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Atlas da Lusofonia – Moçambique

Copyright © Instituto Português da Conjuntura Estratégia e Editora Prefácio, 2005

Concepção e Direcção da Obra: Pedro Cardoso

Direcção do Projecto: José Luís Pinto Ramalho

Coordenação: Francisco Proença Garcia

Textos: Pedro Cardoso


Faria de Oliveira
Proença Garcia
Carlos Branco
António Martins Pereira

Fotos: Joaquim Monteiro

Cartografia: Instituto Geográfico do Exército


Dália Ferreira
Edite Guimarães

Fotografia: João Loureiro


Luis Figueiredo

Pipa Amorim

Capa: João Nunes

Pré-Impressão: TIPOGRAFIA LOUSANENSE, LDA.


Impressão e Acabamento: TIPOGRAFIA LOUSANENSE, LDA.

Direitos exclusivos reservados por


PREFÁCIO – Edição de Livros e Revistas, Lda. e Instituto Português da Conjuntura Estratégica
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Proibida a reprodução, no todo ou em parte, por qualquer meio, sem prévia autorização
dos detentores dos direitos

ISBN 972-8816-36-7

Depósito legal nº 234495/05


Índice

Geografia física ........................................................................................................................................................ 7

A presença portuguesa ............................................................................................................................................ 10

A Guerra Civil em Moçambique. Uma Breve Cronologia .......................................................................................... 29

Antecedentes da economia moçambicana ................................................................................................................. 33

Perspectiva económica ............................................................................................................................................. 40

Povos e religiões de Moçambique ............................................................................................................................ 64


6 MOÇAMBIQUE

Geografia física O relevo de Moçambique está profundamente


relacionado com o dos territórios vizinhos, sobre-
tudo quando forma cadeias montanhosas.
Nesta ordem de ideias podemos considerar rele-
vantes as seguintes àreas:

– A Sul, a cadeia dos Limbombos, orientada


no sentido Norte-Sul e que se extende por
cerca de 900 quilómetros, dos quais 500
constituem fronteira, entronca na cadeia dos
Montes Drakkensberg;

M oçambique, na Costa Oriental de África, – A escarpa de Manica e Sofala, na parte


central do território, alongada por 700 quiló-
desenvolve-se ao longo de 2795 km entre
a foz do rio Rovuma e a Ponta do Ouro. A su- metros, retalhada por abruptos vales dos rios
perfície de Moçambique, por ocasião das àguas Zambeze, Save e Limpopo. É nesta região
que se encontra o Monte Binga (2346m), o
médias e incluindo a sua parte das águas do
Niassa, é de 784.032km2. ponto mais elevado de Moçambique; neste
A nível hipsométrico podemos considerar quatro conjunto incluimos ainda a Serra da Goron-
gosa (1856m), que se estende mais para o
grandes zonas:
interior do território;

– Zona litorânea, até aos 200 metros de


altitude, e que constitui cerca de 44% do
território. Esta zona abrange a maior parte
do Sul do Save, a área nascente da linha Figura 1. Moçambique. Divisão Administrativa.
Búzi-Gorongoza, a Baixa-Zambézia e uma
faixa costeira com uma profundidade média
de 100 km, desde o Licungo ao Rovuma.
– Zona de planaltos médios, entre os 200 e
os 500 metros de altitude. Esta zona
engloba cerca de 17% do território. Dela
sobressaem os Planaltos de Macondes,
Nampula, Cheringoma, Maringué e Machaze
e o sopé dos Libombos, onde puluam os
inselbergues.
– Zona dos altiplanaltos, compreendida entre
os 500 e os 1000 metros de altitude, cons-
titui aproximadamente 26% do território. Ao
Sul representa apenas uma pequena área
dos Grandes Libombos, mas nas áreas de
Manica-Chimoio-Mungari, Milange-Malema-
-Mandinba-Marrupa e em retalhos a norte da
linha definida por Zobué-Zumbo, é repre-
sentado em larga extensão.
– Zona Montanhosa, acima dos 1000 metros
de altitude, enquadrando 13% do território.
Esta zona está dispersa em manchas,
nomeadamente na área de Manica, Goron-
gosa, Macanga, Angónia, Lichinga, Maniamba
e Cobué.
APRESENTAÇÃO 7

– O prolongamento destas elevações e os alti- Como podemos inferir da descrição anterior, o


planaltos da Marávia-Angónia constituem relevo do território decresce do interior para
as zonas elevadas da província de Tete. o litoral, o que provoca a drenagem dos rios por
O separador natural do prolongamento da uma única vertente, o Oceano Índico. As direcções
escarpa de Manica-Sofala e dos planaltos da dominantes serão assim Oeste-Este, sendo no en-
Marávia-Angónia é o vale do Zambeze; tanto de assinalar também a Noroeste-Sudeste.
– A cadeia Chire-Namúlia, continuação no Nas regiões Norte e Centro abundam os cursos
território do “The Shire Higlands”. O Monte de água, fenómeno associado a uma maior preci-
Namúli dstingue-se pelos seus 2419m de pitação atmosférica; no Sul, em face de menor
altitude; precipitação tornam-se mais escassos. Devido aos
– Mais a Norte a cadeia Maniamba-Amaramba, assoreamentos, aos fundos baixos, aos rápidos e
cortada pelo rio Lugenda. Esta cadeia cons- ao regime do caudal, a maioria dos rios moçam-
titui “The Livingstone – Nyassa Highlands”. bicanos não são navegáveis. Porém, embarcações
A Norte consideramos ainda as elevações de pequeno calado ou de fundo chato, conseguem
que constituem o planalto de Lichinga, desde subir o Limpopo, o Zambeze ou o Incomati, em
as margem oriental do Lago, compreen- determinadas partes do seu curso, sendo a nave-
dendo diversas cordilheiras que diminuem de gabilidade total dos rios estimada em aproxima-
altitude à medida que nos deslocamos para damente 1800 km. Embarcações maiores vão
o interior do território. pouco além da embocadura deste rios.
Durante a época das chuvas são frequentes as
cheias, especialmente entre Janeiro e Março,
o que provoca avultados prejuizos materiais nas
povoações, infra-estruturas e meios de subsis-
Figura 2. Mapa hipsométrico. tência localizados nas zonas ribeirinhas.
Caminhando de Sul para Norte, encontramos
cinco principais bacias hidrográficas:
T A N Z Â N I A
M
– A do Limpopo que se alarga por 390.000
Mpika
km2. Nasce no planalto de Witwatersrand.
A

12º

L
A

É navegavel até Xai-Xai (50 km);


W

Z Â M B I A
Lichinga Pemba •
I

LILONGWE

– A do Save com 87.400 km2, nasce em
• Maranelas no Zimbabwé, atravessando o

território numa extenção de 270 km;
– A do Zambeze que se alarga por uma área
Nampula

16º
Tete •
superior a 1.400.000 km2, provindo dos
Montes Coamba na República Democrática
HARARE Quelimane O do Congo, a 1600 metros de altitude. Depois


C

Z I M B A B W É
I de entrar no território moçambicano no
Chimoio
Zumbo, extende-se por 850 Km até à foz.
D


N

20º
• Beira •
Este é um rio vital para a economia moçam-
Í

bicana, pois nele está construída a barragem


hidroeléctrica de Cahora Bassa. Esta obra de
O

arte também regulariza o leito do rio. Per-


N

mite a navegação a embarcações médias em


A

Altitude (m)
cerca de 420 km;
E

0
Inhambane
24º S • 200
– A do Lúrio, nasce no território moçambicano
C

Á F R I C A
500
D O
a 1280 m de altitude, no monte Malena,
O

1000
S U L Xai-Xai


Nelspruit
• Ponto cotado e extende-se ao longo de pouco mais de

MAPUTO
1000 Km até ao Índico; praticamente não
S


W

MBABANE
A
Z

0 200 km
IL

é navegável;
Â

Ponta
N
D

do Ouro
IA

30º E 34º 38º 42º


8 MOÇAMBIQUE

– A do Rovuma, que nasce


na Tanzânia, planalto de
Ungone, e constitui a fron-
teira setenterional numa ex-
tenção de 630 km. Este rio
apesar de a navegabilidade
ser afectada na sua embo-
cadura. É no entanto nave-
gável em cerca de 200 km
por pequenas embarcações.

Podemos ainda considerar outras


bacias hidrograficas menos im-
portantes como são as dos rios:

– Incomati, Matola, Umbelúzi,


Tembe e Maputo, Entre a
Ponta Ouro e o Limpopo;
Figura 3. Lagoa.
– Gavurro, Navrre e Inhrrime,
entre o Limpopo e o Save;
– Pungué, Buzi e Gorongosa,
entre o Save e o Zambeze;
– Mecubúri, Mogincual, Melúli, Ligonha, Mo- moçambicanas, apenas certas porções ribeirinhas,
locué; Melela, Rarara e Licungo, entre o constiuem secções de fronteira. Os principais
Zambeze e o Lúrio; lagos em Moçambique são:
– Messalo, Montepuez e Megaruma, entre o
Lúrio e o Rovuma. – O Niassa, que Moçambique partilha com
Tanzânia e o Malawi, tem um comprimento
Em Moçambique é importante referir ainda as de 600 km e uma largura de 37 a 117 km,
formações lacustres. Estas não são exclusivamente com uma superfície de cerca de 30.000 km2.
É navegável por grandes embarcações; em
simultâneo recebe e emite diveros rios;
– O Chiúta, cujo comprimento é de 56 km,
variando a largura entre os 4 km e os 16 km;
Figura 4. Paisagem de Nampula.
– O Chirua, com 74 km de comprimento e 36
de largura. Este caminha para a
extinção, pois não emite nem
recebe qualquer apreciável linha
de água; à medida que o nível
das águas baixa, vai ficando sal-
gada.

O CLIMA

No território podemos considerar


basicamente quatro tipos de clima:

– Tropical húmido – com uma


temperatura média anual de apro-
APRESENTAÇÃO 9

ximadamente 25º centígrados,


uma estação das chuvas que vai
de fins de Novembro a fins de
Abril, época da monção de NE,
sendo a seca de Maio a Setem-
bro, época da monção de SW.
A humidade relativa com valor
médio de 72%, e as precipitações
anuais à volta dos 1000 milí-
metros.
– Tropical seco – Com uma tem-
peratura média entre os 22º e
os 26º centígrados, com desvios
maiores em virtude da continentali-
dade, o mês mais fresco é Julho e
o mais quente é Dezembro. A hu-
midade relativa é menor do que no
litoral e varia entre os 66% e os
70%, e a pluviosidade também é Figura 5. Cheias.
bastante mais baixa, oscilando a
precipitação entre os 400 e os
800 milímetros anuais, aumentando de Sul – Clima modificado pela altitude – compreende
para Norte, com máximos nos meses da uma série de pequenas áreas em que a
estação quente (Novembro a Março) e mí- altitude ultrapassa os mil metros. A tem-
nimos na estação fresca (Maio-Agosto). peratura média anual, oscila entre os 18º
– Tropical semi-árido – A temperatura média e os 21º centígrados; a humidade relativa varia
anual oscila entre os 22º e os 30º centígra- entre os 64% e os 77%, com um carácter
dos; a precipitação média anual varia entre mais ou menos constante. A pluviosidade
os 100 e os 600 milímetros e a humidadde confina-se entre os 1000 e os 1500 milíme-
relativa oscila entre os 68% e os 74%. tros, com frequência de 90 a 100 dias.

Figura 6. Pôr do sol.

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