Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sérgio Veloso
A minha história na nutrição, fitness e composição
corporal já é longa. E tudo começou nos meus 15
anos, quando um dia tomei uma das decisões mais
importantes da minha vida. Perder peso, e fazê-lo
sozinho. E muito peso havia para perder. Dos 120 Kg
fui até aos 68 Kg em apenas 6 meses. Sempre fui uma
criança bem gordinha. Obesa mesmo, sem medo das
palavras. No passado já tinha procurado ajuda de
nutricionistas, mas sem sucesso. E apesar de a
obesidade correr na minha família, também é verdade
que na minha família ninguém “corre”. Um misto de
maus genes com maus hábitos nunca dá bom
resultado.
A decisão foi literalmente de um dia para o outro. Radical, como às vezes temos de ser. Porque no fundo
toda a gente sabe o que precisa de fazer para perder peso. Comer menos. Simples, não é? Mais ou
menos... iremos falar sobre isso. Sobre como o apetite é um drive biológico muito difícil de contrariar, e
que evolui precisamente para não ser contrariado. Mas o Ser Humano é um animal muito peculiar. Que
consegue adiar a recompensa em favor de uma maior ainda. Negar a satisfação imediata por um
objectivo mais nobre. Perder peso, pois achamos que tudo na nossa vida vai mudar para melhor.
Chegando depois à conclusão que muito pouco muda além do guarda-roupa. Que as maiores limitações
de um obeso são no psíquico, e essas bem mais difíceis de perder do que o peso.
Como devem imaginar, perder 52 Kg em 6 meses não se faz com paninhos quentes. A comer de tudo
um bocadinho menos. Passava longas horas em jejum, e comia pouco quando o fazia. Não deixei de
comer as coisas que comia, mas em doses como que homeopáticas. O exercício ainda não fazia parte
da minha vida por essa altura. Só depois de ter perdido todo o peso comecei a treinar de uma forma
regular, e tenho-o feito desde então. Fui radical sim, e sou-vos honesto. Não me arrependo em nada,
pois funcionou e muito bem. Mais à frente veremos que os “danos” de uma rápida perda de peso são
mais mito do que reais. E que quando falamos em obesidade prometer perder 2 ou 3 Kg por mês é meio
caminho para desmotivar.
Perder peso foi fácil. Não que tenha sido sem esforço, mas segredo não há. O grande desafio está em
mantê-lo e em melhorar a composição corporal. A minha vida centrou-se profissionalmente no estudo
no metabolismo e nutrição como forma de compreender o meu, e assim o de tantos outros. Não faria
sentido se assim não fosse. Exigindo a mim o dobro do que peço aos outros. Iniciei-me como professor,
palestrante, e fundei a MetaClinic para que de alguma forma esse conhecimento pudesse servir as
pessoas. Reunido de profissionais com grande competência técnica e humana que hoje colaboram
comigo. Mas a minha paixão foi sempre e continua a ser a ciência. O conhecimento por ele próprio.
Este livro compila e condensa as principais temáticas que leciono, de uma forma tão simples quanto
possível. Mas não simplista. Apesar do conteúdo técnico, não quero limitar este livro aos profissionais
de saúde. Nem tão pouco trata só a obesidade, mas sim a composição corporal. Quando se quer perder
40 Kg, e quando o objectivo é ir dos 12 aos 7% de massa gorda. Tem como fim dar as ferramentas antes
das receitas, para que cada um as possa usar aplicadas à sua realidade individual. Pelo menos três
editoras me contactaram para escrever sobre este tema, mas o que me pedem eu não sei dar. Nem
tenho qualquer interesse em fazê-lo. Soluções genéricas como se todos fossemos iguais, sem espaço
para expor aquilo que realmente me diferencia – a base científica. Livros de dietas há por aí aos montes.
É uma espécie de desígnio acreditar que todos podem entender a ciência se for bem explicada, e se a
tal estiverem dispostos. E usá-la para se ajudarem a si próprios.
1
Conteúdos
3. O tecido adiposo
7. Dietas hiperproteicas
2
Capítulo 1
Composição corporal e avaliação
Existe uma razão para não ter intitulado este livro de “nutrição para perda de peso”.
O peso não reflete a composição corporal de um indivíduo naquilo que realmente
interessa – a relação entre músculo e gordura. Tradicionalmente enquadram-se as
pessoas em categorias de Índice de Massa Corporal (IMC) que classificam risco,
mas a aplicabilidade do IMC em clínica é mínima. O IMC, ou índice de Quetelec em
honra de quem o definiu, não é mais do que uma medida da densidade corporal
P1: a
que segue JZP
seguinte fórmula:
c12 BLBK217-Frayn December 2, 2009 23:48 Printer Name: Yet to Come
𝑝𝑒𝑠𝑜 (𝐾𝑔)
𝐼𝑀𝐶 =
𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎! (𝑚)
Normal 18.5–24.9
Overweight 25.0–29.9
Obese >30.0
Class I 30.0–34.9
Class II 35.0–39.9
Class III >40
Figura
From the1International
– Classes de Índice
Obesity deForce.
Task Massa Corporal (IMC).
Em 1942, Weltham & Bahnke deram nota de que vários atletas profissionais eram
80
considerados como inaptos para o serviço militar nos EUA pelo seu peso excessivo
de acordo com o IMC. A sua densidade corporal era superior à média devido ao
nível de massa muscular, sublinhando a importância de avaliar a composição
corporal de um indivíduo. 60
A massa muscular é mais densa do que a gordura (0,85 Kg/L vs 1,06 Kg/L) pelo
Body fat (kg)
que o IMC não reflete com precisão a composição corporal. O que é massa gorda
40
e massa magra. Encontramos indivíduos com massa gorda excessiva classificados
como normoponderais por apresentarem pouca massa muscular. O que chamamos
de obesidade sarcopénica. E no outro extremo os que entram na categoria de peso
excessivo, mas com um percentual 20 de massa gorda abaixo da média. Aqui
enquadram-se atletas de várias modalidades e quem pratica treino de força, por
exemplo. Se um homem tem 89 Kg e 1,72 m, com 12% de massa gorda, dificilmente
o podemos considerar obeso. Mas a 0verdade é que o seu IMC está nos 30,1.
40 65 90 115 140
Claro que quando falamos de atletas os valores médios são bem distintos. Na figura
2 apresento amplitudes normais de composição corporal para algumas
modalidades (figura 2).
4
muito baixa pode ser desfavorável por maior exposição de órgãos e estruturas
funcionais, com maior risco de lesão.
Métodos de avaliação
5
que uma mulher (55%). Cerca de 2/3 desta água é intracelular, e o restante
extracelular, residente no plasma (20%) e fluídos intersticiais (80%) (figura 4). E por
isso também existe uma relação directa entre o nível de hidratação e a massa
muscular de um indivíduo.
6
Existem várias metodologias que podem ser adoptadas para a avaliação da
composição corporal, mas vamos focar-nos nas que têm maior interessa em clínica
Não são as mais precisas, mas as mais expeditas e económicas. O DEXA é
considerado o padrão mas os equipamentos de densiometria são caros e não estão
disponíveis na grandíssima maioria dos consultórios. Assim como os Bod Pods para
pletismografia, ou tanques de pesagem hidrostática. Os ultrassons têm surgido
como alternativa, medindo a espessura da camada adiposa subcutânea e
extrapolando o %MG a partir desses dados por equações preditivas. Mas em clínica
os métodos mais usados são de longe a bioimpedância (BIA) e pregas cutâneas.
A avaliação da composição corporal por BIA tem por base a magnitude da oposição
do substrato biológico à passagem de uma corrente eléctrica que permite avaliar
indirectamente a composição dos diferentes compartimentos. Na verdade, de uma
forma simplista avalia a água como condutor eléctrico. A BIA pode ser feita com
uma frequência eléctrica única, ou multifrequência. No caso dos aparelhos de
frequência única, menos precisos mas mais económicos, é por norma utilizada uma
frequência de 50 kHz, que penetra parcialmente na membrana das células e resulta
numa soma ponderada tanto da água intracelular como extra celular. Nos aparelhos
multifrequência esta varia habitualmente entre 5 kHz ou 1MHz, com duas ou mais
frequências distintas. Permite diferenciar os compartimentos onde a água se
encontra, pois as frequências mais baixas não vencem a resistência da membrana
fosfolipídica e medem a água extracelular, e as mais altas conseguem penetrar nas
células avaliando o fluído interno.
As próteses mamárias são muito comuns hoje em dia e como seria de esperar
também afectam o resultado da BIA. O silicone é resistente à corrente eléctrica,
7
sendo assim “medido” como se gordura fosse. O %MG real é sobrestimado na
proporção do volume das próteses. Um aspecto para o qual raramente vejo as
pessoas alertadas e que distorce o significado da avaliação. Discrepâncias de 3-
4% não são raras.
Manter sempre as mesmas condições numa avaliação por BIA é tarefa muito difícil.
E por isso é um método impreciso sujeito a grandes variações que nada têm a ver
com a composição corporal real de um indivíduo. No entanto é um método muito
expedito, que não requer a exposição do avaliado, e relativamente barato. Embora
um bom aparelho equipamento ainda seja algo caro. É de longe a metodologia mais
usada em clínica, ginásios, e até em casa.
Um outro método de avaliação bastante usado são as pregas cutâneas. Uma prega
é no fundo uma porção destacável e comprimida de tecido adiposo subcutâneo e
pele. Várias equações preditivas existem para estimar o %MG a partir da espessura
de pregas padrão (figura 6). Por exemplo, a equação de Jackson & Pollock já dos
anos 70, a equação de Peterson (2003), ou a de Evans (2005).
8
Equação de Peterson (4 pregas):
Suprailíaca, crural (coxa), subescapular e tricipital
Homens:
%BF=20.94878+(IDADEx0.1166)-(ALTURA(cm)x0.11666)+(∑4SFx0.42696)-(∑4SF2x0.00159)
Mulheres:
%BF=22.18945+(IDADEx0.06368)+(IMCx0.60404)-(ALTURA(cm)x0.14520)+(∑4SF x 0.30919)-(∑4SF2 x 0.00099562)
%MG7SF=10.430+(∑7SFx0.11851)-(SEXOx7.780)-(ETNIAx2.235)
Em que para o sexo 0=Mulher e 1=Homem, para etnia 0=caucasiano e 1=negro, e SF prega cutânea
Uma limitação desta metodologia para estimação da massa gorda é desde já fácil
de descortinar. Estamos a extrapolar que a MG total mantém proporcionalidade
entre indivíduos à massa gorda subcutânea, o que nem sempre se verifica. Por
norma o tecido adiposo subcutâneo representa 80 a 90% do total, e o visceral, intra-
abdominal, entre 6 e 20%. Existem variações inter-individuais significativas que se
opõem à validade do método, e também por isso a sua aplicação esteja limitada a
atletas quando se pretende extrapolar o %MG. Além disso a própria
compressibilidade da prega varia, bem como a quantidade de gordura destacada.
Depende da densidade da matriz extracelular, que em alguns indivíduos é mais rica
em colagénio do que em outros, do teor hídrico e da espessura da pele.
Para além dos problemas já referidos, a avaliação por pregas cutâneas coloca-nos
outras limitações. Nomeadamente a qualidade do próprio adipómetro, cuja mola
deve exercer uma pressão constante em toda a amplitude. Um bom adipómetro
poderá custar algumas centenas de euros. É um método sem aplicabilidade em
obesos pela dificuldade em destacar as pregas e pela falta de validação nesta
população. Requer a exposição do sujeito avaliado, de roupa interior ou top e
calções justos, e é mais moroso do que a BIA. Idealmente serão feitas 3 medições
para cada região e usada a média no cálculo. A avaliação por pregas está também
sujeita a grande variação inter-individual, e tem uma curva de aprendizagem
íngreme. São necessárias muitas avaliações para ganhar prática no método, com
grandes diferenças nas medidas obtidas por técnicos experientes e em iniciação.
Na monitorização de um indivíduo a avaliação deve ser sempre feita pelo mesmo
técnico de modo a atenuar o impacto da variabilidade inter-indivídual.
9
Como em qualquer método indirecto, a estimativa do %MG por equações preditivas
está sujeito a um erro. E por isso já pouco se usam as pregas cutâneas para avaliar
a composição corporal, mas sim o somatório da espessura das pregas como
indicador. A International Society for Advancement of Kinanthrompometry (ISAK)
avança com valores de corte para a soma das pregas abdominal, suprailíaca,
subescapular, bicipital, tricipital, coxa e geminal (figura 7). O método ISAK 7 é um
dos mais utilizados pelos especialistas. Ao usar uma métrica directa reduz o impacto
do erro.
10
É verdade também que existem padrões quando comparamos as pregas de
caucasianos e negros, estes últimos apresentando uma tendência para um maior
rácio tronco/membros. Menos gordura subcutânea na coxa e braços, mas mais na
região supraíliaca e subescapular. A principal diferença parece mesmo residir numa
maior acumulação de gordura dorsal muito resistente à perda.
A avaliação das pregas cutâneas é um método do meu agrado. Não pela estimativa
do %MG, muito sobrevalorizado quando a maioria das pessoas idealiza uma
imagem corporal e não um número, mas pela versatilidade do método na
monitorização da progressão individual. E o somatório das pregas como indicador
dessa evolução. Para um atleta pode efectivamente ser importante estimar a %MG
e estabelecer objectivos de acordo, mas noutros contextos é mais um aspecto
comercial do que um guia para a intervenção. Com tantas variáveis que influenciam
a estimativa, quer por pregas ou por BIA, é um tiro no escuro tão preciso como uma
“adivinhação informada”. Avaliar a olho. Métricas objectivas e directas, como peso,
perímetros e espessura de pregas, serão sempre melhores na monitorização do
que extrapolações indirectas grosseiras (figura 9). Isto na impossibilidade de
recorrer a métodos mais precisos como o DEXA. Sair do consultório com um %MG
é importante para o paciente, nem que seja só a nível motivacional, mas muito
pouco para o profissional que o acompanha.
Figura 9 – Relação entre o erro associado a medições, índices, e estimativas da composição corporal
11
Mesomorfo de mesoderme, precursor dos músculos e vasculatura. Indivíduos
atléticos e musculados, competitivos e extrovertidos. E endomorfo de endoderme,
o folheto de que deriva o sistema digestivo. Claro que este se refere aos gordinhos,
que eram também amigáveis, retraídos, preguiçosos e egoístas. Um trabalho muito
polémico de Sheldon pois foram expostas dezenas de fotos de alunos universitários
totalmente nus. O que ficou conhecido como o Ivy League Nude Posture Photo
Scandal, em que algumas fotos de jovens que viriam a ser celebridades foram
tornadas públicas.
Nos anos 60 Heath & Carter usaram os tipos corporais de Sheldon para criar a
somatocarta, com base no cálculo da ecto, meso e endomorfia de um indivíduo.
Aparecem aqui os tipos intermédios e estabelece-se então uma relação com
critérios antropométricos. De qualquer forma não é um método de avaliação
morfológica que se traduza como informativo além da caracterização por si, pois
não existe relação entre os tipos corporais e aspectos metabólicos que influenciem
a composição corporal. Os tipos corporais são muitas vezes resultado desses
factores, mas sem especificidade. Podemos falar em ectomorfos como indivíduos
magros que têm dificuldade em ganhar peso, e endomorfos como os mais gordinhos
que o ganham facilmente. Mas não se trata de um critério científico válido.
Não queria terminar sem deixar reforçada a diferença entre o %MG estimado e a
imagem corporal ou morfologia. Dois corpos com a mesma %MG, altura e peso
podem ser totalmente diferentes na aparência. Num podemos encontrar um 6-pack
definido e no outro nem um 2-pack. O físico que vemos não é só reflexo da
quantidade de gordura, mas também da água subcutânea, morfologia muscular,
densidade da matriz dérmica, e a própria capacidade de retração da pele. E daí
12
também a métrica ser extremamente importante na monitorização da progressão
de um indivíduo. Critérios abstratos, comparativos a um modelo estético, podem ser
inalcançáveis e frustrantes num contexto particular. A métrica permite que nos
comparemos connosco próprios e aferir o resultado do nosso empenho. Não posso
garantir que defino os abdominais de uma pessoa. Mas posso dar certezas de que
consigo fazê-lo baixar a prega abdominal para 6 mm. Uma espessura baixa o
suficiente para que eles possam aparecer. Na tabela abaixo mostro-vos avaliações
de um atleta de fitness Men’s Physique, por três vezes campeão do Mundo em
Master’s. As competições foram nos momentos em que o %MG se encontrava mais
baixo, e como podem ver nunca reduziu dos 7,4% (figura 11).
Figura 11 – Historial de avaliações de um atleta de fitness Men’s Physique Master’s. Medições pré-
competitivas a 10/17, 09/19, 11/19, e 09/20.
13
Figura 13 – Vitoria Kleber, 18 anos
Referências
BEHNKE, A. R., FEEN, B. G. & WELHAM, W. C. THE SPECIFIC GRAVITY OF HEALTHY MEN: BODY
WEIGHT ÷ VOLUME AS AN INDEX OF OBESITY. J Amer Med Assoc 118, 495–498 (1942).
2.EVANS, E. M., ROWE, D. A., MISIC, M. M., PRIOR, B. M. & ARNGRÍMSSON, S. Á. Skinfold Prediction
Equation for Athletes Developed Using a Four-Component Model. Medicine Sci Sports Exerc 37, 2006–
2011 (2005).
Gallagher, M., Walker, K. & O’Dea, K. The influence of a breakfast meal on the assessment of body
composition using bioelectrical impedance. Eur J Clin Nutr 52, 94–97 (1998).
Heath, B. H. & Carter, J. E. L. A modified somatotype method. Am J Phys Anthropol 27, 57–74 (1967).
Heymsfield, S. B., Peterson, C. M., Thomas, D. M., Heo, M. & Schuna, J. M. Why are there race/ethnic
differences in adult body mass index–adiposity relationships? A quantitative critical review. Obes Rev 17,
262–275 (2016).
LICHTENBELT, W. D. V. M., HARTGENS, F., VOLLAARD, N. B. J., EBBING, S. & KUIPERS, H. Body
Composition Changes in Bodybuilders: A Method Comparison. Medicine Sci Sports Exerc 36,
490–497 (2004).
Lukaski, H. C. Body Composition: Health and Performance in Exercise and Sport. (CRC Press, 2017).
14
Peterson, M. J., Czerwinski, S. A. & Siervogel, R. M. Development and validation of skinfold-thickness
prediction equations with a 4-compartment model. Am J Clin Nutrition 77, 1186–1191 (2003).
Ritz, P., Sallé, A., Audran, M. & Rohmer, V. Comparison of different methods to assess body composition
of weight loss in obese and diabetic patients. Diabetes Res Clin Pr 77, 405–411 (2007).
Wagner, D. R. & Heyward, V. H. Measures of body composition in blacks and whites: a comparative
review. Am J Clin Nutrition 71, 1392–1402 (2000).
15
Capítulo 2
Necessidades energéticas
O corpo humano, e toda a vida na Terra, tem uma grande complexidade estrutural.
Átomos que se organizam em moléculas, moléculas que constituem organelos
especializados, organelos que formam as células, células que se organizam de
tecidos, tecidos em sistemas, e sistemas num organismo. Como manter toda a
complexidade estrutural que permite vida? A 2ª Lei da Termodinâmica postula que
todos os sistemas tendem para a desordem máxima. A entropia. Se mandarem
tijolos ao ar é pouco provável que eles caiam a formar uma parede. Manter uma
estrutura organizada requer um input constante de energia. Energia essa que deriva
do catabolismo oxidativo de macromoléculas, nomeadamente os hidratos de
carbono, lípidos e proteínas (figura 14). Catabolismo esse que gera energia útil, o
ATP, e calor que se dissipa para o Meio. Os macronutrientes fornecem também os
“blocos” para construirmos as nossas próprias estruturas por vias anabólicas que
requerem um input de energia sob a forma de ATP.
16
A principal diferença é que, ao invés de a energia se dissipar toda como calor, na
oxidação biológica parte é conservada em intermediários, os equivalentes redutores
NADH e FADH2. Esses intermediários cedem os electrões removidos às ligações
C–H dos esqueletos carbonados que derivam das macromoléculas aos complexos
respiratórios mitocondriais, que usam a energia gerada no fluxo de cargas entre
complexos para bombear protões e estabelecer um gradiente electroquímico entre
as duas faces da membrana interna das mitocôndrias. Essa energia potencial
acumulada é usada pela ATP Sintase para fosforilar o AMP a ATP. O O2 funciona
como último aceitador dos electrões na cadeia respiratória, recebendo-os do
complexo IV e formando água. E o CO2 é um produto da descarboxilação dos
intermediários do ciclo de Krebs.
Para a glicose temos uma razão CO2/O2 = 1 (6CO2/6O2). Rácio este a que
chamamos de Coeficiente Respiratório (RQ). A razão entre o CO2 produzido e o O2
consumido. Mas no caso dos lípidos o RQ é diferente já que estes necessitam de
mais O2 para ser oxidados. Para o ácido palmítico (C16:0):
Assim sendo, o RQ dos hidratos de carbono é superior ao dos ácidos gordos e pode
variar entre 0,696 e 1,0 consoante o substrato energético que estiver a ser oxidado.
Assumindo valores intermédios quando ambos são oxidados em proporções
distintas. Podemos já tirar algumas conclusões destas diferenças de RQ. Os ácidos
gordos necessitam de mais O2 para serem oxidados, logo uma dieta rica em lípidos
não é adequada em casos de insuficiência respiratória ou em treino de altitude. E
em esforço físico, quando a intensidade aumenta o volume de O2 inspirado, o VO2,
torna-se limitante. Como os hidratos de carbono necessitam de menos são
substratos preferenciais em exercício intenso. A partir de 65% da capacidade
aeróbia máxima (%VO2max), os hidratos de carbono assumem preponderância
(figura 15).
17
Figura 15 – Partição dos substratos energéticos em esforço.
18
O metabolismo energético é um processo menos eficiente do que se possa pensar.
Menos de 20% da energia é efectivamente usada para. E sendo o calor um produto
obrigatório do metabolismo, a medição da energia emanada pelo corpo é também
um indicador do dispêndio energético. A avaliação do gasto calórico é feita por
calorimentria, directa ou indirecta. Na directa quantificados a troca de calor com o
Meio numa câmara isolada. Método moroso e impraticável em contexto clínico. A
calorimetria indirecta é a mais usada e o padrão para avaliação do dispêndio
energético.
Valor esse que se encontra tabelado (figura 17) e que equivale a 4,801 kcal/L O2.
19
Logo, EE = 15 x 4,801 = 72 kcal/h. Ou 1728 kcal/dia. Um RER de 0,8 aproxima-se
do valor em repouso. Um homem de 70 Kg consome em média 0,25 L/min, ou 15
L/h. Dizemos então que a taxa metabólica de repouso (RMR) é de 1728 kcal/dia.
12.0
11.0
Metabolic rate (MJ/day)
9.0
8.0
5.0
4.0
35 45 55 65
Katch-McArdle
BMR = 370 + (21,6 x LBM)
Cunningham
RMR = 500 + (20 x LBM)
Onde LBM (lean body mass) é a massa isenta de gordura ou massa magra. Por
exemplo, um homem com 80 Kg e 10% de massa gorda tem 72 Kg de LBM. Logo,
pela equação de Cunningham, a sua RMR = 500 + (20 x 72) = 1940 kcal/dia.
Qualquer estimativa será menos precisa do que uma medição por calorimetria. E
inferir a RMR através da LBM terá o seu erro amplificado pelo erro que já é inerente
à avaliação da composição corporal pelos métodos mais comuns, e que já falámos
no capítulo anterior. De qualquer forma, na indisponibilidade de um calorímetro
indirecto é a melhor forma que temos para uma aproximação decente.
Outras equações preditivas existem que estimam através do peso, altura, sexo e
idade. E que historicamente antecedem as de Katch-McArdle e Cunningham. A
equação de Harris-Benedict remonta a 1919, tendo sido revista em 1984, é ainda
hoje uma das mais usadas.
Harris-Benedict
Homens: BMR = (13,75 x PESO) + (5 X ALTURA) - (6,76 x IDADE) + 66,5
Mulheres: BMR = (9,56 x PESO) + (1,85 X ALTURA) - (4,68 x IDADE) + 655,1
Mifflin
BMR = (10 x PESO) + (6,25 x ALTURA) - (5 x IDADE) + S
Com S = +5 em homens e S = -161 em mulheres, peso em Kg, altura em cm, e idade em anos.
21
Figura 19 – Comparação entre a a taxa metabólica de repouso avaliada por calorimetria e estimada por
equações preditivas.
22
Taxa metabólica basal
A taxa metabólica basal corresponde à maior fatia do gasto energético total, entre
60 e 70%. Corresponde à energia despendida para manter as funções vitais e já
vimos anteriormente como pode ser estimada. Relaciona-se directamente com a
massa magra, que prevê até 70% da variabilidade para uma composição corporal
idêntica, com um desvio padrão de ~300 kcal. E quando ajustamos para as
diferenças de massa dos órgãos esse valor aumenta para 80%. Mesmo a influência
da idade na RMR (figura 21) é largamente explicada pela perda de massa magra
que ocorre à medida que envelhecemos, e a redução em ~10% de volume cerebral.
Muito pouco fica então com margem para variação inter-individual, com base
genética ou hormonal.
Estou certo de que todos terão já ouvido, ou até dito, que têm um metabolismo lento
e por isso maior propensão a ganhar peso. Mas como vimos, a margem para
variação ao previsto pela LBM é pequena. Não existe relação entre essa
variabilidade e o ganho de peso. Os que têm uma RMR menor do que o previsto
não parecem estar em maior risco de engordar. E também não há associação entre
a RMR e obesidade. Na verdade, indivíduos obesos tendem a apresentar uma RMR
superior a normoponderais (figura
NU32CH15-Hall ARI 22). O2012
13 April “metabolismo
14:31 lento” é um mito, e veremos
oportunamente o que explica as diferenças entre fenótipos mais “poupados” e os
magros constitutivos.
Figure 7
namics have used this simplified approach to
Figura 22 – Componentes do metabolismo energético em obesos e normoponderais.
modeling RMR (4, 94, 95), it has long been rec-
rsity on 06/04/12. For personal use only.
24
Figura 24 – Relação entre o efeito térmico da refeição e o valor energético.
individual
25-28
d in this process,
romedin U, ghrelin, and
ed protein. These neuro-
likely represent only a 1000 Basal
metabolic NEAT
rs that recognize internal rate
and activate descending
ections through limbic
orporated into different Exercise
This complex neural
0
he quantity and quality Figura 26 – Importância relativa do exercício e NEAT no dispêndio energético.
y of PA and NEAT and, FIGURE 1. Components of total energy expenditure (TEE). The left column
balance and promotes
Estimar o shows
gasto emtheexercício
3 components nãoof TEE:
é umabasal metabolic rate, thermic
tarefa linear effect of A
e simples. food,
avaliação pode
9
Orexin is the
ser most
efectuada and através
extent of physical activity.18 In the
do consumo deright column, physical
oxigénio activity is further indirecta, ou
por calorimetria
romodulator ofextrapolada
NEAT. divided intodo
através nonexercise
aumento activity
do thermogenesis
ritmo cardíaco (NEAT) and em
que, exercise activity
actividade aeróbia, é
shown that theproporcional
ablation thermogenesis.21 The right column also illustrates the theoretical difference in
ao consumo de oxigénio. No entanto, o treino resistido é como
causes narcolepsy and NEAT between sedentary and active individuals and the significant amount of
sabemos maioritariamente anaeróbio,
extra calories that could be expended. pelo que as estimativas que se baseiam em
e use of orexin antago-
exclusivo no consumo de oxigénio tendem a subestimar o gasto real. Quero com
ntaneous movements.31
isto dizer que não há forma de medir com precisão a energia que gastamos num
orexin levels stimulate
ovements.32 These treino resistido,
molec- mas
to assess apenas
NEAT. aproximações
Volunteers sujeitas
were instructed to a um erro ainda considerável.
Como as
correlated with low levels que
continue with their usual daily activities without muito em moda, ou através dos
obtemos dos cardiofrequencímetros
METs
ressed responses to orexin(Metabolic
adoptingEquivalent
new exercise of Task).
practices. The results
animals, which suggests showed that the obese individuals were seated
NEAT stimuli.33-35 The for longer periods compared with their leaner
available online at http:// counterparts and suggested that if obese indi-
edings.org) illustrates the viduals were to adopt the same NEAT 26 activ-
ors of NEAT. ities as the leaner counterparts, an extra 350
otential NEAT mediators calories per day of energy expenditure would
dels, Levine36 termed 2 be achieved.
Em repouso o consumo de oxigénio mantém-se constante em cerca de 3,5 ml
O2/Kg/min, que corresponde a um dispêndio de 1 Kcal/Kg/h. Valores que
consideramos como 1 MET. Medindo o aumento do consumo de oxigénio em
esforço conseguimos estimar o gasto calórico de várias actividades, e que
encontramos tabelado por diversas fontes. Considera-se uma actividade intensa
quando ocorre a pelo menos 6 METs.
Actividade MET
Dormir 0,9
Repouso (ver TV) 1,0
Trabalho de secretária 1,5
Caminhar (até 4 km/h) 2,5
Caminhar (4-5 km/h) 3,3
Caminhar (5-6 km/h) 3,6
Subir escadas 4,0
Bicicleta (~ 15 km/h) 4,0
Treino resistido (leve) 4,0
Bicicleta estacionária 100 W 5,5
Actividade sexual 5,8
Treino resistido (intenso) 6,0
Jogging 7,0
Calisténicos intenso (ex: burpee) 8,0
Crossfit (WOD) 12.0
Saltar à corda 12,0
EE = 6 x 80 x ¾ = 360 kcal
Categoria PAL
Sedentário ou pouco activo 1,40-1,69
Moderadamente activo 1,70-1,99
Muito activo 2,00-2,40
27
Please cite this article in press as: Pontzer et al., Constrained Total Energy Expenditure and Met
Current Biology (2016), http://dx.doi.org/10.1016/j.cub.2015.12.046
measured using
Addi!ve Constrained
Total Energy
Expenditure
mean counts pe
to identify subjec
cedures). First, w
effects of anthr
other other physical activity
bolic rate. We t
including anthro
model 2) to ca
Figura 27 – Modelo constrangido e linear do gasto em actividade física.
adjusted resting
Figure 1. Schematic of Additive Total Energy Expenditure and
Constrained Total Energy Expenditure Models ship between ph
As adaptações sãototal
In Additive várias de forma
energy a aumentar
expenditure models,atotal
eficiência
energy energética, adjusted measu
expenditure dissipando
is a
menos parasimpleo linear
meio function
sob a forma de calor.
of physical Por and
activity, exemplo, atletas
variation sujeitos
in physical a volumes
activity
de treino muito
energy elevados(PA)
expenditure apresentam por norma
determines variation baixos
in total energy níveis de hormonas
expenditure. In Statistical Mod
tiroideiasConstrained
e sexuais.total
Adaptação que se associa
energy expenditure models,atheumabodyredução
adaptsda taxa metabólica
to increased Anthropometric
e gastosphysical
com sistemas não-vitais.
activity by reducing energy spent on other physiological activity,
variation in tot
maintaining total energy expenditure within a narrow range.
Exposição ao frio r2 [adj. r2] = 0.5
mass the strong
been shown
A manutenção to keep total
da homeotermia energy
é também umexpenditure
processo activo.remarkably
Vimos jácon- term to the mo
que o calor
stant indoresponse
é um produto to increased
metabolismo, physical
mas quando activity,
expostos reducing energy
a condições r2 = 0.55, p < 0
externas mais
extremas o organismoon
expenditure tem de se adaptar
growth de forma
[14], somatic a manter
repair a temperatura
[15, 16], and basalcorporal
activity (acceler
dos órgãos vitais. Ou seja, aumentado o dispêndio energético
metabolic rate [17, 18] and even reducing lactation and cannibal- para produzir calor.
accounted for a
Efectivamente parece existir um aumento da taxa metabólica e da oxidação de
izing nursing offspring [19], even when food is available ad libi- expenditure (df =
ácidos gordos quando expostos ao frio. No entanto, existe uma enorme
tum and
variabilidade total energy
inter-individual nessa expenditure
resposta, com is well
algunswithin maximum
indivíduos Study site remai
a aumentar
muito osustained
dispêndio,levels [5, 14–19].
e outros These observations
praticamente are inconsistent
nada. Uma resposta que sabemosdifferences in life
atenuada with
emAdditive
fenótiposmodels; instead, they favor a Constrained total en- tal energy expen
mais “poupadores”.
ergy expenditure model [5] in which energy allocation among celerometry, an
É verdade também que
physiological taskseste aumento
responds do dispêndio
dynamically energético
to long-term tende
shifts in a Adding
ser the term
compensado com um aumento do apetite, cravings alimentares
physical activity, adapting to maintain total energy expenditure for por redução dathe greater m
actividade dopaminérgica, e redução do gasto em actividade física. Tornamo-nos
within some relatively narrow range (Figure 1). viduals, did not
mais sedentários instintivamente, e temos mais fome quando está frio (figura 28).
Os vasos periféricos contraem para evitar perdas de calor para o meio.was
Constrained total energy expenditure may explain the re- E not a sign
markable
compensamos degree
também of similarity
com mais roupa in total energy expenditure
e climatização do ambiente. among (t(291)
Portanto, a = !0.19,
exposiçãopopulations
ao frio temacross
pouco aimpacto
broad range of lifestyles.
no equilíbrio People
energético e noinpeso so- CPM/d for the C
less corporal.
cioeconomically developed populations, including subsistence the model. Add
farmers and traditional hunter-gatherers, have total energy ex- (<100 CPM) an
penditures similar to those in more developed populations improved the fit
[6, 7] despite substantial differences28 in physical activity. Mam- To examine t
mals living in the wild, including non-human primate species, expenditure, we
have total energy expenditures similar to captive populations (total energy ex
Figura 28 – Variação no aporte calórico e dispêndio ao longo do ano no hemisfério Norte.
Figura 29 – Aumento do dispêndio energético após ingestão de água fria ou à temperatura ambiente.
29
Referências
Acosta, F. M. et al. Physiological responses to acute cold exposure in young lean men. Plos One 13,
e0196543 (2018).
Anthanont, P. & Jensen, M. D. Does basal metabolic rate predict weight gain? Am J Clin Nutrition 104,
959–963 (2016).
Bonganha, V. et al. Predictive equations overestimate the resting metabolic rate in postmenopausal
women. J Nutrition Heal Aging 17, 211–214 (2013).
Brown, C. M., Dulloo, A. G. & Montani, J.-P. Water-Induced Thermogenesis Reconsidered: The Effects
of Osmolality and Water Temperature on Energy Expenditure after Drinking. J Clin Endocrinol Metabolism
91, 3598–3602 (2006).
Carneiro, I. P. et al. Is Obesity Associated with Altered Energy Expenditure? Adv Nutr 7, 476–487 (2016).
Charrière, N., Miles-Chan, J. L., Montani, J.-P. & Dulloo, A. G. Water-induced thermogenesis and fat
oxidation: a reassessment. Nutr Diabetes 5, e190–e190 (2015).
Crovetti, R., Porrini, M., Santangelo, A. & Testolin, G. The influence of thermic effect of food on satiety.
Eur J Clin Nutr 52, 482–488 (1998).
Girona, M., Grasser, E. K., Dulloo, A. G. & Montani, J. P. Cardiovascular and metabolic responses to tap
water ingestion in young humans: does the water temperature matter? Acta Physiol 211, 358–370 (2014).
Henry, C. Mechanisms of changes in basal metabolism during ageing. Eur J Clin Nutr 54, S77–S91
(2000).
Jones, D. P., Park, Y. & Ziegler, T. R. Nutritional Metabolomics: Progress in Addressing Complexity in
Diet and Health. Annu Rev Nutr 32, 183–202 (2012).
Kinabo, J. L. & Durnin, J. V. G. A. Thermic effect of food in man: Effect of meal composition, and energy
content. Brit J Nutr 64, 37–44 (1990).
Ma, Y. et al. Seasonal variation in food intake, physical activity, and body weight in a predominantly
overweight population. Eur J Clin Nutr 60, 519–528 (2006).
Mansour, M. S. et al. Ginger consumption enhances the thermic effect of food and promotes feelings of
satiety without affecting metabolic and hormonal parameters in overweight men: A pilot study. Metabolis
61, 1347–1352 (2012).
McArdle, W., Katch, F. & Katch, V. Exercise Physiology. (Wolters Kluwer, 2014).
Mendes, M. de A. et al. Metabolic equivalent of task (METs) thresholds as an indicator of physical activity
intensity. Plos One 13, e0200701 (2018).
Müller, M. J., Wang, Z., Heymsfield, S. B., Schautz, B. & Bosy-Westphal, A. Advances in the
understanding of specific metabolic rates of major organs and tissues in humans. Curr Opin Clin Nutr 16,
501–508 (2013).
30
Pontzer, H. et al. Constrained Total Energy Expenditure and Metabolic Adaptation to Physical Activity in
Adult Humans. Curr Biol 26, 410–417 (2016).
Rosenbaum, M., Hirsch, J., Gallagher, D. A. & Leibel, R. L. Long-term persistence of adaptive
thermogenesis in subjects who have maintained a reduced body weight. Am J Clin Nutrition 88, 906–912
(2008).
Stipanuk, M. & Caudill, M. Biochemical, Physiological, and Molecular Aspects of Human Nutrition.
(Elsevier., 2013).
Villablanca, P. A. et al. Nonexercise Activity Thermogenesis in Obesity Management. Mayo Clin Proc 90,
509–519 (2015).
31
Capítulo 3
O tecido adiposo
32
Tecido adiposo castanho (BAT)
Mas além do já referido, o BAT expressa uma proteína específica que caracteriza a
sua principal função. A UCP1 (Uncoupling Protein-1), ou termogenina, estimula a
dissipação de energia sob a forma de calor ao alojar-se na membrana interna das
mitocôndrias dos adipócitos castanhos. A produção de energia nas mitocôndrias
ocorre de uma forma em tudo semelhante a uma pilha. É o movimento de cargas
entre polos, neste caso faces da membrana interna, que permite gerar energia. Ao
estabelecer-se um gradiente electroquímico, com excesso de cargas positivas (H+)
no espaço intermembranar, permite que essa energia potencial seja usada para que
a ATP Sintase fosforile o ADP e gere ATP quando os H+ fluem para a matriz
mitocondrial. O que a UCP1 faz é impedir que esse gradiente electroquímico seja
gerado ao facilitar a passagem dos H+ através da membrana interna a favor do
gradiente de concentração (figura 32). A diferença de potencial tende para zero, e
ao invés de ser conservada para produzir ATP, é dissipada sob a forma de calor.
Reduz drasticamente a eficiência da produção de ATP. Tal como numa pilha, não
se gera energia quando as cargas são iguais nos dois polos, ou quando deixam de
existir polos em bom rigor.
33
Figura 32 – Desacoplamento da fosforilação oxidativa pelas UCPs.
É verdade que indivíduos obesos apresentam por norma níveis e actividade do BAT
menores. A exposição ao frio aumenta menos o dispêndio energético do que em
normoponderais, e o mesmo se verifica com a termogénese facultativa em resposta
a refeições. Indícios de um bloqueio iniciação ou da resposta à actividade simpática
que estimula ambos os processos. Fenómeno que deve ser mais encarado como
uma consequência do que causa da obesidade, mas que implica negativamente na
perda de peso.
34
em que 80-90% do seu volume é ocupado por triglicéridos num único lóbulo. Os
organelos, núcleo, mitocôndrias, etc, localizam-se exclusivamente na periferia. Os
ácidos gordos que constituem os triglicéridos nos adipócitos provêm na sua grande
maioria da alimentação, por extração dos quilomicra.
Muscle
TAG
P1: JZP
c07 BLBK217-Frayn December 2, 2009
Small intestine 23:40 Printer Name: Yet to Come
LPL
CO
2
0.5
amino acids are not synthesized in the human body). Furthermore, the synthesis and
0.3
degradation of individual proteins (e.g., enzymes under hormonal control) is so specific
that it may appear very 0.2difficult to make generalizations. The emphasis here will be
on aspects that relate to energy metabolism, and on aspects Insulin
of the control of protein
turnover at a whole-body 0.1 and tissue level where general features of hormone action
can be distinguished.
0
Amino acids can be oxidized -1
just as
1
can2glucose3
and
4
fatty5
acids.
6
In fact, very little
amino acid is lost from the body intact – we shed some in skin cells, and we lose
some in feces and a tiny amount of freeTime after meal (hours)
amino acid and some protein in the urine.
But
Figura 34 –Figuremost of the
7.8 inversa
Relação amino
Plasma entre acids we
non-esterified ingest are ultimately
fatty acid
a concentração (NEFA)
plasmática oxidized. At a gordos
concentrations
de ácidos whole-body
after level,
an
livres (NEFAs) e de
therefore,
overnight
insulina após the and
fast
uma refeição. totalfollowing
oxidationa meal.
of amino acids
The meal was(per day)asroughly
the same describedbalances theThe
in Figure 7.4. daily
plasma
intake insulin concentration
of protein, around (expressed
70–100ing nmol/l) is shownWestern
in the typical as a dotted line.Amino
diet. Mean values
acid for eight
oxidation
normal subjects are shown; data taken from Frayn et al. (1993).
contributes around 10–20% of the total oxidative metabolism of the body under
normal conditions (Figure 7.13).
The
rises total
after content
meals of amino0.4–0.6
to (typically) acids inmmol/l.
the body (present
(This figure in proteins)
will depend,could, therefore,
of course, on
represent
the amount a large
of fat store
in theof 35 difference between amino acids and
energy. One important
meal.)
carbohydrates and fatty acids, however, is that (in mammals) amino acids are not
stored simply for energy production: all proteins have some biological function apart
7.2.3 The Postabsorptive
from storage. For this reason, body State protein is largely preserved during normal condi-
tions; the amount does not fluctuate like the glycogen store, for instance. However,
Ao contrário do tecido adiposo, a LPL presente no tecido muscular não responde à
insulina nem tem grande influência na extracção pós-prandial dos ácidos gordos. É
estimulada pelo exercício por exemplo, sendo mais expressa em indivíduos
fisicamente activos. Os ácidos gordos são um importante substrato energético das
fibras musculares tipo I, que também os reservam em inclusões intra-miocelulares
de triglicéridos. Como veremos, essas inclusões lipídicas podem influenciar
negativamente na saúde metabólica do músculo em indivíduos sedentários, mas
não em atletas. Nestes são uma adaptação ao treino de endurance de alto volume.
Como vimos, a insulina tem um importante papel no metabolismo dos ácidos gordos
BK217-Fraynnos adipócitos
December e extração pós-prandial. É verdade que são os hidratos de carbono
2, 2009 23:35 Printer Name: Yet to Come
os principais estimuladores da sua secreção pelo pâncreas, mas num fenómeno
amplificado pela proteína e gordura através das incretinas, hormonas intestinais que
potenciam a libertação de insulina. No tecido adiposo a insulina estimula a LPL,
com hidrólise dos triglicéridos nos quilomicra (e VLDL) em ácidos gordos, que são
captados pelos adipócitos. Em simultâneo estimula a síntese e translocação dos
transportadores GLUT-4 para a membrana celular do adipócito, promovendo
também a captação de glicose (figura 35). Glicose essa que é canalizada
Metabolic Regulation Brought About by the Characteristics of Tissues 37
maioritariamente para a síntese de glicerol, ao qual os ácidos gordos vão esterificar
e formam os triglicéridos que se depositam (figura 36).
Insulin
Glucose GLUT4 at the
cell membrane
Insulin
receptor
Cell
membr
ane
Fusion with
cell membrane
Internalization at
end of insulin signal
Insulin signalling
via PI3 kinase etc
Intracellular pool
of GLUT4
TAG
Re-esterification Lipolysis
+ Insulin Insulin -
Glycerol 3-P
Fatty acids Non-esterified
Insulin + fatty acids
+ Glycerol Glycerol
Glucose Glucose
LPL
Lipoprotein particles
TAG (chylomicrons, VLDL)
ACTIVATION INHIBITION
Adrenaline Glucagon Insulin
Gs Gs
GTP GTP
via PI3 kinase
GDP
ATP
GDP
+ and PKB
cAMP Phospho-
AMP
diesterase
+ Protein
PKA phosphatases
ATP ADP Pi
HSL HSL
HSL active MAG
inactive lipase inactive
Fatty acid
TAG DAG MAG +
glycerol
ATGL
Fatty acid Fatty acid
FigureFigura
2.4.3 37 –Signal
Regulação da lipólise
chain no tecido
for control adiposo pela adrenalina,
of hormone-sensitive glucagon,
lipase e insulina. Hormone-
in adipocytes.
sensitive lipase (HSL) is one of the enzymes responsible for regulation of breakdown of triacyl-
glycerol (TAG) stored in adipocytes, to deliver fatty acids to the plasma. (It acts in concert with
Pelo que
another falámos
lipase, atétriglyceride
adipose aqui poderíamos ser levados
lipase (ATGL): a acreditar
see Section 5.5.3.2 que a insulina
for more details.)é HSL
absolutamente essencial para a reserva de ácidos gordos dos
is activated by phosphorylation by PKA (see Figure 2.4.2 for description of the earlyadipócitos. Que part
se of
esta estiver cronicamente baixa não há deposição de triglicéridos nos adipócitos.
this signal chain). In its active state it catalyzes the hydrolysis of TAG to diacylglycerol (DAG),
and of DAG
Errado. to monoacylglycerol
Baixar a exposição à(MAG), withatravés
insulina, release of
detwo
umafattydieta
acids. A constitutively
muito restrita emactive
MAG lipase
hidratos deremoves
carbonothe por
final exemplo,
fatty acid. não
HSL isimpede
dephosphorylated
que haja and inactivated
deposição no by constitu-
tecido
tively activeembora
adiposo, protein a
phosphatases.
lipólise aumente Insulinconsideravelmente
acts through the signal
bemchain
comoshown in Figure 2.4.1
a concentração
todephosphorylate
ácidos gordos andlivres
activate
no ainterstício
phosphodiesterase that breaksMas
e em circulação. down oscAMP, so reducing
triglicéridos que the
cellular
circulamcAMPem concentration
lipoproteínas,and allowing inactivation
particularmente of HSL. após ingestão, estimulam
nos quilomicra
a expressão dos transportadores CD36 (ou FAT, de Fatty Acid Transporters) que
internalizam os ácidos gordos livres, e também a produção de ASP (Acylation
Stimulating Protein) pelos próprios adipócitos. Esta proteína estimula a re-
esterificação de ácidos gordos livres e a captação de glicose via GLUT-4. Ou seja,
mesmo com uma menor actividade da LPL quando a insulina está em baixa, os
ácidos gordos livres podem re-esterificar por acção da ASP. E estes estão
aumentados em concentração porque a lipólise também. Entramos em ciclos fúteis
de lipólise e re-esterificação, até porque a quantidade de ácidos gordos livres
excede em muito as necessidades e capacidade dos tecidos em os oxidarem. O
fluxo out aumenta, mas o fluxo in também quando estamos com uma dieta
hiperlipídica e baixa em hidratos de carbono. O saldo será sempre ditado pelo
balanço energético. A taxa de oxidação de ácidos gordos não se relaciona com a
perda de peso, mas sim com menor disponibilidade de outros substratos
energéticos.
38
Lipogénese de novo
39
(5.3 ! 0.3 vs. 4.8 ! 0.2 kJ/min, p " 0.003). Net carbohy- overfeeding condition (p " 0.012, Figure 6). The expres-
drate oxidation remained higher (p " 0.001) and net gly- sion of FAS and ACC mRNAs was also significantly in-
cogen synthesis was significantly decreased (p # 0.001) creased by 363% and 72%, respectively, under overfeeding
after carbohydrate overfeeding (Table 3; Figure 5). Net de conditions (p " 0.018 and p " 0.018, respectively; Fig-
novo lipogenesis was increased by 296% after overfeeding
ure 6).
(p " 0.001; Table 3; Figures 4 and 5).
Gene Expression of Lipogenic Enzymes in Adipose Pentose-phosphate pathway Activity in Adipose Tissue
Tissue Biopsies In the basal state, fractional pentose-phosphate pathway
mRNA coding for key lipogenic enzymes was measured activity was 17% after isocaloric feeding and 18% after
de in4% no estado isocalórico para 13% (figura
adipose tissue biopsies obtained at the end of the meta-
38). O excedente de hidratos de
carbohydrate overfeeding at the basal state (p " not signif-
carbono promove
bolic studies, i.e., after a acumulação
glucose deobtained
ingestion. Values gordura icant).
essencialmente portheinibição
After the glucose load, da lipólise,
fractional activity of this
after isocaloric
inibição feeding were compared
da oxidação de ácidoswith thosegordos,
obtained epathway was 22% after isocaloric
re-esterificação dos condition and 20% afterda
que derivam
after a 4-day carbohydrate overfeeding. The expression of carbohydrate overfeeding conditions.
alimentação nos adipócitos. A lipogénese de novo tem pouca expressão.
Figure
Figura5: Major
38 –pathways of glucoseda
Metabolismo disposal after após
glicose isocaloric feedingcom
4 dias and after
umacarbohydrate overfeeding. *Significantly
dieta hiperglucídica different from
e hipercalórica.
isocaloric feeding (Student’s t test): p # 0.05.
Distribuição
1100 OBESITY do tecido
RESEARCH Vol. adiposo
11 No. 9 September 2003
40
A distribuição da massa gorda marca dois fenótipos comuns. O perfil androide e
ginoide. Como o nome indica, o androide é um padrão mais masculino e o ginoide
mais feminino, que se perde após menopausa. Ambos são influenciados pelo
equilíbrio hormonal como veremos adiante. O perfil androide apresenta um maior
rácio VAT/SAT do que o ginoide. E é caraterizado por uma deposição preferencial
na região abdominal, visceral e subcutânea, enquanto que o ginoide é
marcadamente subcutâneo glúteo-femural (figura 40). Região muito responsiva aos
114 B.F. Palmer, D.J. Clegg/Molecular and Cellular Endocrinology 402 (2015) 113–119
estrogénios.
b Visceral b Subcutaneous fat
c c
Figura 40 – Diferença histológica entre o tecido adiposo abdominal subcutâneo (direita), caracterizante
Fig. 1. Approximately 80% of all body fat is in the subcutaneous depot and lies just under the skin primarily around the waist, in the subscapular area, and in the gluteal
and femoral (thigh) areas. Visceral fat, accounting for 10–20% of total fat, is in the abdomen primarily in the omentum and mesentery but also in perirenal, gonadal, epi-
do perfil ginoide, e o visceral (esquerda) androide.
cardial, and retroperitoneal depots. Visceral fat accounts for a higher percentage of total fat in men than in women. In men adipose tissue preferentially accumulates in the
visceral depot while fat accumulation is primarily in the subcutaneous depot in women. The magnitude of this difference is amplified from late puberty to early adulthood
as men develop the typical android body shape while women a more gynoid shape. Menopause is followed by redistribution of adipose tissue to the visceral depots leading
to a more central or android shape in post-menopausal women who are not hormone replaced. The timing of these changes implicates involvement of sex hormones. Up to
the transition through menopause, women tend to accrue adipose tissue preferentially in the subcutaneous depot due to its greater storage capacity, and the expandability
O tecido adiposo pode desenvolver tanto por hipertrofia, aumento do volume dos
of subcutaneous fat can be traced to a greater degree of hyperplasia of fat cells. Men accrue adipose tissue preferentially in the visceral depot, and the accumulation of
excess fat in the visceral depot is primarily achieved by hypertrophy of fat cells. Once storage capacity is exceeded, visceral adipose tissue is characterized by fibrotic and
adipócitos por expansão do glóbulo lipídico, como por hiperplasia. Neste caso o
inflamed adipose tissue which is highly correlated with the metabolic syndrome. (a) A cartoon depicting android and gynoid deposition of adipose tissue in males and females.
(b) Representative coronal midsection MRI images of a BMI-matched male and female demonstrating fat distribution with the white matter depicting adipose tissues. (c)
número de células aumenta, não por divisão dos adipócitos maduros, mas por
Representative histologic adipose tissue sections from subcutaneous or visceral adipose tissues. The subcutaneous adipose tissue has smaller more ‘plastic’ adipocytes whereas
the visceral adipose tissue is characterized by larger adipocytes encased in fibrotic tissues.
diferenciação de células mensenquimatosas precursoras – os pré-adipócitos. O
número
and de adipócitos
the mechanisms underlying these desexually
um indivíduo tende
dimorphic influ- a manter-se
By contrast, constante
in animal models a partirfactors
where non-biological do areinício
ex-
ences remain poorly understood. Over the past decade adipose cluded, studies suggest the propensity toward development of
da idade adulta (figura 41). Isto porque
tissues have been determined to be more than a storage vessel for
a taxa de adipogénese iguala a da morte
obesity differs between the sexes and this is directly due to sex hor-
celular. rather,
triglycerides, Em these
adulto aactively
tissues hipertrofia
contribute toémetabolic
o processo mones.dominante
For example, femalede
ratscrescimento do totecido
gain less weight compared males
homeostasis by secreting a wide variety of signaling molecules and when presented with a metabolic challenge such as a high fat diet,
adiposo. Na infância e adolescência a
hormones. An often underappreciated finding is that adipose tissue adipogénese tem maior peso. O que sublinha
a difference no longer seen following ovariectomy (Stubbins et al.,
function and deposition differ by sex. Females have an overall higher 2012). Estrogens protect against increased body adiposity/obesity
bem a importância desta fase na composição
total body fat content when compared to men. Importantly, females
corporal em adulto. Uma criança
through their effects to suppress appetite and increase energy ex-
obesa
differ tem togrande
with respect probabilidade
distribution detend
of adipose tissues, males serto tornar umEstradiol
penditure. adulto obeso.
suppresses feeding by enhancing the potency
accrue more visceral fat, leading to the classic android body shape of other anorectic signals, such as cholecystokinin, apolipoprotein
which has been highly correlated to increased cardiovascular risk; A-IV, leptin, brain derived neurotrophic factor (BDNF), and by de-
whereas females accrue more fat in the subcutaneous depot prior creasing the potency of orexigenic signals such as melanin-
to menopause, a feature associated with protection from the neg- concentrating hormone and ghrelin (Clegg et al., 2006, 2007; Geary,
ative consequences associated with obesity and the metabolic 2001; Messina et al., 2006; Shen et al., 2010; Zhu et al., 2013).
syndrome (Fig. 1). After menopause, fat deposition and accrual shift In women, caloric intake varies across the menstrual cycle.
to favor the visceral depot. This shift is accompanied by a parallel Women tend to eat less during the 4-day periovulatory phase of
increase in metabolic risk reminiscent to that seen in men. A full the menstrual cycle when estradiol reaches its peak and these cyclic
understanding of the physiology behind why, and by what mecha- changes in feeding are absent in women with anovulatory cycles
nisms, adipose tissues accumulate in specific depots and how these (Barr et al., 1995; Buffenstein et al., 1995; Davidsen et al., 2007;
depots differ metabolically by sex is important in efforts of preven- Lissner et al., 1988). Consistently, cycling female rodents consume
tion of obesity and chronic disease. A review of sex differences in different amounts of food across their 4-day ovarian cycles, con-
obesity/adipose tissue distribution is timely given that obesity has suming the least during diestrus, which occurs right after
recently been classified as a disease, and that the National Insti- preovulatory rise in estradiol secretion, and consuming the most
tutes of Health has made it mandatory to explore gender differences during estrus when estradiol levels are lower indicating physio-
in disease states. logic estradiol levels are negatively correlated with food intake
Figura 41 – Número médio de (Asarian
adipócitos ao longo
and Geary, da vida.
2013; Tarttelin and Gorski, 1971).
2. Estrogens and adiposity Estrogens also protect against weight gain by increasing energy
expenditure. Many postmenopausal women gain body weight due
Obesity is influenced by a number of variables such as ethnic- the natural decrease in endogenous estradiol levels during meno-
ity, socioeconomic status and education which makes it difficult in pause and reductions in energy expenditure can be prevented by
humans to determine whether a biological difference per se exists
regarding the propensity to gain weight between men and women.
41 estrogen replacement therapy (Gambacciani et al., 1997). Addition-
ally, postmenopausal women have a lower fat oxidation and energy
Quando emagrecemos os adipócitos não morrem. O número pode diminuir ao longo
do tempo, mas porque a taxa de adipogénese é inferior à de morte celular.
Perdemos peso e os adipócitos reduzem de volume e encolhem. No entanto, um
adipócito “vazio” é mais sensível à insulina, expressa menos receptores
adrenérgicos responsivos às catecolaminas, produz menos leptina, e tem uma taxa
de lipólise menor. Ou seja, está “desejoso” de voltar a encher e restaurar o set-point
de massa gorda. Muito ávido da captação de gordura.
42
d insulin-resistant (IR)
ype and increased mac-
to omental adipose tis-
the photographs of 1
S and the IR obese sub-
strate the differences in
ution despite the same
hematoxylin and eosin
adipose tissue sections
udy individuals. Initial
: increased macrophage
al compared with subcu-
issue. D: CD68 mRNA
between the fat depots
up. E: diameter distribu-
adipocytes from omen-
oled data from 20 indi-
ulin-stimulated glucose
y lower in omental adi-
pared with IS obese in-
Figura 43 – Proporção de macrófagos no tecido adiposo omental e subcutâneo de indivíduos insulino-
resistentes e insulino-sensíveis.
44
rd Fam Med: first published as 10.3122/jabfm.2012.01.110164 on 4 January 2012. Downloaded from http://www.jabfm.org/ on 13 January 2020 by guest. Protected by
Body Mass Index
Individual Healthy Habit 18.5–24.9 25–29.9 !30
Current smoker
Yes 1.69 (1.36–2.10) 1.95 (1.50–2.55) 1.92 (1.38–2.69)
No 1.00 1.00 1.00
Fruit/vegetable servings per day
!5 1.00 1.00 1.00
!5 0.75 (0.61–0.93) 0.83 (0.70–0.98) 0.93 (0.67–1.30)
Mas independentemente dos factores fisiológicos e hormonais, a genética tem
None 1.00 1.00 1.00
também um peso significativo. Mais relevante para o padrão de distribuição do que
Regular exercise (times per month)
alguns assumido como “protector”, embora o termo certo seja “de menor risco”. É
verdadestudy
quefound cerca de 20% dos obesos não apresentam
primary care providers spent minimal
qualquer tipo de anomalia
consumption, and increasing exercise frequen-
metabólica. São perfeitamente
time addressing nutrition (2.7% ofsaudáveis,
total time), ex- e a cy.fitness
25–28
In the cardiovascular
pooled analysis thatparece included atéall ser
copyright.
um melhorerciseindicador
(2.0% of time),deor smoking
risco (1.3%
do que o 24IMCindividuals
of time). ou nível in the
decohort
gordura.(normalUm weight,obesoover- tem
Such a lack of focus on counseling is particularly weight, and obese), the adoption of each additional
maior risco quando apresenta baixa fitness cardiovascular.
troubling because counseling has been shown to be
Mas obesos fisicamente
healthy habit decreased all-cause mortality between
activos effective
não parecem in decreasingestar
smoking,emincreasing
maior fruit risco 29% do and que 85%normoponderais sedentários,
(Table 2). To put this in perspective,
and vegetable
antes pelo contrário. consumption,
E assumir moderating hábitos statins decrease
alcohol saudáveis all-causedrasticamente
reduz mortality by 12% in o in- risco
cardiometabólico associado à obesidade (figura 45). Perdendo ou não peso,
adoptar Figure
um estilo
1. Hazardde vida
ratio e alimentação
for all-cause mortality by bodysaudáveis
mass index (kg/m2) trazandbenefícios.
number of healthy habits
(ie, fruits and vegetable intake, tobacco, exercise, alcohol). Data from Table 3.
A resistência à insulina
45
o receptor de insulina (IR), alterando a sua conformação no sentido da interação
das duas subunidades ß que têm domínios cinase de tirosina (TK). Ou seja,
autofosforilam com recurso ao ATP resíduos de tirosina no próprio receptor. Dá-se
então um recrutamento do substrato de receptor de insulina (IRS1/2) que é ele
próprio fosforilado, alterando a sua conformação para interacção com proteínas que
apresentem domínios SH2. Entre elas a subunidade p85 da PI3K (Fosfoinositol-3-
Cinase), que dissocia a subunidade p110 e permite a sua actividade catalítica. A
p85 é inibidora da subunidade p110, que vai fosforilar o PIP2 a PIP3 (fosfoinositol
bi a tri-fosfato). O PIP3 recruta e activa a PDK1, que fosforila a Akt (ou PKB). Cinase
que medeia a maioria dos processos dependentes da insulina – inibição da lipólise,
efeito anti-apoptótico, vasodilatador, síntese de glicogénio, inibição da
neoglucogénese, aumento da síntese proteica, lipogénese de novo, entre outros
(figura 46).
46
Figura 47 – Vias inibitórias da sinalização da insulina.
47
P1: JZP
com domínio SH2. Nomeadamente Ghrb2, que sinaliza através da via das MAPK
c05 BLBK217-Frayn December 3, 2009 0:57 Printer Name: Yet to Come
(Mitogen Activated Protein Kinase) e resulta na activação do SREBP-1c. Factor de
transcrição que estimula enzimas lipogénicas. E como em condições de resistência
à insulina os seus níveis tendem a apresentar-se elevados, a via Ghrb2/Ras/MAPK
está na verdade 96 sobreactivada.
Organs and Tissues Via que se denomina de mitogénica, já que também
promove o crescimento e proliferação celular.
+ Glucagon
+ Adrenaline
- Insulin
GLUT2 GK Glycogen breakdown
Glucose Glucose G 6-P Glycogen
G-6-Pase Glycogen synthesis
+ Insulin
Glucagon + Pe
Cortisol + + Insulin ntos + In
Insulin - Glycolysis e suli
Gluconeogenesis pa phos n Cytosol
t h w ph
ay ate
Lactate Lactate Pyruvate
PDH + Insulin Ribose 5-P
Acetyl-CoA Mitochondrial
matrix
Lipogenesis
Insulin + TCA cycle
Fatty
acids CO 2
Cholesterol
48
Tecido adiposo como órgão endócrino
O tecido adiposo não é mais visto como uma simples reserva de gordura, mas sim
como um órgão activo e de acção endócrina, embora não se trate de uma glândula
em sentido estrito. Vimos já que produz várias substâncias, as adipocinas, como a
IL-6, IL-1ß e TNF-α, entre outras que mediam vários processos a nível sistémico.
Actuam não só de forma autócrina e parácrina, mas drenam para a corrente
sanguínea
Chapter e mostram efeito
3 / Environmental Inputs,sistemicamente (figura
Intake of Nutrients, and 49).
Endogenous Molecules 47
Coagulation factors,
PAI-1, TF
Cardiovascular
diseases Hypertension
Adiponectin
PAI-1
HB-EGF Angiotensinogen Reproduction
Energy balance,
Reproduction
Leptin
Leptin
Glucose Androgen
Metabolism Adipocytes Estrogen
TNF-a
resistin
FFA
Unknown factors
Uma dessas
rently adipocinas
considered de efeitomolecules
most important sistémico secreted
é a adiponectina que o tecido
by the adipose tissue adiposo
are leptin,
branco produz. A adiponectina associa-se inversamente à resistência
adiponectin, and interleukin-6 (IL-6), which are discussed below. à insulina e
ao volume de tecido adiposo visceral de um indivíduo. Tem na verdade uma acção
protectora
5.1.1. Leptinque se manifesta a nível do fígado por inibição da lipogénese de novo e
da neoglucogénese, e aumento da oxidação de ácidos gordos. Promove a captação
deLeptin, a 16-kDa
glicose protein,
no músculo, e is
nothe productcardiovascular
sistema of the ob (leptin) gene. Itsadiscovery
estimula produçãohasde changed
óxido
the concept
nítrico. of white adipose tissue from that of an inert tissue to that of an active endocrine
organ. Leptin is expressed predominantly in adipocytes (62) but has also been found in
the hypothalamus,actua
A adiponectina pituitary, placenta, skeletal
por estimulação muscle,
da AMPK and the gastrointestinal
(AMP-Activated tract (63).
Protein Kinase),
Leptin circulates
uma enzima queinregula
the blood stream in a free
o metabolismo and a bound
energético form,
(figura). A and mediates
actividade its meta-
aumenta
bolic effects
quando by binding
o AMP aumenta,to and
ou activating the long isoform
o rácio AMP/ATP, of auma
reflexo de specific receptor
quebra known
no status
asenergético
ObRb (64)celular.
. Signaling
Vaipathways
inibir o downstream of leptin include
que são processos the JAK
anabólicos, STAT pathway,
gastadores de
MAP kinase, and PI3 kinase (65). Leptin levels decrease in response to caloric restric-
tion (66) and they increase in response to overfeeding irrespective of adipose tissue mass.
Leptin secretion is also increased by insulin, glucocorticoids, tumor necrosis factor alpha,
and estrogens, and is decreased in response 49 to starvation (67), β -adrenergic activity
3
(68), free fatty acids, growth hormone, androgens, and PPARγ agonists, as reviewed in
detail elsewhere (69).
energia, e estimular a oxidação de ácidos gordos e glicose, e também favorece a
captação de glicose pelos tecidos através dos transportadores GLUT-4 (figura 50)..
50
energética. Ratinhos KO para o gene da leptina (Lep) revelam um fenótipo de
obesidade severa e que se manifesta cedo no desenvolvimento (figura 51).
51
períodos relativamente longos sem ingestão alimentar. Os níveis séricos de grelina
têm uma tendência inversa aos de leptina e de insulina. Para além da leptina,
também o PYY, umA hormona gastrointestinal, e a insulina inibem o NPY e têm
assim um efeito anorexígeno.
A nível central, a insulina apresenta uma actividade em tudo idêntica à leptina. Tem
um efeito anorexígeneno e de estimulação da termogénese via sistema nervoso
simpático. Acção esta comprometida quando a resistência à insulina se instala, e o
sistema nervoso central não é imune ao impacto da inflamação sistémica associada
à obesidade. Na verdade, em obesos os níveis de leptina são bem mais altos do
que em normoponderais (figura 53). Um aumento que pode chegar às 10 vezes
mais. A leptina sérica é proporcional à massa gorda de um indivíduo. Por isso, as
mulheres apresentam por norma níveis mais elevados do que os homens, para além
de um efeito estimulador dos estrogénios à produção de leptina. E considerando os
52
A was obtained by guanidinium thiocyanate–
traction.13 A reverse-transcriptase polymerasetion of the BMI, age, fasting serum insulin or glucose
erformed with a thermocycler (model 9600, Per- concentration, sex, or race. These factors therefore had
no independent effect on the serum leptin concentra-
, Calif.) with a final primer concentration of 10
ion, as described previously.5 The data are ex-tion after we controlled for the percentage of body fat.
ob cDNA to actin cDNA. There was no differ-
actin cDNA among the subjects studied. Ob mRNA in abdominal subcutaneous adipocytes
was measured in 54 subjects. The ob mRNA content in
the 27 obese subjects was about twice as high as in the
measured by radioimmunoassay (Linco Re- 27 normal-weight subjects (29.0!8.7 vs. 18.8!10.9 rel-
o.). Serum glucose wasefeitos
measured que
by the glucose ative units,
descrevemos paraP#0.005).
a leptina,Like the serum
seria leptin concen-
de esperar uma redução do apetite e
a glucose analyzer 2 (Beckman, Brea, Calif.). tration, the ob mRNA content of the adipocytes was
aumento
dy fat was determined da termogénese que mitigaria o fenótipo obeso. No
for 108 normal-weight entanto, a obesidade
by bioelectric impedance analysis (RJL Sys- correlated with the percentage of body fat (r#0.68,
ich.).
parece estar associada também a uma redução da sensibilidade central à leptina.
80
oncentrations and other measures according to 0 20 40 60
gression models were fitted to determine the re- Body Fat (%)
um leptin concentration and the percentage of 60
ncluded a simple linear relation of the percent-
e log of the serum leptin concentration, the log
ody fat with the log of the serum leptin concen- 40
c model (percentage of body fat and the square
ody fat). A similar set of regression models was
tion between expression of the ob gene and the 20
t. Finally, multiple regression analysis with use
was performed to evaluate the relation of other 0
leptin concentration, after control for the per-
ll analyses were two-tailed and conducted with
6.10 for Windows; SAS Institute, Cary, N.C.).
made for multiple testing. 0 10 20 30 40 50 60 70
RESULTS Body Fat (%)
m leptin concentration in the 13953
Figura obese
– Relação entre osRelation
níveis séricos
Figure 1. The between dethe leptina e aofpercentagem
Percentage Body Fat and de massa gorda.
!24.1 ng per milliliter, as compared the Serum Leptin Concentration in 136 Normal-Weight and 139
er milliliter in the normal-weight sub- Obese Subjects.
Seven percent of the latter group but The inset shows the natural log of the serum leptin concentra-
er had undetectable serum leptin con-
A resistência à leptina é um tion plotted against the
fenómeno percentage
ainda não oftotalmente
body fat. clarificado. É verdade
que a passagem da leptina através da barreira hematoencefálica ocorre a uma taxa
menor em obesos. Isto porque os triglicéridos, muitas vezes elevados em obesos,
inibem esse The Newtransporte que é activo e mediado por receptor. Além disso, a CRP
England Journal of Medicine
Downloaded from nejm.org at UNIVERSITY OF MELBOURNE on November 26, 2012. For personal use only. No other uses without permission.
pareceCopyright ©ligar-se fisicamente
1996 Massachusetts à leptina e impedir a interacção com os receptores
Medical Society. All rights reserved.
53
Figura 54 – Sinalização da leptina e insulina.
Tal como acontece para a insulina, na resistência central à leptina nem todos os
efeitos parecem inibidos. Há uma redução do efeito anorexigeno e termogénico, a
leptina não perde a sua acção simpática associada ao aumento da pressão arterial
(figura 56). E fora do sistema nervoso central mantém a sua acção nefasta a nível
do sistema cardiovascular, comprometendo a função endotelial por aumento do
stress oxidativo, e promovendo a formação e destabilização da placa de ateroma
(figura 57). Portanto, não se estranha a relação entre elevados níveis de leptina e
risco cardiometabólico. Trata-se de uma hormona com efeitos positivos na
54
homeostase energética em níveis moderados, pois um aumento exacerbado tem
consequências nefastas. E diga-se que o balanço energético sofre mais pela
redução dos níveis de leptina, do que por um aumento acentuado acima do
fisiológico.
A leptina actua de uma forma crónica, como descrito, mas também de forma aguda
em resposta a uma refeição ou período hipercalórico. No entanto, é a insulina que
a estimula de uma forma mais imediata, insulina essa que actua a nível central de
uma forma semelhante à leptina, aumentando também a termogénese e inibindo o
apetite. O corpo regula a composição corporal em torno de um ponto de equilíbrio.
E por isso um excesso pontual ou durante um período curto não afecta grandemente
o peso corporal. Um excedente de 2000 kcal não reserva em 200 g de gordura no
imediato. Pois grande parte dessa energia excedentária é dissipada.
Em dieta de restrição energética para perda de peso e massa gorda, a leptina reduz
como expectável de uma forma proporcional ao deficit e ao peso que foi perdido. E
apesar de qualquer dieta hipocalórica levar a uma quebra na leptina, a restrição
severa em hidratos de carbono parece acelerar essa diminuição. Por exemplo, duas
dietas a -30% das necessidades energéticas, uma com 30% de hidratos de carbono
e outra com 70%, ambas com o mesmo teor proteico, afectam de forma distinta a
leptina. A restrição em hidratos de carbono leva a uma redução 25% superior. O
retorno a uma dieta isocalórica e normoglucídica tende a normalizar os níveis de
leptina.
De hormonas tiroideias, a tiróide produz 80% T4 e 20% de T3. Mas a T3 é 5-10 vezes
mais activa do que a T4, que funciona como uma pro-hormona. No fígado, em
circulação e nos tecidos é convertida em T3 pelas deionidases D1 e D2, num
processo também ele estimulado pela leptina. Logo, para além da produção
tiroideana reduzir, a actividade das hormonas também (figura 58). Convém salientar
que apesar de existir um deficit de sinalização não se trata de um hipotiroidismo. A
glândula está perfeitamente funcional, apenas sub-estimulada. E a conversão
periférica também ela inibida. O que se define como uma síndrome eutiroideia,
marcado por uma TSH normal/baixa, T4 normal/baixa, e T3 baixa.
56
Figura 58 – Efeito da leptina no metabolismo das hormonas tiroideias.
57
A leptina também actua a nível do eixo hipotálamo-pituitária-gonadas, estimulando
os pulsos de GnRH via neurónios Kisspeptin. A GnRH responde com um aumento
da frequência do pulso, estimulando a produção das gonadotropinas LH e FSH na
hipófise, e também um aumento do rácio LH/FSH. As gonadotropinas estimulam a
síntese de hormonas sexuais nas gónadas, a testosterona, estrogénios e
progesterona. Logo, quando a leptina baixa e o pulso de GnRH é atenuado, verifica-
se uma redução na produção de hormonas sexuais. A reprodução fica
comprometida em condições de deficit energético crónico, o que de um ponto de
vista evolutivo faz todo o sentido. A leptina é um integrador dos sinais ambientais
de disponibilidade alimentar. E num ambiente de carência a prioridade é sobreviver
e não reproduzir.
Regulação da lipólise
58
eview Trends in Endocrinology and Metabolism Vol.19 No
Mas
olytic effect of as catecolaminas
natriuretic nem sempre actuam
peptides in human como
pathway estímulo
activated by à
ANPlipólise.
relies Podem
solely on intracellula
cells também inibi-la quando sinalizam através dos cGMP α2-ADR que(i.e.
kinetics existem
cAMPigualmente nos because th
is not involved),
P and BNP,adipócitos.
but not CNP,
Estes were found
activam to exert
proteínas Gi oulipolytic
G0, queeffect of ANP
inibem is mimicked
a actividade da by
ACa enonhydrolyzab
ent lipolytic effects in human
produção de cAMP.fat cells
Uma similar
vez queto those
tanto os analog
α2-ADRofcomo
cGMP,os8-bromo-cGMP.
ß2/3-ADR respondemA downstream
à effector
uced by the adrenalina
b-adrenoceptor agonist, isoproterenol. cGMP, cGMP-dependent
e noradrenalina, a acção lipolítica ou anti-lipolítica vai depender protein kinase [cGMP-dependen
e relative order of lipolytic potency of the peptides protein kinase I (cGK-I), also called protein kinase
essencialmente da densidade relativa dos receptores. Quando as células
NP > ANP > BNP ! CNP) suggested the presence of (PKG)], was shown to promote perilipin and HSL pho
expressam mais ß do que α2, a lipólise predomina. Quando o inverso ocorre, a
membrane-associated NP guanylyl2/3cyclase receptor of phorylation and to be at the origin of ANP-induced lipolys
resistência
A subtype (NPR-A) on theà surface
lipólise of
é grande.
fat cells. Binding [13]. The effects of NPs on lipolysis are detectable i
dies performed on human fat cell membranes using primates, including humans, but not in other mammalia
5
I]ANP as a Este é um aspecto
radioligand confirmed de the
extrema
presenceimportância
of pois explica
species. a diferente
An explanation propensão
of the à
unresponsiveness of ra
lipólise nas
R-A [10]. Neprilysin (NEP),regiões de deposição.
the enzyme involved O in tecido adiposo
adipocyte visceral
lipolysis tem is
to ANP uma
the elevada
low level of expressio
degradation, densidade
has also beendeidentified
ß2/3-ADR,inlogo
human a lipólise
fat cellé elevada sob estimulação
of the biologically active adrenérgica.
NPR-A, with Por a predominance
mbranes [11].seu lado, o tecido adiposo subcutâneo apresenta the NPR-C, mais α2-ADR,
which controls NP clearance
fazendo-o mais at the fat-ce
Until recently, lipolysis in adipocytes was thought to be level (Box 1) (Figure 2) [14].
mulated by hormones that activate adenylyl cyclase, Catecholamine and NP signaling pathways also involv
vate intracellular cAMP levels and activate cAMP-de- the activity of the cyclic nucleotide-degrading enzyme
ndent protein kinase (protein kinase A, PKA), which 59phosphodiesterases (PDEs) [15]. The main PDE involve
osphorylates perilipin and HSL and activates both in the degradation of cAMP in adipocytes is PDE-3B. Whe
ases involved in TAG degradation (i.e. HSL and ATGL) PDE-3B is activated by insulin, the antilipolytic hormon
(Figures 1 and 2). It was originally thought that the NP intracellular cAMP levels are decreased and lipolysis
levels o
Fig. 1. Changes in body weight and composition in response to 12 mo of P ! 0.0
weight loss induced by calorie restriction or exercise and in the control group. combine
Values are means # SE and have been adjusted for baseline values. CR, In respo
calorie restriction group; EX, exercise-induced weight loss group; CON,
control group; VAT, visceral adipose tissue volume; SAT, subcutaneous
IMAT c
resistente à lipólise. Em particular regiões como a glúteo-femural nas mulheres, com response
osadipose tissuea volume;
estrogénios aumentaremIMAT, thigh intermuscular
a densidade de α2-ADR eadipose tissueàvolume;
sensibilidade insulina,
SCAT, thigh subcutaneous adipose tissue volume.
acentuando o dismorfismo sexual entre homens e mulheres. É muito difícil perder nonsign
gordura nessa região, especialmente para elas. proveme
EX grou
differential
Imaginemos dois effects
grupos dein men and
indivíduos sob umwomen (study idêntico.
deficit energético group Um by grupo
sex 4). Beca
eminteraction effects: VAT, P ! 0.76; IMAT, P ! 0.87).
que esse deficit provinha exclusivamente de uma dieta hipocalórica, e outro em
analyses
que era criado por um aumento do dispêndio com exercício físico. A dieta
Insulinparece
hipocalórica action and oral
mostrar-se maisglucose
eficaz paratolerance.
perda de peso Changes in insu-
total, e massa gorda analyses
emlingeral.
action have been
Mas olhando de umapreviously presented
forma regionalizada, (30)parece
o exercício but mais
are pre-
eficaz EX grou
sented
para brieflydehere
mobilização tecidofor the slightly
adiposo smaller
visceral (VAT) sample
(figura used
61). Ora, in the
estamos em
became
condições para perceber porque o exercício é o estímulo mais eficaz para perda de
present study (Fig. 3). OGTT glucose AUC decreased in the
gordura visceral, a que representa maior risco como sabemos. Ao se estimular a cance/no
CR and
produção EX groups
de adrenalina and remained
com esforço físico, o VAT unchanged
responde de uma in theforma CON
muito by perfo
group.
robusta These
dada reductions
a elevada densidade in de
postprandial
ß2/3-ADR. Ao glucose
contrário doconcentrations
que acontece na
coxa (SCAT) e para o tecido adiposo subcutâneo (SAT) em geral. A restrição
occurred despite lower fasting and postprandial insulinemia in
energética por via alimentar parece tendencialmente mais eficaz.
DISCUSS
Findi
EX-indu
adipose
matched
in a su
Furtherm
tissue v
EX-indu
differen
whole b
statistica
reductio
were sig
Taken t
Fig.612.–Abdominal
Figura andgorda
Perda de massa thigh
em adipose
diferentes tissue volumes
compartimentos comindeficit
response
calóricotogerado
12 mo porof
via
alimentar ou exercício. VAT – tecido adiposo visceral; SAT – tecido adiposo subcutâneo; IMAT – tecido
calorie restrictionSCAT
or exercise-induced weight da
loss. Values are means # SE and
preferen
adiposo intermiocelular; – tecido adiposo subcutâneo coxa.
have been adjusted for baseline values and for between-group differences in CR, pro
total fat mass reductions. weight l
Mesmo no estado basal, após jejum de 12 horas, a lipólise na região abdominal
subcutânea é superior à que se verifica a nível da coxa tanto em homens como
J Appl Physiol
mulheres (figura 62). É o local de acumulação preferencial, • doi:10.1152/japplphysiol.003
mas também de onde a
gordura é mobilizada mais rapidamente. E em exercício, vemos claramente um
aumento superior da taxa de lipólise na região abdominal subcutânea do que na
zona glúteo-femural em mulheres (figura 63). Efectivamente trata-se de uma região
60
muito resistente à mobilização de gordura, e onde é reservada avidamente. Os
estrogénios promovem este padrão em regiões que expressam elevada densidade
de receptores de estrogénios (ER), por aumento da expressão dos α2-ADR e
aumento da sensibilidade à insulina.
61
Falámos até aqui da insulina e adrenalina, mas outras hormonas regulam a lipólise
e o turnover lipídico no tecido adiposo, de forma directa ou indirecta. A hormona do
crescimento, cortisol, e as sexuais por exemplo, que já aqui abordámos
superficialmente. No próximo capítulo aprofundaremos essa regulação hormonal do
tecido adiposo, da sua deposição e também distribuição no corpo.
Referências
Acheson, K. J. & Flatt, J. P. Minor importance of de novo lipogenesis on energy expenditure in human.
Brit J Nutr 87, 189–189 (2002).
Ahima, R. S. No Kiss1ng by leptin during puberty? J Clin Invest 121, 34–36 (2011).
Banerji, M. A. et al. Relationship of visceral adipose tissue and glucose disposal is independent of sex in
black NIDDM subjects. Am J Physiol-endoc M 273, E425–E432 (1997).
Barry, V. W. et al. Fitness vs. Fatness on All-Cause Mortality: A Meta-Analysis. Prog Cardiovasc Dis 56,
382–390 (2014).
Chen, K. et al. Induction of leptin resistance through direct interaction of C-reactive protein with leptin.
Nat Med 12, 425–432 (2006).
Chwalibog, A. & Thorbek, G. Energy expenditure by de novo lipogenesis. Brit J Nutr 86, 309–309 (2001).
Dodd, G. T. et al. Leptin and Insulin Act on POMC Neurons to Promote the Browning of White Fat. Cell
160, 88–104 (2015).
Fea, K. D. & Roth, R. A. Protein Kinase C Modulation of Insulin Receptor Substrate-1 Tyrosine
Phosphorylation Requires Serine 612 †. Biochemistry-us 36, 12939–12947 (1997).
Filippi, B. M., Mighiu, P. I. & Lam, T. K. T. Is Insulin Action in the Brain Clinically Relevant? Diabetes 61,
773–775 (2012).
Gavin, K. M., Cooper, E. E., Raymer, D. K. & Hickner, R. C. Estradiol effects on subcutaneous adipose
tissue lipolysis in premenopausal women are adipose tissue depot specific and treatment dependent. Am
J Physiol-endoc M 304, E1167–E1174 (2013).
Guilherme, A., Virbasius, J. V., Puri, V. & Czech, M. P. Adipocyte dysfunctions linking obesity to insulin
resistance and type 2 diabetes. Nat Rev Mol Cell Bio 9, 367–377 (2008).
Gunnerud, U., Holst, J. J., Östman, E. & Björck, I. The glycemic, insulinemic and plasma amino acid
responses to equi-carbohydrate milk meals, a pilot- study of bovine and human milk. Nutr J 11, 83 (2012).
Hadi, H. E., Vincenzo, A. D., Vettor, R. & Rossato, M. Food Ingredients Involved in White-to-Brown
Adipose Tissue Conversion and in Calorie Burning. Front Physiol 9, 1954 (2019).
62
Hall, K. D. et al. Calorie for Calorie, Dietary Fat Restriction Results in More Body Fat Loss than
Carbohydrate Restriction in People with Obesity. Cell Metab 22, 531 (2015).
Holst, J. J. The Physiology of Glucagon-like Peptide 1. Physiol Rev 87, 1409–1439 (2007).
Horton, T. J. et al. Fat and carbohydrate overfeeding in humans: different effects on energy storage. Am
J Clin Nutrition 62, 19–29 (1995).
Jensen, M. D., Ekberg, K. & Landau, B. R. Lipid metabolism during fasting. Am J Physiol-endoc M 281,
E789–E793 (2001).
Lettieri-Barbato, D., Giovannetti, E. & Aquilano, K. Effects of dietary restriction on adipose mass and
biomarkers of healthy aging in human. Aging 8, 3341–3355 (2016).
Maki, K. C. et al. Green Tea Catechin Consumption Enhances Exercise-Induced Abdominal Fat Loss in
Overweight and Obese Adults. J Nutrition 139, 264–270 (2009).
Martin, M. L. & Jensen, M. D. Effects of body fat distribution on regional lipolysis in obesity. J Clin Invest
88, 609–613 (1991).
Matheson, E. M., King, D. E. & Everett, C. J. Healthy Lifestyle Habits and Mortality in Overweight and
Obese Individuals. J Am Board Fam Medicine 25, 9–15 (2012).
Melmed, S., Koenig, R., Rosen, C., Auchus, R. & Goldfine, A. Williams Textbook of Endocrinology.
(Elsevier, 2019).
Minehira, K. et al. Effect of Carbohydrate Overfeeding on Whole Body and Adipose Tissue Metabolism
in Humans. Obes Res 11, 1096–1103 (2003).
Morentin, P. B. M. de & López, M. “Mens Sana In Corpore Sano”: Exercise and Hypothalamic ER Stress.
Plos Biol 8, e1000464 (2010).
Moro, C. & Lafontan, M. Natriuretic peptides and cGMP signaling control of energy homeostasis. Am J
Physiol-heart C 304, H358–H368 (2013).
Murphy, J. C. et al. Preferential reductions in intermuscular and visceral adipose tissue with exercise-
induced weight loss compared with calorie restriction. J Appl Physiol 112, 79–85 (2012).
Palmer, B. F. & Clegg, D. J. The sexual dimorphism of obesity. Mol Cell Endocrinol 402, 113–119 (2015).
Ryo, M. et al. Adiponectin as a Biomarker of the Metabolic Syndrome. Circ J 68, 975–981 (2004).
Vijgen, G. H. E. J. et al. Brown Adipose Tissue in Morbidly Obese Subjects. Plos One 6, e17247 (2011).
63
Capítulo 4
Regulação hormonal do tecido adiposo
Podemos definir hormona como uma substância secretada por uma estrutura
especializada para a corrente sanguínea, e que exerce uma acção em outras
células que expressam receptores específicos. As hormonas podem ser peptídicas,
como a insulina ou hormona do crescimento por exemplo, esteroides, derivados do
colesterol como o cortisol, aldosterona, e hormonas sexuais, ou aminas como as
hormonas tiroideias. Enquanto que as peptídicas e aminas são sintetizadas e
podem ser reservadas em vesículas devido à sua lipofobicidade, as esteroides são
lipossolúveis e difundem-se livremente entre membranas. Da mesma forma, as
hormonas peptídicas e aminas, sendo hidrofílicas, actuam em receptores
membranares ou nucleares apenas quando existem transportadores na membrana.
É o caso das hormonas tiroideias por exemplo. As esteroides actuam
essencialmente por receptores nucleares, eles próprios factores de transcrição,
embora tenham já sido identificados receptores membranares para a testosterona
e estradiol, por exemplo.
64
Figura 64 – Organização funcional do hipotálamo.
65
Os factores libertados pelos neurónios hipotalâmicos actuam em grupos celulares
na hipófise anterior que respondem de forma específica com a libertação de uma
hormona ou factor trófico para a circulação sistémica. Chamo de factor trófico a uma
substância cujo efeito passa apenas por estimular a produção de outras hormonas
num determinado órgão. Na hipófise temos os somatotrofos, que respondem à
GHRH com produção de hormona do crescimento (GH), os lactotrofos que são
estimulados pela TRH e inibidos pela dopamina a produzir prolactina, os
corticotrofos que respondem à CRH e produzem ACTH (Adrenocorticotropic
Hormone), os tirotrofos que libertam TSH (Thyroid Stimulating Hormone) em
resposta à TRH, e os gonadotrofos que respondem à GnRH e produzem as
gonadotropinas LH (Luteinizing Hormone) e FSH (Follicle Stimulating Hormone). As
funções genéricas destas hormonas estão descritas na figura 66, e iremos detalhar
os eixos hormonais mais relevantes para a homeostase energética e composição
corporal.
Cortisol
66
Figura 67 – Estrutura das glândulas supra-renais.
O stress
O que é o stress? Essa palavra que usamos com frequência, mas muitas vezes sem
entender o que é na realidade. Usamos para definir momentos difíceis sob pressão,
de grande volume de trabalho, deadlines e horários apertados para cumprir, pagar
as contas no fim do mês. Quando acordamos de manhã, temos de levantar as
crianças, tomar banho, sair a correr de casa, levar os miúdos à escola, e estar às
9:00 no trabalho. Tentar arranjar um tempinho para ir ao ginásio na hora de almoço,
e ainda comer antes de voltar às tarefas rotineiras. Sair, ir buscar as crianças, fazer
o jantar, arrumar, e deitar porque amanhã recomeça tudo outra vez. Basicamente,
uma vida “normal”.
67
Figura 68 – Hans Selye (1907-1982)
Hans Selye ganhou o prémio Nobel em 1949 pelas suas descobertas. Trouxe para
a biologia o termo “stress” da física de materiais como um factor de distúrbio da
homeostase, o equilíbrio fisiológico de qualquer espécie sensível. Claro que Selye
estava errado em muitas das suas elações que só vieram a ser esclarecidas mais
tarde por vários investigadores que se dedicaram ao estudo deste fenómeno, tanto
na área das ciências biológicas como na psicologia. Porque também o stress
emocional, não físico, parecia acionar precisamente os mesmos mecanismos. Que
de “resposta de adaptação geral” passou a denominar-se resposta “fight-or-flight”.
De “luta ou fuga”.
De uma perspetiva evolutiva a resposta ao stress tem de permitir uma reação rápida
em situações de perigo. Se um leão corre atrás de nós é melhor fugir, e com uma
perna partida se for preciso. Se procuramos abrigo numa caverna que já está
tomada por um urso, é melhor correr e dormir mais tarde. Se estamos sem comer
há dias convém que o organismo possua mecanismos para manter a glicemia
estável de forma a satisfazer as necessidades mínimas dos órgãos vitais. A
resposta fight-or-flight é um mecanismo de sobrevivência conservado entre
espécies animais. Sem ele não há vida.
Se formos uma zebra na savana não nos preocupamos muito com a vida. Não
temos contas para pagar, um chefe intragável, ou filhos para criar e pagar os
estudos. Tudo é muito mais fácil. Até ao momento que nos deparamos com o leão
a correr até nós. Ou foges, e foges rápido, ou já eras. Se morreres o stress acaba.
Se sobreviveres, passado uns minutos já nem te lembras e vida segue com toda a
normalidade. Não vemos zebras na selva com úlceras ou depressão. Mas nós não
somos zebras e os nossos medos não são mais o leão ou o urso que nos quer para
o jantar. São não conseguir pagar o empréstimo no final do mês, falhar na educação
dos nossos filhos, não conseguir terminar o projeto no prazo, perder o emprego,
não conseguir comprar aquele carro topo de gama que tanto gostamos, e até medo
de morrer. Um stress meramente concebido e que nunca tem fim. E quando o tem
68
arranjamos um novo. Somos exímios nisso. Inventar e antecipar aquele stress de
intensidade moderada, mas constante. O que definimos como stress crónico. Como
diz a sabedoria popular, “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”.
O problema é que não temos mecanismos eficientes para lidar com este tipo de
stressor, de baixa-média intensidade mas que simplesmente não desliga.
Imaginem-se com um haltere de 2 Kg na mão, esticando o braço
perpendicularmente ao vosso corpo. Uma elevação lateral. Todos o conseguimos
levantar sem problema, e várias vezes seguidas se for preciso. Mas segurem-se
nessa posição indefinidamente. Quanto tempo conseguem aguentar? De repente a
perspetiva mudou, e o que era leve tornou-se bem pesado.
Mas não devemos nunca cair no erro de encarar o stress como algo negativo per
se. Ele é essencial para a adaptação e máximo desempenho numa situação de
elevada demanda e alterações no Meio envolvente. A intensidade e a duração é
que o podem tornar mal-adaptativo, aquilo que chamos de um “distress”. Se gerar
adaptações positivas temos um “eustress”. Um bom exemplo é o exercício físico.
Um estímulo que nos devia da homeostase para criar adaptações benéficas, até
onde a nossa capacidade de recuperação o permite. O stress é como o sal da vida.
Em excesso faz mal, mas sem ele tudo fica sem sabor.
A resposta Fight-or-Flight
A resposta ao stress pode ser iniciada por integração de sinais que recebe de
centros sensoriais e do córtex na amígdala. Seja quando vemos um leão a correr
na nossa direção, ou a conta bancária a zeros antes do final do mês. A amígdala
tem projeções para outras regiões cerebrais, entre elas o locus coeruleus,
responsável pela excitabilidade e manutenção de um estado de alerta e vigília. Dá
jeito se o leão estiver por perto. E para além do locus coeruleus, também está
conectada ao núcleo paraventricular no hipotálamo e controla a actividade do
sistema nervoso autónomo. Basicamente pode “ligar” o sistema nervoso simpático
(SNS), responsável pelo aumento do fluxo sanguíneo para os músculos e
diminuição no sistema digestivo, aumento da tensão muscular, aumento da pressão
sanguínea, da capacidade de produção de força, e mobilização de energia. E
“desliga” o sistema nervoso parassimpático (SNP), maestro das funções de
relaxamento e obtenção de energia como a digestão, libertação de insulina pelo
pâncreas, e até ereções que não viriam em boa hora. Estamos prontos para fugir
ou lutar.
O sistema nervoso simpático (SNP) tem projecções até à medula das glândulas
adrenais, também ela constituída por tecido neural. Vai estimular a libertação de
adrenalina para a corrente sanguínea como mediador da resposta fight-or-flight. A
adrenalina é uma catecolamina derivada da tirosina que actua sob os receptores
adrenérgicos e que exerce diferentes acções nos tecidos. Por exemplo, dilata os
brônquios e aumenta a ventilação nos pulmões, no coração aumenta o ritmo
69
cardíaco e a pressão arterial, constringe os capilares nos rins, tecido adiposo e trato
gastrointestinal, e vasodilata no tecido muscular. Prepara-nos para uma resposta
imediata a um agente de perigo.
70
É importante salientar que a produção de CRH pode ser estimulada por outras
regiões cerebrais para além da amígdala e da resposta fight-or-flight. Estrutura na
origem dos chamados estímulos neurogénicos. Nomendamente pelos órgãos
circumventriculares e tronco encefálico em resposta ao stress fisiológico.
Hipoglicemia por exemplo. Ou inibidos por neurónios GABAérgicos na zona
subparaventricular, que recebem inputs do núcleo supraquiasmático. Sinalização
responsável pelo controlo do ritmo circadiano do cortisol, via CRH, cuja produção é
inibida pela estimulação luminosa.
71
Além do GR, o cortisol apresenta grande capacidade de ligação ao receptor de
mineralocorticoides (MR). Na verdade, 100-1000 vezes superior aos próprios
mineralocorticoides, a aldosterona, e daí o seu impacto a nível da regulação
hidroelectrolítica. Mas os tecidos com actividade mineralocorticoide, como os rins e
cólon distal, expressam a enzima 11ß-hidroxiesteroide desidrogenase 2 (11ß-
HSD2), que converte o cortisol em cortisona. Uma forma de menor afinidade para
o MR e GR. No entanto, em concentrações elevadas como ocorrem em doentes
com Síndrome de Cushing ou em terapia com esteroides, o efeito dos
glucocorticoides na retenção de sódio e água explicam o edema característico
nestes indivíduos.
72
nomeadamente a exposição à luz e os ciclos dia/noite. A luz inibe a produção de
CRH, e consequentemente de cortisol. Como tal, a concentração de cortisol varia
ao longo do dia num ritmo circadiano (~24h) (figura 73). Tem o seu pico cerca de 1
hora após acordar, a chamada CAR (Cortisol Awakening Response), e decresce a
um ritmo de aproximadamente 50% a cada 8 horas até ao seu mínimo pelas 0:00-
1:00. As mulheres em idade fértil produzem menos cortisol do que os homens,
diferença que se dilui após menopausa. Mas o biorritmo fisiológico do cortisol pode
sofrer distúrbios. Por exemplo, a privação ou má higiene de sono tende a aumentar
o cortisol matinal e a exposição diária. Atenua a redução do cortisol ao longo do dia.
O mesmo efeito encontramos com a cronificação do stress, na depressão, ou
quando nos submetemos a longos períodos de restrição calórica por exemplo.
73
imunitárias, e reduz a sua concentração sanguínea por promoção da deslocação
para tecidos imunoactivos. As úlceras gástricas foram ainda no séc. XIX associadas
ao stress, embora o mecanismo não fosse obviamente conhecido na altura. O
cortisol inibe a ciclooxigenase-2 (COX-2) e estimula a síntese de lipocortina-1, o
que bloqueia a actividade das fosfolipases A (PLA) e reduz a produção de
prostaglandinas. Prostaglandinas essas importantes para a produção de muco e
bicarbonato, e estimulação do fluxo sanguíneo que favorece a reparação de danos
às mucosas provocados pela acidez. Além disso, como imunossupressor favorece
a proliferação da Helicobacter pylori associada à inflamação gástrica (figura 74).
74
No limite o stress pode matar, como no romance de Sir Arthur Conan Doyle “The
Hound of the Baskervilles”, médico de profissão. O stress provocado pelo medo do
fantasma que assombrava a família levou à morte por enfarte de Charles
Barkerville, um fenómeno que ficou conhecido na medicina como efeito Baskerville.
Por exemplo, a mortalidade no Japão e China sofre um pico no dia 4 de cada mês.
Para nós Ocidentais não há razão aparente, mas na sociedade Oriental o número
4 vem associado a morte e azar. Muitos hospitais não têm 4º andar e quarto número
4. A força aérea chinesa omite o número 4 da designação dos aviões militares. E a
palavra “morte” e “quatro” prenunciam-se de uma forma muito semelhante em
Mandarim.
Este não é obviamente o único caso relatado na literatura. Quando a Nova Zelândia
perdeu a semi-final da taça de rugby em 2003 houve um aumento em 50% das
admissões nos hospitais devido a problemas cardíacos, e 20% mais enfartes
agudos do miocárdio. Inversamente, quando a França ganhou o campeonato do
Mundo de futebol em 1998 verificou-se uma redução significativa na mortalidade
cardiovascular após o evento. Pela vossa saúde cardíaca, escolham sempre a
equipa vencedora.
E um dos órgãos mais afectados é obviamente o próprio cérebro que muito sofre
dos efeitos da exposição crónica ao cortisol. Para além da redução da actividade e
depleção dopaminérgica por aumento da degradação, que se associa a uma
anedonia e desmotivação geral, o cortisol também inibe a actividade da serotonina
figura 75). Um neurotransmissor relacionado ao bem-estar, cognição, memória,
racionalidade, e controlo de impulsos. E que como sabemos o seu deficit associa-
se à depressão. Tornamo-nos mais impulsivos e reactivos, a actividade do córtex
pré-frontal diminui e aumenta no sistema límbico das emoções. Resultado? Menos
razão e mais reacção. A memória de curta duração é afectada pelo efeito do cortisol
no hipocampo como falámos. A longo prazo sabe-se que o cortisol efectivamente
“mata” neurónios e leva à retração das suas conexões, as sinapses. Esqueces-te
facilmente onde está a chave do carro, por momentos do PIN do cartão multibanco,
ou do compromisso que agendaste ontem.
75
Figura 75 – Síntese e metabolismo da serotonina e ácido quinolínico a partir do triptofano. O cortisol
promove a degradação de serotonina por aumento da actividade da MAO (monoamina oxidase), e
promove a mobilização de triptofano para síntese de quinurenina no instestino e sistema nervoso central.
Figura 76 – A serotonina actua sobre neurónios POMC/CART no hipotálamo (núcleo arcuato) através
dos receptores 5-HT2R, que promovem o aumento do Ca2+ intracelular e despolarização no cone
neuronal que se propaga num potencial de acção pelo axónio. O POMC é clivado em ACTH e este em
α-MSH, que se liberta nos terminais axónicos do neurónio pós-sináptico.
76
A serotonina também actua a nível da cognição e razoabilidade, e o seu deficit de
sinalização está associado a comportamentos obsessivos e compulsivos. A uma
dificuldade em controlar impulsos, que se podem manifestar através da comida.
Uma maior apetência por hidratos de carbono/doces fora de controlo, que podemos
caracterizar como compulsão alimentar. Não é por acaso que os SSRI (inibidores
selectivos da recaptação de serotonina) são usados no tratamento da compulsão
alimentar e POC (perturbação obsessivo-compulsiva).
77
às mulheres, as desigualdades laborais e acumulação com tarefas domésticas
sujeitam-nas a uma carga alostática maior. O conjunto de todos os agentes de
stress a que uma pessoa está sujeita.
Figura 77 – Associação entre o stress laboral e o risco de obesidade em homens e mulheres. Resultados
do Whitehall Study II
O impacto do stress no dispêndio energético não é claro. Embora numa fase aguda
possa aumentar a termogénese por activação do sistema nervoso simpático, a
longo prazo e quando cronifica poderá ter um efeito inverso. O cortisol inibe a
produção de TSH na hipófise, reduzindo o output de hormonas tiroideias. Além
disso inibe as deionidades D1 e D2, promovendo a conversão da T4 em T3 reversa
(rT3), de efeito antagonista. E reduz a concentração sérica de TBG (Thyroxine
Binding Globulin), aumentando a concentração de T3 livre e o efeito retroactivo
sobre a produção de TRH e TSH. Condicionamentos ao metabolismo das hormonas
tiroideias que resultam numa redução da termogénese. Falaremos mais sobre elas
à frente neste capítulo.
78
Figura 78 – Efeito do cortisol no tecido adiposo. A actividade transcripcional da HSL, LPL, leptina, PPAR-
g e ß2-ADR aumenta, e diminui da adiponectina e AMPK. O aumento da concentração de ácidos gordos
livres promove resistência à insulina via PKCq e por aumento da transcrição de subunidades p85,
originando dímeros disfuncionais de PI3K.
79
Testosterona
CÉREBRO
PELE
Líbido
Características masculinas
Agressividade
Sebo
Concentração
MÚSCULO
Aumento de força e volume
RINS
FÍGADO Eritropoetina
Síntese de proteínas séricas
GORDURA
Redução ÓRGÃOS SEXUAIS
Características masculinas
MEDULA ÓSSEA
Proliferação celular
OSSO
Crescimento linear
Calcificação das epífises
Aumento da densidade
80
Há quem refira a testosterona como a hormona da estupidez. Além da
agressividade também aumenta a impulsividade, comportamentos de risco e
idióticos. Como se costuma dizer, é uma das razões pela qual os homens vivem
menos tempo (figura 81).
Figura 81 – Percentagem de homens e mulheres entre os vencedores dos Darwin Awards. Evento que
permeia anualmente os protagonistas dos actos mais estupidamente perigosos, que um grande favor
faziam em não procriar e remover os seus genes da pool genética Humana.
81
Sinalização da testosterona
82
permitindo que a testosterona actue sobre ele embora com menor afinidade. E o
AR tem também 80% de homologia com o PR no domínio de ligação ao DNA,
actuando como activador transcripcional (figura 83). Mas ao contrário do que
acontece com a progesterona, a homologia com o receptor de glucocorticoides
permite a ligação da testosterona, que inibe a sua acção. Além de o AR inibir a
transcrição do GR, reforçando a antagonização que a testosterona exerce sobre o
cortisol.
712 SECTION V Reproduction
<15 80 53 PR
Figure 19-12 Schematic diagram of the structure of 933
the human androgen receptor (AR) gene and homology
to other steroid hormone receptors: progesterone recep- <15 77 50 GR
tor (PR), glucocorticoid receptor (GR), mineralocorticoid 777
receptor (MR), estrogen receptor-α (ERα), and estrogen
receptor-β (ERβ). The AR is a 919–amino acid protein <15 77 52 MR
that is composed of three functional domains: a ligand-
984
binding domain (LBD), a DNA-binding domain (DBD), and
an N-terminal transactivation domain (NTD). The DBD
<15 51 20 ERα
shares the greatest degree of homology (>51% versus
AR) and the NTD the least degree of homology (<15% 395
versus AR) among steroid hormone receptors. (From Li J,
Al-Azzawi F. Mechanism of androgen receptor action. <15 56 22 ERβ
Maturitas. 2009;63:142-148.) 530
83
Figura 84 – Metabolização da testosterona.
84
Figura 85 – Acção da GnRH nos gonadotrofos.
85
Figura 87 – Regulação da produção de testosterona e espermatogénese.
86
CHAPTER 19 Testicular Disorders 701
Sleep stage
Awake
REM
I
II
III
IV
16
14
12
LH, mIU/mL
10
Start
8
6
Finish
4
300
Testosterone
ng/100 mL
200 Start
100
Finish
0
2200 0200 0600 1000 1400 1800 2200
Clock time
Figure 19-5 Sleep-associated secretion of luteinizing hormone (LH) (middle) and testosterone (bottom) related to sleep stage (top) in a prepubertal boy entering puberty. REM,
Figura 88 – Ritmo circadiano da testosterona.
rapid eye movement sleep. (From Boyar RM, Rosenfeld RS, Kapen S, et al. Human puberty: simultaneous augmented secretion of luteinizing hormone and testosterone during
sleep. J Clin Invest. 1974;54:609-618.)
A testosterona circula
stimulation of pituitarymaioritariamente
gonadotrophs is not clear. There is associada
administration does a notproteínas séricas. Apenas 0,5-
stimulate normal gonadotropin
evidence that pulse generation is a direct consequence of secretion in these men. Administration of potent GnRH 48
3,0% se encontra na
intrinsic periodicity forma
of livre.
GnRH or other neuronsEntre
that synapse54receptor
on GnRH neurons within the medial basal hypothalamus,
e 68% agonistsestá
providingligada à albumina,
continuous, high-dose
stimulation of the pituitary initially stimulates but then
GnRH e cerca de
1/3 a uma such as neurons containing kisspeptin or excitatory or
globulina
inhibitory específica, a SHBG
neurotransmitters.
downregulates and profoundly suppresses gonadotropin
(Steroid
secretion and testosteroneHormone-Binding
production. This effect has been Globulin) A
The frequency of pulsatile GnRH secretion is temporally the basis for the use of potent GnRH agonists to produce
fracção livrecoupled
e ligada à albumina
with the episodic release of LH, freeconsidera-se
α-subunit
(cosecreted with intact gonadotropins), and FSH. Because
a testosterona
medical castration bioactiva,
(androgen deprivation therapy)
men with advanced prostate cancer. These findings under-
46
in the disponível
the half-lives of LH and free α-subunit in circulation are score the critical importance of pulsatile GnRH control of
para interagir com
shorter osof FSH,
than that receptores já que
levels of LH and α-subunit dem- a reproductive
associação com a albumina é muito fraca.
function in men.
onstrate discrete pulses, which are evident with frequent GnRH neurons receive a number of excitatory and
A SHBG é produzida
blood sampling (e.g.,no every fígado
10 minutes for e tem
12 to também
24 hours),
whereas FSH pulses are not as apparent. The frequency of
afinidade
inhibitory inputs from other brainpara a DHT,
regions (e.g., from kiss- e muito pouco
peptin neurons) as well as feedback signals from the testes
LH or free α-subunit pulses reflects GnRH pulse frequency
para o estradiol. Os seus níveis são
and serves as an indicator of synchronous GnRH neuronal afectados por diversos factores.
and other circulating endocrine signals. Therefore, the
GnRH neuronal system serves an important integrative As hormonas
activity (pulse generation) in the brain. The amplitude of role in regulation of reproductive and testis function. A
tiroideias e LH
o orestradiol
free α-subunit pulsesaumentam a
reflects both the amplitude
GnRH pulses and the responsiveness of the gonadotrophs
produção
of large and complex de SHBG,
ensemble a insulina,
of neuroregulators
GnRH secretion, acting directly on GnRH neurons them-
mediates hormona do
crescimentototoeGnRHcortisol reduzem a síntese
stimulation. Normal men usually demonstrate 12
16 LH pulses of varying amplitude over 24 hours (Fig. hepática. Mas na verdade,
selves or indirectly on other neurons that in turn regulate
GnRH neurons to stimulate or inhibit GnRH secretion. em homens a
19-7). In men with GnRH deficiency (idiopathic hypogo- These central nervous system (CNS) neuromodulatory
variação danadotropic
SHBG pouca
hypogonadism [IHH] or influencia
Kallmann syndrome), tem
there is an absence of LH pulses (most commonly) or
systems,nos together níveis
with peripheralde testosterona
endocrine regulators,
provide the means by which GnRH secretion and testicular
livre. As
mulheres “sofrem” mais dessas
abnormalities in LH pulsatility.
alterações
Treatment of men who have GnRH deficiency with low-
47
na produção.
function may be altered by environmental factors such as
stress (e.g., via corticotropin-releasing hormone, glucocor-
dose pulsatile GnRH normalizes LH and FSH secretion and ticoids), nutritional compromise (e.g., via leptin), and
testicular function. In contrast, continuous low-dose GnRH medications (e.g., opioid drugs).
87
Figura 89 – Alterações da composição corporal com doses crescentes de testosterona.
As doses suprafisiológicas por norma usadas não são isentas de riscos. Colaterais
esses que se manifestam a nível endócrino, com inibição do eixo hipotálamo-
pituitária-gonadas e da espermatogénese, complicações cardiovasculares,
alterações comportamentais e de humor, problemas hepáticos, renais, entre outros.
Os efeitos da testosterona obedecem também a uma curva em “U”. Os nefastos
manifestam-se também com níveis séricos baixos como muito altos, acima da
amplitude fisiológica (figura 90). Nomeadamente uma redução da sensibilidade à
insulina, dislipidemias, e maior acumulação de gordura abdominal.
88
A testosterona desempenha um papel protector no que respeita ao aumento da
gordura visceral nos homens, e a diminuição tendencial com o avançar da idade
explica o aumento da deposição central. Efeito esse que parece ser exercido pela
inibição da expressão da LPL no tecido abdominal omental (visceral), mas que não
é verificado no subcutâneo abdominal ou glúteo-femural. A testosterona estimula
também a hormone-sensitive lipase por aumento da actividade b-adrenérgica.
Como já falámos, a densidade de receptores androgénicos é superior no tronco
comparativamente aos membros, e em especial no tecido adiposo intra-abdominal,
tal como acontece para os receptores de glucocorticoides. E o efeito protector da
testosterona manifesta-se também em grande parte pela antagonização dos efeitos
obesogénicos do cortisol.
89
Como xenoestrogénios consideramos também xenobióticos químicos como o
bisfenol-A e ftalatos que encontramos em plásticos, cosméticos, entre outros. Aos
quais a exposição tem sido associada a uma redução da fertilidade masculina, um
fenómeno que tem aumentado nas últimas décadas.
90
É conhecida a associação entre o avançar da idade e decréscimo na concentração
de testosterona. O que pode ocorrer devido ao aumento do cortisol que segue a
mesma tendência, da inflamação crónica, e da própria gordura corporal. A SHBG
também tende a aumentar, reduzindo a fracção livre de testosterona. Mas a verdade
é que essa diminuição que ronda uma taxa de 1% ao ano a partir dos 30 não parece
ser uma determinação biológica, pelo menos desde tão cedo. Homens de
populações não-Ocidentalizadas não evidenciam essa redução, o que sugere
tratar-se mais de uma deterioração biológica associada à acumulação de maus
comportamentos do que uma tendência determinada naturalmente.
Estrogénios e progesterona
Nas mulheres é tudo mais complicado. Nunca esquecendo que tanto os estrogénios
como a progesterona, e a testosterona, têm efeitos em ambos os sexos, mas que
podem diferir entre homens e mulheres pela expressão de receptores e
concentrações séricas destas hormonas. Que nelas nem sequer é constante ao
longo do tempo, com grande variação no ciclo menstrual. Os níveis de estradiol e
progesterona oscilam bastante, e são muito susceptíveis a factores de desequilíbrio
que se traduzem em anomalias no ciclo reprodutor como veremos, condicionando
também o próprio metabolismo. Como tal, o entendimento da fisiologia reprodutora
feminina é importante para a relação com a composição corporal.
O ciclo reprodutor feminino, ou menstrual (do latim mensis = mês), tem em média
28 dias de duração, embora possa variar ligeiramente entre mulheres e chegar aos
32 dias. Uma variação considerada normal entre 24-32 dias. Poderíamos considerar
ainda assim dois ciclos distintos, mas sincronizados. O folicular, que acompanha o
desenvolvimento da estrutura celular que contém o óvulo, e o ciclo uterino.
Considera-se o início do ciclo, dia 1, o primeiro da menstruação. E o período até à
ovulação, que ocorre pelo ~14º dia, denomina-se de fase folicular (1º-14º dia).
Marcada pelo desenvolvimento do folículo dominante até estar pronto a ovular,
iniciando-se depois a fase lútea que se prolonga até à menstruação seguinte. Nesta
fase forma-se o corpo lúteo a partir do folículo que, na ausência de fecundação,
degenera a partir do 19º-21º dia (figura 92).
91
Figura 92 – Ciclo menstrual; Ciclo folicular e variações hormonais.
Quando o folículo matura, atinge o ponto em que está preparado para ovular e
liberta o óvulo para a ampola dos ovários. A estimulação da ovulação dá-se por um
pico muito acentuado de LH que ocorre em resposta aos estrogénios, que atingem
um limiar pelo 12º dia sensivelmente (figura 92). Neste ponto, ao contrário do que
ocorre normalmente, o estradiol exerce um feedback positivo sobre a libertação de
LH. O fenómeno da ovulação ainda não está totalmente clarificado, mas o aumento
do estradiol ao longo da fase folicular parece atingir um limiar de concentração que
activa uma família de neurónios kisspeptin no núcleo periventricular anteroventral
92
influences their apparent molecular size.49 The higher
Regulation of Circulating Levels of content of sialic acid in FSH compared with LH is respon-
Follicle-Stimulating Hormone and sible for slower clearance of FSH, which has a half-life of 3
to 4 hours. LH, which has a half-life of 20 minutes, has the
Luteinizing Hormone most rapid clearance rate. The hCG is highly sialylated and
The molecular mechanisms responsible for formation and has the longest half-life (24 hours).
combination of the α- and β-subunits of FSH and LH are
not completely understood. Production rates of α- and
β-subunits are regulated in part by negative feedback by OVARY
estrogen, which regulates the pulsatile release of GnRH
from the hypothalamus.44,46 The pituitary contains more The ovary is essential for periodic release of oocytes and
do hipotálimo. Estes respondem com um aumento, e não diminuição, da produção
α-subunit than β-subunit mRNA, and readily detectable production of the steroid hormones, estradiol and proges-
levels of free α-subunit are present in serum. The free terone. These activities are integrated into the cyclic repet-
de kisspeptin, que estimula a libertação de GnRH por neurónios no núcleo arcuato
β-subunit is present at relatively low levels in the pituitary itive process of follicular maturation, ovulation, and
and is rarely found in serum or urine. The specific β-subunit formation and regression of the corpus luteum. The ovary
e pré-óptico (figura 94). A frequência do pulso de GnRH aumenta, bem como o rácio
may be the rate-limiting factor in the synthesis of these fulfills two major objectives: generation of a fertilizable
glycoprotein hormones.
LH/FSH libertado na hipófise. Cerca de 24 horas depois do pico de estradiol há ovum and preparation of the endometrium for implanta-
Inhibin, activin, and follistatin were first identified as tion through the sequential secretion of estradiol and pro-
então um pico de LH, que precede em cerca de 1 dia a ovulação. A frequência do
gonadal hormones that exerted selective effects on FSH gesterone.45 The ovarian follicle comprising the egg and
secretion.47 Although the primary source of inhibin remains surrounding granulosa and theca cells constitutes the fun-
pulso GnRH aumenta de tal maneira que dessensibiliza os gonadotrofos à sua
the ovary, activin and follistatin are produced in extrago- damental functional unit of the ovary.
nadal tissues and can exert effects on FSH through an Adult human ovaries are oval bodies with a length
acção, levando a uma redução da produção de LH e FSH. O rácio LH/FSH aumenta
autocrine-paracrine mechanism. Inhibin B is secreted by of 2 to 5 cm, a width of 1.5 to 3 cm, and a thickness of
ovarian granulosa cells during the follicular phase (under 0.5 to 1.5 cm. The ovaries lie near the posterior and lateral
com a frequência do pulso. Quando esta é alta, ou seja, quando o período entre
the control of FSH) and inhibin A by the corpus luteum in pelvic wall and are attached to the posterior surface of
the luteal phase (under the control of LH). Inhibins act
pulsos é baixo, o rácio LH/FSH aumenta. Quando é baixa, a produção de the broad ligament by the peritoneal fold, called the
synergistically with estradiol to inhibit FSH secretion. mesovarium.
gonadotropinas e o rácio LH/FSH diminui. Mas quando a frequência do pulso é de
Activin can directly stimulate FSH biosynthesis and release The ovary consists of three structurally distinct regions:
from the gonadotroph cells of the pituitary gland.47 Fol- an outer cortex containing the surface germinal epithelium
tal maneira alta que se aproxima da estimulação contínua da hipófise, os
listatin can negatively regulate biologic functions of activin and the follicles; a central medulla consisting of stroma;
via binding and preventing it from interacting with the and a hilum around the area of attachment of the ovary
gonadotrofos são dessensibilizados. A produção pulsátil de GnRH é necessária
activin receptor at the cell membrane.48 to the mesovarium (Fig. 17-6). The hilum is the point of
Serum levels of gonadotropins are proportional to their attachment of the ovary to the mesovarium. It contains
para a resposta da hipófise.
secretion rates and serum half-lives, which are regulated by nerves, blood vessels, and hilus cells, which have the
Germinal
epithelium Atretic
Developing follicle
Primary follicles follicle
Mature Follicular phase
Mesovarium follicle
Granulosa
Hilum Basement
membrane
Stroma Theca interna
Collapsed antrum
(fibrin and clot)
Luteal phase
Figure 17-6 Functional anatomy and changesFigurain the adult
93ovary during an ovariando
– Histologia cycle.folículo
(From Carr BR,
e Wilson
corpo JD. Disorders
lúteo.of the ovary and female reproductive tract. In:
Braunwald E, Isselbacher KJ, Petersdorf RG, et al, eds. Harrison’s Principles of Internal Medicine, 11th ed. New York, NY: McGraw-Hill; 1987:1818-1837.)
93
Na fase folicular o estradiol é dominante, o que não acontece na fase lútea. Após
ovulação o folículo forma o corpo lúteo, já com elevada densidade de receptores de
LH e células da granulosa com inclusões de colesterol. Daí o nome pela cor
amarelada que apresentam. Granulosa que, ao contrário do que acontece na fase
folicular, produz também progesterona (figura 95). E neste período é a progesterona
que domina, que sem gravidez começa a baixar juntamente com o estradiol pelo
19º-21º dia. Ao exercerem feedback negativo à produção da LH à medida que a sua
concentração aumenta, esta vai baixar e deixa de conseguir manter o corpo lúteo,
que degenera no corpus albicans e que é parcialmente reabsorvido no ovário.
Já na fase lútea, a expressão dos LHR na granulosa é grande pois foi aumentando
na fase folicular por acção dos estrogénios e FSH. Assim a capacidade de produzir
e captar colesterol aumenta, bem como a síntese de progesterona que é libertada
e não metabolizada na ausência da 17,20-liase/17a-hidroxilase. Aqui já formando o
corpo lúteo, de cor amarelada pela deposição de colesterol. As células da granulosa
são “luteinizadas”. A produção de progesterona aumenta progressivamente na fase
lútea, até ao 19º-21º dia. A síntese de estradiol continua a derivar da
androstenediona produzida nas células da teca.
94
humana). Quando a LH baixa, deixa de ser possível manter o corpo lúteo que dela
depende, degenerando então no corpo albicans que acaba por ser reabsorvido
deixando apenas uma pequena cicatriz no ovário. Em consequência da inibição do
estímulo pela LH, a produção de progesterona e estradiol reduz drasticamente
induzindo a menstruação. Que é no fundo a escamação do endométrio que reveste
o útero.
Figura 95 – Esteroidogénese nas células da granulosa e teca interna, durante a fase folicular e lútea.
95
606 SECTION V Reproduction
21 20 22
23
18 26
24
12 17 25
11 13
HO 19 C 14 D 16 15
27
Cholesterol 1 9
2 10 8
STAR 3 A 5 B 7
4 6
CH3
CYP11A1 CH3
C O
C O
Mitochondrion HSD3B2
HO O
Pregnenolone
Progesterone
HO O
17-Hydroxypregnenolone 17-Hydroxyprogesterone
CYP17A1 CYP17A1
O O OH
HSD3B2 HSD17B1
HO O O
Dehydroepiandrosterone Androstenedione Testosterone
CYP19A1 CYP19A1
(aromatase) O (aromatase) OH
HSD17B1
HO HO
Estrone Estradiol
Figure 17-16 Steroidogenic pathway in the human ovary. The biologically active steroids progesterone and estradiol are produced primarily in the ovary of a woman of
reproductive age. Estradiol production requires the activity of six steroidogenic proteins, including STAR, and six enzymatic steps. 17-Hydroxylase/17,20-lyase, the product of
the CYP17A1 gene, catalyzes two enzymatic reactions. The four rings of the cholesterol molecule and its derivative steroids are identified by the first four letters in the alphabet,
and the carbons are numbered in the sequence shown in the insert. CYP17A1, 17-hydroxylase/17,20-lyase; CYP19A1, aromatase; HSD17B1, 17β-hydroxysteroid dehydrogenase
type 1; HSD3B2, 3β-hydroxysteroid dehydrogenase-Δ5,4 isomerase Figura 96 steroidogenic
type 2; STAR, – Esteroidogénese.
acute regulatory protein.
The general steroidogenic pathway for the production Steroids formed by the ovary and other steroid-producing
ofOestrogens
ciclo and uterino
androgens is depicted in Figure 17-16. The organs are derived from cholesterol (see Fig. 17-16). Several
biologically active ovarian steroids are estradiol and pro- sources of cholesterol can provide the ovary with substrate
gesterone. The major C19 steroid product of the ovary, for steroidogenesis, including plasma lipoprotein choles-
Durante o ciclo
androstenedione, reprodutor
is not biologically feminino,
active. However, it actsa parede externa
terol, cholesterol do útero,
synthesized de novoowithin
endométrio,
the ovary,
as a dual precursor and contributes to circulating levels of and cholesterol from intracellular stores of cholesterol
progride em sincronia com a evolução
estrone and testosterone through conversion in extraglan- do estradiol e progesterona (figura
esters within lipid droplets. In the human ovary, LDL 97).cho- O
dular
ciclo tissues
uterino such também
as adipose tissue
se and skinem
divide (discussed
duas lesterolAis proliferativa
fases. an important source
até of cholesterol em
ovulação, usedquefor
later).93 It is likely that estrogenically weak estrone is further steroidogenesis.75 LH stimulates the activity of adenylate
os estrogénios
converted to the potentpromovem a and
estrogen estradiol proliferação
androgeni- celular, espessamento,
cyclase, increasing e expressão
production of cyclic adenosine mono-dos
cally weak testosterone is converted to the potent andro- phosphate (cAMP), which serves as a second messenger to
receptores de progesterona (PR)
gen dihydrotestosterone (DHT) locally in target tissues na preparação para implantação, e a secretória
increase LDL receptor mRNA, binding and uptake of LDL
such
emasque brain,os breast, prostate, and genital
estrogénios mantêm skin and subse- do
o tecido cholesterol,
endométrioand the eformation of cholesterolestimula
a progesterona esters.74,75
quently exert potent biologic effects. This notion is sup- LDL-derived cholesterol is particularly essential for normal
a secreção
ported by the presenceglandular de umtissues
in many human fluído rico em levels
of multiple glicogénio paraproduction
of progesterone manutenção do embrião
in the granulosa-lutein
proteins with overlapping enzymatic activities that cata- cells of the corpus luteum.75
caso haja implantação.
lyze these conversions (e.g., reductive 17β-HSD and
5α-reductase).94
The preovulatory follicle secretes estradiol during the
Steroidogenic Genes and Their Functions in the Ovary
Quando
first half of the a progesterona
menstrual cycle, ande the oscorpus
estrogénios
luteum começam
The a cair a
ovarian granulosa, meio
theca, andda fase
corpus lútea,
luteum cellso
secretes estradiol and progesterone during the second half possess STAR plus five distinct proteins with specific
endométrio atrofia. A progesterona
of the cycle. The production of these two biologically é um relaxante do músculo liso nos
enzyme activities for steroid hormone formation. These vasos
active steroids is orchestrated
sanguíneos, e quando in os
the seus
follicle níveis
and corpus steroidogenic
decrescem enzymes are CYP11A1
abruptamente (side-chainespirais
as artérias cleavage
luteum in a cell-specific manner that is under the control of P450), HSD3B2 (3β-hydroxysteroid dehydrogenase-Δ5,4
ofentram
LH and FSH. em espasmo e colapsam (figura 98). O suprimento
isomerase de sangue
type 2), CYP17A1 ao tecido fica
(17-hydroxylase/17,20-lyase),
comprometido e o tecido entra em isquémia, escamando e provocando a
hemorragia que caracteriza a menstruação.
96
Figura 97 – Ciclo uterino.
97
Acção do estradiol e progesterona
A acção dos estrogénios é ampla e manifesta-se em vários tecidos (figura 100), que
para o efeito trataremos de uma forma geral sabendo à partida que existem duas
isoformas. No sistema reprodutor actua na proliferação do endométrio, estimulação
do pico pré-ovulatório de LH, e aumento da expressão dos receptores de
progesterona. No osso aumenta a densidade mineral e ossifica as epífises ósseas.
Na pele aumenta a produção de colagénio e síntese de lípidos superficiais que a
mantêm sedosa. É também responsável pelos caracteres sexuais secundários
femininos, e afecta a função cardiovascular. Aumenta a produção de NO e HDL,
98
inibe a expressão de moléculas de adesão e proliferação das células de músculo
liso, exercendo um efeito cardioprotector. No entanto promove a coagulação e
formação de trombos.
99
422 J. C. K. Wells
provide an incomplete picture of sex differences in adiposity. Thus, while there is little
doubt that puberty is associated with significant regional differences in fat distribution
between males and females, more subtle differences can be discerned at younger age
groups and the process of ageing is likewise associated with more complex effects.
Comparisons of regional fatness by DXA demonstrate substantially increased fat
mass in females in the limbs, but a much smaller increase in the trunk (see Figure 3).55
These authors adjusted the sex differences for body weight, and reported the persis-
tence of increased leg fatness in women, but a lack of significant differences for the arm
and the trunk. As discussed above, it would be more appropriate to adjust sex differ-
ences for stature rather than weight, given that fat mass is a component of weight. Few
studies of body composition address size adjustment appropriately, and further inves-
tigations of this issue are required in both adults and children.
Several studies have assessed visceral versus subcutaneous adiposity in the abdo-
Figura 101 MRI
men using – Actividade do estradiol
or CT scanning. na regulação
These studies collectivelydo apetite
indicate the eemergence
termogénese.
of
increased visceral adiposity in males during adolescence, with this difference increasing
56–59
O estradiol éthrough adulthood factor
o principal , but the magnitude
que levaofathese dimorphisms may
distribuição be confounded
ginoide da gordura numa
by differences in body size. Using MRI scanning, Kuk and colleagues60 found that, for
mulher. Maiora given waist circumference, there were significant sex differences in the total amount As mulheres
acumulação subcutânea e na região glúteo-femural.
apresentam ofmaioradipose tissue
número in the abdomen, and in its no
de células visceral and subcutaneous
tecido subcutâneo, components.
e com grande
Whereas women had greater subcutaneous fat, men had significantly greater visceral
sensibilidadefat,à with
insulina. O que lhes confere grande avidez na captação
this sex difference increasing at larger waist circumference. Thus differences dos ácidos
in regional adiposity
gordos alimentares, e must be distinguished
resistência à from differences
lipólise, in waist circumference
particularmente no per inferior. E por
trem
se. In general, males show greater accumulation of visceral fat with age than women;
isso nas mulheres
however, éthisa difference
nível apendicular
decreases whenque
older semenmanifestam
are compared with aspostmeno-
principais diferenças
na massa gorda women.61
pausal entre homens e mulheres (figura 102). Onde os ER se expressam
em maior densidade.
30
20
% Difference
10
-10
-20
Leg lean
Trunk lean
Leg fat
Trunk fat
Arm bone
Leg bone
Trunk bone
Arm lean
Arm fat
Figura 102
Figure – Dismorfismo
3. Regional sexual
body composition na composição
data obtained corporal
in 120 adults using emx-ray
dual energy vários segmentos.
absorptiometry
(DXA). Adjusting for body size, women have similar amounts of lean mass in the legs and trunk, but around
10% less than men in the arms. They have a similar amount of fat in the trunk, but around 10% more in the
arms and 30% more in the legs. They have a similar amount of bone mineral in the leg, but around 10% more
in the trunk and 20% less in the arm.55
No capítulo anterior falámos sobre o efeito do estradiol no aumento da expressão
dos receptores a2-AD, de efeito antilipolítico (figura 103). Efectivamente, a terapia
hormonal com estradiol aumenta de forma significativa a expressão de a2-ADR no
tecido adiposo subcutâneo, especialmente no glúteo-femural, acentuando o padrão
ginoide de acumulação de gordura. Um tecido adiposo glúteo-femural muito
resistente à lipólise, sensível à insulina, e ávido em captar ácidos gordos. As
mulheres são cerca de 30% mais eficientes na captação dos ácidos gordos
alimentares.
100
Figura 103 – Efeito antagónico dos receptores a2-ADR na lipólise sob estimulação da adrenalina (E).
1872 J Clin Endocrinol Metab, April 2004, 89(4):1869 –1878 Pedersen et al. • Estrogen Controls Lipolysis through ER!
Figura
Estradiol 104
effects – Efeito
on adipose tissueda terapia
lipolysis de
(in vitro) reposição hormonal
If, however, (HRT)
yohimbine e infusão
(an !2-adrenergic de estrogénios
receptor blocker) na expressão no
changes in theanumber was given together with epinephrine, the lipolytic response
2, b1 e b2
To determine
tecido whether de
adiposo these
receptores of adrenérgicos.
!2A-adrenergic receptors had any functional consequences, was similar in the two groups and equaled the lipolytic
we investigated the lipolytic effect of various compounds response observed using isoproterenol (Fig. 4). These find-
that affect lipolysis through different pathways. Human sc ings demonstrate that the increased number of !2-adrenergic
adipose tissue fragments were incubated for 24 h without or receptors also mediated increased antilipolytic effects in es-
with estradiol (100 nm), and then adipocytes were isolated. tradiol-stimulated human adipocytes.
These studies revealed that the lipolytic response in control
Estradiol effects on !2A-adrenergic receptors in sc and
and estradiol-treated adipocytes were similar for isoproter-
visceral adipose tissue
enol (a pure "-adrenergic agonist) and for dbcAMP (a stabile
cAMP analog) (Fig. 4). However, using epinephrine (an !- 101
To investigate whether estradiol might affect human ad-
and "-adrenergic agonist) to stimulate lipolysis revealed a ipose tissue depots differently, we investigated paired sc and
significant attenuation in the lipolytic response in estradiol- visceral adipose tissue fragments in culture. As shown in Fig.
treated adipocytes compared with control adipocytes (Fig. 4). 5, estradiol (100 nm for 24 h) was able to increase the !2A-
Este efeito do estradiol faz com que seja muitas vezes implicado com o
favorecimento da acumulação de massa gorda, o que não é verdade. Promove que
a gordura se aloje em certas regiões, mas não a acumulação global. Antes pelo
contrário, dado o seu efeito anorexígeno e no aumento da termogénese por
activação simpática. Para além de exercer um papel protector da acumulação
visceral, bem evidente com a transição para um padrão androide após menopausa.
Perda de gordura periférica e aumento da deposição abdominal. Quando os
estrogénios diminuem drasticamente à uma redução do tónus simpático e menos
lipólise visceral, e menor capacidade de retenção de gordura no tecido adiposo
subcutâneo.
102
embrião não seja rejeitado, e promove o desenvolvimento das glândulas mamárias.
Mas a progesterona exerce também outros efeitos como o relaxamento do músculo
liso, estimulação da circulação nas mucosas, inibição da actividade
mineralocorticoide e glucocorticoide, promoção da hidratação e elasticidade da
pele, um efeito ansiolítico através do seu derivado alopregnanolona de acção
GABAérgica no sistema nervoso central, aumento da temperatura corporal, e
também do apetite. Aqui antagonizando o estradiol como vimos. A progesterona
aumenta também a resistência periférica à insulina, ao contrário do estradiol que
favorece a acção. E tal como o estradiol promove edema por aumento do fluido
extracelular, mas com redução do volume do plasma por extravasão de proteínas
séricas que reduz a osmolaridade nos vasos. Apesar de se tratar de um inibidor da
aldosterona, a progesterona pode ainda assim levar a uma acentuada retenção de
líquidos.
103
tecidos de natureza androgénica (figura 106). Nas adrenais o principal androgénio
é a DHEA (dihidroepiandrosterona) livre e sua forma sulfatada DHEAS (~70%). A
DHEA é uma prohormona, embora apresente fraca afinidade para o AR e PR.
Converte em androstenediona nas adrenais e tecidos pela acção da 3b-HSD, que
posteriormente é convertida em testosterona pela 17b-HSD. As adrenais são
responsáveis pela produção de 50% da testosterona circulante, e os ovários pelo
restante.
Os androgénios são responsáveis não só por caracteres sexuais, mas também por
aspectos comportamentais, metabólicos e libido. Casos de hiperandrogenismo são
comuns entre as mulheres e caracterizam o impacto fisiológico do excesso de
androgénios. A causa mais comum é sem dúvida a Síndrome dos Ovários
Policísticos (SOP), que afecta 5-10% das mulheres em idade fértil. Em que
vericamos sintomas como hisutismo (pilosidade excessiva), acne, alopecia,
virilização, anovulação, distúrbios do ciclo menstrual, resistência à insulina,
acanthosis nigricans como sinal dessa hiperinsulinemia (figura 107), e acumulação
de gordura na região abdominal.
104
CHAPTER 17 Physiology and Pathology of the Female Reproductive Axis 629
A B
Figure 17-28 Acanthosis nigricans. A, Moderate acanthosis nigricans (i.e., darkening and thickening of skin) at the lateral lower fold of the neck. Notice facial hirsutism
Figura 107 – Acanthosis nigricans.
(sideburns) in the same patient. B, Severe acanthosis nigricans in another patient with severe insulin resistance. (B courtesy of Dr. R. Ann Word, UT Southwestern Medical
Center, Dallas, TX.)
105
aumentam a actividade da enzima CYP17A1, que a converte em 17OH-
progesterona, que também aumenta em circulação (figura 108). Além disso, a
hiperinsulinemia reduz a produção hepática de SHBG e IGFBPs, aumentando a
concentração livre de testosterona e IGF-1, este último estimulando a 5a-redutase
e aumentando a produção de DHT nos tecidos andrógenos (figura 109).
106
Estradiol esse que pode até aumentar por aromatização da testosterona no tecido
adiposo.
Mas a intervenção a nível do estilo de vida é também uma estratégia eficaz, por si
com como adjuvante ao tratamento farmacológico que em muitos casos se torna
indispensável. A alimentação poderá ajudar a equilibrar o nível de exposição à
insulina e na perda de peso, tal como o exercício físico regular. Perda de peso essa
que mesmo ligeira (>5%) pode por si possibilitar uma redução de 60% no rácio
testosterona/SHBG.
107
Figura 111 – Opções terapêuticas na SOP.
Anti-concepcionais orais
Os anticoncepcionais orais (OC), vulgo pílula, merecem uma breve menção neste
capítulo de forma a esclarecer alguns mitos em relação ao seu efeito na composição
corporal. Tratam-se de hormonas esteroides sintéticas que, por retroacção, inibem
a produção de gonadotropinas e a ovulação. Não são apenas usadas na prevenção
de uma gravidez, mas também em casos de ovários policísticos, endometriose, para
equilibrar os níveis hormonais e reduzir o acne, dismenorreias, ou regularizar o ciclo
menstrual.
Outros efeitos secundários são por normal mais tolerados embora possam implicar
negativamente na qualidade de vida. Nomeadamente os que derivam da redução
dos níveis de testosterona, que por inibição da produção ovariana como pela
108
redução drástica da fracção livre. Os anti-concepcionais orais aumentam
brutalmente os níveis de SHBG. Algumas mulheres experienciam então alterações
no humor, capacidade de concentração, letargia, perda de força e uma redução na
libido.
Fase pré-menstrual
109
Figura 113 – Diagnóstico de desordem afectiva pré-menstrual. Pressupõe a existência de pelo menos 5
dos sintomas em A, e verificando-se as condições dos critérios B, C, e D.
A meio da fase lútea, pelo 19º-21º dia, verifica-se uma quebra abruta da
progesterona e estradiol (figura 114). E a maior sensibilidade a variações hormonais
reflete-se numa actividade anormal de neurotransmissores que impactam no
humor, comportamento, e até apetite. O efeito dos estrogénios está melhor
estudado e caracterizado sem dúvida, mas a progesterona também exerce um
papel de relevo que se manifesta mais a nível do humor e ansiedade. Quando a
progesterona baixa na fase lútea tardia há uma redução da alopregnanolona em
proporção. Essa redução leva a uma menor actividade dos receptores GABAA e à
predominância glutamatérgica excitatória. Mulheres que sofrem de síndrome pré-
menstrual parecem ter uma menor sensibilidade funcional do receptor GABAA e
ganhar tolerância rapidamente por altura do pico de exposição. Quando os níveis
de alopregnanolona baixam há então resistência à activação do receptor que deixa
de responder. Além disso a progesterona estimula de forma potente a b-endorfina,
110
um opióide endógeno. E a diminuição que acompanha a fase pré-menstrual pode
originar sintomas de privação que passam por uma maior necessidade de conforto.
E alimentos como chocolate por exemplo parecem aumentar os níveis de b-
endorfina, explicando porque gostamos tanto dele e porque é tão difícil resistir na
TPM.
Figura 114 – Variação dos níveis de estradiol, progesterona, LH e FSH ao longo da fase menstrual
Em relação aos estrogénios, a quebra nos seus níveis vai levar a um aumento da
actividade glutamatérgica. Já vimos anteriormente que o estradiol inibe os
receptores NMDA, inibição essa que é aliviada quando estes diminuem
abruptamente. E além disso, os estrogénios são importantes modeladores da
actividade da serotonina. Aumentam a síntese, inibem a sua degradação, e
estimulam a expressão de receptores. Na verdade, é a redução da actividade
serotonérgica que surge como uma das principais causas dos cravings por açúcar
e alimentos ricos em hidratos de carbono, bem como do comportamento obsessivo
e compulsivo em relação à comida.
111
uma restrição calórica severa. Suplementos alimentares como o L-triptofano
isolado, em doses superiores a 3 g, e a valeriana, que actuam por via serotonérgica,
poderão exercer um efeito modesto no controlo dos sintomas psicológicos e
comportamentais.
Hormonas tiroideias
112
A tiróide é também regulada a nível central pelo hipotálamo. Neurónios no núcleo
paraventricular projectam para a eminência medial e libertam TRH para a circulação
portal hipofisária, que vai estimular os tirotrofos a produzir TSH. TSH essa que actua
sobre a tiróide promovendo a síntese de T4 e T3. A produção de TRH é estimulada
por factores externos como a exposição ao frio e internos como a leptina e
estrogénios por exemplo, e inibida pelo stress, cortisol, e T3 como feedback
negativo. A produção de TSH é também inibida a nível dos tirotrofos pela
somatostatina e dopamina na circulação portal hipofisária.
A TSH actua sobre o seu receptor nas células foliculares, o TSHR, acoplado a uma
proteína Gs. Quanto estimulado estimula a adenilato ciclase a produzir cAMP que
activa a PKA. Que por sua vez vai fosforilar o factor de transcrição que expressa a
tiroglobulina (Tg), uma proteína que é exocitada para o colóide intra-folicular. A Tg
sofre acção de uma enzima na membrana apical (intra-folicular), a tiroide
peroxidade (TPO) que usa o peroxido de hidrogénio (H2O2) para oxidar o iodeto (I-)
a iodo (I2) e incorporá-lo no C3 e C5 dos resíduos de tirosina da Tg. O necessário
H2O2 necessário à reacção é produzido por uma NADPH oxidase membranar, a
DUOX2 (figura). O iodeto por sua vez é captado da corrente sanguínea pela NIS
(Na+/I- Symporter), e exportado para o coloide intra-folicular pela pendrina. A Tg
iodada vai reentrar na célula folicular por endocitose, e é hidrolisada em resíduos
de tirosina iodada que constituem as hormonas tiroideias (T4 e T3) e aminas
inactivas de mono-iodotirosina e di-iodotirosina (figura 117) que são recicladas de
forma a reciclar o iodeto (figura). A T4 e T3 são libertas na circulação por
transportadores membranares, os MCT, uma vez hidrofílicas. No sangue são
transportadas pela, por ordem de afinindade, TBG (Thyroxin-Binding Globulin),
TBPA (Thyroxin-Binding Pre-Albumin ou transtirretina), e albumina. Apenas 0,015%
da T4 e 0,33% da T3 circulam na sua forma livre.
113
As aminas produzidas na tiroide e derivadas da metabolização periférica da T4
estão representadas na figura 118. A tiroxina (T4) e a tri-iodotironina (T3) são as
hormonas activas, embora a T3 apresente 5-12 vezes mais afinidade para o
receptor, e como tal maior actividade biológica. Na verdade, apesar da tiroide
produzir maioritariamente T4, cerca de 80% e apenas 20% T3, a T4 é convertida
perifericamente em T3, ou em T3 reversa (rT3) e T2 inactivas que são
maioritariamente excretadas. A figura 119 ilustra a metabolização das hormonas
tiroideias pelas deiodinases D1, D2 e D3.
114
As deiodinases actuam removendo iodo do resíduo de tirosina em diferentes
carbonos numerados como 3 e 3’, e 5 e 5’ (figura 120). A D1 tem actividade
deiodinase
340 SECTION III 5 e 5’, com preferência pelo C5’, formando maioritariamente T3 quando
Thyroid
actua sobre a T4, e T2 quando actua sobre a rT3. A D2 actua exclusivamente em C5’
the discovery thatT3different
originando quando mutations
actuainsobre a T4, e Tactivating
various regions and inactivating mutations,
2 na deiodinização da rT3. Na either germline or
prática
of the TSHR molecule resulted in intrinsic activation and somatic, have been identified in the membrane-spanning
muito
the semelhante
identification à D1.
of important Porforseu
domains lado, a D3oréintracellular
intramolecular uma 5-deiodinase
portions of the originando
TSHR moleculerT 3 acause
that
TSHR
partir signal
da transduction
T (see Chapter 12), the precise generalized or da nodular hyperfunction and congenital
4, e T2 a partir da T3. A D2 é mais importante produção de T3, e a D1
mechanisms of receptor activation and the early events hypofunction. 41,45
ofintervém
TSHR signalessencialmente
transduction are notna inactivação
fully understood.41da rT3. Apenas tem impacto nos níveis de
Studies using mutational analyses have suggested that the
T3 em indivíduos
interactions
com hipertiroidismo. A D2 é inibida quando os níveis de T4
between the ectodomain and the extracellular
aumentam,
loops ao contrário
of the transmembrane domainsda D1
in the D3 beque THYROID
e may
TSHR HORMONES
são estimuladas. Um IN mecanismo de
critical for the maintenance of an inactive state with no PERIPHERAL TISSUES
controloactivity.
constitutive da actividade das hormonas
When these constraints tiroideias quando os níveis séricos sobem
are removed,
ananormalmente.
open conformation A ensues.
D3 é Therefore, it has been pro-
particularmente importante, aumentando a produção de rT3
posed that the TSHR exists in both a closed (inactive) and
Plasma Transport
que,
open embora
(active) format.inactiva
This modela predicts
excretada, temtheumaTheacção
that only antagonista
metabolic da ofT3thyroid
transformations por ligação
hormones in
open format of
inibitória aothereceptor
receptor would
e aobetransportador
able to bind ligand peripheral tissues
membranar (figura determine
121). their biologic potency and
and become activated. Further support for this model came regulate their biologic effects. Consequently, an under-
from the development of constitutive activation when the standing of thyroid physiopathology requires knowledge
TSHR ectodomain was truncated, suggesting that its pres- of the pathways of thyroid hormone metabolism. A wide
ence dampened a constitutively active α-subunit. variety of iodothyronines and their metabolic derivatives
The TSHR, in addition to the TSH, also binds TSHR- exist in plasma. Of these, T4 is highest in concentration
stimulating antibody (TRAb), thyroid-blocking antibodies and the only one that arises solely from direct secretion by
(TBAb), and neutral antibodies to the TSHR (see Chapter the thyroid gland. In normal humans, T3 is also released
12). The closely related luteinizing hormone (LH) and cho- from the thyroid, but approximately 80% is derived from
rionic gonadotropin (CG) also bind to and activate TSHR the peripheral tissues by the enzymatic removal of a single
signaling.41 The latter accounts for the physiologic hyper- 5′ iodine atom (outer ring or 5′ monodeiodination) from
thyroidism of early pregnancy. Besides the thyrocyte, the T4.46 The remaining iodothyronines and their derivatives
TSHR is also expressed in a variety of tissues such as osteo- are generated in the peripheral tissues from T4 and T3.
clasts, fibroblasts, and adipocytes, as well as retroorbital Principal among them are 3,3′,5′-triiodothyronine (reverse
adipocytes and skin.41,44 As discussed earlier, certain T3, or rT3) and 3,3′-diiodo-L-thyronine (3,3′-T2) (Fig. 11-2).
HO I Biliary excretion
I
O
HO O I
H OH
MIT I O Glucuronidation (T4G)
I
3-Monoiodotyrosine NH2 H OH
HO NH2 Sulfation (T4S)
I
O 3,5,3´,5´-Tetraiodo-L-thyronine
I
H OH (Thyroxine, T4)
DIT Inactivation via D1
3,5-Diiodotyrosine NH2 D2 D1 D3
Precursors I I
HO O I HO O I
I O I O
H OH H OH
NH2 NH2
3,5,3´-Triiodo-L-thyronine (T3) 3,3´,5´-Triiodo-L-thyronine
(reverse T3)
D3 D2 D1
I
HO O I
O
H OH
NH2
Figura 120 – 3,3´-Diiodo-
Metabolismo L-thyronine
das (T3)
hormonas tiroideias.
Figure 11-2 Major deiodinative and nondeiodinative pathways of thyroid hormone metabolism. The iodothyronine deiodinases are abbreviated D1, D2, and D3 for type 1, 2,
and 3 deiodinases, respectively. Arrows refer to monodeiodination of the outer or inner ring of the iodothyronine nucleus, which are termed 5′ or 5 by convention. T4 is activated
by monodeiodination of the phenolic thyronine ring by D1 or D2 to form T3. Deiodination of the tyrosyl ring by D1 or D3 inactivates T4 and T3. This inactivation pathway is mark-
edly favored by sulfation of the phenolic hydroxyl to form T4SO4 (T4S) or T3SO4 (T3S). Glucuronidated T4 and T3 (T4G and T3G) are excreted into the bile but may be partially
reabsorbed after deglucuronidation in the intestine.
115
mains, one binding and glucose transporters; an ER-associated protein, prolyl
anscriptional acti- hydroxylase; and monomeric pyruvate kinase. The effect
. of T4 per se to initiate the ubiquitination of D2 is perhaps
n expression of the the most important nongenomic effect of physiologic con-
rve different func- centrations of free T4.46
is expressed in the
in skeletal muscle,
. In general, TRβ, REGULATION OF THYROID FUNCTION
rtant in the hypo-
ulation of thyroid
ll tissues, although
The Hypothalamic-Pituitary-Thyroid Axis
in the kidney and The thyroid participates with the hypothalamus and pitu-
ea and the retina. itary in a classical feedback control loop (Fig. 11-8). In
evels but is more addition, there is an inverse relationship between the
ngs in comparison iodine level in the thyroid and the fractional rate of
nces in the amino- hormone formation. Such autoregulatory mechanisms sta-
two proteins are bilize the rate of hormone synthesis despite fluctuations in
moters, which can the availability of iodine. Stability in hormone production
is downregulated is achieved in part because the large intraglandular store of
s not affected.111 hormone buffers the effect of acute increases or decreases
have been inacti- in hormone synthesis. Autoregulatory mechanisms within
ogic roles. Disrup- the gland, in turn, tend to maintain a constant thyroid
β2) in mice causes hormone pool. Finally, the hypothalamic-pituitary feed-
back sensitivity of back mechanism senses variations in the availability of free
and a decrease in thyroid hormones, however small, and acts to correct
Figura 121 – Transporte das hormonas tiroideias e competição da rT3.
ficant elevations in them. There is a close relationship between the hypothala-
r to those in A fami- mus,
regulação the hipotálamo-pituitária-tiroide
do eixo anterior pituitary, the thyroid ocorre gland, and still
por feedback negativo cmoo
e (RTH) in which higher centers in the brain, the function of
tantas outras hormonas (figura 122). A T3 é a hormona que efectivamentethe entire inibe a
ing affinity for T3. complex being modified in a typical negative-feedback
produção de TRH e TSH. Tanto o hipotálamo como a hipófise expressam D2 que
Rβ2 protein, which manner by the availability of the thyroid hormones. In
of the intactconverte
TRβ Taddition,
4 em T3. O aumento dos níveis séricos de hormonas tiroideias inibe a
other hormones and neuropeptides also influ-
produção
ee Chapters 3 and ence factores
dos this axistróficos para reduzir
(see Chapters 7 and o8).output pela tiroide. Inversamente,
quando
dback regulation, baixam a TRH e TSH aumentam para potenciar o estímulo e aumentar a
he brain and heart
produção de hormonas tiroideias.
TRα1 disruption in
minant phenotypic
thermia. Recently, (D2)
THRA were identi- T4 + T3(−) Hypothalamus
T4 T3
gesting dominant
tors on wild-type TRH (+)
and high serum T3 SRIH (−)
al and bone devel-
(D2)
T4 T3(−) Pituitary
he ligand-binding
T3(−)
design of thyroid T4 + T3
the other of these
ould, for example, T, L, K (D1)
T T3 TSH (+)
d cancer, without T, SM, CM (D2) 4
KB141, a potential
metabolic rate and T4 (T3)
A acção das hormonas tiroideias é mediada pelo seu receptor, o THR, um receptor
nuclear que se apresenta dentro da célula. Uma vez que tanto a T3 como a T4 são
hidrofílicas, não se difundem livremente através da membrana celular. São
transportadas intracelularmente pelo MCT. A T4 pode então ser metabolizada em
T3, com maior afinidade para o THR que promove a transcrição das proteínas alvo
(figura 124).
118
Figura 125 – Acção das hormonas tiroideias no fígado.
119
desta última. Promovem a calcificação endocondral e o crescimento intersticial.
Actuam também no sistema gastrointestinal estimulando as secreções exócrinas e
motilidade por contracção do músculo liso. Na pele promovem vasodilatação
periférica, sudação por sensibilização às catecolaminas, e aumento a deposição e
síntese de queratina.
120
Figura 128 – Dispêndio energético no hipo-, eu-, e hipertiroidismo.
121
Figura 130 – Sintomas comuns de hipotiroidismo.
As patologias tiroideias podem ter várias causas e não é deste âmbito abordar todas
elas. Quero no entanto chamar a atenção para a síndrome eutiroideia, uma
manifestação não patológica que reduz os níveis e actividade da T3, muitas vezes
sem alteração da TSH ou T4. Ocorre essencialmente a nível da menor conversão
P1: JZP
c09
periféricaBLBK217-Frayn November 30,
quando estamos em 2009 13:42 energética
privação Printer Name: Yet
outo sob
Come outro agente de stress.
2.0
Hormone concentration (nmol/l)
1.5 T3
1.0
reverse-T3
0.5
0
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72 80
Hours of fasting
Figura
Figure 9.4 131 – Níveis
Serum séricos of
concentrations detriiodothyronine
T3 e rT3 com o(Tprolongamento do jejum.
3 ) and reverse triiodothyro-
nine (reverse-T3 ) during early starvation in normal volunteers. Based on Gardner et al.
(1979).
É por isso natural que quando somos sujeitos a um período de deficit energético os
níveis de T3 e o rácio T3/rT3 reduzam (figura 132). Mas essa redução não está
associada àthrough
perda de peso
reduced e alteração
insulin concentrations da composição
(insulin corporal,
will acutely stimulate mas sim com a
leptin secretion
from adipose
própria carência tissue after feeding).
energética. Quando se retorna a uma dieta isocalórica os níveis
The onset of starvation is also marked by a decrease in the level of the active thyroid
tendem a normalizar. Esta adaptação ao deficit tem como finalidade aumentar a
hormone, triiodothyronine (T , Figure 6.8, p. 156), in the blood (Figure 9.4). Several
3
factors appear to cause this. The early reduction in secretion of thyroid hormones
has been attributed to the fall in leptin action on the hypothalamus (reducing thyroid-
stimulating hormone secretion from the anterior pituitary, and hence thyroid hormone
122
secretion). Therefore, although this may appear to be a central effect, it arises in turn
from “peripheral” sensing of fuel shortage. There is also a shift towards production
of an inactive form, reverse triiodothyronine (reverse T3 ), at the expense of T3 (Figure
9.4). The effect of the fall in T3 concentration is to reduce overall metabolic rate and to
reduce the rate of proteolysis in muscle. The reduction in overall metabolic rate leads,
eficiência energética e reduzir as dissipações para o Meio como calor. No respectivo
capítulo veremos se esta redução adaptativa no dispêndio energético dificulta o
processo de perda de peso. Podendo adiantar desde já que a termogénese
adaptativa tem um impacto diminuto, embora em alguns casos possa ser
considerado relevante.
Figura 132 – Rácio T3:rT3 numa amostra de mulheres obesas após perda de peso, e 10 dias de peso
estabilizado com uma dieta isocalórica.
Outras hormonas regulam a função tiroideia. Vimos que o cortisol inibe a conversão
de T4 em T3, por aumento da actividade da D3 e redução da D2, mas também inibe
a produção de TRH e TSH. Além disso reduz a produção hepática de TBG,
123
aumentando a fracção livre e o feedback negativo sobre a produção de tirotropinas.
A terapia com corticoides tende a induzir um estado de hipotiroidismo marcado por
uma redução da TSH e da T3 livre. E a insuficiência adrenal, marcada por baixos
níveis de cortisol, associa-se a um aumento da TSH.
124
Hormona do crescimento
Tal como é regra, a GH é regulada por feedback negativo. Que ela própria exerce
nos somatotrofos, ou através do IGF-1 cuja produção hepática é estimulada por ela
própria. A insulina também inibe a produção de GH. E a grelina é um potente
estímulo à produção de GH, directamente e através dos neurónios GHRH. Os
somatotrofos e neurónios GHRH têm receptores que respondem à grelina, o
receptor secretagogue de GH (GHSR), que despolarizam a célula e promovem a
libertação de GH e GHRH. No entanto, os GHSR também aumentam a prolactina e
a ACTH. Os principais factores estimuladores e inibidores estão listados na figura
135. Falaremos sobre alguns em maior detalhe.
125
É verdade que alguns aminoácidos estimulam a libertação de GH na hipófise,
nomeadamente a arginina (figura 136). Efeito mediado pela conversão da arginina
em citrulina e NO, que estimula a síntese de secreção de GH. A arginina é um
aminoácido carregado positivamente, e quando a sua concentração intra-celular
aumenta leva a despolarização e fusão das vesículas que contêm a GH com a
membrana celular. No entanto, a ingestão de arginina não parece ter um efeito
significativo na produção e secreção de NO. É extensivamente metabolizada no
sistema entero-hepático e pouca chega efectivamente à hipófise. Apenas a
administração intravenosa parece estimular a GH, pela via descrita e pela
hipoglicemia reactiva ao aumento da insulina que a arginina também induz.
126
Wideman et al.
25
ing. Initial studies[50,53-56]
onse to exercise performed
20
compared GH concentra-
rcise. It is now well known 15
Exercise
the anterior pituitary is pul-
equent sampling regimens 10
he effects of stimuli on GH
ary purpose of this paper is 5
the effects of acute and
0
istance exercise on GH re-
06.00 07.12 08.24 09.36 10.48 12.00
e available, we will discuss Clock time (min)
on GH pulsatility.
Figura 138 – GH em homens e mulheres em resposta a um estímulo.
Fig. 1. Mean serum growth hormone (GH) response patterns
Exercise for men and women during exercise; n = 9 in each group. Values
A hormona do crescimento faz parte
are means ± standard da(reproduced
error respostafromcontra-regulatória,
Wideman et al.,[59] um mecanismo
growth hormone response with permission).
fisiológico para manutenção da glicemia em níveis fisiológicos. Quanto a glicemia
baixa, são
rted that GH release estimulados mecanismos que aumentam a sua produção hepática e que
occurs
disponibilizam substratos alternativos. Entre esses mecanismos está a secreção de
with initial elevation of GH dian rhythm, as time of day does not influence the
GH, que promove a neoglucogénese hepática, lipólise, [68] e resistência à insulina. E
y 15 minutes into exercise GH response to exercise in young men. While
ao contrário do cortisol, a GH tem um efeito anti-catabólico a nível do músculo
d at or near the end of ex- young women and men both attain large increases
esquelético que o protege em jejum prolongado. Um estímulo que aumenta de
dies, using more
formafrequent in GH concentrations
muito significativa a produção totalduring exercise,
de GH (figurathe increase
139). Pela necessidade de
measure the estabilizar
inherent pul- from baseline is significantly higher
a glicemia, pelo aumento da grelina, e por menor for men than
efeito inibitório da
ease, support the contention
insulina sobre os women, [60,66] even though the absolute change in
somatotrofos e neurónios GHRH via SST.
f appropriate intensity and exercise-induced AUC is similar.[59]
siological stimulus for GH Exercise intensity has been suggested as a key
s.[57-60] The pattern of GH modifier of exercise-induced GH release. It has
exercise is depicted in fig- been suggested that a threshold of exercise inten-
sity may be necessary for GH release.[69-71] In con-
GH concentrations at rest, trast, recent studies from our laboratory[58,67] indi-
tion, greater 24-hour inte-
cate that the magnitude127 of GH release rose linearly
concentration-time curve
with increasing intensity of exercise in young men
y GH release.[1,59,61-65] Al-
and young women. We also observed that the in-
ern of exercise-induced GH
H levels than men, re- response
(number in with
24 h)morning, afternoon, or evening exercise. 22-kDa GH form.212,2
he 24-hour integrated Aerobic
GH exercise appears
burst (μg) 45 ± 4 to override
64 ± 9the diurnal
24 ± 5 rhythm 10 ±un-
6 is generated by prot
tumor necrosis facto
n women than in men derlying theanalysis
*Deconvolution GH release.
of growth hormone (GH) secretion in adult males. tease.214 The 20-kDa
From Thorner MO, Vance ML, Horvath E, Kovacs K. The anterior pituitary. In:
r mass of GH secreted Body
Wilson composition
JD, Foster is also
D, eds. Williams related
Textbook to serum GH
of Endocrinology, con-
8th ed. affinity binding prot
that in men, with no centrations. A high body fat percentage is associated with
Philadelphia: WB Saunders; 1992:221-310. has been proposed
reflects global GHR e
f GH pulses [54]. Al- decreased GH levels. In particular, higher amounts of ab- The GHBPs damp
Control day Fasting day
that maximal GH re- dominal
20 visceral fat are associated with lower 24-hour GH levels associated with
en and women [55], a release. Clasey plasma GH half-life
Meals et al. [53] reported that the amount of ab-
clearance of bound G
ultiple exercise inten- dominal visceral fat was a stronger predictor of 24-hour in-
15
GH (µg/L)
also competes with G
cremental increase in tegrated
10
GH concentrations than age, gender, percent such alters GH phar
mulation of GH secre- body fat, body fat mass, or aerobic fitness (peak VO2). In GHBP concentrat
as in GHD or acro
men [49]. Compared response
5 to exercise, the GH levels in obese women were dwarfism have absen
(nonpulsatile) GH se- found
0
to be attenuated compared with age-matched non- mutations that resul
requent GH secretory obese women [61] (Fig. 2). During a 6-hour study period, the extracellular dom
0800 2000 0800 0800 2000 0800 are low in some chi
mplitude, greater pro- the integrated TimeGH concentrations in obese
(hours) women were
Time (hours) and in African pygm
r mass of GH secreted only 31% of those
Figure 8-13 Effect of fasting found
Figura on in the
139growth nonobese
– GH hormone
em jejum. women. This di-
(GH) secretion patterns in a
gene for the GHR.218
minished
healthy response
male subject. was accounted
(From Hartman ML, Veldhuis JD,forJohnson
by a ML,
decreased GH
et al. Augmented during pregnancy, an
A ingestão growth hormoneinibe
alimentar [GH] secretory
a burst frequency
libertação de and
GH, amplitude
e osmediate enhanced
hidratos de GH andsão
carbono they are increas
of the menstrual cycle, secretion
productionduring arate, butfast
two-day noindifference
normal men. in
J theEndocrinol
Clin GH half-life
Metab. be-
1992; Levels are reduced in
particularmente eficazes pelo aumento da glicemia e insulina. No entanto, não
GH concentrations are 74:757-765.)
tween groups [61]. Sixteen weeks of exercise training in
parece influenciar a intensidade do pulso nocturno que é regulado por vias distintas.
roidism and by gluc
ompared with Sinalização
the early the obese subjects
colinérgica do núcleo improved aerobic fitness,
supraquiasmático quebut the GH
inibe a SSTre- e acção da
GH pulse amplitudes sponse
melatonina, numa to exercise
altura do sono em did que
nota change
insulina and therediminuída
já estará were noem resposta
stradiol and negatively changes in body composition. Although regional distribu-
à última refeição.
rations, suggesting that tion of body fat was only calculated by waist and hip mea-
Indivíduos obesos secretam menos GH do que normoponderais, de forma basal e
tions during the men- surements, the estimated amount of abdominal visceral fat
em resposta a um estímulo como o exercício por exemplo (figura 140). Não se
ion to a significant de- was higher
conhece ao certo o mecanismo in obese quewomen
explicawith este mainly
fenómeno, upper
mas body fat associado
julga-se
he mean GH aresponse than in dos
um efeito inibitório obese women
ácidos withlivres
gordos mainly sobreloweros body fat and inA inibição da
somatotrofos.
gher than when mea-
lipólise nonobese women. There was no relationship between the
estimula a libertação de GH em obesos.
hereas others [47, 57]
H response to exercise
r and luteal phases. In
eater exercise-induced
rted during the oral-
he phase of nonoral-
tent with observations
oral-estrogen use en-
cally, GH responses to
[47] or higher [60] in
ronically decreased es-
levels.
se intensity impacting
cise must also be con-
rcise-induced GH re-
Figura 140 – GH na obesidade.
day. In our study, the Figure 2. Mean serum GH concentrations for nonobese (n ! 8), lower-
body obese (n ! 12), and upper-body obese (n ! 12) women before, dur-
r nonexercise control ing (30-minute bout), and after exercise at 70% VO2 peak (adapted from
7:00PM, and 12:00AM reference 61).
128 425
Acção da hormona do crescimento
129
Figura 142 – GH no fígado.
No músculo é então o IGF-1 que medeia parte da acção da GH. O receptor de IGF-
1 (IGFR) é aparentado com o receptor de insulina (IR), ambos da família dos
receptores tirosina cinase, tal como o GHR. Na verdade, em concentrações
elevadas de insulina ou IGF-1 pode ocorrer transactivação do IR e IGFR. No
músculo o IGF-1 estimula a síntese proteica via mTOR e ERK, bem como a
expressão de transportadores de aminoácidos que asseguram o anabolismo (figura
143). A GH não tem uma acção anabólica significativa em níveis fisiológicos no
músculo, embora existam evidências de um efeito anti-catabólico por aumento da
disponibilidade de ácidos gordos e energia, e redução da actividade da MuRF1 e
atrogenina. Além disso favorece a função e regeneração das estruturas passivas,
tendões, estimulando a síntese de colagénio.
130
Figura 143 – GH no músculo.
131
A zona abdominal, subcutânea e visceral, parece ser a origem da maior parte
desses ácidos gordos. A terapia com GH parece a longo prazo aumentar a massa
magra e reduzir massa gorda corporal, em particular na região abdominal visceral
(figura 145). Este potencial para recomposição corporal, e também na síntese de
colagénio, fizeram a terapia com GH muito apetecível em anti-aging. No entanto, o
aumento de massa magra não se parece substanciar em músculo quando não
existe um deficit hormonal subjacente, isto em doses de GH dentro do fisiológico.
Parte é edema provocado pelo aumento da reabsorção de sódio no tubo colector e
da produção de aldosterona.
132
A GH tem então uma intervenção importante na partição energética e alternância
de substratos (figura 146). Aumenta a disponibilidade de ácidos gordos livres para
que estes possam ser oxidados, e de glicerol como substrato neoglucogénico em
alternativa aos aminoácidos. A produção de ureia no fígado é inibida pela GH,
aumentanto a disponibilidade dos aminoácidos. Aminoácidos esses que são menos
mobilizados do músculo, não só pelo efeito anti-catabólico directo da GH mas
principalmente pelo aumento da disponibilidade de ácidos gordos. Com a supressão
da lipolise verifica-se um menor impacto anti-catabólico da GH no tecido muscular.
O aumento da resistência à insulina no músculo vai também promover a oxidação
de ácidos gordos em detrimento dos hidratos de carbono, reduzindo assim também
a necessidade total de glicose.
133
antropométrica poderá ajudar a inferir sobre eventuais distúrbios endócrinos
clínicos e sub-clínicos. A metodologia mais conhecida, e também controversa, é o
BioSignature de Charles Poliquin, falecido recentemente mas cujo trabalho continua
sob a batuta de discípulos e fiéis seguidores. Este método alega um diagnóstico do
equilíbrio endócrino através da avaliação de pregas cutâneas em regiões
específicas e associadas à actividade de uma ou mais hormonas. Por exemplo, a
prega mid-axilar estaria associada à acção tiroideia, a abdominal ao cortisol, o
estradiol à prega da coxa média, e a tricipital à relação estrogénios/androgénios. E
para além de um diagnóstico transversal, este método alega ser sensível à aferição
do reequilíbrio hormonal ao longo de um protocolo terapêutico. A redução da
espessura da prega estaria associada a uma melhoria da respectiva função. Mas
será que existe fundamento científico para esta metodologia e outras que assentam
no mesmo princípio? Em alguns pontos sim, noutros nem tanto assim.
134
massa gorda, particularmente na zona intra-abdominal que apresenta uma
densidade elevada de receptores de glucocorticoides. Mas apesar da distribuição
central mediada pelo cortisol, não existem estudos que associem variáveis
antropométricas para além do IMC, rácio cintura/anca, e perímetro abdominal aos
seus níveis basais. Um estudo com mulheres obesas pré-menopausa não
encontrou qualquer relação do cortisol com as pregas adiposas que, na verdade,
representam apenas a camada subcutânea de tecido. Como vimos, o padrão
influenciado pelo cortisol é essencialmente intra-abdominal, não existindo evidência
da relação com a prega umbilical.
135
Hormona BioSignature Evidência científica
Acentuam o perfil ginóide, com
Exposição elevada associada
Estrogénios ao aumento da prega crural
acumulação periférica de gordura e
glúteo-femural
Reduzem a gordura visceral e nas
Baixos níveis associados à
mulheres favorecem a centralização
Testosterona prega peitoral e tricipital
quando aumentam em relação ao
(relação com o estradiol)
E2
Centralização da distribuição de
Cortisol Aumento da prega umbilical massa gorda e aumento da gordura
visceral
Efeito protector e lipolítico no tecido
Hormona do Deficit associado às pregas
visceral e redução da massa gorda
Crescimento geminal e do joelho
geral
Hipotiroidismo associa-se ao ganho
Deficit associado à prega mid-
Hormonas tiroideias axilar
de peso e gordura, mas sem um
padrão regional distinguível
Resistência à insulina A resistência à insulina associa-se a
associada ao aumento das uma centralização da gordura, e
Insulina pregas supra-ilíaca e sensibilidade a adiposidade
subescapular subcutânea/periférica
Figura 147 – Relação hormonal com a distribuição de massa gorda e análise crítica ao método
BioSignature de Charles Poliquin, aqui pretende diagnosticar desequilíbrios hormonas com base na
distribuição de gordura subcutânea.
Referências
Abate, N., Garg, A., Peshock, R. M., Stray-Gundersen, J. & Grundy, S. M. Relationships of generalized
and regional adiposity to insulin sensitivity in men. J Clin Invest 96, 88–98 (1995).
Arner, P., Lithell, H., Wahrenberg, H. & Brönnegard, M. Expression of lipoprotein lipase in different human
subcutaneous adipose tissue regions. J Lipid Res 32, 423–429 (1991).
Asarian, L. & Geary, N. Sex differences in the physiology of eating. Am J Physiology-regulatory Integr
Comp Physiology 305, R1215–R1267 (2013).
Bakiner, O., Bozkirli, E., Bozkirli, E. D. E. & Ozsahin, K. Correction of Hypothyroidism Seems to Have No
Effect on Body Fat. Int J Endocrinol 2013, 1–5 (2013).
136
Balbo, M., Leproult, R. & Cauter, E. V. Impact of Sleep and Its Disturbances on Hypothalamo-Pituitary-
Adrenal Axis Activity. Int J Endocrinol 2010, 759234 (2010).
Barbosa, J. C., Shultz, T. D., Filley, S. J. & Nieman, D. C. The relationship among adiposity, diet, and
hormone concentrations in vegetarian and nonvegetarian postmenopausal women. Am J Clin Nutrition
51, 798–803 (1990).
Bengtsson, B. A. et al. Treatment of adults with growth hormone (GH) deficiency with recombinant human
GH. J Clin Endocrinol Metabolism 76, 309–317 (1993).
Bhake, R. C. et al. Continuous Free Cortisol Profiles—Circadian Rhythms in Healthy Men. J Clin
Endocrinol Metabolism 104, 5935–5947 (2019).
Bhasin, S. et al. The Effects of Supraphysiologic Doses of Testosterone on Muscle Size and Strength in
Normal Men. New Engl J Medicine 335, 1–7 (1996).
Bhatia, S. J. et al. A method of screening for growth hormone deficiency using anthropometrics. Am J
Clin Nutrition 34, 281–288 (1981).
Björntorp, P. Hormonal control of regional fat distribution. Hum Reprod 12, 21–25 (1997).
Björntorp, P. Body fat distribution, insulin resistance, and metabolic diseases. Nutrition 13, 795–803
(1997).
Bjørndal, B., Burri, L., Staalesen, V., Skorve, J. & Berge, R. K. Different Adipose Depots: Their Role in
the Development of Metabolic Syndrome and Mitochondrial Response to Hypolipidemic Agents. J Obes
2011, 490650 (2011).
Blouin, K., Boivin, A. & Tchernof, A. Androgens and body fat distribution. J Steroid Biochem Mol Biology
108, 272–280 (2008).
Boonen, E., Bornstein, S. R. & Berghe, G. V. den. New insights into the controversy of adrenal function
during critical illness. Lancet Diabetes Endocrinol 3, 805–815 (2015).
Braverman, P. K. Premenstrual Syndrome and Premenstrual Dysphoric Disorder. J Pediatr Adol Gynec
20, 3–12 (2007).
Brunner, E. J., Chandola, T. & Marmot, M. G. Prospective Effect of Job Strain on General and Central
Obesity in the Whitehall II Study. Am J Epidemiol 165, 828–837 (2007).
Choquet, H. & Meyre, D. Genetics of Obesity: What have we Learned? Curr Genomics 12, 169–179
(2011).
Colleluori, G. et al. Fat Mass Follows a U-Shaped Distribution Based on Estradiol Levels in
Postmenopausal Women. Front Endocrinol 9, 315 (2018).
Delibasi, T., Berker, D., Aydin, Y., Pinar, T. & Ozbek, M. Effects of combined female sex hormone
replacement therapy on body fat percentage and distribution. Adv Ther 23, 263–273 (2006).
Dieudonné, M. N., Leneveu, M. C., Giudicelli, Y. & Pecquery, R. Evidence for functional estrogen
receptors α and β in human adipose cells: regional specificities and regulation by estrogens. Am J
Physiol-cell Ph 286, C655–C661 (2004).
137
Dvoráková, M. et al. Relationship between pituitary-thyroid axis hormones and anthropometric
parameters in Czech adult population. Physiological Res Acad Sci Bohemoslovaca 57 Suppl 1, S127-34
(2008).
Fea, K. D. & Roth, R. A. Protein Kinase C Modulation of Insulin Receptor Substrate-1 Tyrosine
Phosphorylation Requires Serine 612 †. Biochemistry-us 36, 12939–12947 (1997).
Fichter, M. M., Pirke, K.-M. & Holsboer, F. Weight loss causes neuroendocrine disturbances:
experimental study in healthy starving subjects. Psychiat Res 17, 61–72 (1986).
Gallo, M. F., Lopez, L. M., Grimes, D. A., Schulz, K. F. & Helmerhorst, F. M. Combination contraceptives:
effects on weight. Cochrane Db Syst Rev CD003987 (2011) doi:10.1002/14651858.cd003987.pub4.
Gavin, K. M., Cooper, E. E., Raymer, D. K. & Hickner, R. C. Estradiol effects on subcutaneous adipose
tissue lipolysis in premenopausal women are adipose tissue depot specific and treatment dependent. Am
J Physiol-endoc M 304, E1167–E1174 (2013).
Gomez-Sanchez, C. E. What Is the Role of the Adipocyte Mineralocorticoid Receptor in the Metabolic
Syndrome? Hypertension 66, 17–19 (2015).
Goodpaster, B. H., Thaete, F. L., Simoneau, J.-A. & Kelley, D. E. Subcutaneous Abdominal Fat and Thigh
Muscle Composition Predict Insulin Sensitivity Independently of Visceral Fat. Diabetes 46, 1579–1585
(1997).
Hantsoo, L. & Epperson, C. N. Premenstrual Dysphoric Disorder: Epidemiology and Treatment. Curr
Psychiat Rep 17, 87 (2015).
Herbert, J. Cortisol and depression: three questions for psychiatry. Psychol Med 43, 449–469 (2013).
Howie, B. J. & Shultz, T. D. Dietary and hormonal interrelationships among vegetarian Seventh-Day
Adventists and nonvegetarian men. Am J Clin Nutrition 42, 127–134 (1985).
Jones, M. E. et al. Recognizing rare disorders: aromatase deficiency. Nat Clin Pract Endoc 3, 414–421
(2007).
Kosková, I., Petrásek, R., Vondra, K. & Skibová, J. Weight, body composition and fat distribution changes
of Czech women in the different reproductive phases: a longitudinal study. Prague Medical Rep 108, 226–
42 (2007).
Lai, J. C. L., Lee, D. Y. H., Leung, M. O. Y. & Lam, Y. W. Daily hassles, loneliness, and diurnal salivary
cortisol in emerging adults. Horm Behav 115, 104558 (2019).
Le, S. N. et al. Modelling of Thyroid Peroxidase Reveals Insights into Its Enzyme Function and
Autoantigenicity. Plos One 10, e0142615 (2015).
138
Lendrem, B. A. D., Lendrem, D. W., Gray, A. & Isaacs, J. D. The Darwin Awards: sex differences in idiotic
behaviour. Bmj Br Medical J 349, g7094 (2014).
Leproult, R., Copinschi, G., Buxton, O. & Cauter, E. V. Sleep Loss Results in an Elevation of Cortisol
Levels the Next Evening. Sleep 20, 865–870 (1997).
Litchfield, R. E. & Grunewald, K. K. Oral contraceptives and fat patterning in young adult women. Hum
Biol 60, 793–800 (1988).
Lopez, L. M. et al. Progestin‐only contraceptives: effects on weight. Cochrane Db Syst Rev 7, CD008815
(2013).
Lovallo, W. R., Farag, N. H., Vincent, A. S., Thomas, T. L. & Wilson, M. F. Cortisol responses to mental
stress, exercise, and meals following caffeine intake in men and women. Pharmacol Biochem Be 83,
441–447 (2006).
Magic et al. Meta-analysis identifies 13 new loci associated with waist-hip ratio and reveals sexual
dimorphism in the genetic basis of fat distribution. Nat Genet 42, 949–960 (2010).
Martin, M. L. & Jensen, M. D. Effects of body fat distribution on regional lipolysis in obesity. J Clin Invest
88, 609–613 (1991).
Mauvais-Jarvis, F. Estrogen and androgen receptors: regulators of fuel homeostasis and emerging
targets for diabetes and obesity. Trends Endocrinol Metabolism 22, 24–33 (2011).
Melmed, S., Koenig, R., Rosen, C., Auchus, R. & Goldfine, A. Williams Textbook of Endocrinology.
(Elsevier, 2019).
Melnikov, V. N. & Kim, L. B. Anthropometric correlates of morning plasma cortisol level and hormonal
and biochemical response to fasting in obese premenopausal women. Integr Obes Diabetes 3, (2017).
Metzger, D. L., Kerrigan, J. R. & Rogol, A. D. Gonadal steroid hormone regulation of the somatotropic
axis during puberty in humans Mechanisms of androgen and estrogen action. Trends Endocrinol
Metabolism 5, 290–296 (1994).
Miller, W. L. & Auchus, R. J. The Molecular Biology, Biochemistry, and Physiology of Human
Steroidogenesis and Its Disorders. Endocr Rev 32, 81–151 (2011).
Moffat, S. D., An, Y., Resnick, S. M., Diamond, M. P. & Ferrucci, L. Longitudinal Change in Cortisol Levels
Across the Adult Life Span. Journals Gerontology Ser 75, 394–400 (2019).
Moro, C. & Lafontan, M. Natriuretic peptides and cGMP signaling control of energy homeostasis. Am J
Physiol-heart C 304, H358–H368 (2013).
Morton, N. M. Obesity and corticosteroids: 11β-Hydroxysteroid type 1 as a cause and therapeutic target
in metabolic disease. Mol Cell Endocrinol 316, 154–164 (2010).
Nadal, A., Alonso-Magdalena, P., Soriano, S., Quesada, I. & Ropero, A. B. The pancreatic β-cell as a
target of estrogens and xenoestrogens: Implications for blood glucose homeostasis and diabetes. Mol
Cell Endocrinol 304, 63–68 (2009).
Nedeltcheva, A. V., Kilkus, J. M., Imperial, J., Schoeller, D. A. & Penev, P. D. Insufficient Sleep
Undermines Dietary Efforts to Reduce Adiposity. Ann Intern Med 153, 435 (2010).
139
Nicklas, B. J., Rogus, E. M., Berman, D. M., Dennis, K. E. & Goldberg, A. P. Responses of adipose tissue
lipoprotein lipase to weight loss affect lipid levels and weight regain in women. Am J Physiol-endoc M
279, E1012–E1019 (2000).
Nie, X. et al. Characteristics of Serum Thyroid Hormones in Different Metabolic Phenotypes of Obesity.
Front Endocrinol 11, 68 (2020).
Ober, C., Loisel, D. A. & Gilad, Y. Sex-specific genetic architecture of human disease. Nat Rev Genet 9,
911–922 (2008).
Park, Y.-M. et al. Estradiol-mediated improvements in adipose tissue insulin sensitivity are related to the
balance of adipose tissue estrogen receptor α and β in postmenopausal women. Plos One 12, e0176446
(2017).
Pedersen, S. B., Kristensen, K., Hermann, P. A., Katzenellenbogen, J. A. & Richelsen, B. Estrogen
Controls Lipolysis by Up-Regulating α2A-Adrenergic Receptors Directly in Human Adipose Tissue
through the Estrogen Receptor α. Implications for the Female Fat Distribution. J Clin Endocrinol
Metabolism 89, 1869–1878 (2004).
Pelt, R. E., Gozansky, W. S., Hickner, R. C., Schwartz, R. S. & Kohrt, W. M. Acute Modulation of Adipose
Tissue Lipolysis by Intravenous Estrogens. Obesity 14, 2163–2172 (2006).
Reinehr, T. Obesity and thyroid function. Mol Cell Endocrinol 316, 165–171 (2010).
Reynolds, A. C. et al. Impact of Five Nights of Sleep Restriction on Glucose Metabolism, Leptin and
Testosterone in Young Adult Men. Plos One 7, e41218 (2012).
Romanski, S. A., Nelson, R. M. & Jensen, M. D. Meal fatty acid uptake in adipose tissue: gender effects
in nonobese humans. Am J Physiol-endoc M 279, E455–E462 (2000).
Rubinow, K. B. Sex and Gender Factors Affecting Metabolic Homeostasis, Diabetes and Obesity. Adv
Exp Med Biol 1043, 285–313 (2017).
Santin, A. P. & Furlanetto, T. W. Role of Estrogen in Thyroid Function and Growth Regulation. J Thyroid
Res 2011, 875125 (2011).
Sharp, D. S. et al. The cortisol response in policemen: Intraindividual variation, not concentration level,
predicts truncal obesity. Am J Hum Biol 25, 499–507 (2013).
Shimada, H. et al. Effects of Adipocyte-derived Factors on the Adrenal Cortex. Curr Mol Pharmacol 13,
2–6 (2019).
Silva, J. E. Thermogenic Mechanisms and Their Hormonal Regulation. Physiol Rev 86, 435–464 (2006).
Silva, J. E. The Thermogenic Effect of Thyroid Hormone and Its Clinical Implications. Ann Intern Med
139, 205 (2003).
Sirigiri, S. et al. Correction of Hypothyroidism Leads to Change in Lean Body Mass without Altering Insulin
Resistance. European Thyroid J 5, 247–252 (2016).
Stachenfeld, N. S., Silva, C., Keefe, D. L., Kokoszka, C. A. & Nadel, E. R. Effects of oral contraceptives
on body fluid regulation. J Appl Physiol 87, 1016–1025 (1999).
140
Stimson, R. H. et al. Dietary Macronutrient Content Alters Cortisol Metabolism Independently of Body
Weight Changes in Obese Men. J Clin Endocrinol Metabolism 92, 4480–4484 (2007).
Stunkard, A. J., Harris, J. R., Pedersen, N. L. & McClearn, G. E. The Body-Mass Index of Twins Who
Have Been Reared Apart. New Engl J Medicine 322, 1483–1487 (1990).
Tangpricha, V. & Heijer, M. den. Oestrogen and anti-androgen therapy for transgender women. Lancet
Diabetes Endocrinol 5, 291–300 (2017).
Tunc, O., Bakos, H. W. & Tremellen, K. Impact of body mass index on seminal oxidative stress.
Andrologia 43, 121–128 (2011).
Varlamov, O., Bethea, C. L. & Roberts, C. T. Sex-Specific Differences in Lipid and Glucose Metabolism.
Front Endocrinol 5, 241 (2015).
Wahrenberg, H., Lönnqvist, F. & Arner, P. Mechanisms underlying regional differences in lipolysis in
human adipose tissue. J Clin Invest 84, 458–467 (1989).
Wajchenberg, B. L. Subcutaneous and Visceral Adipose Tissue: Their Relation to the Metabolic
Syndrome. Endocr Rev 21, 697–738 (2000).
Wajner, S. M. & Maia, A. L. New Insights toward the Acute Non-Thyroidal Illness Syndrome. Front
Endocrinol 3, 8 (2012).
Weinsier, R. L. et al. Do adaptive changes in metabolic rate favor weight regain in weight-reduced
individuals? An examination of the set-point theory. Am J Clin Nutrition 72, 1088–1094 (2000).
Wells, J. C. K. Sexual dimorphism of body composition. Best Pract Res Cl En 21, 415–430 (2007).
141
Capítulo 5
Apetite e mecanismos de regulação
O nosso peso corporal é regulado a nível central, cerebral, com ajustes automáticos
do apetite e gasto energético em torno de uma faixa de equilíbrio. O nosso peso de
manutenção ou set-point. Em torno deste ponto o peso varia pouco ao longo do
tempo, a não ser que um factor de distúrbio ocorra. Esta é uma teoria já antiga
proposta por Kennedy em 1953 baseada em evidência experimental. Kennedy já
nos anos 50 sugeria que o tecido adiposo informava o cérebro dos níveis da reserva
energética, e este comparava-os com um ponto de equilíbrio estabelecido. Se as
reservas estivessem em quebra, o cérebro iniciaria respostas no sentido de as
restaurar. O apetite aumentava e o gasto energético diminuía. Ou inversamente, se
as reservas estivessem acima do normal o apetite reduzia e o dispêndio aumentava.
Tudo isto no sentido de defender o tal ponto homeostático. A teoria de Kennedy era
bem aceite e muitos investigadores dedicaram-se a procurar como era essa
informação enviada do tecido adiposo até ao cérebro. Sem sucesso até 1994
quando Zhang identificou a leptina como um potencial sinalizador do “nível do
reservatório”.
Mas rápido se percebeu que a leptina por si só não poderia explicar todo o processo
de regulação da homeostase energética e composição corporal. Não só porque
exclui factores comportamentais que sabemos serem também importantes, mas
também porque parecia fraquinha a defender os limites superiores do equilíbrio.
Mais eficaz na resposta quando o peso baixa do que a impedir que ele suba. Isto
porque existem outros inputs como iremos ver que podem alterar o ponto de
equilíbrio. Por exemplo, a palatibilidade dos alimentos como mecanismo de feed-
forward, a recompensa, stress, entre outros.
A teoria do set-point tem uma base evolutiva. O peso corporal seria mantido por um
equilíbrio de forças selectivas que o aumentam ou baixam. O risco de predação e
necessidade de caçar, uma força de pressão negativa, que baixaria o peso, e o
risco de fome, com pressão positiva, que puxaria o equilíbrio para cima pela
necessidade de criar reservas. Mas as forças selectivas que baixam esse equilíbrio
deixaram cedo de exercer pressão. O risco de predação e elevado dispêndio
energético na caça acabaram quando nos juntámos em aglomerados maiores e se
inventou a agricultura. As forças selectivas de fenótipos “poupadores”
predominariam, protegendo-nos em períodos intermitentes de fome que terão sido
comuns até mais recentemente. O perigo do excesso seria inexistente quando o
gasto era alto e a disponibilidade de alimento baixa, o que mudou drasrticamente
nas últimas décadas. Foram selecionados fenótipos mais poupadores, com maior
capacidade de criar reservas e menor capacidade de percecionar saciedade.
Porque na verdade nós temos um drive natural para comer. É uma espécie de
processo de fundo interrompido intermitentemente por sinais de saciedade e
períodos de repouso. O que antes nos protegia da fome e garantia a sobrevivência,
142
tornou-se agora deletério num ambiente de abundância e em que estamos sujeitos
a muitos factores de stress. Factores esses que também afectam o equilíbrio
energético e defendem aumentos no peso de equilíbrio.
Iniciação
Primeiro sentimos fome por necessidade energética ou a nossa atenção centra-se
num alimento. A chamada atenção selectiva. O apetite aumenta e isso pode
acontecer por mecanismos que não dependem do status energético no momento.
Inputs como olhar para um alimento e cheirar podem ser suficientes para iniciar o
processo que leva à refeição. E até estímulos indirectos por memórias associativas
que são acedidas num determinado momento. Por exemplo, “Estou triste. Da última
vez que estive triste comi um chocolate e fiquei mais contente. Quero um chocolate”.
Ou então “Falhei e sou um fracassado. Tenho de me punir e vou comer coisas que
não devo até rebentar”. Claro que tudo isto de uma forma inconsciente, e o equilíbrio
de neurotransmissores influencia a iniciação. Por exemplo, o deficit de serotonina
143
pode estar associado a pensamentos obsessivos e compulsivos que se manifestam
em relação à comida.
Procura
Em seguida vamos exercer acções motoras para procurar o alimento, motivadas
pelo restabelecimento do estado energético ou pela expectativa de uma
recompensa quando o obtivermos. A fase de procura é automotivada, com um
aumento da dopamina prévio ao prazer da consumação.
Consumação
Chegamos até ao alimento e comemos. Durante a refeição estamos
constantemente a receber inputs da cavidade bucal e do tracto gastrointestinal que
o cérebro compara com as expectativas. Se o alimento é realmente tudo o que
esperávamos que fosse. Estas expectativas são criadas por representações
associativas. O que é isto? Memórias que criamos e consolidamos sobre
experiências anteriores com o alimento, e que vêm muitas vezes associadas a
estados emocionais e reforço positivo ou negativo. Esses inputs funcionam por
vezes como mecanismos feedforward associados à elevada palatibilidade.
Terminação
Acabamos a refeição. E isso pode acontecer porque estamos saciados ou porque
as nossas estruturas cerebrais cognitivas acham que já chega. Uma inibição
consciente do comportamento.
Os inputs ou estímulos podem ser classificados de várias formas (figura 149). Por
exemplo como orexígenos, estimuladores do apetite, ou anorexígenos, inibidores
144
do apetite. Por exemplo, a dilatação do estômago inibe o apetite. Temos
mecanoreceptores no estômago que enviam essa informação ao cérebro através
do nervo vago. Por outro lado, o sabor doce que os nossos receptores sensoriais
percepcionam ao longo do tubo digestivo são orexígenos. De feed-forward.
Estimulam a continuação da refeição.
145
Figura 149 – Classificação dos inputs ao sistema nervoso central associados ao alimento
Figura 150 – Cérebro triuno de MacLean. A vermelho a região reptiliana, a laranja a zona límibica, e a
amarelo a zona cortical.
146
Apesar das interconexões muito complexas entre as diferentes regiões cerebrais
que não se coadunam com um modelo estanque como o de MacLean, basicamente
a zona cortical e límbica influenciam a função de regiões executivas – o hipotálamo
e o tronco encefálico. O córtex e região límbica também interagem fortemente entre
si. É por isso é impossível separar a razão da emoção e as suas influências no
comportamento, incluindo o alimentar. António Damásio dedica um ensaio a esta
relação promiscua entre a racionalidade e emoções, “O Erro de Descartes”. Deixo
a sugestão se for do vosso interesse. E uma discussão mais filosófica que aqui sai
do contexto.
Claro que o córtex cerebral também pode exercer uma acção inibitória do apetite,
que ocorre por intermédio de estruturas límbicas. As tais das emoções e
recompensa. Diz “não” à fome associada ao reforço e poder de incentivo, e pode
decidir substituir ou adiar a recompensa. Uma das questões mais pertinentes na
neurobiologia do comportamento alimentar é de que forma o córtex e o sistema
límbico se sobrepõem ao hipotálamo para iniciar a refeição na ausência de um sinal
de falta de energia. Podemos sentir fome, e até uma fome selectiva para certos
alimentos, quando estamos em plena capacidade energética.
147
Núcleo arcuato (ARC)
Na base do hipotálamo é uma região privilegiada para receber sinais hormonais já
que não está protegido pela barreira hematoencefálica. É importante para a
resposta à leptina e grelina por exemplo, mas também tem glucoreceptores que
monitorizam os níveis de glicose no sangue e iniciam respostas de acordo com as
flutuações. O ARC desempenha essencialmente uma função de sensor, enviando
informação para ser integrada em outras regiões do hipotálamo.
148
Mecanismos autónomos de regulação do apetite
149
Figura 153 – Localização dos receptores de leptina no hipotálamo.
Embora não representados na figura 152, existem outros estímulos viscerais que
axtuam nestes mecanismos de regulação da homeostase energética.
Nomeadamente incretinas gastrointestinais como o GLP-1, CCK, e PYY, que inibem
os neurónios NPY/AgRP, reduzindo o apetite em resposta a estímulos
gastrointestinais. A GLP-1 e CCK também atrasam o esvaziamento gástrico, e a
sinalização vagal eferente de saciedade ao sistema nervoso central.
150
Figura 154 – Regulação da homeostase energética pela leptina.
151
Figura 155 – Neurónios glucorreguladores.
152
Por exemplo, quanto mais dopamina produzimos ao ver um anúncio televisivo de
fast-food, mais comemos quando esse alimento nos é apresentado de seguida e
mais esforço estamos dispostos a fazer para obter a refeição. A actividade neuronal
no VTA e NAc não está associada à palatibilidade de um alimento, o quanto ele nos
sabe bem, mas sim à antecipação da recompensa e expectativa de reforço positivo.
Aspectos que estão muito relacionados com as representações associativas de
emoções a certos alimentos.
153
consumação. Por exemplo, 1 torrão de açúcar aumenta X dopamina num ratinho.
Aumentamos para 2 no dia seguinte e temos 2X dopamina. Mas subimos para 3
torrões e apenas vamos ter X dopamina em resposta (figura 157). A previsibilidade
e repetição reduzem a gratificação. É apenas mais do mesmo, e garantido. Se um
ambiente é abundante num determinado estímulo, sejam alimentos doces como
sinal de densidade energética por exemplo, não precisamos de ser “lambões” pois
estará lá sempre para nós. Se eu comer macarrão com queijo todos os dias vou
reduzindo progressivamente a quantidade ingerida ao longo do tempo. O que não
acontece se esse estímulo for esporádico.
154
Figura 158 – Aumento do poder de recompensa do açúcar após privação.
155
Referências
Anderson, I. M., Parry-Billings, M., Newsholme, E. A., Fairburn, C. G. & Cowen, P. J. Dieting reduces
plasma tryptophan and alters brain 5-HT function in women. Psychol Med 20, 785–791 (1990).
Berthoud, H.-R. Multiple neural systems controlling food intake and body weight. Neurosci Biobehav Rev
26, 393–428 (2002).
Coccurello, R. & Maccarrone, M. Hedonic Eating and the “Delicious Circle”: From Lipid-Derived Mediators
to Brain Dopamine and Back. Front Neurosci-switz 12, 271 (2018).
Donovan, M. H. & Tecott, L. H. Serotonin and the regulation of mammalian energy balance. Front
Neurosci-switz 7, 36 (2013).
5.Fichter, M. M., Pirke, K.-M. & Holsboer, F. Weight loss causes neuroendocrine disturbances:
experimental study in healthy starving subjects. Psychiat Res 17, 61–72 (1986).
Flack, K. D. et al. Decreasing the Consumption of Foods with Sugar Increases Their Reinforcing Value:
A Potential Barrier for Dietary Behavior Change. J Acad Nutr Diet 119, 1099–1108 (2019).
Franssen, S., Jansen, A., Hurk, J. V. D., Roebroeck, A. & Roefs, A. Power of mind: attentional focus
rather than palatability dominates neural responding to visual food stimuli in females with overweight.
Appetite 104947 (2020) doi:10.1016/j.appet.2020.104947.
Gearhardt, A. N., Yokum, S., Harris, J. L., Epstein, L. H. & Lumeng, J. C. Neural response to fast food
commercials in adolescents predicts intake. Am J Clin Nutrition 111, 493–502 (2020).
Melmed, S., Koenig, R., Rosen, C., Auchus, R. & Goldfine, A. Williams Textbook of Endocrinology.
(Elsevier, 2019).
Sohn, J.-W., Elmquist, J. K. & Williams, K. W. Neuronal circuits that regulate feeding behavior and
metabolism. Trends Neurosci 36, 504–512 (2013).
Speakman, J. R. et al. Set points, settling points and some alternative models: theoretical options to
understand how genes and environments combine to regulate body adiposity. Dis Model Mech 4, 733–
745 (2011).
Strasser, B., Berger, K. & Fuchs, D. Effects of a caloric restriction weight loss diet on tryptophan
metabolism and inflammatory biomarkers in overweight adults. Eur J Nutr 54, 101–107 (2015).
Tafet, G. E. et al. Correlation between cortisol level and serotonin uptake in patients with chronic stress
and depression. Cognitive Affect Behav Neurosci 1, 388–393 (2001).
Thanarajah, S. E. et al. Food Intake Recruits Orosensory and Post-ingestive Dopaminergic Circuits to
Affect Eating Desire in Humans. Cell Metab 29, 695-706.e4 (2019).
156
Capítulo 6
Dietas low-carb e low-fat
Kevin Hall e a sua equipa estudaram o efeito de uma dieta ultra-processada vs não-
processada na composição corporal em duas semanas, ambas ad libitum. Foi
verdade que a dieta não-processada favoreceu a perda de peso e gordura, ao
contrário da dieta ultra-processada que representava a típica Americana. Mas a
diferença na composição corporal foi totalmente explicada por um maior aporte
energético, +508 kcal/dia, das quais 281 kcal provinham de hidratos de carbono e
230 kcal de lípidos (figura 159). A dieta ultra-processada induzia um maior aporte
calórico, provavelmente pela sua palatibilidade e densidade energética. Não se
verificaram diferenças no aporte total de proteína entre intervenções, o que reforça
a teoria do Protein Leverage (alavancagem proteica) que falaremos posteriormente.
Existe um aporte proteico de equilíbrio que o organismo tenta manter, e quando
menor for a densidade proteica da dieta mas calorias ingerimos para o satisfazer.
Figura 159 – Ingestão calórica e por macronutriente com a intervenção ultra-processada e não-
processada. Adaptado de Hall K, et al. 2019.
157
A evidência de que o ganho ou perda de peso é condicionado pelo balanço
energético é imensa. Entre Novembro de 1944 e Dezembro 1945 teve lugar um dos
estudos mais polémicos da história. A Minnesota Starvation Experiment de Ancel
Keys, onde um grupo de homens normoponderais foram submetidos a um deficit
calórico drástico de 55% para estudar o impacto fisiológico da fome extrema (figura
160). Apesar os problemas éticos deste estudo, em que os voluntários eram
objectores de consciência que recusaram servir na II Guerra Mundial e foram
condenados a serviço público, muito aprendemos dele como veremos daqui em
diante. Ao longo da intervenção foram perdidos em média 25% do peso, que não
era alto à partida, com uma dieta à base de pão, macarrão, batatas e nabos.
A escolha destes estudos não é inocente. Nas últimas décadas temos assistido ao
emergir de uma corrente que defende a necessidade de reduzir o consumo de
hidratos de carbono para perder peso. Com base nas tendências de consumo
alimentar nas últimas décadas, em que se deu um aumento dos hidratos de
carbono, mas também da energia. É abusivo por o ónus do lado dos hidratos de
carbono. Mas também sustentada em premissas erradas acerca do papel da
158
insulina. Em 2017 e 2018, o low-carb era a tendência alimentar mais pesquisada no
Google, perdendo o pódio em 2019 e 2020 para o jejum intermitente.
159
Postgrad Med J: first published as 10.1136/pgmj.49.569.203 on 1 March 1973. Downloaded from http://pmj.bmj.com/ on 11 December 2018
como adaptação à utilização de corpos cetónicos como fonte de energia (figura
162). Case reports
mg/lOOml
60_
rolytes, phosphate, uric
measured by routine 50
st). Blood glucose was o Lo 40 - ~ >/
00 _
e. Magnesium in both m2 0_230
ed by atomic absorption
& Stewart, 1966). -g~20
Figura 162 – Glicemia em cetose.
12
E,II,_. --
the fast, theO patient's
primeiro relado documentado
E~ de dieta cetogénica para perder peso remonta a
10 in'"-- .... -.
(Table 1). Apart1)fromO cérebro não os pode utilizar directamente, sendo necessária a produção
de corpos cetónicos
ion coefficient remained DaE Iecomo substrato alternativo I à glicose,
e 1382satisfazendo até
2/3 das suas necessidades energéticas;
ormal) throughout the June Sept. Dec. Mar. June
copyright.
β -Oxidation
Oxaloacetate
2 Acetyl-CoA
Acetyl-CoA Citrate synthase
acetyltransferase
Acetoacetyl-CoA Citrate
TCA cycle
HMG-CoA synthase CO2
Acetyl-
CoA HMG-CoA
HMG-CoA lyase
162
mM, induzindo cetoacidose. Uma condição de urgência hospitalar e potencialmente
fatal, mas que não se verifica em indivíduos saudáveis. Em condições normais, os
níveis de corpos cetónicos são muito baixos, na ordem dos 0,1 mM.
163
A evidência não deixa dúvidas de que quando o aporte e dispêndio energético são
controlados, nos estudos em unidades metabólicas, não se verifica diferença entre
uma dieta cetogénica e normoglucídica no que respeita à perda de massa gorda. É
verdade que no período inicial em que um indivíduo transita para uma deita
cetogénica há uma perda de peso rápida, mas que não se traduz em melhoria da
composição corporal. Essa redução do peso está associada à perda de água pela
redução nas reservas de glicogénio e maior excreção renal. Em média um indivíduo
tem 400-700 g de glicogénio reservado, que retém 2-3 Kg de água no tecido
muscular em condições de euhidratação. Reservas essas que reduzem em cerca
de 50% numa dieta cetogénica, libertando água. Na verdade, uma dieta restrita em
hidratos de carbono é diurética por natureza. A redução dos níveis globais de
insulina leva a maiores perdas de sódio na urina, potássio, e água, acentuando a
perda de peso, mas não uma melhoria efectiva da composição corporal. Perdas de
electrólitos essas que são mais evidentes nos primeiros 14 a 21 dias. Comparando
uma dieta mista de 800 kcal com uma dieta cetogénica do mesmo valor calórico,
vemos claramente que a diferença no peso perdido é apenas de água corporal e
não massa gorda (figuras 165 e 166). Nem parece existir diferença no que respeita
à regionalização da perda de gordura, apenas uma tendência para redução da
gordura hepática com a restrição de hidratos de carbono (figura 167).
164
Figura 167 – Efeito de duas dietas isoenergéticas hipocalóricas na perda segmentada de massa gorda.
Dieta low-fat/high carb a vermelho, e high-fat/low-carb a verde.
165
Figura 168 – Variação do peso e composição corporal na transição para uma dieta cetogénica (t0).
Alguns autores sugerem que um dos motivos pelos quais a dieta cetogénica é mais
favorável para perda de peso é o aumento do dispêndio energético basal que alguns
estudos de curta duração revelam (figura 169). No entanto, sabendo nós que a fase
gluconeogénica é catabólica por natureza e que a gluconeogénese não se trata de
um processo energeticamente favorável pois usa ATP, a verdade é que por si
explica mais de 40% do despendido em excesso. Numa dieta low-carb a
DIETARY REGULATION OF GLYCOGENOLYSIS 1965
gluconeogénese aumenta nas fases iniciais, e a glicogenólise diminui como origem
Deuterium enrichments on the C5 position of glucose be- carbohydrate intake, the rate of glycogenolysis is low com-
tween 1130da–1200 glicose em
h were constant circulação
within each experiment. (figura 170).
pared to that O feeding,
after control que and aumenta a isalocação de energia para o
gluconeogenesis
Actual enrichments of body water and on the C5 position of slightly stimulated.
glucose areprocesso.
shown in Table 2. The postabsorptive rates of 2
In the present study H O was used to quantify glucone-
2
gluconeogenesis and glycogenolysis are presented in Fig. 1. ogenesis. The ratio of deuterium enrichment at the C5 po-
Gluconeogenesis was not affected by the high carbohydrate sition of glucose over the enrichment in body water was used
diet compared to the control diet, but was approximately to quantify fractional gluconeogenesis. Chandramouli et al.
14% higher (P ! 0.001 vs. both other diets) after 11 days of showed that deuterium enrichment in body water equals that
a very low carbohydrate diet. The rate of glycogenolysis was at the C2 position of glucose in the same study design of
related to dietary carbohydrate content, with the highest rate isotope administration that we used in the present study (7).
after high carbohydrate and the lowest rate after very low Chandramouli et al. also showed that deuterium enrichment
carbohydrate intake (P " 0.001 among the three diets). After at C2 and in body water was essentially at steady state
11 days of eucaloric, very low carbohydrate feeding, the rate approximately 1 h after completion of 2H2O intake (7). Pre-
of glycogenolysis was 3.4 # 0.3 !mol/kg!min or about 35% viously we found that deuterium enrichment in body water
of postabsorptive glucose production. was at a steady state within 1 h after completion of 2H2O
Plasma insulin and C peptide concentrations were lower intake under conditions identical to those in the present
after the very low carbohydrate diet compared to the other study (unpublished data). As samples for determination of
diets. Other glucoregulatory hormones were not different gluconeogenesis in the present study were taken 2.5 h after
between the diets (Table 1). Plasma concentrations of free completion of 2H2O, it is unlikely that steady state was not
fatty acids were higher after the very low carbohydrate diet achieved. However, under other conditions, for instance in
compared to the control diet (0.78 # 0.12 vs. 0.36 # 0.05 diabetes mellitus, a longer period between 2H2O adminis-
mmol/L; P ! 0.001), but were Figura 169between
not different – Dispêndio
the energético
tration na transição
and sampling might be required. para uma dieta cetogénica (t0).
control and high carbohydrate diets (0.36 # 0.04 mmol/L). Another methodological issue may be raised, in that we
Discussion
This study describes the effects of modulation of carbo-
hydrate content in isocaloric diets on postabsorptive glucose
production. The data indicate that the postabsorptive rate of
glucose production is a reflection of dietary carbohydrate
content. The main mechanism involved is modulation of the
rate of glycogenolysis. High dietary carbohydrate intake re-
sults in high postabsorptive rates of glycogenolysis without
any change in the rate of gluconeogenesis. After very low
High Low
Control
carbohydrate carbohydrate
Glucose (mmol/L) 5.11 # 0.11 5.17 # 0.17 4.65 # 0.21a
Insulin (pmol/L) 38 # 3 37 # 3 25 # 4b
C Peptide (pmol/L) 362 # 35 435 # 73 195 # 55c
Glucagon (ng/L) 60 # 4 57 # 3 65 # 7
Cortisol (nmol/L) 224 # 14 217 # 21 265 # 26
Epinephrine (nmol/L) 0.31 # 0.07 0.31 # 0.05 0.24 # 0.05
Norepinephrine (nmol/L) 1.94 # 0.49 1.88 # 0.29 1.85 # 0.08
Results are expressed as the mean # SE. F . 1. Postabsorptive rates of gluconeogenesis and glycogenolysis
IG
a
b
P " 0.05 vs. control diet. Figura 170
after–11Aumento da neoglucogénese
days on high carbohydrate, em low-carb.
control, and very low carbohy-
P " 0.01 vs. control diet. drate diets in six healthy men. Values are the mean # SE. *, Signif-
c
P " 0.001 vs. control diet. icant difference (P " 0.001) compared to the control diet.
TABLE 2. Mean deuterium enrichments in body water and on the C5 position of glucose between 1130 and 1200 h
167
Se oxido mais gordura mas ingiro mais gordura, o balanço não é necessariamente
mais favorável do que oxidar menos gordura quando se ingere menos gordura e o
total calórico é o mesmo. O que acontece quando aumentamos os hidratos de
carbono na dieta (figura 172).
Figura 172 – Partição energética, inuslina, e peso com uma dieta low-carb (azul) e low-fat (vermelho).
168
suporte e acompanhamento por parte dos técnicos ao grupo intervencionado, mas
também por um possível efeito saciante superior quando os participantes entram
em cetose. Os corpos cetónicos parecem exercer uma acção anorexígena, e numa
dieta cetogénica a CCK (colecistoquinina) aumenta, uma hormona gastrointestinal
que induz saciedade e atrasa a motilidade do tracto digestivo. Alguns estudos
sugerem também menores níveis de grelina. Aspectos que podem explicar a
tendência de maior perda em dieta cetogénica a curto prazo, por maior adesão ao
deficit calórico intuitivamente.
Low-carb na insulino-resistência
169
Figura 173 – Perda de peso com low-carb ou low-fat em insulino-sensíveis e resistentes.
Na figura 174 temos um outro estudo semelhante, mas que ao invés de usar a
insulina basal como critério de selecção usa a insulina aos 30 min após carga
(INS30). A medição da insulina aos 30 min não é um indicador da sensibilidade à
insulina, mas da secreção de insulina. Se estamos perante normosecretores ou
hipersecretores de insulina, aqui assumindo o valor de corte quando >66 mcU/mL.
Em indivíduos hipersecretores, que secretam muita insulina em resposta a um
estímulo, a intervenção low-carb, de baixa carga glicémica, parece também mais
eficaz do que a low-fat. Nem todos os estudos são concordantes com estes
resultados, mas existe plausibilidade biológica para o fenómeno.
Figura 174 - Perda de peso com low-carb ou low-fat em hiper- e normosecretores de insulina.
170
Portanto, tanto os indivíduos resistentes à insulina como os hipersecretores
parecem beneficiar de uma redução mesmo que ligeira do aporte de hidratos de
carbono relativamente ao convencionado. E será que estas pessoas têm alguma
coisa em comum? Sim. Uma grande amplitude de variação da glicemia em resposta
a uma refeição (figura 175). Num indivíduo com boa tolerância aos hidratos de
carbono, a glicemia prandial não ultrapassa os 120-140 mg/dL no seu pico, que
ocorre entre 30-60 min após a refeição, independentemente da quantidade de
hidratos de carbono ingerida. Isto porque a taxa de assimilação intestinal (~60 g/h)
entra em equilíbrio com a remoção de circulação por acção da insulina. Mas num
insulino-resistente a glicemia sobe bem mais, até <200 mg/dL que é o valor de corte
para diagnóstico de diabetes. Assim sendo, a amplitude de variação é superior entre
o máximo e o basal. Os glucoreceptores centrais são sensíveis às oscilações e
quando a glicemia baixa de um valor superior isso é percepcionado como uma
quebra de energia, activando mecanismos compensatórios que passam pelo
aumento do apetite. Ficamos com fome mais depressa, e acabamos por comer mais
ao longo do dia. E o mesmo se verifica para um hipersecretor com boa sensibilidade
à insulina. Não porque a glicemia prandial aumenta anormalmente, mas porque o
excesso de insulina vai levar a uma hipoglicemia reactiva.
171
Figura 176 – Glicemia após duas refeições com diferente quantidade de hidratos de carbono.
Mari and Associates
É verdade que a resistência à insulina é uma condição comum na obesidade,
marcada por uma inflamação crónica associada à actividade e degeneração dobetween two
significance of the difference
groups was assessed with the Mann-
tecido adiposo, e maior concentração de ácidos gordos livres circulantes.
Whitney U test.E entre
os obesos metabolicamente saudáveis, que como sabemos apresentam RESULTS um padrão
de acumulação tendencialmente mais subcutâneo, existe uma tendência para maior
Clamp and OGTT data and model
secreção de insulina (INS30) quando comparamos com normoponderaisparameters saudáveis
Figure 2 shows the mean glucose and in-
(figura 177). A hipersecreção tanto pode preceder como sucedersulinà concentration
resistência à groups of
in the four
insulina, e parece também associada ao ganho de peso. Indivíduossubjects during the OGTT. The steady-
hipersecretores
state glucose infusion rates (M values, mg
%1 %2
! min ! m ) during the clamp were as
apresentam maior tendência para ganho de peso ao longo do tempo. follows: lean subjects 412 # 15; obese
subjects 304 # 17; subjects with type 2
diabetes 217 # 13; and subjects with IGT
350 # 24. The IGT value is not directly
comparable with the other three groups,
as in IGT a 300 mU ! min%1 ! m %2 clamp
was performed.
The values of the parameters of Eq. 8
estimated by least-squares are reported in
Table 2 for both OGIS180 and OGIS120.
𝑚𝑈 𝑚𝑚𝑜𝑙
𝐼𝑛𝑠𝑢𝑙𝑖𝑛𝑎 𝑗𝑒𝑗𝑢𝑚 ; 𝐿 > × 𝐺𝑙𝑖𝑐𝑒𝑚𝑖𝑎 𝑗𝑒𝑗𝑢𝑚 ( 𝐿 )
𝐻𝑂𝑀𝐴 𝐼𝑅 =
22,5
173
and, by extension, its discriminatory capacity can be sulin level recording and in 38 (1.4%) individuals because of
affected by covariates [23]. a lack of waist circumference recording. There were no sta-
In a previous study we showed that there are age and tistically significant differences between individuals with or
gender-specific differences in HOMA-IR levels, with without missing data regarding age, gender, hypertension,
increased levels in women over fifty years of age [24]. alcohol intake, or physical activity. Finally, 2459 individuals
On the other hand, the prevalence of cardio metabolic were selected for study inclusion. People with diabetes (247,
diseases such as diabetes or central obesity rises with 10.0%), defined as a fasting plasma glucose ≥ 7.0 mmol l-1
age and shows gender differences [11,12]. All these results and/or the current use of diabetes medications (32, 1.3%),
suggest the possible effects of both age and gender on were included. The average age was 49.4 ± 16.2 years
the accuracy of HOMA-IR to identify individuals with (range 20–92 years). A total of 1436 (58.4%) were women.
Ocardio
índice HOMA-IR
metabolic risk. é um indicador aceitável e expedito
All participants were da sensibilidade à insulina
Caucasians.
queTheestá
purpose of the present
validado population-based
a nível populacional. study Encontramos diferentes valores de corte
was to evaluate the change in defining cut-off values of Anthropometric and clinical measurements
para populações distintas, que majoram o considerado saudável na população.
HOMA-IR for the diagnosis of IR when cardio meta- Subjects were considered to have hypertension if they had
Estudos comwere
bolic risk factors a população
considered. WeBrasileira sugerem
currently assess que oblood
a mean systolic HOMA-IR deverá
pressure (SBP) ser and/or
≥140 mmHg <2,77
the influence
(figura 178).of age and gender on thetrabalhos
Desconheço performance com
of diastolic
Portugueses, (DBP) ≥90
blood pressure mas mmHg or usedvalores
assumindo antihy-
HOMA-IR levels to identify cardio metabolic risk in an pertensive medications.
idênticos aos Espanhóis poderemos considerar um valor de corte de 2.
Table 1 Summary of reports (sorted by sample size) on HOMA-IR cut-off in different populations
Study Characteristics of study population Threshold value Criteria
Hedblad, 2000 [15] N = 4,816 Sweden, population-based sample ≥ 2.0 75th percentile
Summer, 2008 [16] N = 2804, U.S. NHANES population, age ≥ 20 yr., normal BMI and fasting glucose ≥2.73 66th percentile
Geloneze, 2006 [17] N = 1317 Brazilian, age: 40 ± 12 yr, BMI: 34 ± 10 kg/m2 ≥ 2.77 90th percentile
Esteghamati, 2009 [18] N = 1,276 Iranian, ≥1.80 ROC
Age: 38 ± 12 yr, non-diabetic, normotensive ≥1.95 ROC
IDF-MetS ≥1.6 75th percentile
ATPIII-MetS ≥1.8 80th percentile
≥ 2.3 90th percentile
Marques-Vidal, 2002 [19] N = 1153, France, age: 35–64 yr, population based sample ≥3.8 75th percentile
Do, 2010 [20] N = 738 Thailand, age: ≥35 yr, normal BMI and fasting glucose 1.55 90th percentile
Miccoli, 2005 [38] N = 225 Italian, age: 40–79 yr, healthy subjects ≥ 2.77 80th percentile
Nakai, 2002 [22] N = 161 Japanese, age: 41.6 ± 0.4 yr, healthy subjects ≥ 1.7 90th percentile
Ascaso, 2001 [39] N = 140 Spanish, age: 7–16 yr 3 ROC
Tome, 2009 [40] N = 2860 Spanish, population based age: 18–104 yr, BMI: 26.2 ± 4.9 kg/m2 2 ROC
Mas um PTGO poderá ser bem mais informativo usando pontos intermédios para
inferência da sensibilidade à insulina, o que reduz a morosidade de um teste
bastante incómodo para o paciente. O pico glicémico após carga ocorre próximo
dos 60 min, e a glicemia aos 60 min tem correlação com a sensibilidade à insulina.
Idealmente deverá ser inferior a 160 mg/dL. E a glicemia aos 120 min não deverá
exceder em mais de 20% a glicemia de jejum.
174
com menor expressão de piruvato desidrogenase. Além disso os ácidos gordos em
circulação tendem a aumentar, eles próprios agentes de resistência à insulina.
Indivíduos em low-carb sofrem um aumento maior da glicemia em todos os
momentos do teste, não como um efeito patológico, mas meramente adaptativa ao
padrão alimentar. Outras precauções prévias ao teste são a garantia de um jejum
total nocturno de 8-12 horas, não fumar pelo mesmo período, e ajustar a dose de
75 g para 1,75 g/Kg quando o peso corporal é inferior a 42 Kg. O PTGO não deve
ser realizado em estados agudos de doença pelo impacto deteriorante da
inflamação na sensibilidade à insulina, e certos medicamentos também influenciam
o resultado do teste. Nomeadamente diuréticos, b-bloqueantes, esteroides, entre
outros.
Referências
Yang, M. U. & Itallie, T. B. V. Composition of weight lost during short-term weight reduction. Metabolic
responses of obese subjects to starvation and low-calorie ketogenic and nonketogenic diets. J Clin Invest
58, 722–730 (1976).
Wolever, T. M. & Bolognesi, C. Source and amount of carbohydrate affect postprandial glucose and
insulin in normal subjects. J Nutrition 126, 2798–806 (1996).
Wallace, T. M., Levy, J. C. & Matthews, D. R. Use and Abuse of HOMA Modeling. Diabetes Care 27,
1487–1495 (2004).
Veum, V. L. et al. Visceral adiposity and metabolic syndrome after very high–fat and low-fat isocaloric
diets: a randomized controlled trial. Am J Clin Nutrition 105, 85–99 (2016).
Vargas-Molina, S. et al. Effects of a ketogenic diet on body composition and strength in trained women.
J Int Soc Sport Nutr 17, 19 (2020).
Vargas, S. et al. Efficacy of ketogenic diet on body composition during resistance training in trained men:
a randomized controlled trial. J Int Soc Sport Nutr 15, 31 (2018).
Tripathy, D. et al. Insulin secretion and insulin sensitivity in relation to glucose tolerance: lessons from the
Botnia Study. Diabetes 49, 975–980 (2000).
Sumithran, P. et al. Ketosis and appetite-mediating nutrients and hormones after weight loss. Eur J Clin
Nutr 67, 759–764 (2013).
175
STOCK, A. L. & YUDKIN, J. Nutrient Intake of Subjects on Low Carbohydrate Diet Used in Treatment of
Obesity. Am J Clin Nutrition 23, 948–952 (1970).
Stewart, W. K. & Fleming, L. W. Features of a successful therapeutic fast of 382 days’ duration. Postgrad
Med J 49, 203 (1973).
Shan, Z. et al. Trends in Dietary Carbohydrate, Protein, and Fat Intake and Diet Quality Among US Adults,
1999-2016. Jama 322, 1178–1187 (2019).
Shai, I. et al. Weight Loss with a Low-Carbohydrate, Mediterranean, or Low-Fat Diet. New Engl J Medicine
359, 229–241 (2008).
Rosqvist, F. et al. Overfeeding Polyunsaturated and Saturated Fat Causes Distinct Effects on Liver and
Visceral Fat Accumulation in Humans. Diabetes 63, 2356–2368 (2014).
Rosenbaum, M. et al. Glucose and Lipid Homeostasis and Inflammation in Humans Following an
Isocaloric Ketogenic Diet. Obesity 27, 971–981 (2019).
Rabast, U., Vornberger, K. H. & Ehl, M. Loss of Weight, Sodium and Water in Obese Persons Consuming
a High- or Low-Carbohydrate Diet. Ann Nutr Metab 25, 341–349 (1981).
Pittas, A. G. et al. A Low-Glycemic Load Diet Facilitates Greater Weight Loss in Overweight Adults With
High Insulin Secretion but Not in Overweight Adults With Low Insulin Secretion in the CALERIE Trial.
Diabetes Care 28, 2939–2941 (2005).
Otten, J., Ahrén, B. & Olsson, T. Surrogate measures of insulin sensitivity vs the hyperinsulinaemic–
euglycaemic clamp: a meta-analysis. Diabetologia 57, 1781–1788 (2014).
Nymo, S. et al. Timeline of changes in appetite during weight loss with a ketogenic diet. Int J Obesity 41,
1224–1231 (2017).
Nickols-Richardson, S. M., Coleman, M. D., Volpe, J. J. & Hosig, K. W. Perceived Hunger Is Lower and
Weight Loss Is Greater in Overweight Premenopausal Women Consuming a Low-Carbohydrate/High-
Protein vs High-Carbohydrate/Low-Fat Diet. J Am Diet Assoc 105, 1433–1437 (2005).
Mickelsen, O. et al. Effects of a high fiber bread diet on weight loss in college-age males. Am J Clin
Nutrition 32, 1703–1709 (1979).
Maston, G. et al. Effectiveness and Characterization of Severely Energy-Restricted Diets in People with
Class III Obesity: Systematic Review and Meta-Analysis. Behav Sci 9, 144 (2019).
Martin, C. K. et al. Change in Food Cravings, Food Preferences, and Appetite During a Low‐Carbohydrate
and Low‐Fat Diet. Obesity 19, 1963–1970 (2011).
Mari, A., Pacini, G., Murphy, E., Ludvik, B. & Nolan, J. J. A Model-Based Method for Assessing Insulin
Sensitivity From the Oral Glucose Tolerance Test. Diabetes Care 24, 539–548 (2001).
Manco, M. et al. One-Hour Plasma Glucose Identifies Insulin Resistance and β-Cell Dysfunction in
Individuals With Normal Glucose Tolerance. Diabetes Care 33, 2090–2097 (2010).
176
Lambrechts, D. A. J. E., Brandt-Wouters, E., Verschuure, P., Vles, H. S. H. & Majoie, M. J. M. A
prospective study on changes in blood levels of cholecystokinin-8 and leptin in patients with refractory
epilepsy treated with the ketogenic diet. Epilepsy Res 127, 87–92 (2016).
Laakso, M. How Good a Marker Is Insulin Level for Insulin Resistance? Am J Epidemiol 137, 959–965
(1993).
Kreitzman, S. N., Coxon, A. Y. & Szaz, K. F. Glycogen storage: illusions of easy weight loss, excessive
weight regain, and distortions in estimates of body composition. Am J Clin Nutrition 56, 292S-293S
(1992).
Klein, S. & Wolfe, R. R. Carbohydrate restriction regulates the adaptive response to fasting. Am J Physiol-
endoc M 262, E631–E636 (1992).
Klein, S., Holland, O. B. & Wolfe, R. R. Importance of blood glucose concentration in regulating lipolysis
during fasting in humans. Am J Physiol-endoc M 258, E32–E39 (1990).
Kempner, W., Newborg, B. C., Peschel, R. L. & Skyler, J. S. Treatment of Massive Obesity With
Rice/Reduction Diet Program: An Analysis of 106 Patients With at Least a 45-kg Weight Loss. Arch Intern
Med 135, 1575–1584 (1975).
Kaneko, T., Wang, P.-Y., Tawata, M. & Sato, A. Low carbohydrate intake before oral glucose-tolerance
tests. Lancet 352, 289 (1998).
Jungas, R. L., Halperin, M. L. & Brosnan, J. T. Quantitative analysis of amino acid oxidation and related
gluconeogenesis in humans. Physiol Rev 72, 419–448 (1992).
Jensen, M. D., Ekberg, K. & Landau, B. R. Lipid metabolism during fasting. Am J Physiol-endoc M 281,
E789–E793 (2001).
Horton, T. J. et al. Fat and carbohydrate overfeeding in humans: different effects on energy storage. Am
J Clin Nutrition 62, 19–29 (1995).
Heinbecker, P. STUDIES ON THE METABOLISM OF ESKIMOS. J Biol Chem 80, 461–475 (1928).
Hays, N. P. et al. Effects of an Ad Libitum Low-Fat, High-Carbohydrate Diet on Body Weight, Body
Composition, and Fat Distribution in Older Men and Women: A Randomized Controlled Trial. Arch Intern
Med 164, 210–217 (2004).
Hall, K. D. et al. Calorie for Calorie, Dietary Fat Restriction Results in More Body Fat Loss than
Carbohydrate Restriction in People with Obesity. Cell Metab 22, 531 (2015).
Hall, K. D. et al. Energy expenditure and body composition changes after an isocaloric ketogenic diet in
overweight and obese men. Am J Clin Nutrition 104, 324–333 (2016).
Hall, K. D. & Guo, J. Obesity Energetics: Body Weight Regulation and the Effects of Diet Composition.
Gastroenterology 152, 1718-1727.e3 (2017).
Hall, K. D. et al. Ultra-Processed Diets Cause Excess Calorie Intake and Weight Gain: An Inpatient
Randomized Controlled Trial of Ad Libitum Food Intake. Cell Metab 30, 67-77.e3 (2019).
Golay, A. et al. Similar weight loss with low-energy food combining or balanced diets. Int J Obesity 24,
492–496 (2000).
177
Gayoso-Diz, P. et al. Insulin resistance (HOMA-IR) cut-off values and the metabolic syndrome in a
general adult population: effect of gender and age: EPIRCE cross-sectional study. Bmc Endocr Disord
13, 47 (2013).
Gardner, C. D. et al. Effect of Low-Fat vs Low-Carbohydrate Diet on 12-Month Weight Loss in Overweight
Adults and the Association With Genotype Pattern or Insulin Secretion: The DIETFITS Randomized
Clinical Trial. Jama 319, 667–679 (2018).
Foster, G. D. et al. A Randomized Trial of a Low-Carbohydrate Diet for Obesity. New Engl J Medicine
348, 2082–2090 (2003).
Foster, G. D. et al. Weight and Metabolic Outcomes After 2 Years on a Low-Carbohydrate Versus Low-
Fat Diet: A Randomized Trial. Ann Intern Med 153, 147 (2010).
Dodd, G. T. et al. Leptin and Insulin Act on POMC Neurons to Promote the Browning of White Fat. Cell
160, 88–104 (2015).
Deemer, S. E., Plaisance, E. P. & Martins, C. Impact of ketosis on appetite regulation—a review. Nutr
Res 77, 1–11 (2020).
Dansinger, M. L., Gleason, J. A., Griffith, J. L., Selker, H. P. & Schaefer, E. J. Comparison of the Atkins,
Ornish, Weight Watchers, and Zone Diets for Weight Loss and Heart Disease Risk Reduction: A
Randomized Trial. Jama 293, 43–53 (2005).
Cornier, M. et al. Insulin Sensitivity Determines the Effectiveness of Dietary Macronutrient Composition
on Weight Loss in Obese Women. Obes Res 13, 703–709 (2005).
Burkitt, M. J. An overlooked danger of ketogenic diets: Making the case that ketone bodies induce
vascular damage by the same mechanisms as glucose. Nutrition 75, 110763 (2020).
Brehm, B. J. et al. The Role of Energy Expenditure in the Differential Weight Loss in Obese Women on
Low-Fat and Low-Carbohydrate Diets. J Clin Endocrinol Metabolism 90, 1475–1482 (2005).
Boden, G., Sargrad, K., Homko, C., Mozzoli, M. & Stein, T. P. Effect of a Low-Carbohydrate Diet on
Appetite, Blood Glucose Levels, and Insulin Resistance in Obese Patients with Type 2 Diabetes. Ann
Intern Med 142, 403 (2005).
Bisschop, P. H. et al. The Effects of Carbohydrate Variation in Isocaloric Diets on Glycogenolysis and
Gluconeogenesis in Healthy Men*. J Clin Endocrinol Metabolism 85, 1963–1967 (2000).
Anguah, K. O.-B. et al. Changes in Food Cravings and Eating Behavior after a Dietary Carbohydrate
Restriction Intervention Trial. Nutrients 12, 52 (2019).
Alhassan, S., Kim, S., Bersamin, A., King, A. C. & Gardner, C. D. Dietary adherence and weight loss
success among overweight women: results from the A TO Z weight loss study. Int J Obesity 32, 985–991
(2008).
178
Capítulo 7
Dieta hiperproteica
A discussão é muito acesa entre as facções que defendem a restrição dos hidratos
de carbono e os que se mantêm fiéis às recomendações oficiais que por norma
limitam o consumo de gordura. Deixando de parte o nutriente que mais influencia a
composição corporal, a proteína. No capítulo anterior foi citado um estudo de Kevin
Hall que comparou uma dieta ultra-processada a uma não-processada na
composição corporal. Concluindo que uma dieta processada levava a um ganho de
peso, e que esse aumento era explicado por um aporte superior de energia
proveniente dos hidratos de carbono e gordura. A proteína manteve-se
exactamente igual (figura 179). Um exemplo que se enquadra na hipótese do
“Protein Leverage”, ou alavancagem proteica.
Figura 179 – Ingestão calórica e de macronutrientes com uma dieta não-processada e ultra-processada.
179
obesity reviews The protein leverage hypothesis S. J. Simpson & D. Raubenheimer
Carbohydrate + fat
Carbohydrate + fat
2.0
14% increase in C+F 13% increase in C
ets was 1.09 kg (95% CI, 0.18 to
effects of protein and glycemic 1.5 LP–HGI
ght changes in the shop centers Control
Change in Body Weight (kg)
Carbohydrate + fat
eaten.
ups gained 0.48 kg less than did (c) The demand for protein increases, for exam-
ple, as a result of enhanced rates of hepatic
-index groups (P = 0.48), where- gluconeogenesis as seen in the overweight and HP–LGI
obese. If diet composition is maintained at 14%
−0.5 11% decrease in C+F
was 1.03 kg in the instruction 0 C2+ F, a413%6increase in10requirement
P : 86% 14for 18 22 26
11% increase in C+
. P would result in a 13% increase in C + F intake.
(d) The requirement for C + F is reduced, for Week
example, because of reduced levels of exer-
No.
Figura 181 – Variação do peso com uma dieta hiperproteica de baixo IG (HP-LGI), hiperproteica de alto
cise, but diet composition does not change.
LP–LGI Maintaining
150 116P121 118 112requires104 101
IG (HP-HGI), hipoproteica de baixo IG (LP-LGI), e hipoproteica de alto IG (LP-HGI), em adultos que
intake once again over- 97 106
se events were reported duringpelo menos 8% do peso previamente.
tinham perdido
LP–HGI consumption
155 118 114 118
of C + F. 108 104 95 91Protein
Protein 97
HP–LGI 159 132 136 131 125 116 118 114 124
enance period. One person as- HP–HGI 155 130 124 121 118 114 100 104 107
protein–low-glycemic-index diet
Várias hipóteses Control © 2005
são 154 The
126International
levantadas 131 125 Association
para 131 for the125
explicar Study of Obesity.
este 110
118 obesity reviews 6114
fenómeno, , 133–142
algumas delas sem
wer abdominal base
pain but recov- Apesar da proteína ser o macronutriente com maior efeito térmico,
científica.
eed for hospitalization. Another
em que 25% da energia que contém é gasta no seu processamento, isso tem um
o the low-protein–low-glycemic- of adverse events does not suggest any causal re-
impacto muito reduzido no dispêndio calórico diário para que possa ser um factor
resented with abdominal pain lation to the diet (for further details on adverse
determinante na
ssigned to the low-protein–high- perda
events, ou Supplementary
see the manutenção Appendix). do peso. Após a ingestão de 100 g de
et who presented with upper
ere hospitalized; each had his or Discussion
emoved and recovered without
nces. The number of adverse In this study, the rate of completion of the inter-
n the group assigned to the diet vention and the rate of maintenance 180 of weight loss
otein with a high glycemic index were higher among participants who were assigned
e other groups, but the pattern to the high-protein diets and to the low-glycemic-
proteína, uma dose muito elevada, o dispêndio energético aumenta em 60 kcal nas
5 horas queNutrients
sucedem 2018, 10, 1876a refeição. 3 of 10
aminoácidosincluding the very low-calorie diet, the ketogenic diet which strictly limits carbohydrates and focuses
em glicose, e pela manutenção de mais massa magra com um regime
on fat, the high protein diet which limits carbohydrates and focuses on protein and a high fiber diet
hipocalóricowhich
hiperproteico. Ocarbohydrates,
focuses on high-fiber que se parece see Figure 1efectivamente
comparing these diets. verificar (figura 182).
Percent Fat and Lean Mass Loss for Various Diet Programs
Fat Mass Loss
100 89
Percent of Total Weight Loss
60
40
25 24 24 25
20 11
0
VERY LOW- LOW CARB LOW FAT DIET HIGH PROTEIN HIGH FIBER
CALORIE DIET DIET DIET DIET
NB LP 30 g Pro 39 g Pro
80
amount of FM regained is in excess 10000 of the amount of FM lost, has energy entering the body as food and energy e
Fullness (mm)
c c
been
60
reported in normal-weight adults following b weight recovery increase in physical activity may affect energy b
16
from
40 semistarvation in the Minnesota Experiment or from 5000
than simply increasing EE through time spent in p
training-induced
20
weight loss of US0
army
a Rangers in a multi- A frequently quoted study on the relationship betw
stressor environment that includes energy deficit,21–23 the excess activity and body fat content is that by Mayer e
0
body
-25 0 fat
30 60being90 120 150 4–5 kg240 on average.
180 210 -5000 The explanation
NB LP 30 g Pro for
39 g Pro this examined a group of workers in a jute factory in Indi
phenomenon of fat overshooting resides in the fact that (i) the
Time (min)
1950s and found that above a certain critical leve
proportion
100
of weight loss as FFM is higher
5000
in lean individuals than activity, food intake increased in line with work
24 a
obeseNB LP
(Figure 30 g Pro
5a) and39that g Pro
(ii) following substantial weight loss, change in body weight occurred. However, at very
Hunger niAUC (mm x min)
0
60 NB
40
-5000
LP European Journal of Clinical Nutritio
20
Figure 2 Appetite VAS ratings (hunger and fullness) at each timepoint and niAUC values for each condition. Data are presented as
Figura 185 – Efeito
meanna± SEM.percepção subjectiva
Different letters indicate differences between de fome
conditions e saciedade
(p < 0.0001). Pairwise comparisons com um pequeno-almoço
between conditions were conducted constituído
por 3 g de proteína (LP), 30 g ou 39 g. NB – sem pequeno-almoço.
using Tukey’s adjustment for multiple comparisons.
182
No capítulo anterior falámos da importância do controlo da amplitude de variação
glicémica para gestão do apetite. Quanto maior a oscilação, maior a percepção de
fome. E a proteína desempenha também um papel importante na resposta glicémica
numa refeição composta, aumentando a tolerância aos hidratos de carbono quando
ingerida em conjunto, e mais marcado ainda quando ocorre em antecipação. A
ingestão de uma fonte proteica 15 min antes de uma fonte de hidratos de carbono
atenua de forma significativa a resposta glicémica à refeição (figura 186).
São vários os mecanismos que explicam este efeito (figura 187). A proteína
aumenta a secreção de incretinas por células intestinais especializadas, em
particular GLP-1 (Glucagon-Like Peptide-1) e CCK (colecistoquinina). Estas
atenuam a taxa de esvaziamento gástrico e a motilidade intestinal, reduzem a
clearance hepática de insulina, e estimulam a sua libertação pelo pâncreas. A
função secretória das células b pancreáticas, produtoras de insulina, é bifásica
(figura 188). Ocorre um primeiro pico de secreção muito robusto mas de curta
duração, seguido de uma segunda fase secretória mais prolongada em que a
exposição é maior mas a Cmax menor. Esta fase tardia depende essencialmente da
glicemia na circulação pancreática, que estimula as células b a libertar insulina em
resposta ao aumento da produção de ATP. Mas o pico inicial precoce é causado
maioritariamente pela acção do GLP-1 nas células b, que estimula de forma robusta
a secreção de insulina de uma forma aguda. Isto porque o efeito é rápido e mobiliza
as vesículas de proinsulina mais periféricas, junto à membrana celular. Na fase
Nesti et al. Glucose-Lowering Effects of Non-carbohydrate Preloads
183
processes (Figure 11.11). Nutrients Nutrients
Raised glucose Low glucose
Amino acids Hormones
Hormones Somatostatin
Glucagon NPY
Gastrin, secretin Ghrelin
Cholecystokinin Pancreatic innerv
GIP Signalling via
GLP-1 sympathetic β
Pancreatic innervation receptors
Signalling via Adipokines
Insulin secretion
Early phase
sympathetic Leptin
α-receptors Resistin
Late phase
Parasympathetic Stress
Basal stimulation Exercise
Adipokines Hypoxia
Adiponectin Hypothermia
0 10 100 Surgery
Time (min) Severe burns
Figura 188 – Dinâmica da secreção de insulina. GIP, glucose-dependent insulinotrophic peptide
Figure 11.8 Characteristic biphasic release of (previously known as ‘gastric inhibitory peptide’); GL
Esta fase precoce é de insulin.
extrema importância para a homeostase glicémica, e a1;sua
glucagon-like peptide NPY, neuropeptide Y.
naturalmente uma quantidade de insulina superior aos tecidos channel closes periféricos. No
Ca ++
estado basal, cerca de 50% da insulina libertada é removida pelo fígado e não
SUR1 Ca channel +
chega à periferia. E o limiar de concentração
Glucose
necessário para a acção da insulina opens
no fígado é então também superior. O pico inicial, de grande magnitude mas curta
duração, é essencial para inibir a gluconeogénese hepática K K
eficazmente, e
+ +
Ca ++
com hidratos de carbono (figura 189). Mas melhora a tolerância aos hidratos de
Figure 11.9 Mechanism of insulin secretion. After turn opens voltage-gated calcium channels in th
carbono e atenua as oscilações de glicemia que podem impactar no apetite. E o
uptake, glucose is metabolized within the β-cell to membrane allowing calcium ions to enter the ce
efeito insulinotrópico, estimulador da increase
generate ATP. The libertação
in ATP de insulina,
closes ATP- variabe
consideravelmente
released from intracellular stores. The increa
entre fontes proteicas (figura
sensitive190). A whey
potassium (KIR 6.2)protein
channels in(soro
the cellde leite)intracellular
é a quecalcium
apresenta
initiates insulin granule
membrane and prevents potassium ions from leaving exocytosis. Sulphonylureas act by binding to th
um efeito mais acentuado pois é também aquela que mais estimula a GLP-1. Por +
the cell. This depolarizes the cell membrane, which in SUR1 which is a component of the K -ATP chan
norma os lacticínios têm um efeito insulinotrópico forte pelo impacto na produção
de incretinas, e pelo elevado teor de leucina que também estimula a síntese e
secreção de insulina nas células b pancreáticas. http://medical.dentalebooks.com/
184
Figura 190 – Insulemina após ingestão.
Quantidade de proteína
𝑁𝑃𝐵 = 𝑃𝑆 − 𝑃𝐵
Apesar das recomendações oficiais, é reconhecido que 0,8 g/Kg será pouco em
vários grupos. Por exemplo, a ingestão recomendada de proteína para pessoas com
mais de 65 anos é de 1,0-1,2 g/Kg. Os idosos necessitam de mais proteína para
compensar a resistência anabólica e a menor assimilação intestinal que se parece
185
verificar com o avançar da idade. Em crianças, gravidas e lactantes o consumo de
proteína também deve ser superior à RDA. Os atletas também necessitam de mais
proteína, principalmente quando o objetivo é ganhar massa magra. O que requer a
manutenção de um NPB > 0, e aportes que podem chegar aos 1,8-2,5 g/Kg para
maximizar as adaptações ao treino. Mas na verdade, se a RDA é suficiente ou não
para um adulto sedentário é um não-problema. Isto porque quase 85% da
população ingere mais414do que a RDA. LAYMAN ET AL.
TABLE 2
Body weight and composition of adult women consuming either moderate protein or high carbohydrate (CHO) weight
Time, wk
0 2 4 10
kg
Body weight
Protein group 84.83a $ 3.64 82.13a,b $ 2.70 80.97b $ 3.85 77.30b $ 3.50
CHO group 85.68a $ 2.77 83.47a,b $ 2.21 82.46b $ 3.22 78.72b $ 2.46
Body fat
Protein group 38.97a $ 2.86 37.15a,b $ 2.80 35.92b $ 2.77 33.37b $ 2.81
CHO group 38.92a $ 2.18 37.41a,b $ 2.18 36.32b $ 2.07 34.18b $ 1.99
Lean body mass
Protein group 42.69 $ 1.04 42.14 $ 1.05 42.14 $ 0.99 41.81 $ 0.99
CHO group 43.53 $ 1.24 42.66 $ 1.17 42.51 $ 1.23 42.32 $ 1.16
1 Values are means $ SEM, n # 12. Means for a variable without a common letter differ, P " 0.05.
tain muscle protein synthesis during catabolic conditions (24 – weight and lost more body fat than the high c
26). Hence, the changes in body composition associated with group. In the Denmark study, subjects self-sele
the higher protein diet may be associated with either targeting intake based on appetite, whereas subjects in the p
of body fat or sparing of muscle protein, or both. were restricted to equal energy intakes. However,
Similar findings for changes in body composition have been
Figura 191 –inRecomendações
reported oficiais
other studies in which para
dietary aporte
fat was proteico.
constant
(9,10). Parker et al. (10) examined weight loss in 66 subjects
with type 2 diabetes and BMI of 34 kg/m2. These investigators
utilized diets with equal energy (6690 kJ/d) and equal fat (!
Mas as considerações 27%que of energy) with CHO/protein
fizemos dizem ratios of 3.4 ora
respeito 1.5.um
Aftercontexto
8 isoenergético.
wk, subjects had similar weight losses (4.5 kg) but those
Quando o aporte calórico é igual,
consuming ouprotein
the high até superior
diet lost morepodemos
body fat (5.3 kg dizer,
vs ao de manutenção.
Quando estamos em 2.8 kg; P " 0.05).
restrição
In the studycalórica
from Denmarko drive catabólico
(9), investigators selectedé65maior, e a quantidade
de proteína necessárioindividuals
para um withNPB
a mean=age of 39 y and BMI
0 aumenta. Porof 30 kg/m2.
exemplo, numa dieta de 600
Individuals were assigned to either a high carbohydrate diet
kcal/dia o balanço nulo é mantido
(CHO/protein # 4.9, com 1,5of g/Kg
fat # 29% energy) de proteína
or high protein em jovens adultos.
Quando comparamos diet duas
by
(CHO/protein # 1.9, fat # 29%) with all food provided
dietasbut
the researchers dewith
1700 kcal, by
self-selection uma com and
the subjects um aporte de 0,8 g/Kg e
outra com 1,6 g/Kg em home mulheres
preparation. Subjects were allowed
adultas, vemos to consume
que atheir relação gordura/massa
food ad libitum. After 6 mo, the subjects receiving the higher
magra perdida é maisprotein
favorável com17%
diet consumed umlessconsumo
energy per day,proteico superior (figura 192).
lost more body
by guest
on 26 February 2018
186
Downloaded from https://academic.oup.com/jn/article-abstract/133/2/411/4687883
Mas apesar da importância de um consumo proteico que permita a manutenção de
um NPB nulo ou positivo para preservar massa magra em deficit calórico, não é
quanto mais melhor. Na figura 193 estão representados os resultados de um estudo
que comparou 3 dias, com diferentes aportes proteicos e o mesmo deficit energético
(40%), em militares. Um dos grupos consumiu 0,8 g/Kg (RDA), outro 1,6 g/Kg (2 x
RDA, e o último 2,4 g/Kg (3 x RDA). Para o mesmo deficit energético, as diferenças
de peso perdido foram pequenas entre os grupos. Mas se analisarmos em pormenor
a relação entre massa magra e gorda perdida em cada um, vemos que no grupo
com a RDA o que foi perdido era 58% massa magra e 42% massa gorda. E quando
comparamos 2 x RDA com 3 x RDA, o grupo com o aporte mais alto perdeu mais
massa magra (36% vs 30%), o que há partida se pode considerar contra-intuitivo.
Aportes proteicos muito elevados num contexto hipocalórico pressupõem uma
redução do consumo de macronutrientes de cariz energético – hidratos de carbono
e lípidos. E quando estes são criticamente deficitários, a alocação de proteína para
neoglucogénese aumenta. Um processo energeticamente desfavorável, e ao qual
o corpo se adapta aumentando a capacidade hepática de metabolizar aminoácidos
em glicose e ureia. Aminoácidos esses que não são suficientes por via alimentar
dado o deficit, e que começam a ser canalizados em maior extensão do músculo.
Empiricamente define-se que o aporte proteico não deve exceder 35% do total
calórico da dieta, mesmo num regime hipocalórico.
Figura 193 – Variação da composição corporal numa dieta hipocalórica com diferentes aportes proteicos.
187
quantidade que maximiza a actividade do mTOR no músculo e a síntese proteica
após ingestão. Uma proteína cinase que responde à leucina e estimula a actividade
ribossomal. Quantos mais “picos” anabólicos criarmos, mais facilmente será
mantido um balanço azotado favorável, ou menos desfavorável em restrição
calórica.
Um mito muito enraizado até na medicina é que uma dieta hiperproteica favorece a
deterioração da função renal. Esta hipótese foi levantada ainda nos anos 80 por um
nefrologista Norte-Americano, Barry Brenner. Um consumo proteico elevado irá
aumentar a concentração de ureia e a necessidade de a eliminar na urina. Verifica-
se um aumento da taxa de filtração glomerular e da pressão nos vasos renais que
188
poderá levar a uma esclerose progressiva do parênquima do rim e eventual perda
de função. Uma hipótese fundamentada, mas nunca comprovada.
Não existe um único estudo clínico controlado na literatura a sugerir perda de função
renal com uma dieta hiperproteica. Nem essa associação é encontrada em estudos
observacionais, mesmo em culturistas com aportes proteicos na ordem das 3,5
g/Kg. Todos os indícios apontam para a segurança de uma dieta hiperproteica
dentro dos limites do razoável, embora devamos ser cautelosos nesta afirmação.
Isto porque os estudos clínicos não têm uma duração suficientemente longa para
atestar a segurança a longo prazo. Os mais prolongados acompanham durante 2
anos, não sendo possível saber o que acontecerá após 10 anos num regime
hiperproteico. E muitas vezes a quantidade de proteína é estabelecida em
percentual da energia total, o que em dietas de emagrecimento não representa uma
dose absoluta superior a 1,6 g/Kg. E considerado que a doença renal é silenciosa
nos seus estádios iniciais, a prudência manda uma monitorização periódica com
indicadores específicos de função.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Figura15195 – Relação entre a creatinina sérica e Índice de Massa Magra.
16
17
18
19
20
21
189
22
23
24
Para avaliação da função renal, os parâmetros mais específicos são a taxa de
filtração glomerular, que idealmente se manterá acima de 90, e a cistatina C, este
último com grande especificidade. Trata-se de uma pequena proteína que em
condições normais é reabsorvida nos rins. Quando se verifica perda de função há
um aumento da sua concentração na urina. Em relação à proteinúria, importante
apenas ressalvar que um aumento pontual não deve ser visto como diagnóstico de
doença renal. A hiperaminoacidemia crónica, em particular de aminoácidos como a
lisina ou arginina, inibe a reabsorção de proteínas séricas nos rins e pode
casualmente levar a proteinúria. Assim como o próprio exercício físico intenso. A
análise deve ser repetida noutras condições caso outros parâmetros não se
encontrem também alterados e reforcem o diagnóstico.
190
Pelo seu BV superior, é geralmente assumido que as proteínas de origem animal
apresentam uma “qualidade” superior às vegetais. Embora em teoria seja verdade,
na prática pouca diferença faz quando o consumo é excedentário ao absolutamente
necessário para manutenção de um balanço azotado nulo. As limitações no que
respeita à digestibilidade e perfil de aminoácidos são diluídas pela quantidade
ingerida e combinação de várias fontes proteicas. E dose por dose, o efeito saciente
parece também ser preservado.
Existem muitos mitos e crenças à volta das dietas vegetarianas. Convém também
clarificar o que é uma dieta vegetariana, pois muitos confundem-na com o
ovolactovegetarianismo. Aqueles que mantêm o consumo de lácteos e ovos,
assumindo erradamente que apenas os vegans são estritos no consumo de
alimentos de origem vegetal. Indivíduos vegan não são mais do que vegetarianos,
mas que vão além da alimentação no seu fundamentalismo legítimo. Não vestem
roupa com matérias-primas de origem animal, não comem mel, não usam
cosméticos testados em animais, etc. E portanto, para efeitos da caracterização da
dieta podemos usar os termos indistintamente.
A principal limitação de uma dieta vegetariana deverá ser o deficit em vitamina B12
inerente ao prolongamento de uma dieta vegetariana. Não existe B12 nas plantas,
nem elas precisam da B12 para nada. Trata-se de uma vitamina de produção
bacteriana que a microbiota dos animais herbívoros produz e que acabam por
acumular nos seus tecidos. E que é depois obtida por outros quando ingerimos a
sua carne, órgãos, ovos ou leite. Nós não produzimos vitamina B12, e mesmo que
assim fosse não a conseguiríamos absorver já que a microbiota se aloja no colon e
não existem transportadores de B12 nessa região do intestino. Mas temos reservas
nos tecidos que podem garantir a manutenção de níveis suficientes até 3-5 anos
após o início de uma dieta vegetariana estrita. Assim, a suplementação com
vitamina B12 é recomendável em vegetarianos estritos, preferencialmente com
formas de elevada biodisponibilidade como a metilcobalamina.
191
A soja é um recurso comum entre vegetarianos para satisfazer as necessidades
proteicas devido ao seu teor elevado entre o Reino Vegetal e perfil de aminoácidos
aceitável, mesmo sendo pobre em metionina e leucina. Mas nas últimas décadas a
soja tem ganho má fama por dois motivos – a maioria da que existe no mercado é
transgénica, e contém xenoestrogénios naturais que poderão afectar o equilíbrio
hormonal do organismo. Quanto ao primeiro não merece grande destaque já que
não existe evidência alguma de que os transgénicos possam ser prejudiciais à
saúde, e a legislação Europeia é bastante rigorosa com os organismos
geneticamente modificados que têm de ser rotulados como tal.
A soja contém isoflavonas, substâncias que actuam como xenoestrogénios pela sua
semelhança química e estrutural aos estrogénios endógenos. Possuem afinidade
para o receptor estrogénico, embora bastante baixa em comparação. Existe um par
de relatos na literatura de hipogonadismo em homens associado ao consumo de
soja que reforça o receio excessivo do seu consumo. Os xenoestrogénios são
capazes de reduzir por retroinibição a produção das gonadotropinas necessárias à
estimulação da produção de testosterona pelos testículos. Mas esses estudos
meramente observacionais tratam-se estudos de caso em Ocidentais com
consumos muito elevados mesmo para o habitual entre as populações Asiáticas.
Cerca de 10 vezes superior à média no Japão, por exemplo. E sem um ensaio
clínico que corrobore esta hipótese torna-se impossível estabelecer uma relação
causa-efeito já que a evidência se resume à observação, estudos in vitro e em
animais sujeitos a doses massivas. Quantidades dentro do razoável, mesmo que
em base diária, não são expectáveis de afectar a produção de testosterona nos
homens. E quando falamos de suplementos proteicos à base de soja muito menos
já que quase 90% das isoflavonas são eliminadas no processo industrial de
isolamento da proteína.
192
Figura 197 – Quantidade de alimento para atingir 25 g de proteína.
Mas é um erro olharmos para esses dados e assumirmos que a dieta vegetariana
é melhor para perder peso. Apenas funcionará melhor se facilitar a adesão ao
regime hipocalórico. Na verdade, mesmo a redução de risco cardiometabólico e
mortalidade precoce não mostra diferenças quando comparamos vegetarianos com
omnívoros que mantêm comportamentos saudáveis em geral. Os vegetarianos
tendem a ser mais conscientes a nível da saúde de uma forma holística, e isso sim
é positivo. Embora a prevalência de distúrbios alimentares seja maior entre
vegetarianos, que na verdade usam o regime como forma de mascarar a sua
relação ortoréxica com a comida de uma forma socialmente aceite. E a dieta
vegetariana está igualmente associada a maior incidência de disfunções menstruais
nas mulheres e ciclos anovulatórios.
193
Referências
Areta, J. L. et al. Timing and distribution of protein ingestion during prolonged recovery from resistance
exercise alters myofibrillar protein synthesis. J Physiology 591, 2319–2331 (2013).
Baggio, L. L. & Drucker, D. J. Biology of Incretins: GLP-1 and GIP. Gastroenterology 132, 2131–2157
(2007).
Bauer, J. et al. Evidence-Based Recommendations for Optimal Dietary Protein Intake in Older People: A
Position Paper From the PROT-AGE Study Group. J Am Med Dir Assoc 14, 542–559 (2013).
Berkow, S. E. & Barnard, N. Vegetarian Diets and Weight Status. Nutr Rev 64, 175–188 (2006).
Berryman, C. E., Lieberman, H. R., Fulgoni, V. L. & Pasiakos, S. M. Protein intake trends and conformity
with the Dietary Reference Intakes in the United States: analysis of the National Health and Nutrition
Examination Survey, 2001–2014. Am J Clin Nutrition 108, 405–413 (2018).
Boelsma, E., Brink, E. J., Stafleu, A. & Hendriks, H. F. J. Measures of postprandial wellness after single
intake of two protein–carbohydrate meals. Appetite 54, 456–464 (2010).
Crovetti, R., Porrini, M., Santangelo, A. & Testolin, G. The influence of thermic effect of food on satiety.
Eur J Clin Nutr 52, 482–488 (1998).
Delanghe, J. et al. Normal reference values for creatine, creatinine, and carnitine are lower in vegetarians.
Clin Chem 35, 1802–1803 (2019).
Deutz, N. E. P. et al. Protein intake and exercise for optimal muscle function with aging:
Recommendations from the ESPEN Expert Group. Clin Nutr 33, 929–936 (2014).
Devries, M. C. & Phillips, S. M. Supplemental Protein in Support of Muscle Mass and Health: Advantage
Whey. J Food Sci 80, A8–A15 (2015).
Devries, M. C. et al. Changes in Kidney Function Do Not Differ between Healthy Adults Consuming
Higher- Compared with Lower- or Normal-Protein Diets: A Systematic Review and Meta-Analysis. J
Nutrition 148, 1760–1775 (2018).
Etzioni, A., Levy, J., Nitzan, M., Erde, P. & Benderly, A. Systemic carnitine deficiency exacerbated by a
strict vegetarian diet. Arch Dis Child 59, 177 (1984).
Fromentin, G. et al. Peripheral and central mechanisms involved in the control of food intake by dietary
amino acids and proteins. Nutr Res Rev 25, 29–39 (2012).
Gosby, A. K. et al. Testing Protein Leverage in Lean Humans: A Randomised Controlled Experimental
Study. Plos One 6, e25929 (2011).
Gunnerud, U., Holst, J. J., Östman, E. & Björck, I. The glycemic, insulinemic and plasma amino acid
responses to equi-carbohydrate milk meals, a pilot- study of bovine and human milk. Nutr J 11, 83 (2012).
Hall, K. D. et al. Ultra-Processed Diets Cause Excess Calorie Intake and Weight Gain: An Inpatient
Randomized Controlled Trial of Ad Libitum Food Intake. Cell Metab 30, 67-77.e3 (2019).
194
Hoffer, L. J., Bistrian, B. R., Young, V. R., Blackburn, G. L. & Matthews, D. E. Metabolic effects of very
low calorie weight reduction diets. J Clin Invest 73, 750–758 (1984).
Huang, R.-Y., Huang, C.-C., Hu, F. B. & Chavarro, J. E. Vegetarian Diets and Weight Reduction: a Meta-
Analysis of Randomized Controlled Trials. J Gen Intern Med 31, 109–116 (2016).
Hätönen, K. A. et al. Protein and fat modify the glycaemic and insulinaemic responses to a mashed
potato-based meal. Brit J Nutr 106, 248–253 (2011).
Journel, M., Chaumontet, C., Darcel, N., Fromentin, G. & Tomé, D. Brain Responses to High-Protein
Diets. Adv Nutrition Int Rev J 3, 322–329 (2012).
Key, T. J. A., Thorogood, M., Appleby, P. N. & Burr, M. L. Dietary habits and mortality in 11 000
vegetarians and health conscious people: results of a 17 year follow up. Bmj 313, 775 (1996).
Larsen, T. M. et al. Diets with High or Low Protein Content and Glycemic Index for Weight-Loss
Maintenance. New Engl J Medicine 363, 2102–2113 (2010).
Layman, D. K. et al. A Reduced Ratio of Dietary Carbohydrate to Protein Improves Body Composition
and Blood Lipid Profiles during Weight Loss in Adult Women. J Nutrition 133, 411–417 (2003).
Leidy, H. J. et al. The role of protein in weight loss and maintenance. Am J Clin Nutrition 101, 1320S-
1329S (2015).
Li, J., Armstrong, C. L. H. & Campbell, W. W. Effects of Dietary Protein Source and Quantity during
Weight Loss on Appetite, Energy Expenditure, and Cardio-Metabolic Responses. Nutrients 8, 63 (2016).
Lichtman, S. W. et al. Discrepancy between Self-Reported and Actual Caloric Intake and Exercise in
Obese Subjects. New Engl J Medicine 327, 1893–1898 (1992).
Lin, Y.-L. et al. Serum creatinine to cystatin C ratio predicts skeletal muscle mass and strength in patients
with non-dialysis chronic kidney disease. Clinical Nutrition 39, 2435–2441 (2020).
Longland, T. M., Oikawa, S. Y., Mitchell, C. J., Devries, M. C. & Phillips, S. M. Higher compared with
lower dietary protein during an energy deficit combined with intense exercise promotes greater lean mass
gain and fat mass loss: a randomized trial. Am J Clin Nutrition 103, 738–746 (2016).
Mangano, K. M. et al. Dietary protein is associated with musculoskeletal health independently of dietary
pattern: the Framingham Third Generation Study. Am J Clin Nutrition 105, 714–722 (2017).
MARTINS, Y., PLINER, P. & O’CONNOR, R. Restrained Eating Among Vegetarians: Does a Vegetarian
Eating Style Mask Concerns About Weight? Appetite 32, 145–154 (1999).
Mazzulla, M. et al. Protein Intake to Maximize Whole-Body Anabolism during Postexercise Recovery in
Resistance-Trained Men with High Habitual Intakes is Severalfold Greater than the Current
Recommended Dietary Allowance. J Nutrition (2019) doi:10.1093/jn/nxz249.
Müller, M. J., Wang, Z., Heymsfield, S. B., Schautz, B. & Bosy-Westphal, A. Advances in the
understanding of specific metabolic rates of major organs and tissues in humans. Curr Opin Clin Nutr 16,
501–508 (2013).
Ness, A. R. et al. Dietary habits and mortality in vegetarians and health conscious people. Bmj 314, 148
(1997).
Nesti, L., Mengozzi, A. & Tricò, D. Impact of Nutrient Type and Sequence on Glucose Tolerance:
Physiological Insights and Therapeutic Implications. Front Endocrinol 10, 144 (2019).
195
Pasiakos, S. M. et al. Effects of high‐protein diets on fat‐free mass and muscle protein synthesis following
weight loss: a randomized controlled trial. Faseb J 27, 3837–3847 (2013).
Pirke, K., Schweiger, U. & Laessle, R. Dieting influences the menstrual cycle vegetarian versus non‐
vegetarian diet. Int J Gynecol Amp Obstetrics 25, 488–488 (1987).
Rae, C., Digney, A. L., McEwan, S. R. & Bates, T. C. Oral creatine monohydrate supplementation
improves brain performance: a doubleblind, placebocontrolled, crossover trial. Proc Royal Soc Lond Ser
B Biological Sci 270, 2147–2150 (2003).
Rains, T. M., Leidy, H. J., Sanoshy, K. D., Lawless, A. L. & Maki, K. C. A randomized, controlled,
crossover trial to assess the acute appetitive and metabolic effects of sausage and egg-based
convenience breakfast meals in overweight premenopausal women. Nutr J 14, 17 (2015).
Raubenheimer, D. & Simpson, S. J. Protein Leverage: Theoretical Foundations and Ten Points of
Clarification. Obesity 27, 1225–1238 (2019).
Shukla, A. P., Iliescu, R. G., Thomas, C. E. & Aronne, L. J. Food Order Has a Significant Impact on
Postprandial Glucose and Insulin Levels: Table 1. Diabetes Care 38, e98–e99 (2015).
Simpson, S. J. & Raubenheimer, D. Obesity: the protein leverage hypothesis. Obes Rev 6, 133–142
(2005).
Skov, A. R. et al. Changes in renal function during weight loss induced by high vs low-protein low-fat diets
in overweight subjects. Int J Obesity 23, 1170–1177 (1999).
Sun, L., Goh, H. J., Govindharajulu, P., Leow, M. K.-S. & Henry, C. J. Postprandial glucose, insulin and
incretin responses differ by test meal macronutrient ingestion sequence (PATTERN study). Clin Nutr 39,
950–957 (2020).
Tucker, K. L., Hannan, M. T. & Kiel, D. P. The acid-base hypothesis: diet and bone in the Framingham
Osteoporosis Study. Eur J Nutr 40, 231–237 (2001).
Wal, J. S. V., Marth, J. M., Khosla, P., Jen, K.-L. C. & Dhurandhar, N. V. Short-Term Effect of Eggs on
Satiety in Overweight and Obese Subjects. J Am Coll Nutr 24, 510–515 (2005).
Williams, R. A., Roe, L. S. & Rolls, B. J. Comparison of three methods to reduce energy density. Effects
on daily energy intake. Appetite 66, 75–83 (2013).
Willoughby, D., Hewlings, S. & Kalman, D. Body Composition Changes in Weight Loss: Strategies and
Supplementation for Maintaining Lean Body Mass, a Brief Review. Nutrients 10, 1876 (2018).
Wolfe, R. R. Effects of Amino Acid Intake on Anabolic Processes. Can J Appl Physiology 26, S220–S227
(2001).
Wycherley, T. P., Moran, L. J., Clifton, P. M., Noakes, M. & Brinkworth, G. D. Effects of energy-restricted
high-protein, low-fat compared with standard-protein, low-fat diets: a meta-analysis of randomized
controlled trials. Am J Clin Nutrition 96, 1281–1298 (2012).
Yue, H. et al. Effect of low-protein diet on kidney function and nutrition in nephropathy: A systematic
review and meta-analysis of randomized controlled trials. Clin Nutr 39, 2675–2685 (2020).
196
Capítulo 8
Jejum Intermitente e crononutrição
Em defesa da correção, o jejum intermitente não deverá ser considerado uma dieta
em sentido estrito, mas sim um padrão alimentar já que pode abranger vários
modelos nutricionais numa restrição temporal. Nada nos diz acerca do que comer,
mas apenas restringe a janela alimentar a um período variável de acordo com o
modelo adoptado. E aqui temos o primeiro problema na avaliação científica da
evidência. Existem vários modelos de jejum que não devem ser comparados. O
resultado com um não implica que será o mesmo com o outro.
Eat stop eat: uma ou duas vezes por semana, jejuar entre o jantar de um
dia e o jantar do dia seguinte;
197
Warrior Diet: o período de alimentação fica restrito às últimas 4 horas do
nosso dia. Este já sem expressão em contexto científico, mas bastante
veiculado nas redes sociais.
Muitos estudos têm sido conduzidos nos últimos anos sobre o impacto do jejum
intermitente, limitados pela dificuldade em desenhar intervenções em humanos
suficientemente longas e com adesão para que os potenciais efeitos de prevenção
a longo prazo se manifestem. Estes estudos são praticamente impossíveis de
realizar, o que limita em muito a robustez científica dos dados disponíveis quando
se pretende o transfere para o Homem. Estamos limitados a evidência frágil.
198
O processo de autofagia é induzido por stress celular que resulta da privação
nutricional, carência energética onde o jejum se enquadra, mas também hipoxia,
infecção ou privação de factores de crescimento. Privação essa que também ocorre
durante o jejum prolongado, já que a exposição à insulina tende a baixar, assim
como a actividade do mTOR. O mTOR bloqueia o processo de autofagia por inibição
da AMPK. Esta AMPK é uma espécie de maestro do metabolismo energético,
activada em situações de um status energético celular negativo, e uma das suas
ações é precisamente promover a autofagia e reciclagem de material celular. A
AMPK fosforila e activa proteínas iniciadoras do processo autofágico e promove a
formação do autofagossoma.
A autofagia tem como percebemos uma função protectora já que essa reciclagem
é selectiva. Ocorre primeiramente nas estruturas senescentes e macromoléculas
disfuncionais. Acredita-se que desempenhe também um papel oncoprotector, mas
apenas antes da iniciação do processo neoplásico. Na verdade, as células tumorais
têm uma elevada actividade autofágica, particularmente evidente em tumores
agressivos. Reciclam o seu próprio material para promover a progressão tumoral e
escapar aos processos citotóxicos de defesa no organismo. Falamos aqui em
prevenção e não em tratamento do cancro, aspecto que nunca é demais sublinhar.
Não existe evidência de que o jejum ou práticas que alegadamente promovam a
autofagia possam ser benéficas em doentes oncológicos, podendo até acelerar a
caquexia característica da doença e relacionada com um mau prognóstico.
199
Mas a analise à evidencia nesta área coloca-nos um entrave que qualquer pessoa
com boa cultura científica consegue entender. A grande maioria dos estudos são
em modelo animal ou cultura de células. Não podem ser directamente extrapolados
para o Homem sem os devidos estudos clínicos. As diferenças são muitas no que
respeita à fisiologia, mesmo em comparação a mamíferos como os ratinhos. Uma
taxa metabólica consideravelmente mais rápida no caso dos roedores, 10 a 12
vezes, um ciclo de vida bem mais curto, ou ao próprio stress a que os animais estão
sujeitos em ambiente de laboratório. Nenhum animal está no seu estado fisiológico
normal numa jaula, mas isto é um problema fundamental da ciência que tem sido
muito discutido entre os investigadores. A própria alimentação muitas vezes não é
ideal, e falo da qualidade das rações e horários de alimentação. Um problema que
o próprio Matt Madson aponta, investigador de renome em doenças
neurodegenerativas e presidente do Instituto da Longevidade. Os ratinhos têm um
ritmo circadiano inverso ao nosso. São notívagos. Qualquer resultado deve ser
ajustado ao ritmo cronobiológico e não ao horário. Muitas vezes os períodos de
alimentação não coincidem com o seu ritmo circadiano por conveniência da logística
laboratorial. E isso é suficiente para alterar por completo o outcome. Por exemplo,
os benefícios do IF apenas se parecem manifestar quando a alimentação é síncrona
com o cronotipo. Quando os animais são alimentados à noite.
200
A Fast day for alternate-day fasting group B Feast day for alternate-day fasting group C Every day
4000 4000 4000
3000 3000 a
3000
Jejum intermitente na composição corporal a
2500 2500 2500
Energy, kcal
Energy, kcal
Energy, kcal
a
2000 2000 a 2000
Modelos intermitentes
a de jejum não são novos como estratégia de perda de peso.
1500 O primeiro
a relato clínico da sua utilização1500de que tenho conhecimento remonta a 1500
1000 1966 para tratamento da obesidade. Um1000 homem com 200 kg sujeito a períodos de 1000
10 dias de jejum intercalados com 10 dias de restrição calórica, perdendo cerca de
500 100 kg ao fim de 400 dias. No entanto, este 500 estudo nada nos diz sobre a eficácia 500
0 do jejum intermitente pois não o compara com 0 outro qualquer modelo. Em concreto, 0
Baseline 3
com a típica 6
restrição 9
calórica12continua já que
Baseline
o deficit3 energético
6 terá9 sido o12único Baseline
motivo peloStudy Month
qual a perda foi conseguida. Study Month
2
1
0
–1
Mean Weight Change, %
–2
–3
–4
–5
D
–6
pa
–7 es
Control group
–8 ADF group an
–9 DCR group Er
–10 w
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 gr
Duration of Intervention, mo m
Figura 198 – Variação do peso com uma dieta IF (Alternate Day Fasting) e contínua. fa
Estudos que sugerem uma vantagem do jejum intermitente na perda de peso devem
ser vistos em maior detalhe e de forma crítica. Isto porque se quantificarmos o
aporte calórico semanal vemos claramente que os grupos em jejum intermitente
tendem a um aporte calórico significativamente inferior ao grupo controlo. Até cerca
de 4000 kcal a menos por semana. Gabel et al. (2018) mostra precisamente isso
em modelo 16:8, com perda de peso associada a uma redução voluntária do aporte
energético em 300 kcal por dia.
202
Time-Restricted Eating in Humans Chow et al.
non-TRE
0.62d
0.66
0.84
preinterventiona
0.35
0.57
0.90
0.68
Preintervention End-intervention
67 (19)
87 (27)
106 (19)
60 (18)
87 (21)
105 (19)
0.97
0.02
0.55
traduzido numa mais did not change at the end of the intervention (Table 2).
visceral fat, and lean mass (all P < 0.05; Figure 4). Compared with pre-
superiores a 24-36 horas,
intervention measures (Table 2), the TRE group reduced body weight na sensibilidade à
poderão exercer um efeito deletério
51 (14)
106 (39)
104 (31)
0 (0)
non-TRE group (P < 0.01). TRE did not result in any significant lean
estimular a PKC-q, uma cinase de serina/treonina que dessensibiliza o receptor à
HDL, high-density lipoprotein; LDL, low-density lipoprotein.
mass loss from the trunk or arms. The effect of TRE on changes in fat
144 (54)b
0.7 (1.4)
50 (14)
95 (24)
cP value adjusted
comparativamente a range
uma (70-180 mg/dL). The TRE intervention did not alter HbA1c or
janela alimentar de 12 horas. No entanto tratam-se de
HDL, mg/dL
LDL, mg/dL
parece até reduzir mais a fome ao fim do dia. Sabemos também dos estudos em
animais que os benefícios do jejum parecem existir quando sincronizados com o
| VOLUME 00 | NUMBER 00 | MONTH 2020 www.obesityjournal.org
ritmo circadiano. Nocturno nos ratinhos, mas diurno em humanos. O contrário do
que a maioria das pessoas faz, concentrando por motivos de comodidade ou
203
vontade a comida à noite. Um comportamento desalinhado com os ritmos
biológicos.
Cronobiologia da nutrição
204
adiponectina, e um aumento da expressão do PPAR-γ, um factor de transcrição que
promove a re-esterificação lipídica. Condições que favorecem a acumulação de
energia no período matinal, sendo mobilizada em momentos mais tardios para
fornecer energia aos tecidos sob a forma de ácidos gordos, em particular o músculo
que os oxida eficazmente.
A taxa metabolica tende a ser mais elevada a meio da tarde, caindo durante a noite.
Mas mais relevante, a oxidação de ácidos gordos é superior à tarde, atingindo o seu
pico em termos absolutos quando a taxa metabólica é máxima. Por seu lado, de
manhã a oxidação de ácidos gordos é menor e inibida pela primeira refeição do dia.
O inverso verifica-se para os hidratos de carbono, com uma taxa de oxidação
superior de manhã e menor ao fim do dia (figura 201). Altura em que a tolerância
aos hidratos de carbono é menor, bem como a sensibilidade à insulina. A
alternência de substratos após uma refeição é menos eficiente e parcial.
205
Os ritmos biológicos são também condicionados pelo comportamento. O nosso
organismo gosta de rotinas. De previsibilidade para a antecipação de respostas. E
manter um padrão alimentar regular, na frequência e horários aproximados das
refeições, é um dos aspectos que facilita esse condicionamento metabólico à
22 na entrada de energia. Farshchi et al. 2005 estudou as diferenças
coerência FARSCHInaET AL
resposta a um padrão regular, com 6 refeições diárias à mesma hora, e irregular,
com variação entre 3 a 9 refeições, durante 14 dias. O padrão regular levou a uma
menor ingestão calórica média espontânea, embora ligeira (-80 kcal/dia). Além
disso, verificou-se um aumento superior do dispêndio energético após refeição,
termogénese induzida por dieta, e menor exposição à insulina no período pós-
prandial (figura 202). Sinal de maior sensibilidade. Estes dados sugerem que de
facto somos animais de rotinas. E que isso condiciona positivamente o nosso
metabolismo como sinal ambiental de segurança alimentar. Por outras palavras,
que não estamos num contexto de carência e que o alimento não nos irá faltar. Não
é necessário “poupar” e reservar. Óbvio que não estamos a falar de uma
cronometragem ao minuto, mas sim de um padrão em “janelas alimentares” que
devemos manter consistentes. As rotinas podem mexer com o cérebro de muita
gente, mas a verdade é que do ponto de vista fisiológico funcionamos melhor com
elas. Um aspecto que considero de extrema importância para a optimização da
composição corporal e saúde em geral.
FIGURE 6
healthy obese
before and aft
ences were ob
experiment. F
the 2 meal p
meal pattern
profiles ove
Plasma e
baseline, an
FIGURE
Figura 202 – 5. Mean
Níveis de (#SEM) serum
insulina com insulin
um padrão concentration
regular and
ou irregular de area under
refeições.
preinterven
the curve (above the baseline) for the serum insulin profiles in 10 healthy
obese women responding to the test meal at the visits before and after the
change sign
A importância
regular anddo irregular
pequeno-almoço
meal pattern interventions. There was a significant shown).
premeal pattern– by–postmeal pattern condition interaction for serum insulin
O pequeno-almoço
concentrationsé andmesmo
AUCa(ANOVA;
refeição mais
P ! importante do dia? Devemos
0.002), a significant reduction incomer
logo deboth
manhãvalues after the regular meal pattern intervention (paired t test; Psão
ao acordar? Os ensaios clínicos que abordam esta questão ! tudo DISCUSSIO
menos 0.02),
clarosandema significant
associar aincrease
toma de in both values after the irregular meal pattern no
pequeno-almoço a um benefício directo
peso. Têm falhado em demonstrar de
intervention (paired t test; P ! 0.02). forma perentória o benefício do pequeno- The aim o
almoço para a gestão do peso corporal. Existem na verdade até estudos a sugerir meal freque
and lipid m
after intervention) interaction for plasma LDL-cholesterol con- found that i
centrations (ANOVA; P ! 0.013).206 In addition, the plasma LDL EE and imp
concentrations were significantly lower than after the regular lower postp
meal pattern intervention than after the irregular meal pattern meal freque
utrition.org by guest on September 16, 2017
ining wheat and/or barley to drug acipimox) FFAs for several hours will reduce or in-
an. Consumption of 10 g crease insulin sensitivity, respectively (115, 116). Feeding
y reduced peak postprandial studies in healthy humans consuming fermentable resistant
0, 2.5, and 5 g doses, and in- starch have demonstrated enhanced insulin sensitivity in as
uced the postprandial insu- little as 24 h (117), which appears to be maintained after
manner (44).que In asaltar
chronic longer periodspode
o pequeno-almoço of intake (118,favorável
ser mais 119). para facilitar a redução
n and womencalórica total diária. EConsuming
with elevated breakfast,
até que, segundo compared with
a meta-análise skipping
de Sievert breakfast,
et al. 2019, que
omly assigneda introdução
to consume do pequeno-almoço
appears to reduce em postprandial
indivíduos que habitualmente
glycemia withoutnão o tomam
affecting
pode ter um efeito inverso no tratamento da obesidade. E isso
emonstrated greater reduc- insulinemia after a standard lunch meal (13–15, 73). Break-sim pode ser a chave.
A regularidade. Os benefícios do pequeno-almoço parecem associar-se a um
k insulin concentration and fast skipping is associated with a prolongation of the ele-
padrão regular da refeição, beneficiando tanto os que o tomam sempre como os
AUC compared with othe
que nunca fazem.vated concentration
Um padrão of FFAs
irregular parece observed
estar duringa fasting.
sim associado pior saúde
lthough the b-glucan inter- Thus,
metabólica e ganho de peso. breakfast skippers have elevated concentrations of
prandial incremental insulin FFAs throughout the morning hours compared with break-
erved after theAlguns inter- fast
12-wk trabalhos consumers,
revelam and this isdo
um aumento associated
consumo with relativenas
calórico insulin re-
refeições
subsequentes,
ts of oat b-glucan were en- almoço e jantar,
sistance, whichquando se as
manifests suprime o pequeno-almoço.
an elevated glycemic response Aumento
to
esse que poderá estar
on. The potentiation of the a lunch meal. associado a uma pior variação da glicemia após essas
mesmas refeições. Com uma amplitude de variação superior, especialmente após
o almoço, o que pode condicionar o apetite em períodos mais tardios (figura 203).
gh-energy
gy dinner
the day in
llitus.
). Bdiet—
ner: 858 kJ.
3 kJ; dinner:
= 18; *P ,
d reduced-
dinner and
from
Figura 203 – Variação da glicemia ao longo do dia, com ou sem pequeno-almoço (Ddiet).
207
trients 2020, 12, x FOR PEER REVIEW 8 of
justed models, the effect sizes were similar, but some associations lost statistical significance (p
05). The proportion of carbohydrates consumed in the morning remained significantly associate
favoráveis
ith both Matsuda Index de(B
glicemia
= 0.27,pós-prandial.
95%CI 0.02,Indicadores de uma
0.51, p = 0.03) and provável
QUICKImaior facilidade
(B = 0.0006, 95%CI 0.0000
em manter o consumo calórico reduzido, e desta forma favorecer a perda
001, p = 0.04) in the fully adjusted models. The time at which 25% and 50% of total carbohydra de peso.
Um aspecto já antes sugerido por Jakubowicz et al. 2013 em mulheres obesas ou
take was reached
com excessoremained significantly
de peso. Um impactoassociated with insulin
mais favorável sensitivity
da concentração basedpela
calórica on QUICKI (B
.004, 95%CImanhã,
0.008, que 0.0002, p = 0.04 for 25% and B = 0.005, 95%CI 0.009,
se traduz positivamente na percepção subjectiva de saciedade. E0.0005, p = 0.03 for 50%
ut not Matsudaparece existirThe
Index. umatimerelação positiva75%
at which entre
of atotal
sensibilidade à insulina e maior
protein consumption was reached als
Nutrients 2020, 12, 503 de energia no pequeno-almoço (figura 204).
concentração 7 of 13
mained significantly associated with Matsuda Index (B = 2.0, 95%CI 3.7, 0.3, p = 0.03).
Existem de facto indícios de uma menor perda de peso ou ganho mais fácil em
pessoas com um padrão alimentar nocturno. Padrão esse que estará associado a
um aumento do aporte calórico total, com mais ocasiões de ingestão. Não deve ser
ignorado que um cronotipo nocturno se associa a piores hábitos alimentares em
geral, e a um estilo de vida menos saudável. O que por si só pode explicar o maior
risco de obesidade e dificuldade no emagrecimento, independentemente do padrão
alimentar horário.
Uma das alegações anedóticas que por vezes encontramos nas redes sociais
refere-se a um aumento da testosterona com jejum intermitente. Uma afirmação
completamente sem sentido e que vai contra toda a evidência que existe para um
efeito inverso. Se o IF afecta a testosterona, é num sentido negativo. Moro et al.
(2016) mostra-nos uma redução em 21% após 8 semanas em modelo 16:8
comparativamente a alimentação não intermitente, mesmo sem restrição calórica
estabelecida. E já estudos antecedentes com Muçulmanos no Ramadão revelam
uma diminuição dos níveis séricos de testosterona, com implicações a nível da
libido. É verdade também que o mês do Ramadão é marcado por muitas alterações
a nível do estilo de vida e rotinas que por si poderiam explicar estes resultados. Mas
não existe evidência científica de um aumento da testosterona em jejum
intermitente, antes pelo contrário, nem isso faria sentido à luz da biológia. O IF
simula um ambiente de stress, e esse será o motivo para as adaptações horméticas
positivas. Mas em stress, seja carência energética ou outro, a reprodução fica em
segundo plano quando a prioridade passa por assegurar a sobrevivência.
209
mascaradas pela administração de anticoncepcionais orais, e na maior parte dos
casos facilmente reversíveis com a mudança do padrão alimentar. No Ramadão por
exemplo, a frequência de distúrbios no ciclo hormonal aumenta entre as mulheres.
Uma vez que a amenorreia pressupõe a ausência de menstruação por 3 ciclos
seguidos, a maior parte dos estudos com o IF não tem duração suficiente para
avaliar o impacto. Ficamos limitados à observação, que por vezes é suficiente.
O IF é uma prática segura na maior parte dos casos, e temos apenas relatos de
casos pontuais de problemas associados ao jejum prolongado. A cetoacidose foi já
relatada numa mulher não-diabética que se submeteu voluntariamente a 48 horas
de jejum. Apesar de se tratar certamente de um fenómeno raro em indivíduos
saudáveis, é algo a ter em consideração nos modelos mais agressivos. O tempo de
jejum periódico não deverá exceder as 16-24 horas, janela em que encontramos os
estudos que não mostram efeitos nefastos e onde os potenciais benefícios já
deverão aparecer. E que em alguns casos poderá favorecer a adesão ao protocolo
de restrição calórica. Assim sendo, é mais uma ferramenta no arsenal contra o
excesso de peso e em prol das melhorias metabólicas que advêm dessa perda,
idealmente sincronizado com os nossos ritmos biológicos. O ditado popular
210
“pequeno-almoço de rei, almoço de príncipe e jantar de pobre”, ou sem jantar
nenhum, parece fazer o seu sentido e enquadrar-se num modelo mais favorável de
jejum intermitente alinhado com a nossa cronobiologia.
Referências
Al-Naimi, S., Hampton, S. M., Richard, P., Tzung, C. & Morgan, L. M. Postprandial Metabolic Profiles
Following Meals and Snacks Eaten during Simulated Night and Day Shift Work. Chronobiol Int 21, 937–
947 (2009).
Basolo, A. et al. Effects of Short-Term Fasting and Different Overfeeding Diets on Thyroid Hormones in
Healthy Humans. Thyroid 29, 1209–1219 (2019).
Beaulieu, K. et al. Matched Weight Loss Through Intermittent or Continuous Energy Restriction Does
Not Lead To Compensatory Increases in Appetite and Eating Behavior in a Randomized Controlled
Trial in Women with Overweight and Obesity. J Nutrition 150, 623–633 (2019).
Catenacci, V. A. et al. A randomized pilot study comparing zero‐calorie alternate‐day fasting to daily
caloric restriction in adults with obesity. Obesity 24, 1874–1883 (2016).
Davis, C. S. et al. Intermittent energy restriction and weight loss: a systematic review. Eur J Clin Nutr
70, 292–299 (2016).
6.Dyar, K. A. et al. Muscle insulin sensitivity and glucose metabolism are controlled by the intrinsic
muscle clock. Mol Metab 3, 29–41 (2014).
Farshchi, H. R., Taylor, M. A. & Macdonald, I. A. Beneficial metabolic effects of regular meal frequency
on dietary thermogenesis, insulin sensitivity, and fasting lipid profiles in healthy obese women. Am J
Clin Nutrition 81, 16–24 (2005).
Ferrell, J. M. & Chiang, J. Y. L. Circadian rhythms in liver metabolism and disease. Acta Pharm Sinica B
5, 113–122 (2015).
Froy, O. & Garaulet, M. The Circadian Clock in White and Brown Adipose Tissue: Mechanistic,
Endocrine, and Clinical Aspects. Endocr Rev 39, 261–273 (2018).
Gabel, K. et al. Effects of 8-hour time restricted feeding on body weight and metabolic disease risk
factors in obese adults: A pilot study. Nutrition Heal Aging Preprint, 1–9 (2018).
Gachon, F., Loizides-Mangold, U., Petrenko, V. & Dibner, C. Glucose Homeostasis: Regulation by
Peripheral Circadian Clocks in Rodents and Humans. Endocrinology 158, 1074–1084 (2017).
Garaulet, M., Ordovás, J. M., Gómez‐Abellán, P., Martínez, J. A. & Madrid, J. A. An approximation to
the temporal order in endogenous circadian rhythms of genes implicated in human adipose tissue
metabolism. J Cell Physiol 226, 2075–2080 (2011).
Goede, P. de et al. Time-Restricted Feeding Improves Glucose Tolerance in Rats, but Only When in
Line With the Circadian Timing System. Front Endocrinol 10, 554 (2019).
Halberg, N. et al. Effect of intermittent fasting and refeeding on insulin action in healthy men. J Appl
Physiol 99, 2128–2136 (2005).
211
Headland, M., Clifton, P. M., Carter, S. & Keogh, J. B. Weight-Loss Outcomes: A Systematic Review
and Meta-Analysis of Intermittent Energy Restriction Trials Lasting a Minimum of 6 Months. Nutrients 8,
354 (2016).
Heilbronn, L. K. et al. Glucose Tolerance and Skeletal Muscle Gene Expression in Response to
Alternate Day Fasting. Obes Res 13, 574–581 (2005).
Hibi, M. et al. Nighttime snacking reduces whole body fat oxidation and increases LDL cholesterol in
healthy young women. Am J Physiology-regulatory Integr Comp Physiology 304, R94–R101 (2013).
Jakubowicz, D., Barnea, M., Wainstein, J. & Froy, O. High Caloric intake at breakfast vs. dinner
differentially influences weight loss of overweight and obese women. Obesity 21, 2504–2512 (2013).
Jarrett, R. J., Baker, I. A., Keen, H. & Oakley, N. W. Diurnal Variation in Oral Glucose Tolerance: Blood
Sugar and Plasma Insulin Levels Morning, Afternoon, and Evening. Brit Med J 1, 199 (1972).
Kalsbeek, A., Fleur, S. la & Fliers, E. Circadian control of glucose metabolism. Mol Metab 3, 372–383
(2014).
Kelly, K. P. et al. Eating breakfast and avoiding late-evening snacking sustains lipid oxidation. Plos Biol
18, e3000622 (2020).
Kobayashi, F. et al. Effect of breakfast skipping on diurnal variation of energy metabolism and blood
glucose. Obes Res Clin Pract 8, e249–e257 (2014).
Kumar, S. & Kaur, G. Intermittent Fasting Dietary Restriction Regimen Negatively Influences
Reproduction in Young Rats: A Study of Hypothalamo-Hypophysial-Gonadal Axis. Plos One 8, e52416
(2013).
Lessan, N. & Ali, T. Energy Metabolism and Intermittent Fasting: The Ramadan Perspective. Nutrients
11, 1192 (2019).
Lombardo, M. et al. Morning Meal More Efficient for Fat Loss in a 3-Month Lifestyle Intervention. J Am
Coll Nutr 33, 198–205 (2014).
Mesbahzadeh, B., Ghiravani, Z. & Mehrjoofard, H. Effect of Ramadan fasting on secretion of sex
hormones in healthy single males. East Mediterr Heal J La Revue De Santé De La Méditerranée Orient
Al-majallah Al-ṣiḥḥīyah Li-sharq Al-mutawassiṭ 11, 1120–3 (2005).
Moro, T. et al. Effects of eight weeks of time-restricted feeding (16/8) on basal metabolism, maximal
strength, body composition, inflammation, and cardiovascular risk factors in resistance-trained males. J
Transl Med 14, 290 (2016).
Ogata, H. et al. Association between breakfast skipping and postprandial hyperglycaemia after lunch in
healthy young individuals. Brit J Nutr 122, 431–440 (2019).
Reid, K. J., Baron, K. G. & Zee, P. C. Meal timing influences daily caloric intake in healthy adults. Nutr
Res 34, 930–935 (2014).
Sato, M., Murakami, M., Node, K., Matsumura, R. & Akashi, M. The Role of the Endocrine System in
Feeding-Induced Tissue-Specific Circadian Entrainment. Cell Reports 8, 393–401 (2014).
Sievert, K. et al. Effect of breakfast on weight and energy intake: systematic review and meta-analysis
of randomised controlled trials. Bmj 364, l42 (2018).
Sofer, S. et al. Greater Weight Loss and Hormonal Changes After 6 Months Diet With Carbohydrates
Eaten Mostly at Dinner. Obesity 19, 2006–2014 (2011).
212
Stewart, W. K., Fleming, L. W. & Robertson, P. C. Massive obesity treated by intermittent fasting A
metabolic and clinical study. Am J Medicine 40, 967–986 (1966).
Stratton, M. T. et al. Four Weeks of Time-Restricted Feeding Combined with Resistance Training Does
Not Differentially Influence Measures of Body Composition, Muscle Performance, Resting Energy
Expenditure, and Blood Biomarkers. Nutrients 12, 1126 (2020).
Sutton, E. F. et al. Early Time-Restricted Feeding Improves Insulin Sensitivity, Blood Pressure, and
Oxidative Stress Even without Weight Loss in Men with Prediabetes. Cell Metab 27, 1212-1221.e3
(2018).
Trepanowski, J. F. et al. Effect of Alternate-Day Fasting on Weight Loss, Weight Maintenance, and
Cardioprotection Among Metabolically Healthy Obese Adults: A Randomized Clinical Trial. Jama Intern
Med 177, 930 (2017).
Varady, K. A. et al. Alternate day fasting for weight loss in normal weight and overweight subjects: a
randomized controlled trial. Nutr J 12, 146 (2013).
Zitting, K.-M. et al. Human Resting Energy Expenditure Varies with Circadian Phase. Curr Biol 28,
3685-3690.e3 (2018).
213
Capítulo 9
O açúcar e adoçantes não-calóricos
O açúcar é um dos alimentos mais temidos para quem quer perder peso, ou tenta
não o ganhar. Uma grande parte desse medo tem por base um desconhecimento
do que são os açúcares e de que forma são metabolizados. Já nos anos 60 Yudkin
nos alertava para os perigos do consumo excessivo, embora por essa altura a
atenção estivesse muito focada na gordura alimentar sob influência de um
investigador proeminente da época, Ancel Keys. Mas bem antes de Yudkin, um
outro médico partilhava a sua linha de pensamento. O seu nome era John Kellogg.
John era médico e dedicava-se à saúde dos seus pacientes, com pouco tempo para
gerir um negócio de cereais em crescendo, expandido para além do seu pequeno
SPA. O seu irmão Will ficou à frente do negócio e da produção da granola, fiel aos
princípios que John Kellogg defendia – o mais natural possível, e sem açúcar. Por
sugestão de Will foi criada uma versão à base de milho com grande sucesso,
registada mais tarde como “Sanitas Tosted Corn Flakes”. Que viria a dar origem aos
Corn Flakes.
Um dos clientes do sanatório Kellogg foi Carl Post, que experimentou a tal granola
e ficou fascinado com o conceito e sabor. Post era um homem de negócios e sabia
que o açúcar ia melhorar o produto. Iniciou a sua própria produção, criando uma
empresa com o seu nome, Post, e que viria a ser o principal rival de Kellogg nos
anos seguintes. Will viu a concorrência a ganhar terreno e não cruzou os braços.
Durante uma ida do irmão à Europa no âmbito de um congresso científico, Will
Kellogg comprou quilos de açúcar e adicionou aos seus cereais. Os clientes do
sanatório gostaram, e muito.
214
Quem não gostou foi John quando regressou e viu o seu conceito pervertido pelo
próprio irmão. Separaram-se, e Will Kellogg abre a sua empresa de processamento
de cereais, a nossa conhecida Kellogg’s. Pelo menos duas disputas em tribunal
tiverem lugar, com Will a sair sempre por cima no litígio. Daí foi uma caminhada
galopante até à posição que ocupa hoje como um dos maiores produtores de
cereais processados do Mundo, dominando uma fatia significativa do mercado. Nos
anos 70 a Kellogg’s representava 45% do total de vendas dos EUA, perdendo
quota à medida que outras marcas mais baratas e as linhas brancas dos retalhistas
iam surgindo.
Embora até ao início do século se tenha verificado uma tendência para um aumento
do consumo de açúcar e a prevalência de obesidade (figura 207), associação não
implica causalidade. Apenas que duas variáveis seguem uma tendência comum.
Com o açúcar aumentou também o aporte calórico. A verdade é que nos últimos 20
anos o consumo de açúcar tem vindo a diminuir timidamente, mas a obesidade não
parece acompanhar. Nem a evidência experimental parece ir ao encontro de uma
relação directa entre o consumo de açúcar e a obesidade. O ganho de peso apenas
se parece verificar em excedente calórico, mesmo quando o açúcar, sacarose,
constitui 43% da dieta. Comparando duas dietas isoenergéticas e hipocalóricas,
uma com 43% de sacarose e outra com 4%, a perda de peso é idêntica (figura 208)
215
Figura 207 – Consumo de açúcar e prevalência de obesidade entre 1700 e 2000.
Figura 208 - Efeito no peso de duas dietas isoenergéticas hipocalóricas, uma rica em sacarose e outra
baixa.
216
Figura 209 – Actividade na região mesolímbica.
Mas o que é o açúcar afinal? Um termo corriqueiro que usamos para definir as
“oses”, hidratos de carbono na sua forma mais simples, como monossacarídeos ou
dissacarídeos (figura 210). E existem 6 compostos que podem ser incluídos neste
grupo. A glicose, a forma de onde retiramos energia e que circula no sangue, a
galactose, e a frutose, presente naturalmente na fruta e mel por exemplo, mas
também os dissacarídeos sacarose, o açúcar de mesa, a lactose do leite e a
maltose. Quando a maioria das pessoas se refere ao açúcar, é a sacarose que têm
em mente. Ou a frutose e sacarose em conjunto na fruta. A glicose não é doce, e é
a frutose que confere o sabor característico da sacarose, um dissacarídeo de
glicose e frutose.
217
Hidratos de carbono
Simples Complexos
trations (the earliest lipidGlicose with the largest glucose AUC in response to the OGTT-F
Frutose
tion of large amounts Galactose
of demonstrated the greatest improvement in glucose tolerance
Lactose Sacarose Maltose
with the administration of fructose, i.e. there was a positive Fibra
Glicogénio Amido
correlation between the AUC of the glycemic response to the
Methods OGTT-F and the difference between the OGTT-F AUC and
Galactose Glicose Glicose Frutose Glicose Glicose
the OGTT"F AUC (r $ 0.72; P # 0.05; Fig. 2). There was no
Glicose
l2 rL1: deposition
with glucose,
phates
in the liver
fructose
by the enzyme aldolase
or muscle (27,
has first to be
B and
20
300 [ -j ‘z
the gluconeogenic pathway. This conversi
200
t; ; for synthesis of fructose-1-phosphate
version of glyceraldehyde to GAP.
10 DHAP and GAP are converted to gluco
AlT consumption. Glucose-6-phosphate
to glucose-1-phosphate and to unidyl
being deposited as glycogen, and 1 mol
0 0
UTP regeneration. Thus, storage of oral
INCREMENT IN INCREMENT IN DECREMENT IN INCREMENT IN
PLASMA CARBOHYDRATE LIPID ENERGY require 3.5 mol ATP/mol compared wit
INSULIN OXIDATION OXIDATION EXPENDITURE cose, resulting in an obligatory energy
IuU m1’) (mg kg1-4 h) (mgkg-4h) (%) 9% of its energy content (Fig 2). It m
Figura FIG
2121.– Increments
Efeito térmico
in plasmada insulin
frutosea após carga
concentration, (barras negras)
carbohydrate ox-
more elevated if tniose-phosphates are
idation, and energy expenditure and decrement in lipid oxidation during vate and lactate before gluconeogenesis.
the 4 h after ingestion of 75 g glucose (0) or fructose (D) in lean human served that stimulation of carbohydrate
subjects. (Reproduced from reference 25, with permission); to convert oral fructose than after oral glucose (2
219
from pU/mL to pmol/L, multiply by 7.175.) glucose disposal may therefore appear
This may however not be so, because he
was unchanged after intravenous fructose
patic oxidation capacity, with the consequence that fructose has after oral fructose as well), whereas it i
to be disposed of nonoxidatively in large part. Plasma lactate after glucose. Endogenous glucose produ
E quanto à fruta? É verdade que a fruta contém frutose, em quantidade variável
consoante o tipo (figura 213). Mas 50 g de frutose corresponde a nada mais nada
menos que 650 g de uvas, 700 g de maçã, 2 Kg de morangos ou 1 Kg de melancia.
A quantidade absoluta é baixa, e a velocidade de assimilação dessa frutose mais
lenta. Está retida em estruturas celulósicas que necessitam de ser destruídas
química e mecanicamente antes que possa ser acedida. Assimilada a uma
velocidade com que o fígado consegue lidar.
g/100g g/100g
Uva 8 Mel 42
Maçã 7 Passas 30
Banana 6 Xarope de maple 30
Ananás 5.5 Figo seco 25
Cereja 5.5
Mirtilo 5 Coca-cola (350ml) 20
Laranja 4.5
Passas 30
Melão 4.5
Kiwi 4.5 Xarope de maple 30
Melancia 4 Figo seco 25
Pêssego 4
Ameixa 4
Alperce 4
Amora 2.5
Framboesa 2.5
Morango 2.5
Abacate 0.1
Figura 213 – Teor de frutose de várias frutas.
Sabemos também que a ingestão de fruta antes da refeição, e o mesmo poderá ser
entendido para os vegetais e outros alimentos de baixa densidade energértica,
tende a reduzir o aporte calórico pela maior saciedade que induz (figura 214). A
ingestão de maçã previamente pode reduzir o consumo energético na refeição em
15%, mas na sua forma nativa. Não o sumo, com ou sem a fibra adicionada (figura
220
215). E essa é uma questão importante. Comer fruta ou beber o sumo não é de todo
a mesma coisa. Alimentos na sua forma líquida tendem a ser menos saciantes pela
taxa mais rápida de esvaziamento gástrico.
Fig. 1.
Figura 215 – Ingestão calórica total com ou sem ingestão prévia de alimentos teste.
Mean (±S.E.) total energy intake at lunch (preload + test meal) for 58 subjects in a study testing
the effects on satiety of apple preloads in different forms. Preloads were matched for weight,
Um dos mitos maisenergy,
comuns
with
energy density, and ingestion time; the apple segments, applesauce, and apple juice
namatched
fiber preloads were práticafor fibernutricional é a ideia
content. Means with different letters arede que a fruta não deve
significantly
different (p < 0.05) based on a mixed linear model with repeated measures.
ser ingerida sozinha, mas sempre com um hidrato de carbono complexo. Que
NIH-PA Author Manuscript
221
E as oleaginosas? Talvez não seja correcto chamar-lhe um mito já que tem a sua
quota parte de verdade. A adição de oleaginosas tende a reduzir glicemia após a
ingestão de um alimento rico em hidratos de carbono, seja fruta ou outro qualquer,
e o pico glicémico consequente. Este efeito deve-se à fibra, gordura, e arginina que
estimula a produção de GLP-1 e atrasa a motilidade gastrointestinal, atenuando a
velocidade de assimilação dos alimentos. Agora, a partir de quanto esse impacto
se torna significativo? Estudos com pão branco, de IG superior a qualquer fruta,
sugerem que a redução só é relevante a partir das 60 g de oleaginosas. Com 30 g
a diminuição é inferior a 10%, insignificante. E mesmo no pico de glicemia a redução
é mínima como podem ver no gráfico abaixo. Ora, parece-me um ganho modesto
ou sequer digno de nota para um incremento do aporte calórico em ~170 kcal. E se
30 g têm um efeito tão baixo, umas 15-20 amêndoas, imaginem 5 ou 6. Nenhum.
Precisava de 350 kcal extra em amêndoas para que se tornasse significante. Podem
comer a fruta sozinha à vontade.
Adoçantes não-calóricos
222
abundância, o ambiente ideal para ingerir mais calorias do que o necessário e criar
reservas. Entenda-se que é um mecanismo primitivo de sobrevivência em que o
prazer nos condiciona no sentido do comportamento – comer. Na verdade, a comida
é dos prazeres mais básicos da vida, como o sexo para a reprodução e
sobrevivência da espécie. Mas se é difícil e penoso alterar os nossos
comportamentos motivados por recompensa, a indústria oferece uma solução
aparentemente sem pecado: os adoçantes não-calóricos, artificiais ou naturais
como a stevia. Mas será que existe mesmo prazer sem consequência?
O facto de serem sintetizados quimicamente faz com que muitos olhem para os
edulcorantes artificiais com preconceito. No entanto, não podemos assumir à
partida que tudo o que é sintético é prejudicial e temos de nos basear na evidência
disponível e nos estudos de toxicidade que foram realizados para sua aprovação
como aditivo alimentar desde os anos 80. E aqui, a literatura parece ser consistente
quanto à sua segurança nas doses atingíveis através da alimentação, 100 vezes
inferior ao limiar de toxidade verificado em animais. No caso da sucralose por
exemplo, 5 mg/kg (FDA, pois a UE estabelece um ADI superior), representando no
meu caso 425 mg por dia. Para terem uma ideia, um “refrigerante 0” pode conter
em média 90-100 mg por litro. Apenas estudos in vitro ou com administração
intravenosa em animais têm verificado efeitos nefastos dignos de nota, condições
sem paralelo na realidade.
Os adoçantes têm sido promovidos também como uma estratégia para controlo de
peso em substituição do açúcar de forma a reduzir a densidade calórica dos
produtos que mais gostamos sem alterar o sabor. Comer por prazer, sem culpa.
Mas será mesmo assim? Existem alguns estudos epidemiológicos e ensaios
clínicos que sugerem um efeito adverso dos edulcorantes no controlo do apetite e
até no peso que merecem discussão. Ainda fresco na memória está um trabalho
apresentado nas Scientific Sessions da American Diabetes Association, em San
Diego. Epidemiologistas da Universidade do Texas estudaram a relação entre os
refrigerantes e as alterações no perímetro da cintura em 474 pessoas, entre os 65
e os 74 anos, que participam no SALSA (San Antonio Longitudinal Study of Aging).
Os consumidores de refrigerantes dietéticos, com adoçantes, verificaram um
aumento 70% superior no perímetro da cintura comparativamente a não-
consumidores. Utilizadores frequentes destas bebidas, que consomem duas ou
mais por dia, evidenciaram um aumento do perímetro abdominal 500% superior em
relação àqueles que não consomem estes produtos.
223
com o aumento de peso em rapazes e hipertensão nas mulheres. Um ano mais
tarde, Lutsey obtém resultados semelhantes em indivíduos envolvidos no ARIC
(Atherosclerosis Risk in Communities) no follow-up de 9 anos. A força desta
associação foi surpreendente para os autores que não tinham colocado essa
hipótese à partida. Indivíduos no último tercil evidenciavam um risco acrescido em
34% para Síndrome Metabólico. Um outro estudo conduzido por Fowler relata que
em pessoas com peso normal ou excessivo (BMI <30) no início do follow-up, o
consumo de >21 bebidas adoçadas por semana (refrigerantes, café, chá, etc)
estava associado ao dobro do risco de obesidade 7-8 anos depois. E com os
resultados do NHANES III (1988 – 1994), Todd Mackenzie estabeleceu uma
associação entre o consumo de refrigerantes dietéticos e um mau controlo da
glicemia em diabéticos. Em adultos com diabetes que consumiam pelo menos um
refrigerante adoçado artificialmente por dia, a HbA1c era em média 0,7 unidades
superior em relação a diabéticos sem hábitos de consumo.
Estes são apenas alguns dos estudos observacionais que apontam para efeitos
deletérios dos edulcorantes, ou pelo menos a sua associação com comportamentos
de risco. No entanto, convém salientar que associação não implica causalidade.
Quem consome mais refrigerantes, com edulcorantes ou não, pode simplesmente
ter hábitos alimentares menos recomendáveis, o que aliás foi já verificado. O
chamado “efeito auréola”, em que a percepção de um alimento como saudável leva
ao consumo exagerado, desse e de outros em concomitância. Além disso, a
mudança para o consumo de refrigerantes edulcorados pode ser posterior ao
diagnóstico de patologia, ou tentativa para perder peso. Em estudos observacionais
torna-se impossível isolar variáveis e excluir o efeito umas nas outras. Só nos resta
procurar ensaios clínicos que nos ajudem a perceber o real impacto dos
edulcorantes na saúde e metabolismo.
224
totalmente desprezados. E é em animais que temos a maior parte da investigação
nesta área, em particular sobre a batuta de Susan Swithers da Universidade de
Pardue, EUA, com dezenas de estudos publicados. Em resumo, a equipa corrobora
os estudos em humanos, mostrando que um pré-condicionamento incongruente
com adoçantes não-calóricos aumenta o consumo energético ad libitum numa
refeição seguinte. Fenómeno que se verifica com edulcorantes artificiais, sacarina
e acesulfame K, mas também stevia. E esta padrão de estímulo levou também a
um maior ganho de peso ao fim de 7 dias.
O mecanismo que explica estes fenómenos não está totalmente clarificado, mas
passará por um reflexo condicionado Pavlovniano. Os modelos actuais do controlo
fisiológico da regulação energética sugerem que o condicionamento Pavlovniano
permite que certas pistas orosensoriais afectem não só a ingestão alimentar, mas
também uma variedade de respostas hormonais e metabólicas que preparam e
promovem a utilização eficiente de energia. Uma implicação destes modelos é que
circunstâncias que degradam a capacidade do sabor em prever a densidade
energética também enfraquecem a evocação destas respostas fisiológicas que nos
preparam para a chegada de energia.
Um outro efeito que tem vindo a ser identificado são alterações na microbiota
intestinal que se julgam deletérias, com a proliferação de estirpes menos benéficas
e decréscimo de anaeróbios como as bifidobacteria, lactobacilli, Bacteroides.
Existem evidências de uma provável metabolização bacteriana que põe em causa
225
a inércia destes edulcorantes, e um possível efeito bactericida que altera o equilíbrio
da microbiota intestinal. Sabe-se que uma redução da relação entre Bacteroides e
Firmicutes se associa à obesidade, ficando em aberto a hipótese de o consumo a
longo prazo de grandes quantidades de sucralose possa relacionar-se com o ganho
de peso. Mais estudos são necessários nesse sentido pois nem todos suportam um
efeito dos adoçantes como actores de disbiose.
Referências
Davidson, T. L. & Swithers, S. E. A Pavlovian approach to the problem of obesity. Int J Obesity 28,
933–935 (2004).
226
Dhingra, R. et al. Soft Drink Consumption and Risk of Developing Cardiometabolic Risk Factors and the
Metabolic Syndrome in Middle-Aged Adults in the Community. Circulation 116, 480–488 (2007).
Flood-Obbagy, J. E. & Rolls, B. J. The effect of fruit in different forms on energy intake and satiety at a
meal. Appetite 52, 416–422 (2009).
Fowler, S. P. et al. Fueling the Obesity Epidemic? Artificially Sweetened Beverage Use and Long‐term
Weight Gain. Obesity 16, 1894–1900 (2008).
Gerspach, A. C., Steinert, R. E., Schönenberger, L., Graber-Maier, A. & Beglinger, C. The role of the
gut sweet taste receptor in regulating GLP-1, PYY, and CCK release in humans. Am J Physiol-endoc M
301, E317–E325 (2011).
Guyenet, S. J. Impact of Whole, Fresh Fruit Consumption on Energy Intake and Adiposity: A Systematic
Review. Frontiers Nutrition 6, 66 (2019).
Hengist, A., Koumanov, F. & Gonzalez, J. T. Fructose and metabolic health: governed by hepatic
glycogen status? J Physiology 597, 3573–3585 (2019).
Johnson, R. J. et al. Potential role of sugar (fructose) in the epidemic of hypertension, obesity and the
metabolic syndrome, diabetes, kidney disease, and cardiovascular disease. Am J Clin Nutrition 86,
899–906 (2007).
Josse, A. R., Kendall, C. W. C., Augustin, L. S. A., Ellis, P. R. & Jenkins, D. J. A. Almonds and
postprandial glycemia—a dose-response study. Metabolis 56, 400–404 (2007).
Lenoir, M., Serre, F., Cantin, L. & Ahmed, S. H. Intense Sweetness Surpasses Cocaine Reward. Plos
One 2, e698 (2007).
Liang, Y., Maier, V., Steinbach, G., Lalić, L. & Pfeiffer, E. The Effect of Artificial Sweetener on Insulin
SecretionII. Stimulation of Insulin Release from Isolated Rat Islets by Acesulfame K (In Vitro
Experiments). Horm Metab Res 19, 285–289 (1987).
Liang, Y., Steinbach, G., Maier, V. & Pfeiffer, E. The Effect of Artificial Sweetener on Insulin Secretion
1. The Effect of Acesulfame K on Insulin Secretion in the Rat (Studies In Vivo). Horm Metab Res 19,
233–238 (1987).
Lutsey, P. L., Steffen, L. M. & Stevens, J. Dietary Intake and the Development of the Metabolic
Syndrome. Circulation 117, 754–761 (2008).
Ma, J. et al. Effect of the artificial sweetener, sucralose, on small intestinal glucose absorption in healthy
human subjects. Brit J Nutr 104, 803–806 (2010).
Ma, J. et al. Effect of the artificial sweetener, sucralose, on gastric emptying and incretin hormone
release in healthy subjects. Am J Physiol-gastr L 296, G735–G739 (2009).
Madero, M. et al. The effect of two energy-restricted diets, a low-fructose diet versus a moderate natural
fructose diet, on weight loss and metabolic syndrome parameters: a randomized controlled trial.
Metabolis 60, 1551–1559 (2011).
Moore, M. C., Cherrington, A. D., Mann, S. L. & Davis, S. N. Acute Fructose Administration Decreases
the Glycemic Response to an Oral Glucose Tolerance Test in Normal Adults. J Clin Endocrinol
Metabolism 85, 4515–4519 (2000).
Pearlman, M., Obert, J. & Casey, L. The Association Between Artificial Sweeteners and Obesity. Curr
Gastroenterology Reports 19, 64 (2017).
227
Roberts, J. R. The Paradox of Artificial Sweeteners in Managing Obesity. Curr Gastroenterology
Reports 17, 1 (2015).
Smajis, S. et al. Metabolic effects of a prolonged, very-high-dose dietary fructose challenge in healthy
subjects. Am J Clin Nutrition 111, 369–377 (2019).
Steinert, R. E., Frey, F., Töpfer, A., Drewe, J. & Beglinger, C. Effects of carbohydrate sugars and
artificial sweeteners on appetite and the secretion of gastrointestinal satiety peptides. Brit J Nutr 105,
1320–1328 (2011).
Sullivan, Marilynj. & Scott, Robertl. Postprandial Glycemic Response to Orange Juice and Nondiet
Cola: Is There a Difference? Diabetes Educ 17, 274–278 (1991).
Surwit, R. S. et al. Metabolic and behavioral effects of a high-sucrose diet during weight loss. Am J Clin
Nutrition 65, 908–915 (1997).
Swithers, S. E., Martin, A. A. & Davidson, T. L. High-intensity sweeteners and energy balance. Physiol
Behav 100, 55–62 (2010).
Swithers, S. E., Baker, C. R. & Davidson, T. L. General and Persistent Effects of High-Intensity
Sweeteners on Body Weight Gain and Caloric Compensation in Rats. Behav Neurosci 123, 772–780
(2009).
Tappy, L. & Jéquier, E. Fructose and dietary thermogenesis. Am J Clin Nutrition 58, 766S-770S (1993).
Zhu, R. et al. Postprandial Glycaemic Responses of Dried Fruit-Containing Meals in Healthy Adults:
Results from a Randomised Trial. Nutrients 10, 694 (2018).
228
a sustained intervention, including re-admission and GP follow-up After 3 years, the average patient gained 0.8% body mass, co
ing in mean weight loss at 7.4% after 5 years. The favourable out- with pretreatment baseline. The participants were recruited v
achieved by Lantz may also be partly due to sustained interven- advertisement. Wadden et al61 followed 59 patients with seve
51
during the follow-up. These results are informative of what can sity after a very low–calorie diet and behaviour therapy for 3
xpected as a best possible scenario but cannot inform on the with an RCT design. Final mean weight loss was 3.2% below b
ht developmentsCapítulo 10
after the intervention ends. The remaining eight The participants were recruited via a newspaper advertis
Taxa de perda e adaptações metabólicas
Wadden et al60 treated 76 women with severe obesity with th
es have low rates of attrition and a follow-up period without
ned interventions. The outcomes of the included studies are RCT design, consisting of a very low–calorie diet, behaviours t
nted in Figure 3. or a combination of both. Patients were followed for 5 years. Th
O sucesso de uma intervenção para perda de peso é baixo (figura 216). Raramente
s seen in Table 1, Cooper et al55 conducted a high-quality pro- age patient lost 13.5% weight after the treatment. Around half
se perde mais de 5-10 Kg num ano em estudos de ambulatório. Nos primeiros 5
ive follow-up randomized
anos após control trial (RCT)éon
intervenção the treatment
recuperado em of média
participants
75% do(55%)pesoreported
corporal,having received
e essa additional weight-re
é uma
ty with cognitive-behavioural or behaviour therapy with therapy during
tendência comum em praticamente todos os estudos que acompanham a amostra the follow-up period. At the 5-year follow-up, th
emale participants
no with severe
período obesity.
pós. The participants
Estima-se que apenas were weight
20% das was 2%consiga
pessoas above pretreatment
manter uma baseline.
perdaThese two journal
superior
ed by their family a or
physician 10% ao fim de
respondents um
to an ano. No Diabetes
advertisement Prevention
both refer Program
to the same porstudy
treatment exemplo,
with two cohorts and id
um study
d in hospitals. The estudo de larga
included escala,
a general 37% mantiveram
self-help, control pelo menos
treatment 7%that
conditions do ispeso perdido
reported ao intervals. Th
at different
fim de 3 anos. O que pode ser considerado um bom resultado.
p, which results are left out of the current analysis as they did not article combines both cohorts and is included in the current a
A questão que se coloca é: porquê? Porque é tão difícil perder peso, e mais difícil
ainda manter o peso perdido? Podemos encontrar várias explicações para este
fenómeno, mas de longe a mais relevante é a falta de adesão. Que se vai diluindo
com o tempo à medida que regressamos aos maus hábitos alimentares e
sedentarismo. Mas iremos ver que de facto existem mecanismos homeostáticos
que dificultam o processo e condicionam o nosso comportamento de forma a
retornar ao equilíbrio. O nosso set-point. Adaptações neuroquímicas e hormonais,
comportamentais e psicológicas.
229
M. Fischer et al.
intenance “What made it difficult for you to maintain your weight a"er therapy?”
ceived by
tients after Difficul!es of weight maintenance Distribu!on of pa!ent agreement mean ± SD
tion. Patients
a list of 26 extremely very moderately
es on a five- slightly not at all
as well as to
difficulties in Appe!te
What made it Stress
maintain your Pleasure ea!ng
py?”. The
Underes!ma!ng the risk of weight regain
are sorted by
Lacked willpower
Lack of professional supervision
Con!nuous feelings of sacrifice
Health-related issues
Lacked support and though"ulness from others
Social gatherings with food tempta!ons
Constant tempta!ons and food availability
Lacked mo!va!on
Excessive craving for food
Hunger
Nega!ve feelings (frustra!on, anger, depressiveness)
Lack of !me
Vaca!on or Travel
Personal crises or blows of fate
Lack of energy
Loss of control when ea!ng
Pressure to eat in social situa!ons
Mental issues
Episodes of binge ea!ng
Boredom
Lacked faith in long-term success
Financial constraints
0 50 100
% pa!ents
Figura
Addi!onal difficul!es 217 –byDificuldades
described pa!ents sentidas na manutenção do peso.
"Rigorous work-related stress; complicated job situation" to some extent somewhat
"Irregular meals. when having appointments or being on the road" not at all
"Treatment duration of one year is to short"
A recuperação do peso ocorre por norma a partir dos 6 meses pós-intervenção
"During weight loss friends. family and colleagues were supportive; however now this declined. More and more temptations"
(figura 218). Aumento esse que se parece associar a um aumento espontâneo do
"If the mind shuts down. it is like at the beginning of the therapy. Not unhealthy - but the amount of food”
"Recovering from a stroke and two surgeries!!!"
aporte energético, mais do que pela redução do dispêndio calórico. O apetite parece
"Closing maintenance week: Pointing out the low success rate was depressing"
efectivamente aumentar em restrição, e não seria de esperar outra coisa. Estima-
se um aumento do aporte calórico em ~100 kcal por cada 1 Kg de peso perdido, e
in was found uma to beredução
correlateddo with all
dispêndio experiencing while
energético attempting weight
compensatória loss maintenance
de apenas dur-
30 kcal. Mesmo
the greatest extent with ‘Mental Distress’ ing the first three, most critical years
durante a intervenção, quando o controlo é mantido pelo próprio em regime de after treatment com-
regression analysis revealed existe
ambulatório, that weight pletion [19]. entre
um desfasamento In an almost completee sample
o reportado o queofé patients who
efectivamente
e explained byingerido
follow-up time (std. β = had successfully completed an utterly intensified,
(figura 219). Nem sempre consciente, mas uma espécie de viés cognitivo 12-month
β = −0.217;
1), age (std. que por si sóp <é 0.05), and para
suficiente lasting weight
minar todoloss and lifestyle intervention, it was found that
o processo.
2
(std. β = 0.267; p < 0.01) (adjusted R = four factors, i.e., ‘Hedonic Hunger’, ‘Mental Distress’, ‘Binge
6, p < 0.01). Eating’, and ‘Demoralization’ explain the majority of diffi-
culties. The closest association with the amount of weight
regained was230 evident with respect to ‘Mental Distress’,
however, when controlling for age and follow-up time, ‘Binge
Eating’ was the most important predictor.
dge, this is the first study that quantitatively The patients evaluated in this study had reduced more
Figura 218 – Dinâmica da perda e recuperação de peso.
231
large group of individuals with
the rate of weight loss did n
regained. Additionally, even wh
as is more common with VLC
shown that this was correlated
nance (17-20). Therefore, the
support a gradual weight loss ap
prevention of weight regain.
232
para perda de peso que se queira permanente deve ser focada na conservação da
massa magra. Não só porque a massa magra gasta mais energia para manutenção,
o que na realidade tem pouco impacto já que estamos a falar de apenas 14 kcal/Kg,
mas porque parece fundamental para encontrar o novo ponto de equilíbrio num
peso corporal mais baixo.
Quanto mais massa gorda perdida, maior parece ser o ganho de peso após dieta
restritiva. Mais rápida é a recuperação (figura 222). E essa perda de massa magra
parece prever o aumento do aporte energético na fase de recuperação e o ganho
de massa gorda. Fenómeno que se define como fat-overshooting. Após perda de
peso parece existir uma resposta homeostática no sentido de recuperar a massa
magra perdida, que passa por um aumento do apetite compensatório. No entanto,
o ganho de massa gorda é mais rápido que de massa magra, e a larga percentagem
do peso recuperado acaba por ser gordura (figura 223). Isto é o que acontece por
exemplo com as dietas yo-yo.
Original Uma perda progressiva de massa magra que tende
Article
a ser compensada CLINICAL
com um TRIALS AND INVESTIGATIONS
ganho percentual maior de gordura quando o peso é
recuperado. more closely, which could improve successf
management. Regardless, VLCDs remain a
weight loss in the general population because
and produce quick weight loss results. In a
results, one study showed that an 8-week VLCD
did ofnot
Impact resultin in
changes significant
fat-free differences
mass on food intake in wei
AG year
Dullooweight
et al maintenance diet or after a subsequ
period (12). More recently Purcell et al. (5)
week VLCD) with gradual weight loss (36-wee
Table 1. Predictors of the total hyperphagic response (integrated
hyperphagia) in men refed ad libitum in the Minnesota Experiment resulted in similar total weight loss, on 2-yea
2
large group of individuals with obesity. The res
Independent variables r the rate of weight loss did not affect the p
Fat mass to be recovered (step 1) 0.32 regained. Additionally, even when the initial w
Prior energy intake deficit (step 2) 0.68 as is more common with VLCDs compared to
Fat-free mass to be recovered (step 3) 0.80
shown that this was correlated with improved
The results are obtained by stepwise regression analysis of integrated nance (17-20). Therefore, the current scientifi
hyperphagia vs the following independent variables: fat mass to be
recovered, fat-free mass to be recovered and prior energy intake deficit. support a gradual weight loss approach over rap
17
Adapted from Dulloo
Figura 222 – Recuperação doet al.
peso e variação da massa magra em prevention of weight regain.
Figuredieta.
4. Concept of ‘Collateral Fattening'. A deficit in F
not only in a lower energy expenditure (EE) and hence low
needs for weightweight
Diet-induced maintenance, but also
loss is often in the activa
accompanied b
feedback loop that drives energy intake (EIN) in an attempt
FFMvaries based
through the on the type
lean-to-fat of weightcharacteristic
partitioning loss interve(
individual.
(21) previously stated that a comparison of LC
clear evidence that the degree of caloric restric
However, this systematic review used studies
'preferential
weight loss catch-up
and fat'):
did this
not asymmetry
include studies in FM and FFM
in wh
having been observed in studies of recovery from exp
randomly assigned
semistarvation 16
or moretomoderate
a LCD caloric
or VLCD. Our st
restriction, 25
edge,weight
during the first to directly
recovery confirmvictims
in famine with aand randoin
recovering from disease
similar weight loss that cachexia
a VLCD andinduced
anorexiagreatner
26
Dulloo
pared for to aa review). It is to be noted
LCD. Nevertheless, the that a recent
clinical rele
Müller et al.27 did not show preferential catch-up f
remains to be established since the difference
refeeding after 3 weeks of caloric restriction, most
groupsthewas
because relatively
degree of fat small
depletion(0.6 over
kg) and did notw
this period
mild—only
in weight~regain 6% relative
between to groups.
baselineInterestingly,
‘habitual’ le
1
contrasts
not observewith the earlier studies
a difference in mentioned
FFM loss above, betwee
where the degree of fat depletion was greater than 10%
Figure 3 (A) Correlation between percentage fat-free mass loss (%FFML) during the weight loss groups in participants that lost 12
dietary intervention (DI) and weight regain (n 5 53), r 5 0.325, P 5 0.018. (B) Corre- values. It is therefore likely that some kind of ‘threshold’
Bioelectrical impedance was used to assess FF
lation between physical activity score (PA-score) during follow-up and weight regain depletion needs to be exceeded in order for the phen
(n 5 55), r 5 20.330, P 5 0.014. LCD, low-calorie diet; VLCD, very-low-calorie diet. preferential
while thecatch-uppresentfatstudyand fatusedovershooting
ADP (BodtoPod), occur
This misalignment
techniques might in the time-course
explain of FM and
this discrepancy. FF
Furth
ishment results in an increased drive to eat which persis
not significantly different between men and wo
16,23
Figura of223 –composition
Fat-overshooting. the point by which FM is restored, until comp
Figure 3.respectively).
P 5 0.642, Dynamics body
Furthermore, thechanges in men
PA-score participat-
after contrastAstosuch
follow-up recovery. a recent study fat thataccumulated
showed thatduring FFM
ing in all phases of the Minnesota Experiment. The data are plotted the excess
was significantly lower of
to show the pattern compared
changes intoenergy
after DI (Table
intake, body2) fatand
massthe other
(FM) phase
men of FFM
with restoration
overweight (fat
and overshooting)
obesity compared is a requi
to w
and points
fat-free (data
mass (FFM) during semistarvation and refeeding in the achieving complete recovery of FFM, thereby underlyi
two time not shown).
12 men who completed all phases of the Minnesota Experiment eralAfattening’
remarkable (Figure 4). The
finding wasre-analysis
that the of%FFMLdata collect
afte
(including the ad libitum phase of refeeding). All values are the Minnesota Experiment also provides evidence to su
expressed as percentages of corresponding values during the after thedieters
non-obese WL-period.
are more Heymsfield
at-risk foretfatal.overshoo
already
Effects controlof(pre-starvation)
weight cycling period. C12: end of 12 weeks of control can varywho
individuals witharethe amount
obese at the of start
energy intake rest
of dietary and
period; S12 and S24: end of 12 and 24 weeks of semistarvation
Number of weight
respectively; R12cycles
and R20:wasendsignificantly
of 12 weeks higher in women
of restricted refeedingcom- showing
of a diet an exponential
(23). These increase
phases can in the extentchanges
induce 20
of fat
pared and to 8men weeks (2.7 233
of6ad0.3libitum
vs. refeeding,
1.4 6 0.2, respectively.
respectively,
headed arrow indicates that at the time-point when body fat had
The Pdouble-
with
5 0.001). shown
decreasing pre-starvation % body
cle mass, but also in the hydration of FFM. reI
in Figure 5b provides proof-of-concept that n
afterare starting a VLCD it was
fat.
shown that than
This
the a
Number of weight cycles did not correlate with weight
been fully recovered (that is, 100% of control period value), FFM regain after dieters at greater risk for fat overshooting
follow-up (whole
recovery is stillgroup: Spearman’s
far from 5 0.026, P persisting
rhohyperphagia
complete, with 5 0.859).until was 0.4
dieters. This kgis of(24), which relevance
particular can account for of
in light 1.6-2.0
the
completion of FFM recovery. Adapted from Dulloo et al. 17
prevalence
glycogenof is dieting
storedamong
with normal-weight
three to four individuals
parts of w
weight cycling that occurs through
water losses may have occurred during weight l repeated dieting
which have the potential to provide a pathway to
É verdade que existe uma relação directa entre a massa magra de um indivíduo e
a seu gasto energético de repouso (REE). Trata-se do factor único que mais explica
a variabilidade na REE num estado isoenergético. Cerca de 70% da variância é
explicada pela massa muscular, valor que aumenta para 80% quando juntamos o
dispêndio dos órgãos vitais. Mas durante um período de restrição energética, a
perda de massa magra e massa gorda parece explicar cerca de 60% da
variabilidade na REE. O restante sobra para factores genéticos e para o fenómeno
que chamamos de termogénese adaptativa (AT). As variações no dispêndio
energético que não são previstas pela perda de massa magra e gorda, ou pela
actividade física. Dito de outra forma, a diferença entre a REE medida e a REE
estimada.
Figura
Figure 4. 224 – Taca metabólica e AT 6 anos após o final do concurso.
Individual ( ) and mean (gray rectangles) changes in resting metabolic rate (A), and
metabolic adaptation (B) at the end of the 30 week Biggest Loser weight loss competition
and after 6 years. Horizontal bars and corresponding p values indicate comparisons between
30 weeks and 6 years. * indicates p<0.001 compared to baseline.
234
Author M
Figura 225 – Minnesota Starvation Experiment.
Mas algo que me parece mais interessante nestes estudos é a grande variabilidade
interindividual na termogénese adaptativa à restrição energética. Por exemplo, no
estudo que citei de Doucet et al. (2001) foram medidas diferenças entre as -50 e -
650 kcal/dia após 8 semanas com um deficit diário de 500-700 kcal. Alguns
indivíduos podiam nem sequer estar em deficit calórico. E no mesmo sentido, na
amostra de participantes no The Biggest Loser verificou-se uma variância de 50%
em relação à AT média (-499 kcal/dia).
Hollstein et al. (2019) demonstraram que uma redução maior do que o esperado no
dispêndio energético em resposta ao jejum se associa ao ganho de peso, mesmo
em homens normoponderais (figura 227). Portanto, quanto maior a AT maior poderá
ser também a dificuldade em emagrecer ou o risco de recidiva, dependendo da
magnitude dessa adaptação.
Fasting EE predicts weight gain during overfeeding 7
A B
TABLE 3
en Changes in T 3 Concentration and Those
orine Concentration in Response to Weight
Figura 228 – Concentração
C de pesticidas organoclorados De PCBs após perda de peso, em indivíduos
nascidos antes (círculos preenchidos) ou depois de 1976 (círculos abertos).
r r adjusted for body weight loss
–0.43
Existe–0.35correlação entre a variação da concentração sérica de compostos
–0.54* organoclorados
–0.44 e PCBs e RMR (figura 229). Quanto maiores os níveis, maior a
–0.33 –0.22
–0.51* depressão
–0.46 no metabolismo de repouso e a termogénese adaptativa. Um fenómeno
–0.32 que se pensa associado ao efeito que estes compostos exercem na conversão da
–0.30
–0.29 –0.27
–0.48 T4 em–0.47
T3, inibindo a actividade das deiodinases. E de facto, entre os indivíduos que
–0.50*
–0.56*
revelam
–0.44uma elevada AT, uma redução acentuada dos níveis de T parece ser um
–0.53*
3
–0.64** aspecto caracterizante (figura 230). E resultante, entre outros factores que veremos,
–0.61*
Figure 3 Percent change in POPs per 10 kg of weight lost for the pre-1976 (closed circles) and post-1976 (open circles) groups. POPs are arranged in order of lowest to highest
POP change in serum level with weight loss in the post-1976 group. (A) The percent change in PCB, (B) percent change in OCP, (C) percent change in PBDE, and (D) percent
change in PFC. Asterisks represents P for difference comparing pre-1976 versus post-1976: *P < 0.05, P < 0.001.
–0.67** –0.61*
–0.42
de uma–0.37
possível toxicidade xenobiótica.
–0.46 –0.39 levels at baseline in individuals with obesity compared with individuals substantially higher than the mean NHANES levels (data not shown),
–0.10 –0.10 who are lean may be explained by body dilution because of a higher fat while the calculated OCP and PBDE levels would be similar to those
content (47). Changes in POPs were shown to be inversely associated of NHANES (data not shown). Also, the pathophysiological effects of a
–0.54* –0.52* with changes in weight (48). Weight loss is responsible for increasing rapid increase in POP levels in the serum may not have the same effects
–0.42 –0.40 POP serum concentrations because of the reduction in storage capacity on end organs as a slow rise. In addition, no “safe” levels for these POPs
in the adipose tissue compartment and the release of POPs into blood. have been determined; the risk of increasing serum levels and organ
–0.25 –0.23
After significant weight loss, when going from having morbid obesity exposure remains to be determined.
(Class 3 obesity) to simple obesity (Class 1 obesity), serum levels of
individuals with obesity were shown to increase to levels greater than There are several unique strengths of this current work. One is that longi-
those of lean individuals (47). In our participants, even after a signif- tudinal measurements of POP concentrations were obtained, both prior
icant amount of weight loss, the majority of the POP concentrations to surgery and for a substantial period of time after surgery (6 months),
remained within the range of the most recently released NHANES when most of the weight loss occurs. Furthermore, multiple POPs were
values (2003-2004). However, several issues remain. First, while there measured. Because exposure to POPs is never from a single agent,
was a ~ 25% weight loss, the individuals continued, on average, to have focusing on an individual POP may be misleading. Health outcomes
morbid obesity. If these people continued to lose weight and reached a likely reflect the mixture of multiple POPs. Thus, a more robust analysis
s, the correlations remaining significant for normal body habitus of BMI 25, we calculated that their mean group examining multiple POPs at the same time as we did may become neces-
values for the vast majority of their PCB and PFC levels would be sary to ascribe causality. Another strength of our study was the use of the
nd 170 (Table 3).
nochlorines were also correlated with the
The negative correlations obtained www.obesityjournal.org
were Obesity | VOLUME 27 | NUMBER 11 | NOVEMBER 2019 1871
Baseline (T0) After weight loss (T1) DT12 T0 Baseline (T0) After weight loss (T1) DT12 T0
238
tem mecanismos próprios de “limpeza”. Se eu reduzo a exposição à toxina, a
tendência será a sua eliminação do organismo.
No que toca à perda de peso, mais uma vez o grau de evidência é do tipo
homeopático. Todos sabemos que existe, mas ninguém o vê. Óbvio que qualquer
estratégia que passe por restrição calórica severa vai levar a perda de peso. Não
são toxinas. É gordura mesmo! E com a restrição proteica associada à maior parte
dos programas, é de esperar que muito desse peso seja músculo. Dificilmente
podemos encontrar algo de positivo aqui. E os efeitos secundários descritos, como
cansaço, dores de cabeça, náuseas, insónia, ou ansiedade não são consequência
das impurezas a deixar corpo como o diabo após exorcismo. É mesmo o deficit
energético, acumulação ectópica de xenobióticos lipossolúveis em órgãos como o
cérebro, e a sobrecarga hepática que a libertação das toxinas presentes no tecido
adiposo provoca à medida que vamos perdendo peso. O problema é que os
processos de detoxificação são dependentes de energia. Ora, em restrição calórica
não se espera que o fígado seja particularmente eficiente no processo certo.
Portanto, as dietas detox que passam por restrição severa podem até apresentar
alguns “riscos”. Sabe-se que a perda de peso está associada à libertação de
substâncias lipofílicas como vimos, e a um esforço acrescido do fígado na sua
metabolização. Isto já foi verificado em Humanos e em modelos animais, onde se
observou uma acumulação ectópica de toxinas no cérebro e rins após perda de
peso e dietas “yo-yo”. Em deficit energético os mecanismos de detoxificação
hepáticos poderão estar comprometidos o que só piora a situação. Ninguém faz
mais detoxificação em jejum. Apenas se expõe menos à porcaria que habitualmente
costuma comer, o que não é mau de todo. Mas há outras formas de o fazer. Tipo
comer menos lixo e escolher bem os nossos venenos. Mas livrar o corpo do mal
deverá passar por sacrifício, fundamentado essencialmente em crença e muito
pouco em ciência. Mal não fará certamente limitar a exposição, mas não se acredite
que uma “penitência nutricional” nos vai purificar o corpo dos males da vida
Moderna.
239
O set-point
240
Figura 233 – Variação da RMR em overfeeding e underfeeding.
241
Review Obesity
OBESITY BIOLOGY AND INTEGRATED PHYSIOLOGY
energy balance in which energy intake is almost equal to EE, it also to macronutrient-unbalanced diets (46,47). In fact, overfeeding diets
represents an average 10% of 24-hour EE (42), with a broad interindivid- with a low protein (<10%) content have been shown to most effectively
ual variability ranging from 1% to 20% (35). However, the extent of the uncover the individual propensity to weight gain (2,46,48), presumably
increase in 24-hour EE during overfeeding depends on the total caloric because of the energy required to maintain lean body mass (49,50).
content (43,44) and on the macronutrient composition (35) of the diet, In a pilot study aimed at investigating how the metabolic responses to
ranging from an approximately 3% increase in the case of a low-protein, short-term (i.e., 48 hours) overfeeding and fasting relate to one another
high-fat diet to 14% with a high-carbohydrate, normal-protein overfeed- in individuals, it was confirmed that humans have the ability to respond
ing diet (45), with both overfeeding diets representing twice the daily to overfeeding and fasting with an increase and decrease in EE, respec-
energy needs. Despite limited increases in 24-hour EE (average increase tively, and that these adaptive changes to the perturbation of energy
~10%) in response to extreme changes in energy intake during this over- balance vary considerably among individuals (51). More importantly,
feeding diet (= 200% of eucaloric needs), the EE response to 24 hours of this study also revealed that individuals with the greatest increase in
Spendthrift
Overfeeding
Thrifty
Fasting
Change in EE (%)
EE (%)
0 100
Time
100
Thrifty
Spendthrift
Body weight (%)
Body weight (%)
Thrifty
Spendthrift
100
Time
243
they become lean.
This story, as it emerged in 1994 and soon after, is now recognized to be an
oversimplification. Leptin is produced in small amounts by other tissues including the
stomach and placenta, and leptin receptors are found in many tissues. When leptin is
injected into animals, there is an increase in glucose metabolism, probably implying
Energy intake
Expanded adipose
tissue mass Energy expenditure
High leptin
secretion
Energy intake
Reduced adipose
tissue mass
Low leptin
secretion Energy expenditure
A perda de peso e uma dieta hipocalórica levam à redução dos níveis de leptina.
Isso é um facto incontornável. E também o exercício intenso tem o mesmo efeito,
bastando 3 meses de treino aeróbio, com 4 sessões semanais de 45 min, para que
a leptina baixe cerca de 15% nas mulheres. Sexo que experiencia variações mais
precoces em resposta ao deficit calórico e perda de massa gorda, pois também a
produção nas mulheres é superior à dos homens. Não só porque por norma
apresentam um percentual de massa gorda superior, mas também porque os
estrogénios estimulam a produção de leptina no tecido adiposo.
Apesar de qualquer dieta restritiva levar com o tempo a uma redução da leptina,
quando essa restrição passa pelos hidratos de carbono o impacto parece superior.
Por exemplo, numa dieta cetogénica sem deficit calórico a leptina pode baixar cerca
de 30% em mulheres adultas pré-menopausa. Bastam 6 dias em regime
hipocalórico para que a leptina reduza 25% numa dieta low-carb comparativamente
a uma alta em hidratos de carbono (30% vs 70%). E os hidratos de carbono são
efectivamente o nutriente com mais impacto nos níveis de leptina. Comparando
duas refeições teste isocalóricas, uma rica em hidratos de carbono e outra rica em
gordura, vemos que só a rica em hidratos de carbono vai aumentar os níveis de
leptina quer em homens quer em mulheres. A refeição hiperlipídica não tem
qualquer efeito (figura 238).
244
Figura 238 – Variação da leptina em resposta à ingestão de hidratos de carbono ou gordura.
245
As principais acções das hormonas tiroideias foram já descritas no capítulo 4. E se
os níveis de T3 baixam em deficit calórico, é natural que alguns sintomas comuns
ao hipotiroidismo se possam manifestar de uma forma ligeira. Nomeadamente a
redução do dispêndio energético, maior sensibilidade ao frio, bradicardia, unhas e
cabelo fraco, entre outros. Mas reforço que não se trata de um hipotiroidismo de
relevância clínica, mas sim de um estado eutiroideu em que o estímulo à produção
e conversão das hormonas tiroideias está inibido. Não se trata com medicação.
Mas o eixo hormonal mais afectado pela redução dos níveis globais de leptina é
sem dúvida o sistema hipotálamo-pituitária-gónadas (HPG). Os neurónios
kisspeptin são sensíveis à leptina, e vão estimular a produção de GnRH a nível do
hipotálamo (figura 240). Quando a leptina baixa, o pulso de GnRH perde intensidade
e frequência, reduzido a produção de LH e o rácio LH/FSH. Em consequência
verifica-se uma diminuição da produção de hormonas sexuais nas gónadas, com
maior impacto nos níveis de testosterona nos homens, e de estradiol e progesterona
nas mulheres.
Faz todo o sentido de um ponto de vista evolutivo que a função reprodutora seja um
dos primeiros sistemas a sofrer o impacto fisiológico da privação energética. Não é
essencial à sobrevivência, e em deficit há obviamente benefícios em reservar
energia para funções vitais. Além disso a fome é um sinal ambiental de escassez,
de um Meio hostil para a progenia em que o alimento seria escasso. A reprodução
pode aguardar por melhores dias. O importante é sobreviver.
246
Num homem, a redução dos níveis de testosterona é um dos primeiros sinais que
se verificam com o prolongamento da restrição energética. E que explica alguns dos
sintomas experienciados, como a letargia, fadiga, dificuldade de concentração,
distúrbios de sono e redução da libido. Seriam expectáveis algumas alterações num
painel bioquímico que poderão ajudar a identificar o impacto de uma dieta restritiva
drástica, nomeadamente:
Cortisol
247
Além da leptina, o cortisol também contribui para a resposta homeostática do
organismo à privação alimentar. Estimula a neoglucogénese como vimos, mas
também aumenta o apetite no sentido de condicionar o comportamento para a
ingestão alimentar. Em particular por alimentos de elevado poder hedónico e de
reforço, ricos em açúcar, hidratos de carbono de rápida assimilação, gordura
saturada e sal. Além de aumentar a actividade dos neurónios NPY/AgRP,
orexígenos por natureza, leva a desequilíbrios de neurotransmissores que se
verificam em restrição severa. Uma redução da actividade da serotonina e dos
níveis de dopamina, com impacto no comportamento alimentar, humor, capacidade
de atenção, e motivação em geral.
248
Estratégias para atenuar a termogénese adaptativa
Algumas pessoas defendem que a introdução de uma refeição livre por semana, ou
com outra periodicidade definida, pode ter um impacto positivo no metabolismo. Um
aumento da leptina, tónus simpático e níveis de T3 (figura 241). A cheat meal é uma
prática comum entre os entusiastas do fitness, mas não só. Um estudo com uma
amostra de jovens adultos fala-nos de uma prevalência superior a 85% quando a
definimos como a ingestão premeditada de algum alimento fora da dieta
programada. E apesar de encontrarmos nessas refeições aspectos que se
associam ao diagnóstico de binge eating, o stress psicológico não parece estar
presente pela percepção de um maior controlo do comportamento, e não uma
cedência ao impulso. No entanto encontramos muitas vezes rituais compensatórios
característicos dos distúrbios alimentares, como aumento da actividade física no dia
seguinte ou maior restrição calórica.
249
Uma análise às imagens no Instagram com a hashtag #cheatmeal estima um aporte
energético até 9000 kcal numa única refeição. Os homens têm a capacidade de
ingerir o dobro das calorias necessárias para se sentirem saciados quando esse é
o objectivo (figura 242). Trata-se de um comportamento muito partilhado em perfis
que expõem corpos “fit”, e que as associam à existência de benefícios para a
composição corporal. A verdade é que não existe qualquer evidência de que a cheat
meal possa ter algum impacto a esse Accepted manuscript
nível. As adaptações hormonais que se
associam à restrição energética parecem necessitar de mais tempo a reverter, e
FIGURE
não encontramos LEGENDS indícios de um efeito para períodos inferiores a 48 h
na literatura
de excedente energético após 3 dias de jejum. A maior parte dos estudos sugerem
a necessidade de períodos entre 7-14 dias até vários meses, dependendo do grau
e tempo em deficit energético.
É também importante
Figure 1. A)entender
Mean, 95% queconfidence
o ganhointerval,
de peso andassociado a curtos
individual energy períodos
intake achieved
excedendáriosduring
por norma não se trata de gordura corpora, mas sim água. Retenção
an ad libitum and maximal eating occasion (condition effect p < 0.01).
hídrica essa causada pela maior exposição à insulina e menor excreção de sódio,
Macronutrient contribution to energy intake is displayed. CHO = carbohydrate, PRO =
aumento das reservas de glicogénio, e um maior aporte de sódio que muitas vezes
protein.
acompanha estas B) Individual
refeições eating
livres. rate3towards
Após cessation of
dias seguidos eating
com umduring an ad libitum
excedente and
de 1500
kcal, o ganho maximal
de peso eating
ao occasion.
fim desse período parece efectivamente ser água (figura
250
243). E como vimos anteriormente, em alguns indivíduos esse excesso tende a ser
compensado 3 a 4 dias depois com uma redução espontânea no aporte calórico. E
em overfeeding, parte da energia em excesso é dissipada. Após 9 dias com um
consumo energético de 160% das necessidades de manutenção, cerca de 25% do
excedente parece ser dissipado como calor. E apenas cerca de 60% reservada
como gordura.
Figura 243 – Variação no peso após 3 dias com um excedente calórico de 1500 kcal/dia.
251
Comparando uma dieta de restrição contínua com um regime cíclico de 11 dias de
restrição e 4 dias livres, a redução da RMR parece menor com períodos
programados de alívio (figura 245). Mesmo quando a restrição é mais severa. No
entanto, convém salientar que se trata de uma diferença de -40 kcal ao fim de 6
semanas, o que dificilmente poderemos considerar relevante para explicar uma
diferença na perda de peso.
252
produção de gonadotropinas a nível hipofisário. A amenorreia hipotalâmica
funcional é a forma mais comum de amenorreia secundária, atingindo cerca de 2%
das mulheres e 30% das atletas. Deriva de uma redução do estímulo tónico que a
leptina exerce na produção de GnRH, e aumento da CRH, cortisol e NPY (figura
246). Alterações que já sabemos ocorrer em condições de privação energética
crónica. A LH e FSH baixam, e a produção de estradiol e progesterona também em
consequência. Não se atinge o limiar necessário ao estímulo da ovolução, e o
endométrio não prolifera, nem espessa e vasculariza.
Um deficit calórico durante um período tão curto como 3 ciclos é suficiente para
induzir alterações significativas na produção de gonadotropinas e função
reprodutora. Sujeitar mulheres jovens normoponderais a uma restrição ligeira
durante esse período, de 33,4 kcal/Kg de massa magra para 26,3 kcal/Kg, parece
reduzir a frequência do pulso de LH de 0,82 pulsos/h para 0,63 pulsos/h (figura 247).
253
Figure 1
t
ip
cr
us
an
Figura 247 – Variação do pulso de LH após perda de peso.
19
254
Apesar de ser estabelecido um nível de “gordura funcional” na mulher, o limiar para
a amenorreia pode variar imenso. E a composição corporal não é o único factor a
ter em conta, já que o stress físico e emocional pode igualmente levar à inibição dos
neurónios GnRH, e todas as complicações que daí advêm. O que geralmente
encontramos é uma conjugação de factores em mulheres sujeitas a privação
calórica, exercício intenso, e stress psicológico. Uma carga alostática elevada e
multifactorial. Nestes casos a amenorreia pode manifestar-se em níveis mais altos
de massa gorda e perfeitamente dentro da normalidade.
Figura 249 – Variação na composição corporal e hormonal em atletas fitness feminino na preparação e
após uma prova.
255
Desde 2002 que o Comité Olímpico Internacional reconhece a existência de uma
síndrome associado à baixa disponibilidade energética – RED-S (Relative Energy
Deficiency in Sports). Os sintomas passam por uma quebra na performance,
aumento do risco de lesão, menor coordenação motora, falta de concentração,
irritabilidade, depressão, entre outros. E nas mulheres, o RED-S leva precocemente
à chamada Tríade da Mulher Atleta (figura 250), em que a carência energética
crónica leva à amenorreia hipotalâmica funcional e a uma redução da densidade
mineral óssea.
256
Não são poucas as mulheres que se encontram sem menstruação há vários anos.
Na verdade, são elas próprias o principal entrave à recuperação pelo receio de
engordar ao fazer o que é preciso para restaurar a função reprodutora. Quando
essas estratégias falham, é recomendável a terapêutica com anticoncepcionais
combinados de forma a amenizar o impacto do deficit estrogénico, antes de uma
nova tentativa de recuperação do eixo hormonal. E antes disso a tentativa de
indução artificial de menstruação com progesterona, à qual nem todas as mulheres
respondem. Em casos refractários o estradiol deve ser combinado na terapêutica.
Mas obviamente que, antes ou independentemente da via farmacológica, a causa
dessa disfunção deve ser tratada.
257
Mesmo em mulheres sedentárias não é abusivo assumir que a disponibilidade
energética em dieta se deverá manter >30 kcal/dia/Kg de massa magra, mesmo
que o gasto em exercício estruturado seja nulo. Isto para reduzir o risco de um
impacto negativo no eixo hormonal. Mas para reverter uma amenorreia já
estabelecida, a disponibilidade energética terá de ser aumentada em muitos casos
para 35-40 kcal/dia/Kg, por vezes mais.
Uma das interrogações que mais perturba a mente destas mulheres é se vão ter de
engordar para recuperar a menstruação. Depende. A amenorreia hipotalâmica
funcional nem sempre vem associada a um peso e massa gorda baixas, embora
seja de facto frequente essa relação. Não existe um valor de corte rígido para
variáveis ponderais e composição corporal. Os 13% de MG como mínimo para
manutenção da fisiologia feminina são arbitrários, embora sejam raros os casos de
mulheres que recuperam a menstruação abaixo desse valor. Mas algumas
mulheres mantêm a menstruação sem pílula com percentuais na ordem dos 13%.
258
40
28.8.2020 49,9 1,64 18,55 14,30 22,9 38,5 1201,015
23.10.2020 52,1 1,64 19,37 15,03 22,4 40,4 1243,279 Peso
30 *Fonte: Human energy requirements:
%MG
Energy Requirement of Adults". Report of
a Joint FAO/WHO/UNU Expert
M. Magra
20 Consultation. Food and Agriculture
Organization of the United Nations. 2004
10
0
25.5.2020
25.6.2020
28.8.2020
23.10.2020
Perímetros (cm) 80
Pregas adiposas subcutâneas (mm)
Cintura/ Coxa Coxa 70
Data Cintura Abdomen
Supra- Anca
Sub- Braco
Data Abdominal anca
Axilar Peitoral medial
Tricipital proximal
Bicipital Crural Patelar Soma 3 sf %MG 3 sf Soma 7 sf %MG 7sf
25.5.2020 64 ilíaca
63 escapular
87 0,74 22 49 46,5 60
01/09/20 7 7 7 4 4 9 13,5 23 13,00 51,5 12,42
25.6.2020 n/a 64,2 n/a #VALOR! n/a n/a n/a
06/10/20 6 9 9 4 4 7,5 5014 22,5 12,82 53,5 12,78
28.8.2020 n/a 67,4 n/a #VALOR! n/a n/a n/a
09/12/20 9 10 8 5,5 5 9 14,5 28 14,80 61 14,10
23.10.2020 n/a 67,1 n/a #VALOR! n/a n/a n/a 40 P Cintura
P Abdominal
30
20
10
0
25.5.2020
25.6.2020
28.8.2020
23.10.2020
O racio cintura/anca é considerado um preditor de doença e mortalidade mais robusto do que o IMC ou o perímetro de cintura, reflexo de uma maior
Figura
acumulação de gordura na zona 252 – Variação
abdominal. da composição
Os valores ideais variam com a idadecorporal até
e, para mulher, sãoprimeira
os seguintes:menstruação.
20-29 <0,77; 30-39 <0,78, 40-49 <0,79, 50-
Valores de referência para %
Metas teóricas iniciais: Observações:
59 <0,81, +60 <0,83.
gordura coporal
Mobilização Perda Perda Déficit
MG Total
de MG dária máxima mínima calórico Pregas adiposas subcutâneas (mm) Descrição Homem Mulher
(Kg):
(g): mensal (Kg): mensal: máximo:
Supra- Sub-
Data
6,2622 Abdominal
48,2 1,4 0,3 Axilar
434 Peitoral Tricipital Bicipital Crural Patelar Soma 3 sf Mínimo
%MG 3 sf Soma
2-5 %7 sf %MG 7sf
10-13%
ilíaca escapular
25.5.2020 6,8 6,4 7 4,2 4,8 11,2 3,6 22 24,4 Atletas
13,51 6-13 %
62,4 14-20 %
14,57
25.6.2020
Deficit 7 10,5 7 5 5 12 n/a 24 29,5 Fitness
15,32 70,5
14-17% 15,97
21-24 %
28.8.2020
calórico 7 14 7,2 5 5 13 n/a 25 34 16,87
Normal 76,2%
18-24 16,94
25-31 %
23.10.2020
mínimo: 8 17 8 6 5 14 n/a 30 39 18,54
Obeso >2588% 18,91
>32 %
87
Valores de referência do
American Council on Exercise
composição
9,8455 75,8
corporal.
2,3 0,5
A cessação
682
total de actividade física não éMínimo
necessária,
Atletas
2-5 %
6-13 %
e por
10-13%
14-20 %
vezes até nefasta pelo stress psicológico que induz em mulheresNormal
Deficit
calórico
compulsivamente
Fitness 14-17%
18-24 %
21-24 %
25-31 %
activas.
mínimo:
136
Mas o volume de treino, e tipo de estímulo, terão de ser ajustados à
Obeso >25 % >32 %
www.metaclinic.pt
satisfaça as necessidades reais.
meses de tratamento. Em alguns casos será necessário mais tempo, por vezes até
2 anos. O principal entrave é mesmo a resistência da paciente ao protocolo, mas
quando isso é assegurado a taxa de sucesso é elevadíssima. Considera-se
reversão quando se verificam pelo menos 3 ciclos menstruais seguidos, com um
período de até 32 dias. É normal que ao início os períodos sejam ainda irregulares,
e que antes da menstruação possam ocorrer sintomas como dor abdominal e
edema. Um sinal precoce de que o tratamento está a ir no bom sentido.
O nosso metabolismo fica "mais lento" à medida que envelhecemos e é mais difícil
perder peso? Afirmação comum de ouvir para justificar a deterioração da
composição corporal com a idade que alguns experienciam comparando-se
aquando mais jovens. Mas será mesmo assim? Esse fenómeno deve-se mesmo a
um metabolismo envelhecido? Sim e não. De facto há uma tendência para redução
259
da taxa metabólica basal (BMR) à medida que envelhecemos, quando esta é
avaliada de forma transversal. Ou seja, quando analiso um grupo de pessoas de
diferentes idades e avalio discretamente a BMR. Verifica-se uma tendência
decrescente com o avançar da idade. No entanto, essa diminuição é explicada por
2 factores: 1) de maior relevo, a degeneração e perda de massa muscular, e 2)
redução do volume cerebral. Relativamente a este último, sabemos que há uma
diminuição ligeira da massa encefálica de 10-15% em média, entre os 40 e os 80
anos. O cérebro representa uma pequena fração da massa corporal, mas uma fatia
significativa da BMR total. Mas mesmo assim a perda de volume cerebral explica
até menos 30 kcal por dia, com um impacto residual como certamente perceberão.
A tendência para perda de massa muscular com o avançar dos anos tende a ser
bem mais significativa para a quebra na BMR. Que na verdade pode ser evitada ou
pelo menos atenuada com a prática de actividade física e um aporte proteico
adequado. Não é uma mera consequência biológica, mas sim o acumular de anos
a maltratar o corpo e de uma vida sedentária.
260
À medida que envelhecemos somos mais resistentes em mudar nossos hábitos e
isso tem certamente mais impacto na perda de peso do que a suposta "lentificação
metabólica" que não se parece verificar na idade adulta quando a massa magra se
mantém constante. Por experiência e por evidência, a idade não condiciona o
sucesso de um programa multidisciplinar de emagrecimento quando a adesão é
assegurada. Adesão essa a um deficit energético efectivo e não meramente
intuitivo. Esse sim é o aspecto crítico a ter em conta. Não dá para cumprir assim
assim como talvez tenha funcionado antes. Ou os resultados estarão ao mesmo
nível.
Sabendo nós que a perda de peso obedece às leis da termodinâmica, será que
podemos prever quanto se perderá com X deficit energético durante Y tempo?
Infelizmente mesmo no ensino superior é-nos ensinado que sim com base num
modelo linear teórico. A densidade energética do tecido adiposo é cerca de 7500
kcal/Kg, e do músculo 1800 kcal/Kg. E assumindo abusivamente que todo o peso
perdido deriva de gordura, temos que um deficit de 500 kcal durante um ano fará
perder 25 Kg (figura 255):
Mas o modelo linear assume pressupostos que nós já sabemos serem falsos. Que
não existe termogénese adaptativa, mesmo que modesta, e que não se verificam
perdas de massa magra no processo. Na verdade, numa primeira fase de restrição
calórica acentuada, que durará até cerca de 1 mês, em média apenas 34% do peso
perdido é gordura /figura 256). A maior fatia trata-se de água corporal devido à
redução da exposição à insulina. E sem implementação de exercício físico,
posteriormente a proporção aumenta para 60%. Cerca de 40% é ainda água e
massa muscular, ambos constituintes do compartimento massa magra. E assim
sendo, o modelo linear não se ajusta à realidade de um processo de perda de peso.
261
Figura 256 – Variação do peso em dieta hipocalórica.
Por isso foram desenvolvidos modelos complexos dinâmicos com base na evolução
real do peso durante uma intervenção. Por exemplo, o de Hall K et al. do NIDDK
(National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases) que pode ser
simulado online por se tratar de um algoritmo complexo. O modelo de Hall K parece
prever com um bom grau de certeza a dinâmica da perda de peso em indivíduos
moderadamente activos. Tendo em consideração as variações normais dos tecidos
metabolicamente activos, consoante o volume de exercício e NEAT estimado (figura
257 e 258).
262
Figura 258 - Modelo dinãmico de Hall K.
Podemos então simular um deficit fixo de 500 kcal/dia num individuo com peso
inicial de 100 Kg (figura 259). O modelo diz-nos que seria atingido um plateau nos
75 Kg ao fim de 4 anos, e que 95% do peso seria perdido nos primeiros 3 anos.
Esse plateau é originado pela redução do dispêndio energético associado à perda
de tecidos metabolicamente activos, músculo e tecido adiposo, redução do custo
metabólico da actividade física pelo menor peso, e termogénese adaptativa em
menor extensão.
263
Figura 260 – Simulação da perda de peso com deficit calórico identico em dois indivíduos.
Já Forbes em 1987 tinha verificado uma função não linear entre a fracção de peso
perdida que deriva da massa magra e a gordura total. Quanto maior a massa gorda
absoluta, menores as perdas de massa muscular para o mesmo deficit calórico. O
p-ratio define precisamente a proporção de massa magra perdida em relação ao
peso total. E como podemos observar (figura 261), quando maior a massa gorda
inicial, menor a perda de massa muscular para uma mesma variação de peso. E
em analogia, quanto menor a massa gorda inicial, maior a proporção de massa
magra perdida.
Figura 261 – Relação entre a perda de massa magra e gordura corporal inicial.
264
em absoluto. Um indivíduo de 90 Kg com 25% de massa gorda pode no limite
transferir 1560 kcal do tecido adiposo para o músculo. Mas um outro de 75 Kg e
15% de massa gorda apenas 780 kcal por dia. O que no limite nos diz que no
primeiro caso poderá haver uma perda de até 5,1 Kg de massa gorda por mês (~170
g/dia), e no segundo caso apenas 2,6 Kg num mês.
Successful participants
A Mean weight change over 12 months in the severe
were those who achieved at least 12·5% weight loss from baseline to end of phase 1.
B Weight change at 12 months as percentage from baseline for each participant
and moderate intervention
95
*p=0·009. †p=0·0001.10
90
a
a a between-group difference Articles 0
in mean weight regain
Weight Change, %
a,b
85 a,b a –10 more than 5 kg with a power of 0·9 and significa
Weight, kg
a a
80 –20
level of 0·05.
a,b
We did analyses of bodyweight on two datasets: one
75 a,b a,b –30
completers only, and one Severe for intention to treat, in wh
Moderate
70 –40
missing data from participants who discontinued
0 1 4 6 12 Participants
Time, mo study were replaced with baseline measures.
Figura 264 – Perda de peso num regime
A, Weight data presented as estimated marginal means, ie, group means after controlling
compared severosuccess
ou moderado.
P < .001 vs baseline value within group.
rates between groups on the basis
a
95% CI each participantAin the severe and moderate groups. The dotted line indicates 10%
for covariates. B, Weight change at 12 months as percentage change from baseline for P intervals calculated
< .05 vs the moderate group at that point.with the Yates’ continuity correcti
b
B
n 13·3% weight loss. For both panels, the severe intervention included 50 participants and the
80 60 Rapid
moderate intervention, 51.
Change in ghrelin concentration (%)
ignificant
Change in leptin concentration (%)
4 Gradual
www.thelancet.com/diabetes-endocrinology Publ
60
JAMA Network Open. 2019;2(10):e1913733. doi:10.1001/jamanetworkopen.2019.13733 (Reprinted)50
ntrations October 30, 2019 8/19
40
he most 40
20
Downloaded From: https://jamanetwork.com/ on 10/30/2019 30
exercise 0
tly more 20
–20
s than in –40 10
rticipants
–60 0
eight loss
0 48 144 0 48 144
s gradual Weight Weeks since weight loss phase Weight Weeks since weight loss phase
difference loss phase loss phase
orded no Figura 265 – Variação da leptina e grelina.
Figure 5: Mean change from baseline (% change, 95% CI) at end of phase 1, and weeks 48 and 144 of phase 2
between for (A) fasting leptin concentration (n=55 in rapid weight loss and n=34 in gradual weight loss group) and
rticipants (B) fasting total
Ligeiros ghrelinenergéticos
deficits concentration (n=34
não in rapid
são weight loss
eficazes noandtratamento
n=24 in gradual
daweight loss group)Em
obesidade.
(table 2), primeiro lugar pela dificuldade em manter a motivação com perdas de peso
ipants in modestas, mas também porque existe uma grande margem de erro na estimativa
shown). do dispêndio energético
n e do
Change aporte. Em clínica
in leptin existem limitações derivadas do
p value*
nificantly concentration from baseline
(95% CI)
The only –50 to ≤25% 15 –26·6% (–56·0 to –17·9)
266 0·003
s between >25 to ≤50% 11 8·1% (–13·0 to 34·4) 0·32
rticipants >50 to ≤75% 23 –0·6% (–4·4 to 26·5) 0·23
erro da avaliação da composição corporal, estimativa do dispêndio basal, e da
actividade física diária. Faltam também métodos fidedignos para monitorizar o
aporte energético em ambulatório. Questionários de frequência alimentar e diários
são extremamente falíveis e tendem a subestimar o que é realmente ingerido.
Estamos a trabalhar dentro de uma margem de erro enorme. Apesar da variação
mínima no balanço energético que permite alterações no peso corporal estar
estimada em 150 kcal/dia, um deficit de 300 ou 400 kcal/dia cai facilmente na faixa
da termogénese adaptativa e erro na aferição do aporte e dispêndio. Facilmente
saímos de um contexto teórico deficitário para uma dieta isocalórica de
manutenção.
267
severa as necessidades proteicas para um balanço azotado nulo são superiores,
pelo que o aporte deverá manter-se num mínimo de 1,4 g/Kg. E, muito importante,
implementar a prática de treino resistido para que a preservação de massa muscular
possa ser maximizada.
Referências
Aga, M. et al. Preventive effect of Coriandrum sativum (Chinese parsley) on localized lead deposition in
ICR mice. J Ethnopharmacol 77, 203–208 (2001).
Ahima, R. S. No Kiss1ng by leptin during puberty? J Clin Invest 121, 34–36 (2011).
Ainslie, D. et al. Estrogen deficiency causes central leptin insensitivity and increased hypothalamic
neuropeptide Y. Int J Obesity 25, 1680–1688 (2001).
Alpert, S. S. A limit on the energy transfer rate from the human fat store in hypophagia. J Theor Biol 233,
1–13 (2005).
Anderson, J. W., Konz, E. C., Frederich, R. C. & Wood, C. L. Long-term weight-loss maintenance: a meta-
analysis of US studies. Am J Clin Nutrition 74, 579–584 (2001).
Arends, J. C., Cheung, M.-Y. C., Barrack, M. T. & Nattiv, A. Restoration of Menses With
Nonpharmacologic Therapy in College Athletes With Menstrual Disturbances: A 5-Year Retrospective
Study. Int J Sport Nutr Exe 22, 98–108 (2012).
Baylor, L. & Hackney, A. Resting thyroid and leptin hormone changes in women following intense,
prolonged exercise training. Eur J Appl Physiol 88, 480–484 (2003).
Beermann, B. L., Lee, D. G., Almstedt, H. C. & McCormack, W. P. Nutritional Intake and Energy
Availability of Collegiate Distance Runners. J Am Coll Nutr 39, 1–9 (2020).
Bosy-Westphal, A. et al. Contribution of individual organ mass loss to weight loss–associated decline in
resting energy expenditure. Am J Clin Nutrition 90, 993–1001 (2009).
Bray, G. A., Flatt, J.-P., Volaufova, J., DeLany, J. P. & Champagne, C. M. Corrective responses in human
food intake identified from an analysis of 7-d food-intake records. Am J Clin Nutrition 88, 1504–1510
(2008).
Brown, R. H., Ng, D. K., Steele, K., Schweitzer, M. & Groopman, J. D. Mobilization of Environmental
Toxicants Following Bariatric Surgery. Obesity 27, 1865–1873 (2019).
Byrne, N. M., Sainsbury, A., King, N. A., Hills, A. P. & Wood, R. E. Intermittent energy restriction improves
weight loss efficiency in obese men: the MATADOR study. Int J Obesity 42, 129–138 (2018).
268
Cavagnini, F., Croci, M., Putignano, P., Petroni, M. & Invitti, C. Glucocorticoids and neuroendocrine
function. Int J Obesity 24, S77–S79 (2000).
Cialdella-Kam, L., Guebels, C. P., Maddalozzo, G. F. & Manore, M. M. Dietary Intervention Restored
Menses in Female Athletes with Exercise-Associated Menstrual Dysfunction with Limited Impact on Bone
and Muscle Health. Nutrients 6, 3018–3039 (2014).
Davoodi, S. H. et al. Calorie shifting diet versus calorie restriction diet: a comparative clinical trial study.
Int J Prev Medicine 5, 447–56 (2014).
Donovan, M. H. & Tecott, L. H. Serotonin and the regulation of mammalian energy balance. Front
Neurosci-switz 7, 36 (2013).
Doucet, E. et al. Evidence for the existence of adaptive thermogenesis during weight loss. Brit J Nutr 85,
715–723 (2001).
Dulloo, A. G., Jacquet, J., Miles-Chan, J. L. & Schutz, Y. Passive and active roles of fat-free mass in the
control of energy intake and body composition regulation. Eur J Clin Nutr 71, 353–357 (2017).
Fichter, M. M., Pirke, K.-M. & Holsboer, F. Weight loss causes neuroendocrine disturbances:
experimental study in healthy starving subjects. Psychiat Res 17, 61–72 (1986).
Fischer, M., Oberänder, N. & Weimann, A. Four main barriers to weight loss maintenance? A quantitative
analysis of difficulties experienced by obese patients after successful weight reduction. Eur J Clin Nutr
74, 1192–1200 (2020).
Flier, J. S., Harris, M. & Hollenberg, A. N. Leptin, nutrition, and the thyroid: the why, the wherefore, and
the wiring. J Clin Invest 105, 859–861 (2000).
Fothergill, E. et al. Persistent metabolic adaptation 6 years after “The Biggest Loser” competition. Obesity
24, 1612–1619 (2016).
Group, T. L. A. R. Eight‐year weight losses with an intensive lifestyle intervention: The look AHEAD study.
Obesity 22, 5–13 (2014).
Hall, K. D. et al. Quantification of the effect of energy imbalance on bodyweight. Lancet 378, 826–837
(2011).
Hall, K. D. & Kahan, S. Maintenance of Lost Weight and Long-Term Management of Obesity. Med Clin
N Am 102, 183–197 (2018).
Hall, K. D. et al. Calorie for Calorie, Dietary Fat Restriction Results in More Body Fat Loss than
Carbohydrate Restriction in People with Obesity. Cell Metab 22, 531 (2015).
Hall, K. D. Body fat and fat-free mass inter-relationships: Forbes’s theory revisited. Brit J Nutr 97, 1059–
1063 (2006).
Hengist, A. et al. Physiological responses to maximal eating in men. Brit J Nutr 124, 407–417 (2020).
Heyma, P. & Larkins, R. G. Glucocorticoids Decrease the Conversion of Thyroxine into 3,5,3′-Tri-
Iodothyronine by Isolated Rat Renal Tubules. Clin Sci 62, 215–220 (1982).
Heymsfield, S. B. et al. Why do obese patients not lose more weight when treated with low-calorie diets?
A mechanistic perspective. Am J Clin Nutrition 85, 346–354 (2007).
269
Hickey, M. S. et al. Gender-dependent effects of exercise training on serum leptin levels in humans. Am
J Physiol-endoc M 272, E562–E566 (1997).
Hiroi, R. & Handa, R. J. Estrogen receptor‐β regulates human tryptophan hydroxylase‐2 through an
estrogen response element in the 5′ untranslated region. J Neurochem 127, 487–495 (2013).
Hollstein, T. et al. Metabolic response to fasting predicts weight gain during low-protein overfeeding in
lean men: further evidence for spendthrift and thrifty metabolic phenotypes. Am J Clin Nutrition 110, 593–
604 (2019).
Hulmi, J. J. et al. The Effects of Intensive Weight Reduction on Body Composition and Serum Hormones
in Female Fitness Competitors. Front Physiol 7, 689 (2017).
Jacquet, P., Schutz, Y., Montani, J.-P. & Dulloo, A. How dieting might make some fatter: modeling weight
cycling toward obesity from a perspective of body composition autoregulation. Int J Obesity 44, 1243–
1253 (2020).
Jandacek, R. J. et al. Effects of yo-yo diet, caloric restriction, and olestra on tissue distribution of
hexachlorobenzene. Am J Physiol-gastr L 288, G292–G299 (2005).
Koltun, K. J., Souza, M. J. D., Scheid, J. L. & Williams, N. I. Energy Availability Is Associated With
Luteinizing Hormone Pulse Frequency and Induction of Luteal Phase Defects. J Clin Endocrinol
Metabolism 105, 185–193 (2019).
Leibel, R. L., Rosenbaum, M. & Hirsch, J. Changes in Energy Expenditure Resulting from Altered Body
Weight. New Engl J Medicine 332, 621–628 (1995).
Lettieri-Barbato, D., Giovannetti, E. & Aquilano, K. Effects of dietary restriction on adipose mass and
biomarkers of healthy aging in human. Aging 8, 3341–3355 (2016).
Leyden, E. et al. Older age does not influence the success of weight loss through the implementation of
lifestyle modification. Clin Endocrinol 94, 204–209 (2021).
Lichtman, S. W. et al. Discrepancy between Self-Reported and Actual Caloric Intake and Exercise in
Obese Subjects. New Engl J Medicine 327, 1893–1898 (1992).
Loucks, A. B., Verdun, M. & Thuma), (With the Technical Assistance of Rebecca Brown and Jean R. Slow
restoration of LH pulsatility by refeeding in energetically disrupted women. Am J Physiology-regulatory
Integr Comp Physiology 275, R1218–R1226 (1998).
Martins, C., Gower, B. A. & Hunter, G. R. Baseline Metabolic Variables Do Not Predict Weight Regain in
Premenopausal Women. Obesity 28, 902–906 (2020).
Medicine, T. P. C. of the A. S. for R. Current evaluation of amenorrhea. Fertil Steril 90, S219–S225 (2008).
Murray, S. B. et al. Cheat meals: A benign or ominous variant of binge eating behavior? Appetite 130,
274–278 (2018).
Müller, M. J., Enderle, J. & Bosy-Westphal, A. Changes in Energy Expenditure with Weight Gain and
Weight Loss in Humans. Curr Obes Reports 5, 413–423 (2016).
270
Nattiv, A. et al. The Female Athlete Triad. Medicine Sci Sports Exerc 39, 1867–1882 (2007).
Nordmo, M., Danielsen, Y. S. & Nordmo, M. The challenge of keeping it off, a descriptive systematic
review of high‐quality, follow‐up studies of obesity treatments. Obes Rev 21, e12949 (2020).
Olson, B. R., Cartledge, T., Sebring, N., Defensor, R. & Nieman, L. Short-term fasting affects luteinizing
hormone secretory dynamics but not reproductive function in normal-weight sedentary women. J Clin
Endocrinol Metabolism 80, 1187–1193 (1995).
Ostendorf, D. M. et al. Physical Activity Energy Expenditure and Total Daily Energy Expenditure in
Successful Weight Loss Maintainers. Obesity 27, 496–504 (2019).
Pelletier, C., Doucet, E., Imbeault, P. & Tremblay, A. Associations between Weight Loss-Induced
Changes in Plasma Organochlorine Concentrations, Serum T3 Concentration, and Resting Metabolic
Rate. Toxicol Sci 67, 46–51 (2002).
Piaggi, P. Metabolic Determinants of Weight Gain in Humans. Obesity 27, 691–699 (2019).
Pila, E., Mond, J. M., Griffiths, S., Mitchison, D. & Murray, S. B. A thematic content analysis of #cheatmeal
images on social media: Characterizing an emerging dietary trend. Int J Eat Disorder 50, 698–706 (2017).
Polidori, D., Sanghvi, A., Seeley, R. J. & Hall, K. D. How Strongly Does Appetite Counter Weight Loss?
Quantification of the Feedback Control of Human Energy Intake. Obesity 24, 2289–2295 (2016).
Purcell, K. et al. The effect of rate of weight loss on long-term weight management: a randomised
controlled trial. Lancet Diabetes Endocrinol 2, 954–962 (2014).
Rabast, U., Vornberger, K. H. & Ehl, M. Loss of Weight, Sodium and Water in Obese Persons Consuming
a High- or Low-Carbohydrate Diet. Ann Nutr Metab 25, 341–349 (1981).
Ren, H. et al. Effect of Chinese parsley Coriandrum sativum and chitosan on inhibiting the accumulation
of cadmium in cultured rainbow trout Oncorhynchus mykiss. Fisheries Sci 72, 263–269 (2006).
Riou, M.-È. et al. Energy Compensation Following a Supervised Exercise Intervention in Women Living
With Overweight/Obesity Is Accompanied by an Early and Sustained Decrease in Non-structured
Physical Activity. Front Physiol 10, 1048 (2019).
Romon, M. et al. Leptin response to carbohydrate or fat meal and association with subsequent satiety
and energy intake. Am J Physiol-endoc M 277, E855–E861 (1999).
Rosenbaum, M. et al. Low-dose leptin reverses skeletal muscle, autonomic, and neuroendocrine
adaptations to maintenance of reduced weight. J Clin Invest 115, 3579–3586 (2005).
Rossi, A. P. et al. Weight Cycling as a Risk Factor for Low Muscle Mass and Strength in a Population of
Males and Females with Obesity. Obesity 27, 1068–1075 (2019).
Rossow, L. M., Fukuda, D. H., Fahs, C. A., Loenneke, J. P. & Stout, J. R. Natural bodybuilding competition
preparation and recovery: a 12-month case study. Int J Sport Physiol 8, 582–92 (2013).
271
Samuels, M. H. Effects of Variations in Physiological Cortisol Levels on Thyrotropin Secretion in Subjects
with Adrenal Insufficiency: A Clinical Research Center Study. J Clin Endocrinol Metabolism 85, 1388–
1393 (2000).
Seimon, R. V. et al. Effect of Weight Loss via Severe vs Moderate Energy Restriction on Lean Mass and
Body Composition Among Postmenopausal Women With Obesity. Jama Netw Open 2, e1913733 (2019).
Souza, M. J. D. et al. High prevalence of subtle and severe menstrual disturbances in exercising women:
confirmation using daily hormone measures. Hum Reprod 25, 491–503 (2010).
Speakman, J. R. et al. Set points, settling points and some alternative models: theoretical options to
understand how genes and environments combine to regulate body adiposity. Dis Model Mech 4, 733–
745 (2011).
Statuta, S. M., Asif, I. M. & Drezner, J. A. Relative energy deficiency in sport (RED-S). Brit J Sport Med
51, 1570 (2017).
Stickler, L. G., Hoogenboom, B. J. & Brown, J. The Impact of Nutritional Intervention on Menstrual
Dysfunction in Female Athletes: a Systematic Review. Sn Compr Clin Medicine 1, 669–676 (2019).
Stimson, R. H. et al. Dietary Macronutrient Content Alters Cortisol Metabolism Independently of Body
Weight Changes in Obese Men. J Clin Endocrinol Metabolism 92, 4480–4484 (2007).
Tafet, G. E. et al. Correlation between cortisol level and serotonin uptake in patients with chronic stress
and depression. Cognitive Affect Behav Neurosci 1, 388–393 (2001).
Tomten, S. E. & Høstmark, A. T. Energy balance in weight stable athletes with and without menstrual
disorders. Scand J Med Sci Spor 16, 127–133 (2006).
Tremblay, A., Pelletier, C., Doucet, E. & Imbeault, P. Thermogenesis and weight loss in obese individuals:
a primary association with organochlorine pollution. Int J Obesity 28, 936–939 (2004).
Trepanowski, J. F. et al. Effects of alternate-day fasting or daily calorie restriction on body composition,
fat distribution, and circulating adipokines: Secondary analysis of a randomized controlled trial. Clin Nutr
37, 1871–1878 (2018).
Vink, R. G., Roumans, N. J. T., Arkenbosch, L. A. J., Mariman, E. C. M. & Baak, M. A. van. The effect of
rate of weight loss on long‐term weight regain in adults with overweight and obesity. Obesity 24, 321–
327 (2016).
Weinsier, R., Hunter, G. & Schutz, Y. Metabolic response to weight loss. Am J Clin Nutrition 73, 655–657
(2001).
Weinsier, R. L. et al. Do adaptive changes in metabolic rate favor weight regain in weight-reduced
individuals? An examination of the set-point theory. Am J Clin Nutrition 72, 1088–1094 (2000).
Willbond, S. M., Laviolette, M. A., Duval, K. & Doucet, E. Normal weight men and women overestimate
exercise energy expenditure. J Sports Medicine Phys Fit 50, 377–84 (2010).
Williams, N. I. et al. Magnitude of daily energy deficit predicts frequency but not severity of menstrual
disturbances associated with exercise and caloric restriction. Am J Physiol-endoc M 308, E29–E39
(2015).
272
Williams, N. I., Reed, J. L., Leidy, H. J., Legro, R. S. & Souza, M. J. D. Estrogen and progesterone
exposure is reduced in response to energy deficiency in women aged 25–40 years. Hum Reprod 25,
2328–2339 (2010).
Wing, R. R. et al. Achieving Weight and Activity Goals Among Diabetes Prevention Program Lifestyle
Participants. Obes Res 12, 1426–1434 (2004).
Yoo, S. Dynamic Energy Balance and Obesity Prevention. J Obes Metabolic Syndrome 27, 203–212
(2018).
273
oss group (28% of Psychological wellbeing at follow-up
3 kg), +0.2 kg (SD Figure 1 shows the proportion of participants with
itial body weight, mood in each group at each time point, and Figure 2
2.5) in the weight
Capítulo 11 proportion with low wellbeing. Psychological wellbei
ge = +3.3 Estratégias
kg to + para ratedmanutenção
(increased do ratespesoof depressed mood and low
percentage weight between baseline and follow-up across all three wei
São proporcionalmente poucosHowever,
groups. os indivíduos bem-sucedidos
the proportion numa with
perda de peso.
depressed moo
Ou melhor dizendo, que a conseguem manter por pelo menos 5 anos, ou para
ristics of the three
sempre. Estima-se more
que em in médiatheapenas
weight20% loss groupconseguem
das pessoas than inmanterthose whose
e 1. Meanuma ageperda
was>10% aostable or who gained weight (+289%, +86%, a
fim do primeiro ano. Mas basta uma perda de peso
de pelo menos 5%, para que os benefícios se manifestem a nível cardiometabólico.
moderada,
274
A habituação ou acomodação é um mecanismo de defesa para evitar excesso de
um comportamento prazeroso, mas previsível e abundante no Meio em que
estamos inseridos. Um comportamento como comer. A apresentação do mesmo
alimento repetidamente reduz espontaneamente e progressivamente a ingestão.
Por exemplo, comer todos os dias macarrão com queijo em regime buffet parece
levar à redução progressiva da ingestão calórica (figura 268). Ao contrário do que
se verifica se essa mesma refeição ocorrer apenas uma vez por semana,
Figura 268 – Ingestão calórica com a mesma refeição todos os dias ou uma vez por semana.
FiguraFigure
269 –1. Habituação em crianças.
Energy intake for children randomized to SAME, SIMILAR and VARIETY conditions for
NIH-PA Author Manuscri
macaroni and cheese on days 1 and 5 (1A) and for experimental foods on days 2–4 (1B)
(mean ± SEM).
275
20 FARSCHI ET AL
Quero deixar claro que defender uma certa monotonia alimentar não é dizer para
comer sempre a mesma coisa. Muito menos macarrão com queijo. É sim ter uma
gama limitada de alimentos como base da dieta, e evitar variadas combinações
distintas na mesma refeição. Bem sei que a nossa Natureza procura variedade e
novidade. Mas a nossa Natureza também nos torna mais susceptíveis à obesidade
neste Mundo de abundância em que vivemos.
Óbvio que não estamos a falar de uma cronometragem ao minuto, mas sim de um
padrão em “janelas alimentares” de 30-60 min (valor arbitrário) em que devemos
manter consistência. As rotinas podem mexer com o cérebro de muita gente que
anseia novidade, mas a verdade é que do ponto de vista fisiológico funcionamos
bem melhor com elas.
A existência ou não de um número ideal de refeições que devam ser feitas por dia
é um dos temas mais controversos em nutrição. O polifraccionamento alimentar é
mais um dos comportamentos comuns aos que mantêm o peso perdido após dieta,
e vários estudos observacionais sugerem uma relação entre um maior número de
refeições e melhor composição corporal. O risco de obesidade reduz com pelo
menos 3-4 refeições por dia (figura 271).
277
tendência para uma maior preservação da massa magra em restrição, o que faz
sentido pelo impacto anti-catabólico que as refeições exercem através da insulina
e disponibilidade de aminoácidos. Tendência essa que deve ser encarada com
cautela já que resulta de um único estudo que condiciona toda a análise global
(figura 272).
2.5
2
Change in Fat-Free Mass
1.5
0.5
0
1−2 3−4 5+
Meals Per Day
Figura
Figure 6 Reduced model272 – Frequência
for differences alimentar
in change in fat-free mass withemeal
variação
frequency. da massa
Values magra.
in kilograms
Um pouco em contrassenso, quem mantém o peso parece também ser mais flexível
na sua relação com a comida. Aceita e encara as excepções com normalidade, e
faz as melhores escolhas quando sai da sua rotina habitual pois possui uma boa
consciência alimentar. Conseguem voltar à rotina com naturalidade, que não
encaram como uma restrição de liberdade. A nossa psicologia é caricata, e só a
antecipação de um período de restrição parece aumentar o aporte energético
previamente.
278
1) Atitude, que define emoções quando estamos em redor da comida, como
tranquilidade ou ansiedade. Flexibilidade para fazer excepções pontuais
quando justificado, e uma mentalidade não dicotómica de “tudo ou nada”;
2) Contextualização, com estratégias e planeamento que permitem encontrar
soluções adequadas às solicitações e limitar o imprevisto;
3) Aceitação, da falha e da imperfeição de um regime alimentar, sem
associações emocionais ou de valor intrínseco aos alimentos, como bom e
mau, permitido ou proibido;
4) Regulação interna, comendo até ao ponto de percepção de saciedade, com
parcimónia e fazendo as melhores escolhas dentro da oferta, com foco na
quantidade. Competência que requer uma boa consciência alimentar.
279
À excepção dos distúrbios do comportamento alimentar que se manifestam
essencialmente em isolamento, a pressão social é um dos factores que mais
dificulta a perda e manutenção do peso. O fenómeno da facilitação social está
amplamente estudado. Existe uma tendência para comer mais em contexto de
socialização, e o factor tempo parece ser o determinante principal. O alargamento
da janela de alimentação em que a atenção se desloca do alimento para a
interacção de grupo. Estamos distraídos do acto de comer, e a distração reduz a
conectividade entre as áreas de processamento do sabor. A atenuação do
processamento dessa informação associa-se a um maior consumo calórico.
Table 3
Variables inserted in the predictive hierarchic
model of total caloric intake.
Step Inserted variables R2 Adjusted R2
4. Results
Tinuviel, food composition data is supplied from “The (10,109 ± 435 kJ) and co-ingestion condition
Author Manuscript
Composition of Foods”, McCance and Widdowson). House- were higher than in the control condition
hold measures and portions were coded using estimated average Pairwise comparisons indicated no difference
portion sizes programmed for the nutritional software. drinks but both differed from control. The d
energy intake when wine was consumed as an
3. Data analysis it was co-ingested with food represents an
Author Manuscript
Além dos aspectos comportamentais, é óbvio que a escolha dos alimentos também
tem um importante papel da gestão do peso. E fazer boas escolhas pode não ser
uma tarefa tão simples quanto isso quando a edução alimentar é baixa. Cerca de
90% das pessoas que perdem e mantêm o peso dispõem sempre de frutas e
vegetais em casa, alimentos de baixa densidade energética, e 85% não tem em
casa alimentos ultra-processados e junk-food. Verificam a declaração nutricional
dos alimentos e têm isso em conta nas suas opções.
Se existe uma estratégia nutricional que se sabe facilitar o deficit calórico necessário
à perda de peso, ou o controlo na manutenção, é procurar reduzir a densidade
energética das refeições e dos alimentos que escolhemos. A quantidade de energia
por unidade de volume. A densidade calórica está directamente associada à
saciedade, ao contrário da palatibilidade. Alimentos ricos em proteína, fibra e água
apresentam por norma baixa densidade energética e elevado poder saciante,
enquanto que os mais ricos em gordura e densos caloricamente são menos
saciantes, particularmente aqueles de elevada palatibilidade. Na figura 278 estão
representadas 200 kcal de uma diversidade de alimentos.
Monitorização
282
Figura 278 – 200 kcal de vários alimentos.
283
(P , 0.0001), fat condition (P ¼ 0.0012), and time (P , 0.0001). There FIGURE 4 Fullness during lun
was a significant time 3 energy level interaction (P ¼ 0.0075). condition in young adults (Study 2
scale, n ¼ 51. *Different in fat co
[60.1] [70.2]
70 80
[58.4, 61.8] [69.7, 70.7] subtle and, as such, the influ
HEI-2015 Score
60 70 [60.1]
50 60 [58.4, 61.8] pronounced. However, the m
40 50 to investigate the occurrence
30 40 influences of hidden or visible
20 30 is that, despite the fact that th
10 20
10 received was based on their
0
0 we used customary Dutch f
Controls
Controls WeightLoss
Weight LossMaintainers
Maintainers participants were forced to ch
Figure
Figure1. Average
1. Average (95%
(95% confidence
confidence interval)
interval) Healthy
Healthy Eating
Eating Index-2015
Index-2015 scores
scores for
for controls
controls (N (N
= = 102)
102)
due to the study protocol. Th
Figure 1. Average (95% confidence interval) Healthy Eating Index-2015 scores for controls (N = 102)
andand weight
weight
FIGURE
and loss
loss
weight Figura
maintainers
maintainers
3
loss maintainers 280
(N
(N
Ad libitum(N –
==1207). Efeito
energyda
=1207).
1207). gordura
intake during “escondida”.
lunch in the visible and on intake between the hidden
hidden fat conditions in young adults (Study 2). Data are means 6 extent the energy intake betw
100 100
SEM, n ¼ 51. *Different between the fat conditions, P ¼ *p 0.013.
<*p
0.0001
< 0.0001
by this is unknown. Finally, th
90 90
80 80 Hidden
Proprtion of Calories
Proprtion of Calories
70 70 [46.7]
[46.7] [50.3]
[50.3] * *
[44.8, 48.7] [49.7, 50.8]
60 [44.8,
60 48.7] [49.7, 50.8] [37.4] [32.3]
50 [37.4] [32.3]
[35.8,38.9
50 [35.8,38.9 [31.9,32.8]
[31.9,32.8]
40 [15.9] [18.2]
40 [15.9] [18.2]
30 [15.1,16.6] [18.0,18.5]
30 [15.1,16.6] [18.0,18.5]
20
20 10
10 0
0 Carbohydrate % Protein % Fat %
Carbohydrate % Protein % Fat %
Controls Weight Loss Maintainers
Figura 281 – Consumo Controls Weight
macronutriconal Loss Maintainers
em indivíduos que mantêm o peso.
Figure
Figure 2. 2. Average
Average (95%
(95% confidence
confidence interval)
interval) macronutrient
macronutrient intake
intake amongamong controls
controls (N = (N
102)= and
102)weight
and
loss maintainers weight loss maintainers (N = 1207). *denotes a statistically significant difference between the control
Figure 2. Average (N = 1207).
(95% * denotes
confidence a statistically
interval) significant
macronutrient di↵erence
intake amongbetween the(N
controls control
= 102)and
and
and weight
weight loss maintainer
lossmaintainers
maintainer groupsgroups at the0.0001
at the*denotes
p< p < 0.0001
levellevel significant difference between the control
weight loss (N = 1207). a statistically
andGroup
3.3. weightDifferences
loss maintainer groups Meeting
in Proportions at the p <Estimated
0.0001 level
Average Requirement for Micronutrients
3.3. Group Differences in Proportions Meeting Estimated Average Requirement for Micronutrients 284
imary Care,” in this issue. Weight-loss specific behaviors associated with long
rm success include frequent self-monitoring and self-weighing, reduced calorie
ake, smaller and more frequent meals/snacks throughout the day, increased phys
al activity, consistently eating breakfast, more frequent at-home meals compared
th restaurant and fast-food meals, reducing screen time, and use of portion
Diários alimentares e contagem2,73–75 de calorias são métodos de controlo menos
ntrolled meals or meal
frequentes. Apenassubstitutes.
29% parece manter um Weight maintenance–specific
registo da ingestão alimentar, e cerca behaviora
ills and strategies help patients
de 35% da actividade to build
física diária. insight atingir
Ter conseguido for long-term
um objectivomanagement,
de peso não antici
significa que o controlo possa ser aliviado. Antes pelo contrário.
te struggles and prepare contingency plans, moderate behavioral fatigue, and puÉ a fase mais crítica
em que a monitorização constante inibe o comportamento e permite a tomada de
o perspective
acçõesthe inevitable
atempadas quandolapses
o peso and relapses
aumenta of any
ligeiramente. long-term
A recuperação do engagement.
peso é
Although themenor research is mixed,
em quem mantém visitasseveral
regularesstudies showouimproved
ao nutricionista weight
médico (figura 281). loss out
Na verdade, esta é provavelmente a fase em que são mais necessários.
mes in patients receiving weight maintenance–specific training, compared with
Actividade física
285
YCLN
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
Figura 283 – Sucesso de estratégias para perda de peso. Fig. 3. Change in resting energy ex
16
RT. Values reported as mean ± S
17
(kcals/day) at each respective time
18 #Significantly different between g
A importância
19 do exercício manifesta-se a vários níveis, em que podemos destacar
a promoção
20 do dispêndio energético, aumento da tolerância aos hidratos de
carbono21e flexibilidade metabólica, e a preservação da massa magra. UmWhen aspectoadjusting for TBM o
22 unchanged for CON; howe
que se associa a uma menor recuperação de peso durante a fase de manutenção.
23 from preepost (p ¼ 0.00
E existe24a noção errada de que para perder peso o foco deve estar no treino aeróbio
34.2 ± 4.7% increase (p ¼
por ser25 uma forma mais eficaz de gastar energia. Mas a evidência mostra-nos for LM. quePreepost change
a combinação
26 com treino de força/resistido é mais eficaz por favorecer menor perdawere greater for
measures
de massa 27 magra. Em pacientes obesos, além de potenciar a perda a prazoan 18.8 ± 4.3% decline in a
também
assegura 28 que o músculo represente menos proporcionalmente quando sujeitos (p ¼ 0.004) a while RT dem
29 (p ¼ 0.02). There was a grou
uma dieta severa durante 12 semanas (figura 284). Para uma mesma perda de peso
30 in average extension powe
e deficit31calórico
Fig.por via alimentar,
1. Individual o treino
and group mean dechange
data for força in pode reduzir
lean mass (top) andas
fatperdas
mass de massa
CON demonstrated a 16
(bottom) from pre-intervention. CON ¼ Control Group, RT ¼ Resistance Training
magra em 32 100%. Group.
E o treino aeróbio não parece superior ao treino de força from na perda
preepost (p ¼ 0.009)
de massa 33 gorda em obesos (figura 285). (p ¼ 0.01). These preepost
34 (p ¼ 0.002). When adjus
35 changes for peak flexio
36 38.9 ± 4.4% preepost increa
37 and a 22.1 ± 5.6% preepos
38 LM. Preepost changes for a
39 were greater for RT than CO
40 decline in average flexion p
41 demonstrated a 35.8 ± 8.2
42 changes in average flexion
43 (p ¼ 0.003).
44
45
46 3.4.2. Isometric contraction
47 Peak extension torque
48 (p ¼ 0.003) for CON w
49 (p ¼ 0.0002) increase fro
50 significantly greater in RT
51 Figura 284 – Variação da massa magra e gorda com ou sem treino de força. adjusting for TBM or L
Fig. 2. Proportion of total weight-loss due to changes in fat mass (FM)- and lean mass
52 unchanged over time for
(LM) at mid- and post-intervention. Values reported as mean ± SE. Approximate values
53 for mean relative contributions of FM- and LM-loss are indicated in respective bars. increased from preepost (þ
54 *FM-loss and LM-loss contributions significantly different between groups (p ¼ 0.03). peak extension torque from
55 for LM (p ¼ 0.0002). Preep
56 286 in RT than CON when adju
57 3.4. Muscular contractile kinematics at pre, mid, and post Peak flexion torque did
58 RT exhibited a 50.2 ±
59 3.4.1. Isokinetic contraction (p ¼ 0.003). Preepost chan
Figura 285 – Treino de força vs treino aeróbio.
80
60
Hunger Rating (mm)
40
*
Pre-Weight Loss 20
Low Flux
High Flux
0
180 240 300 360 420 Low Flux High Flux
Minutes Figura 286 – Fluxo energético e apetite.
B
#
Uma pergunta frequente100 é se o exercício aeróbio em jejum será mais eficaz para
perder massa gorda. Este é um dos mitos mais enraizados no mundo do fitness,
que terá a sua origem 80
em Bill Phillips, um guru da velha guarda que o preconizava
Fullness Rating (mm)
Até pode fazer algum sentido para quem tem um conhecimento superficial do
metabolismo. Mas a ciência não tem corroborado a eficácia desta estratégia, antes
pelo contrário. Alguns estudos mostram de facto uma maior oxidação de gordura
com o cardio em jejum, até 20%, mas outros não apontam nesse sentido. Não
revelam diferenças significativas no substrato utilizado durante o exercício. Mas a
verdade é que nos estudos que o verificam, a diferença parece residir
essencialmente numa maior oxidação de lípidos intra-miocelulares nas fibras tipo I
em indivíduos obesos, ou adaptados a treino aeróbio de volume alto. Não a uma
maior mobilização de gordura do tecido adiposo. Até porque sabemos que a lipólise
excede a capacidade oxidativa. Por outras palavras, a intensidade de esforço
moderada, o fluxo de ácidos gordos para o músculo supera as suas necessidades
para produção de energia.
Além disso, maior oxidação de ácidos gordos não tem correlação com perda de
peso ou de massa gorda. Será importante estudar o balanço lipídico ao longo de
24h, e aí a conversa é outra. Apesar de durante e imediatamente após o cardio em
jejum se possa verificar uma diminuição do RQ (coeficiente respiratório), indicador
de maior oxidação de lípidos, verifica-se um aumento 12 e 24 h após
comparativamente ao treino no estado pós-prandial. O balanço diário é idêntico, e
por isso não existem diferenças no peso ou composição corporal a médio prazo.
Tal como demonstrado numa meta-análise recente sobre este tema. Estudos que
sugerem o cardio em jejum como estratégia mais favorável no emagrecimento
mostram também que essa perda se associa ao facto de ser suprimida uma
refeição, e o aporte energético total ser naturalmente menor. Não um efeito do
timing do exercício.
Apesar de ser prática comum entre os entusiastas do fitness, a ciência não revela
vantagens do treino em jejum para emagrecimento. Estas poderão passar apenas
por um maior volume de treino total diário quando uma segunda sessão é
adicionada, seja em jejum ou noutro momento qualquer. Mas não existindo nenhum
aspecto negativo associado ao cardio em jejum, nem sequer uma maior perda de
massa magra, fiquem à vontade para o implementarem por conveniência ou
preferência. Não para potenciar o resultado e melhorar a composição corporal. Para
esse efeito a altura do dia é indiferente.
288
são uma fase passageira, mas um estilo de vida. E quando os incutimos desta forma
tudo se torna fácil.
Referências
Bell, R. & Pliner, P. L. Time to eat: the relationship between the number of people eating and meal
duration in three lunch settings. Appetite 41, 215–218 (2003).
Bellisle, F., McDevitt, R. & Prentice, A. M. Meal frequency and energy balance. Brit J Nutr 77, S57–S70
(1997).
Berry, S. L., Beatty, W. W. & Klesges, R. C. Sensory and social influences on ice cream consumption by
males and females in a laboratory setting. Appetite 6, 41–45 (1985).
Blass, E. M. et al. On the road to obesity: Television viewing increases intake of high-density foods.
Physiol Behav 88, 597–604 (2006).
Blundell, J. et al. Appetite control: methodological aspects of the evaluation of foods. Obes Rev 11, 251–
270 (2010).
Bosy-Westphal, A. et al. Contribution of individual organ mass loss to weight loss–associated decline in
resting energy expenditure. Am J Clin Nutrition 90, 993–1001 (2009).
Castro, J. M. D., Brewer, E. M., Elmore, D. K. & Orozco, S. Social facilitation of the spontaneous meal
size of humans occurs regardless of time, place, alcohol or snacks. Appetite 15, 89–101 (1990).
Caton, S. J., Bate, L. & Hetherington, M. M. Acute effects of an alcoholic drink on food intake: Aperitif
versus co-ingestion. Physiol Behav 90, 368–375 (2007).
Dongen, M. V., Graaf, C. de, Siebelink, E. & Kok, F. J. Hidden Fat Facilitates Passive Overconsumption.
J Nutrition 139, 394–399 (2009).
Duif, I. et al. Effects of distraction on taste-related neural processing: a cross-sectional fMRI study. Am J
Clin Nutrition 111, 950–961 (2020).
Edinburgh, R. M. et al. Lipid metabolism links nutrient-exercise timing to insulin sensitivity in men
classified as overweight or obese. J Clin Endocrinol Metabolism 105, 660–676 (2019).
Epstein, L. H. et al. Food characteristics, long-term habituation and energy intake. Laboratory and field
studies. Appetite 60, 40–50 (2013).
Epstein, L. H., Carr, K. A., Cavanaugh, M. D., Paluch, R. A. & Bouton, M. E. Long-term habituation to
food in obese and nonobese women. Am J Clin Nutrition 94, 371–376 (2011).
Farshchi, H. R., Taylor, M. A. & Macdonald, I. A. Beneficial metabolic effects of regular meal frequency
on dietary thermogenesis, insulin sensitivity, and fasting lipid profiles in healthy obese women. Am J Clin
Nutrition 81, 16–24 (2005).
Flack, K. D., Ufholz, K., Johnson, L., Fitzgerald, J. S. & Roemmich, J. N. Energy compensation in
response to aerobic exercise training in overweight adults. Am J Physiology-regulatory Integr Comp
Physiology 315, R619–R626 (2018).
289
Gonçalves, R. F. da M. et al. Smartphone use while eating increases caloric ingestion. Physiol Behav
204, 93–99 (2019).
Hägele, F. A. et al. Appetite Control Is Improved by Acute Increases in Energy Turnover at Different
Levels of Energy Balance. J Clin Endocrinol Metabolism 104, 4481–4491 (2019).
Hall, K. D. & Kahan, S. Maintenance of Lost Weight and Long-Term Management of Obesity. Med Clin
N Am 102, 183–197 (2018).
Holt, S. H., Miller, J. C., Petocz, P. & Farmakalidis, E. A satiety index of common foods. Eur J Clin Nutr
49, 675–90 (1995).
Lee, S. et al. Effects of Aerobic Versus Resistance Exercise Without Caloric Restriction on Abdominal
Fat, Intrahepatic Lipid, and Insulin Sensitivity in Obese Adolescent Boys: A Randomized, Controlled Trial.
Diabetes 61, 2787–2795 (2012).
Magkos, F. et al. Effects of Moderate and Subsequent Progressive Weight Loss on Metabolic Function
and Adipose Tissue Biology in Humans with Obesity. Cell Metab 23, 591–601 (2016).
Nordmo, M., Danielsen, Y. S. & Nordmo, M. The challenge of keeping it off, a descriptive systematic
review of high‐quality, follow‐up studies of obesity treatments. Obes Rev 21, e12949 (2020).
Ostendorf, D. M. et al. Physical Activity Energy Expenditure and Total Daily Energy Expenditure in
Successful Weight Loss Maintainers. Obesity 27, 496–504 (2019).
Paixão, C. et al. Successful weight loss maintenance: A systematic review of weight control registries.
Obes Rev 21, e13003 (2020).
Palascha, A., Kleef, E. van & Trijp, H. C. van. How does thinking in Black and White terms relate to eating
behavior and weight regain? J Health Psychol 20, 638–648 (2015).
Pascual, R. W. et al. Diet Quality and Micronutrient Intake among Long-Term Weight Loss Maintainers.
Nutrients 11, 3046 (2019).
Peterson, N. D. et al. Dietary self‐monitoring and long‐term success with weight management. Obesity
22, 1962–1967 (2014).
Phelan, S., Halfman, T., Pinto, A. M. & Foster, G. D. Behavioral and Psychological Strategies of Long‐
Term Weight Loss Maintainers in a Widely Available Weight Management Program. Obesity 28, 421–428
(2020).
Riou, M.-È. et al. Energy Compensation Following a Supervised Exercise Intervention in Women Living
With Overweight/Obesity Is Accompanied by an Early and Sustained Decrease in Non-structured
Physical Activity. Front Physiol 10, 1048 (2019).
Ross, R., Pedwell, H. & Rissanen, J. Response of total and regional lean tissue and skeletal muscle to a
program of energy restriction and resistance exercise. Int J Obes Relat Metabolic Disord J Int Assoc
Study Obes 19, 781–7 (1995).
Schoenfeld, B. J., Aragon, A. A. & Krieger, J. W. Effects of meal frequency on weight loss and body
composition: a meta-analysis. Nutr Rev 73, 69–82 (2015).
Schoenfeld, B. J., Aragon, A. A., Wilborn, C. D., Krieger, J. W. & Sonmez, G. T. Body composition
changes associated with fasted versus non-fasted aerobic exercise. J Int Soc Sport Nutr 11, 54 (2014).
Sierra‐Johnson, J. et al. Eating Meals Irregularly: A Novel Environmental Risk Factor for the Metabolic
Syndrome. Obesity 16, 1302–1307 (2008).
290
Steinberg, D. M., Bennett, G. G., Askew, S. & Tate, D. F. Weighing Every Day Matters: Daily Weighing
Improves Weight Loss and Adoption of Weight Control Behaviors. J Acad Nutr Diet 115, 511–518 (2015).
Tilles-Tirkkonen, T. et al. Eating Competence Is Associated with Lower Prevalence of Obesity and Better
Insulin Sensitivity in Finnish Adults with Increased Risk for Type 2 Diabetes: The StopDia Study. Nutrients
12, 104 (2019).
Willbond, S. M., Laviolette, M. A., Duval, K. & Doucet, E. Normal weight men and women overestimate
exercise energy expenditure. J Sports Medicine Phys Fit 50, 377–84 (2010).
Williams, R. A., Roe, L. S. & Rolls, B. J. Comparison of three methods to reduce energy density. Effects
on daily energy intake. Appetite 66, 75–83 (2013).
Wing, R. R. & Phelan, S. Long-term weight loss maintenance. Am J Clin Nutrition 82, 222S-225S (2005).
Zuraikat, F. M., Roe, L. S., Privitera, G. J. & Rolls, B. J. Increasing the size of portion options affects
intake but not portion selection at a meal. Appetite 98, 95–100 (2016).
291
292