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Renata Boa Sorte

MEDICINA

APG 10

Objetivo 01) Revisar a anatomia dos vasos dos elásticas com número variável de aberturas
semelhantes a janelas (fenestrações) que lhe
membros inferiores.
conferem o aspecto de um queijo suíço. Estas
ESTRUTURA BÁSICA DE UM VASO SANGUÍNEO:
fenestrações facilitam a difusão de materiais
A parede de um vaso sanguíneo é composta por três
através da túnica íntima para a túnica média
túnicas, de tecidos diferentes:
mais espessa.
 Um revestimento epitelial interno (túnica
íntima);
TÚNICA MÉDIA:
 Uma túnica média formada por músculo liso e,
A túnica média é uma camada de tecidos muscular e
tecido conjuntivo elástico (túnica média);
conjuntivo que apresenta a maior variação entre os
 Um revestimento externo de tecido conjuntivo
diferentes tipos de vasos.
(túnica externa).
Na maioria dos vasos, é uma camada relativamente
As variações estruturais entre os diferentes tipos de
espessa que compreende células de músculo liso e,
vasos se correlacionam com as diferenças na função
principalmente, quantidades substanciais de fibras
que ocorrem em todo o sistema circulatório.
elásticas.
A principal função das células musculares lisas, que se
estendem circularmente em torno do lúmen como um
anel circunda o dedo, é regular o diâmetro do lúmen
(vasoconstrição e vasodilatação).
TÚNICA EXTERNA:
É composta por fibras elásticas e colágenas. A túnica
externa contém diversos nervos e, especialmente nos
grandes vasos, minúsculos vasos sanguíneos que
irrigam o tecido da parede do vaso.
VASCULARIZAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES |
IRRIGAÇÃO ARTERIAL:
A irrigação arterial dos membros inferiores é derivada
TÚNICA ÍNTIMA: principalmente das artérias ilíacas. Assim, a região
A túnica íntima forma o revestimento interno de um glútea é suprida pelas artérias glútea superior, glútea
vaso sanguíneo e está em contato direto com o sangue inferior e artéria pudenda interna, que são derivadas
que flui pelo lúmen do vaso. das artérias ilíacas internas. A artéria glútea inferior
Formada por: também participa da nutrição arterial do
 Uma camada mais interna chamada endotélio, compartimento posterior da coxa, porém esse
que é contínuo com o endocárdio. compartimento é suprido principalmente pela artéria
 Uma membrana basal profunda ao endotélio. perfurante. O compartimento anterior e medial da coxa
Ela fornece uma base de apoio físico para a recebe sangue principalmente da artéria femoral, que é
camada epitelial. Sua estrutura de fibras a continuação da artéria ilíaca externa. A artéria
colágenas confere à membrana basal femoral origina a artéria femoral profunda, que é a
substancial resistência à tração, além de principal artéria da coxa e dela são emitidas artérias
resiliência ao estiramento e distensão. perfurantes, que suprem os músculos adutor magno,
 Lâmina elástica interna: parte mais externa da vasto lateral e os isquiotibiais. A artéria femoral
túnica íntima, que forma a fronteira entre a profunda também dá origem às artérias circunflexas
túnica íntima e a túnica média. A lâmina elástica femorais medial e lateral, que suprem a cabeça e colo
interna é uma lâmina fina de fibras do fêmur (artérias posteriores do retináculo) e
músculos da face lateral da coxa, respectivamente. A
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coxa conta ainda com a artéria obturatória, que ajuda a sangue do pé. Ao contrário da perna e da coxa, a
femoral profunda a suprir os músculos adutores. A drenagem venosa do pé é feita principalmente por
artéria femoral continua com a artéria poplítea, que se artérias superficiais. Há ainda veias perfurantes, que
bifurca nas artérias tibiais anterior e posterior. A artéria penetram a fáscia muscular próximo ao local onde se
tibial anterior supre os músculos anteriores da perna, e originam as veias superficiais e possui válvulas que
na articulação talocrural este vaso se torna a artéria permitem o fluxo sanguíneo apenas das veias
dorsal do pé, que supre a parte anterior do pé. A artéria superficiais para as veias profundas, o que é importante
tibial posterior supre os músculos posteriores da perna. para o bom retorno venoso dos membros inferiores. As
O compartimento lateral da perna é suprido por ramos veias profundas acompanham as grandes artérias, e
perfurantes da artéria tibial anterior e da artéria fibular. essas veias acompanhantes normalmente são pares. As
A artéria tibial posterior também dá origem às artérias veias perfurantes drenam para a veia tibial anterior do
plantar medial e plantar lateral, que irrigam a planta compartimento anterior da perna. As veias plantares
dos pés, seguindo os nervos de mesmo nome. medial e lateral formam as veias tibiais posteriores e as
fibulares e todas essas três (tibiais anterior e posterior e
fibular) drenam para a veia poplítea, que se torna a veia
femoral. A veia femoral também recebe sangue da veia
femoral profunda, formada por quatro veias
perfurantes, e se torna a veia ilíaca externa. As veias
glúteas drenam o sangue da região glútea e são
tributárias das veias ilíacas internas. As veias glúteas
superiores e inferiores acompanham as artérias
correspondentes e se comunicam com tributárias da
veia femoral, possibilitando o retorno venoso se a veia
femoral estiver obstruída. As veias pudendas internas
acompanham as artérias pudendas internas e se unem
formando uma veia que entra na ilíaca interna. Há
ainda as veias perfurantes que drenam o sangue do
compartimento posterior da coxa para a veia femoral
profunda. As veias ilíacas drenam para as veias ilíacas
comuns e daí para a veia cava inferior.

VASCULARIZAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES |


Objetivo 02) Compreender a fisiopatologia e a
DRENAGEM VENOSA:
O membro inferior tem veias superficiais e profundas,
etiologia da doença Arterial Obstrutiva Periférica.
Obs.: Aterosclerose e metabolismo anaeróbico.
que ficam localizadas no tecido subcutâneo e na fáscia
INTRODUÇÃO:
muscular respectivamente. As duas principais veias
A aterosclerose é uma doença sistêmica das artérias de
superficiais são a veia safena magna e safena parva. A
grande e médio calibre que causa estreitamento
safena magna, que ascende anteriormente ao maléolo
luminal (focal ou difuso) como resultado do acúmulo de
medial, desemboca na veia femoral, e a safena parva,
material lipídico e fibroso entre as camadas íntima e
que ascende posteriormente ao maléolo lateral, drena
média do vaso. Pode causar doenças das artérias
para a veia poplítea. A maioria das tributárias dessas
coronárias, cerebrais e periféricas. A aterosclerose das
veias não tem nome. A safena magna recebe algumas
artérias dos membros inferiores é definida como Doença
tributárias que se comunicam com a safena parva em
Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP), sendo mais
vários locais, as tributárias da face medial e posterior se
comum que os membros inferiores sejam envolvidos.
unem formando a veia safena acessória, que quando
Embora outros processos patológicos possam levar ao
presente é a principal comunicação entre as safenas
estreitamento das artérias dos membros (por exemplo,
magna e parva. Assim, a veia safena parva se origina da
inflamação, trombose) e sintomas de insuficiência
veia marginal lateral e a safena magna é a continuação
arterial, a aterosclerose é a etiologia mais prevalente da
da veia marginal medial, que são as veias que drenam o
DAOP. Podem ocorrer sintomas agudos ou crônicos, em
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decorrência de embolia proveniente de vasos mais macrófagos, com liberação de citocinas inflamatórias,
proximais ou trombose de uma artéria que foi recrutamento de células musculares lisas devido aos
progressivamente estreitada. Os sintomas isquêmicos fatores liberados pela ativação de plaquetas,
ocorrem quando há um desequilíbrio entre a oferta e a macrófagos e células da parede vascular e proliferação
demanda de fluxo sanguíneo. As manifestações clínicas de células musculares lisas para formação do ateroma
da DAOP dependem da localização e gravidade da maduro.
estenose arterial ou oclusão, e variam de dor moderada A distribuição anatômica da aterosclerose é geralmente
nos membros com atividade (isto é, claudicação) a constante, com uma concentração das placas nas
isquemia que ameaça os membros. A maioria dos bifurcações e angulações dos vasos, onde sabidamente
pacientes com DAOP assintomática tem um curso ocorrem alterações locais devidas ao esforço, à
benigno, no entanto, as manifestações clínicas podem separação do fluxo, turbulência e estase. A aorta
se desenvolver ou progredir rápida e imprevisivelmente infrarrenal, artérias coronárias proximais, artérias
naqueles que continuam fumando ou naqueles com iliofemorais (especialmente a artéria femoral
diabetes ou insuficiência renal. A prevalência mundial superficial), bifurcação carotídea e as artérias poplíteas
da Doença Arterial Obstrutiva Periférica dos membros são comumente envolvidas.
inferiores está entre 3 e 12%. A maioria (70%) dos
ATEROSCLEROSE:
acometidos vive em países de baixa ou média renda É
mais prevalente em indivíduos mais velhos e afro-
americanos. LESÃO ENDOTELIAL
FISIOPATOLOGIA| ATEROSCLEROSE:
A aterosclerose é caracterizada por lesões na íntima
ADESÃO DE MONÓCITOS AO ENDOTÉLIO
chamadas ateromas, ou placas ateromatosas. Estas são
lesões elevadas compostas por centro mole e grumoso
de lipídeos (principalmente colesterol e ésteres de DIFERENCIAÇÃO EM MACRÓFAGOS E CÉLULAS
colesterol, com restos necróticos), recobertas por uma ESPUMOSAS
cápsula fibrosa. As placas ateromatosas podem obstruir
mecanicamente o lúmen vascular e se romper, ACÚMULO DE LIPÍDIOS NO INTERIOR DOS MACRÓFAGOS
evoluindo para trombose dos vasos. Elas também
enfraquecem a camada média subjacente e levam à
LIBERAÇÃO DE CITOCINAS INFLAMATÓRIAS
formação de aneurismas.

PROLIFERAÇÃO DE CÉLULAS MUSCULARES


LISAS

FORMAÇÃO DE PLACAS DE ATEROMALISAS

A aterosclerose é considerada uma resposta


Principalmente em
inflamatória crônica da parede arterial à lesão Bifurcação e angulação
endotelial. A progressão da lesão envolve a interação de de vasos.

lipoproteínas modificadas, macrófagos, linfócitos T e


constituintes celulares da parede arterial. De acordo REDUÇÃO DO LÚMEN ARTERIAL
com esse modelo, a aterosclerose é formada
inicialmente por uma lesão endotelial que promove o DAOP
espessamento da íntima e na presença de dietas ricas
em lipídios resulta na formação de ateromas típicos.
Uma sequência de eventos contribui para a origem do ISQUEMIA DOS MEMBROS
ateroma: adesão de monócitos ao endotélio, migração
para a íntima e diferenciação em macrófagos e células CLAUDICAÇÃO, DOR EM REPOUSO,
espumosas, acúmulo de lipídios no interior dos ÚLCERAS, GANGRENA
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precisa aumentar rapidamente seu suprimento de


energia, o metabolismo anaeróbico permite fazê-lo
imediatamente, em vez de esperar por oxigênio
suficiente para alimentar o aumento do metabolismo
aeróbico.
Também pode ser usado em combinação com o
metabolismo aeróbico quando altos níveis de energia
são necessários.
O metabolismo anaeróbico é baseado em uma via
metabólica, denominado glicólise.
A glicólise começa com a glicose no açúcar (C6H12O6) e,
através de uma série de reações químicas e compostos
intermediários, as utiliza para produzir ATP.
Esse processo é consideravelmente menos eficiente em
termos de energia que o metabolismo aeróbico da
glicose e produz menos moléculas de ATP por molécula
METABOLISMO ANAERÓBICO: de glicose, e é por isso que o corpo tenta confiar na
O Metabolismo anaeróbico é uma forma alternativa de maior parte possível do metabolismo aeróbico e usa o
metabolismo que ocorre quando os níveis de oxigênio metabolismo anaeróbico principalmente quando o
são baixos e menos energia é produzida do que durante metabolismo aeróbico é o único inadequado.
a respiração aeróbica. A glicólise anaeróbica produz subprodutos que, quando
O QUE É: O metabolismo anaeróbico refere-se a acumulados em quantidades suficientes, entram na
processos biológicos que produzem energia para um corrente sanguínea e causam fadiga. Assim, explosões
organismo sem usar oxigênio. É baseado em reações prolongadas desse metabolismo não são sustentáveis
químicas dentro do corpo nas quais os carboidratos são ao longo do tempo.
decompostos para liberar energia química. Esse METABOLISMO ANAERÓBICO | DAOP:
processo ocorre principalmente quando um organismo A dor é o sintoma mais frequente, cuja manifestação
precisa de uma explosão repentina de energia a curto inicial ocorre somente com o esforço muscular
prazo ou durante períodos de intenso esforço. A desencadeado pela deambulação. A atividade muscular
principal fonte de energia para as funções celulares é a requer mais afluxo de sangue oxigenado, além de
molécula adenosina trifosfato, ATP, que libera energia produzir maior quantidade de metabólitos ácidos.
quando é decomposta. Na maioria das circunstâncias, o Quando a demanda não é atendida, a produção
corpo produz a maior parte do seu ATP a partir de insuficiente de ATP (adenosina trifosfato) e o acúmulo
gorduras e carboidratos através de reações químicas de derivados ácidos do metabolismo anaeróbico passam
que envolvem oxigênio, chamado metabolismo a estimular terminações nervosas causando sensação
aeróbico. O oxigênio é transportado do sistema de dor, cansaço e até mesmo câimbra. Tais eventos
respiratório para as células através da corrente cessam imediatamente com a interrupção da atividade
sanguínea e, quando a atividade física de um organismo muscular, o que determina alívio dos sintomas em
aumenta, sua respiração e batimentos cardíacos se poucos minutos. Portanto, a dor atinge determinado
tornam mais rápidos para aumentar o suprimento de grupo muscular, aumenta até o limite de tolerância,
oxigênio para essas reações. obrigando a interrupção do esforço e, cessando este,
Esse processo leva tempo, no entanto, e é inadequado desaparece em tempo rápido, podendo reaparecer com
se o organismo precisar de mais energia em pouco a realização de igual exercício. A essa manifestação
tempo, para fazer um movimento repentino e rápido, denomina-se claudicação intermitente.
por exemplo. Além disso, durante uma atividade
intensa, o metabolismo aeróbico por si só pode não
fornecer energia suficiente, mesmo após o aumento do
suprimento de oxigênio. É aqui que o metabolismo
anaeróbico é importante: Quando um organismo
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Objetivo 03) Entender as manifestações clínicas e As diretrizes da American College of Cardiology/


American Heart Association (ACC/AHA) sobre DAOP
os fatores de risco da DAOP
sugeriram a seguinte distribuição da apresentação
FATORES DE RISCO:
clínica da DAOP nos pacientem com ≥ 50 anos:
É mais prevalente em famílias com aterosclerose e
 Assintomático: 20-50%;
naqueles com fatores de risco para doenças
 Dor na perna atípica: 40-50%;
cardiovasculares (hipertensão, diabetes, hiperlipidemia,
 Claudicação clássica: 10-35%;
síndrome metabólica, tabagismo). Os fatores de risco
 Membro ameaçado: 1-2%.
para DAOP são semelhantes aos fatores de risco para
doença arterial coronária, devido à associação de
Assintomáticos: Os pacientes assintomáticos são
ambas com a aterosclerose. As diretrizes do American
diagnosticados pela triagem que é recomendada em
College of Cardiology e American Heart Association
casos específicos. Estes pacientes se beneficiam da
(ACC/ AHA) sobre DAOP identificaram os seguintes
redução de lipídeos, controle da PA e cessação do
grupos de risco associados a um aumento da
tabagismo que reduzem o risco de infarto do miocárdio,
prevalência da doença e início precoce:
acidente vascular cerebral e morte.
Dor nos membros inferiores: É o sintoma predominante
em pacientes com DAOP e é devido a graus variados de
isquemia. Pode ocorrer dor na panturrilha, coxa ou
nádega provocada por atividade e aliviada com repouso
(claudicação intermitente), dor atípica nas pernas ou
dor constante (dor isquêmica no repouso).
Claudicação intermitente: A claudicação intermitente é
definida como um desconforto reprodutível de um
grupo definido de músculos que é induzido pelo
exercício e aliviado com o repouso. Embora o
O tabagismo parece ser um fator de risco mais suprimento de sangue seja suficiente para atender às
poderoso para DAOP que para Doença Arterial demandas do músculo inativo, ocorre uma
Coronariana. Foi relatada por diversos estudos uma incompatibilidade entre o suprimento de sangue e o
relação entre a quantidade do uso de cigarros e o risco aumento da demanda induzida pela atividade. A
de DAOP, além do aumento da gravidade, efeitos percepção da claudicação pode variar de um
negativos na permeabilidade da reconstrução vascular, desconforto incômodo de pouca consequência a uma
aumento do risco de amputação e mortalidade dor severa e debilitante que se torna limitadora do
cardiovascular após revascularização associados a um estilo de vida. É comum o relato do paciente de dor nas
número maior de maços-ano. pernas por esforço que começa após uma certa
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: distância a pé, faz com que ele pare de andar e se
Pacientes com DAOP geralmente são assintomáticos, no resolve dentro de 10 minutos, permitindo que retome a
entanto, se o suprimento de sangue não for suficiente caminhada. Pode se apresentar uni ou bilateralmente,
para atender os requisitos metabólicos contínuos como em nádegas, quadris, coxas, panturrilhas ou pés de
consequência do estreitamento arterial, ocorrerão acordo com o local anatômico da DAOP.
sintomas. A gravidade dependerá do grau de  Nádegas quadris: Acometimento aorto-ilíaco.
estreitamento arterial, número de artérias afetadas e Pulso femoral está diminuído uni ou
atividade dos pacientes. O paciente pode apresentar bilateralmente. Pode haver disfunção erétil em
dor de um ou mais grupos musculares dos membros homens.
inferiores relacionados à atividade (claudicação  Coxas: Acometimento de artéria femoral.
intermitente), dor atípica, dor em repouso ou feridas  Panturrilhas: É a queixa mais comum. Dor nos
não cicatrizadas, ulceração ou gangrena. A dor desses dois terços superiores da panturrilha ocorre
pacientes é causada por uma neurite isquêmica e tende devido à estenose da artéria femoral
a piorar à noite quando o membro é colocado em superficial, enquanto a dor no terço inferior da
posição horizontal.
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panturrilha ocorre devido à estenose da artéria presença e gravidade de infecções. A isquemia


poplítea. suficiente para ameaçar um membro ocorre quando o
 Pés: Acometimento das artérias tibial e fibular. fluxo sanguíneo arterial é insuficiente para atender às
É pouco comum. demandas metabólicas dos músculos em repouso. Os
pacientes podem enfrentar graus variados de perda de
A síndrome de Leriche é uma doença oclusiva aorto- tecido ou gangrena de dígitos. A isquemia aguda é
ilíaca e se apresenta com a tríade: Claudicação, pulsos definida como aquela que ocorre dentro de duas
femorais ausentes ou diminuídos e disfunção erétil. semanas após o evento que a causou e comumente
está associada a tromboembolismo (fibrilação atrial,
Dor atípica nas extremidades: Os sintomas atípicos são por exemplo). Já a isquemia crônica é aquela que ocorre
mais comuns em pacientes com comorbidades, após mais de duas semanas do evento deflagrador e é
inatividade física e percepção aletrada da dor. Muitas geralmente resultado de estenoses.
vezes é difícil separar nesses casos a dor decorrente da
DAOP de outras etiologias, como artrite, neuropatia, Uma característica que pode ser encontrada no exame
fibromialgia, entre outras. Dessa forma, antes de físico dos pacientes com DAOP é extremidades com pele
atribuir um sintoma atípico à DAOP é importante fina, seca, brilhante e sem pelos. As unhas podem ficar
considerar outros diagnósticos. quebradiças hipertróficas e estriadas. Pode ser
Dor isquêmica em repouso: Uma redução severa na observada também uma alteração da temperatura da
perfusão dos membros pode resultar em dor isquêmica pele local (um membro isquêmico é frio). As ulcerações
em repouso. Esta é tipicamente localizada no antepé e têm uma aparência característica dependendo da sua
nos dedos dos pés e não é facilmente controlada por origem. As ulcerações causadas por isquemia estão
analgésicos. O paciente refere uma piora da dor com a tipicamente localizadas na terminação dos ramos
elevação do membro inferior. Reduções crônicas no arteriais, nas pontas dos dedos dos pés e entre os
fluxo sanguíneo das extremidades também podem levar dígitos. São lesões dolorosas, secas e com pouco
a uma dor neuropática isquêmica sobreposta que é sangramento.
frequentemente descrita como latejante ou ardente
Dor difusa grave: A isquemia aguda difusa dos membros
é caracterizada pelo início repentino dor nas
extremidades, progredindo para dormência e, Objetivo 04) Identificar os planos terapêuticos
finalmente, paralisia da extremidade, acompanhada de adaptados ao estilo de vida socioeconômico do
palidez, parestesias e ausência de pulsos palpáveis.
paciente.
Ferida/úlcera sem cicatrização: As úlceras isquêmicas
PLANO TERAPÊUTICO:
geralmente começam como pequenas feridas
Depois da elaboração da lista de problemas e das
traumáticas e depois não cicatrizam porque o
hipóteses diagnósticas, chega o momento de iniciarmos
suprimento de sangue é insuficiente para atender às
uma proposta terapêutica e de selecionar o tratamento
crescentes demandas do tecido cicatrizante. As úlceras
apropriado. Dessa forma, podemos pensar na
isquêmicas que envolvem o pé podem ser infectadas e
autonomia e no poder de decisão que o paciente terá
levar à osteomielite.
nesse momento. O tratamento deve ser dirigido ao
paciente com o diagnóstico em questão e não ao
A síndrome do dedo azul ocorre geralmente devido à
diagnóstico propriamente dito.
oclusão das artérias digitais com material
É importante não confundir a autonomia do paciente,
ateroembólico de uma fonte arterial proximal e pode
com o que é importante e necessário ser feito.
progredir para uma úlcera não cicatrizante ou áreas
Entretanto, é muito importante tentar equilibrar ao
focais de gangrena se houver DAOP grave.
máximo o necessário e o possível. Apesar dos esforços
da medicina moderna em procurar estabelecer o
Membro ameaçado: A ameaça de um membro faz parte melhor tratamento para cada doença em particular, a
de um amplo espectro de doenças, cuja perfusão é um escolha terapêutica é influenciada pelas condições
determinante do resultado. Outros fatores importantes clínicas do paciente, pela presença de doenças
incluem a extensão e a gravidade de qualquer ferida e a
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intercorrentes, complicações, riscos terapêuticos,


disponibilidade de recursos, custos e experiência do
médico. Então, essa decisão repousa, principalmente,
no conhecimento do médico e de sua avaliação da
possível utilidade que cada tratamento alternativo teria
para cada um dos problemas do paciente. Por exemplo,
em nossa avaliação consideramos um medicamento x
como sendo o mais benéfico para o paciente. Porém, se
ao informarmos o preço médio desse medicamento, o
paciente relatar que fica inviável dele comprar,
devemos tentar oferecer uma alternativa terapêutica. O
mesmo serve para posologia, mudança de hábitos e
outros. Outra coisa crucial no plano terapêutico é que
para cada problema da lista de problemas, devemos
realizar uma proposta terapêutica, mesmo que seja essa
seja uma escuta. E, logicamente, isso deve constar do
registro, na parte das orientações. O Plano Terapêutico
é um conjunto único e individualizado envolvendo
diversas especialidades e intervenções terapêuticas que
envolve toda a equipe multidisciplinar e é fundamental
para garantir a execução da jornada de cuidado do
paciente.
Na comunidade médica, o plano terapêutico é
imprescindível no cuidado coordenado (sistema de
Navegação ou Gerenciamento do Cuidado)
proporcionando uma melhor experiência do Cuidado e
tem como objetivo oferecer atendimento centrado nas
necessidades do paciente, acompanhando-o em todas
as etapas do tratamento. As decisões terapêuticas
envolvem a elaboração de cursos de ação que objetivem
melhorar a situação do atual problema. A mudança
pode ser a cura, o alívio de um sofrimento, a prevenção
de uma doença grave iminente ou de uma complicação,
a redução das preocupações do paciente ou a
compreensão realista do problema. Qualquer que seja a
situação, o médico deve ter uma síntese do problema e
uma hipótese diagnóstica adequada para permitir a
planificação do tratamento. Avaliar o paciente é apenas
um dos meios para a escolha do tratamento
apropriado. Embora o diagnóstico seja essencial para a
solução do problema clínico, não é o seu objetivo final.
O objetivo final do processo é a solução do problema
com a terapêutica dirigida pelo diagnóstico e pela
síntese do problema. Muitos são os princípios científicos
que nos ajudam na tomada da decisão terapêutica.
Devemos evitar decisões baseadas em estudos não
controlados de eficácia e risco terapêutico e nos guiar
por decisões baseadas nas melhores evidências
científicas disponíveis.

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