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Universidade de Coimbra

Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física

DIDÁCTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO DESPORTO ESCOLAR


RESUMOS PARA AVALIAÇÃO ESCRITA

Índice
I. OBJECTIVO PEDAGÓGICO ..................................................................................................................... 2
1.1 Pedagogia .......................................................................................................................................... 2
1.2 Objectivos Pedagógicos ..................................................................................................................... 2
II. O BOM PROFESSOR .............................................................................................................................. 4
2.1 Critérios do Bom Professor para Siedentop & Eldar (1989) ............................................................... 4
2.2 Diferença entre eficácia e competência do Professor ........................................................................ 4
2.3 Diferença entre Professores Eficazes e competentes (Siedentop & Eldar, 1989) .............................. 4
2.4 O Professor segundo Carreiro da Costa (1996) ................................................................................. 5
2.5 Os Mestres (Berliner, 1986)................................................................................................................ 5
2.6 A investigação sobre o ensino da Educação Física ........................................................................... 6
III. TÉCNICAS DE ENSINO .......................................................................................................................... 8
3.1 Habilidades Pedagógicas ................................................................................................................... 8
3.2 Estratégias de Ensino ....................................................................................................................... 10
IV. DIMENSÕES DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA .............................................................................. 11
4.1 Dimensão Instrução .......................................................................................................................... 11
4.2 Dimensão Gestão ............................................................................................................................. 17
4.3 Dimensão Clima ............................................................................................................................... 18
4.4 Dimensão Clima ............................................................................................................................... 19
V. ESTILOS DE ENSINO (MOSSTON & ASHWORTH) ............................................................................. 21
5.1 Importância do domínio de vários estilos de ensino ......................................................................... 21
5.2 Uma visão do ensino ........................................................................................................................ 21
5.3 Questões a que deve responder o Professor ................................................................................... 21
5.4 Processo de Ensino .......................................................................................................................... 22
5.5 Ensinar ............................................................................................................................................. 22
5.6 Espectro dos Estilos de Ensino (algumas premissas) ...................................................................... 22
5.7 Elementos de cada episódio de ensino ............................................................................................ 23
5.8 Escolha do Estilo de Ensino ............................................................................................................. 23
5.9 O Espectro de Estilos de Ensino ...................................................................................................... 24
5.10 Estilos de Ensino em Educação Física – contributos da investigação ........................................... 30
I. OBJECTIVO PEDAGÓGICO
1.1 Pedagogia

Organização ajustada de um contexto para permitir aos seus participantes


realizar aprendizagens desejadas. Relaciona as acções de ensino com os
objectivos perseguidos. Sem objectivos não há pedagogia.

1.2 Objectivos Pedagógicos

Objectivos Educativos: estabelecidos pelas instituições escolares através de


programas oficiais. Objectivos a longo prazo. São formulados através dum
vocabulário do tipo geral e avaliáveis a longo prazo. Permitem orientação da
acção educativa.

Objectivos Específicos: especificação dos objectivos gerais. Contribuição


específica da Educação Física na acção educativa, no desenvolvimento e
formação da totalidade da pessoa, através da actividade física.

Objectivos Pedagógicos: estabelecidos pelo professor ou equipas de


professores. São objectivos a curto prazo. São formulados como resultados a
atingir pelos alunos e avaliáveis a curto prazo. Permitem a concretização da
acção educativa. Para um objectivo pedagógico ter validade tem de ter
expresso o resultado a atingir e a possibilidade de o avaliar.

Objectivos para o Professor: tarefas que o professor se propõe a cumprir e


não resultados a atingir pelos alunos.

Objectivos para o Aluno: resultados a atingir no final da sequência


pedagógica propostas aos alunos para chegarem a determinado resultado final.

Sequência Pedagógica: conjunto das tarefas ou situações pedagógicas que o


professor propõe aos alunos com vista a conseguirem aquela aprendizagem.

Avaliação dos resultados atingidos: para que esta avaliação seja possível
têm daqueles resultados virem expressos em comportamentos observáveis.

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Situação Pedagógica: tarefa proposta pelo professor com vista à
aprendizagem de determinado conteúdo pelo aluno. A sua formulação implica:
1) apresentação da tarefa (exercício); 2) condições de realização (como deve ser
realizada); 3) componentes críticas (determinantes técnicas específicas do gesto técnico e
o que o caracterizam); 4) critério de êxito (indicadores de sucesso).

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II. O BOM PROFESSOR
2.1 Critérios do Bom Professor para Siedentop & Eldar (1989)

O professor deve:

 Questionar-se sobre as razões subjacentes às suas decisões


educativas;
 Questionar-se sobre o insucesso de alguns alunos;
 Fazer dos seus planos de aula meras hipóteses de trabalho a confirmar
em sala de aula;
 Ler criticamente os manuais ou as propostas didácticas que lhe são
feitas;
 Questionar-se sobre as funções da escola e sobre se elas estão a ser
realizadas.

2.2 Diferença entre eficácia e competência do Professor

Os eficazes favorecem a aprendizagem e desenvolvimento dos alunos,


enquanto que, o competente, faz o mesmo mas a um nível mais elevado. Os
professores competentes vão mais além na qualidade do ensino que os
eficazes.

2.3 Diferença entre Professores Eficazes e competentes (Siedentop &


Eldar, 1989)

A competência está intimamente relacionada com a matéria e o contexto. Esta


conhece-se na realização (na prática) e não na explicação. A experiência é
uma condição essencial da competência, mas não é condição suficiente.

A competência é a combinação entre habilidades excepcionais de ensino e um


perfeito controlo de uma actividade específica. Para ensinar com competência
tem de conhecer a fundo a matéria de ensino.

A eficácia no ensino está ao alcance de todos os professores mesmo dos


principiantes. A competência necessita de mais tempo e as vias para a
alcançar são ainda pouco conhecidas.

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2.4 O Professor segundo Carreiro da Costa (1996)

Necessitamos de conceber o professor de Educação Física como um


especialista com um conhecimento científico e pedagógico profundo, um
profissional que realiza uma actividade técnica e reflexiva, que actua de uma
forma crítica respeitando princípios éticos e morais, e que apresenta a
disposição e capacidade para continuamente desenvolver e melhorar a eficácia
do seu trabalho, perseguindo a dignidade profissional. Professores que actuam
de acordo com princípios éticos e morais. Igualmente professores com espírito
crítico sobe si mesmo, capazes de se analisarem quanto ao ensino e
resultados e capazes de produzirem alterações necessárias.

2.5 Os Mestres (Berliner, 1986)


Realizam inferências de casualidade sobre acontecimentos aos quais os
inexperientes se limitam a observar superficialmente.

Colocam os problemas pela sua verdadeira importância, os inexperientes


identificam-nos pelas evidências superficiais. Possuem padrões rápidos e
precisos de resposta a situações de ensino. Elaboram representações dos
problemas pedagógicos.

Apresentam mecanismos de auto-regulação e avaliação dinâmicos e eficazes.


Revelam a sua competência pedagógica através da prática progressiva e
prolongada no tempo.

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2.6 A investigação sobre o ensino da Educação Física

Nos anos 80 surgiram os primeiros estudos descritivos e experimentais


(qualitativos) que trouxeram melhor informação sobre o processo de ensino,
face aos métodos quantitativos anteriores.

2.6.1 Principais funções do Professor de Educação Física:

 Organizar os alunos;
Organização (10 a 35% do tempo de aula, depende do nível escolar dos alunos e da
matéria, com um média de 25% para os níveis mais baixos e 22% para os outros. O
tempo de organização não é tempo de aprendizagem)

 Instruir e dirigir os alunos;


Instrução (prelecção, demonstração, feedback, questionamento). Os professores
gastam 1/3 da aula em organização e 1/3 em informação. Os professores dedicam
entre 10 a 50% do tempo de aula em instrução. Divergem de matéria de ensino e o
momento da unidade didáctica, reduzindo nas aulas terminais e consolidação.

 Controlar os alunos.
Observação (só observar) e supervisão (circula e dirige, analisando tarefas de ensino,
fornecendo feedback dos comportamentos sociais e desempenho motor) dos alunos
(20 a 45% do tempo de aula)

A investigação demonstrou que uma supervisão activa da prática dos alunos é


essencial na produção de aquisições. Os alunos que sabem que o professor
supervisiona de perto a classe têm mais tendência para se concentrar e
empenhar na tarefa.

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2.6.2 Comportamentos específicos do professor a modificar para
melhorar a relação de ensino (Pierón, 1996)

 Redução dos períodos de apresentação das actividades caracterizados


pela inactividade os alunos e a sua sobrecarga de informação;
 Aumento da frequência de feedback, intervenções aprovativas e
personalizadas de acordo com nível de prestação;
 Aumento das interacções positivas;
 Redução das intervenções negativas relativas aos desempenhos e
comportamentos;
 Redução dos tiques verbais;
 Utilização do nome próprio do aluno;
 Redução dos períodos de observação sem interacção do professor;
 Redução dos períodos de inactividade dos alunos;
 Redução dos tempos de transição de tarefa.

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III. TÉCNICAS DE ENSINO
3.1 Habilidades Pedagógicas

3.1.1 Três fases da acção pedagógica:

1º Fase Pré-Interactiva (decisões a tomar antes de estar com a turma/equipa)

Expressão dos objectivos comportamentais. Operacionalização daqueles


objectivos até chegar a tarefas ajustadas às capacidades dos alunos, de modo
a:

 Permitir alcançar o objectivo final;


 Propor um trajecto de recuperação;
 Compensar as suas fragilidades;
 Resolver as suas insuficiências na tarefa inicialmente proposta.

2º Fase Interactiva (intervenção do professor/treinador durante a acção)

 Apresentação da tarefa;
 Tipos de feedback a fornecer;
 Concretização da organização.

A inter-relação entre as duas fases é decisiva para o sucesso da aula e do


ensino, porque a análise prévia da habilidade a ensinar permite determinar os
elementos chave de sucesso e os erros mais frequentes na população a que
nos dirigimos.

3º Fase Pós-Interactiva (decisões a tomar após estar com a turma/equipa e


que integrarão a fase pré-interactiva seguinte)

A avaliação pelo professor dos resultados da sua acção pedagógica deve ser
mobilizados para a fase pré-interactiva seguinte.

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3.1.2 Quatro Elementos Fundamentais nas Habilidades Pedagógicas

1. Tempo de Empenhamento Motor

Tempo efectivo de prática em trabalho específico e de qualidade, orientada


para o sucesso. O tempo passado na tarefa é um mediador pelo qual a
instrução e as intervenções do professor se transformam em aprendizagem dos
alunos.

2. Informações de Retorno à Prestação Motora (Feedback Pedagógico)

Um progresso contínuo não é possível sem uma informação frequente e de


qualidade (correctos e apropriados), sobre as prestações dos alunos
(retroacção).

O feedback ultrapassa a simples informação do correcto ou incorrecto, visando


indicar os meios que o aluno pode ou deve utilizar para melhorar a sua
prestação.

É necessário verificar a compreensão do aluno, o que ele reteve e quais as


atribuições que fez através da mensagem recebida.

3. Clima de Aula

Uma atitude positiva em relação às actividades físicas, só se desenvolve se o


aluno as praticar com sucesso e que essa prática lhe seja agradável, num
clima de apoio e encorajamento da parte do professor, criando assim o desejo
de prosseguir a prática.

4. A Organização da Actividade

Uma organização cuidada favorece: a maximização do tempo de actividade


individual do aluno; a frequência de feedback; um empenho cognitivo sério da
parte do aluno facilitando as aprendizagens motoras; simplifica o controlo da
aula e da disciplina.

Dois indicadores orientadores da organização são a relação tempo de


espera/tempo de prática e o número e gravidade de comportamentos de
desvio.

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3.2 Estratégias de Ensino

Uma estratégia de ensino é uma forma de organizar as condições de ensino-


aprendizagem com o objectivo de facilitar a movimentação do aluno de um
estado potencial de capacidade para um estado real. (Carreiro da Costa)

As estratégias de ensino traduzem-se nos procedimentos e actividades que os


professores utilizam para alcançar os objectivos do programa de formação.
(Piéron)

A organização estratégica do processo de ensino tem como sentido fazer


alguém aprender, sendo que não são as técnicas que constituem a estratégia,
mas é a estratégia global planeada que as estrutura numa acção coerente e
orientada para o sucesso, face à finalidade ou finalidades naquela situação.
(Maria Céu Roldão, 2009)

Aspectos a considerar na selecção de estratégias de ensino:

 A importância que o Professor dá à autonomia do aluno;


 A forma como o Professor encara o facto de não estar no centro do
processo E-A;
 A maneira como o professor reage ao facto de deixar o aluno tomar
decisões, mesmo que pobres;
 Os recursos disponíveis.

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IV. DIMENSÕES DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

São um agrupamento didáctico das Técnicas de Intervenção Pedagógica numa


taxonomia destinada a estudá-las analiticamente sem perder de vista a
globalidade da competência a ensinar:

 Dimensão Instrução
 Dimensão Gestão
 Dimensão Clima
 Dimensão Disciplina

4.1 Dimensão Instrução

Consiste em todos os comportamentos e técnicas de intervenção pedagógica


(destrezas de intervenção pedagógica ou destrezas técnicas de ensino) que fazem parte
do reportório do professor para informação substantiva.

Instrução contempla: Prelecção, Questionamento; Feedback; Demonstração;


Informação; Avaliação formativa (para alguns autores)

Técnicas de Intervenção Pedagógica de Instrução:

1. Diminuir o tempo passado em explicações na aula;


2. Acompanhar a prática subsequente ao feedback;
3. Aperfeiçoar o feedback pedagógico;
4. Aumentar a diversidade do feedback pedagógico positivo;
5. Apoiar/controlar activamente a prática dos alunos;
6. Utilizar os alunos como agentes de ensino (sobretudo na demonstração, o
professor não é recomendado demonstrar pois perde controlo da classe) ;

7. Garantir a qualidade e a pertinência da informação;


8. Utilizar o questionamento como método de ensino.

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1. Diminuir o tempo passado em explicações na aula:

Como? Utilizando meios gráficos; realizando prelecções sucintas, focadas e


significativas.

O que permite? Reservar mais tempo para a actividade física específica;


Promove uma atitude de empenhamento, preparando os alunos para tarefas de
interpretação; Promove a compreensão mais perfeita da informação
nomeadamente quanto aos aspectos mais relevantes da matéria.

2. Acompanhar a Prática Subsequente ao Feedback:

Após o feedback inicial o Professor deve verificar se teve o efeito pretendido


(alteração ou manutenção do comportamento) para de novo diagnosticar e
prescrever o feedback necessário.

3. Aperfeiçoar o Feedback Pedagógico:

Procurar utilizá-lo de forma a que este influencie a qualidade do


empenhamento motor e/ou cognitivo do aluno na tarefa tendo em conta os
objectivos da sessão. Direccioná-lo para o foco da aprendizagem.

Utilizar conteúdos mais específicos (descritivo, prescritivo), sob a forma


auditivo-visual e dirigido ao aluno.

4. Aumentar a diversidade do Feedback Pedagógico positivo:

O feedback positivo é a reacção do Professor ao comportamento do aluno de


forma aprovativa, ou seja, de exaltação dessa prestação.

Tem implicações com as outras dimensões:

Clima – favorece um ambiente de trabalho positivo;

Gestão – maior disponibilidade e receptividade dos alunos em relação às


tarefas e conteúdos;

Disciplina – maior empenho dos alunos menor probabilidade de


comportamentos inapropriados.

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5. Apoiar/controlar activamente a prática dos alunos:

Consiste na habilidade de encontrar e aplicar sistemas que proporcionem a


supervisão activa dos alunos.

Implica uma atenção permanente do professor a fim de:

 Ter uma visão global da prática dos alunos;


 A percepção dos comportamentos inapropriados;
 Ter a percepção do grau de motivação e empenhamento dos alunos.

6. Utilizar os alunos como Agentes de Ensino:

Significa delegar algumas funções do Professor em um ou mais alunos que


assim as exerçam sobre o seu controlo. Estes são utilizados de acordo com os
objectivos do Professor. Deve ser utilizado sempre que o Professor pretenda
aumentar o número de feedbacks.

7. Garantir a qualidade e a pertinência da informação:

Tipos de erros mais comuns na informação:

 Insuficiência informacional;
 Desordem informacional;
 Descontrolo da comunicação;
 Incoerência informacional.

No feedback a qualidade é garantida por:

 Pertinência;
 Redundância;
 Informação (deve ser específica, útil, coerente e necessária).

8. Utilizar o Questionamento como Método de Ensino:

Objectivos:

 Envolver o aluno activamente na aula;


 Estimular e desenvolver a capacidade de reflexão;
 Verificar a assimilação dos conteúdos transmitidos.

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Formulação das Questões:

 Que solicitem a capacidade de reflexão dos alunos;


 Em função do que é significativo;
 Apresentadas por uma ordem lógica;
 Com vocabulário compreensível para os alunos;
 Com clareza;
 Dando tempo para responder e não repetindo as respostas dos alunos;
 Que solicitem respostas simples;
 Mencionar o nome do aluno;
 Não insistir com o mesmo aluno mas redireccionar a questão;
 Não alterar a questão.

O Professor deve incentivar, valorizar e oferecer oportunidades para que o


aluno questione.

Categorias de Questionamento:

 Questões Recordatórias
(requer níveis de memória)

 Questões Convergentes
(pede a integração na resposta de conteúdos já conhecidos)

 Questões Divergentes
(considera aspectos exploratórios e criativos de conteúdos não conhecidos)

 Questões de Valor
(determina escolha, selecção, atitude, opinião)

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4.1.1Dimensões e Categorias de Feedback Pedagógico

Dimensões Categorias

Avaliativo
Descritivo
Objectivo
Prescritivo
Interrogativo

Auditiva
Visual
Forma
Quinestésica
Mista

Individual (aluno)
Direcção Grupo (até 50% da classe)
Classe/Turma

Antes (reforço)
Momento Durante (performance ou concomitante)
Depois (de aprendizagem ou terminal)

Positiva
Afectividade
Negativa

4.1.2 Demonstração

É possibilitar uma comparação da própria execução com a do modelo. O


objectivo é permitir ao praticante uma percepção da realização do gesto de
acordo com a melhor técnica.

É necessário saber se:

 O aluno é capaz de representar visualmente um momento da execução;


 O aluno é capaz de confrontar uma repetição do gesto executado com a
recordação visual da demonstração (a sua execução com a da demonstração)

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Factores de aprendizagem que influenciam a aquisição do modelo:

 Atenção (apresentação do modelo);


 Retenção (palavras e/ou ideias chave);
 Reprodução (tentar reproduzir o modelo);
 Motivação (para melhorar as execuções iniciais).

Ou seja:

O Professor tem de conseguir a atenção dos seus alunos, dirigindo-a para


gestos determinantes da habilidade, bem como repetir-lhes tais aspectos
importantes, pedindo-lhes para executarem e recordarem os mesmos “pontos-
chave”.

Deve organizar a demonstração de forma a ajudar a reprodução da habilidade.


Deve motivar os alunos para aprender mais e melhor.

De acordo com a investigação o simples conhecimento visual não pode ser


confundido com a experiência do movimento e a imagem óptica com a imagem
cinestésica.

Momento da Demonstração:

 Antes da Tarefa (esquemas, vídeos, modelo, outros);


 Durante a tarefa (intercalares);
 Após a tarefa (revisão e reforço).

Formas de Apresentação:

Importante seleccionar bem o local e a disposição dos alunos face ao


demonstrador, para que:

 Todos os alunos vejam o demonstrador claramente;


 Todos os alunos vejam o demonstrador do mesmo ângulo.

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Cuidados a ter com o Modelo:

 Deve apresentar características idênticas ao observador-executante;


 Encontrar outras pessoas fora do grupo se o Professor não o faz
correctamente (desaconselhado a ser o Professor a demonstrar);
 Pode aproveitar os melhores alunos para o fazerem;
 Pode pdeir a algum alune que “treine” para demonstrar;
 Após uma ou mais demonstrações lentas ou parciais, deve ser feita uma
última completa e à velocidade normal (com todo o processo, desde à
tarefa à organização integral do exercício).

4.2 Dimensão Gestão

A gestão eficaz de uma aula consiste num comportamento do Professor que


produza índices de envolvimento dos alunos nas actividades das aulas, um
número reduzido de comportamentos inapropriados, e, o uso eficaz do tempo
de aula.

O que há a controlar?

 O clima emocional;
 A gestão do comportamento dos alunos;
 A gestão das situações de aprendizagem.

Pressupostos que os Professores assumem que podem levar ao corte:

Os alunos entram no ginásio rapidamente; os alunos estão ansiosos para


começarem a aula; os alunos estão sempre atentos às instruções e
demonstrações; os alunos organizam-se e transitam rapidamente de tarefa; os
alunos fazem um esforço real para realizarem as tarefas de aprendizagem.

Conceitos:

Interacções de Gestão; Tempo de Gestão; Episódios de Gestão; Tempo de


Transições; Rotinas de Aula; Fluxo de Aula.

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Aspectos fundamentais para melhorar a gestão da aula:

 Diminuir o tempo gasto em gestão;


 Reduzir a média de tempo gasto por episódio de gestão;
 Reduzir a média de tempo gasto em cada episódio de transição;
 Definir rotinas específicas;
 Definir e manter o ritmo e entusiasmo pela aula;
 Prever comportamentos de desvio.

Técnicas de Intervenção Pedagógica:

 Controlo da actividade inicial;


 Começar a aula a horas;
 Elevados índices de feedback e intervenções positivas;
 Afixação de recordes de tempo gato em gestão dos alunos;
 Gestão do fluxo de aula;
 Definir sinais de: atenção, reunião, transição. Sonoros, não sonoros ou
mistos.

4.3 Dimensão Clima

Engloba aspectos de intervenção pedagógica relacionados com interacções


pessoais, relações humanas e ambiente.

Interacções Pessoais:

 Ser consistente;
 Interagir em face de comportamentos significativos;
 Ligar a interacção à tarefa;
 Interagir com base em aspectos extra-curriculares;
 Demonstrar entusiasmo;
 Relacionar as interacções com as emoções e sentimentos dos alunos;
 Controlar as suas emoções;
 Ser credível;
 Ser positivo;
 Ser exigente.

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Preocupações em promover comportamentos responsáveis:

 Aceitar as consequências dos compromissos assumidos;


 Demonstrar e exigir comportamentos baseados em valores e padrões
éticos explícitos;
 Promover, organizar e animar a cooperação entre alunos.

4.4 Dimensão Clima

Esta dimensão está intimamente ligada ao Clima sendo fortemente afectada


pela Gestão e qualidade da Instrução.

Comportamentos:

 Apropriados
 Inapropriados
o Fora da Tarefa
o De Desvio (mais graves, implicam intervenção do Professor)

Comportamentos Fora da Tarefa:

Devem ser ignorados sempre que possível

Comportamentos de Desvio:

São comportamentos de indisciplina e, por isso, devem implicar uma


intervenção do Professor, que pode ser repreensiva (verbal) ou punitiva
(castigo).

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Repreensiva:

 Quando foi a 1ª vez;


 Quando o comportamento não foi grave (não existiram ofensas verbais
ou corporais).

Punitiva – quando o Professor decide punir deve:

 Ser pertinente (momento);


 Ser justo (pena correspondente à gravidade da falha);
 Ser coerente (à mesma falha o mesmo castigo);
 Ser consistente (depois de punir não recuar);
 Ser credível (só punir nas situações devidas).

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V. ESTILOS DE ENSINO (MOSSTON & ASHWORTH)
5.1 Importância do domínio de vários estilos de ensino
 Compreensão da natureza construtivista da aprendizagem;
 Aumento da diversidade dos alunos;
 Necessidade de adaptar o ensino a diferentes estilos de aprendizagem,
tipos de inteligência, formas de auto-regulação;
 Procura de potenciar níveis de aprendizagem mais complexos.

5.2 Uma visão do ensino

Ensino

Professor Aluno

Conhecimentos Procedimentos Atitudes

Clima de Aula: aceitação; rejeição; cooperação; prazer; discordância;


indiferença

5.3 Questões a que deve responder o Professor


1) O que pretendo que os meus alunos aprendam? Quais são os objectivos
da aula?
2) Que metodologia vou escolher de modo a atingir esses objectivos?
Como deve ser o meu ensino?
3) Qual será a sequência da aula? Como vou organizar os materiais?
4) Como organizo a classe para uma melhor aprendizagem?
5) Como vou motivar os alunos? Como vou fornecer um feedback
apropriado?
6) Como vou criar um clima propício ao pensamento, à interacção social e
a bons sentimentos?
7) Como sei que os alunos atingiram os objectivos? Atingiram todos ou
apenas alguns?
8) Como vou saber se a acção desenvolvida na aula é congruente com os
propósitos iniciais?

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5.4 Processo de Ensino

Decisões

Professor Interacção Aluno

Padrões
de
decisão

Estilos de Ensino

5.5 Ensinar
Implica tomar decisões:
 Organização dos alunos;
 Organização dos conteúdos;
 Organização do tempo, espaço e materiais;
 Forma de interacção com o aluno;
 Forma de estabelecer ligações cognitivas com os alunos;
 Comportamento verbal do professor;
 Clima social e afectivo na aula.

5.6 Espectro dos Estilos de Ensino (algumas premissas)


 Cada acto deliberado do professor é o resultado de uma decisão prévia;
 A anatomia de cada estilo é composta por um conjunto de categorias de
decisões:
o Pré-impacto;
o Impacto;
o Pós-impacto
 As decisões são com relação à interacção entre o professor e os alunos;
 O espectro define-se num contínuo de decisões tomadas pelo aluno e
pelo professor – no primeiro estilo totalmente centradas no professor, no
último centrado no aluno;
 Os estilos de A a E centram-se na reprodução e os estilos F a K
centram-se na produção;
 Cada estilo afecta o desenvolvimento do aluno de um modo próprio e
único.

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5.7 Elementos de cada episódio de ensino
[O]
Objectivos

[E] [A]
Professor Aluno
(Ensino) (Aprendizagem)

Objectivos Relacionados com os Conteúdos – conteúdo particular de um


episódio de EA

Objectivos Relacionados com Atitudes – objectivos relacionados com o


comportamento humano

5.8 Escolha do Estilo de Ensino


 Atribui um determinado papel ao aluno;
 Condiciona a relação dos alunos com a tarefa;
 Condiciona a relação dos alunos entre si;
 Condiciona o modelo de comunicação adoptado;
 Influencia a quantidade e a qualidade das condições de prática.

Cada estilo produz efeitos próprios e diferenciados, consoante o vector de


desenvolvimento:

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5.9 O Espectro de Estilos de Ensino
A. Ensino por Comando

Reprodução do
Conhecimento
B. Ensino por Tarefas
C. Ensino Recíproco
D. Ensino com Auto-Avaliação
E. Ensino Inclusivo
F. Descoberta Guiada
Descoberta e Produção do

G. Descoberta Convergente
Desconhecido

H. Produção Divergente
I. Programa Individual
J. Iniciativa do Aluno
K. «Auto-Ensino»

Estilo de Ensino A. Ensino por Comando


O propósito deste estilo é o de promover uma
aprendizagem exacta da(s) tarefa(s), num
Descrição
curto período de tempo, sendo todas as
decisões tomadas pelo professor
Turma organizada;
Uso eficiente do tempo;
Implicações
Alto empenho;
Progresso rápido.
O professor planeia e prescreve os exercícios
Papel do Professor de forma rígida;
Toma o máximo de decisões
Característica
O aluno executa as tarefas, obedece e
Papel do Aluno
cumpre.
Exemplo Aulas de aeróbica

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Estilo de Ensino B. Ensino por Tarefas
Transferência da tomada de decisões
Descrição
específicas do professor para o aluno.
Os alunos começam a ser independentes;
São necessárias actividades para os alunos
Implicações
que terminam a tarefa;
O tempo da tarefa pode ser afectado.
Manter-se disponível para responder às
questões dos alunos;
Papel do Professor
Recolher informação acerca do desempenho
dos alunos e fornecer feedback individual
Realizar a tarefa;
Característica
Decidir sobre a ordem das tarefas, tempo,
Papel do Aluno
ritmo, intervalo, postura, aparência, questões
iniciais.
Capacidades individuais em basquetebol,
Exemplo
voleibol e outras

Estilo de Ensino C. Ensino Recíproco


Propósitos deste estilo: Trabalho do aluno
com um parceiro; Fornecer feedback ao
Descrição
parceiro, de acordo com critérios preparados
pelo professor
Trabalho de pares;
Implicações Mais decisões para os alunos;
Maior empenhamento dos alunos na tarefa
Controla os observadores;
Papel do Professor Fornece feedback aos observadores;
Responde às questões do observador.
Seleccionar os papéis de executante e de
observador;
Característica
O observador compara o desempenho do
Papel do Aluno
colega com os critérios e fornece-lhe
feedback;
Quando termina, invertem as funções.
Exemplo

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Estilo de Ensino D. Ensino com Auto-Avaliação
O aluno aprende a realizar uma tarefa;
Descrição
O aluno verifica o seu próprio trabalho.
Auto-Avaliação é privada;
Os alunos conhecem os seus limites e
Implicações sucessos;
Os resultados são mais importantes que o
processo.
O professor define as tarefas;
Papel do Professor O professor define os parâmetros de
avaliação.
Característica Realizam as tarefas indicadas pelo professor;
Papel do Aluno São os próprios alunos a fazer a sua
avaliação segundo parâmetros definidos.
Exemplo

Estilo de Ensino E. Ensino Inclusivo


Proporciona aos alunos opções
individualizadas dentro da mesma tarefa. As
Descrição opções derivam do grau de dificuldade,
podendo o aluno seleccionar a que mais se
ajusta ao seu nível.
O aluno toma decisões na sua aprendizagem;
O professor tem que organizar e planear
Implicações
previamente as tarefas e determinar os níveis
de exigência.
Preparar as tarefas e os seus níveis;
Papel do Professor Preparar os critérios para cada nível;
Responder aos alunos.
Decidir sobre a ordem das tarefas, tempo,
ritmo, intervalo, postura, aparência, questões
iniciais; Desempenha a tarefa;
Característica Examina os diferentes níveis da tarefa;
Papel do Aluno Selecciona o nível apropriado para si;
Compara o seu desempenho com os critérios
preparados pelo professor;
Questiona o professor para o esclarecimento
de dúvidas.
Exemplo Encestar no basquetebol, ginástica

26
Estilo de Ensino F. Descoberta Guiada
Empenha o aluno no processo de
Descrição convergência e de descoberta de um padrão
determinado.
Muita preparação por parte do professor;
Pouco contacto social entre os alunos;
Implicações
Elevado esforço cognitivo;
Nível de empenho físico pode ser baixo
O professor conduz sistematicamente o aluno
Papel do Professor para a descoberta de um determinado
“padrão” ainda não conhecido pelo aluno.
Ouvir as questões ou pistas lançadas pelo
professor;
Característica Papel do Aluno
Descobrir a resposta para cada questão na
sequência; descobrir a resposta final.
Descoberta do centro de gravidade na
Exemplo ginástica; descoberta da necessidade de
desmarcar

G. Descoberta Convergente
Estilo de Ensino
(resolução de problemas)
Promover a descoberta, pelo aluno, de uma
solução para um problema, para clarificar um
Descrição
assunto, ou chegar a uma conclusão
empregando procedimentos lógicos
O professor deve possuir um conjunto de
Implicações pistas sequências que convirjam numa única
resposta.
Apresentar o problema ou situação a resolver;
Acompanhar o processo de pensamento do
Papel do Professor aluno;
Fornecer feedback ou pistas sem indicar a
solução.
Característica Examinar o problema ou situação;
Desenvolver um procedimento para
Papel do Aluno solucionar ou chegar a uma conclusão;
Verificar o processo e a solução de acordo
com critérios apropriados.
Exemplo

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Estilo de Ensino H. Produção Divergente
Leva o aluno a descobrir e a produzir várias
Descrição
respostas para uma questão.
Exigente para o professor na preparação;
Implicações Necessário domínio deste tipo de actividades
pelo professor.
Definir a questão a colocar;
Aceitar as respostas;
Papel do Professor
Servir de fonte de verificação para algumas
Característica tarefas de igual conteúdo.
Os alunos empenham-se na obtenção de
Papel do Aluno
respostas para um mesmo problema.
Exemplo Tácticas desportivas; processos de jogo

Estilo de Ensino I. Programa Individual


O professor indica a generalidade do assunto,
Descrição sendo que é o aluno que cria o projecto e
todo o processo de conclusão.
Necessária experiência prévia do aluno;
Implicações
Exige tempo.
Seleccionar uma área geral a partir da qual o
Papel do Professor aluno selecciona o tópico a estudar;
Acompanhar o progresso do aluno.
Seleccionar o foco do seu estudo;
Identificar questões apropriadas;
Organizar as questões, organizar as tarefas e
Característica desenhar um programa pessoal;
Papel do Aluno Coligir dados, responder a questões e
organizar as respostas de acordo com um
quadro de referência;
Verificar os procedimentos de acordo com
critérios intrínsecos à matéria em estudo.
Exemplo

28
Estilo de Ensino J. Iniciativa do Aluno
O aluno toma todas as decisões no âmbito
Descrição das três séries (pré-impacto; impacto; pós-
impacto)
O professor deve ser um bom orientador;
Implicações Os alunos devem possuir relativa experiência;
Necessário tempo.
O professor orienta e esclarece o aluno
Papel do Professor
quando solicitado
Característica
Papel do Aluno O aluno toma por si as decisões
Exemplo

Estilo de Ensino K. «Auto-Ensino»


O aluno toma todas as decisões em todas as
Descrição séries do conjunto sem qualquer
acompanhamento
O aluno deve ter passado por todas as outras
experiências prévias;
Implicações
O aluno deve possuir bastante conhecimento
e consciencialização do processo;
O professor não é presente no ensino;
Papel do Professor
Pode ter um papel de avaliador.
O aluno não é acompanhado por qualquer
Característica
Papel do Aluno professor;
Não se aplica aos parâmetros da escola.
Exemplo

29
5.10 Estilos de Ensino em Educação Física – contributos da investigação

Byra (2000):

 Os estilos reprodutivos são os mais utilizados, com excepção do estilo


auto-avaliação;
 Os estilos reprodutivos revelam-se eficazes na promoção de destrezas
motoras.

Kulinna & Cothran (2003) (212 Professores de EF do secundário):

 Uso de vários estilos;


 Menor uso dos estilos de produção, apenas o estilo de produção
divergente faz parte dos cinco mais usados;
 Falta de experiência dos vários estilos como estudante influencia o
pouco uso dos estilos de produção no ensino;
 Percepção da importância de cada estilo = uso dos estilos de ensino.

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