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Introdução
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Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar.
Licenciada e bacharel em História pela Universidade Estadual Paulista – UNESP – campus de Franca/SP.
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LBHM; publicações recebidas); c) perfil dos artigos e autorias (títulos e autores); d) textos dos
ABHM que enfocaram a proposta de educação higienista.
Os Arquivos Brasileiros de Higiene Mental e a temática da Educação
[...] apresenta duas faces: uma, tendo em vista o trabalho defensivo contra as causas
da degeneração psíquica, é a profilaxia mental; outra, procurando preparar o
equilíbrio de adaptação entre a mentalidade individual e o meio físico e social, é a
higiene mental propriamente dita. (ABHM, 1925: 11. Grifos da autora)
Inicialmente, a LBHM contou com cerca de 200 membros, entre eles educadores,
juristas, políticos, empresários e médicos, principalmente os psiquiatras (LBHM, 1923, 1929;
TAMANO, 2018). Entre os consócios, estavam nomes significativos da elite intelectual
brasileira, como Arthur Ramos, Manoel Bonfim e o presidente da República Arthur Bernardes.
Suas atividades foram financiadas, por algum tempo1, por recursos recebidos do município do
Rio de Janeiro e do governo federal, já que a Liga foi reconhecida como de utilidade pública
pelo Decreto nº 4.778 de 27 de dezembro de 1923 (BRASIL, 1923).
A sede da associação esteve no Pavilhão Argentino da Exposição do Centenário da
Independência, localizado na Avenida das Nações, no Rio de Janeiro, até 1926, quando foi
deslocada para um salão do Instituto de Surdos-Mudos, na Rua das Laranjeiras, nº 232. Ficou
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A Liga recebeu trinta contos de réis anuais do governo federal em 1924 e 1925, e doze contos de réis anuais do
Conselho Municipal em 1925 e 1926. Em 1927 a subvenção municipal foi reduzida a seis contos de réis anuais,
mas volta ao valor original em 1930. Alguns projetos da Liga foram patrocinados pelo Governo Federal, como a
terceira Semana Antialcoólica.
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localizada neste endereço até 1930, quando o espaço foi solicitado pelo Instituto e a Liga
estabeleceu sua nova sede no Edifício Odeon, na Praça Floriano, n. 7, 5º andar, sala 516.
A fundação desta agremiação no Distrito Federal ocorreu em um contexto em que a
cidade passou por um rápido e intenso processo de crescimento a partir do fim da escravidão
legal e consequente formação de um mercado de trabalho remunerado, da vinda de imigrantes
em massa, afluxo de capital externo e prelúdio da industrialização (SEVCENKO, 2003). Tal
fenômeno gerou um debate público de caráter político-sanitário acerca dos novos problemas
urbanos: cortiços e moradias precárias com grande amontoamento humano, proliferação de
doenças, desemprego, carestia, miséria, alcoolismo. Nesse cenário, o Estado contou com
agentes modernizadores, entre eles a corporação médica, que buscava inserir-se no aparato
estatal e modernizar o país segundo seus ideais, influenciados pela crescente difusão das teorias
positivo-evolucionistas e patologização dos problemas sociais (SCHWARCZ, 2001).
Os médicos higienistas incumbiram-se de atuar em diversos campos, onde se destaca
sua missão pedagógica de educar a respeito da higiene, seja dentro das escolas ou fora delas.
Foram escritas inúmeras teses, livros e manuais de higiene; realizadas conferências, palestras,
visitas à fábricas e à veículos de mídia, como rádios e jornais e o estabelecimento de serviços
de atendimento psicológico e psiquiátrico direto à população em clínicas e ambulatórios.
A escola era um ambiente essencial para realizar a prevenção dos desajustamentos
humanos, pois permitia “moldar” os indivíduos desde a infância, através do controle sobre seu
desenvolvimento físico, mental e moral, prevenindo, nesta lógica, que se tornassem adultos
“degenerados”. Como afirmou o então vice-presidente da Liga Julio Porto-Carrero, em
entrevista para o Jornal O Globo de 10-11-1932:
Além disso, através da escola seria possível reeducar os pais, que muitas vezes
ensinariam “falsidades” a seus filhos. Falando diretamente às professoras, Porto-Carreiro
afirma:
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A vossa obra deve começar pela educação dos pais, que se faz diretamente pelos
círculos de pais e mestres ou indiretamente, por via do próprio aluno.
Não é necessário encarecer-vos o valor dessa educação retroativa dos círculos de
pais e mestres, que, se bem tenha o demérito de ser tardia, consegue, entretanto, em
muitos casos, corrigir as falhas das escolas antigas.
Por ela modificareis o ambiente do lar, corrigireis os defeitos da educação, desde a
primeira infância, onde já os vícios da amamentação preparam as perversões futuras.
Por ela conseguireis talvez que se mudem em atenção, carinho e verdade a
displicência, a repulsa a mentira com que os pais saem acolher as perguntas ingênuas
dos filhinhos.
[...]
E que o vosso amor substitua o amor dos pais – o que, se, a princípio pode parecer
monstruosidade, em todo caso é melhor do que o caminho errado que levará um dia
às perversões, ao crime, à prostituição. O futuro de um homem vale mais do que o
apego da criança ao lar perversor.
Mas ainda aqui, podeis agir profilaticamente. Á vossa verdade, contraporá, decerto,
a criança o erro que trouxe de casa. Cabe-vos amenizar-lhe a impressão: “Tua mãe
não quis dizer-te o certo, para que aprendesses na escola; porque ela mesma não o
sabia bem. A escola é o lugar de aprenderes; assim como aqui aprendestes, a ler,
assim aqui aprenderás tudo o mais. Não perguntes sobre essas coisas em casa.
Mamãe e papao têm outras ocupações; a minha ocupação é ensinar-te” (PORTO-
CARRERO, 1929: 124).
Nota-se que entre 1923 e 1925 houve poucas mudanças na composição das seções e dos
membros. Em 1928, as seções passam por reformulação, com a fusão de nomes, extinção da
Seção de Medicina Legal, Indigência e Vadiagem e criação da Seção de Psicologia Aplicada e
Psicanálise.
Entre 1925, ano de fundação da revista, e 1932, quando se comemoraram dez anos desde
a fundação da LBHM, o periódico apresentava as seguintes seções:
I) Editorial – existente a partir de 1929
II) Trabalhos originais
III) Assistência aos psicopatas delinquentes – surge no v.5, n. 2 de 1932
IV) Contra o alcoolismo: em favor da higidez mental - presente apenas no v. 1, n .1 e
n.2, de 1925
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No levantamento inicial dos ABHM publicados entre 1925 e 1932, podemos observar a
presença da temática da educação em cada seção, conforme mostram os dados da Tabela 1, a
seguir.
Conclusões
contribuir para a modernização do país, valendo-se do ideário da higiene mental para educar a
população com seu conhecimento higiênico e científico.
Referências
ARCHIVOS BRASILEIROS DE HYGIENE MENTAL. Rio de Janeiro: Liga Brasileira de
Hygiene Mental, v. 1, n 1-2, 1925.
ARCHIVOS BRASILEIROS DE HYGIENE MENTAL. Rio de Janeiro: Liga Brasileira de
Hygiene Mental, v.2, n. 1-3, 1929.
ARCHIVOS BRASILEIROS DE HYGIENE MENTAL. Rio de Janeiro: Liga Brasileira de
Hygiene Mental, v.3, n. 1-9, 1930.
ARCHIVOS BRASILEIROS DE HYGIENE MENTAL. Rio de Janeiro: Liga Brasileira de
Hygiene Mental, v.4, n. 1-3, 1931.
ARCHIVOS BRASILEIROS DE HYGIENE MENTAL. Rio de Janeiro: Liga Brasileira de
Hygiene Mental, v.5, n. 1-2, 1932.
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Brasília, vol. 12, n. 1, p.14-17, 1992.
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sessão 1, p. 32952, 1923. Disponível em https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1920-
1929/decreto-4778-27-dezembro-1923-568642-publicacaooriginal-91995-pl.html. Acesso em
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Higiene Mental, v. 1, n.1, p.223-235, 1925.
LIGA BRASILEIRA DE HIGIENE MENTAL. Estatutos de 1929 (de acordo com a reforma de
25 de fevereiro de 1928). Arquivos Brasileiros de Higiene Mental, v.2, n.1, p. 39-56, v.2, n.1,
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PORTO-CARRERO, Julio. Educação Sexual. Arquivos Brasileiros de Higiene Mental, v. 2,
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PORTO-CARRERO, Julio. Entrevista do professor Julio Porto-Carrero ao “O Globo” em 10-
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