dorm. de solteiro 9 - dorm. solteiro
pedestres 16 - dorm. de casal 10 - cozinha
3 - rampas de acesso ao 17 - banhos 11 - banheiro
subsolo 18 - copa 12 - quintal descoberto
4 - halls de acesso ao 19 - cozinha
edifício 20 - serviço
5 - halls sociais 21 - dorm. empregada
6 - halls de serviço 22 - banho empregada
133
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
planta do subsolo
esc. 1:250
1 - rampas de acesso ao
térreo
2 - caixas d’água
3 - depósitos
4 - lixeiras
1 1
planta do pav. tipo - 1º ao 13º pav.
1 esc. 1:250
1 1
planta do 14º pavimento
esc. 1:250
1
apto. 2 dorm. - 152 m²
1 - hall social 8 - copa
2 - hall de serviço 9 - cozinha
3 - sala de estar 10 - área de serviço
4 - sala de jantar 11 - dorm. empregada
5 - dorm. de solteiro 12 - banho empregada.
6 - dorm. de casal 13 - terraço
7 - banhos
136
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
1 2 3
planta do 15º pavimento
esc. 1:250
1 2 3
apto. 3 dorm. - 263 m² apto. 2 dorm. - 133 m² apto. 2 dorm. - 133 m²
1 - hall social 10 - suíte solteiro 1 - hall social 8 - banho casal 1 - hall social 7 - banho
2 - hall de serviço 11 - banho solteiro 2 - hall de serviço 9 - banho social 2 - hall de serviço 8 - cozinha
3 - hall de entrada 12 - copa 3 - hall de entrada 10 - cozinha 3 - sala de estar 9 - serviço
4 - estar/lareira 13 - cozinha 4 - sala de jantar 11 - serviço 4 - sala de jantar 10 - dorm. empr.
5 - sala de jantar 14 - despensa 5 - sala de estar 12 - dorm. empr. 5 - dorm. solteiro 11 - banho empr.
6 - dorm. solteiro 15 - serviço 6 - dorm. solteiro 13 - banho empr. 6 - dorm. casal 12 - terraço
7 - suíte casal 16 - dorm. empr. 7 - suíte casal 14 - terraço
8 - closet 17 - banho empr.
9 - banho casal 18 - terraço
corte AA
138
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
fachada posterior
141
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
a
ng
ra
.ipi
av
av. são
iz lu
pça. dom
josé gaspar
construção
Otto Meinberg S.A
terreno
Trapezoidal - 560 m²
unidades
1º ao 11º pav.:
2 ap. de 197 m²
12º ao 19º pav.:
2 ap. de 145 m²
Total - 36 unidades
publicações
Acrópole 240, 1958, p. 554-555-570
c o e f. d e a p ro ve i ta m e nto
14.7
taxa de ocupação
95 %
conservação
Razoável
descaracterização
Média
fotos da publicação na revista acrópole nº 240 - 1958
143
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Av. São Luiz vista do terraço do Ed. Louvre de João Artacho Jurado - 1953
Foto: Edson Lucchini Jr.
Ed. Viadutos - João Artacho Jurado - 1951 Ed. do jornal O Estado de São Paulo - Adolf Franz Heep - 1948
Foto: Edson Lucchini Jr. Foto: Edson Lucchini Jr.
Cobertura do Ed. Viadutos - João Artacho Jurado - 1951 Av. São Luiz vista da cobertura do Ed. Viadutos (João Artacho Jurado - 1951)
Foto: Edson Lucchini Jr. Foto: Edson Lucchini Jr.
145
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Térreo e subsolo
loja loja
O térreo do edifício, que ocupa a totalidade do
r. basílio da gama
98 m² 101 m²
lote, conta com quatro lojas, sendo duas voltadas para
av. são luiz
loja loja a avenida São Luiz e duas para a rua Basílio da Gama. O
82 m² 137 m² subsolo, assim como o térreo, também ocupa todo o
terreno, porém ele se destina apenas a estoque das lojas
e é acessado por escadas independentes. O acesso social
localiza-se na porção direita do terreno, para quem da
Esquema de distribuição do pavimento térreo avenida São Luiz olha o edifício de frente, e possui junto ao
circulação horizontal alinhamento, 4,70m de largura, conformando um hall de
circulação vertical entrada que vai gradualmente se estreitando no sentido
lojas do centro do terreno, através de uma parede curva que
cria um corredor de 2,70m de largura e conduz ao nicho
de circulação vertical. O acesso de serviço se dá pela rua
Basílio da Gama, onde se inicia um corredor de 18,00m de
comprimento por 1,40m de largura que, longo e desprovido
de iluminação natural, também conduz aos elevadores e
escadas.
Circulação Vertical
r. basílio da gama
o volume inferior conta com unidades de 197m², e o
av. são luiz
197 m² 197 m²
superior, com unidades menores, de 145m². Em ambos
os volumes, os pavimentos contam com duas unidades
cada, espelhadas entre sí; uma voltada para a avenida
São Luiz com orientação oeste, e a outra voltada para a
rua Basílio da Gama com orientação leste, separadas pelo
Esquema de distribuição do pavimento tipo, do 1º ao 13º andar
corpo de circulação vertical e pelos 2 poços de iluminação
circulação horizontal e ventilação naturais.
circulação vertical
unidades
As unidades de 197m² contam com hall de entrada,
salas de estar e jantar, terraço, 3 dormitórios, 2 banheiros,
copa/cozinha e área de serviço com domitório e banheiro
de empregada. O hall de entrada social, de 2,15m de
comprimento por 2,60m de largura, possui uma abertura
voltada para o poço menor de iluminação e ventilação
naturais do edifício. As salas de jantar e estar compartilham
o mesmo espaço retangular de 9,20m de comprimento
por 4,50m de largura. A ausência de compartimentação
deste espaço, garante uma boa amplitude visual e diversas
possibilidades de distribuição do mobiliário. Isto também
propicia uma melhor iluminação e ventilação das salas,
feitas por duas aberturas voltadas para a fachada do
edifício, através uma porta de vidro que separa a sala do
terraço e uma veneziana fixa de ventilação permanente do
tipo piso-teto; ambas são alinhadas com outra abertura do
lado oposto, voltada para o poço central do edifício, que
permite a ventilação cruzada.
A planta da cozinha é derivada de dois polígonos distribuição do pavimento tipo continua idêntica, com a
de tamanhos diferentes. O menor, que pode ser utilizado caixa de circulação vertical dividindo o volume em dois
como copa, é praticamente trapeizoidal, com 6,15m² de blocos, um voltado para a av. São Luiz e outro para a rua
área, cuja forma foi definida pelo chanfro da parede que Basílio da Gama.
o separa da sala de jantar. O espaço maior, praticamente
quadrado, conta com 11,50m² e abriga todas as funções Os apartamentos deste bloco superior possuem um
necessárias para uma cozinha, porém, o fato de possuir 3 arranjo espacial muito semelhante aos do bloco inferior,
passagens, sendo uma para a lavanderia, outra para o hall pois as funções sociais, íntimas e de serviços continuam
de serviço, e outra para a copa, prejudica a distribuição dispostas da mesma maneira, porém com um dormitório
do mobiliário. A área de serviço é conformada por um a menos, uma sala de estar mais estreita, que conta agora
corredor de 1,30m de largura por 6,50m de comprimento, com 3,20m de largura por 11,30m de comprimento; perda
onde realizam-se as funções de lavagem e secagem de do hall de entrada, e transformação do banheiro social
roupas. Este corredor, ventilado e iluminado naturalmente em um lavabo. Além disso, a unidade de 145m² perde a
por cobogós, recebe as aberturas dos banheiros social e ventilação cruzada da sala de estar, que é compensada de
íntimo, além de conduzir a um banheiro e a um dormitório certa forma pela presença de algumas aberturas laterais,
de empregada. possíveis agora graças aos recuos. Não há mais o chanfro
na parede que separa a sala de jantar da cozinha, devido
Assim como em outros edifícios de Heep estudados, à menor largura desta, se comparada à cozinha dos
nota-se que o arranjo espacial do apartamento concentra apartamentos de 197m². As áreas de serviço também
todas as áreas molhadas em uma única porção da planta, foram reduzidas, mas abrigam as mesmas funções. Os
enfatizando a postura racionalista do arquiteto, que ao terraços das unidades do volume superior contam com
adotar esse tipo de solução, garante uma economia com 1,20m de largura por 9,70m de comprimento, possuindo
elementos hidráulicos, além de facilitar a manutenção. agora uma conformação mais contínua, que abrange toda
a largura do apartamento; são acessados não só pela sala
À partir do 12º pavimento, a necessidade de recuos de estar, como nos apartamentos inferiores, mas também
laterais de 2,50m de cada lado acarretou na diminuição pelos dormitórios.
das unidades para 145m². Apesar da redução da área, a
r. basílio da gama
av. são luiz
145 m² 145 m²
circulação horizontal
circulação vertical
Planta das unidades de 197m², do 12º ao 19º andar
unidades
150
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
151
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Fachadas
(44) - As ressonâncias de elementos da obra de Lúcio Costa e Affonso Eduardo Reidy em fachadas de Franz Heep são mais evidentes no edifício Guaporé (p.202)
155
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Situação Atual
1 - acesso social
2 - áreas descobertas
3 - acesso de serviço
4 - lojas
1
apto. 3 dorm. - 197 m²
1 - hall de entrada
2 - sala jantar
3 - sala estar
4 - terraço
5 - dorm. solteiro 1
6 - dorm. casal
7 - banho casal
8 - banho social
9 - cozinha
10 - área de serviço
11 - banho empr.
12 - dorm. empr.
1
6 - dorm. casal
7 - banho social
8 - lavabo
9 - cozinha
10 - área de serviço
11 - dorm. empr.
12 - banho. empr.
planta do pav. tipo
12º ao 19º pav.
esc. 1:250
157
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
corte AA
158
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
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fachada r. fachada
basílio da gama av. são luiz
159
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
detalhe de fachada
Bipartição da fachada: do 1º ao 11º há
uma modulação através de uma grelha
quadrada com terraços salientes. Do
12º ao 19º há um volume sobrelevado,
recuado das laterais, com terraços
subtraídos do volume principal.
detalhe de fachada
Uso de caixilhos que ocupam a totalidade
do módulo da grelha. A extremidade
direita, de quem vê o edifício de frente,
rompe a modulação da grelha criando
elementos retangulares que acentuam a
verticalidade.
cintra
r. ana
r. br.
de c
teidel
amp
av
.s
ão
inas
derico s
jo
ão
r. dr. fre
s
caxia
q. de
av. d
construção
Construtora Auxiliar S.A.
(Engº resp. Elias e Aizik Helcer)
terreno
Irregular - 1428m²
unidades
1º pav.:
4 ap.: 57m², 60m², 64m² e 71m²;
2º ao 13º pav:
4 ap. de 56m²;
4 ap.: 57m², 60m², 64m² e 71m²;
14º pav.:
4 ap. de 56m²;
4 ap.: 49m², 52m², 56m² e 62m²;
15º pav.:
2 ap. de 56m² e 1 apto. de 112m²
4 ap.: 37m², 40m², 45m² e 50m²;
Total: 115 unidades
c o e f. d e a p ro ve i ta m e nto
7.35 - Área total = 10.514m²
taxa de ocupação
99 %
conservação
Edifício Lucerna em 1959 -
Ruim
Térreo ocupado pelo Cine
Comodoro. descaracterização
Fonte: Acervo pessoal de
Aizik Helcer Alta
161
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
O Cine Comodoro
Térreo e subsolo
Circulação Vertical
A circulação vertical do edifício Lucerna, em ambos
os blocos (A e B) é feita em duas caixas que unem os
volumes frontal e posterior. Em cada bloco, há um nicho
de circulação vertical composto por dois elevadores que
se ladeiam e se separam das escadas lineares por um
hall de geometria retangular e 12,00m² de área. Apenas
na transição entre o térreo e o 1º pavimento, a escada é
em forma de “U” sem patamar intermediário; isto ocorre
porque devido ao pé-direito mais elevado do térreo, há
a necessidade de um maior número de espelhos para a
escada.
Carimbo dos Irmãos Helcer com um croqui do ed. Lucerna Pavimento tipo e unidades
Fonte: Acervo pessoal de Aizik Helcer
circulação horizontal
circulação vertical
unidades
Fachadas
Situação Atual
planta do subsolo
cine comodoro
1 - foyer principal
2 - vitrines
3 - café
4 - sala de exibição
5 - banheiro fem.
6 - banheiro masc.
7 - manut. tela
8 - depósito
9 - ante-câmara
edifício lucerna A e B
1 - medidores
2 - caldeira
3 - caixas d’água
4 - dep. de óleo
176
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
planta do 1º pav.
1
esc. 1:250
1
cine comodoro apto. 1 dorm. - 64 m²
1 - acesso ao balcão 1 - cozinha
2 - cabine de projeção 2 - banheiro
3 - administração 3 - sala de jantar
4 - enroladeira 4 - sala de estar
5 - wc do operador 5 - dormitório
6 - banheiro masc. 6 - serviço
7 - banheiro fem.
8 - depósito
177
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
planta do 2º pav.
esc. 1:250
1
1 2
apto. 1 dorm. - 64 m² apto. 1 dorm. - 56 m²
1 - cozinha 1 - cozinha
2 - banheiro 2 - banheiro
3 - sala de jantar 3 - sala de jantar
4 - sala de estar 4 - sala de estar
5 - dormitório 5 - dormitório
6 - serviço 6 - terraço descoberto
7 - serviço
178
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
1 2
apto. 1 dorm. - 64 m² apto. 1 dorm. - 56 m²
1 - cozinha 1 - cozinha
2 - banheiro 2 - banheiro
3 - sala de jantar 3 - sala de jantar
4 - sala de estar 4 - sala de estar
5 - dormitório 5 - dormitório
6 - serviço 6 - serviço
planta do 3º ao 13º pav.
esc. 1:250 1
2
1 2
apto. 1 dorm. - 56 m² apto. 1 dorm. - 56 m²
1 - cozinha 1 - cozinha
2 - banheiro 2 - banheiro
3 - sala de jantar 3 - sala de jantar
4 - sala de estar 4 - sala de estar
5 - dormitório 5 - dormitório
6 - serviço 6 - serviço
7 - terraço planta do 14º pav.
esc. 1:250 1
179
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
3 4
1
2
planta do 15º pav.
esc. 1:250
1 2 3 4
kitchenette - 37 m² apto. 1 dorm. - 45 m² apto. 1 dorm. - 56 m² apto. 2 dorm. - 112 m²
1 - cozinha 1 - cozinha 1 - cozinha 1 - corredor de distr. 8 - serviço
2 - banheiro 2 - banheiro 2 - banheiro 2 - cozinha 9 - banh. empregada
3 - sala 3 - sala de jantar 3 - sala de jantar 3 - banheiro 10 - dorm. empregada
4 - dormitório 4 - sala de estar 4 - sala de estar 4 - sala de jantar
5 - terraço 5 - dormitório 5 - dormitório 5 - sala de estar
6 - serviço 6 - serviço 6 - dormitório casal
7 - terraço descoberto 7 - dormitório solteiro
180
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
corte AA
181
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
detalhe de fachada
Volume saliente que serve como marquise,
ampliando a área coberta para quem
compra bilhetes ou aguarda ao início do
filme.
detalhe de fachada
Corpo principal da torre com uma fachada
livre, muito envidraçada, com grelhas que
enquadram as aberturas.
183
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
ele
co vado
sta
es
ilv
a
av.
sãoj
oã
o
tte
gle
al.
construção
Dácio A. de Moraes S.A
terreno
Irregular de esquina - 570 m²
unidades
1º ao 13º pav.: 11 kitch. de 25m²
1 ap. de 1 dorm. - 42 m²
14º pav.: 10 kitch. de 23 m²
15º pav. : 5 ap. de 1 dorm. - 39 m²
Total: 171 unidades
publicações
Acrópole 234, 1958, p. 212-213
c o e f. d e a p ro ve i ta m e nto
10.8 - Área total = 6152,70m²
taxa de ocupação
69 %
conservação
Ruim
descaracterização
Folheto de vendas do Ed. Araraúnas - 1955
Alta
184
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Térreo e subsolo
da
loja
ala
49 m²
social é feito pela avenida São João e se dá através de um
loja
loja
corredor de 2,55m, que corresponde à largura de uma das
49 m²
49 m² loja loja
kitchenettes dos pavimentos superiores. Este corredor leva
49 m² 68 m²
à parte posterior do terreno, onde se encontra o corpo
de circulação vertical. O acesso de serviço ocorre pela
Alameda Glette. Um corredor, adjacente à divisa do lote,
conduz ao hall de elevadores.
av. são joão
Estrutura
25 m²
25 m²
25 m²
O Edifício Araraúnas possui o mesmo arranjo
25 m²
25 m² espacial do 1º ao 13º andar, contando com 11 kitchenettes
25 m² 25 m²
25 m²
25 m² 25 m²
situadas na face curva do volume, todas voltadas para a
25 m²
avenida São João e orientadas ao leste. Além disso, são
organizadas em pares, espelhadas entre si, definindo
uma parede hidráulica comum para os seus respectivos
av. são joão
banheiros. Na face voltada para a alameda Glette, com
Esquema de distribuição do pavimento tipo, do 1º ao 13º andar orientação sul, encontram-se unidades maiores, de um
circulação horizontal dormitório. A circulação horizontal nos pavimentos é feita
circulação vertical por um corredor que, ventilado e iluminado por cobogós,
unidades acompanha a curvatura do volume principal. Esta solução,
corrente em grande parte dos edifícios laminares da época,
é fundamental para a ventilação natural das cozinhas e
banheiros, já que eles estão voltadas para o corredor.
23 m²
kitchenettes, dotadas de caixilhos piso-teto envidraçados.
23 m²
23 m²
23 m²
23 m²
Os recuos impostos pela legislação geraram um
23 m² 23 m²
23 m² 23 m² 23 m² escalonamento dos últimos dois pavimentos do edifício,
tornando os seus arranjos espaciais diferentes dos demais
inferiores. No 14º andar as kitchenettes são dispostas da
mesma maneira que as dos andares inferiores, porém com
av. são joão
a sala-living medindo 1,00m de comprimento a menos, e os
Esquema de distribuição do 14º pavimento seus terraços descobertos; as dez unidades do pavimento
circulação horizontal contam com 23m² cada, sendo portanto as menores do
circulação vertical edifício. Este andar possui uma kitchenette a menos na
unidades extremidade esquerda, para quem da avenida São João
vê o edifício de frente, graças ao escalonamento também
necessário na fachada da alameda Glette; por este mesmo
motivo, o 14º andar não conta mais com o apartamento de
189
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
39m² cada.
39 m²
39 m²
39 m²
O arranjo espacial das unidades do 15º pavimento
39 m²
39 m² conta com um corredor de acesso, situado na porção
central da planta, que separa a cozinha do banheiro; este
conta com 3,30m², área suficiente para a colocação de vaso,
pia, bidê e banheira. A cozinha possui 4,40m², podendo
av. são joão abrigar uma geladeira comum, sem a necessidade dos
“kits” de cozinha compacta vistos na análise do edifício
Esquema de distribuição do 15º pavimento
Normandie (p.50). O corredor termina num hall onde se
circulação horizontal
acessa o dormitório e a sala; esta possui 10,00m² e pode
circulação vertical
abrigar as funções de estar e comer. O dormitório, cuja
unidades
medida é de 8,40m², possui armário embutido. Tanto a
sala como o dormitório, possuem ligação com o terraço
descoberto. Esta distribuição de planta para apartamentos
de um dormitório e dimensões semelhantes, repete-se
com frequência na obra de Heep, como já visto no edifício
Normandie, além de outros que foram estudados, como o
Ibaté (p.94) e o Lucerna (p.160).
Fachadas
No 14º andar, o recuo da fachada faz com que O Araraúnas possui uma grande semelhança
a grelha, que predominava nos andares inferiores, se tipológica ao edifício Icaraí, já estudado, não só no que
transformasse em pórticos que separam as unidades, diz respeito à planta, mas também com relação à fachada.
conferindo um elegante coroamento ao edifício; os Em ambos edifícios, Heep utilizou a idéia dos terraços,
pórticos, que ajudavam a minimizar a percepção do obrigando o recuo do caixilho, tirando-o da exposição
escalonamento dos últimos pavimentos, eram percebidos direta ao sol. Como no Icaraí, os terraços criam uma fachada
por quem trafegava na avenida São João e ruas do repleta de cheios e vazios. Porém hoje, com a presença
entorno. Foi sem dúvida uma solução criativa que o do elevado Costa e Silva a menos de 6,00m do edifício, os
arquiteto encontrou para lidar com o escalonamento dos terraços foram em sua maioria fechados por caixilhos de
últimos pavimentos, imposto pela legislação da época; na alumínio de diversos tipos, descaracterizando a fachada e
maioria dos casos presentes na cidade, os edifícios com as empobrecendo o seu volume original, agora desprovido
mesmas caraterísticas não possuem nenhum tratamento do jogo de sombras e da sensação de profundidade que os
arquitetônico em seus escalonamentos, resultando numa terraços abertos promoviam.
estética desagradável.
195
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Situação Atual
1 - acesso social
2 - áreas descobertas
3 - acesso de serviço
4 - lojas
2
kitchenettes - 25 m²
1 - banho
2 - mini cozinha
3 - sala-living
4 - terraço
2
197
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
1
kitchenettes - 23 m²
1 - banho
2 - mini cozinha
3 - sala-living
4 - terraço
1
apto. 1 dorm. - 39 m²
1 - cozinha
2 - banho
3 - sala
4 - dormitório
5 - terraço
1
198
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
corte AA
199
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
detalhe do térreo
Marquise curva cobre a esquina; acesso
social destacado das portas das lojas.
Grelha dos terraços em balanço sobre o
térreo.
detalhe do coroamento
Os Pilares do 14º andar tornam-se pórticos
para conferir um coroamento elegante
202
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
r. ne
stor
pça.
pest
roosevelt
s
te
ana
fon
s
tin
ar
r. m
construção
Otto Meinberg S.A
terreno
Irregular - 2780 m²
unidades
1º pav.: 2 kitch. de 44m², 9 kitch. de 35m2
2 ap. de 62m², 1 ap. de 71m2, 1 ap. 105m²
2º ao 8º pav:
4 kitch. de 44m2, 8 kitch. de 35m2
4 ap. de 62m²
9º pav.: 2 kitch. de 44m², 8 kitch de 35m²
2 ap. de 66m², 3 ap. de 52m²
10º pav.: 2 kitch. de 44m², 8 kitch de 35m²
2 ap. de 70m², 2 ap. de 62m²
Total: 155 unidades
c o e f. d e a p ro ve i ta m e nto
7.3 - Área total = 20.240m²
taxa de ocupação
99 %
conservação
Razoável
descaracterização
Média
observações
Térreo com 3 lojas e garagens, 2 sobrelojas,
2 subsolos - 292 vagas para autos
203
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
circulação horizontal
circulação vertical
unidades
Planta das kitchenettes de 44m² Planta das kitchenettes de 35m² Planta das unidades de 62m²
do 1º ao 10ª pavimento do 1º ao 10ª pavimento do 2º ao 8ª pavimento
209
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
r. nestor pestana
circulação horizontal
circulação vertical
unidades
Estrutura
Do 1º ao 9º andar, o ritmo de
distribuilção estrutural do edifício
Guaporé é o mesmo; nos apartamentos
das extremidades o vão é de 3,90m,
e nos demais, o vão é de 3,00m, que
define a largura das kitchenettes no
bloco posterior, e a largura dos quartos
e salas no bloco frontal. Apenas no
10º pavimento, o que sofre o segundo
recuo obrigatório, a necessidade
de um novo arranjo espacial dos
apartamentos obrigou uma mudança
neste ritmo, apenas no bloco frontal,
como mostram os esquemas ao lado.
Fachadas
Edifício Buriti - Adolf Franz Heep - 1956 Edifício Ouro Preto - Adolf Franz Heep - 1954
Foto: Edson Lucchini Jr. Foto: Edson Lucchini Jr.
214
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
215
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
1 2
3 1 4 5
planta do 1º pav.
esc. 1:250
1 2 3 4 5
kitchenette - 44 m² kitchenette - 35 m² apto. 1 dorm. - 71 m² apto. 1 dorm. - 62 m² apto. 2 dorm. - 105 m²
1 - cozinha 1 - cozinha 1 - hall de entrada 1 - cozinha 1 - cozinha
2 - banheiro 2 - banheiro 2 - cozinha 2 - banheiro 2 - banheiro
3 - sala-living 3 - sala-living 3 - banheiro 3 - sala de jantar 3 - sala de jantar
4 - terraço 4 - terraço 4 - sala de jantar 4 - sala de estar 4 - sala de estar
5 - sala de estar 5 - dormitório 5 - dorm. solteiro
6 - dormitório 6 - terraço descoberto 6 - dorm. casal
7 - terraço descoberto 7 - dorm. empregada
8 - banho empregada
9 - serviço
220
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
1 2
1 3
planta do pav. tipo
2º ao 8º
esc. 1:250
1 2 3
kitchenette - 44 m² kitchenette - 35 m² apto. 1 dorm. - 62 m²
1 - cozinha 1 - cozinha 1 - cozinha
2 - banheiro 2 - banheiro 2 - banheiro
3 - sala-living 3 - sala-living 3 - sala de jantar
4 - terraço 4 - terraço 4 - sala de estar
5 - dormitório
6 - terraço
221
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
1 2
3 4
planta do 9º pav.
esc. 1:250
1 2 3 4
kitchenette - 44 m² kitchenette - 35 m² apto. 1 dorm. - 66 m² apto. 1 dorm. - 52 m²
1 - cozinha 1 - cozinha 1 - cozinha 1 - cozinha
2 - banheiro 2 - banheiro 2 - banheiro 2 - banheiro
3 - sala-living 3 - sala-living 3 - sala de jantar 3 - sala de jantar
4 - terraço 4 - terraço 4 - sala de estar 4 - sala de estar
5 - dormitório 5 - dormitório
6 - terraço descoberto 6 - terraço descoberto
222
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
1 2
3 4
planta do 10º pav.
esc. 1:250
1 2 3 4
kitchenette - 44 m² kitchenette - 35 m² apto. 1 dorm. - 70 m² apto. 1 dorm. - 62 m²
1 - cozinha 1 - cozinha 1 - cozinha 1 - hall de entrada
2 - banheiro 2 - banheiro 2 - banheiro 2 - cozinha
3 - sala-living 3 - sala-living 3 - sala de jantar 3 - banheiro
4 - terraço 4 - terraço 4 - sala de estar 4 - sala de estar
5 - dormitório 5 - dormitório
6 - terraço descoberto 6 - terraço descoberto
223
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
corte AA
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Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
ca
éli
ng
r. marim francisco
.a
av.
av
higie
nó
po
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lomo
tac
r. i
construção
Construtora Auxiliar S.A.
(Engº resp. Elias e Aizik Helcer)
terreno
Retangular - 3484,37 m²
unidades
Térreo:
1 ap. zelador de 51m², 2 ap. de 170m²,
1 ap. de 141m²
1º ao 12º pav.:
2 ap. de 181m², 2 ap. de 188m²
13º pav.:
2 ap. de 155m², 2 ap. de 175m²
Total: 56 un. x 2 torres = 112 unidades
publicações
Acrópole 287, 1962, p. 347 a 349
c o e f. d e a p ro ve i ta m e nto
7.2 - Área total = 25.224m²
taxa de ocupação
46 %
conservação
Ótima
Perspectiva original dos Edifícios Lugano e Locarno desenhada por Franz Heep. descaracterização
Fonte: Acervo pessoal de Aizik Helcer. Baixa
227
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Vista da rua Itacolomi em 1959 - ao fundo o terreno já com a placa da obra. Carimbo do projeto de prefeitura com a assinatura de Adolf Franz Heep.
Foto: Acervo pessoal de Aizik Helcer Foto: Acervo pessoal de Aizik Helcer
(51) - O edifício Miri situa-se na praça Júlio Prestes, bem próximo à estação de mesmo nome. Algumas imagens e informações básicas sobre este edifício podem ser vistas na tabela da
página 250
228
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
N
N
O
O L
L
S
S
manhã tarde
(52) - A rua Itacolomi, situada no bairro de Higienópolis, está disposta perpendicularmente à avenida Higienópolis.
229
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Térreo e subsolo
141 m² 141 m²
No térreo dos edifícios Lugano e Locarno, a
rua interna de pedestres situada na porção central do
terreno distribui os fluxos para os acessos aos blocos de
moradia, cobertos por marquises que conduzem aos halls
sociais; estes são compostos por uma escada disposta
diagonalmente, que induz o fluxo aos elevadores. A parte
frontal das lâminas conta com pilotis que suspendem os
170 m² 170 m²
volumes principais, e marcam o acesso ao conjunto. O nível
rua
dos acessos aos blocos residenciais, encontra-se 0,50m
interna de acima do nível da avenida Higienópolis; esta elevação do
pedestres térreo, somada à declividade natural do terreno, ajudou
e jardins
a minimizar escavações para a execução do subsolo. A
diferença de nível é vencida por uma rampa que se situa na
170 m² 170 m² porção central da planta e se alinha com a rua interna. Cada
lâmina conta com quatro apartamentos térreos, sendo um
para o zelador na porção frontal, próximo aos pilotis, e
mais três que ocupam o restante da planta térrea. Como já
mencionado anteriormente, a rua interna presente entre
os blocos pode ser entendida como uma continuidade da
ap. ap.
zel. zel. rua Itacolomi, e a ausência de grades nos primeiros anos
51m² 51m² de existência dos edifícios, possibilitava uma continuidade
do espaço público para dentro do lote. O térreo conta com
canteiros que acompanham a rua interna de pedestres,
resultando numa grande área verde passível de tratamento
paisagístico.
av. higienópolis
Esquema de distribuição do pavimento térreo
Há um nível de subsolo destinado às garagens que
circulação horizontal - hall social
ocupa praticamente toda a projeção do lote, com exceção
circulação vertical
apartamentos térreos
dos recuos laterais e frontal; sua cota é de 3,25m abaixo
do nível térreo. Os veículos o acessam por duas rampas
lineares, espelhadas entre si e separadas pela rua interna.
As quatro caixas de elevadores e escadas chegam a este nível
de garagens, que tem capacidade para aproximadamente
80 vagas, número inferior ao de apartamentos, que é de
112.
Circulação Vertical
Fachadas
Outro elemento de
destaque na fachada são
as floreiras; elas são peças
de concreto, cuja elevação
assemelha-se a um “H” e situam-
se sob os peitoris das janelas dos
dormitórios das extremidades
norte e sul das lâminas. Logo após
o projeto do Lugano e Locarno,
Heep desenvolveu o edifício
Arlinda, no largo do Arouche, cuja
tipologia de fachada é semelhante;
neste projeto, Heep produz uma
variação do desenho da floreira,
como mostra a foto ao lado. No
projeto do Arlinda, o arquiteto
se apropria do mesmo tipo de
composição entre o caixilho, a
floreira e o elemento vazado,
Composição caixilho - floreira - cobogó na fachada dos edifícios Lugano e Locarno
porém, o resultado dá indícios
de um aprimoramento do desenho, já que as floreiras
ganham um desenho assimétrico e se dispõe sob todas
as janelas, conferindo um intenso movimento à fachada.
Tanto no projeto do Arlinda como no do Lugano e
Locarno, as floreiras conferem, além de movimento,
sombras e volumetria, visuais interessantes para quem
vê o edifício de baixo para cima.
Composição caixilho - floreira - cobogó no edifício Arlinda - 1959 Composição caixilho - floreira - cobogó no edifício Arlinda - 1959
Foto: Edson Lucchini Jr. Foto: Edson Lucchini Jr.
240
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
O coroamento dos edifícios se dá no 13º pavimento composta também por aberturas em fita, interrompidas
que se recua dos demais inferiores em 80cm na face que por faixas verticais de alvenaria. As aberturas desta
se volta para a rua interna; o espaço resultante do recuo fachada correspondem aos ambientes de serviço dos
foi aproveitado como floreira. Na face que se volta para apartamentos
a avenida Higienópolis, o recuo foi de 1,15m, cujo espaço
resultante foi aproveitado para terraço. Heep utilizou o
mesmo tipo de caixilhos e de cobogós do restante da torre,
de modo a conferir unidade. Acima da faixa de cobogós de
ventilação dos apartamentos, encontra-se outra sem este
caráter funcional, servindo apenas de elemento estético
que marca o cume do edifício.
Situação Atual
1
ap. zelador - 51 m²
1 - hall
2 - cozinha
3 3 - banheiro
4 - dorm. solteiro
5 - dorm. casal
6 - serviço
2
ap. 3 dorm. - 170 m²
1 - hall
2 - sala de jantar
3 - sala de estar
4 - cozinha
5 - dorm. solteiro
6 - dorm. casal
7 - banheiro casal
8 - banheiro social
9 - serviço
10 - dorm. empregada
11 - wc empregada
3
ap. 2 dorm. - 141 m²
2 1 - hall
2 - cozinha
3 - sala de estar
4 - sala de jantar
5 - dorm. casal
6 - dorm. solteiro
7 - banheiro
8 - serviço
9 - dorm. empregada
10 - wc empregada
1
243
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
planta do subsolo
1 - hall de circ. vertical
2 - depósito de lixo
3 - caixas d’água
4 - medidores
5 - rampas
244
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
1 1
planta do 1º ao 12 º
pav. planta do 13º pav.
esc. 1:250 esc. 1:250
1 1
ap. 3 dorm. - 181 m² ap. 3 dorm. - 155 m²
1 - hall 1 - hall
2 - cozinha 2 - cozinha
3 - sala de jantar 3 - sala de jantar
4 - sala de estar 4 - sala de estar
5 - dorms. solteiro 5 - dorms. solteiro
6 - dorm. casal 6 - dorm. casal
7 - banheiro casal 7 - banheiro casal
8 - banheiro social 8 - banheiro social
9 - serviço 9 - serviço
10 - dorm. empregada 10 - dorm. empregada
11 - wc empregada 11 - wc empregada
2 2
ap. 3 dorm. - 188 m² ap. 3 dorm. - 175 m²
1 - hall 1 - hall
2
2 - sala de jantar 2 - sala de jantar
3 - sala de estar 3 - sala de estar 2
4 - cozinha 4 - cozinha
5 - dorms. solteiro 5 - dorms. solteiro
6 - dorm. casal 6 - dorm. casal
7 - banheiro casal 7 - banheiro casal
8 - banheiro social 8 - banheiro social
9 - serviço 9 - serviço
10 - dorm. empregada 10 - dorm. empregada
11 - wc empregada 11 - wc empregada
245
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
corte AA
246
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Capítulo 7
7.1-
7.1 -Tabelas
Tabelascom
dos os demais
demais edifícios
edifícios residenciais
residenciais dede Heep
Heep
em São Paulo
250
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
251
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
(53) - O edifício Tucumàn, situado na rua Martins Fontes, é hoje um hotel; as venezianas da fachada foram retiradas, dando lugar a uma pele de vidro.
(54) - O edifício Icaraí foi publicado na revista Acrópole nº 210, 1956, p.234-235.
(55) - A fachada original do ed. Marajó possuia a mesma conformação do ed. Icaraí. A foto acima mostra o Marajó atualmente; nota-se, por trás dos novos vitrôs, o mesmo tipo de
caixilhos presentes no Icaraí.
Parte III
conclusões
253
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Capítulo 8
Conclusões
8.1.3- Implantação
Edifício Japurá - Foto: Edson Lucchini Jr. Edifício Normandie - Foto: Edson Lucchini Jr.
261
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
8.3- Fachadas
Grelha da fachada do Ibaté A fachada do edifício Ouro Preto possui uma grelha
com elementos quadrados e levemente sobressalientes,
que enquadram as aberturas dos dormitórios e sustentam
as venezianas de correr; porém, neste caso, a grelha é
interrompida pelos terraços das salas, que são elementos
atribuidores de volumes mais ricos e sombras à fachada.
Células criam o todo - Edifício Arlinda - 1959 Células criam o todo - Edifício Arlinda - 1959
Foto: Edson Lucchini Jr. Foto: Edson Lucchini Jr.
264
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Um interessante exemplo
deste tipo de composição ocorre
na fachada do edifício Normandie.
Cada apartamento, que corresponde
a uma célula da fachada, possui um
arranjo entre a floreira, o caixilho e as
“orelhas”, citadas anteriormente como
elementos de proteção solar, mas que
também servem para individualizar as
unidades e atribuir mais privacidade,
já que os apartamentos são muito
próximos. Na escala da célula, a
floreira assume um papel de guarda-
corpo, separando o peitoril do corpo
principal do caixilho.
Composição da fachada privilegia visão do observador situado no térreo - Edifício Normandie
Saindo da escala da célula para
a escala do todo, as “orelhas” atribuem
ritmo à fachada do Normandie e
um interessante jogo de sombras e
volumes, principalmente para quem
vê o edifício de baixo para cima.
Também na escala do todo, as floreiras
assumem o papel de importantes
elementos horizontais da fachada,
que ajudam a contrapor a sensação
vertical excessiva da torre, com seus
21 pavimentos.
Ed. Ouro Preto - caixilhos piso-teto enquadrados por grelha Ed. Ouro Verde - Janelas com peitoril e bandeira em alvenaria - exceção
Foto: Edson Lucchini Jr
266
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
8.3.4- Cobogós
Cobogós da fachada do edifício Ouro Verde O edifício Ouro Verde, de 1952, é o primeiro, dos
exemplos paulistanos, em que Heep utiliza o cobogó de
concreto, com um desenho quadriculado. Neste edifício, ele
assume um papel importante na composição da fachada,
já que atua como um elemento que intercala cheios e
vazios; além disso, os cobogós do Ouro Verde dissimulam
as aberturas de banheiros na fachada principal e também
funcionam como elementos de proteção solar.
Cobogós do corpo da torre são do mesmo tipo do embasamento - obtenção de unidade Ed. Buriti - Foto: Edson Lucchini Jr.
268
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
8.3.5- Uniformidade nas fachadas, dissimulação das estrutural e não permitem que as paredes que separam os
compartimentações internas e aleatoriedade ambientes e os apartamentos apareçam, ou seja, os caixilhos
dissimulam totalmente as compartimentações internas do
edifício, resultando numa forte uniformidade da fachada.
Em praticamente todos os edifícios estudados, Porém, esta perfeita uniformidade poderia acarretar numa
a composição da fachada deixa clara a idéia de que cada monotonia, que foi rompida pelo tratamento cromático
célula dela corresponde a um apartamento, ou a um dado aos caixilhos.
cômodo, pois estas células são bem definidas, ou seja, as
compartimentações das plantas se refletem nas fachadas. Heep escolheu duas cores claras e duas escuras que
Porém, dentro da amostragem escolhida, pode-se dizer foram aplicadas de maneira totalmente aleatória. Desta
que apenas o edifício Lausanne simboliza uma exceção. forma, o arquiteto conseguiu, apenas pelo fator cromático,
movimento, cheios e vazios à fachada; a percepção dos
No Lausanne, a fachada não apresenta nenhum tipo cheios se dá pelos caixilhos escuros, e a dos vazios, pelos
de divisão horizontal pois os caixilhos preenchem todo o vão caixilhos claros.
Foto: Edson Lucchini Jr. Foto: Edson Lucchini Jr. Foto: Edson Lucchini Jr.
269
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
BASE
Tripartição compositiva na fachada do Ed. Ouro Preto Ed. Ouro Verde - a simetria das plantas não se transpõe à fachada
271
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
Fachada dos fundos do Ed. Normandie Fachada dos fundos dos Edifícios Lugano e Locarno
274
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
8.4- Plantas
setor íntimo
distribuição
setor de
serviço
setor social
Ao analisar as plantas dos apartamentos projetados
por Heep, é possível concluir que ele possuía premissas
fixas para a resolução de cada tipo de planta, dependendo
do padrão do edifício.
Esquema de Kitchenette 2
Utilizado no Ed. Icaraí. Araraúnas,
Ibaté e Guaporé
277
Adolf Franz Heep: edifícios residenciais
Um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950 Edson Lucchini Jr.
áreas molhadas
Capítulo 9
Considerações finais
Heep chegou ao Brasil em 1947 com 45 anos de volumes e sombras, presentes em suas fachadas. Logo,
idade e uma bagagem profissional respeitável; a sistemática a beleza na obra de Franz Heep, provém da própria
de trabalho utilizada por ele aqui foi desenvolvida nos anos arquitetura, pura, sem ornamentações ou figuras que
1930 em Paris, quando produziu alguns edifícios verticais possam associá-la a estilos ou modelos.
de habitação para a classe média, junto com seu então
sócio Jean Ginsberg. A produção de Heep em Paris baseava- As análises também revelaram indícios de
se em soluções que visavam atender aos anseios da classe um pensamento que tratava arquitetura e cidade
média de modo racional; as premissas de seus projetos como elementos em constante simbiose, onde uma,
baseavam-se na durabilidade dos elementos e na facilidade inevitavelmente, depende da outra. Isto se percebe no
de manutenção, além de outros fatores conceituais, que cuidado de Heep com todas as fachadas de um edifício,
seriam recorrentes na sua produção paulistana dos anos afinal, elas não pertencem só a ele, mas principalmente, à
1950. composição da paisagem urbana.
Após a análise da amostra de dez edifícios Ademais, sempre que as condições do lote
produzidos por Heep em São Paulo, é possível identificar permitiram, Heep criou conexões urbanas, encurtamento
uma imensa coerência entre eles sob vários aspectos. de percursos para pedestres e cessões de área de terrenos
Em todos os edifícios, pode-se afirmar com propriedade, para o ganho de passeios públicos; notam-se ainda precisas
que não há exageros, tampouco, arbitraridade. Todos inserções em esquinas, sempre tratadas como pontos
os elementos que compõe um edifício de Heep estão lá focais, onde a arquitetura a entende de modo especial.
porque têm que estar; sempre há uma justificativa para o
emprego de um determinado item. Enfim, se espera que este trabalho tenha colaborado
de alguma forma para enriquecer o conhecimento sobre a
Desta forma, sem exageros e elementos obra de Adolf Franz Heep, a fim de que seu nome e a sua
desnecessários, surge a beleza em sua obra; uma beleza imensa contribuição para a arquitetura ocupem, cada vez
proveniente da geometria, dos alinhamentos e jogos de mais, o lugar de destaque que eles merecem.
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Fonte: Acervo pessoal de Aizik Helcer Fonte: Acervo pessoal de Aizik Helcer