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História do Ensino da
Matemática: uma introdução
Belo Horizonte
CAED-UFMG
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS CONSELHO EDITORIAL
Profº Clélio Campolina Diniz Profª. Ângela Imaculada Loureiro de Freitas Dalben
Reitor Profº. Dan Avritzer
Profª Rocksane de Carvalho Norton Profª. Eliane Novato Silva
Vice-Reitoria
Profº. Hormindo Pereira de Souza
Profª Antônia Vitória Soares Aranha
Profª. Paulina Maria Maia Barbosa
Pró Reitora de Graduação
Profª. Simone de Fátima Barbosa Tófani
Profº André Luiz dos Santos Cabral
Pró Reitor Adjunto de Graduação Profª. Vilma Lúcia Macagnan Carvalho
Profº. Vito Modesto de Bellis
Profº. Wagner José Corradi Barbosa
CENTRO DE APOIO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
Profº Fernando Selmar Rocha Fidalgo COLEÇÃO EAD – MATEMÁTICA
Diretor de Educação a Distância Coordenador: Dan Avritzer
Prof º Wagner José Corradi Barbosa LIVRO: Lições de Cálculo Integral em Várias Variáveis
Coordenador da UAB/UFMG Autores: Dan Avritzer e Mário Jorge Dias Carneiro
Profº Hormindo Pereira de Souza Junior Revisão: Jussara Maria Frizzera
Coordenador Adjunto da UAB/UFMG
Projeto Gráfico: Laboratório de Arte e Tecnologia para
Educação/EBA/UFMG
Formatação: Sérgio Luz
EDITORA CAED-UFMG
Profº Fernando Selmar Rocha Fidalgo
Apresentação 7
Nota do Editor 11
1 RICOEUR, P. A memória, a história, o esquecimento. Tradução de Alain François [et al.]. Campinas: Editora da UNICAMP,
2007, p. 101.
2 O curso iniciou-se em 2009, com turmas ingressantes em quatro polos: Araçuaí, Conceição do Mato Dentro, Governador
Valadares e Montes Claros. Em 2011, iniciaram suas atividades novas turmas em Araçuaí, Conceição do Mato Dentro
e Governador Valadares, além de turmas nos dois novos polos de Januária e Teófilo Otoni. Em 2012, foram abertas
inscrições para ingresso de mais turmas em Governador Valadares e Montes Claros e ainda em mais dois polos: Bom
Despacho e Corinto.
3 Distinguem-se, na investigação sobre essa temática, os trabalhos dos pesquisadores Antonio Miguel e Maria Ângela
Miorim, entre os quais destacamos o livro História na Educação Matemática: propostas e desafios. Já no âmbito das
propostas curriculares, é possível notar a defesa dos componentes históricos, por exemplo, nos documentos publicados
pelo Ministério da Educação desde 1997-1998, a partir da divulgação dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o
Ensino Fundamental.
7
considerável na formação docente, pois esses conhecimentos, adequadamente problemati-
zados, podem levar os estudantes a entenderem melhor suas próprias concepções sobre a
profissão de professor e sobre as práticas docentes em relação à Matemática. Mais ainda,
esses conhecimentos têm o potencial de contribuir para a proposição, pelos professores,
de formas alternativas positivas de atuação em relação ao que se tem feito na maioria das
vezes – reproduzir práticas inadequadas do passado, mesmo sem entendê-las.
Na criação do curso a distância da UFMG, a elaboração do projeto curricular valorizou a
focalização de aspectos históricos do ensino da Matemática e aprovou a inclusão da disciplina
a que este texto se destina, com a proposta de ementa transcrita abaixo, considerando-se
uma carga horária de 30 horas-aula no curso a distância:
A evolução do ensino de Matemática na educação básica no Brasil: surgimento e principais
momentos; a “escola nova” e o “movimento da matemática moderna”; décadas recentes, com
os movimentos de universalização e inclusão na educação básica.
Ainda que o escopo previsto seja o da história do ensino da Matemática no Brasil, a proposta
é bastante ampla e poderia acolher uma grande variedade de abordagens.
O presente texto foi elaborado levando em conta que uma disciplina não tem espaço para
abordar “tudo” e que, mais importante do que apresentar informações, é criar as condições
para que os estudantes, no futuro (quando estiverem atuando como professores) possam
estudar mais e compreender melhor o que estudam fundamentados em uma postura crítica
e investigativa. O título escolhido para o trabalho – História do ensino da Matemática:
uma introdução – procura retratar que não se pretendeu escrever um livro panorâmico
sobre a história do ensino da Matemática no Brasil, guiado pela ementa proposta para
a disciplina do curso de licenciatura a distância da UFMG. Por outro lado, essa ementa
está contemplada nas três unidades em que o trabalho foi organizado e sobre as quais
discorremos brevemente a seguir.
Na Unidade 1, apresentamos uma visão geral da história do ensino da Matemática no
Brasil, organizada cronologicamente, na qual procuramos abranger os itens que compõem a
ementa da disciplina. Esboçam-se, então, considerações mais genéricas acerca de questões
da história da educação brasileira nos períodos colonial, imperial e republicano, com alguma
atenção específica ao ensino da Matemática. Considerando que a consolidação de um
sistema de ensino no país veio a ocorrer somente no século XX, o espaço maior é dedicado
ao Brasil República. Nessa parte, a Matemática é focalizada mais de perto, destacando-
se a reforma Francisco Campos (que, em 1931, conferiu ao ensino brasileiro a primeira
organização nacional) e o movimento da matemática moderna, marco na história do ensino
da Matemática em todo o mundo, nas décadas de 1960 e 1970.
A Unidade 2 se destina à tarefa específica de mostrar como os conteúdos matemáticos
veiculados na escola, mesmo que estejam sempre presentes, se transformam com o
transcorrer do tempo. Para isso, foi escolhido o tema dos números racionais e irracionais, que
é abordado a partir de uma fonte muito relevante para a história do ensino da Matemática –
os livros didáticos, particularizando três diferentes períodos do século XX: as três primeiras
décadas; de 1931 até o início dos anos 1960; e os anos 1960-1970 – período de penetração
e difusão do movimento da matemática moderna em nosso país.
9
nota do editor
11
1 Aspectos gerais da história do
ensino de Matemática no Brasil
Unidade 1: A spectos gerais da história do
ensino de Matemática no Brasil
Objetivo
Introduç ão
Desde o descobrimento, o ensino no Brasil foi quase uma prerrogativa dos padres da
Companhia de Jesus. O primeiro grupo de jesuítas chegou ao Brasil em 1549, junto com o
primeiro governador-geral, Tomé de Souza. Esses seis padres, liderados pelo padre Manuel
da Nóbrega, foram os responsáveis pela criação da primeira escola elementar, na cidade
de Salvador. A rede de educação jesuíta ampliou-se com a fundação de outras escolas
elementares (em Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga)
e dos colégios, gradualmente estabelecidos na Bahia (1556), no Rio de Janeiro (1567), em
Olinda (1568), no Maranhão (1622), em São Paulo (1631) e, posteriormente, também em
outras regiões.
Nas escolas elementares, no que diz respeito aos conhecimentos matemáticos,
contemplava-se o ensino da escrita dos números no sistema de numeração decimal e o
estudo das operações de adição, subtração, multiplicação e divisão de números naturais.
Nos colégios, o ensino ministrado era de nível secundário, e privilegiava uma formação em
que o lugar principal era destinado às humanidades clássicas. Havia pouco espaço para
os conhecimentos matemáticos e grande destaque para o aprendizado do latim. Sobre o
ensino desses conhecimentos, conhece-se pouco: por exemplo, sabe-se que a biblioteca
do colégio dos jesuítas no Rio de Janeiro possuía muitos livros de Matemática. No entanto,
estudos realizados por muitos pesquisadores conduzem à ideia geral de que os estudos
matemáticos eram realmente pouco desenvolvidos no ambiente jesuíta.
Em 1759, Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal, primeiro-ministro de
Portugal no período 1750-1777, ordenou a expulsão dos jesuítas de todas as colônias.
Como esses padres eram os responsáveis pela maior parte das instituições educacionais no
Brasil – havia 17 colégios em vários locais nesse momento –, considera-se que sua retirada
do país é um marco importante na história da educação brasileira. Restaram poucas escolas,
dirigidas por outras ordens religiosas e instituições de ensino militar.
Em 1772, um alvará do marquês de Pombal criou as “aulas régias”, nas quais isoladamente
se ensinaram primeiramente a gramática, o latim, o grego, a filosofia e a retórica, e,
2 Conforme SAVIANI, D. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2007.
3 Trata-se do estudo das frações ordinárias.
4 De acordo com VEIGA, Cynthia. G. História da Educação. São Paulo: Ática, 2007.
5 Em 1834, promulgou-se um ato adicional à Constituição, que transferiu para as assembleias das províncias a tarefa de
administrar a instrução pública. Cada província passou a ter sua legislação educacional particular.
6 CURY, Carlos R. J. A educação como desafio na ordem jurídica. In: LOPES, Eliane M.; FARIA FILHO, Luciano M.; e VEIGA,
Cynthia G. 500 anos de educação no Brasil. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
7 VEIGA, C. G., op. cit.
exemplos são: São Paulo (1920), com Sampaio Dória; Ceará (1922-1923), com Lourenço Filho; Distrito Federal (1922-
1926) e Pernambuco (1928), com Carneiro Leão; Minas Gerais (1927-1928), com Francisco Campos; Bahia (1928), com
Anísio Teixeira. No Distrito Federal, em 1928, ocorreu nova reforma, sob a liderança de Fernando de Azevedo (Conforme
Veiga, C. G., op. cit.).
10 De acordo com Veiga (2007), utilizaram-se ainda os termos “escola moderna”, “escola progressista” e “escola do trabalho”.
11 VIDAL, D. Escola nova e processo educativo. In: LOPES, E. M.; FARIA FILHO, L. M.; VEIGA, C. G. (Orgs.) 500 anos de Educação
no Brasil.3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. p. 497-517.
12 Miorim, 1998, p. 90.
13 Preservamos a ortografia e as abreviações da autora em Lodi, A. [Relato de atividades desenvolvidas nos três primeiros
meses como docente da Escola de Aperfeiçoamento] (1929). Belo Horizonte: não publicado.
20 Baseamo-nos, aqui, no texto de Luiz Antônio Cunha: CUNHA, L. A. Ensino superior e universidade
no Brasil. In: LOPES, E. M.; FARIA FILHO, L. M. e VEIGA, C. G. 500 anos de educação no Brasil. 3ª
ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
21 Conforme SAVIANI, 2007, op. cit.
22 De acordo com VALENTE, W. R. (Org.). O nascimento da matemática do ginásio. São Paulo: Annablume; FAPESP, 2004.
23 Conforme SOARES, M. Português na escola: História de uma disciplina curricular. In: LOPES, E. M.; PEREIRA, M. R. (orgs.).
Conhecimento e inclusão social: 40 anos de pesquisa em Educação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
30 PAVANELLO, R. M. O abandono da geometria no Brasil: causas e conseqüências. Zetetiké, Campinas, n. 1, p. 7-17, mar. 1993.
Em 1996, como já foi comentado no início deste texto, publicou-se a atual Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDB), que contém os principais parâmetros relacionados à
educação em nosso país, inclusive sua estruturação.
As mudanças ocorridas em relação às recomendações para o ensino da Matemática vinculadas
à crise do Movimento da Matemática Moderna, à emergência e ao desenvolvimento da
área da Educação Matemática, com a realização de um número enorme de pesquisas que
contemplam muitas tendências e os mais diversos contextos em que se ensina a Matemática,
têm repercutido nas propostas curriculares mais recentes. Entre elas, a de maior relevo é a
dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, de responsabilidade do
Ministério da Educação – MEC –, publicada em 1997-1998.
Posteriormente, surgiram propostas análogas para o Ensino Médio, a Educação de Jovens
e Adultos e a Educação Indígena, também vinculadas ao MEC. Todas essas propostas
incorporaram os resultados de pesquisas acadêmicas em Educação Matemática no Brasil
e no exterior, desde o final da década de 1970. Elas trazem alguns elementos comuns,
como a colocação da necessidade de incorporação, nas práticas pedagógicas escolares, das
tecnologias da informação e da comunicação, dos jogos e materiais concretos, da história
da Matemática, e almejam, sobretudo, que os conhecimentos matemáticos na formação
escolar básica tenham realmente significado para os estudantes, ultrapassando a simples
preparação para as carreiras profissionais que eventualmente venham a seguir.
Outra mudança recente a ser sublinhada na atualidade brasileira é a extensão do Ensino
Fundamental de oito para nove anos, com a inclusão das crianças de seis anos nesse nível.
Essa modificação traz novas demandas à formação de professores e à produção de materiais
didáticos, no contexto da alfabetização, proposta para ser iniciada mais cedo.
O Brasil modificou-se completamente em suas dimensões políticas, sociais, econômicas e
culturais no final do século XX e início do século atual. A educação está sempre atrelada
às demandas e características das sociedades que a sustentam, e o ensino de Matemática
integra essa educação. Em cada momento histórico, a Matemática, como qualquer outra
disciplina escolar, tece-se pelos fatores externos – as condições sociais, políticas, culturais e
econômicas que compõem a escola e o ensino – e pelos fatores internos – aqueles referentes
à natureza dos conhecimentos de uma área específica. Para a Matemática, como também
ocorre em outros campos, os fatores internos têm se constituído, cada vez mais, não apenas
em relação aos conteúdos específicos, já que conhecimentos sobre a natureza dos processos
de ensino e aprendizagem e a formação dos profissionais da área da Educação Matemática
têm repercutido com força nas propostas e recursos curriculares e didático-pedagógicos.
A maior demanda da atualidade brasileira para a melhoria do ensino da Matemática é a
formação de professores para atender a uma enorme e diversa população. Por isso, também se
têm ampliado consideravelmente, nos últimos anos, os cursos de preparação de docentes, na
graduação e na pós-graduação. Não podemos deixar de aludir, nesse contexto, aos programas
de formação inicial de professores de Matemática a distância, inseridos na Universidade
Aberta do Brasil – UAB –, como uma das iniciativas de destaque dos últimos anos, da qual faz
parte o curso de licenciatura à distância da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.
Apêndice: notas explicativas sobre alguns nomes usados para instituições de ensino
Ao longo do tempo, alguns substantivos de origem grega e latina têm sido utilizados para
designar instituições de ensino e algumas vezes também de pesquisa. Entre eles, procuramos
dar uma breve explicação para os termos escola, colégio, liceu, academia, ateneu e museu.
Academia: A origem da palavra é o nome de um ginásio (para a prática de esportes) dedicado
ao herói Academo, em Atenas, perto do lugar em que Platão residiu e que fundou sua escola
de filosofia. Lá, Platão ensinou durante quarenta anos, de 387 a. C. até sua morte no ano
347 a. C. Essa escola ficou conhecida como a Academia de Platão e existiu até o ano 529,
quando foi fechada por ordem do imperador romano Justiniano.
Ateneu: Originalmente, em Atenas, na Grécia antiga, o Ateneu era um lugar público dedicado
à deusa da sabedoria, Palas Atena (chamada de Minerva pelos romanos). Nesse lugar,
poetas e literatos liam suas obras. Por extensão de sentido, a palavra foi usada para nomear
instituições ou associações com finalidade cultural e também instituições de ensino.
Colégio: A palavra é de origem latina (collegium) e significa associação, confraria, corporação.
É usada para indicar uma reunião de indivíduos da mesma categoria (colégio eleitoral,
colégio de sacerdotes) e instituições de ensino.
Escola: Sua origem mais próxima é a palavra schola, do latim clássico, advinda, por sua
vez, do termo grego skolé, que significava ócio ou lazer, descanso, repouso. Para os gregos
antigos, a busca do conhecimento tinha esse sentido. Por essa razão, o significado mais
comum da palavra é o de instituição em que se ministra qualquer tipo de ensino coletivo.
Liceu: Palavra de origem grega (lyceum) foi o nome da escola de filosofia fundada em 335
a. C. por Aristóteles. Ela se situava a leste de Atenas, num bosque consagrado a Apolo
Lykeios. O nome foi e ainda é usado em várias línguas para indicar lugares de instrução.
Na França, o termo lycée se refere a estabelecimentos para os três últimos anos do ensino
secundário. Em Portugal, até o final da década de 1970, os liceus eram as escolas voltadas
para a formação geral em ciências e humanidades e a preparação para o ensino superior,
e funcionavam paralelamente a diversos tipos de escolas técnicas profissionais. A partir
de 1975, os liceus e escolas técnicas começaram a se transformar em escolas secundárias
que deveriam ministrar o ensino liceal e também o ensino técnico. Em 1978, concluiu-se
o processo de extinção dos liceus e todas as escolas que ainda eram assim designadas
passaram a ter o nome de escolas secundárias.
Museu: O museu (mouseion) era, na Grécia Antiga, um templo de devoção às musas, que
eram divindades protetoras da música, da poesia, da história, da tragédia, da comédia, da
dança, da oratória e da astronomia. A palavra pode designar: uma instituição que busca,
conserva, estuda e expõe objetos de valor artístico, histórico etc.; o local em que esses
objetos são expostos; ou uma coleção de objetos raros.
BÚRIGO, E. Z. Matemática Moderna: progresso e democracia na visão de educadores brasileiros dos anos 60.
Teoria e Educação, n. 2, p. 255-265, 1990. Cidade?
CUNHA, L. A. Ensino superior e universidade no Brasil. In: LOPES, E. M.; FARIA FILHO, L. M. e VEIGA, C. G.
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CURY, C. R. J. A educação como desafio na ordem jurídica. In: LOPES, Eliane M.; FARIA FILHO, Luciano M. e
VEIGA, Cynthia G. 500 anos de educação no Brasil. 3 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
DASSIE, B. A.; ROCHA, J. L.; SOARES, F. S. Ensino de Matemática no século XX – da Reforma Francisco Campos
à Matemática Moderna. Horizontes, v. 22, n. 1, p. 7-15, jan./jun. 2004. Cidade?
FIORENTINI, D.; MIGUEL, A.; MIORIM, M. A. Álgebra ou Geometria: para onde pende o pêndulo? Pro-Posições,
vol. 3, n. 1 (7), p. 39-54, mar.1992. cidade?
FIORENTINI, D. Alguns modos de ver e conceber o ensino da matemática no Brasil. Zetetiké, Campinas, n. 4, p.
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LODI, A. [Relato de atividades desenvolvidas nos três primeiros meses como docente da Escola de
Aperfeiçoamento] (1929). Belo Horizonte, não publicado.
MIORIM, M. A. Introdução à História da Educação Matemática. São Paulo: Atual, 1998.
MIORIM, M. A. Livros didáticos de matemática do período de implantação do movimento da matemática
moderna no Brasil. In: V Congresso Ibero-americano de educação matemática, 2005, Porto. V CIBEM –
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2005. v. 1, p. 1-20.
PAVANELLO, R. M. O abandono da geometria no Brasil: causas e conseqüências. Zetetiké, Campinas, n. 1, p.
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PITOMBEIRA, J. B. Euclides Roxo e as polêmicas sobre a modernização do ensino da matemática. In: VALENTE,
Wagner R. (Org.). Euclides Roxo e a modernização do ensino de Matemática no Brasil. Brasília: Editora UnB,
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ROMANELLI, O. História da educação no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2001.
SAVIANI, D. História das idéias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2007.
SOARES, F. Movimento da Matemática Moderna no Brasil: avanço ou retrocesso? 2001. Dissertação (Mestrado
em Matemática) – Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro.
SOARES, M. Português na escola: História de uma disciplina curricular. In: LOPES, E. M.; PEREIRA, M. R. (Orgs.).
Conhecimento e inclusão social: 40 anos de pesquisa em Educação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
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T. & RANZI, S. M. História das disciplinas escolares no Brasil: contribuições para o debate. Bragança Paulista:
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VALENTE, W. R. (Org.). A Matemática do Ginásio. Livros Didáticos e as Reformas Campos e Capanema. CD-ROM.
São Paulo: GHEMAT/FAPESP, 2005.
VALENTE, W. R. (org.). O nascimento da matemática do ginásio. São Paulo: Annablume, Fapesp, 2004.
VALENTE, W. Programas e livros didáticos modernos para o ensino de matemática no Brasil. In: MATOS, J. M.;
VALENTE, W. R. A reforma da Matemática Moderna em contextos ibero-americanos. Lisboa: Faculdade de
Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, 2010. pp. 77-102.
VALENTE, W. R. Uma história da matemática escolar no Brasil (1730-1930). São Paulo: Annablume, FAPESP,
1999.
Leituras Complementares
Atividade 1
Após ler o texto Aspectos gerais do ensino de Matemática no Brasil até o fim do trecho que
focaliza a reforma Francisco Campos e, também, o texto extraído do Novíssimo Programa
do Ensino Secundário (especialmente a parte relativa à Matemática na reforma Francisco
Campos):
1. Faça uma síntese das ideias quanto ao papel da noção de função expostas no texto
extraído do Novíssimo Programa do Ensino Secundário (reforma Francisco Campos).
Atividade 2
Depois de terminar a leitura do texto Aspectos gerais do ensino de Matemática no Brasil,
escreva um texto de 1 a 3 páginas (se for digitado, use Times New Roman, tamanho 12,
espaçamento 1,5), comentando três pontos que chamaram sua atenção quanto à história
do ensino de Matemática no Brasil. Considere, para elaborar o seu trabalho, além do texto
mencionado, a parte de Matemática da reforma Francisco Campos no texto extraído do
Novíssimo Programa do Ensino Secundário. No trabalho, você deve explicitar e explicar, com
suas palavras, os três pontos escolhidos e indicar os motivos pelos quais eles despertaram
o seu interesse.
Atividade 3
Faça a leitura completa do texto de Dario Fiorentini – Alguns modos de ver e conceber o
ensino da Matemática no Brasil, 1ª e 2ª partes.
Nesse artigo, o autor apresenta e discute seis tendências marcantes na configuração
histórica do conjunto de ideias norteadoras do ensino da Matemática no Brasil: a tendência
formalista clássica; a tendência empírico-ativista; a tendência formalista moderna; a
tendência tecnicista e suas variações; a tendência construtivista; e a tendência sócio-
etnocultural.
Escolha uma das tendências e, usando suas palavras, explique como ela se caracteriza, de
acordo com o texto de Fiorentini, quanto aos seguintes aspectos: concepção de Matemática;
crença sobre como se forma o conhecimento matemático; finalidades e valores atribuídos ao
ensino da Matemática; concepção de ensino-aprendizagem; cosmovisão (visão de mundo)
subjacente; relação professor-aluno; perspectiva de estudo/pesquisa com vistas à melhoria
do ensino da Matemática.
Objetivo
Introduç ão
Durante as três primeiras décadas do século XX, o ensino secundário brasileiro ainda
se realizava balizado pelos programas e pontos fixados pelo governo central para os
exames preparatórios que possibilitavam o acesso aos cursos superiores36. No sistema dos
preparatórios, que atravessou o Império e as primeiras décadas da República no Brasil, os
candidatos ao ensino superior prestavam exames de acordo com a carreira a que aspiravam,
34 SOARES, M. Um olhar sobre o livro didático. Presença Pedagógica, v. 2, n. 2, p. 53-63, nov./dez. 1996. Cidade?
35 GOMES, M. L. M. Os números racionais em três momentos da história da matemática escolar brasileira. BOLEMA, Rio Claro,
n. 26, p. 17-44, 2006.
GOMES, M. L. M. Aspectos históricos da abordagem dos números irracionais na matemática escolar brasileira. VI Seminário
Nacional de História da Matemática, 2005. Brasília. Anais do VI Seminário Nacional de História da Matemática. Rio Claro:
Sociedade Brasileira de História da Matemática, 2005, p. 195-204.
36 Conforme HAIDAR, M. L. M. O ensino secundário no império brasileiro. São Paulo: Grijalbo/EDUSP, 1972.
37 Conforme VALENTE, W. R. A disciplina Matemática: etapas históricas de um saber escolar no Brasil. In: OLIVEIRA, M. A. T. e
Ranzi, S. M. História das disciplinas escolares no Brasil: contribuições para o debate. Bragança Paulista: EDUSF, 2003, p.
217-254; VALENTE, W. R. (Org.). O nascimento da matemática do ginásio. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2004. VALENTE,
W. R. Uma história da matemática escolar no Brasil (1730-1930). São Paulo: Annablume/FAPESP, 1999.
38 De acordo com MIGUEL, A.; MIORIM, M. A. Os logaritmos na cultura escolar brasileira. Rio Claro: Editora da SBHMAT,
2002; PITOMBEIRA, J. B. O cálculo na escola secundária brasileira – algumas considerações históricas. In: FERREIRA,
Eduardo Sebastiani (Org.). História e Educação Matemática. Cadernos CEDES. Campinas: Papirus, 1996; Valente (1999,
2004), obras citadas.
39 Estamos nos referindo às seguintes obras e edições: COQUEIRO, J. A. Tratado de Arithmetica. Para uso dos collegios, lyceos
e estabelecimentos de instrucção secundaria. Rio de Janeiro: Casa Mont’Alverne, 1897; REIS, A.; REIS, L. Curso Elementar
de Mathematica – Theorico, pratico e applicado. Aritmética. Cálculo de valores. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1892;
SERRASQUEIRO, A. Tratado Elementar de Arithmetica. Composto segundo o Programma Official para o ensino d’esta
sciencia nos lyceus. 23ª edição. Coimbra: Livraria Central de J. Diogo Pires – Sucessoras, 1930; VIANNA, J. J. L. Elementos
de Arithmetica. 24ª edição. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1929.
Com pequenas variações, Coqueiro, Reis e Reis, Serrasqueiro e Vianna abordam a noção de
medida comum entre duas grandezas, e é segundo a existência ou a não existência de uma
medida comum entre a grandeza a ser medida e a grandeza adotada como unidade que
esses autores classificam as grandezas e os números que expressam suas medidas.
No primeiro caso, obtêm-se os números comensuráveis ou racionais, e no segundo caso,
os números incomensuráveis ou irracionais. Enfatizamos o fato de todos os autores
parecerem ter preferência pelos adjetivos comensurável e incomensurável em relação
aos qualificativos racional e irracional, normalmente utilizados atualmente. Em geral, as
palavras comensurável e incomensurável são mencionadas antes das palavras racional e
irracional. Em cada uma das obras aqui focalizadas, com exceção do livro de Vianna, há uma
seção ou capítulo intitulado Números incomensuráveis e não Números irracionais.
Para ilustrar a caracterização dos números racionais e irracionais a partir da existência ou
inexistência de uma medida comum entre a grandeza a ser medida e aquela escolhida como
unidade, vamos descrever detalhadamente a forma como Coqueiro faz isso. Apresentando
a medição de uma grandeza contínua – o comprimento de um segmento AB – como a
comparação desse comprimento com o de um segmento CD fixado como unidade, o autor
destaca duas possibilidades. Na primeira, a unidade escolhida cabe um número exato de
vezes na grandeza a ser medida, e obtém-se um número inteiro.
A segunda possibilidade corresponde ao caso em que, feita a comparação da grandeza a ser
medida com a unidade, sobra da grandeza um resto menor que a unidade adotada, o qual
precisa ser medido. Coqueiro continua a explicação: para isso, divide-se a unidade em certo
número de partes iguais, e repete-se a operação com o objetivo de se verificar quantas
vezes a unidade subdividida cabe no resto. Se ela não estiver contida um número exato de
44 É importante observar que todos os manuais de diferentes épocas que examinamos empregam a
expressão números inteiros para referir-se aos números naturais com o acréscimo do zero.
45 Conforme Pitombeira, J. B. Euclides Roxo e as polêmicas sobre a modernização do ensino da
matemática. In: Valente, W (org.). Euclides Roxo e a modernização do ensino de Matemática no
Brasil. São Paulo: Sociedade Brasileira de Educação Matemática, 2003.
46 Esse movimento se desencadeou a partir da constituição da Comissão Internacional para o Ensino
da Matemática, conhecida atualmente por sua sigla em inglês ICMI – International Comission on
Mathematical Instruction , em 1908, no Congresso Internacional de Matemática, realizado em
Roma.
47 De acordo com MIORIM, M. A. Introdução à história da educação matemática. São Paulo: Atual,
1998.
48 As reformas Campos e Capanema fizeram parte do mesmo contexto de tentativa de renovação do
ensino de Matemática, mas a segunda representou o desfecho de uma forte reação às inovações
propostas, desde 1929, no Colégio Pedro II, as quais se refletiram na reforma Francisco Campos
(conforme DASSIE, B. A.; ROCHA, J. L.; e SOARES, F. S. Ensino de Matemática no século XX – da
Reforma Francisco Campos à Matemática Moderna. Horizontes, v. 22, n. 1, p. 7-15, jan./jun. 2004).
Cidade?
49 A reforma Francisco Campos instituiu um primeiro ciclo (ginasial) de cinco anos e um segundo
ciclo (complementar) de dois anos; a Reforma Gustavo Capanema reorganizou o ensino secundário
em um ciclo ginasial de quatro anos e um colegial de três anos. A partir de 1971, com a entrada
em vigor da Lei 5692/71, os quatro anos de escolarização correspondentes ao curso ginasial
passaram a constituir as quatro últimas séries do 1º grau (Pimenta; Gonçalves, 1992).
Conceituação
Definição de
Presença da de número
fração ligada
Livro Edição Conteúdo definição de como resultado
à medição de
grandeza da medição de
comprimentos
grandezas
Aritmética,
Thiré; Mello e
álgebra e
Souza (1934)1 7ª Não Não Não
geometria
Roxo, Thiré;
Aritmética e
Melo2 e Souza
Não consta geometria Sim Sim Sim
(1943)3
Aritmética e
Maeder (1940) Sim Sim
9ª geometria Sim
Aritmética,
Stávale (1940) 15ª álgebra e Sim Sim Não
geometria
Aritmética e
Stávale (1943) 2ª Não Sim Sim
geometria
Sangiorgi Aritmética e
4ª Não Não Não
(1953) geometria
Aritmética e
Maeder (1955) 16ª Sim Sim Não
geometria
Sim, para
Lacaz Neto Aritmética e número natural
Não consta Sim Não
(1959) geometria Não, para
frações
Como os autores que mantêm a definição de grandeza em suas obras fazem isso? Percebemos
que existem variações: Maeder e Stávale, nas edições de 1940 de seus livros, optam pela
antiga definição – grandeza é tudo aquilo que pode aumentar ou diminuir; Roxo, Thiré e
Melo e Souza, em seu livro de 1943, e Maeder, em sua obra de 1955, conceituam grandezas
como entes abstratos entre os quais se pode definir a igualdade e a soma; Lacaz Neto, em
edição de 1959, tem ainda outra definição – grandeza é tudo aquilo que podemos medir,
54 De acordo com PFROMM NETO, et al. O livro na educação. Rio de Janeiro: Primor/INL, 1974.
55 Conforme, BÚRIGO, E. Matemática Moderna: progresso e democracia na visão de educadores brasileiros dos anos 60.
Teoria e Educação, n. 2, p. 255-265, 1990. CIDADE?
56 De acordo com PFROMM NETO, et al., op. cit.
57 Palavras de FIORENTINI, Miguel e MIORIM, 1992, p. 46. Essa forma de apresentação, como pode ser facilmente verificado,
num rápido exame de diversas coleções editadas pelo menos até a década de 90 do século passado, foi mantida nos
livros didáticos mesmo após o declínio do movimento da Matemática moderna no Brasil.
58 CASTRUTTI, B.; BÓSCOLO, A. Matemática para o Ciclo Ginasial. (1º volume). São Paulo: Editora F.T.D., 1966; MORANDI,
H. Matemática. Método Moderno. Curso Médio – Ciclo Ginasial. (1ª série). 2ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1971;
PIERRO NETO, S. Matemática para a Escola Moderna. Curso Ginasial.. São Paulo: IBEP, s. d., V. 1; QUINTELLA, A. Matemática
para a primeira série ginasial. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967, 112. ed.; SANGIORGI, O. Matemática 1. Curso
Moderno para cursos ginasiais. 8ª ed., revista. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1966.
59 De todos os livros estudados, somente Quintella (1967) alude à medição de grandezas. Porém, isso só ocorre à página
162, no capítulo sobre frações, quando o primeiro emprego apresentado para as frações é o de medida de um segmento
(o segundo é o de quociente de uma divisão).
60 Trata-se do número natural, mas nem todos os autores usam explicitamente essa terminologia ao conceituar o número.
61 Os conjuntos referidos são finitos, mas isso não é explicitado nos textos, e pode apenas ser inferido a partir dos exemplos
de conjuntos que são apresentados.
62 SANGIORGI, 1966, p. 8.
63 PIERRO NETO, op. cit., p.33.
64 QUINTELA, op. cit., p.16.
65 CASTRUCI e BÓSCOLO, op. cit., p.25.
66 MORANDI, op. cit., p.18, itálicos e negritos no original.
BÚRIGO, E. Z. Matemática Moderna: progresso e democracia na visão de educadores brasileiros dos anos 60.
Teoria e Educação, n. 2, p. 255-265, 1990. Cidade?
DASSIE, B. A.; ROCHA, J. L.; SOARES, F. S. Ensino de Matemática no século XX – da Reforma Francisco Campos
à Matemática Moderna. Horizontes, v. 22, n. 1, p. 7-15, jan./jun. 2004. . Cidade?
FIORENTINI, D.; MIGUEL, A.; MIORIM, M. A. Álgebra ou Geometria: para onde pende o pêndulo? Pro-Posições,
vol. 3, n. 1 (7), p. 39-54, mar.1992. . Cidade?
GOMES, M. L. M. Os números racionais em três momentos da história da matemática escolar brasileira.
BOLEMA, Rio Claro, n. 26, 2006. p. 17-44.
GOMES, M. L. M. Aspectos históricos da abordagem dos números irracionais na matemática escolar brasileira.
VI Seminário Nacional de História da Matemática, 2005. Brasília. Anais do VI Seminário Nacional de História
da Matemática. Rio Claro: Sociedade Brasileira de História da Matemática, 2005. p. 195-204.
HAIDAR, M. L. M. O ensino secundário no Império brasileiro. São Paulo: Grijalbo/EDUSP, 1972.
MIGUEL, A.; MIORIM, M. A. Os logaritmos na cultura escolar brasileira. Rio Claro: Editora da SBHMAT, 2002.
MIORIM, M. A. Introdução à história da educação matemática. São Paulo: Atual, 1998.
PFROMM NETO et al. O livro na educação. Rio de Janeiro: Primor/INL, 1974.
PIMENTA, S. G.; GONÇALVES, C. L. Revendo o Ensino de 2º grau: propondo a formação do professor. São Paulo:
Cortez, 1992.
PITOMBEIRA, J. B. Euclides Roxo e as polêmicas sobre a modernização do ensino da matemática. In: Valente,
W (Org.). Euclides Roxo e a modernização do ensino de Matemática no Brasil. São Paulo: Sociedade Brasileira
de Educação Matemática, 2003.
PITOMBEIRA, J. B. O cálculo na escola secundária brasileira – algumas considerações históricas. In: FERREIRA,
E. S. (Org.). História e Educação Matemática. Cadernos CEDES. Campinas: Papirus, 1996.
VALENTE, W. R. A disciplina Matemática: etapas históricas de um saber escolar no Brasil. In: OLIVEIRA, M. A.
T. & RANZI, S. M. História das disciplinas escolares no Brasil: contribuições para o debate. Bragança Paulista:
EDUSF, 2003. p. 217-254.
VALENTE, W. R. (Org.). O nascimento da matemática do ginásio. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2004.
VALENTE, W. R. Uma história da matemática escolar no Brasil (1730-1930). São Paulo: Annablume/FAPESP,
1999.
Esse material, a ser disponibilizado na Plataforma Moodle, também pode ser encontrado
na íntegra no endereço do portal do Ministério da Educação (MEC), na parte referente à
Secretaria de Educação Básica. O endereço do portal do MEC é: <www.portal.mec.gov.br>.
Atividade 1
Depois de ler o texto “Os conteúdos matemáticos escolares se modificam ao longo do
tempo: os números racionais e irracionais nos livros didáticos usados no Brasil”:
1. Faça uma síntese dos comentários do texto sobre o uso das expressões números
comensuráveis e números incomensuráveis, nos livros didáticos das décadas iniciais
do século XX, em lugar das expressões números racionais e números irracionais
atualmente utilizadas.
Atividade 2
Escreva um pequeno texto (tamanho mínimo: meia página; tamanho máximo: uma página,
em Times New Roman, fonte tamanho 12, espaçamento entre linhas 1,5) comentando o que
mais chamou sua atenção na leitura do “Os conteúdos matemáticos escolares se modificam
ao longo do tempo: os números racionais e irracionais nos livros didáticos usados no Brasil”.
Nesta atividade, você deve considerar a sua experiência e os seus conhecimentos, como
estudante, desde a escola básica até a situação atual de licenciando em Matemática pela
UFMG, e relacioná-la a aspectos das abordagens dos números racionais e irracionais nos
três momentos, de acordo com o texto.
Atividade 3
Faça a leitura complementar indicada para a Unidade 2.
O texto dos “Parâmetros Curriculares Nacionais para os anos finais do Ensino Fundamental”,
recomendado como leitura complementar da Unidade 2, comenta as dificuldades dos alunos
quanto aos números racionais (p.101) e aos números irracionais (p.106).
Estabeleça e procure descrever as relações entre esses comentários e sua experiência com
esses números, como aluno e/ou como professor.
1 Memórias e reflexões: histórias
de ensino de Matemática
Unidade 3 : Memórias e reflexões: histórias de
ensino de Matemática
Objetivos
Introduç ão
Nesta unidade, vamos nos dedicar ao estudo de escritos autobiográficos como fonte para o
conhecimento da história do ensino da Matemática.
Os escritos autobiográficos mais comuns são os livros de memórias e autobiografias,
as correspondências e os diários. Trata-se daquilo que vem sido chamado de “escrita
autorreferencial” ou “escrita de si” pelos pesquisadores. De acordo com a historiadora
Angela de Castro Gomes71 , a escrita de si é um gênero que agrega um conjunto de práticas
culturais das sociedades ocidentais modernas, isto é, constituídas a partir do século XVIII,
ligadas à difusão da leitura e da escrita, e também à emergência do indivíduo moderno
nessas sociedades.
A escrita autobiográfica tem sido considerada, por diversos autores72, como fonte e objeto
importante para a pesquisa em História da Educação. Embora reconhecendo as dificuldades
de tal tarefa, pelo desafio de fixar os limites da escrita autobiográfica e elaborar uma
classificação dos escritos autorreferenciais válida para épocas e lugares distintos, o
pesquisador espanhol Antonio Viñao73 procura estabelecer uma categorização para esses
escritos. Alertando para o fato de que o que é considerado autobiografia, memórias, carta,
71 GOMES, A. C. Escrita de si, escrita da História: a título de prólogo. In: GOMES, Angela de Castro. (org.). Escrita de si, escrita
da história. Rio de Janeiro: Editora da FGV, 2004, p.7-24.
72 Por exemplo: Gomes (2004), op. cit.; VIÑAO, Antonio. Las autobiografías, memorias y diarios como fuente histórico-
educativa: tipología y usos. Teias: Revista da Faculdade de Educação da UERJ, n.1. Rio de Janeiro: Faculdade de Educação
– UERG, 2000. p.82-97; VIÑAO, Antonio. Relatos e relações autobiográficas de professores e mestres. In: MENEZES, Maria
Cristina Educação, memória, história: possibilidades, leituras. Campinas: Mercado de Letras, 2004. p. 333-373; MIGNOT,
Ana Chrystina. Em busca do tempo vivido: autobiografias de professoras (2003). In: MIGNOT, Ana Chrystina; CUNHA,
Maria Teresa Santos (Orgs.). Práticas de memória docente. São Paulo: Cortez. p. 135-148.
73 Em seus trabalhos de 2000 e 2004 citados na nota de rodapé anterior.
74 De modo bastante simplificado, pode-se dizer que a história oral é uma metodologia de pesquisa na qual se fazem
entrevistas gravadas com pessoas que falam de acontecimentos, instituições, suas próprias vidas ou quaisquer aspectos
da época em que viveram.
O uso dessa metodologia passou a ser feito na década de 1950, com a difusão do gravador, sobretudo nos Estados Unidos,
na Europa e no México. Cada vez mais ela é empregada, não apenas por historiadores, mas por antropólogos, cientistas
políticos, cientistas sociais, educadores, psicólogos, dentre outros. No Brasil, a metodologia foi introduzida na década de
1970, com a criação do Programa de História Oral do Centro de Pesquisa e Documentação em História Contemporânea
do Brasil – CPDOc –, vinculado à Fundação Getúlio Vargas. O movimento em torno da história oral cresceu cada vez mais
nos anos 1990, e em 1994, criou-se a Associação Brasileira de História Oral – ABHO. Conforme texto veiculado no site do
CPDOC: <www.cpdoc.fgv.br>, acesso em 27/01/2012.
No campo da Educação Matemática, um grupo brasileiro de pesquisa tem se destacado pelo uso dessa metodologia
em pesquisas de iniciação científica, mestrado e doutorado. Trata-se do Grupo de Pesquisa História Oral e Educação
Matemática – GHOEM – , fundado em 2002. Informações sobre o grupo, seus pesquisadores e trabalhos podem ser
encontradas em seu site: <www.ghoem.com>.
75 Conforme MIRANDA, Wander Melo. Corpos escritos: Graciliano Ramos e Silviano Santiago. São Paulo: Editora da
Álvaro Moreyra nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em 23 de novembro de 1888,
e faleceu no Rio de Janeiro, em 12 de setembro de 1964. Foi jornalista, poeta, prosador,
autor de muitos livros e membro da Academia Brasileira de Letras. Seus estudos iniciais
foram feitos em Porto Alegre e os secundários num internato de padres jesuítas, o Colégio
N. S. da Conceição, de São Leopoldo, também no Rio Grande do Sul. O escritor começou o
curso de Direito em Porto Alegre e o concluiu no Rio de Janeiro, em 1912.
Álvaro Moreyra escreveu um livro de memórias intitulado “As amargas, não... (Lembranças)”,
que foi publicado pela Editora Lux, no Rio de Janeiro, em 1954. Essa obra é composta por
parágrafos de tamanho variado, que perfazem 327 páginas. Ao que parece, o autor escreveu
esses textos durante muitos anos de sua vida, reunindo-os depois nesse livro. Essa ideia nos
é sugerida pelo seguinte trecho:
Felicidade Arroyo Nucci nasceu em 1914, em uma fazenda do interior de São Paulo. Ingressou
no colégio interno de Jaboticabal (SP), dirigido por freiras de nacionalidade belga, no 4º ano
primário, e concluiu o curso de normalista na Escola Normal Livre do mesmo colégio em
1932. Começou a atuar como professora no estado de São Paulo em 1933, em Itajobi, onde
ficou até 1939, quando se removeu para Araraquara e lá esteve até 1950. Nesse ano, foi
transferida para um Grupo Escolar em Guarulhos e, em 1952, para outro Grupo Escolar em
Vila Carrão. De 1954 a 1963, atuou como auxiliar de direção e, em 1963, tornou-se diretora
do Grupo Escolar na Delegacia de Ensino de Jales, aposentando-se logo em seguida, em
1964, sem deixar de escrever para jornais e revistas (de bairro, religiosos e de colégios).
76 MOREYRA, A. As Amargas, não... (Lembranças). 2. ed. Rio de Janeiro: Lux, 1955. p.305.
77 MOREYRA, op. cit., p. 23-24.
78 Embora a grafia correta da palavra seja “maçante”, optamos, aqui, por reproduzir a forma como ela está escrita no livro de
Felicidade Nucci.
79 NUCCI, F. A. Memórias de uma mestra escola. São Paulo: Ed. da Autora, 1985, p. 81-83.
82 ORTHOF, S. Se a memória não me falha. 4 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987. p. 101-102.
84 CAMPOS, H. Memórias: Primeira Parte 1886-1900. Rio de Janeiro: W. M. Jackson INC. Editores, 1951, pp. 204-205.
85 CAMPOS, op. cit., p. 213-215.
Nelson Werneck Sodré nasceu no Rio de Janeiro em 27 de abril de 1911 e faleceu na cidade
paulista de Itu em 13 de janeiro de 1999. Foi militar, jornalista e historiador. Realizou
estudos primários em escolas públicas e internatos, estudos secundários no Colégio Militar
do Rio de Janeiro e estudos superiores na Escola Militar do Realengo, também no Rio de
Janeiro. Pertenceu ao Exército Brasileiro até 1962, quando passou para a reserva no posto
de general. Dedicou-se, a partir de então, somente à atividade intelectual, tendo sido
professor do Departamento de História do Instituto Superior de Estudos Brasileiros – ISEB.
Em 1964, teve seus direitos políticos cassados por dez anos pelo regime militar que depôs o
presidente João Goulart. Esse regime, que o colocou na prisão, no Rio de Janeiro, durante 57
dias, tirou-lhe o direito de ensinar. Sodré passou a ter como atividade o estudo e a produção
de livros. Escreveu 58 livros e sua última obra foi publicada em 199587.
Referências
CAMPOS, H. Memórias: Primeira Parte 1886-1900. Rio de Janeiro: W. M. Jackson INC. Editores, 1951.
CATANI, D. B.; VICENTINI, P. P. Uma história das práticas de ensino da leitura e da escrita na produção
autobiográfica de professores e alunos no Brasil (1870-1970). Educação. v.34, n. 2. Porto Alegre: 2011, p.207-
212 (p. 209).
GOMES, A. C. Escrita de si, escrita da História: a título de prólogo. In: GOMES, Angela de Castro. (org.). Escrita
de si, escrita da história. Rio de Janeiro: Editora da FGV, 2004. p.7-24.
MEYER, A. Segredos da infância. 2 ed. Rio de Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1966.
MIGNOT, A. C. Em busca do tempo vivido: autobiografias de professoras (2003). In: MIGNOT, A. C.; CUNHA, M.
T. S. (Orgs.). Práticas de memória docente. São Paulo: Cortez. p. 135-148.
MIRANDA, W. M. Corpos escritos: Graciliano Ramos e Silviano Santiago. São Paulo: Editora da Universidade de
São Paulo; Belo Horizonte: Editora UFMG, 1992.
MOREYRA, A. As Amargas, não... (Lembranças). 2. ed. Rio de Janeiro: Lux, 1955.
NUCCI, F. A. Memórias de uma mestra escola. São Paulo: Ed. da Autora, 1985.
ORTHOF, S. Se a memória não me falha. 4 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987.
SODRÉ, N. W. Memórias de um soldado. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.
VIÑAO, A. Las autobiografías, memorias y diarios como fuente histórico-educativa: tipología y usos. Teias: Revista
da Faculdade de Educação da UERJ, n.1. Rio de Janeiro: UERJ-Faculdade de Educação, 2000. p.82-97.
VIÑAO, A. Relatos e relações autobiográficas de professores e mestres. In: MENEZES, M. C. Educação, memória,
história: possibilidades, leituras. Campinas: Mercado de Letras, 2004. p. 333-373.
92 CATANI, D. B.; VICENTINI, P. P. Uma história das práticas de ensino da leitura e da escrita na produção autobiográfica de
professores e alunos no Brasil (1870-1970). Educação. v.34, n. 2, Porto Alegre: 2011, p.207-212 (p. 209).
Atividade 1
Escolha dois entre os seis fragmentos autobiográficos apresentados no texto da Unidade 3
que mais tenham lhe chamado a atenção na primeira leitura que você fez. Releia esses dois
trechos e escreva um texto de no mínimo uma página e no máximo três páginas (Times New
Roman, tamanho da fonte 12, espaçamento entre linhas 1,5) sobre eles.
Em seu trabalho, procure relatar a sua interpretação do que dizem esses dois autores sobre
suas experiências com a Matemática e aponte os componentes de seus escritos que mais se
destacaram na leitura que você fez, comentando os motivos para esse destaque.
Atividade 2
Procure rememorar suas experiências de vida, dando especial atenção às suas vivências
escolares e, nelas, àquelas vinculadas ao ensino e à aprendizagem de Matemática.
Em seguida, produza um texto que narre sua própria história de ensino de Matemática,
desde os primeiros anos escolares até o curso de licenciatura em Matemática da UFMG.
Para orientá-lo (a) na escrita das suas memórias, apresentamos, a seguir, uma lista de tópicos.
O que se pretende, com essa lista, não é que você redija respostas isoladas associadas a
cada tópico ou a alguns deles, mas que componha o seu texto procurando contemplar esses
tópicos integradamente.
Ao recordar sua vida quanto aos temas presentes na lista, procure estabelecer relações
entre suas experiências no que se refere ao ensino e aprendizagem da Matemática e o que
você estudou na disciplina História do Ensino da Matemática.
Use sua criatividade para escolher um título para as suas memórias.
Seu trabalho deve ter no mínimo duas e no máximo seis páginas em Times New Roman,
fonte 12, espaçamento entre linhas 1,5.
1. Identificação pessoal:
• estado civil;
• quaisquer outros assuntos que você julgue relevantes quanto à sua vida pessoal para
a escrita de suas memórias.
2. Vida escolar (com ênfase no ensino e aprendizagem de Matemática)
• conteúdos de Matemática nos quais teve facilidade ou dificuldades e dos quais gostou
ou não gostou;
• professores que você teve e foram importantes na sua vida, por aspectos positivos
ou negativos;
• quaisquer outros assuntos que você julgue relevantes quanto a sua vida escolar para
a escrita de suas memórias.