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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

HYPERION

NATAL
2013
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

JÚLIO CÉSAR DE ARAÚJO BEZERRA

ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION:


INFLUÊNCIA DE SOFTWARE DE CONFORTO AMBIENTAL NO
PROCESSO PROJETUAL DE UM EDIFÍCIO DE ESCRITÓRIOS

Trabalho Final de Graduação apresentado


ao curso de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte para obtenção do grau de arquiteto e
urbanista.

Orientadora: Profª. Dra. Natália Miranda


Vieira de Araújo

NATAL
2013
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

JÚLIO CÉSAR DE ARAÚJO BEZERRA

ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION:


INFLUÊNCIA DE SOFTWARE DE CONFORTO AMBIENTAL NO
PROCESSO PROJETUAL DE UM EDIFÍCIO DE ESCRITÓRIOS

Trabalho Final de Graduação apresentado


ao curso de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte para obtenção do grau de arquiteto e
urbanista.
Área de concentração: Projeto e Tecnologia.

Data: __ de __________de 2013. Hora:________. Local:______________________

BANCA EXAMINADORA
Professor orientador: Natália Miranda Vieira de Araújo, Dra.
Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_______________________________________________________Nota:________
Professor do DARQ: ______________________________.
Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_______________________________________________________Nota:________
Profissional convidado: ____________________________.
Instituição: ____________________________________
_______________________________________________________Nota:________

Nota Final:_______________
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Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

AGRADECIMENTOS

A minha orientadora Natália Miranda, pela confiança, ensinamentos, paciência


e apoio.

A Gustavo, administrador do Espaço Empresarial Giovani Fulco, por ter me


recebido com atenção.

Ao professor Aldomar Pedrini, pela orientação em um momento chave do


trabalho e pelos ensinamentos transmitidos nas disciplinas de conforto ambiental.

A todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN que


contribuíram para meu crescimento intelectual, em especial a Jesonias Oliveira,
Mônica Lima, Tamms Morais, Angela Ferreira, Renato Medeiros e Carla Varela.

A Tásia, Deberth e Nilberto, chefes que contribuíram para meu crescimento


profissional.

Aos amigos e colegas de curso que fizeram essa jornada ser menos maçante.

A todos os amigos da SIN - UFRN, pelas risadas e histórias compartilhadas.

A Ana Gabrielle e Patrícia Cipriani, pelo companheirismo, amizade e incentivo


ao longo destes cinco anos.

A minha família, pelo apoio incondicional.

A Deus, por ter me dado forças para vencer esta etapa da vida.
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Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo geral desenvolver um anteprojeto de um


edifício de escritórios que seja auxiliado, em sua fase de concepção, por software
especializado em conforto ambiental. O software utilizado foi o Project Vasari, da
Autodesk, que, por meio de simulações de ventilação e performance energética,
mostrou-se uma ferramenta de fácil uso e adequada para o objetivo do trabalho.
Concluiu-se que a utilização do software proporcionou a tomada de melhores
decisões projetuais, obtendo como resultado um projeto com plantas baixas que
potencializam a entrada da ventilação natural e com uma volumetria otimizada
visando um menor gasto energético. Dessa forma foi desenvolvido um
empreendimento comercial classe A com 14 pavimentos, abrigando 41 salas
comerciais, 1 laje corporativa, 6 espaços para lojas e 3 estabelecimentos comerciais
da área alimentícia. A proposta arquitetônica priorizou o conforto térmico de seus
ocupantes, a criação de espaços de trabalho com diferentes tamanhos e a
minimização do impacto do empreendimento na malha urbana através da utilização
de recuos maiores e da adoção de uma verticalização mais baixa do que a permitida
pela legislação local.

Palavras-chave: Edifício de escritórios. Simulação computacional. Projeto


arquitetônico.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

ABSTRACT

This work aims to develop an architectural proposal for an office building that is
supported, in its conception phase, for software specializing in environmental
comfort. The software used was Project Vasari, by Autodesk, which, through
ventilation and energy performance simulations, was a tool easy to use and
appropriate for the purpose of the work. It was concluded that the use of the software
provided inputs to design decisions, obtaining a design with floor plans that maximize
the entry of natural ventilation and an optimized volumetric aim a lower energy. Thus
was developed a building class A with 14 floors, enclosing 41 offices, 1 corporate
floor, 6 spaces for shops and 3 food services establishments. The architectural
proposal prioritized the thermal comfort of the occupants, creating workspaces with
different sizes and minimizing the impact of development in the urban environment
through the use of larger setbacks and the adoption of a lower height than allowed by
local law .

Key words: Office building. Computational simulation. Architectural project.


ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Exemplo de edifício corporativo, Torre LMVH. Nova Iorque, EUA...........................17


Figura 2 - Exemplo de edifício de escritórios, Pátio Malzoni. São Paulo, BR. .........................17
Figura 3 - Lançamentos de edifícios de escritórios em Natal. ...................................................20
Figura 4 - Área de locação de um pavimento tipo. .....................................................................24
Figura 5 - Rochaverá Corporate Towers. ....................................................................................26
Figura 6 - Hermes Business Center. ............................................................................................26
Figura 7 - Exim Tower. ..................................................................................................................26
Figura 8 - Esquema do método de dimensionamento para volumetrias de edifícios de
escritórios........................................................................................................................................26
Figura 9 - Fases do projeto arquitetônico e abordagens recomendadas. ................................29
Figura 10 - Bioclimatologia integrada ao método projetual. .......................................................30
Figura 11 - Solar Carve Tower......................................................................................................32
Figura 12 - High Line. ....................................................................................................................32
Figura 13 - Trajetória solar e seu rebatimento na forma do edifício. .........................................33
Figura 14 - Project Vasari. .............................................................................................................35
Figura 15 - Edifício João Moura 1144. .........................................................................................37
Figura 16 - Plantas do Edifício João Moura 1144. ......................................................................38
Figura 17 - Cortes do Edifício João Moura 1144.........................................................................39
Figura 18 - Sala com pé-direito duplo. .........................................................................................41
Figura 19 - Área de descanso. ......................................................................................................41
Figura 20 - Canteiro de árvore. .....................................................................................................41
Figura 21 - Painéis da fachada. ....................................................................................................41
Figura 22 - Bentini Headquarters..................................................................................................41
Figura 23 - Implantação do Bentini Headquarters. .....................................................................42
Figura 24 - Corte longitudinal do Bentini Headquarters. ............................................................43
Figura 25 - Plantas do Bentini Headquarters. .............................................................................43
Figura 26 - Fachada norte do Bentini Headquarters...................................................................44
Figura 27 - Maquetes físicas do Bentini Headquarters...............................................................45
Figura 28 - Shin Plaza Tower........................................................................................................45
Figura 29 - Localização do Shin Plaza Tower. ............................................................................46
Figura 30 - Corte esquemático do Shin Plaza Tower. ................................................................46
Figura 31 - Implantação do Shin Plaza Tower. ...........................................................................47
Figura 32 - Pilotis do Shin Plaza Tower. ......................................................................................48
Figura 33 - Pavimentos tipo do Shin Plaza Tower. .....................................................................49
Figura 34 - Espaço Empresarial Giovani Fulco. ..........................................................................50
Figura 35 - Localização do Espaço Empresarial Giovani Fulco. ...............................................50
Figura 36 - Corte esquemático do Giovani Fulco. .......................................................................51
Figura 37 - Planta esquemática do térreo do Giovani Fulco. .....................................................51
Figura 38 - Recepção do Giovani Fulco.......................................................................................52
Figura 39 - Elevadores sociais do Giovani Fulco. .......................................................................52
Figura 40 - Medidores do Giovani Fulco. .....................................................................................52
Figura 41 - Subestação do Giovani Fulco....................................................................................52
Figura 42 - Planta esquemática do pavimento tipo do Giovani Fulco. ......................................53
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Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 43 - Corredor do pavimento tipo do Giovani Fulco. ........................................................53


Figura 44 - Hall de elevadores do pavimento tipo do Giovani Fulco. ........................................53
Figura 45 - Volumetria esquemática do Giovani Fulco. ..............................................................54
Figura 46 - Protetores de ar condicionado e unidades condensadoras....................................54
Figura 47 - Laje técnica com esquadria de acesso ao interior do prédio. ................................54
Figura 48 - Localização do terreno escolhido..............................................................................56
Figura 49 - Pontos de ônibus. .......................................................................................................57
Figura 50 - Terreno escolhido apenas cercado. ..........................................................................57
Figura 51 - Terreno escolhido com tapume. ................................................................................57
Figura 52 - Edifícios comerciais e de serviços na Av. Sen. Salgado Filho. ..............................58
Figura 53 - Edifícios residenciais multifamiliares. .......................................................................58
Figura 54 - Dimensões do terreno escolhido. ..............................................................................58
Figura 55 - Simulação de trajetória solar. ....................................................................................59
Figura 56 - Carta psicrométrica de Natal. ....................................................................................60
Figura 57 - Rosa dos ventos de Natal/RN. ..................................................................................61
Figura 58 - Simulação de ventilação natural. ..............................................................................62
Figura 59 - Indicações dos recuos das edificações. ...................................................................64
Figura 60 - Dimensões mínimas dos compartimentos. ..............................................................66
Figura 61 - Modelo de compartimentação vertical 1. ..................................................................68
Figura 62 - Modelo de compartimentação vertical 2. ..................................................................68
Figura 63 - Áreas reservadas para cadeiras de rodas em escadas de emergência. ..............70
Figura 64 - Modelo de vagas reservadas a PNE. .......................................................................71
Figura 65 - Modelo de boxe acessível. ........................................................................................71
Figura 66 - Cálculo de tráfego de elevadores. ............................................................................78
Figura 67 - Fluxograma. ................................................................................................................80
Figura 68 - Estudo de propostas volumétricas. ...........................................................................83
Figura 69 - Partido arquitetônico. .................................................................................................84
Figura 70 - 1ª simulação................................................................................................................86
Figura 71 - 2ª simulação................................................................................................................86
Figura 72 - 3ª simulação................................................................................................................87
Figura 73 - 4ª simulação................................................................................................................87
Figura 74 - Definição inicial da planta baixa dos escritórios. .....................................................88
Figura 75 - Simulação de ventilação 1. ........................................................................................90
Figura 76 - Simulação da ventilação 2. ........................................................................................90
Figura 77 - Simulação da ventilação 3. ........................................................................................91
Figura 78 - Simulação da ventilação 4. ........................................................................................91
Figura 79 - Simulação da ventilação 5. ........................................................................................91
Figura 80 - Simulação da ventilação 6. ........................................................................................92
Figura 81 - Simulação da ventilação 7. ........................................................................................92
Figura 82 - Simulação da ventilação 8. ........................................................................................93
Figura 83 - Sistema para passagem da ventilação. ....................................................................93
Figura 84 - Simulação da ventilação 9. ........................................................................................94
Figura 85 - Commerzbank HQ. .....................................................................................................95
Figura 86 - Simulação de ventilação em corte transversal. .......................................................95
Figura 87 - Disposição das salas nos pavimentos de escritórios. .............................................97
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Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 88 - Diferenças entre os lavabos das salas. ....................................................................98


Figura 89 - Decisões volumétricas do edifício completo. ...........................................................98
Figura 90 - Zoneamento vertical. ..................................................................................................99
Figura 91 - Zoneamento dos pavimentos térreo e mezanino. .................................................100
Figura 92 - Corte dos pavimentos térreo e mezanino. .............................................................101
Figura 93 - Evolução da planta baixa do térreo. .......................................................................102
Figura 94 - Concepção da marquise de entrada. ......................................................................102
Figura 95 - Evolução da planta baixa do mezanino. .................................................................103
Figura 96 - Evolução das plantas baixas do subsolo................................................................104
Figura 97 - Evolução da planta baixa da cobertura. .................................................................104
Figura 98 - Aberturas analisadas................................................................................................106
Figura 99 - Modelo 3D da abertura 1. ........................................................................................106
Figura 100 - Diagrama de máscara de sombra da abertura 1. ................................................106
Figura 101 - Modelo 3D da abertura 2. ......................................................................................107
Figura 102 - Diagrama de máscara de sombra da abertura 2. ................................................107
Figura 103 - Modelo 3D da abertura 3. ......................................................................................108
Figura 104 - Diagrama de máscara de sombra da abertura 3. ................................................108
Figura 105 - Modelo 3D da abertura 4. ......................................................................................108
Figura 106 - Diagrama de máscara de sombra da abertura 4. ................................................108
Figura 107 - Lançamento estrutural do pavimento de escritórios. ...........................................109
Figura 108 - Gráfico para pré-dimensionamento de pilares. ....................................................112
Figura 109 - Cálculo de tráfego de elevadores. ........................................................................118
Figura 110 - Escolha do elevador. ..............................................................................................119
Figura 111 - Espaços previstos para paisagismo. ....................................................................120
Figura 112 - Poço de infiltração. .................................................................................................120
Figura 113- Distâncias máximas a serem percorridas. ............................................................122
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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características das tipologias de núcleo em edifícios de escritórios. .....................25


Tabela 2 - Itens de bioclimatologia inseridos no processo projetual, conforme proposta de
Olgyay. ............................................................................................................................................28
Tabela 3- Área das salas comerciais do Edifício João Moura 1144..........................................40
Tabela 4 - Pré-dimensionamento. ................................................................................................75
Tabela 5 - Memorial de cálculo da população do edifício. .......................................................105
Tabela 6 - Cálculo dos recuos. ...................................................................................................105
Tabela 7 - Memorial de pré-dimensionamento de pilares. .......................................................110
Tabela 8 - Pré-dimensionamento de vigas. ...............................................................................111
Tabela 9 - Número de refeições. ................................................................................................113
Tabela 10 - Consumo diário da população do edifício. ............................................................113
Tabela 11 - Reservatórios utilizados. .........................................................................................115
Tabela 12 - Cálculo de vagas de estacionamento. ...................................................................115
Tabela 13 - Dimensionamento de peças sanitárias. .................................................................116
Tabela 14 - Produção diária de lixo do edifício de escritórios. ................................................123
Tabela 15 - Salas comerciais do Espaço Empresarial Hyperion. ............................................124
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ANSI American National Standards Institute
ASG Auxiliar de serviços gerais
BOMA Building Owner and Manager Association
EBI Empreendimentos de base imobiliária
EEL Edifícios de escritório para locação
ESE Este-sudeste
GLP Gás liquefeito de petróleo
IDEMA Instituto do Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN
MR Módulo de referência
PDN Plano Diretor de Natal
PNE Portadores de necessidades especiais
SE Sudeste
SSE Sul-sudeste
TFG Trabalho Final de Graduação
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

SUMÁRIO

EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIOS E O USO DA TECNOLOGIA NA CONCEPÇÃO DE SEU


PROJETO .......................................................................................................................................15
1. CONSIDERAÇÕES SOBRE EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIOS ...............................................16
1.1 Contextualização .....................................................................................................................16
1.2 Particularidades projetuais ......................................................................................................21
2. METODOLOGIA DE PROJETO E CONFORTO AMBIENTAL ..............................................27
3. ESTUDOS DE REFERÊNCIA ..................................................................................................36
3.1 Edifício João Moura 1144 .......................................................................................................37
3.2 Bentini Headquarters ...............................................................................................................41
3.3 Shin Plaza Tower .....................................................................................................................45
3.4 Espaço Empresarial Giovani Fulco ........................................................................................50
CONDICIONANTES PROJETUAIS .............................................................................................55
4. CONDICIONANTES FÍSICOS ..................................................................................................56
5. CONDICIONANTES LEGAIS ...................................................................................................63
5.1 Plano Diretor de Natal - Lei Complementar Nº 082/2007 ....................................................63
5.2 Código de Obras e Edificações do Município de Natal - Lei Complementar Nº 055/2004
.........................................................................................................................................................64
5.3 Código de Segurança e Prevenção contra Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande
do Norte - Lei nº 4436/1974 ..........................................................................................................67
5.4 ABNT NBR 9050/2004 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos ..................................................................................................................69
6. CONDICIONANTES FUNCIONAIS..........................................................................................72
O PROJETO ...................................................................................................................................81
7. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA ..................................................................................82
8. ASPECTOS COMPLEMENTARES........................................................................................105
9. MEMORIAL DESCRITIVO ......................................................................................................124
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................131
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................134
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Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

INTRODUÇÃO

Os edifícios de escritórios possuem um papel importante no mercado


imobiliário brasileiro e mundial. As atividades terciárias (administrativas, financeiras,
comerciais, de marketing e serviço) de diversos setores econômicos ocupam os
espaços desse tipo de edificação. Com as transformações das relações econômicas
na última década, tanto no âmbito nacional quanto no internacional, as empresas se
reestruturaram, modificando suas necessidades por espaços. Isto implicou numa
mudança da arquitetura dos empreendimentos voltados para o mercado de
escritórios, com relação à disposição das áreas requeridas por empregado,
facilidades oferecidas, flexibilidade do espaço, etc.
Mesmo que os edifícios de escritórios estejam em maior quantidade no meio
urbano de algumas capitais brasileiras (como São Paulo e Rio de Janeiro), em Natal
a presença de prédios com a função de abrigar escritórios é mais tímida. No entanto,
essa situação vem mudando nos últimos anos com o surgimento cada vez maior de
prédios de escritórios, indicando uma tendência de crescimento desse nicho do setor
imobiliário na capital potiguar.
Paralelamente à evolução dos edifícios de escritório cresce também a
preocupação dos arquitetos e demais profissionais da construção civil com o
conforto ambiental e eficiência energética dos ambientes construídos. Essa
preocupação ocasiona a evolução das tecnologias construtivas com o
desenvolvimento, por exemplo, de envoltórias que deixem passar menos radiação
para a edificação ou sensores de presença com o intuito de diminuir os gastos com
energia.
Contudo, para alguns profissionais e pesquisadores, a solução projetual
deveria ser a principal forma de melhorar o conforto ambiental na construção ao
invés de usar apenas recursos tecnológicos para solucionar essa questão. Para
estes profissionais deveria haver uma maior reflexão das questões energéticas e de
conforto ambiental no processo inicial do projeto. Os mesmos ainda defendem o uso
de programas de simulação computacional nas etapas iniciais de projeto,
justificando que eles permitem quantificar o benefício das decisões projetuais
relacionadas ao conforto ambiental.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 13
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Dessa forma o presente trabalho tem como objetivo geral desenvolver um


anteprojeto de um edifício de escritórios que seja auxiliado, em sua fase de
concepção, por software especializado em conforto ambiental. Com o
desenvolvimento do trabalho também pretende-se entender o funcionamento de um
edifício de escritórios, estudar sobre metodologia de projeto aliada ao conforto
ambiental, verificar a influência de softwares de conforto ambiental durante a
concepção do projeto do edifício de escritórios e aprofundar-se no projeto de um
edifício com esse uso.
A escolha do tema do trabalho surgiu através do interesse particular em fazer
do Trabalho Final de Graduação uma forma de qualificação inicial do autor no
campo da arquitetura comercial. A vontade de aliar simulações de conforto
ambiental ao o desenvolvimento do projeto surgiu após constatação (empírica) de
que muitos Trabalhos Finais de Graduação desenvolvem pouco esse tema da área
tecnológica na concepção de projetos. Percebeu-se que muitos deles apresentam
essa análise de conforto após a conclusão do projeto como forma de aferição do
sucesso (ou fracasso) das decisões projetuais tomadas.
O presente trabalho está dividido em três partes. A primeira parte trata do
referencial teórico, metodológico e empírico, apresentando um levantamento
bibliográfico sobre edifícios de escritórios e metodologia de projeto aliada ao
conforto ambiental e estudos de referência de edifícios comerciais. As principais
referências bibliográficas utilizadas nessa porção do trabalho foram as dissertações
de Ana Liu (Diretrizes para projetos de edifícios de escritórios), Ana Veronezi
(Sistema de certificação da qualidade de edifícios de escritórios no Brasil) e
Leonardo Cunha (Análise de métodos para aplicação de ventilação natural para
projeto de edificações em Natal - RN).
A segunda parte engloba os condicionantes projetuais, com a análise dos
condicionantes físicos, legais e funcionais que estão relacionados ao projeto. Os
condicionantes físicos foram analisados através de visitas ao terreno e seu entorno e
através de simulações computacionais que estudaram a trajetória solar e a
ventilação no lote do projeto. Para a parte dos condicionantes legais foram
consultadas as seguintes legislações: Plano Diretor de Natal, Código de Obras de
Natal, o Código de segurança e prevenção contra incêndio e pânico do RN e a NBR
9050/2004. Nos condicionantes funcionais foram apresentados o programa de
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Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

necessidades e seu pré-dimensionamento, definidos por consultas a livros, normas e


a projetos com uso semelhante ao desenvolvido neste trabalho.
A última parte trata da proposta do edifício de escritórios. Inicialmente é
relatado todo o processo de desenvolvimento do projeto, desde a sua concepção
volumétrica até a definição de aspectos técnicos complementares, como os
memoriais de cálculo da estrutura pré-dimensionada e da capacidade do
reservatório, por exemplo. Durante a descrição da concepção inicial da proposta são
apresentados os rebatimentos das simulações computacionais de conforto ambiental
nas decisões projetuais tomadas. Por último encontra-se um pequeno memorial
descritivo do projeto, com enfoque nos acabamentos do mesmo.
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EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIOS E O USO DA TECNOLOGIA NA


CONCEPÇÃO DE SEU PROJETO
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 16
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1. CONSIDERAÇÕES SOBRE EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIOS

1.1 Contextualização
No setor da Construção Civil os bens produzidos são classificados de acordo
com as diferenças da relação entre produto e mercado. Estes bens podem ser um
empreendimento imobiliário ou um empreendimento de base imobiliária (EBI).
Andrea Romana dos Santos (2006) explica que enquanto os empreendimentos
imobiliários são produzidos para serem vendidos (como edifícios residenciais) os
empreendimentos de base imobiliária são construídos para explorar alguma
atividade comercial ou de serviços, como indica a NBR 14653, que trata da
avaliação de bens. Os EBIs podem ser shopping centers, hotéis, complexos
multifuncionais, hospitais e até edifícios de escritórios, este último sendo a tipologia
do projeto que será desenvolvido no presente trabalho.
Os edifícios de escritórios, também nomeados no mercado imobiliário por
edifícios de escritórios para locação (EEL), exploram a atividade econômica através
da locação de salas para várias empresas que possuem atividades comerciais ou de
serviço. Dependendo do porte e necessidades das empresas também ocorre o
arrendamento de mais de uma sala comercial, ou até de uma laje corporativa, que é
quando a empresa ocupa um pavimento inteiro da edificação.
Também faz-se necessário esclarecer alguns termos que envolvem o tema
edifícios de escritórios e que serão usados neste trabalho. Muitas vezes termos
como arquitetura empresarial, corporativa e comercial são tratados no mercado
erroneamente, sendo necessária uma breve explicação sobre esses conceitos.
A arquitetura empresarial e arquitetura corporativa são sinônimos, elas dizem
respeito ao ramo da arquitetura que se ocupa em projetar espaços de trabalho. Essa
arquitetura é responsável por acomodar adequadamente as empresas, originando
espaços relacionados ao processo organizacional e de trabalho de uma empresa,
como os edifícios de escritórios e os edifícios corporativos. Já a arquitetura
comercial abrange mais funções (inclusive as inerentes na arquitetura empresarial),
acomodando ambientes com atividades comerciais e administrativas, como
escritórios, lojas, restaurantes, consultórios e shopping centers1. Desse modo,

1
Conceituação do autor após conclusões pessoais sobre a bibliografia tratada no presente tópico,
principalmente Veronezi (2004) e Freire (2009).
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Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

considera-se que a arquitetura de um edifício de escritórios é ao mesmo tempo


empresarial e comercial.
Jacqueline Freire (2009) distingue os edifícios de arquitetura empresarial em
dois tipos: edifícios corporativos e edifícios de escritórios. Para Freire (2009) os
edifícios corporativos são destinados a empresas de grande porte ou construídos
para uma única empresa que necessite instalar sua sede em um espaço amplo. Os
edifícios de escritório, são construídos como investimento, para venda ou aluguel, e
englobam na mesma construção vários escritórios de menor porte, atendendo a uma
maior diversidade de usos. Ainda há os edifícios que agrupam essas duas tipologias
de edifícios empresariais, contendo não só os escritórios menores como pavimentos
dedicados a empresas maiores (FREIRE, 2009). A Figura 1 mostra como exemplo
de um edifício corporativo a torre LMVH, um prédio que abriga o escritório da
empresa Luis Vuitton em Nova Iorque, projetado pelo arquiteto Christian de
Portzamparc em 1995. Já a Figura 2 apresenta um exemplo de um edifício de
escritórios, o Pátio Malzoni, localizado em São Paulo e projetado pelo escritório Botti
Rubin.
Figura 1 - Exemplo de edifício corporativo, Torre Figura 2 - Exemplo de edifício de escritórios,
LMVH. Nova Iorque, EUA. Pátio Malzoni. São Paulo, BR.

Fonte: Fonte: www.engenharia.arquitetura.com.br


http://wirednewyork.com/skyscrapers/louis- ,2013.
vuitton/ ,2013.

Para Ana Veronezi (2004) os edifícios de escritórios são uma fração importante
do mercado imobiliário brasileiro e mundial. Esse tipo de edificação possui a função
de "abrigar as atividades terciárias (administrativas, financeiras, comerciais, de
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 18
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

marketing e de serviços) de diversos setores da economia, como por exemplo,


financeiro, industrial, público, de saúde, entre outros" (VERONEZI, 2004).
No Brasil, segundo Claudia Andrade (2007), a partir do século XX a paisagem
urbana se transformou graças ao processo de verticalização cada vez mais
frequente dos edifícios. Esse processo ocorreu mais notadamente nos principais
centros urbanos do país através do crescimento do setor terciário. Juliane Fonseca
(2005) explica que, com a ascensão das empresas existentes e nascimento de
novas corporações, surgiu a necessidade de reunir em um mesmo espaço de
trabalho um maior número de pessoas, encontrando na verticalização desses
espaços a solução para o problema.
O processo de verticalização modificou o espaço urbano, redefiniu o valor e o
uso do solo e alterou as relações sociais entre os homens e o meio ambiente
urbanizado. A verticalização passou a representar a ideia de ascensão social, de
segurança, de conforto e modernidade. Esse simbolismo, fruto da forma
arquitetônica denominada de edifício alto, torre ou arranha-céu foi adquirida pelos
edifícios de escritórios (CASARIL; TÖWS; MENDES, 2011).
Para Santos (2006) o edifício de escritórios é o "ambiente adequado ao
desenvolvimento dos negócios dos seus ocupantes e parte integrante destes".
Desse modo, para que estes edifícios atendam os seus usuários eficientemente, a
autora afirma que é necessário que acompanhem as evoluções tecnológicas, dos
sistemas prediais, dos conceitos de arquitetura e das estruturas organizacionais
trabalhistas.
Santos (2006) fala que essa necessidade de transformação constante do
edifício de escritórios o transforma em um bem que pode se "estragar". Como forma
de impedir essa "perecibilidade" o mercado, ao longo dos anos, transformou o
produto edifício de escritórios, adaptando-o aos seguintes critérios apresentados
pela citada autora:
 Qualidade estética diferenciada, com o objetivo de agregar status e
identidade às empresas usuárias;
 Qualidade interna no que se refere ao ganho de produtividade propiciado
pelas facilidades do edifício;
 Segurança física e de combate à incêndio;
 Custo efetivo da operação do prédio, tendo em mente que a operação
adequada pode reduzir custos de readequação necessários à manutenção
da competitividade do empreendimento;
 Acessibilidade, mostrando a preocupação com os deficientes físicos
imposta às empresas pela legislação;
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 19
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

 Funcionalidade, no que se refere à manutenção do funcionamento dos


itens necessários ao desempenho da edificação;
 Operacionalidade como preservação da qualidade da edificação no que
diz respeito ao atendimento das necessidades de seus ocupantes;
 Sustentabilidade, mostrando a preocupação com o meio-ambiente no que
diz respeito a recursos hídricos e energéticos. Neste aspecto a crise
energética brasileira fez com que essa preocupação se acentuasse, uma
vez que afetou o cotidiano das empresas, trazendo para o presente uma
preocupação que parecia futurista para alguns (SANTOS, 2006).
Santos (2006) afirma que a estrutura dos edifícios empresariais se baseia em
um tripé: 1 - capacidade de pagar das empresas; 2 - servibilidade2 do edifício; 3 -
peso dado à imagem e ao status que edifícios mais modernos imprimem no público.
Para a citada autora a rigidez estrutural dos EELs (Edifícios de escritórios para
locação) faz com que a segmentação no mercado de escritórios comerciais se dê a
partir da infraestrutura urbana do entorno e das atratividades dos serviços oferecidos
no empreendimento. Dessa forma, a referida autora entende que a segmentação do
mercado de edifícios de escritórios ocorre através dos seguintes indicadores:
 Distribuição espacial: o surgimento de polos do setor terciário ocorrem
principalmente em regiões que possuem a melhor infraestrutura. A quantidade e
qualidade de transporte público e de vias de acesso, as redes de abastecimento de
energia e de água, o sistema de coleta e tratamento e esgoto, o sistema de
comunicação, os serviços complementares e conexão com sistemas financeiros são
exemplos de atrativos que historicamente têm contribuído para formação de polos
de serviços;
 Público potencial que se pretende atender: o edifício de escritórios deve
acompanhar as evoluções tecnológicas, arquitetônicas, organizacionais e de
mercado para conseguir atender eficientemente seus ocupantes;
 Localização: vizinhança, facilidade de acessos e disponibilidade de diversos
serviços no entorno do edifício (bancos, alimentação, shopping centers, correio,
cartório, etc.) são aspectos valorizados.
Segundo Jacqueline Freire (2009) o Brasil apresenta uma tendência à procura
por edifícios que abriguem empresas, no entanto, o porte dos mesmos é diferente de
acordo com a sua localização. Em algumas localidades a demanda se dá por
edifícios corporativos (como é o caso de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro),
enquanto que em outras são os edifícios de escritório que são mais procurados.

2
Servibilidade é a maneira pela qual o edifício atende os propósitos de seus usuários (ALVES, 2005,
apud SANTOS, 2006).
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 20
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Segundo Paula (2009 apud FILHO, 2010), a cidade de Natal tem passado por
intenso processo de expansão urbana nos últimos anos. Participando dessa
expansão urbana se encontram os edifícios de escritório, que cada vez mais são o
foco de investimento do mercado imobiliário da cidade (FREIRE, 2009). Apesar de
Natal não contar com um número expressivo de indústrias, muitas filiais de
escritórios de empresas estão se instalando na cidade, o que faz a procura por
edifícios que atendam as suas necessidades seja mais expressiva na expansão
urbana na capital do Rio Grande do Norte (FILHO, 2010).
O arquiteto Carlos Ribeiro Dantas3, em entrevista a Freire (2009), fala que
passou-se muito tempo construindo poucos edifícios empresariais em Natal, porém,
destaca que naquele momento (2009) a demanda para este tipo de empreendimento
na cidade tinha aumentado bastante. Siqueira (2012) confirma a tendência da
procura de edifícios de escritórios em Natal ao falar sobre os grandes lançamentos
empresariais que serão entregues nos próximos anos na cidade. O autor relata que
as construtoras viram na capital potiguar um mercado imobiliário com potencial para
implantação de edifícios de escritórios.
Para os quatro próximos anos estão previstos a implantação de novos edifícios
de escritório na cidade de Natal. A imagem a seguir mostra alguns dos
empreendimentos que serão construídos na cidade.
Figura 3 - Lançamentos de edifícios de escritórios em Natal.

Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1499581&page=2, 2013.


Nota: Montagem elaborada pelo autor.

3
Arquiteto local, autor de vários projetos de empreendimentos comerciais e de serviços na capital
potiguar. Seu escritório de arquitetura atua há mais de 25 anos na cidade.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 21
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

LEGENDA
1 - Corporate Tower Center, no bairro de Lagoa Nova;
2 - Internacional Trade Center, no bairro de Lagoa Nova;
3 - Office Tower, em Candelária;
4 - Tirol Way Office, em Tirol;
5 - Ten Torre Empresarial,
6 - Shin Plaza Tower
7 - Tirol Business Center
8 - Hermes Business Center
9 - Le Montparnasse, em Lagoa Nova e com previsão de entrega em 2016.

O Corporate Tower Center (CTC) já com uma de suas torres em funcionamento


no bairro de Lagoa Nova, com previsão de ocupação da torre mais alta no segundo
semestre de 2013. O Internacional Trade Center (ITC) também já encontra em
construção em Lagoa Nova, com previsão de conclusão para 31 de maio de 2014. O
Office Tower, em Candelária, tem seu público alvo voltado para os escritórios de
advocacia, com previsão de conclusão das obras no 2º semestre de 2013. O Tirol
Way Office, no bairro Tirol, será entregue em agosto de 2014. O empresarial Ten,
também localizado em Tirol, tem previsão de entrega em 2014. O Shin Plaza Tower
(em Lagoa Nova), o Tirol Business Center e o Hermes Business Center (ambos em
Tirol) serão ocupados em 2015. Por último, o edifício Le Montparnasse (Lagoa
Nova) ficará pronto em 2016. Essa quantidade de lançamentos mostra que o
mercado imobiliário de EEL em Natal possui uma forte tendência de crescimento nos
próximos anos.

1.2 Particularidades projetuais


Algumas das particularidades projetuais de um EEL já são encontradas com a
definição do programa de necessidades do empreendimento empresarial. Esse
programa de necessidades é muito influenciado pelas classificações de edifícios de
escritório atribuídos pelo mercado imobiliário.
Em análise realizada por Santos (2006) constata-se que não existe, no
mercado, uma padronização da classificação dos EELs. Os agentes de mercado
criam critérios de classificações próprias com o intuito de dividir o mercado em
camadas e analisar suas tendências. Veronezi (2004) pontua que, muitas vezes,
esses critérios são "superficiais e pobres", sendo criados com base no interesse de
seu emissor em valorizar ou ofuscar um determinado empreendimento. De forma
geral, os empreendimentos de escritórios são classificados como edifícios classe A,
B ou C de acordo com os indicadores que caracterizam a estrutura de um edifício
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 22
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

empresarial, listados no tópico 1.1. Salienta-se que nestas categorias ainda existem
outras subdivisões que variam de agente para agente.
Apesar de não haver um consenso, há certas semelhanças entre as
classificações, assim, os edifícios classe A são geralmente aqueles que incorporam
em seu projeto uma extensa gama de sistemas prediais4 de alta tecnologia, padrão
de acabamento de primeira linha, número de vagas por metro de área útil de acordo
com os padrões internacionais e um leque mínimo de serviços internos disponíveis.
Geralmente, no Brasil, empreendimentos com a classe A tem como público alvo para
ocupação grandes companhias multinacionais. Os edifícios das demais classes, B e
C, possuem sistemas prediais menos tecnológicos (e até defasados, no caso da
classe C) que os edifícios de classe A, oferecem menos serviços a seus condôminos
e, comumente, tem como público alvo empresas prestadoras de serviços de
pequeno porte e profissionais liberais (NRE, 2002 apud SANTOS, 2006).
Com a definição do padrão pelo empreendedor o projeto de arquitetura de um
edifício de escritórios começa com a definição do programa de necessidades.
Segundo Liu (2010) esse programa de necessidades depende do uso final do
edifício, que pode ser destinado à própria corporação, à venda e aluguel de
unidades, ou a investimento de base imobiliária.
O programa de necessidades tem influência direta no projeto tanto em termos
funcionais, quanto em termos de rentabilidade e satisfação por parte dos usuários. A
complexidade em formular o programa de necessidades ocorre principalmente:
na dificuldade de prever a evolução das tecnologias disponíveis
(construtivas, organizacionais, de informação), devido ao tempo de
antecedência com que estas necessidades devem ser definidas em relação
ao início de uso da edificação (entre dois e quatro anos, entre projeto e
construção) e ao tempo relativamente longo de sua operação (espera-se
entre 30 e 50 anos), intervalos que podem tornar características de
funcionamento obsoletas (LIU, 2010).

Ana Liu (2010) faz algumas considerações sobre as atuais necessidades dos
edifícios de escritórios. Para a autora, neste tipo de edificação, as exigências de
desempenho são maiores (pela própria natureza do mercado) e os sistemas prediais
estão mais complexos e em constante evolução. Para acompanhar este processo
deve ser realizado, no planejamento dos espaços, um estudo aprofundado da

4
Os sistemas prediais de um edifício são os sistemas físicos que tem por finalidade dar suporte às
atividades dos usuários. Suprimento de água, energia, comunicação, conforto, segurança e
transporte são exemplos de sistemas prediais (LIU, 2010).
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 23
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

previsão de como o edifício será ocupado ao longo de sua vida útil, que pode ser
algo em torno dos 50 anos. Durante essa vida útil haverá a evolução das diversas
técnicas construtivas, prediais e de sistemas de operação do edifício. Para
incorporar essas mudanças com o mínimo de impactos, o projeto do edifício de
escritórios deve prever um alto nível de flexibilidade (LIU, 2010).
Um conceito importante que está relacionado ao projeto de um EEL é o de área
para locação. Liu (2010) afirma que apesar de existirem definições de áreas de uso
comum tanto em códigos de obra quanto na NBR 12721 (que trata da avaliação de
custos de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para
condomínios edilícios), os empreendedores e empresas de gerenciamento de
patrimônio corporativo as consideram genéricas para fins de comercialização,
principalmente tendo em vista que essas definições dizem respeito a qualquer
empreendimento imobiliário. A autora fala que os empreendedores preferem adotar
"um critério norte-americano, a área BOMA (Building Owner and Manager
Association), para definição de área para locação" (LIU, 2010).
Estes conceitos de área são utilizados principalmente para determinação e
comparação de valores de aluguel, além de análise de eficácia de
aproveitamento de área do edifício de escritórios. Por estes diferentes
critérios, um mesmo andar tipo ou até mesmo o edifício como um todo pode
ter levantamentos de áreas com resultados totalmente díspares. O correto
conhecimento e uso destes conceitos evita a comparação equivocada de
valores (custo, venda, aluguel) considerando áreas diferentes (LIU, 2010).
A norma ANSI/ BOMA5 Z65.1 (ANSI, 1996) rege esse critério e define os
seguintes conceitos, traduzidos pelo autor:
 Área útil: é a área ocupável de um andar.
 Área de locação: é a área útil do inquilino e sua proporcional parte da
área comum do pavimento e da área comum do prédio.
 Área comum do pavimento: refere-se às áreas comuns de todos os
ocupantes do pavimento, como corredores, elevadores, banheiros,
armário do zelador, salas de telecomunicações e áreas de serviço. Área
comum do pavimento é frequentemente encontrada dentro ou ao redor
do núcleo do edifício.
 Área comum do prédio: refere-se às áreas comuns a todos os ocupantes
de um prédio, como o lobby do térreo, circulação, recepção e áreas

5
ANSI (American National Standards Institute), é uma organização particular dos Estados Unidos que
tem por objetivo facilitar a padronização dos trabalhos de seus membros. Seu equivalente
no Brasil seria a ABNT (ANSI, 2013).
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 24
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

técnicas. São frequentemente encontrados nos pavimentos térreo, em


subsolos e em casas de máquinas.
 Principais penetrações verticais: refere-se às escadas, caixas dos
elevadores, chaminés, shafts de instalações, e as paredes que os
limitam, que servem a mais de um pavimento. As principais penetrações
verticais são excluídas das áreas de locação e áreas úteis.
A imagem abaixo apresenta um exemplo do que é contabilizado como área de
locação em um pavimento tipo de um edifício de escritórios. Pode-se ver que as
paredes que limitam as caixas de elevadores, demais vazios e escadas não são
contabilizados. Ou seja a área de locação contabiliza somente o que um usuário de
um edifício de escritórios utiliza.
Figura 4 - Área de locação de um pavimento tipo.

Fonte: Liu ,2010.


Outra importante particularidade de um projeto de EEL é o seu núcleo.
Segundo Kohn e Katz (2002) apud Liu (2010) "o núcleo de um pavimento de
escritórios compreende todos os elementos que servem a área útil", conforme
tradução de Ana Liu. Essa área útil definida pelos autores é composta por elementos
de uso comum dos usuários do edifício de escritórios. São esses os elevadores,
escadas, banheiros, copas e áreas técnicas. Liu (2010) fala o seguinte sobre essas
áreas de uso comum:
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 25
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Os projetos atuais tendem a agrupar estes elementos, formando os núcleos,


de modo que diversas situações favoráveis são criadas, tais como: a
utilização das caixas de escadas com paredes estruturais, que também
funcionam como proteção passiva contra incêndios; a centralização das
prumadas de instalações prediais hidráulicas, que reduzem caminhamentos
horizontais de tubulações; e a otimização da distância a percorrer até as
escadas de emergência, de modo a atender requisitos de segurança (LIU,
2010).
A autora, em sua dissertação, identificou as vantagens e desvantagens da
localização desses núcleos de uso comum, apresentados na tabela a seguir.
Tabela 1 - Características das tipologias de núcleo em edifícios de escritórios.
TIPO CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS
Tipologia mais  Núcleo central estrutural para  Pouco apropriado para:
frequentemente encontrada resistir ao esforço dos ventos, pavimentos pequenos,
em edifícios de escritório, abrindo o perímetro para luz e edifícios com certas
principalmente em arranha- vista externa; condições de lote ou
NÚCLEO
céus.  Serviços mecânicos localizados edifícios com funções
CENTRAL
no centro do pavimento; especiais, que não são
 Melhor condição construtiva; adequados à configuração
 Arranjo flexível para situações de núcleo central.
de múltiplos locatários.
Típico em edifícios com  O núcleo pode se abrir para o  Uso limitado em pavimentos
pavimentos menores ou com exterior, permitindo ventilação com dimensões muito
parede divisória na área de natural nos espaços comuns; grandes, principalmente
locação. Tem sido padrão  O núcleo pode sombrear a área devido às grandes
recentemente em países de escritórios do sol mais forte; distâncias a percorrer para
NÚCLEO asiáticos, tais como Japão e  O sistema de ar condicionado chegar às escadas e
LATERAL Coreia. pode captar com mais facilidade elevadores, o que contraria
o ar externo de cada andar; normas de segurança.
 A área de locação é
homogênea e pode ser
organizada em um espaço
único.
Comum em edifícios baixos,  Distâncias menores a percorrer  Quantidade total maior de
com pavimentos de grandes até o núcleo; elevadores;
dimensões e pavimentos  O formato do pavimento pode  Projeto mais complicado
estreitos. Estas configurações ser ajustado conforme para lobby e circulação,
NÚCLEOS
aparecem com frequência no condições de terreno e de requisitando áreas maiores.
MÚLTIPLOS
norte da Europa, a contexto;
profundidade do edifício é  Os elementos do edifício podem
limitada e os terrenos são ser menores em escala.
irregulares.

Fonte: Liu ,2010.

As seguintes imagens de plantas de edifícios de escritório, com seus


respectivos núcleos destacados em roxo, exemplificam os tipos de núcleos. A Figura
5 exemplifica um núcleo central, a Figura 6 exemplifica um núcleo lateral e a Figura
7 exemplifica uma planta com núcleos múltiplos.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 26
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 5 - Rochaverá Figura 6 - Hermes Business Figura 7 - Exim Tower.


Corporate Towers. Center.

Fonte: Fonte:
http://www.archdaily.com.br Fonte: ativaimobiliaria.com.br http://www.archdaily.com.br
,2013. ,2013. ,2013.
Nota: Modificado pelo autor. Nota: Modificado pelo autor. Nota: Modificado pelo autor.

No final de sua dissertação Ana Liu (2010) ainda sugere um método de


dimensionamento para volumetrias de edifícios de escritórios, esquematizado na
Figura 8. A autora sugere, na primeira etapa, que sejam definidos o terreno e o
padrão do empreendimento. Após, deve-se fazer o levantamento dos critérios legais
do terreno. Esse levantamento definirá os limites da edificação, assim como sua
altura e área máximas.
Figura 8 - Esquema do método de dimensionamento para volumetrias de edifícios de escritórios.

Fonte: Liu ,2010.


Na etapa 2 estima-se a área locável BOMA desejável para servir de base para
dimensionar a área do pavimento tipo e dos demais pavimentos. Na sequência
(terceira etapa) deve-se determinar a altura do pé esquerdo dos pavimentos e,
consequentemente, descobrir o número de andares do edifício. Essa definição pode
ser conseguida através da escolha conceitual do formato do pavimento, da tipologia
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 27
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

de núcleo, da profundidade média do andar, do sistema estrutural, do sistema de


distribuição de ar e da existência ou não de piso elevado.
Com os contornos do prédio e a área e quantidade de pavimentos predefinidos
com os passos acima consegue-se dimensionar o número de elevadores e definir
sua distribuição espacial na quarta etapa. Com isso, na etapa 5, define-se o
pavimento tipo, atentando para a "área efetiva para uso de escritórios, os espaços
para instalações prediais (principalmente ar condicionado) e as circulações verticais,
tais como rotas de fuga, escadas, elevadores" (LIU, 2010). Por fim conceitua-se a
fachada (etapa 6) e o padrão de acabamento de materiais, revisando se as
definições anteriores precisam ser redimensionadas na sétima etapa. Concluindo
esses passos é possível definir o plano de massas do edifício de escritórios,
segundo Ana Liu (2010).
Apesar das inúmeras possibilidades de abordagem que podem ser
desenvolvidas sobre os edifícios de escritórios o presente tópico focou-se em falar
de referências voltadas para o projeto de EELs, abordando também questões de
mercado quando estas tem grande influência no projeto. Viu-se também a
importância do programa de necessidades e a explicação de termos que possuem
grande influência sobre o projeto de EEL, como a área de locação e o núcleo de um
empreendimento empresarial. O intuito da revisão dos conceitos e particularidades
projetuais é de oferecer subsídios para o autor desenvolver o projeto do edifício de
escritórios.

2. METODOLOGIA DE PROJETO E CONFORTO AMBIENTAL


Como dito na introdução do livro “Manual de Conforto Térmico”, de Anésia
Frota e Sueli Schiffer (2001), a Arquitetura tem, entre outros papéis, a função de
propiciar o conforto térmico dos ocupantes de um edifício, independente das
condições climáticas do meio exterior.
A exigência da qualidade do conforto ambiental nos projetos de arquitetura tem
aumentado nos últimos anos graças a vários fatores. Dentre eles podem ser citados
a busca de construções sustentáveis e eficientes energeticamente, a difusão da
importância da influência do prédio na produtividade de seus ocupantes, a evolução
das tecnologias prediais e a facilidade contemporânea das trocas de informações.
Essas exigências têm feito os arquitetos repensarem os procedimentos adotados no
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 28
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

projeto e terem até a necessidade de usar novas metodologias projetuais


(KOWALTOWSKY et al., 2006).
Apesar da preocupação dos arquitetos em conceber um projeto bem avaliado
energeticamente e ambientalmente, para Oliveira (2009, apud IKEDA; AMORIM,
2011) os projetos atuais apresentam um grande enfoque nas tecnologias dos
materiais, sendo que a abordagem principal deveria ser a boa solução projetual.
Para o autor há uma ausência de reflexão e rebatimento das questões de conforto
ambiental no processo inicial de elaboração do projeto (OLIVEIRA, 2009, apud
IKEDA; AMORIM, 2011).
Leonardo Cunha (2010), em sua dissertação, afirma que o estudo de
metodologias de projetação arquitetônica integradas às estratégias bioclimáticas
evita que a concepção seja reduzida a um processo de resolução de problemas. O
autor também assegura que se as questões energéticas não forem tratadas logo na
etapa de concepção o projeto final será comprometido.
Segundo Araújo e Cunha (2010) Victor Olgyay (1963 apud ARAÚJO; CUNHA,
2010) foi um dos pioneiros ao propor um método de processo projetual com inserção
de princípios de bioclimatologia. Em uma determinada etapa do processo projetual
desse método, mais especificamente para projetos de residências, Olgyay listava
dados e ferramentas a serem utilizados para alcançar os objetivos relacionados ao
conforto ambiental. Araújo e Cunha (2010) sintetizaram na tabela abaixo somente os
itens relacionados a bioclimatologia no método proposto por Olgyay.
Tabela 2 - Itens de bioclimatologia inseridos no processo projetual, conforme proposta de Olgyay.
METAS E OBJETIVOS DADOS E FERRAMENTAS
Dados climáticos Temperatura, umidade relativa, ventos dominantes e microclimas
Carta psicrométrica, definição de necessidades/ estratégias, grau de
Avaliação
importância dos elementos
Geometria solar, seleção do terreno, orientação, ventos dominantes e
Métodos de cálculo
materiais
Diagramas de máscara de sombra, rosa dos ventos, propriedade dos
Resultados
materiais
Elementos arquitetônicos existentes (planta, forma e volumetria),
Exemplos arquitetônicos
soluções de ventilação, arranjos comparativos
Implantação, volumetria e layout, síntese comparativa que resulta numa
Aplicação
arquitetura regional.
Fonte: Araújo e Cunha, 2010.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 29
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Pedrini e Szokolay (2005) procuraram aperfeiçoar essa integração com um


método em quatro etapas (Figura 9). O método se diferencia do proposto por Olgyay
por levar em consideração as etapas projetuais usadas por teóricos da área de
projeto de arquitetura, inserindo os itens referentes às estratégias climáticas nas
etapas mais oportunas.
Figura 9 - Fases do projeto arquitetônico e abordagens recomendadas.

Fonte: Pedrini e Szokolay, 2005.


A primeira etapa, denominada programa, trata da averiguação das informações
disponíveis e como elas podem repercutir no processo criativo do projeto. Na fase
do esboço acontece a evolução da forma arquitetônica em busca de compatibilizar o
programa de necessidades e as condicionantes do projeto. A etapa seguinte é
caracterizada pelo detalhamento do projeto e teste mais completo da solução
através de programa de simulação do desempenho térmico e energético. Na última
etapa são realizadas as avaliações finais do projeto visando a indicação do
desempenho energético alcançado pela proposta (PEDRINI; SZOKOLAY, 2005).
Em análise das abordagens propostas por Pedrini e Szokolay, Cunha (2010)
transmite que as estratégias bioclimáticas devem ser concebidas e ajustadas na
fase do esboço, em que "a seleção de alternativas adequadas tem maior peso no
desempenho final".
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 30
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Em sua dissertação, Cunha (2010) também propôs uma metodologia projetual


integrada aos princípios de bioclimatologia, com enfoque na ventilação natural
(Figura 10). O objetivo desta proposta é mostrar que o desenvolvimento do projeto
exige instrumentos compatíveis para atingir os propósitos de cada etapa. A proposta
parte da escala macro, representada pelo meio urbano, e segue em direção à escala
micro, que corresponde aos ambientes da edificação.
Figura 10 - Bioclimatologia integrada ao método projetual.

Fonte: Cunha, 2010.


ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 31
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

A primeira fase do método aborda o programa de necessidades, caracterizando


o comportamento da ventilação em relação ao terreno e sua localização no meio
urbano. Na fase do esboço, a forma, a disposição das aberturas e os elementos da
envoltória são definidos. Para o autor, nessa fase “as modificações na proposta
representam custo insignificante, porém com grande interferência no desempenho
termoenergético da edificação" (CUNHA, 2010). Ainda nessa etapa de esboço o
autor sugere o uso de simulação computacional como uma opção de quantificar o
coeficiente de pressão distribuídos nas fachadas do projeto.
Na etapa seguinte, do detalhamento do projeto, as aberturas das fachadas são
dimensionadas e posicionadas. Nessa etapa a simulação computacional também é
sugerida para permitir o entendimento da distribuição do fluxo de ar e a taxa de
renovação do ar nos ambientes. Na última etapa do processo proposto pelo autor o
projeto é objeto de uma avaliação final com o intuito de verificar se os quesitos da
ventilação abordados nas etapas anteriores foram atendidos. Nesta etapa final
também é sugerido o uso da simulação computacional. Percebe-se que a
metodologia proposta por Cunha (2010), além de ser um exemplo da integração do
projeto de arquitetura com o conforto ambiental, também destaca o uso da
simulação computacional no processo projetual.
Diferente do que se pensa a princípio, o uso da simulação computacional no
projeto de arquitetura não é uma prática recente. Os primeiros softwares de
simulação computacional surgiram na década de 70 impulsionados pela
necessidade de se projetar edifícios mais eficientes energeticamente. Como
consequência da evolução da informática nos anos seguintes, os softwares também
se desenvolveram, permitindo serem usados para “mensurar o ganho energético
(...), sistemas de iluminação e ventilação adotados, além da rotina de utilização da
edificação (MENDES; LAMBERTS; CUNHA NETO, 2001 apud TRINDADE, 2006)".
As vantagens do uso da simulação computacional no processo projetual são
várias. Além de identificar problemas que só seriam vistos quando um projeto fosse
construído, a simulação computacional apresenta resultados mais rápidos e baratos
que a experimentação (BENEDETTO, 2007). Analisando cada etapa de um projeto
de arquitetura também é possível perceber as utilidades da simulação. Quando esta
ocorre na fase do estudo preliminar é possível estimar mais precisamente o
consumo energético de uma edificação, possibilitando identificar o peso de cada
decisão em uma etapa inicial do projeto. Na etapa de anteprojeto a simulação pode,
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 32
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

por exemplo, informar a dimensão exata de uma proteção de uma abertura para que
a insolação direta não incida no interior de um ambiente. E na etapa de projeto
executivo as ferramentas de simulação computacional podem ser usadas para
“verificar a eficiência das decisões projetuais" (MORBITZER, ET AL., 2001, apud
CUNHA, 2010). Um exemplo do uso da simulação computacional logo nas primeiras
concepções formais de um projeto de arquitetura pode ser identificado no Solar
Carve Tower (Figura 11).
Figura 11 - Solar Carve Tower.

Fonte: http://www.archdaily.com/289562/solar-carve-tower-studio-gang-architects/, 2013.


De autoria do Studio Gang Architects, o projeto trata de um edifício de
escritórios com 65 metros de altura a ser implantado em frente ao High Line6 (Figura
12), em Nova Iorque. A implantação do projeto foi a principal problemática do
mesmo, tendo em vista que o arranha-céu iria obstruir uma porção da iluminação
solar direta e também uma porção do céu que os frequentadores do High Line estão
acostumados a possuírem.
Figura 12 - High Line.

Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2012/01/10/high-line-nova-iorque/, 2013.

6
O High Line é um parque urbano linear, inaugurado em 2008, implantado sobre uma linha férrea
elevada construída em 1930 e posteriormente desativada, no lado oeste de Manhattan.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 33
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Com esse problema, o escritório de arquitetura responsável pelo projeto utilizou


as ferramentas de simulação computacional para entender o comportamento das
sombras geradas pela edificação. Houve então a decisão de “esculpir” os lados do
edifício, de forma que o sol da tarde pudesse iluminar o parque urbano linear
(ROSENFIELD, 2013). Para isso, mais uma vez a simulação foi usada para estudar
a trajetória solar e assim definir exatamente a angulação dos volumes subtraídos do
prédio que melhor permitisse a passagem dos raios solares (Figura 13).
O interessante da solução formal adotada foi que ela privilegia muito mais a
população do entorno, que não terá mais sua paisagem tão degradada pela
presença do arranha-céu, do que os donos e verdadeiros usuários do Solar Carve
Tower.
Figura 13 - Trajetória solar e seu rebatimento na forma do edifício.

Fonte: http://www.archdaily.com/289562/solar-carve-tower-studio-gang-architects/, 2013.


Apesar de todas as contribuições que podem ser somadas ao projeto, percebe-
se que os arquitetos são relutantes em usar as ferramentas computacionais nas
fases iniciais de concepção. Como exemplo disso, Cunha (2010) relata que os
arquitetos atuantes no mercado costumam tratar a ventilação natural "de maneira
estática e constante, enquanto que na realidade o vento é uma variável climática de
grande variabilidade". Já Wilde (2004 apud Venâncio, 2007) aponta que a maioria
dos arquitetos não utiliza ferramentas de suporte às decisões arquitetônicas e que,
aproximadamente, 80% das decisões pertinentes à seleção de estratégias
bioclimáticas é realizada de forma intuitiva.
Em estudo feito por Freitas e Ruschek (2000, apud KOWALTOWSKI et AL,
2000) apesar da simulação computacional não ser presente na vida profissional dos
arquitetos, estes utilizavam uma grande variedade de ferramentas computacionais.
O estudo mostrou que as ferramentas que eram usadas eram de desenho assistido
por computador, renderização, animação e manipulação de imagem. Morbitzer, et al.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 34
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

(2001, apud CUNHA, 2010) aponta que um dos motivos dos arquitetos não
aceitarem bem as ferramentas de simulação computacional, tanto como aceitam os
programas CAD e de edição de imagens, é devido a falta de integração dessas
ferramentas ao processo projetual.
Kowaltowiski et al. (2000) identificaram que o arquiteto procura solucionar a
volumetria em primeiro lugar, sem preocupar-se com questões específicas, como o
conforto ambiental. Segundo os autores, os arquitetos acham que avaliações mais
apuradas podem interferir no processo de criação, interrompendo o usual
pensamento projetual. As atividades que exigem cálculos e organização de dados
precisos são evitadas pela maioria dos projetistas durante o processo criativo.
A relutância no uso de ferramentas de simulação computacional voltadas para
o conforto ambiental não é exclusividade dos profissionais de arquitetura, sendo
recorrente também nos estudantes. Durante a revisão bibliográfica realizada para o
presente trabalho constatou-se que poucos Trabalhos Finais de Graduação (dos
alunos do curso de arquitetura e urbanismo da UFRN) abordam o conforto ambiental
na concepção dos projetos. A maioria dos alunos trabalha o tema apenas em dois
momentos: durante um capítulo abordando os condicionantes ambientais, em que se
observa intuitivamente a direção dos ventos e a posição do Sol, e após a conclusão
do anteprojeto, com uma simulação do sombreamento das aberturas da edificação
projetada.
Quando as ferramentas são usadas tardiamente na etapa da avaliação final, a
simulação computacional limita-se a apontar o sucesso ou fracasso do projeto, neste
último caso acarretando a necessidade de revisão das decisões projetuais e,
consequentemente, trazendo prejuízo tanto para o cliente quanto para o arquiteto
(CUNHA, 2010).
Kowaltowiski et al (2000) após analisarem ferramentas computacionais de
avaliação e processo de projeto, através de um levantamento dos programas
disponíveis (na época do estudo), concluíram que os projetistas necessitam de
programas que deem rapidamente resultados razoavelmente apurados na tela e
permitam que o desenho seja facilmente modificado. Cunha (2010) também atesta
que os profissionais necessitam de soluções projetuais rápidas, pois os mesmos
alegam que não possuem tempo suficiente para utilizar algum software de simulação
tendo em vista as questões financeiras, legais e do tempo despendido no programa.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 35
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Dessa forma os projetistas continuam a “repetir sistematicamente em seus projetos


as recomendações básicas aprendidas no curso de graduação” (CUNHA, 2010).
Além da necessidade por simulações com respostas rápidas, percebe-se
também a necessidade de uma melhor apresentação gráfica dos resultados
produzidos pelos programas. Araújo e Cunha (2010) exemplificam a importância do
apelo gráfico ao relatarem que os alunos de arquitetura da UFRN, quando cursam
as disciplinas de Conforto Ambiental, usam a representação do percurso do vento
através de vetores para tomar importantes decisões espaciais em seus projetos.
Pina et al. (1998) também destacam a comunicação visual como um importante
combustível para o processo criativo dos arquitetos:
Na atividade projetual a mão cria a imagem e a imagem cria a reação
cognitiva e criativa no pensamento do projetista. Desenhos podem registrar
conceitos através de croquis referenciais, ou confirmar interferências de
acordo com as escalas e níveis de precisão (PINA et al., 1998).
Com as considerações dos autores citados acima é possível sintetizar que para
estimular o uso da simulação computacional no início do processo projetual é
necessário apresentar aos arquitetos um software que permita uma fácil alteração
do produto criado no programa e que apresente rapidamente os resultados da
simulação, estes com apelo mais visual que numérico e sem dispensar a precisão
conseguida com a simulação.
Tendo em vista essa importância do apelo gráfico nos softwares de simulação,
cada vez mais são desenvolvidos programas de conforto ambiental que mostram
dados específicos em conjunto com representações gráficas. Como exemplo disso
pode-se citar o Project Vasari (Figura 14).
Figura 14 - Project Vasari.

Fonte: www.revit.si (2012).


O Project Vasari (da Autodesk), ou somente Vasari, faz análises em massas
conceituais e não apenas em projetos finalizados. O software centra-se no design
conceitual de edifícios utilizando tanto a modelagem paramétrica como a
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 36
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

geométrica, podendo ser utilizado em diversas etapas preliminares de projeto


cruzando informações sobre gastos energéticos, demandas por climatização, e
ainda estudos de ventilação natural. Uma das vantagens do Vasari é o programa
permitir trabalhar integrado ao Revit Architecture7. Após análises feitas em um sólido
conceitual modelado no Vasari é possível levá-lo ao Revit para desenvolver o
projeto, criando paredes, pisos e telhados. Dessa forma há uma continuidade do
processo do projeto mesmo com o uso de dois programas diferentes.
Um dos objetivos do presente trabalho é utilizar um programa de conforto
ambiental para auxiliar as decisões tomadas na etapa conceitual da proposta do
edifício de escritórios. Com as vantagens descritas acima, o Project Vasari
apresenta boas soluções para as principais barreiras sentidas pelos arquitetos, em
relação aos programas de simulação, e por esse motivo será utilizado pelo autor do
trabalho na etapa inicial do projeto do edifício de escritórios para locação.

3. ESTUDOS DE REFERÊNCIA
Este tópico abordará empiricamente o projeto de edifícios de escritórios através
de estudos de referências em edificações com o uso igual ou similar ao projeto a ser
desenvolvido no trabalho. Foram realizados estudos focados na forma e outros
focados na função, este sendo fundamental para basear a definição do programa de
necessidades e o pré-dimensionamento do edifício a ser projetado. Os três primeiros
estudos foram feitos de maneira indireta por meio de pesquisas realizadas na
internet e em revistas especializadas. O último foi um estudo direto, com uma
análise feita após uma visita ao empreendimento.
O primeiro estudo de referência analisa um edifício de escritórios recentemente
construído em São Paulo e destaca principalmente a solução funcional do prédio,
com o estudo de cada planta do projeto. Nesse estudo também é analisado
brevemente a solução estética e volumétrica dada ao empreendimento. O segundo
estudo trata de uma sede administrativa de uma empresa italiana no qual é
abordada principalmente a solução formal dada ao projeto, assim como os
benefícios de conforto ambiental alcançados com a volumetria. Após o segundo
estudo são analisados projetos de empreendimentos presentes na cidade de Natal,

7
Software da Autodesk, utilizado para o desenvolvimento de projetos arquitetônicos dentro do conceito de
Modelagem da Informação da Construção (BIM).
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 37
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

que servirão para entender o padrão do programa de necessidades de edifícios de


escritórios na cidade.
O primeiro deles é um empreendimento comercial ainda não construído e que
terá destacado, na análise, somente a função, com o estudo das plantas do
pavimento tipo e do térreo (para entender os ambientes mais técnicos do projeto).
Por fim será mostrado um estudo direto de um empreendimento comercial já
consolidado na capital potiguar que também possui como principal objetivo a análise
do programa de necessidades, com uma breve abordagem da solução formal.

3.1 Edifício João Moura 1144


Figura 15 - Edifício João Moura 1144.

Fonte: http://www.skyscrapercity.com/, 2013.


O edifício João Moura 1144 (Figura 15) é um prédio de escritórios para locação
e está localizado na Rua João Moura, bairro de Pinheiros, na zona oeste de São
Paulo. Projetado pelo escritório Nitsche Arquitetos Associados e incorporado pela
Idea! Zarvos o projeto surgiu na paisagem paulistana como um edifício de escritórios
diferenciado. A ideia do edifício, que teve sua construção finalizada em fevereiro de
2012, nasceu da vontade da incorporadora em construir um prédio comercial com
características opostas aos tradicionais e hermeticamente fechados arranha-céus de
São Paulo (ROCHA, 2012).
Tal vontade foi obedecida pelos arquitetos, que conceberam um prédio
avarandado, com grandes aberturas e em "que o usuário possa combinar o trabalho
com a natureza e a área externa", conforme contou Pedro Nitsche, sócio do
escritório Nitsche Arquitetos Associados (ROCHA, 2012). Outra vontade passada
aos arquitetos pela incorporadora foi o desejo de não utilizar o máximo do potencial
construtivo permitido por lei, priorizando a valorização das áreas construídas com a
criação de áreas verdes e de convívio.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 38
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 16 - Plantas do Edifício João Moura 1144.

Fonte: http://www.archdaily.com.br/43004, 2012.


Nota: Modificado pelo autor.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 39
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

O edifício João Moura possui uma área para locação de 3245m² e uma área
construída de 6240,90m² distribuída em 13 pavimentos (que totalizam 37m de
altura), destes, 8 pavimentos abrigam salas de escritórios. A Figura 16 mostra cada
pavimento, assim como seus ambientes.
O modo como esses pavimentos foram distribuídos no terreno se deve muito à
topografia do local, como mostra o corte longitudinal na Figura 17. A decisão de
aproveitar melhor a topografia sem criar diversos subsolos ocasionou a redução de
custos com a escavação e rebaixamento do lençol freático da região (ROCHA,
2012).
Figura 17 - Cortes do Edifício João Moura 1144.

Fonte: http://www.revistaau.com.br/, 2012.


Nota: Modificado pelo autor.

A forma do edifício também foi bastante influenciada pela legislação. Úrsula


Troncoso (2012) conta que o escalonamento do prédio, na medida que aumenta a
altura do mesmo, ocorreu devido a existência de uma vila no interior do quarteirão
"que exige uma circunferência de no mínimo 25 metros sem edificação no seu
entorno" (TRONCOSO, 2012), como forma de garantir que a insolação direta na vila
seja bloqueada por construções verticais vizinhas.
Na rua João Moura, o pavimento de acesso (térreo) está recuado cerca de 10
metros do alinhamento frontal da edificação, o dobro do exigido por lei, "garantindo,
de acordo com os arquitetos, um 'respiro' para a calçada e destacando a recepção
que avança em direção à rua" (ROCHA, 2012). A entrada de visitantes e de carros
ocorre nesse pavimento que possui uma recepção ligada diretamente ao núcleo do
prédio, do tipo lateral e formado por dois elevadores sociais, uma escada, um hall
com shafts de instalações prediais e "uma área técnica para utilização com casa de
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 40
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

máquinas" (TRONCOSO, 2012). O pavimento também abriga vagas de


estacionamento e um depósito, assim como o subsolo abaixo deste pavimento.
Acima do térreo há o 1º pavimento, com vagas de estacionamentos e dois
banheiros. Na sequência há o 2º pavimento, em que aparecem as primeiras salas
comerciais. Esse pavimento apresenta pé-direito duplo e um mezanino que serve
como extensão das salas (Figura 18). O quarto pavimento dedica-se a ambientes de
uso comum, com a presença de duas salas de descanso, uma delas localizada nos
fundos do lote (Figura 19), um refeitório coletivo, um café, banheiros e um canteiro
de árvore suspenso (Figura 20). Do quinto ao décimo pavimentos localizam-se as
demais salas comerciais. Por fim, a cobertura abriga o reservatório de água e mais
um espaço de convívio.
As salas comerciais não apresentam um padrão de área, ocasionando a
inexistência de um pavimento tipo com salas padrão. A decisão de distinguir o
tamanho das salas foi tomada para atender empresas com portes diferenciados. A
tabela abaixo apresenta a quantidade de salas locáveis assim como suas
metragens.
Tabela 3- Área das salas comerciais do Edifício João Moura 1144.
Pavimento Quantidade de salas Área das salas
2º e 3º pavimentos 3 salas 134m²; 203,11m² e 294,14m²
5º pavimento 3 salas 109,33m²; 135,51m² e 137,02m²
6º pavimento 3 salas 76,41m²; 128,55m² e 304,65m²
7º pavimento 3 salas 77,61m²; 91,58m² e 263,92m²
8º pavimento 3 salas 76,30m²; 92,08m² e 180,20m²
9º pavimento 2 salas 154,22m² e 175,50m²
1 sala (laje
10º pavimento 299,73m²
corporativa)
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.
Quanto ao sistema construtivo, o edifício em destaque possui estrutura em
concreto armado aparente moldado in loco, com pilares de seção circular e diâmetro
de 70cm. Os balanços variam de pavimento para pavimento, sendo o menor de 3,90
m e o maior, no quarto andar, com 4,75 m. A laje é do tipo maciça, com 12 cm de
altura (ROCHA, 2012).
A solução estética adotada nas fachadas laterais consiste em grandes painéis
em tons de verde e azul intercalados com as janelas em vidro (Figura 21). Esses
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 41
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

painéis, em módulos de 1,25m de largura, são revestidos por um laminado


sustentado por caixilhos de alumínio e afastados de 8 a 12 cm da estrutura da
fachada (ROCHA, 2012).

Figura 18 - Sala com pé-direito duplo. Figura 19 - Área de descanso.

Fonte: http://ideazarvos.com.br/, 2012. Fonte: http://ideazarvos.com.br/, 2012.

Figura 20 - Canteiro de árvore. Figura 21 - Painéis da fachada.

Fonte: http://www.skyscrapercity.com, 2013. Fonte: www.revistaau.com.br, 2012.

3.2 Bentini Headquarters


Figura 22 - Bentini Headquarters.

Fonte: http://www.archdaily.com.br/, 2012.


ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 42
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

O Bentini Headquarters (Figura 22) é a sede administrativa da construtora


italiana Bentini. A sede da empresa, que foi finalizada em 2011, está localizada na
cidade de Faenza, Itália, e foi projetada pelo escritório de arquitetura Piuarch.
O terreno da sede da companhia italiana abriga um edifício administrativo com
escritórios (que é o destaque no presente estudo de referência) e uma edificação
que serve como depósito (identificado na Figura 23). Os dois prédios, localizados
paralelamente entre si e conectados por um pátio de estacionamento, estão situados
em uma zona mais rural de Faenza, possuindo um entorno com paisagem rica em
vegetação.
Figura 23 - Implantação do Bentini Headquarters.

Fonte: http://www.archdaily.com.br/, 2012.


Nota: Modificado pelo autor.

O edifício administrativo, com 6.500m² de área construída, foi concebido como


um volume único e retangular disposto no terreno com suas fachadas menores
voltadas para leste e oeste. Esse volume, essencialmente branco e com uma
complexidade volumétrica característica de parte da produção da arquitetura
contemporânea, abriga cinco pavimentos, sendo um deles semienterrado (possível
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 43
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

de ser visto no corte da Figura 24)8. A volumetria retangular permitiu arranjar


facilmente as salas de escritórios na edificação. Como mostra a planta baixa da
Figura 25, as salas se localizam nas extremidades do prédio e são alimentadas por
um corredor central e linear.
Figura 24 - Corte longitudinal do Bentini Headquarters.

Fonte: http://www.archdaily.com.br/, 2012.

Diferente dos outros pavimentos, que são destinados somente a salas


administrativas, o último pavimento pode ser utilizado para eventos e conferências,
inclusive para os moradores locais (HELM, 2013). A cobertura do prédio ainda
oferece uma área de 300 metros quadrados de jardim e uma vista privilegiada da
paisagem do entorno.
Figura 25 - Plantas do Bentini Headquarters.

Fonte: http://www.archdaily.com.br/, 2012.


Nota: Modificado pelo autor.

8
Não foi possível encontrar informações sobre o sistema construtivo do empreendimento.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 44
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Em relação às soluções estéticas e volumétricas adotadas nas fachadas pode-


se afirmar que a principal preocupação na fachada norte foi integrar visualmente o
interior do prédio com o pátio externo e o prédio de depósito no lado oposto do
terreno. Essa integração foi alcançada com o envidraçamento de toda a fachada
com um pano de vidro. Neste também há esquadrias de giro de vidro emolduradas,
que se repetem na extensão horizontal da fachada (Figura 26). As fachadas laterais,
oeste e leste, são essencialmente cegas, com o intuito de proteger a edificação dos
raios solares da manhã e da tarde.
Figura 26 - Fachada norte do Bentini Headquarters.

Fonte: http://www.archdaily.com.br/, 2012.


A fachada principal, sul, se constitui de um pano de vidro contínuo com uma
espécie de grelha de lajes e paredes que se prolongam da edificação, formando
compartimentos retangulares de diferentes dimensões organizados em uma
composição aleatória (Figura 22). Esses elementos, além de possuírem função
estética, foram concebidos como protetores solares. Como exemplifica a Figura 27,
os arquitetos do escritório Piuarch utilizaram maquetes físicas para estudar a
inclinação e composição dos elementos verticais e horizontais da fachada, visando a
proteção das aberturas de vidro da radiação solar direta.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 45
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Esta solução de composição proporciona uma percepção do edifício como


se estivesse em um estado de constante transformação, dependendo da
posição do observador, bem como da luz que dá forma ao volume com as
sombras enquanto cria uma sequência de exibições dinâmicas do trabalho
performado dentro edifício (HELM, 2013).

Figura 27 - Maquetes físicas do Bentini Headquarters.

Fonte: http://europaconcorsi.com/projects/192875-Bentini-Headquarters, 2013.

3.3 Shin Plaza Tower


Figura 28 - Shin Plaza Tower.

Fonte: http://www.imoveisemnatal.info/lancamentos.asp?id=63, 2013.


O Shin Plaza Tower (Figura 28) é um projeto de um edifício de escritórios para
locação que será construído na Av. Prudente de Morais, no bairro Lagoa Nova,
Natal/RN. De autoria do escritório cearense Daniel & Isidro Arquitetos o Shin Plaza
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 46
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Tower tem previsão de ter suas obras concluídas em 2015 e ser mais uma opção de
edifício empresarial na cidade de Natal.
Figura 29 - Localização do Shin Plaza Tower.

Fonte: http://www.cameron.eng.br/, 2011.


O programa do Shin Tower Plaza se desenvolve em 30 pavimentos (como
mostra o corte esquemático da Figura 30), possuindo 22 pavimentos dedicados à
salas de escritórios (que podem abrigar 258 salas comerciais), 6 para
estacionamento, 1 pilotis com lojas e 1 pavimento destinado a atividades de lazer.
Figura 30 - Corte esquemático do Shin Plaza Tower.

Fonte: http://www.slideshare.net/albertojoseahmed/shin-plaza-tower, 2011.


Nota:Modificado pelo autor.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 47
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

O empreendimento foi implantado no terreno de 5111,20m² (Figura 31) de


forma a permitir que a frente de todas as salas comerciais ficassem voltadas para a
Av. Amintas Barros. Enquanto a torre de escritórios ficou voltada para a citada via,
as salas para lojas ficaram voltadas para a Av. Prudente de Morais, incluindo o
acesso a elas, por ser a via de maior visibilidade. O acesso aos pavimentos de
estacionamentos é feito pela Av. Amintas Barros por possuir menos tráfego de
veículos que a Prudente de Morais. A torre comercial de escritórios também foi
bastante recuada em relação à Amintas Barros para se valorizar o pavimento de
lazer (SHIN PLAZA..., 2011).
Figura 31 - Implantação do Shin Plaza Tower.

Fonte: http://www.slideshare.net/albertojoseahmed/shin-plaza-tower, 2011.


Nota:Modificado pelo autor.
No pavimento denominado pilotis encontram-se os 1.800m² de lojas
comerciais, os acessos e a parte de serviço do prédio com depósitos, almoxarifados
e outros ambientes listados na Figura 32.
O acesso à torre se dá através de um grande Lobby em pé-direito duplo. Ao
lado do Lobby há uma área para eventos com três auditórios (que podem ser
combinados em um grande salão). Toda a parte de serviço foi desenvolvida na parte
posterior do terreno com seus acessos independentes. Nesse pavimento foi locado
um elevador exclusivo que atende somente aos subsolos, térreo, pavimentos
garagem e lazer/serviços, não possuindo acesso aos pavimentos tipos das salas
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 48
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

comerciais, objetivando uma maior segurança do empreendimento (SHIN PLAZA...,


2011).
Figura 32 - Pilotis do Shin Plaza Tower.

Fonte: http://www.slideshare.net/albertojoseahmed/shin-plaza-tower, 2011.


Nota:Modificado pelo autor.
Como dito anteriormente o empreendimento possuirá seis pavimentos de
estacionamento de veículos com um total de 269 vagas. Três desses estão abaixo
do pavimento pilotis (denominados de subsolos) e três estão acima (denominados
de garagem). Os acessos de veículos se dão através de um
embarque/desembarque de forma independente tanto para os subsolos como para
os pavimentos garagens através da criação de duas rampas individuais.
Segundo Shin Plaza...(2011) a grande laje da garagem superior serviu de
partido para o desenvolvimento do pavimento de lazer. Shin Plaza...(2011)
apresenta este pavimento como um dos grandes diferenciais do empreendimento
por ser um pavimento com diversos usos, como academia, piscinas, lanchonete,
cabeleireiro e praças contemplativas/paisagismo, criando um projeto comercial
integrado com um grande número de serviços. O acesso do público ao pavimento se
dá de forma independente ao funcionamento da torre através do elevador especial já
citado.
As salas do pavimento tipo possuem em média 36m² de área útil cada e foram
solucionadas espacialmente colocando os lavabos na periferia das salas, liberando,
assim, a frente das mesmas para a paisagem externa. A solução utilizada permite
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 49
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

desenvolver diversos tipos de layout atendendo a uma maior variedade de


profissionais. Dependendo das necessidades espaciais destes as salas podem se
agrupar com uma ou mais salas, existindo a possibilidade do pavimento tipo se
transformar em uma laje corporativa, como ilustra a Figura 33.
As salas são ligadas ao núcleo do prédio (do tipo lateral) por um extenso
corredor, que também serve dois lavabos para o público e duas salas para central
de ar condicionado. O núcleo é formado por sete elevadores (seis sociais e um de
serviço), a antecâmara, a escada e shafts de instalações prediais.
Em função da volumetria foram desenvolvidos dois padrões de pavimento tipo.
Por esse motivo os pavimentos 20, 21 e 22 são menores que os pavimentos tipo
inferiores, e consequentemente possuem uma menor quantidade de salas
comerciais.
Figura 33 - Pavimentos tipo do Shin Plaza Tower.

Fonte: http://www.slideshare.net/albertojoseahmed/shin-plaza-tower, 2011.


Nota:Modificado pelo autor.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 50
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

3.4 Espaço Empresarial Giovani Fulco


Figura 34 - Espaço Empresarial Giovani Fulco.

Fonte: Acervo do autor, 2013.


O Espaço Empresarial Giovani Fulco (apresentado na Figura 34 e destacado
em vermelho na Figura 35) é um empreendimento comercial e de serviços localizado
no bairro Tirol, em Natal/RN. Executado pela construtora M² e inaugurado no ano
2000, o edifício foi projetado pelo escritório Carlos Ribeiro Dantas Arquitetura e
possui uma circulação diária de cerca de setecentas a mil pessoas, segundo o
administrador do espaço empresarial, Sr. Gustavo9. O acesso ao prédio é realizado
pela avenida Prudente de Morais através de uma entrada para pedestres e duas
entradas para veículos.
O edifício funciona de segunda a sexta das 07:30 às 18:00hrs e no sábado das
08:00 as 12:00hrs. A equipe de apoio é formada por quatro porteiros, dois auxiliares
de serviços gerais (ASG) e um administrador.
Figura 35 - Localização do Espaço Empresarial Giovani Fulco.

Fonte: www.maps.google.com.br, 2013.


Nota: Modificado pelo autor.

9
Informações conseguidas em entrevista realizada no dia 07 de março de 2013 (ver apêndice A).
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 51
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Construído com um sistema estrutural em concreto armado e alvenaria


convencional o empreendimento abriga seu programa de necessidades em 16
pavimentos, sendo 01 subsolo, 01 térreo, 02 garagens e 12 pavimentos tipos. O
corte esquemático da Figura 36 ilustra a distribuição do programa nos pavimentos.
Figura 36 - Corte esquemático do Giovani Fulco.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

A planta do pavimento térreo (Figura 37) abriga uma recepção (Figura 38),
nove lojas, banheiros (feminino e masculino), uma sala de administração, um núcleo
lateral (formado por quatro elevadores sociais e uma escada de incêndio) e uma
grande área de circulação. Uma parte dessa área de circulação é destinada a uma
sala de espera para os usuários do prédio com sofás e poltronas e outra parte
abrigava antigamente uma praça de alimentação.
Figura 37 - Planta esquemática do térreo do Giovani Fulco.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.


ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 52
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 38 - Recepção do Giovani Fulco. Figura 39 - Elevadores sociais do Giovani Fulco.

Fonte: Acervo do autor, 2013. Fonte: Acervo do autor, 2013.

A entrada de veículos (à direita da fachada frontal) dá acesso ao subsolo. Este


pavimento abriga depósitos, medidores e a subestação de energia elétrica
(mostrados nas Figura 40 e Figura 41) além de vagas de estacionamento. A entrada
de veículos da esquerda dá acesso ao pavimento denominado "Garagem 1", com
mais vagas de estacionamento e o mezanino da loja próxima à recepção no térreo.
Acima desse pavimento há mais um andar destinado às vagas de estacionamento
de veículos e denominado por "Garagem 2". Segundo o administrador o prédio
possui 56 vagas de estacionamento em um sistema rotativo, não havendo vagas
reservadas para os locatários das salas comerciais.
Figura 40 - Medidores do Giovani Fulco. Figura 41 - Subestação do Giovani Fulco.

Fonte: Acervo do autor, 2013. Fonte: Acervo do autor, 2013.

Do 5º ao 16º pavimento encontram-se as salas comerciais para locação. Esses


doze pavimentos são tipo (ilustrado na Figura 42) e cada pavimento possui dez
salas comerciais alimentadas por um corredor linear (Figura 43), que se liga ao
núcleo lateral do edifício. As salas comerciais apresentam diferentes dimensões,
havendo salas com área igual a 26m², a 35m², a 38m² e até 42m². O perfil dos
locatários das salas não é homogêneo, havendo, segundo entrevista com o
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 53
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

administrador do edifício, salas usadas para escritórios de advocacia, telefonia,


arquitetura, equipes de programas de TV e até exportadoras de camarão, entre
outros serviços.

Figura 42 - Planta esquemática do pavimento tipo do Giovani Fulco.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

Figura 43 - Corredor do pavimento tipo do Figura 44 - Hall de elevadores do pavimento tipo


Giovani Fulco. do Giovani Fulco.

Fonte: Acervo do autor, 2013. Fonte: Acervo do autor, 2013.

A volumetria do prédio (esquematizada na Figura 45) é composta por uma


base trapezoidal que abriga os pavimentos térreo e os dedicados aos
estacionamentos. Acima vem o volume retangular extrudado referente ao núcleo
lateral do prédio. O volume retangular ligado ao núcleo também é extrudado e abriga
os pavimentos tipo. À frente desse volume, na fachada voltada para a Av. Prudente
de Morais, há vários volumes retangulares desalinhados entre si revestidos por uma
pele de vidro e que são partidos por um eixo vertical revestido por venezianas
pretas, em que localizam-se banheiros.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 54
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 45 - Volumetria esquemática do Giovani Fulco.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.


A ventilação do espaço empresarial é natural nas áreas de circulação e por
condicionamento de ar nas salas comerciais e lojas. O sistema de condicionamento
de ar é do tipo split e de janela, no entanto todas as salas possuem aberturas para o
meio exterior havendo a possibilidade de utilizar a ventilação natural. Os dois tipos
de ar condicionado foram previstos no projeto haja vista tanto a presença de
protetores de ar condicionado (Figura 46) quanto de laje técnica (Figura 47) para
instalação de unidades condensadoras de ar condicionado do tipo split.
Figura 46 - Protetores de ar condicionado e Figura 47 - Laje técnica com esquadria de
unidades condensadoras. acesso ao interior do prédio.

Fonte: Acervo do autor, 2013.

Fonte: Acervo do autor, 2013.


ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 55
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

CONDICIONANTES PROJETUAIS
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 56
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

O presente capítulo aborda as limitações e características que influenciarão o


projeto do edifício de escritórios. O capítulo foi dividido em três tópicos tratando dos
diferentes condicionantes do projeto.
O primeiro tópico fala sobre os condicionantes físicos, apresentando as
características do terreno escolhido para o exercício projetual e seu entorno
imediato. O item também analisa os aspectos bioclimáticos de insolação e ventilação
que atuam no lote.
O item destinado aos condicionantes legais levantará a legislação incidente na
área a ser trabalhada. As informações serão extraídas do Plano Diretor de Natal, do
Código de Obras de Natal, do Código de segurança e prevenção contra incêndio e
pânico do RN e da norma de acessibilidade em edificações, a NBR 9050/2004.
O último tópico trata dos condicionantes funcionais, que definirão o porte do
empreendimento a ser projetado e o seu público alvo, essenciais para a formação do
programa de necessidades do seu pré-dimensionamento.

4. CONDICIONANTES FÍSICOS
O terreno escolhido para acolher o edifício de escritórios a ser projetado
localiza-se no bairro de Lagoa Nova, em Natal/RN (ilustrado na Figura 48). O terreno
se encontra na esquina de um quarteirão do bairro citado, possuindo suas testadas
voltadas para as Avenidas Senador Salgado Filho e Amintas Barros.
Figura 48 - Localização do terreno escolhido.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em www.natal.rn.gov.br/semurb/ e www.wikipedia.org, 2013.

O terreno foi escolhido para o exercício do projeto por estar em um localização


com ótima visibilidade, acessibilidade e com boa infraestrutura. O terreno margeia a
Avenida Senador Salgado Filho, que é uma das vias mais importantes da cidade e
que possui em sua extensão outros exemplares de edifícios comerciais de
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 57
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

escritórios, como o Internacional Trade Center (ITC) apresentado no tópico 1.1.


Além de possuir fácil acesso para veículos particulares, o terreno também é de fácil
acesso para os usuários de transporte coletivo por possuir em suas proximidades
duas paradas de ônibus (ilustradas na Figura 49).
Figura 49 - Pontos de ônibus.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em www.maps.google.com.br, 2013.


O fato de ser um terreno de esquina foi outro motivo que justificou sua escolha,
tendo em vista que essa configuração permite desenvolver melhor duas fachadas do
edifício, que poderão ser vistas pelas duas avenidas que tangenciam o terreno.
O lote estava há alguns anos apenas delimitado por uma cerca e servindo de
espaço para exposição de outdoors, como mostra a Figura 50. Recentemente o
terreno foi fechado com um tapume metálico, indicando que alguma obra irá ser
realizada no local (Figura 51), no entanto, até a finalização deste trabalho nenhuma
construção foi iniciada. Essa possível ocupação do terreno será desconsiderada
nesse trabalho pois o espaço será utilizado apenas para exercício projetual
acadêmico do edifício de escritórios.
Figura 50 - Terreno escolhido apenas cercado. Figura 51 - Terreno escolhido com tapume.

Fonte: www.maps.google.com.br, 2011. Fonte: Acervo do autor, 2013.


O entorno imediato do terreno é formado principalmente por prédios comerciais
e de serviços (Figura 52), com a presença de hotéis, pizzarias, lojas de informática,
edifícios de escritórios, entre outros. No entorno também há exemplares de edifícios
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 58
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

institucionais, como igrejas e faculdades. Nas vias mais periféricas em relação à Av.
Sen. Salgado Filho encontram-se predominantemente edificações residenciais, tanto
unifamiliares quanto multifamiliares (Figura 53).
Figura 52 - Edifícios comerciais e de serviços na Figura 53 - Edifícios residenciais multifamiliares.
Av. Sen. Salgado Filho.

Fonte: Acervo do autor, 2013. Fonte: Acervo do autor, 2013.

Sobre as condições físicas do terreno este possui uma área de 2.245,91m² e


pode ser considerado plano, conforme demonstram as curvas de nível destacadas
em vermelho na Figura 54. O formato do lote é um pouco irregular, constituindo-se
em um polígono de seis lados, assemelhando-se a um "L".
Figura 54 - Dimensões do terreno escolhido.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em mapa do IDEMA, 2006.

Os aspectos bioclimáticos que incidem no lote e no seu entorno também


condicionarão a solução do projeto a ser desenvolvido. Desse modo esses aspectos
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 59
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

foram analisados, enfatizando a trajetória solar, as condições de conforto dos


usuários e a ventilação natural. Para aferir a influência da trajetória solar e da
ventilação natural no lote fez-se uso de simulações no software Project Vasari
(programa citado no tópico 2 "Metodologia de projeto e conforto ambiental") e para a
análise das condições de conforto usou-se a carta psicrométrica de Natal.
Primeiramente foram feitas simulações sobre a relação da trajetória solar e dos
edifícios do entorno e sua influência no terreno analisado. As simulação foram feitas
em três meses (abril, agosto e dezembro) e em dois horários diferentes (às 09 e 16
hrs). A Figura 55 agrupa todas as situações simuladas.
Figura 55 - Simulação de trajetória solar.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Project Vasari, 2013.


Inicialmente percebe-se que em nenhuma das situações há um relevante
sombreamento do terreno por parte das edificações vizinhas. A simulação das 16
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 60
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

hrs do mês de agosto apresenta uma tendência de haver sombreamento no lote por
parte dos edifício verticais, mas esse sombreamento só cobrirá uma parte relevante
do terreno depois das 16 hrs. A simulação das 9 hrs de agosto também mostra um
tímido sombreamento causado pelo prédio contíguo ao lote. Ou seja, durante quase
todo o período do ano o lote ganha incidência solar direta em toda a sua superfície,
não recebendo sombreamentos relevantes das edificações vizinhas.
As simulações também apontam que os raios do sol da tarde incidirão em
grande parte do ano nas duas futuras fachadas principais do edifício de escritórios,
indicando que protetores solares devem ser planejados para estas fachadas.
Para analisar as condições de conforto que incidem no terreno utilizou-se a
carta psicrométrica de Natal (Figura 56). Esta mostra que em 85% do ano os
usuários da edificação ficarão com desconforto ao calor, em 0,58% do ano com
desconforto ao frio e só em 14% do ano estarão em conforto. A carta também
mostra que um usuário do edifício perceberá um aumento do período de conforto
para 70,1% das horas do ano se houver uma boa ventilação natural no
empreendimento e que o ar condicionado só será necessário para trazer conforto
em apenas 2% (valor aproximado) das horas do ano. Isso evidencia a importância
do uso de estratégias que potencializem a ventilação natural no edifício a ser
projetado.
Figura 56 - Carta psicrométrica de Natal.

Fonte: GOULART ET AL, 1998 apud RODRIGUES, 2010.


ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 61
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Com o objetivo de analisar o impacto da velocidade do vento no terreno do


projeto do edifício de escritórios foram realizadas as simulação de ventilação. O
comportamento do vento no entorno do lote foi simulado segundo três orientações:
este-sudeste, sudeste e sul-sudeste (representadas pelas siglas ESE, SE e SSE
respectivamente). Estas orientações foram escolhidas por serem as orientações
predominantes dos ventos na cidade de Natal, conforme ilustra a rosa dos ventos na
Figura 57.

Figura 57 - Rosa dos ventos de Natal/RN.

Fonte: Autodesk Vasari, 2013.


Nota: Modificado pelo autor.
A simulação também foi feita analisando o comportamento do vento em duas
alturas diferentes. A seção de vento 1 corta as edificações do entorno em um ponto
3m acima do solo e tem como objetivo analisar a influência das edificações mais
baixas na ventilação do terreno analisado. Outra situação simulada foi feita em uma
altura de 33m, denominada seção 2, e expõe o comportamento do vento em relação
às edificações de maior gabarito.
A Figura 58 compila as seis simulações realizadas. A velocidade do vento é
representada nas simulações por uma gradação de cor que vai do amarelo ao azul,
o amarelo indicando a maior velocidade atingida pelo vento e o azul indicando a
menor. O terreno foi destacado com seus limites em preto para não atrapalhar a
leitura do resultado proveniente da gradação das cores.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 62
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 58 - Simulação de ventilação natural.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Project Vasari, 2013.


Em todas as simulações da seção 1, apesar de haver uma diminuição da
velocidade dos ventos (representada pela coloração alaranjada), os prédios não
causam relevantes sombras de vento no lote. Percebe-se que na altura da seção 2,
com o vento movendo-se na orientação sudeste, o edifício vertical da direita causa
uma sombra de vento sobre o terreno. O mesmo edifício também bloqueia a
incidência direta do vento vindo de sul-sudeste, mas em menor grau. Quando a
orientação da ventilação é o este-sudeste, o projeto do edifício de escritórios não
sofre nenhum bloqueio por parte das edificações vizinhas.
Em suma o edifício de escritórios receberá uma ventilação privilegiada em toda
a sua extensão vertical, com pequenas interferências na velocidade quando a
ventilação estiver vindo da orientação sudeste e sul-sudeste. Ressalta-se a
importância da simulação nesta análise do terreno pois, caso não houvesse sido
realizada, provavelmente somente a orientação sudeste teria sido levada em
consideração no projeto. E, como comprovado pela simulação, é justamente essa
orientação que mais sofre empecilhos das edificações vizinhas.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 63
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

5. CONDICIONANTES LEGAIS
Para elaborar a proposta arquitetônica final do edifício de escritórios foi
levantada a legislação pertinente à área de intervenção e ao tipo do projeto. A
legislação consultada consiste no Plano Diretor de Natal, no Código de Obras e
Edificações do Município de Natal, no Código de Segurança e Prevenção contra
Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande do Norte e na NBR 9050/2004.

5.1 Plano Diretor de Natal - Lei Complementar Nº 082/2007


As exigências do Plano Diretor de Natal (PDN) que aplicam-se ao projeto foram
retiradas do Título II (do uso e ocupação do solo). As prescrições urbanísticas
relatadas abaixo referem-se ao coeficiente máximo de aproveitamento (explanado
no capítulo I do PDN), à taxa de ocupação, à taxa de impermeabilização, aos recuos
e ao gabarito (encontrados no capítulo III do instrumento citado).
O bairro que acolherá o projeto, Lagoa Nova, se enquadra dentro do
macrozoneamento do município de Natal como zona adensável, possuindo um
coeficiente máximo de aproveitamento de 3,0. Dessa forma ao multiplicar a área do
terreno do projeto (2.245,91m²) pelo coeficiente de aproveitamento de Lagoa Nova
(3,0) obtém-se o valor de 6.737,73m².
Assim, 6.737,73m² é o máximo de área construída que o projeto do edifício de
escritórios pode se desenvolver. No entanto, o Plano Diretor (2007) ressalva que as
áreas de pergolados, beirais, caramanchões, guaritas, garagens, depósitos de lixo,
depósitos de gás, casas de máquinas e subestações não são computadas para
efeito de cálculo do coeficiente de aproveitamento.
O PDN (2007) também faz as seguintes prescrições:
 O gabarito máximo permitido para edificações em áreas adensáveis é de
90m;
 A taxa de impermeabilização do terreno deve ser no máximo 80%;
 A taxa de ocupação máxima de subsolo, térreo e 2º pavimento são de 80%,
com os demais pavimentos tendo suas áreas limitadas pelos recuos;
 Não são computados na taxa de ocupação, pergolados, beirais, marquises e
caramanchões.
O artigo 32 do PDN estabelece recuos para as zonas adensáveis, ilustrado na
Figura 59.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 64
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 59 - Indicações dos recuos das edificações.

Fonte: Plano Diretor de Natal, 2007.


O instrumento ordenador ainda admite o avanço de determinados elementos
da construção nos recuos, são eles:
 Subsolos podem invadir o recuo frontal, mas devem manter um recuo
mínimo de 3m;
 Marquises, toldos, beirais de coberturas e similares podem ser
desconsiderados no recuo frontal;
 Guaritas, portarias, depósitos, gás, lixo e subestação também podem
avançar o recuo frontal desde que a somatória de suas áreas não seja maior
que 20% da área do recuo. Se a somatória das áreas desses ambientes
ultrapassarem 50m², os ambientes terão que respeitar o recuo frontal;
 As escadas das edificações podem avançar até 1,35m nos recuos laterais e
de fundos, desde que guardem uma distância mínima de 1,50m para a divisa
do lote.

5.2 Código de Obras e Edificações do Município de Natal - Lei Complementar Nº


055/2004
Ao analisar o Código de obras de Natal, instituída pela lei complementar nº
055, de 27 de janeiro de 2004, podem ser destacadas as seguintes informações:
 Os muros do empreendimento devem atingir altura máxima de 3m, na
testada frontal, e 6m, nas demais dimensões do terreno (somente em zonas
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 65
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

adensáveis). Acima de 6m os muros devem obedecer os recuos


estabelecidos no PDN;
 Edificações com uso comercial devem possuir áreas destinadas à
estacionamento e áreas para carga e descarga;
 Quando o lote que comportar o projeto possuir frente para mais de uma via,
os acessos de estacionamento deverão ser feitos pela via de menor
hierarquia;
 Podem ser admitidas a dimensão mínima de 4,50mx2,40m para as vagas de
estacionamento;
 Em edificações com mais de um uso o total da área de estacionamento deve
ser resultado da soma das exigências de áreas relativas a cada uso;
 Nos estacionamentos localizados em subsolo e destinados a circulação de
veículos de pequeno porte, as rampas devem possuir uma distância mínima
de 5m em relação ao alinhamento do recuo frontal e possuir uma inclinação
máxima de 20%;
 Os pavimentos de estacionamento de veículos de pequeno porte devem
possuir pé direito mínimo de 2,20m e raio mínimo para curva de 6m;
 Qualquer elemento que projetar-se na calçada deve possuir altura mínima
de 2.20m e balanço máximo de 80cm. Se o elemento for uma marquise, o pé
direito deverá ser de 2.50m com balanço máximo de 2/3 da largura da
calçada;
 Toda calçada deve possuir uma largura mínima de 2,50m e assegurar uma
faixa livre de no mínimo 1.20m de largura;
 O alinhamento das calçadas, nos cruzamentos de vias, deve ser concordado
por meio de arco de circunferência;
 Os passeios de terrenos localizados em esquinas devem possuir rampas de
transição para o leito carroçável, obedecendo as normas específicas;
 Conforme o uso a que se destina, todo compartimento da edificação deve
possuir as seguintes dimensões mínimas (Figura 60):
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 66
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 60 - Dimensões mínimas dos compartimentos.

Fonte: Código de Obras de Natal (2004).

 A superfície de abertura dos compartimentos não pode ser menor que 1/6 da
área dos mesmos em área de uso prolongado e não menor que 1/8 para
área de uso transitório;
 São dispensados de iluminação e ventilação naturais halls com área menor
que 5m², depósitos e despensas e compartimentos que justifiquem a
ausência das aberturas;
 A iluminação e ventilação de espaços de uso transitório podem ocorrer
através de abertura zenital com área equivalente a 6% da área do
compartimento em que se encontra;
 As edificações privadas de uso coletivo devem garantir o acesso, circulação
e utilização por pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, atendendo a norma de acessibilidade NBR 9050/2004;
 Edificações com mais de 8 pavimentos devem possuir no mínimo 2
elevadores;
 Não é permitido que o elevador seja o único meio de acesso aos pavimentos
da edificação;
 Toda edificação deve conter um compartimento destinado ao resíduos
produzidos pelo usuário com acesso externo para via pública e interno para
os usuários.
O Código de obras de Natal também classifica a Av. Senador Salgado Filho
como uma via arterial e a Av. Amintas Barros como uma via coletora do tipo 1, que
distribui fluxo estrutural e local. Por possuir menor hierarquia, a Av. Amintas Barros
acolherá os acessos de veículos ao edifício.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 67
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Com base na hierarquia da via o Código de obras estabelece a melhor forma


de acesso e estabelece a quantidade de vagas de estacionamentos a ser oferecida
pelo empreendimento. Entretanto, esses aspectos serão abordados no momento do
pré-dimensionamento do projeto no próximo tópico.

5.3 Código de Segurança e Prevenção contra Incêndio e Pânico do Estado do Rio


Grande do Norte - Lei nº 4436/1974
O Código de Segurança e Prevenção contra Incêndio e Pânico do RN prevê as
seguintes exigências para edificações comerciais com altura entre quinze e sessenta
metros:
 prevenção fixa (hidrantes);
 prevenção móvel (Extintores de incêndio);
 compartimentação vertical;
 chuveiros automáticos (sprinkler);
 alarme de incêndio;
 iluminação de emergência;
 sinalização;
 escada protegida;
 área de refúgio.
 para-raios;
 instalação de hidrante público;
Destas exigências, as que mais influenciarão o projeto arquitetônico do edifício
de escritórios são a compartimentação vertical, a escada protegida e a área de
refúgio.
A compartimentação vertical exige um afastamento de 1,40m entre vergas e
peitoris de pavimentos sucessivos (Figura 61), podendo ser substituída por
prolongamentos das lajes (Figura 62), com 80cm de saliência e resistente às
chamas por duas horas. Internamente, o citado código não especifica sistemas,
apenas cita que as aberturas que interligam os pavimentos, como shafts, monta-
cargas, escadas e dutos devem ter proteções que impeçam a passagem de calor,
gases e fumaça.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 68
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 61 - Modelo de compartimentação vertical Figura 62 - Modelo de compartimentação vertical


1. 2.

Fonte: http://www.resil.com.br/, 2013. Fonte: http://www.resil.com.br/, 2013.


Nota: Modificado pelo autor. Nota: Modificado pelo autor.
Em relação à escada protegida o Código exige que elas possuam as seguintes
características:
 altura máxima de 2,70m entre patamares consecutivos;
 largura mínima de 1,20m para a escada;
 corrimãos em ambos os lados com altura entre 75 a 85 cm do piso, fixados
na face interior com largura máxima de 6,0 cm com afastamento de 4 cm da
face das paredes;
 a distância máxima a ser percorrida deve ser menor ou igual a 15 m para
atingir a escada;
 a caixa da escada deve ser revestida com paredes resistentes a 4 horas de
fogo;
 a iluminação natural será proveniente de aberturas com caixilho fixo,
guarnecido de vidro aramado com espessura mínima de 6 mm e malha de
12,5 mm², com área total de no máximo 0,50 m²;
 as portas de acesso à escada deve ser do tipo corta-fogo, com resistência
mínima a 90 min. de fogo;
 as portas devem abrir no sentido da saída;
 a porta de acesso à área de refúgio não será obrigatoriamente do tipo corta-
fogo;
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 69
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

 caso a área por pavimento seja superior a 500 m², será obrigatório a
utilização de mais de uma escada;
Em relação à área de refúgio (ou área de resgate) o Código de Segurança e
Prevenção contra Incêndio e Pânico do RN também exige que a laje desse ambiente
possua resistência ao fogo (TRF 4 horas) e garanta espaço suficiente para um
mínimo de 30% da população daquela edificação, considerando a área ocupada de
meio metro quadrado por pessoa. A área total desse pavimento não poderá ser
inferior a 25% da área do último pavimento tipo e o acesso à área de refúgio deve
ser feito apenas pela escada de segurança.
O Código também faz exigências quanto aos abrigos de gás liquefeito de
petróleo (GLP), são eles:
 O abrigo dos cilindros não poderá ser construído com um afastamento
inferior a 15 m, dos grupos geradores, subestação ou fontes de calor à
chama aberta, observando-se a sua localização em relação a corrente
predominante de ventilação;
 Os recipientes deverão ser localizados no exterior das edificações,
situados em ambientes ventilados, que permitam acesso fácil e
desimpedido, assegurando ainda à integridade destes;
 Quando localizados junto a garagens, deverá ser prevista mureta de
proteção contra abalroamento e/ou contato com os escapamentos, com
altura não inferior a 60 cm, e afastada l,00 metro dos recipientes;
 A ventilação deve ser natural e eficiente para proporcionar a diluição dos
vazamentos, evitando a concentração do GLP a níveis que possibilitem
explosão;
 § 11 - A construção do abrigo dos cilindros observará aos seguintes
critérios:
 I - a central será executada com paredes incombustíveis e cobertura em
laje maciça de concreto armado;
 II - o teto não terá altura inferior à altura dos recipientes acrescida de 60
cm;
 III - será instalada na parte externa das edificações, em locais protegidos
do trânsito de veículos ou pedestres, mas de fácil acesso, em caso de
emergência;
 VI - os recipientes serão assentados em piso de concreto em nível igual ou
superior ao piso circundante (NATAL, 1974).

5.4 ABNT NBR 9050/2004 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e


equipamentos urbanos
As exigências desta norma se tornaram de cumprimento obrigatório através do
decreto-lei 5296/2004, que regulamenta as leis federais nº 10.048/2000 e nº
10.098/2000.10

10
A Lei 10.048 dá prioridade de atendimento às pessoas portadoras de deficiência, os idosos com
idade igual ou superior a 60 anos, as gestantes, as lactantes e as pessoas acompanhadas por
crianças de colo terão atendimento prioritário. A Lei 10.098/2000 estabelece normas gerais e critérios
básicos para a promoção da acessibilidade.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 70
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Em suas 105 páginas a norma apresenta recomendações de acessibilidade,


com exceção de pontos específicos a outros usos, aplicáveis ao projeto do edifício
de escritórios, no entanto não é do interesse do presente trabalho reproduzir todas
essas informações. Por esse motivo item destacará as recomendações e exigências
mais relevantes para a etapa de concepção e estudos preliminares do projeto do
edifício de escritórios. As recomendações mais específicas da norma, como
localização de pisos táteis e rebaixamentos de calçadas, serão seguidas nas etapas
mais avançadas do anteprojeto e representadas nas suas pranchas.
Em relação aos acessos e circulações é interessante destacar as seguintes
recomendações:
 Se a escada de emergência for uma rota de fuga, devem haver espaços
reservados nas mesmas para pessoas em cadeiras de roda, ilustrado na
Figura 63 com a presença de dois módulos de referência (MR);
 Os corredores devem possuir largura de no mínimo 0.90m (para corredores
com extensão de até 4m), 1.20m ( para corredores com extensão de até 10m)
e 1.50m (para corredores com extensão superior a 10m);
 As rampas devem ter inclinação entre 5 a 8,33%, com previsão de áreas de
descanso nos patamares a cada 50m de trajeto;
 A largura das rampas devem ser dimensionadas mediante o fluxo de
pessoas, admitindo uma largura mínima de 1,20m para rampas normais e de
1,50m para rotas acessíveis;
Os patamares das rampas devem ter dimensões mínimas de 1,50x1,20m.
Figura 63 - Áreas reservadas para cadeiras de rodas em escadas de emergência.

Fonte: ABNT, 2004.

Para os estacionamentos a norma exige que 1% das vagas sejam reservadas


aos PNE (quando existem mais de 100 vagas dimensionadas para o projeto). Essas
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 71
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

vagas reservadas devem localizar-se o mais próximo possível do acesso da


edificação e devem contar com um espaço adicional de circulação com no mínimo
1,20m de largura, como demonstra a Figura 64.

Figura 64 - Modelo de vagas reservadas a PNE.

Fonte: ABNT, 2004.


Para os banheiros há a exigência de que 5% da quantidade de sanitários
presentes em espaços de uso comum sejam acessíveis. Quando houver banheiros
adaptados para cada sexo "as peças devem ser consideradas separadamente para
efeito de cálculo" (ABNT, 2004). Os boxes individuais para bacias sanitárias devem
ter dimensões mínimas de 1,50x1,70m, como demonstra o exemplo da Figura 65.
Figura 65 - Modelo de boxe acessível.

Fonte: ABNT, 2004.


As portas dos banheiros acessíveis devem abrir para fora e possuir vão livre de
80cm. Esse vão livre também deve ser cumprido nas demais portas das edificações,
inclusive aquelas que possuírem duas ou mais folhas (uma delas deve permitir um
vão livre de 0,80m).
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 72
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

6. CONDICIONANTES FUNCIONAIS

Este tópico trata das etapas de definição do programa de necessidades e pré-


dimensionamento do anteprojeto do edifício de escritórios. Para iniciar o processo de
elaboração do programa de necessidades usou-se as primeiras três etapas do
método de dimensionamento para volumetrias de edifícios de escritórios proposto
por Ana Liu (2010), que foi comentado no tópico 1.2.
Primeiramente definiu-se o produto comercial, respondendo os seguintes itens
questionados pela citada autora:
 Classificação mercadológica que se pretende atingir: classe A, segundo as
diretrizes da empresa Cushman & Wakefield Semco 11, que podem ser
consultadas no anexo A;
 Objetivo do empreendedor: aluguel de salas e lojas comerciais;
 Tipos de usuários que se deseja atingir: pequenas, médias e grandes
empresas. As salas comerciais podem abrigar profissionais das áreas de
direito, arquitetura, construção civil, publicidade, contabilidade, entre outros. Já
as lojas podem ser ocupadas por comerciantes de equipamentos e serviços
gráficos, lojas de roupas, centros de estética, livrarias, entre outras atividades;
 Prioridades de projeto: desenvolver boas estratégias de conforto ambiental
que permitam uma boa qualidade do ambiente de trabalho; criar diferentes
opções de salas comerciais que atendam as necessidades de grandes a
pequenas empresas; minimizar o impacto do empreendimento no entorno;
conceber um projeto com uma estética diferenciada dos usuais edifícios de
escritórios.
Como visto no item 1.2 há uma falta de padronização da classificação dos
edifícios de escritórios, sendo necessário escolher as especificações de uma
empresa para o direcionamento do projeto a ser desenvolvido. Para alcançar a
classificação A foram levadas em consideração pelo autor as diretrizes da empresa
Cushman & Wakefield Semco. Estas foram escolhidas por serem mais direcionáveis

11
A Cushman & Wakefield Semco oferece serviços relacionados a imóveis da América do Sul. Os
serviços da empresa incluem busca de imóveis comerciais, avaliação, gerenciamento de
propriedades, pesquisa, representação de inquilinos, venda e outros serviços que abrangem o ciclo
de vida de uma propriedade.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 73
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

ao projeto de arquitetura e, também, menos superficiais12 que as especificações de


outros agentes do mercado imobiliário.
Com o produto comercial definido e com os estudos de referência realizados,
foi possível elaborar um programa de necessidades menos detalhado para o
empreendimento, que está listado abaixo:

 Recepção;  Lojas;

 Sala de espera;  Banheiros;

 Hall de elevadores;  Vestiários;

 Auditório;  Guarita;

 Foyer;  Sala de segurança;

 Salas de reunião;  Estacionamento;

 Administração;  Bicicletário;

 Depósito;  Salas comerciais com banheiros


privativos;
 Lanchonete/ bar;
 Núcleo.
 Área de alimentação;

 Sala de descanso/ convivência;

Com o programa de necessidades e o máximo de área construída que o


terreno do projeto proporciona (6.737,73 m²) estimou-se a área de locação BOMA
desejável (critério norte-americano de área para locação explicado no item 1.2) das
lojas e salas comerciais. A área de locação das lojas foi estimada em um total de
350 m² e a das salas comerciais foi estimada em 430 m² por pavimento. Em projetos
reais a área BOMA é definida pelo empreendedor do edifício a partir de uma
pesquisa de mercado, no entanto, para o presente exercício projetual acadêmico a
área foi estimada com base na observação das áreas de locação BOMA de outros
projetos semelhantes.

12
São especificações pouco dependentes do projeto de arquitetura, como a localização dos
empreendimentos, os preços de aluguel das salas comerciais e a presença de sistemas prediais de
última geração, por exemplo.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 74
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Passou-se então à terceira etapa do método proposto por Liu (2010), que é o
de definição conceitual do empreendimento, respondendo mais uma vez aos
questionamentos da citada autora:
 Formato do pavimento: retangular, pois segundo Liu (2010) é a forma que
melhor acomoda a distribuição de salas comerciais;
 Tipologia do núcleo: lateral, tipologia adequada para edifícios de escritórios
com pavimento menores, como visto no item 1.2;
 Profundidade média do andar13: 12 a 19m, pois facilita o lançamento da
estrutura (LIU, 2010);
 Sistema estrutural: concreto armado moldado in loco;
 Distribuição de ar condicionado: central, uma das exigências da empresa
Cushman & Wakefield Semco;
 Presença de piso elevado14: haverá apenas em salas comerciais com área
superior a 300m².
Após isso iniciou-se o pré-dimensionamento do empreendimento, estimando
primeiramente a área do macro para depois estimar as áreas dos demais ambientes.
A área do pavimento tipo foi definida em 500m² pois, acima dessa metragem,
seria necessário usar mais de uma escada por pavimento, segundo o Código de
Segurança e Prevenção contra Incêndio e Pânico do RN (1974). A presença de mais
de uma escada diminuiria a área de locação do andar. Definiu-se em sete a
quantidade de pavimentos tipo, totalizando uma área pré-dimensionada de 3500m².
Esses sete pavimentos foram denominados, pelo autor, como volume superior do
empreendimento.
Com a definição da área do volume superior foi estimada a área restante para
os demais pavimentos que comportarão os outros ambientes do programa de
necessidades. Subtraindo a área construída máxima de 6.737,73 m² pela área do
volume superior (3500 m²) obtém-se uma área construída restante de 3237,73m².
Tendo em mente a taxa de ocupação de 80% definida pelo PDN (2007) para
pavimentos térreo seria possível ter uma área construída de até 1796,72m² (80 % da
área do terreno) no primeiro pavimento do projeto. Com essa informação viu-se que

13 "Área útil medida entre a parede externa e o núcleo ou o corredor comum", segundo definição de
Kohn e Katz (2002 apud LIU, 2010). Essa profundidade tem influência na distribuição da estrutura do
empreendimento.
14 Nakamura (2010) fala que o uso desse sistema apresenta um bom custo/benefício somente em
salas comerciais com área maior que 300m².
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 75
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

o terreno não comportaria a área total restante do empreendimento (3237,73m²) em


apenas um pavimento. Por esse motivo surgiu a necessidade de dividir essa área
restante em no mínimo dois pavimentos, cada um com 1618,86m². Entretanto, como
uma das prioridades do projeto é minimizar o impacto do empreendimento no
entorno, decidiu-se diminuir a área construída desses pavimentos (denominados ao
longo deste trabalho como "volume inferior") para um total de 2000m².
Assim a área construída computável para o empreendimento foi estimada em
5500m². As áreas dos pavimentos destinadas a vagas de estacionamento e outras
ambientes técnicos (como subestações, por exemplo) não foram levados em
consideração nessa área estimada por não serem computáveis, segundo o PDN
(2007). Esses pavimentos serão referenciados no pré-dimensionamento como
"volume enterrado".
Com a conclusão dessas etapas o programa foi dividido em 3 seções
referentes aos volumes superior, inferior e enterrado. Segue abaixo o pré-
dimensionamento:

Tabela 4 - Pré-dimensionamento.

AMBIENTE QUANT ÁREA UNIT. (m²) ÁREA TOTAL (m²) FONTE

VOLUME SUPERIOR
Pavimento tipo 07 500.00 3500.00 1
Escada 01 50.07 50.07 2
Elevadores 04 2.00 8.00 3
Shafts 02 1.40 1.40 4
Central de ar 01 5.53 5.53 4
condicionado
Pavimento
tipo
Circulação 01 50.00 50.00 5
Banheiro 02 5.00 10.00 4
acessível
Salas 10 35.50 350.00 2
comerciais
Lavabos 10 2.00 20.00 4
Reservatório superior 01 45.00 45.00 4
Casa de máquinas 01 7.00 7.00 4
VOLUME INFERIOR
Recepção 01 10.00 10.00 6
Sala de espera 01 100.00 100.00 6
Hall de elevadores 01 9.20 9.20 2
Banheiros 04 25.00 100.00 7
Administração 01 12.00 12.00 6
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 76
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Sala de reunião para 10 04 20.00 80.00 5


pessoas
Auditório com 40 lugares 03 42.00 126.00 2
Foyer 01 35.00 35.00 2
Lojas 06 58.33 350.00 2
Estacionamento das lojas 12 12.5 150.00 8
Lanchonete/ bar 01 60.00 60.00 6
Área de alimentação 01 100.00 100.00 6
Núcleo (elevadores, 02 58.21 116.42 2
escada, etc.)
Vestiário 02 20.00 40.00 6
Guarita 01 11.50 11.50 4
Sala de segurança 01 8.00 8.00 6
Bicicletário 20 1.15 23.00 10
Sala de descanso/ 01 300.00 300.00 5
convivência
Central de lixo 01 6.00 6.00 6
Central de gás 01 6.00 6.00 6
VOLUME ENTERRADO
Depósito 01 15.00 15.00 4
Estacionamento 121 12,5 1.512.50 8,9
Estaciona Para 117 12,5 1.462.50 9
-mento escritório
(3500m²)
Para 04 12,5 50.00 8
auditório
(126m²)
Circulação 1 302.50 302.50 2
Reservatório inferior 1 30.00 30.00 2
Gerador e subestação 1 16.00 16.00 4
Medidores 1 5.00 5.00 4
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

O pré-dimensionamento de cada ambiente foi elaborado de várias maneiras.


Por este motivo a última coluna da Tabela 4 identifica o que foi levado em
consideração no pré-dimensionamento de acordo com a seguinte legenda:
1 - utilizou-se o método de dimensionamento para volumetrias de edifícios de
escritórios proposto por Ana Liu (2010);
2 - analisou-se outros projetos, observando a proporção de ocupação de
ambientes similares em relação à área total dos projetos consultados;
3 - utilizou-se a NBR 5665/1983, que trata do cálculo do tráfego nos
elevadores;
4 - dimensões de ambientes fornecidas pelos estudos de referência;
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 77
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

5 - fornecido pelo livro "Como planejar os espaços de escritórios", de Juriaan


van Meel, Yuri Martens e Hermes Jan van Ree (2012);
6 - dimensões de ambientes encontradas em outros Trabalhos Finais de
Graduação com temas semelhantes ao tratado neste trabalho. Foram consultados
os TFG's de Jacqueline Freire (2009) e Ana Carlota Costa (2006);
7 - consultado no livro "Instalações hidráulicas e o projeto de arquitetura", de
Roberto de Carvalho Júnior (2009);
8 - consulta do anexo III - relação das edificações que geram tráfego - do
Código de Obras e Edificações do Município de Natal (2004);
9 - segundo especificações da empresa Cushman & Wakefield Semco apud
Ana Veronezi (2004);
10 - informado pelo anexo 4 do Plano Diretor Cicloviário Integrado de Porto
Alegre (2009), possível de ser consultado no anexo B do presente trabalho.
Dos ambientes listados na Tabela 4 é válido detalhar como foi realizado o pré-
dimensionamento dos elevadores e das vagas de estacionamento para veículos
automotivos e para bicicletas.
A quantidade de elevadores que servirão ao empreendimento foi calculada com
o auxílio da NBR 5665/1983 e do software que calcula o tráfego de elevadores,
fornecido pela empresa de elevadores ThyssenKrupp.
Primeiramente foi calculada uma estimativa da população do edifício. Esse
cálculo é fornecido pela NBR 5665/1983 que recomenda que deve ser considerado 1
pessoa por 7m² de sala, para escritórios em geral e consultórios. Usou-se a área de
4900m², resultante da somatória da área computável dos volumes superior e inferior,
desconsiderando a área das lojas. A área do volume inferior foi considerada no
cálculo, apesar de não se enquadrar na NBR 5665/1983, para que a população do
prédio fosse estimada pensando na pior situação possível.
Dessa forma, dividindo-se 4900m² por 7 obteve-se uma população de 700
pessoas. Essa população foi inserida pelo autor no software da empresa
ThyssenKrupp, assim como os dados que estão dentro do retângulo vermelho da
Figura 66.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 78
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 66 - Cálculo de tráfego de elevadores.

Fonte: ThyssenKrupp e editado pelo autor, 2013.

Dos dados inseridos pelo autor é interessante explicar que o número de


paradas foi estimado em 11, levando em consideração 7 pavimentos para o volume
superior, 2 pavimentos para o volume inferior e 2 pavimentos para o volume
enterrado. O percurso foi estimado em 42,90m ao definir um pé esquerdo de 3,9m
para cada pavimento (3,9m x 11 paradas = 42,90m de percurso vertical). Com esses
dados o programa calculou que 4 elevadores, com capacidade para levar 9 pessoas
cada, são suficientes para atender a capacidade de tráfego exigida pela NBR 5665.
A referida norma também informou que um elevador com capacidade para 9
pessoas ocupa em média 2m² da área do pavimento, informação esta que foi
considerada no pré-dimensionamento.
É válido esclarecer que este cálculo de tráfego serviu apenas para estimar a
quantidade de elevadores para o pré-dimensionamento do empreendimento. O
cálculo será refeito na etapa de anteprojeto caso haja grandes mudanças de áreas
devido às usuais modificações ocorridas nos desenvolvimentos de projetos de
arquitetura.
Em relação à estimativa de vagas de estacionamento para veículos foram
utilizadas duas fontes. Para o cálculo das vagas destinadas às salas comerciais
usou-se indicações da empresa Cushman & Wakefield Semco para
empreendimentos de escritórios classe A. Essa empresa especifica que os
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Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

empreendimentos de escritórios classe A devem oferecer uma vaga de


estacionamento a cada 30m² de área útil. Como o Código de Obras e Edificações do
Município de Natal (2004) exigia uma menor quantidade de vagas para
empreendimento de escritório foi utilizada a diretriz dada pela empresa.
Para a definição da quantidade de vagas para as lojas e os auditórios foi
utilizado o anexo III do Código de Obras e Edificações do Município de Natal (2004),
uma vez que as especificações da empresa Cushman & Wakefield Semco não
consideravam esses usos. Assim, para auditórios o Código define 1 vaga a cada
40m² (considerando o acesso por via coletora) e para lojas define 1 vaga a cada
50m² (considerando o acesso por via arterial). Esse anexo do código de obras
também exige, para auditórios e lojas, a presença no projeto de uma central de lixo e
uma baia de embarque e desembarque. Caso seja necessário, em função do
desenvolvimento do projeto, o cálculo para definição de vagas será refeito.
Para a quantificação de vagas de bicicletas foram utilizadas as diretrizes do
anexo 4 do Plano Diretor Cicloviário Integrado de Porto Alegre (2009). Esse anexo
estabelece que empreendimentos destinados a serviços em geral com uma área
superior a 1000m² devem oferecer 10 vagas para bicicletas. No entanto, lembrando-
se que uma das prioridades do projeto é minimizar o impacto do empreendimento no
entorno e pensando-se em incentivar o uso da bicicleta decidiu-se duplicar essa
quantidade de vagas (demonstrada na Tabela 4). Em função desse incentivo
também foram inseridos, no programa de necessidades, vestiários de suporte aos
usuários do empreendimento que utilizarão a bicicleta como forma de locomoção.
Com a conclusão do pré-dimensionamento foi elaborado um estudo dos fluxos
principais dos usuários do empreendimento. Foram analisados os fluxos de cinco
tipos de usuários:
 Lojistas: proprietários e vendedores das lojas;
 Consumidores: público que usa o empreendimento com a finalidade de fazer
compras;
 Profissionais: proprietários das salas comerciais;
 Clientes: consumidores que utilizam os serviços oferecidos pelos proprietários
das salas comerciais;
 Apoio: equipe de funcionários destinada à administração e manutenção do
prédio, como porteiros, ASG's e gerentes.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 80
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

A Figura 67 apresenta o fluxograma:

Figura 67 - Fluxograma.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.


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O PROJETO
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 82
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Este item trata da proposta arquitetônica desenvolvida para o edifício de


escritórios para locação. O primeiro tópico apresentará o processo de
desenvolvimento do projeto, mostrando desde a etapa de definição do partido
arquitetônico até as soluções dadas às plantas baixas. No tópico seguinte há a
documentação de como ocorreu o desenvolvimento de aspectos complementares do
projeto, como cálculo de reservatório de água, cálculo de vagas de estacionamento,
etc. Finalizando o item há um tópico que apresenta um memorial descritivo básico,
com enfoque nos materiais de acabamento.

7. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA
Como visto na definição do produto comercial no item anterior, haviam algumas
prioridades projetuais já definidas antes dos primeiros croquis serem rabiscados.
Uma prioridade seria dar uma boa solução às salas destinadas a
escritórios, em relação ao conforto ambiental. Para atender a essa prioridade
pretende-se projetar o edifício com um sistema misto de ventilação, possibilitando
tanto a utilização da ventilação natural quanto da ventilação mecânica (quando
necessária). Segundo Benedetto (2007), para a implantação de um sistema misto de
ventilação deve-se utilizar estratégias de projeto visando a redução de calor solar e
potencialização da ventilação natural no edifício.
A segunda prioridade definida no item anterior era oferecer aos locatários
salas com diferentes tamanhos, com o intuito de que o prédio comportasse
empresas de pequeno a grande porte.
Outra prioridade definida era diminuir o impacto do edifício sobre o meio
urbano. Para isso pretende-se usar as seguintes estratégias: não utilizar o máximo
potencial construtivo do terreno; projetar o edifício verticalmente mas com um
gabarito menor que edifícios verticais com usos similares; e respeitar recuos maiores
que os estipulados pela legislação.
A última prioridade definida era de que a proposta arquitetônica possuísse uma
estética diferenciada da maioria dos edifícios empresariais da cidade, que em
grande parte possuem a estética do envidraçamento de fachadas.
Com essas intenções projetuais em mente passou-se à etapa de elaboração de
propostas volumétricas para a definição de um partido arquitetônico. A Figura 68
ilustra as propostas volumétricas criadas através de croquis.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 83
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 68 - Estudo de propostas volumétricas.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.


A proposta 1 foi pensada com dois volumes mais baixos envidraçados, que se
interceptam entre si, e com um cubo vertical acima deles. O volume vertical possuiria
aberturas alongadas ordenadas aleatoriamente na fachada. Com o estudo dessa
primeira proposta percebeu-se uma dificuldade do autor em conceber a identidade
volumétrica do edifício como um todo, pensando-se simultaneamente o volume
inferior e o volume superior. Decidiu-se então, nos outros estudos volumétricos,
trabalhar somente o volume vertical e conceber os volumes inferiores após a
definição do partido. Essa prática permitiu uma concepção mais dinâmica das outras
propostas.
Assim surgiu a segunda proposta: um volume vertical retangular com uma
grande abertura no meio protegida por uma pele de vidro com uma forma complexa
na tentativa de criar um contraste entre uma forma geométrica mais simples e um
elemento mais "modelado". Esse ideia de contraste perdurou nos demais estudos,
como mostra o terceiro. Neste, pensou-se em uma inversão do contraste, em que o
volume maior possuía uma forma mais complexa e o volume menor possuía linhas
mais ortogonais. A quarta proposta transformou a ideia da pele modelada, da
segunda proposta, em uma pele vazada preenchida por vegetação vertical. Na
lateral dessa pele pensou-se em varandas sacando do volume principal em um ritmo
similar ao utilizado nos terraços do edifício João Moura 1144 (discutido nos estudos
de referências). A quinta e última proposta volumétrica foi concebida como uma
adição de "caixas" em planos concorrentes e foi a proposta escolhida para ser
desenvolvida.
A Figura 69 apresenta melhor o processo de concepção desta proposta
escolhida. Primeiramente imaginou-se vários planos verticais e horizontais
concorrentes formando uma espécie de malha estrutural. Após, com a intenção de
causar um contraste com a ortogonalidade da malha subtraiu-se partes do volume
inicial, "entortando-o". Por fim foi pensada a inserção de volumes vermelhos no
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 84
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

volume vertical de forma que passassem a sensação de que foram encaixados


aleatoriamente nos planos concorrentes.
Figura 69 - Partido arquitetônico.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.


A proposta acima foi escolhida como partido para desenvolvimento do projeto
por permitir o uso de uma modularidade funcional e estrutural que facilitaria a
solução das plantas baixas e criaria, ao mesmo tempo, uma forma não usual. Logo,
o conceito e partido arquitetônico do projeto pode ser definido por "volumes
vermelhos encaixados em planos brancos concorrentes".
Passada a etapa de concepção da volumetria-base foram iniciadas as
primeiras simulações com o software Project Vasari. As simulações desta etapa
inicial do projeto analisaram comparativamente a influência de massas conceituais,
derivadas da volumetria do partido arquitetônico, na performance energética do
projeto. O objetivo destas simulações foi extrair a forma que apresentasse a
tendência de menor gasto energético e que, ao mesmo, não se distanciasse da
volumetria-base definida no partido arquitetônico. Antes de apresentar os resultados
das simulações é interessante fazer algumas considerações sobre as limitações e
particularidades do software utilizado.
Em relação ao funcionamento do software é possível escolher a localização e
orientação do projeto e também a data da simulação realizada. A modelagem das
massas conceituais a serem analisados pelo software é definida pelo autor da
simulação. Quando os volumes são modelados é necessário dividi-lo em
pavimentos, sendo sua quantidade fornecida pelo usuário do software. Em seguida o
próprio Vasari distribui aberturas nas fachadas, podendo o usuário regular o
tamanho delas e permitir a existência ou não destas aberturas. Estas ainda podem
receber protetores de sombreamento pré-configurados pelo programa. É necessário
definir qual será o uso da edificação a ser simulada e a partir dessa definição o
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 85
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

software calcula a população do prédio. Também é possível definir algumas


propriedades de materiais no volume através de materiais pré-configurados pelo
programa, sendo possível, por exemplo, escolher se as paredes da forma possuirão
isolamento térmico ou se o vidro utilizado será simples ou duplo. Com as definições
apontadas acima inseridas no programa é possível solicitar que o Vasari faça uma
análise energética da massa conceitual. O programa então gera um relatório que
apresenta custo anual energético, cargas térmicas mensais, consumo mensal de
energia elétrica, pico mensal de demanda energética, umidade, entre outras
informações. Destas informações só usou-se, na análise das simulações, os valores
de gasto anual de energia elétrica pois facilitou a comparação da performance
energética entre os modelos simulados.
Assim, para os modelos simulados usou-se as seguintes configurações:
 Data da simulação: 31 de março de 2013;
 Localização: Bairro Lagoa Nova, Natal/RN;
 Uso do edifício: escritórios;
 Materiais de paredes, lajes e vidros: sem isolamento térmico;
 Sombreamentos de aberturas: protetores horizontais com 80cm de
profundidade.
É válido também fazer as seguintes observações:
 Cada volumetria modelada no Vasari foi feita procurando-se respeitar a área
total de pavimentos de 5500m² estimada no pré-dimensionamento;
 Como o objetivo da simulação não era testar a influência de diferentes
materiais no ganho energético foram usadas as configurações dos materiais
mais simples fornecidos pelo programa, como paredes e lajes sem
isolamento térmico e vidros simples sem propriedades de isolamento
acústico e térmico;
 Reforça-se ainda que não é a intenção do programa analisar modelagens
complexas, por esse motivo os modelos apresentados abaixo são bastante
simplificados.
A primeira simulação (Figura 70) surgiu do seguinte dilema: qual seria o gasto
energético se a forma do volume superior fosse um prisma de base retangular em
comparação com o gasto energético do volume "recortado" concebido como partido
arquitetônico? Aproveitou-se também essa simulação para testar a primeira ideia
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 86
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

concebida para o volume inferior. Este foi pensado como um volume em "L" com
bastante transparência para que as lojas fossem atraentes para os usuários que
estivessem passando na rua. A simulação do Vasari mostrou para essa volumetria
um gasto anual de energia elétrica de 863.528 kWh.
Figura 70 - 1ª simulação.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Project Vasari, 2013.


Para comparar o resultado acima foi simulado, em seguida, um modelo mais
semelhante ao partido arquitetônico. Pensou-se em inclinar inicialmente apenas as
laterais do volume superior, como mostra as setas vermelhas da Figura 71, deixando
a fachada frontal paralela ao volume inferior. Para este foi mantida a grande
transparência das lojas, mas estendeu-se as lajes dos pavimentos para que
funcionassem como elementos de sombreamento. Essas decisões já apresentaram
uma redução do gasto anual de energia elétrica em relação à simulação anterior,
passando a ser de 822.260 kWh.
Figura 71 - 2ª simulação.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Project Vasari, 2013.


Passou-se assim para a terceira modelagem com as mudanças mais
significativas na volumetria sendo a inclinação da fachada frontal (indicado pela seta
vermelha da Figura 72). Esta medida foi tomada para que a inclinação superior da
fachada causasse um maior sombreamento na fachada inclinada inferior. No volume
inferior foi pensada a retirada das aberturas do pavimento superior para diminuir a
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 87
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

entrada do sol da tarde no pavimento. Assim, foram mantidas apenas as aberturas


do térreo, sombreadas pelo pavimento superior. A simulação realizada indicou uma
queda considerável do gasto anual de energia elétrica em relação ao modelo
anterior.
Figura 72 - 3ª simulação.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Project Vasari, 2013.


Na quarta simulação o volume superior permaneceu idêntico ao modelo
anterior, com as maiores mudanças ocorrendo no volume inferior. A forma em "L"
pensada anteriormente foi descartada e deu lugar à ideia de reunir o programa de
necessidades em um volume mais compacto sem aberturas, como indica a seta
vermelha da Figura 73. Assim surgiu a ideia de criar dois volumes simétricos
separados por uma grande marquise central que marcaria a entrada do prédio. Essa
decisão de compactar o volume inferior diminuiu ainda mais os gastos energéticos,
sendo o gasto anual de energia elétrica desse modelo de 735.263 kWh.
Figura 73 - 4ª simulação.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Project Vasari, 2013.


Comparando as quatro simulações percebe-se que o gasto energético do
último modelo é 14,85% menor que o do primeiro modelo, indicando a quarta forma
como a mais eficaz energeticamente. A partir desse ponto as simulações
energéticas foram interrompidas porque a última forma satisfez o objetivo da
simulação. Partiu-se, então, para o início dos estudos das plantas baixas.
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Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Decidiu-se começar a definição das plantas baixas pelos pavimentos de


escritório (volume superior). Com as áreas estimadas no pré-dimensionamento fez-
se o primeiro esboço da planta baixa (item 1 da Figura 74). Esta planta possuía um
núcleo lateral centralizado em uma das fachadas e 10 salas de escritórios que
seriam servidas por uma circulação em "H". Essa proposta de planta foi descartada
porque as salas ficaram com larguras e profundidades muito diferentes entre si,
fazendo com que algumas delas fossem muito estreitas em relação as outras. Outro
motivo para o descarte da proposta foi porque a circulação não receberia nem
iluminação nem ventilação naturais. Esta circulação em "H" também foi descartada
porque evidenciava algumas salas em detrimento de outras, como as salas ao lado
do núcleo, que ficariam "escondidas" dos usuários que acessassem o pavimento
pela primeira vez.
Figura 74 - Definição inicial da planta baixa dos escritórios.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.


Dessa forma partiu-se para a segunda proposta (item 2 da Figura 74), em que
as salas ficaram dispostas linearmente na maior dimensão da planta. Essa
organização das salas comerciais foi escolhida por permitir que elas possuíssem
largura e profundidade iguais. Um aspecto negativo dessa proposta foi o corredor
linear muito extenso, mas que foi mantido dessa forma para permitir a entrada da
iluminação e ventilação naturais na circulação. Nessa proposta de planta foi usada
uma modulação de 1,20x1,20m para que fosse possível agrupar homogeneamente
duas ou mais salas nos demais pavimentos dedicados a escritórios, haja vista que
um dos objetivos do projeto é oferecer salas que possam receber empresas com
necessidades espaciais diferentes.
O maior problema dessa proposta foi a solução dada ao núcleo. Inicialmente
pensou-se em utilizar uma escada com um único patamar, mas essa forma
demandava muito espaço da única parede que forneceria ventilação natural para os
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Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

ambientes do núcleo. Outro problema encontrado na proposta foi a disposição dos


elevadores, organizados linearmente com os banheiros adaptados localizados em
frente a eles. Essa disposição era problemática porque garantia pouca privacidade
aos usuários dos banheiros e também deixava os últimos elevadores muito
afastados do acesso às salas.
Com isso, pensou-se na terceira planta (item 3 da Figura 74). Nessa opção
projetou-se uma escada com três patamares, liberando espaço para a colocação
dos banheiros adaptados alinhados à parede, permitindo a entrada de ventilação
natural nos ambientes citados (indicado pela seta vermelha), além de dar aos
banheiros uma maior privacidade. Com a mudança da forma da escada ainda foi
possível locar a sala da central de ar condicionado alinhado a parede externa
permitindo a entrada de ventilação natural também neste ambiente técnico. Os
quatro elevadores ficaram em grupos de dois, e foram dispostos um em frente ao
outro. Em relação às salas comerciais a única alteração nessa proposta foi a
colocação dos banheiros privativos no limite externo do pavimento.
Com a definição primária da primeira planta sentiu-se a necessidade de simular
o comportamento da ventilação natural nas salas comerciais. Mais uma vez foi
utilizado o software Project Vasari. A orientação da ventilação utilizada nas
simulações adiantes foi o este-sudeste, pois, como falado no item dos
condicionantes funcionais, esta é a orientação que menos recebe bloqueio dos
prédios do entorno. A velocidade de ventilação usada nas simulações foi de 30m/s.
É válido relembrar que a velocidade do vento é representada nas simulações por
uma gradação de cor que vai do amarelo ao azul, o amarelo indicando a maior
velocidade atingida pelo vento (cerca de 30m/s) e o azul indicando a menor.
Salienta-se que, apesar de já ser uma intenção oferecer pavimentos com salas
de escritórios maiores, só foram feitas as simulações da ventilação no pavimento
que possui 10 salas. Tomou-se essa decisão porque essa configuração de planta
representa a pior situação para a passagem do vento, haja vista que haveria mais
empresas que controlariam as entradas e saídas de ar, dessa forma havendo maior
interferência no funcionamento da ventilação natural nesses pavimentos.
Na primeira simulação realizada (Figura 75) pensou-se em orientar a planta de
forma que suas menores fachadas ficassem voltadas predominantemente para o
leste e o oeste com o objetivo de haver menor incidência solar direta nos espaços de
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 90
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

escritório. No entanto, a simulação mostrou que essa orientação prejudicava a


penetração da ventilação natural nas salas.
Figura 75 - Simulação de ventilação 1.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Project Vasari, 2013.


Então decidiu-se rotacionar a planta em 90º (representado na Figura 76), com
o núcleo voltado para leste, para permitir uma entrada mais direta da ventilação.
Como mostra a simulação desta configuração de planta, a ventilação penetra em
uma maior quantidade salas, mas não entra nas salas localizadas em frente ao
núcleo.
Figura 76 - Simulação da ventilação 2.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Project Vasari, 2013.

Por causa do bloqueio da ventilação decidiu-se mudar a localização do núcleo


para a porção esquerda superior da planta com o intuito de liberar mais entrada da
ventilação natural, o que provou-se uma decisão acertada ao analisar a planta
simulada da Figura 77. Decidiu-se também rotacionar em 45º as paredes externas
verticais da fachada leste com o objetivo de que elas direcionassem melhor o vento
para dentro das salas.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 91
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 77 - Simulação da ventilação 3.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Project Vasari, 2013.


Em seguida aumentou-se a quantidade de "direcionadores" de vento (indicadas
com as setas vermelhas na Figura 78). Com isso percebeu-se uma melhoria na
velocidade e permeabilidade da ventilação na planta.
Figura 78 - Simulação da ventilação 4.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Project Vasari, 2013.


Pensando-se em liberar mais espaço para a entrada da ventilação decidiu-se
retirar os banheiros privativos (representados em azul na Figura 79) do limite externo
do pavimento para o limite interno das salas. A simulação dessa decisão mostrou
uma maior quantidade de ventilação adentrando as salas e também apresentou uma
saída da ventilação mais veloz nas salas da fachada oeste.
Figura 79 - Simulação da ventilação 5.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Project Vasari, 2013.


ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 92
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

No entanto a distribuição de ventilação nas salas da fachada oeste não estava


homogênea, havendo salas com uma ventilação veloz e outras com quase
estagnação do vento. Por esse motivo fez-se outra simulação retornando os
"direcionadores" de vento à sua posição original (indicado pela seta vermelha da
Figura 80). Isso permitiu uma distribuição mais homogênea da ventilação nas salas
da fachada oeste e até uma maior entrada de vento nas salas da fachada leste.
Figura 80 - Simulação da ventilação 6.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Project Vasari, 2013.


Também foi feita uma simulação (Figura 81) da planta baixa com a adição dos
espaços provenientes dos "volumes vermelhos" (vistos no croqui da Figura 69) que
serão dispostos na fachada. Viu-se que, mesmo com a adição desses volumes, a
distribuição da ventilação é igualmente eficaz em relação à solução da planta da
Figura 80.
Figura 81 - Simulação da ventilação 7.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Project Vasari, 2013.


Com a intenção de aumentar a área de transferência de ventilação de uma sala
para outra decidiu-se intercalar os banheiros aumentando ,dessa forma, a largura do
início das salas. A simulação com a nova configuração de banheiros (Figura 82)
permitiu uma penetração da ventilação mais homogênea nas salas, inclusive nas
salas da porção oeste do prédio, que nas simulações anteriores recebiam o vento
em menor quantidade que as salas da porção leste.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 93
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 82 - Simulação da ventilação 8.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Project Vasari, 2013.


Para permitir que a ventilação saísse das salas da fachada leste e entrasse nas
salas da fachada oeste seria necessário que houvessem aberturas sempre
desobstruídas nas paredes que definem a circulação do pavimento. Para respeitar
essa condição pensou-se no sistema apresentado na Figura 83. Esse sistema trata-
se de duas fileiras de placas cimentícias intercaladas em planta e fixadas de piso a
teto. A intercalação destas placas permitiria a passagem de vento e manteria, ao
mesmo tempo, a privacidade visual da sala comercial.
Figura 83 - Sistema para passagem da ventilação.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.


Durante a pré-banca15 surgiram dois questionamentos sobre a permeabilidade
das salas ao vento. O primeiro questionamento indagava o modo pelo qual a
ventilação natural chegaria às salas da porção oeste se as janelas das salas da
porção leste estivessem fechadas. Com isso foi sugerido por um membro da pré-
banca que uma das salas leste fosse sacrificada para que a ventilação chegasse às

15
Realizada no dia 23 de abril com a participação dos docentes: Natália Vieira, Hélio Takashi e Edna Pinto.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 94
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

salas oeste independentemente da abertura das janelas opostas. Fez-se, então,


uma simulação dessa configuração e como mostra a Figura 84 a entrada de
ventilação pela sala sacrificada não resolve o questionamento pois a ventilação só
penetra abundantemente em uma sala oeste ao passo que há a perda de cerca de
32m² de área locável por pavimento.
Figura 84 - Simulação da ventilação 9.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Project Vasari, 2013.


Como o custo-benefício dessa opção não é interessante, a configuração de
planta presente na Figura 82 foi escolhida como base para definição dos outros
pavimentos de escritórios. Com essa configuração de planta o funcionamento da
ventilação natural nas salas oeste vai depender dos proprietários das salas leste.
Para mitigar esse problema sugere-se a criação de um capítulo no "Manual de uso,
manutenção e conservação" (mais conhecido como Manual do Proprietário16)
indicando o funcionamento correto do sistema de ventilação mista, recomendando
que as janelas das salas comerciais permaneçam abertas pelo maior período de
tempo. Recomenda-se que o manual seja entregue pela incorporadora ou
construtora do edifício para o primeiro representante legal do condomínio comercial.
Este, por sua vez, deverá entregar uma cópia do manual para os locatários das lojas
e salas comerciais.
O outro questionamento abordado na pré-banca foi sobre a forte velocidade de
vento que incidiria nas salas. Por ser um edifício vertical foi apontado que a
ventilação natural chegaria muito veloz às salas leste, dificultando as atividades de
escritório e, consequentemente, obrigando os usuários a fecharem as janelas e
usarem o ar condicionado central.
Para resolver este problema aplicou-se como referência a solução utilizada no
edifício do banco alemão Commerzbank, projetado pelo arquiteto Norman Foster

16
Acervo técnico que tem por finalidade orientar os usuários de um prédio sobre os procedimentos
corretos para utilização e operação do edifício ocupado.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 95
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

(Figura 85). A solução adotada pelo arquiteto foi usar janelas de tombar para
diminuir a velocidade da entrada do vento.
Figura 85 - Commerzbank HQ.

Fonte: http://ps2pm.files.wordpress.com/2010/11/gswventilation.jpg, 2013.


Nota: Modificado pelo autor.
Com isso em mente foram empregadas janelas de tombar nas salas leste e
janelas maxim-ar nas salas oeste e acima dos painéis intercalados de placa
cimentícia. A simulação deste sistema (Figura 86) comprovou que o uso da janela de
tombar diminui a velocidade da ventilação até uma velocidade de ventilação
confortável para o ser humano.
Figura 86 - Simulação de ventilação em corte transversal.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Project Vasari, 2013.


Sem o uso da simulação nesta etapa do projeto provavelmente a configuração
de planta escolhida para ser desenvolvida teria sido a apresentada na Figura 77,
que não foi apontada como a melhor configuração de planta pelo software. Dessa
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 96
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

maneira, o uso da simulação foi de extrema importância para o desenvolvimento do


presente projeto pois direcionou a tomada de soluções que permitiram uma melhoria
considerável da circulação da ventilação natural nos pavimentos e que não seriam
pensadas só pelo conhecimento empírico do autor.
Com a definição de um pavimento de escritórios foi possível projetar os seis
pavimentos restantes. Com a modulação de 1,20x1,20m usada na planta foi possível
agrupar as salas comerciais de diferentes maneiras, resultando em salas com
tamanhos diferenciados. Para este agrupamento usou-se um módulo de sala de
33,41m² (a menor). Já para a definição de que tamanhos de salas ficariam em cada
pavimento aplicou-se o seguinte critério: dispor salas cada vez maiores conforme os
pavimentos fossem ficando mais elevados em relação ao solo. Como se pode ver na
Figura 87 o pavimento mais baixo (3º pavimento) possui salas com as menores
metragens enquanto que o pavimento mais alto (9º pavimento) possui uma laje
corporativa. Entretanto, em alguns pavimentos também foram dispostas salas para
empresas menores, como ocorrido no 7º pavimento, na tentativa de não privilegiar
em excesso os locatários das salas maiores.
Dessa forma foram distribuídos nos 7 pavimentos seis tipos de salas
comerciais, totalizando 42 espaços de escritórios. Ressalta-se, no entanto, que o
esquema da Figura 87 não leva em consideração os "volumes vermelhos" que se
encaixarão na fachada. Para cada volume vermelho que coincida com uma sala
comercial, esta ganha um adicional de área de aproximadamente 7,75m². Assim,
com a inserção desses volumes há uma variedade ainda maior de salas,
praticamente não existindo um espaço de escritório igual ao outro no edifício.
Além da diferença no tamanho das salas há diferentes configurações de
lavabos. Nas salas com cerca de 30m² de área utilizou-se lavabos intercalados
visando o aumento de área permeável ao vento (como visto na simulação da Figura
82) enquanto que nas salas com áreas maiores à 30m² utilizou-se a configuração de
lavabos lado a lado. Essa escolha foi feita para permitir uma maior profundidade das
salas (como indica a seta do 6º pavimento na Figura 88) e, assim, uma melhor
disposição do leiaute nas mesmas. Os lavabos intercalados não foram utilizados nas
salas maiores também por estas já possuírem largura suficiente para passagem da
ventilação pelos painéis de placa cimentícia. Ressalta-se que, apesar de diferentes
configurações, os lavabos compartilham os mesmos shafts. Além da área útil, o
último pavimento de escritórios difere-se dos demais por possuir um piso elevado.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 97
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Segundo Nakamura (2010) a utilização desse piso é indicado para lajes corporativas
com áreas maiores que 300m², como é o caso do último pavimento.
Figura 87 - Disposição das salas nos pavimentos de escritórios.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.


ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 98
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 88 - Diferenças entre os lavabos das salas.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Com as plantas de todos os pavimentos de escritórios definidas pensou-se
novamente na volumetria do edifício inteiro (Figura 89). A presença do volume puro
prismático da escada na fachada frontal criou um contraste com o volume
"recortado" dos pavimentos de escritórios. Já o corredor linear se estendendo ao
limite de duas fachadas do prédio inspirou a criação de um "rasgo" vertical da base
ao topo da fachada lateral, dividindo em dois o volume superior. Após isso
concebeu-se a ideia de separar em volumes diferentes o pavimento térreo do
pavimento mezanino.
Figura 89 - Decisões volumétricas do edifício completo.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.


ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 99
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

O volume do pavimento térreo ficou definido por um volume mais denso com
poucos detalhes e com a tendência de possuir poucas aberturas. Já para o
mezanino pensou-se em um volume bastante transparente, separando-o do volume
superior por uma laje em balanço (que sombreia o volume de vidro). A intenção
dessa decisão foi de criar um contraste entre todos os volumes do prédio, em que
um volume "pesado" (pavimentos de escritórios) se apoia em um volume "leve" (a
transparência do mezanino) que, por sua vez, se apoia em outro volume "pesado"
(térreo).
Por fim, o zoneamento vertical apresentado na Figura 90 compila como o
programa de necessidades foi distribuído em cada pavimento.

Figura 90 - Zoneamento vertical.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

Após a definição do programa em todos os pavimentos do edifício fez-se o


zoneamento das plantas dos pavimentos térreo e mezanino, como mostra a Figura
91.
.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 100
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 91 - Zoneamento dos pavimentos térreo e mezanino.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.


No pavimento térreo foram dispostas as lojas, auditórios, espaços de
administração do prédio e banheiros, além do núcleo. As lojas foram localizadas
próximas à entrada do edifício para que os usuários, antes de chegarem aos seus
destinos, fossem obrigados a observar as vitrines dos estabelecimentos comerciais.
Na porção leste foram dispostos os banheiros, auditórios e espaço administrativo.
Esses ambientes foram arranjados a partir de uma hierarquia de acessibilidade, com
os banheiros localizados próximos às lojas para serem acessíveis a todos os
usuários, os auditórios mais recuados para receber apenas os usuários que forem
participar de algum evento e a administração reclusa no limite norte para ser
acessado somente por pessoal autorizado. A entrada de pedestres foi colocada na
fachada oeste (que é voltada para a Av. Sen. Salgado Filho) pois esta será a mais
vista e o acesso ao subsolo foi locado no limite leste do terreno para interferir
minimamente na volumetria do edifício.
O mezanino abriga salas de reunião de acesso somente dos locatários de
escritórios, sendo ocupados somente se forem reservados na recepção. Ao lado das
salas de reunião locou-se uma área de descanso com uma pequena lanchonete. A
área de descanso servirá como um espaço de apoio tanto para descanso dos
usuários que derem um intervalo nas atividades de trabalho quanto para reuniões
informais entre uma equipe. Ter um espaço como esse próximo das salas de
reunião é recomendado por Meel, Martens e Ree (2012) para promover a interação
casual e informal. O usuário que estiver nessa área de descanso terá visibilidade
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 101
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

para o pavimento térreo através de um vazio (que permite a interação visual entre os
dois pavimentos) e para um extenso jardim sobre a laje das lojas.
Na entrada do prédio foi locada uma marquise com um pé direito mais baixo
que os demais ambientes do térreo. Essa marquise baixa foi criada com a intenção
de amplificar a sensação de altura proporcionada pelo pé direito duplo existente no
átrio do edifício. O corte apresentado na Figura 92 mostra essa relação de altura e a
interação visual entre a área de descanso do mezanino e a circulação do térreo. Foi
pensado também em colocar aberturas altas no vidro da fachada leste do pavimento
mezanino para que a ventilação este-sudeste entrasse. A fachada de vidro da
fachada oeste por sua vez não terá abertura, pois dessa forma a ventilação que
entra pela fachada leste desce e sai pela entrada do edifício, como mostra a
simulação da Figura 92.
Figura 92 - Corte dos pavimentos térreo e mezanino.

Fonte: Elaborado pelo autor com base no Project Vasari, 2013.

A Figura 93 resume a evolução da planta baixa do pavimento térreo. Na


primeira planta foram locados os ambientes da mesma forma que foram definidos no
zoneamento da Figura 91. Como o desenvolvimento da planta percebeu-se que os
auditórios e os banheiros dessa planta ficaram pequenos demais para as
necessidades exigidas no pré-dimensionamento. Por este motivo esse ambientes
foram aumentados, como mostra a seta direita na segunda planta baixa. Nessa
segunda proposta de planta foram localizados um estacionamento prioritário para os
clientes das lojas comerciais. Esse estacionamento foi localizado na Av. Salgado
Filho porque se tivesse sido localizado paralelo à Av. Amintas Barros a calçada seria
muito reduzida além de impossibilitar a presença da baia de aceleração que facilita a
integração dos veículos que saem do subsolo com a avenida citada.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 102
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 93 - Evolução da planta baixa do térreo.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

Nessa segunda proposta de planta também foram definidos os acessos de


pedestre, um primário de maior destaque (voltado para a Av. Sen. Salgado Filho) e
um secundário voltada para a Av. Amintas Barros. A entrada primária seria
destacada pela marquise central baixa e pelos espelhos d'água quase simétricos.
Com essa decisão a entrada secundária ficou muito ofuscada, por isso na proposta
de planta 3 procurou-se equilibrar as duas entradas, aumentando-se a largura da
entrada secundária, modificando a disposição do espelho d´água inferior e criando
uma marquise que também a destacasse.
Para destacar as duas entradas a marquise (Figura 94) foi concebida como
uma grande fita que inicia uma trajetória na lateral do prédio, passando pela entrada
secundária, dando uma volta vertical e conduzindo os usuários para o interior do
edifício.
Figura 94 - Concepção da marquise de entrada.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.


ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 103
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Na proposta de planta 3 sentiu-se a necessidade de usar uma loja comercial


como restaurante, para oferecer ao menos uma opção de alimentação para os
usuários do edifício almoçarem. O restaurante foi localizado no ponto indicado pela
seta superior da Figura 93 para transformar a área contígua, até então ociosa, em
uma área de alimentação. Essa localização também é vantajosa por estar próxima a
central de lixo e gás. Nessa última proposta também foi inserido um bicicletário na
parte direita do prédio, próximo à guarita, para permitir uma vigilância das bicicletas,
e próximo aos banheiros, que oferecem suporte (chuveiros e armários) para os
ciclistas que trabalharem no edifício. Na entrada secundária foram localizados
paraciclos para os ciclistas que vierem transitar no edifício por pouco tempo.
A planta baixa do pavimento mezanino não necessitou de grandes alterações
em relação ao que foi estipulado no zoneamento, com sua evolução representada
na Figura 95. Entretanto, a pré-banca sugeriu o aumento da área de descanso
(indicada pela seta vermelha inferior da última proposta) e a locação de um monta
carga para transportar equipamentos de manutenção do teto jardim.

Figura 95 - Evolução da planta baixa do mezanino.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

As duas plantas do subsolo são semelhantes e são quase exclusivamente


formadas por vagas de veículos. Na primeira tentativa de solucionar estes
pavimentos (planta 1 da Figura 96) chegou-se a uma solução que permitiu a locação
de muitas vagas de estacionamento em apenas um subsolo. Mas viu-se que esta
solução apresentava muitas vagas engavetadas, tornando obrigatória a contratação
de dois manobristas para os dois pavimentos de subsolo. Dessa forma foi proposta
uma segunda planta que, apesar de comportar menos vagas, dispensaria a
necessidade de manobrista ao não propor vagas engavetadas.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 104
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 96 - Evolução das plantas baixas do subsolo.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

No pavimento de cobertura foi proposta uma cafeteria. Esse espaço seria o


mais nobre do edifício e com uma visibilidade de grande parte da cidade de Natal,
permitindo além de momentos de descanso também um espaço adequado para
reuniões menos formais com clientes a que os locatários das salas comerciais
desejassem impressionar. A área restante foi ocupada por um telhado metálico
pintado de branco (para refletir os raios solares) e área de refúgio. Para esconder a
visão do telhado pelos usuários foi criada uma jardineira com espécies arbustivas.
Na segunda proposta desse pavimento houve a substituição da área de refúgio por
uma cobertura metálica e a retirada da jardineira oeste, que diminuiria a visibilidade
dos usuários para a paisagem da cidade. A área de refúgio foi relocada para o
pavimento superior à cafeteria pois o Código de Segurança e Prevenção contra
Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande do Norte (1974) só permite que o
acesso a essa área seja feita por escada. Como a cafeteria será acessada
prioritariamente por elevador essa relocação foi necessária.
Figura 97 - Evolução da planta baixa da cobertura.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.


ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 105
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

8. ASPECTOS COMPLEMENTARES
População do edifício
Para calcular a população total do edifício de escritórios foi utilizada a NBR
5665/1983 que trata do cálculo do tráfego nos elevadores. A norma estipula uma
relação entre a população e o metro quadrado dos seguintes usos:
 Para escritórios em geral: 1 pessoa por 7m² de sala;
 Para restaurantes e similares: 1 pessoa por 1,5m² de salão de refeição;
 Para lojas e centros comerciais: 1 pessoa por 4m² de loja;
 Para ambientes com até 7m²: 1 pessoa por ambiente;
 Para ambientes com até 14 m²: 2 pessoas por ambiente.
Dessa forma foi calculada a população do edifício, esquematizada na tabela
abaixo:
Tabela 5 - Memorial de cálculo da população do edifício.
Ambiente m² Observação População
Salões de refeição
(restaurante, 249.64 - 166 pessoas
lanchonete e bar)
Lojas 302.65 - 76 pessoas
Administração do
Conjunto de áreas
prédio e atividades - 8 pessoas
menores que 14m²
relacionadas
Foi considerada a
Auditórios - 120 pessoas
quantidade de assentos
Escritórios 2686.79 - 384 pessoas
Total da população 754 pessoas
Fonte: Elaborado pelo autor com base na NBR 5665, 1983.
Cálculo do recuo
Para o cálculo dos recuos do projeto foi utilizado o artigo 32 do PDN,
apresentado no tópico 5 deste trabalho. Assim, foi elaborada a tabela abaixo com os
recuos que foram utilizados para os pavimentos superiores ao mezanino.
Tabela 6 - Cálculo dos recuos.
Recuo H considerado Cálculo Recuo mínimo
Recuo frontal 30 3.00+30/10 6.00m
Recuo lateral 30 1.50+30/10 4.50m
Fonte: Elaborado pelo autor com base no PDN, 2007.
Os recuos mínimos considerados para o volume inferior (pavimentos térreo e
mezanino) foram de 3m (frontal) e de 1,5m (lateral).
Simulação dos brises
Com a intenção de otimizar o sombreamento das aberturas das salas
comerciais, simulações de máscaras de sombras foram realizadas em quatro janelas
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 106
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

do edifício de escritórios, indicados na Figura 98. Essas aberturas foram escolhidas


para serem simuladas por receberem, durante grande parte do ano, a insolação
vinda do oeste. O software utilizado para as simulações foi o Solar Tool da
Autodesk.
Figura 98 - Aberturas analisadas.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.


A abertura 1 caracteriza-se por ser recuada e já receber algum sombreamento
por meio das paredes laterais e da laje superior. No entanto, com a simulação no
Solar Tool, viu-se necessário a otimização do sombreamento na abertura com a
adoção de brises horizontais (Figura 99). Dessa forma empregou-se três brises
horizontais com profundidade de 50cm e recuados 40 cm da parede. O diagrama de
máscara de sombra dessa solução (Figura 100) mostra que, com os brises, houve o
sombreamento de 100% da janela até as 16:30 hrs durante todo o ano. O diagrama
também mostra que os brises sombreiam parcialmente a abertura até as 17:45 hrs
durante todo o ano.
Figura 99 - Modelo 3D da abertura 1. Figura 100 - Diagrama de máscara de sombra
da abertura 1.

Fonte: Elaborado pelo autor com base no Solar Fonte: Elaborado pelo autor com base no Solar
Tool, 2013. Tool, 2013.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 107
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

A abertura 2 apresenta a situação de sombreamento mais desfavorável, em


comparação com as demais aberturas, por não haver nenhum elemento de
arquitetura ou estrutura do edifício de escritórios que o sombreie. Com a simulação
dessa abertura no Solar Tool (Figura 101) otimizou-se o sombreamento através da
locação de oito brises horizontais com angulação de 20º e profundidade de 20cm.
O diagrama de máscara de sombra (Figura 102) mostra que a solução adotada
sombreia a abertura até as 17:00 hrs em 100% durante metade do ano e até as
16:30 hrs durante a outra metade do ano. Em contrapartida há o sombreamento
parcial da janela durante todas as tardes do ano.

Figura 101 - Modelo 3D da abertura 2. Figura 102 - Diagrama de máscara de


sombra da abertura 2.

Fonte: Elaborado pelo autor com base no Solar Fonte: Elaborado pelo autor com base no
Tool, 2013. Solar Tool, 2013.

A abertura 3, assim como a 2, não recebe sombreamento de qualquer outro


elemento projetado do edifício. Com isso, a partir da simulação (Figura 103) surgiu
a solução para o sombreamento da janela. A solução se deu por oito brises
horizontais com angulação de 20º em conjunto com oito brises verticais (sem
angulação) concorrentes aos horizontais. As duas orientações dos brises possuem
20 cm de profundidade. A solução adotada permite um sombreamento de 100%
durante o período que vai de outubro a março até as 16:30 hrs e um sombreamento
de 100% até as 18:00 hrs, durante os outros seis meses do ano (como mostra o
diagrama da Figura 104).
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 108
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 103 - Modelo 3D da abertura 3. Figura 104 - Diagrama de máscara de sombra


da abertura 3.

Fonte: Elaborado pelo autor com base no Solar Fonte: Elaborado pelo autor com base no Solar
Tool, 2013. Tool, 2013.
A última abertura simulada, assim como a primeira, já recebe um pequeno
sombreamento vindo dos elementos que se projetam do edifício de escritórios. Com
a simulação (Figura 105) otimizou-se esse sombreamento com três brises
horizontais recuados 40cm em relação à parede. Isso permitiu um sombreamento de
100% da abertura durante todos os horários de seis meses do ano. Nos meses de
março a outubro o total sombreamento da janela só ocorre até as 16:45 hrs.
Figura 105 - Modelo 3D da abertura 4. Figura 106 - Diagrama de máscara de sombra
da abertura 4.

Fonte: Elaborado pelo autor com base no Solar Fonte: Elaborado pelo autor com base no Solar
Tool, 2013. Tool, 2013.
Memorial da estrutura
O sistema estrutural adotado para o edifício de escritórios foi o de viga-pilar em
concreto armado moldado in loco e laje nervurada bidirecional em concreto armado
moldado in loco.
Apenas os elementos estruturais dos pavimentos de escritórios foram pré-
dimensionados através de fórmulas empíricas por serem os elementos mais
solicitados e em que os pilares iriam interferir mais evidentemente nas salas
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 109
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

comerciais. Segundo Yopanan Rebello (2007) o uso de fórmulas empíricas permite


um pré-dimensionamento mais preciso da estrutura do que o uso de gráficos. Para
iniciar o pré-dimensionamento da estrutura primeiramente fez-se o lançamento
estrutural do pavimento "tipo" de escritório, ilustrado na Figura 107.
Figura 107 - Lançamento estrutural do pavimento de escritórios.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.


O pré-dimensionamento dos pilares foi feito de acordo com as fórmulas
apresentadas abaixo:
 AInflPX x n=AtotalPX
 AtotalPX x Fpavto=FPX
 FPX / (fck/2) = APX
Onde:
 AInflPX = área de influência do pilar “X” (PX) no pavimento;
 n = número de pavimentos;
 AtotalPX = área de influência total do pilar “X” (PX);
 Fpavto = carga vertical do pavimento. No caso foi considerado um Fpavto de
1000 Kgf/m²;
 FPX = carga vertical total do pilar “X” (PX);
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 110
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

 fck = resistência característica do concreto à compressão. No caso foi


considerado um fck de 350 Kgf/cm²;
 APX = área da seção transversal de PX;
Com a APX definiu-se um b inicial (em cm) para se descobrir o h. Após, fez-se
adequações no pré-dimensionamento provisório (DPX) para que este obedecesse à
seguinte regra:
 Variação de “b” dos pilares = 1 cm
 Variação de “h” dos pilares = 5 cm
Dessa maneira descobriu-se as dimensões finais dos pilares (DPX’).
Segue abaixo o memorial de cálculo do pré-dimensionamento dos pilares:

Tabela 7 - Memorial de pré-dimensionamento de pilares.


AInflPX AtotalPX DPX (bxh DPX' (bxh
Pilar n FPX APX (cm²)
(em m²) (em m²) em cm) em cm)
P1 20,80 14 291,20 291200 1664,00 20x83,2 20x85
P2 44,16 14 485,76 485760 2775,77 20x138,78 20x140
P3 31,88 11 350,68 350680 2003,88 45x44,5 45x45
P4 27,09 14 379,26 379260 2167,20 33,3x65 33x65
P5 59,23 14 829,22 829220 4738,40 25x189,53 25x190
P6 55,65 11 612,15 612150 3498,00 30x116,6 30x115
P7 56,70 11 623,70 623700 3564,00 35x101,8 35x100
P8 81,14 11 892,54 892540 5100,00 105x48,5 48x105
P9 45,99 11 505,89 505890 2890,00 20x144,5 20x145
P10 39,82 11 438,02 438020 2503,00 50x50,06 50x50
P11 53,63 11 589,93 589930 3371,02 50x66,4 50x65
P12 31,14 11 342,54 342540 1957,37 45x43,5 45x45
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Rebello, 2007.
Para o pré-dimensionamento das vigas empregaram-se as duas fórmulas
abaixo:
 h = 10%L (para vigas bi-apoiadas)
 h = 10%L médio (para vigas contínuas)
Onde:
 h = altura da viga;
 L = vão a ser vencido pela viga.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 111
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Após se obter as dimensões das vigas, houve a uniformização da altura das


mesmas. Com isso foram usadas apenas 2 alturas diferentes das vigas.
Obs.: As vigas que tiveram suas dimensões reduzidas, em prol da
uniformização das alturas, podem necessitar de armadura dupla em alguns trechos
das mesmas.
Tabela 8 - Pré-dimensionamento de vigas.
Viga L médio (m) h (cm) h final (cm)
V1 8,86 89 90
V2 8,86 89 90
V3 9,12 91 90
V4 9,12 91 90
V5 8,32 83 83
V6 8,33 83 83
V7 8,33 83 83
V8 8,29 83 83
V9 8,29 83 83
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Rebello, 2007.

Para o pré-dimensionamento da laje nervurada utilizou-se a expressão a


seguir, que forneceu a altura total da laje:
 H = 4%(lx+ly)/2
Onde,
 Lx é o maior vão de pilar a pilar, no sentido horizontal.
 Ly é o maior vão de pilar a pilar, no sentido vertical.
Após a medição dos vãos, foi encontrado que o maior vão a ser vencido na
direção do eixo x era de 11,03m. Já, no eixo y o maior vão era de 8,25m. Tais vãos
são referentes ao pilar 15 (ver Figura 107). Assim, ao lançar nas fórmulas tais
valores obteve-se uma laje nervurada com altura total de 0,38m.
Para os elementos estruturais menos solicitados, que recebem carga de até 4
pavimentos (os dois subsolos, o térreo e o mezanino), o pré-dimensionamento foi
realizado através de gráficos, que indicou medidas mínimas para os elementos. A
Figura 108 mostra um exemplo dos gráficos utilizados nos pré-dimensionamentos.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 112
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Figura 108 - Gráfico para pré-dimensionamento de pilares.

Fonte: Rebello, 2007.


Cálculo do reservatório de água
Para o cálculo do reservatório de água do edifício foram consideradas as
recomendações de Júnior (2009). Primeiramente levantou-se o consumo diário de
água (Cd) da população do edifício. Para a maioria da população o consumo foi
calculado a partir do produto entre a quantidade de pessoas e o consumo de água
diário per capita. Entretanto, para restaurantes e ambientes similares sugere-se que
o consumo seja calculado por número de refeições servidas, ao invés de quantidade
de pessoas.
Dessa forma aplicou-se os seguintes cálculos, extraídos de Sant'Ana (2012),
para definir o número de refeições diárias servidas no restaurante, na lanchonete e
no café:
 IR = Tf/ Tr
Em que IR é o índice de rotatividade (quantidade de pessoas que ocupam o
mesmo assento durante o período de funcionamento do estabelecimento), Tf é o
período de funcionamento em que as refeições são servidas e Tr é o tempo que leva
pra uma refeição ser consumida pelo usuário do estabelecimento.
O tempo de refeição para restaurante foi estipulado em 35 min, de acordo com
recomendação de Sant'Ana (2012). Já para a lanchonete e a cafeteria foi utilizado
um tempo de refeição maior, que o indicado pela autora acima, tendo em vista que
esses ambientes servirão também como espaço de descanso e até de reunião,
aumentando o período de permanência das pessoas nesses locais.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 113
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Com o IR definido, ele foi multiplicado pelo número de assentos do


estabelecimento e obteve-se o número de refeições. A Tabela 9 apresenta o cálculo
do número de refeições:
Tabela 9 - Número de refeições.
Ambiente Período de Tempo de Índice de Número de Número de
funcionamento refeição rotatividade assentos refeições diárias
(em min) (em min)
Restaurante 120 35 3,43 32 110
Lanchonete 600 60 10 60 600
Cafeteria 600 90 6,66 59 393
Total de refeições 1103
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Sant'Ana, 2012.

Em seguida calculou-se o Cd da população, resumido na Tabela 10.


Tabela 10 - Consumo diário da população do edifício.
Ambiente População Consumo Consumo total
Escritórios 384 pessoas 50 l por pessoa 19200 litros
Auditórios 120 pessoas 2 l por assento 240 litros
Restaurante e 1103 refeições 25 l por refeição 27575 litros
similares
Lojas 76 pessoas 50 l por pessoa 3800 litros
Consumo diário da população do edifício 50815 litros
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Júnior, 2009.

Para o cálculo do consumo dos jardins, por causa da irrigação, considerou-se


um gasto de 1,5 litros para cada metro quadrado de jardim. Foram consideradas
todas as áreas vegetadas do projeto, incluindo o teto jardim do mezanino e as
jardineiras dispostas nos pavimentos de escritórios, totalizando em uma área de
jardim de 1165,75m². Assim:
 1165,75 x 1,5 = 1748,62 litros
Para o cálculo do pessoal de serviço considerou-se um gasto de 100 litros per
capita e uma população de 8 pessoas, conforme a Tabela 5. Dessa forma:
 8 x 100 = 800 litros
Para o cálculo do consumo diário (Cd) de todo o edifício somaram-se todos os
consumos calculados previamente, obtendo:
Cd = Cd população + Cd jardins + Cd pessoal de serviço
Cd = 50815 + 1748,62 + 800
Cd = 53363,62 litros
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Em virtude das deficiências no abastecimento público de água em praticamente


todo o país, Creder (1995 apud JÚNIOR, 2009) recomenda que se adote
reservatórios com capacidade para dois dias de consumo. Dessa forma:
Cd final = Cd x 2 dias
Cd final = 53363,62 x 2 = 106727,24 litros
Em seguida fez-se o cálculo da reserva técnica de incêndio, composta por
hidrantes e sprinklers. Para calcular a reserva necessária para os hidrantes (RTh)
empregou-se a fórmula abaixo:
 RTh= Qu x Nºh x T
Em que RTh é o volume de água reservado aos hidrantes em litros, Qu é a
vazão do sistema em l/min, Nºh é o número de hidrantes funcionando
simultaneamente e T é o tempo de operação em min. Júnior (2009) recomenda que
a vazão do sistema em edificações com mais de 9 pavimentos seja de 180 l/min,
que sejam usados dois sistemas de hidrantes simultaneamente e que o tempo de
operação dos mesmos seja de 30min. Dessa forma:
RTh = 180 x 2 x 30
RTh = 10800 litros
Para o cálculo da reserva técnica dos sprinklers (RTs) deve-se considerar
metade da reserva técnica dos hidrantes, assim:
RTs = 50%RTh
RTs = 0.5 x 10800
RTs = 5400 litros
Somando-se as reservas técnicas de hidrantes e sprinklers obteve-se a reserva
técnica de incêndio (RTi):
RTi = RTh + RTs
RTi = 10800 + 5400
RTi = 16200 litros
Com o consumo diário e a reserva técnica de incêndio definidos dimensionou-
se os reservatórios. Júnior (2009) recomenda que o reservatório inferior armazene
60% e o superior 40% do consumo. Dessa forma:
RSuperior = 40%Cd + RTi
RSuperior = 0,4 x 106727,24 + 16200
RSuperior = 58890,90 litros = 58,89 m³
RInferior = 60%Cd
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RInferior = 0,6 x 106727,24


RInferior = 64036,34 litros = 64,04 m³
Para o volume superior utilizar-se-à quatro reservatórios de fibra de vidro de
15000 litros, já para o volume inferior utilizar-se-á dois reservatórios de 20000 litros e
um reservatório de 25000 litros. Para dimensionar os ambientes que receberão os
reservatórios usou-se como referência as dimensões dos reservatórios de fibra de
vidro da Fortlev, resumidos na tabela a seguir:
Tabela 11 - Reservatórios utilizados.
Tipo de reservatório Altura com tampa Diâmetro com tampa
25000 litros 4,39 m 3,34 m
20000 litros 4,10 m 2,96 m
15000 litros 2,94 m 3,09 m
Fonte: Elaborado pelo autor com base em www.fortlev.com.br, 2013.

Dimensionamento de vagas de estacionamento


Em decorrência do desenvolvimento do projeto algumas áreas do edifício
divergiram bastante em relação às áreas estimadas no pré-dimensionamento, dessa
maneira houve a necessidade de refazer o cálculo para a quantificação das vagas
necessárias de estacionamento.
Como no pré-dimensionamento, usaram-se as indicações da empresa
Cushman & Wakefield Semco (1 vaga a cada 30m²) para o cálculo das vagas
destinadas às salas comerciais e para os demais ambientes usou-se o anexo III do
Código de Obras e Edificações do Município de Natal (2004). Para a quantidade de
vagas de bicicletas manteve-se o cálculo realizado no pré-dimensionamento. A
Tabela 12 apresenta um resumo do cálculo realizado para quantificar as vagas de
estacionamento necessárias
Tabela 12 - Cálculo de vagas de estacionamento.
Ambiente m² Exigência de vagas Vagas
Salões de refeição 249.64 1 vaga/ 15 m² de 16 vagas
(restaurante, lanchonete e área de público
bar)
Lojas 302.65 1 vaga a cada 50m² 6 vagas
Auditórios 100.13 1 vaga a cada 40m² 3 vagas
Escritórios e ambientes 2717.75 1 vaga a cada 30m² 90 vagas
relacionados à
administração do edifício
Total de vagas 115 vagas
Fonte: Elaborado pelo autor com base no Código de Obras de Natal, 2004, e nas especificações da
empresa Cushman & Wakefield Semco apud Ana Veronesi, 2004.
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Por último foram dimensionadas as vagas reservadas para portadores de


necessidades especiais e idosos. Para isso consultou-se as leis Nº 10.098/2000
(que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e
dá outras providências) e a Nº10.741/2003 (que dispõe sobre o Estatuto do Idoso e
dá outras providências).
O parágrafo único do art. 7º da lei Nº 10.098/2000 estabelece que 2% do total
de vagas do edifício seja reservado para portadores de necessidades especiais. Já o
art. 41 assegura que 5% das vagas do edifício sejam reservadas para idosos. Com
essas informações chegou-se a seguinte quantidade de vagas reservadas:
2% de 115 vagas = 3 vagas para PNE
5% de 115 vagas = 6 vagas para idosos

Dimensionamento de aparelhos sanitários dos banheiros


Foram dimensionados a quantidade de peças necessárias para atender a
população dos pavimentos térreo, mezanino e 9º pavimento. Os demais pavimentos
não tiveram seus aparelhos sanitários dimensionados por possuírem uma população
que não necessitaria mais que uma bacia sanitária e um lavatório.
Júnior (2009) apresenta uma tabela que relaciona a população e a quantidade
de peças necessárias. Assim, fez-se o seguinte dimensionamento levando em
consideração o que a tabela estabelece para o uso de escritórios:
Tabela 13 - Dimensionamento de peças sanitárias.
Pavimento População Nº de bacias sanitárias Nº de lavatórios
Térreo 235 pessoas 8 8
Mezanino 79 pessoas 4 4

9º pavimento 56 pessoas 4 3
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Júnior, 2009.
Quanto aos mictórios, seu dimensionamento foi feito de maneira diferenciada.
Segundo Júnior (2009) é possível instalar 1 bacia sanitária a menos para cada
mictório, desde que a quantidade de bacias não seja reduzida a menos de 2/3 do
dimensionado. Com essa condição foi possível substituir duas bacias sanitárias por
2 mictórios nos banheiros do pavimento térreo .
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Para o dimensionamento da quantidade de chuveiros necessários no vestiário


do pavimento térreo para atender os usuários do bicicletário foi usada uma
recomendação da cartilha "De bicicleta para o trabalho" (ASSOCIAÇÃO
TRANSPORTE ATIVO, 2006). Esta sugere a instalação de 1 chuveiro para 10 vagas
de bicicleta. Como o bicicletário possui 19 vagas, seriam necessários 2 chuveiros
para atender essa demanda. Entretanto, pensando-se em um provável aumento da
demanda de usuários que usam a bicicleta para chegar ao edifício projetado e
também em incentivar essa prática duplicou-se a quantidade de chuveiros
oferecidos, totalizando 4 chuveiros.

Cálculo e definição dos elevadores


Com o desenvolvimento do projeto foi necessário também recalcular o tráfego
dos elevadores devido a necessidade de se considerar mais uma parada (para dar
acesso a cafeteria na cobertura) e a divergência entre a população do edifício
calculada no pré-dimensionamento e a população calculada no final do projeto. Mais
uma vez foi utilizado o software que calcula o tráfego de elevadores da empresa
ThyssenKrupp.
Primeiramente definiu-se a porção da população do edifício a ser considerada
no cálculo do tráfego de elevadores haja vista que a NBR 5665/1983 diz que em
qualquer tipo de edifício podem ser computados só 50% da população do pavimento
imediatamente acima e/ou imediatamente abaixo do pavimento de acesso e que não
deve ser computada a população do pavimento de acesso, para efeito do cálculo de
tráfego. Dessa forma foi subtraída da população total do edifício a população do
pavimento térreo e metade da população do pavimento mezanino, assim:
População de cálculo = População total - (50% P mezanino + P térreo)
População de cálculo = 754 - (0.5x79 + 235)
População de cálculo = 479 pessoas
A população de cálculo foi inserida no software da empresa ThyssenKrupp,
assim como os dados que estão dentro do retângulo vermelho da Figura 66.
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Figura 109 - Cálculo de tráfego de elevadores.

Fonte: ThyssenKrupp e editado pelo autor, 2013.

O número de paradas foi estimado em 12, levando em consideração 7 paradas


para os pavimentos de escritórios, 2 paradas para o térreo e o mezanino, 2 paradas
para os pavimentos de subsolo e 1 parada para o pavimento cobertura.
O percurso usado foi menor que o utilizado no cálculo anterior porque o pé-
esquerdo do projeto final foi menor que o pé-esquerdo estimado no pré-
dimensionamento. Assim, observa-se que 4 elevadores, com capacidade para levar
8 pessoas cada, conseguem atender a capacidade de tráfego exigida pela NBR
5665.
Por último, para verificar se as dimensões das caixas dos elevadores utilizadas
no projeto (1,60x1,80m) conseguem abrigar um elevador com as mesmas
características dos dados utilizados no cálculo consultou-se o catálogo de
elevadores da ThyssenKrupp.
No catálogo encontrou-se um elevador (destacado em vermelho na Figura 110)
com capacidade para 8 pessoas, com uma porta de abertura lateral com largura de
80cm e com a necessidade de uma caixa de elevador com 1,60x1,745m. Dessa
forma comprovou-se que o espaço dimensionado no projeto conseguirá abrigar
elevadores que atendem a NBR 5665/1983.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 119
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Figura 110 - Escolha do elevador.

Fonte: http://www.thyssenkruppelevadores.com.br/site/elevadores-novos/Cabinas.aspx, 2013.

Paisagismo
Apesar de não haver sido desenvolvido um projeto paisagístico, no projeto
arquitetônico do edifício de escritórios foram previstos espaços com dimensões
adequadas para a criação de paisagens verdes no espaço comercial.
Por grande parte do solo do terreno ser utilizado como estacionamento optou-
se por utilizar jardins sobre lajes. Essa solução é a mais recomendada por Benedito
Abbud (2006) para edifícios comerciais com subsolos destinados a
estacionamentos. Segundo Silva Baldessar (2012) o sistema de jardim sobre lajes é
um elemento que ajuda a combater as enchentes nas cidades. Baldessar (2012)
explica que o teto jardim absorve quantidades significativas de precipitação, com
parte dessa precipitação evaporando e parte dela sendo retida pelo substrato do
sistema, dessa forma, retardando o escoamento de grandes quantidades de água
para a rede pública de drenagem urbana.
Assim, para o projeto empregou-se duas formas de jardim sobre laje, indicados
na Figura 111. Na entrada do edifício projetou-se canteiros elevados com alturas
diferentes para o plantio de diferentes espécies vegetais. Por estar localizado na
entrada do edifício indica-se o uso de um paisagismo mais dinâmico e com uma
diversidade de espécies vegetais. Para evidenciar a diversidade das espécies foram
projetados, na entrada, canteiros elevados com diferentes alturas. Essas alturas vão
desde 10cm a 90cm, sendo possível a utilização de taludes gramados nas alturas
mais baixas, de espécies arbustivas nos canteiros com 40 cm de altura e até de
palmeiras baixas nos canteiros mais altos (ABBUD, 2006).
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Figura 111 - Espaços previstos para paisagismo.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.


Nos demais locais projetou-se tetos jardins sem diferença de alturas para o
plantio de grama e pequenos arbustos. Para permitir o plantio dessas espécies
usou-se um teto jardim com altura de 45cm, dimensão apontada como ideal por
Abbud (2006) para pequenas espécies vegetais. Em algumas salas de escritórios
foram posicionadas jardineiras com profundidade de 40cm que podem receber
espécies arbustivas de porte mais alto.
A drenagem desses jardins será direcionada tanto para as frestas com solo
permeável do 2º subsolo, quanto para dois poços de infiltração, com espaço
reservado nos dois pavimentos de subsolo. A Figura 112 mostra um esquema de
funcionamento de poços de infiltração de águas pluviais instalados em subsolos de
edifícios.
Figura 112 - Poço de infiltração.

Fonte: http://seer.ufrgs.br/ambienteconstruido/article/view/5361/3286, 2013.


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Saídas de emergência e proteção contra incêndio


Para o cálculo das saídas de emergência e unidades de passagem foram
observadas as diretrizes da NBR 9077/1993, que trata das saídas de emergência
em edifícios.
Pela citada norma o edifício projetado neste trabalho classifica-se como um
edifício alto (fazendo parte do grupo O) segundo a sua altura e como um edifício de
serviços profissionais, pessoais e técnicos (grupo D) segundo a sua ocupação.
Para o cálculo das unidades de passagem usou-se a seguinte fórmula:
 N= P/C
Em que N é o número de unidades de passagem, P é a população e C é a
capacidade da unidade de passagem.
Primeiro calculou-se as unidades de passagem necessárias à escada. Para
isso foi considerado o pavimento com a maior população (excetuando-se o térreo),
no caso o pavimento mezanino com 80 pessoas, obtendo-se:
N = 80/60 = 1,3 unidades de passagem
O valor calculado foi arredondado para duas unidades de passagem, que é
igual a 1,10m (0,55x2).
Para o cálculo das unidades de passagem dos corredores usou-se a população
do pavimento de escritórios com a maior população, no caso o 9º pavimento. Só
foram considerados para o cálculo o pavimento de escritório por os demais (térreo e
mezanino) já possuírem circulações generosas. Segue o cálculo:
N = 60/100 = 0,6 unidades de passagem
O valor foi arredondado para uma unidade de passagem, que é igual a 0,55m.
No entanto a NBR 9050/2004 estipula uma largura mínima de 1,50m para
corredores com extensão superior a 10m, que é o caso dos pavimentos de
escritório. Então adotou-se essa medida mínima de 1,50m para os corredores que
servem de saída de emergência.
Para o cálculo das unidades de passagem necessárias para a porta da escada
de emergência fez-se o seguinte cálculo, usando-se a população do pavimento
mezanino:
N = 80/100 = 0,8 unidades de passagem
O valor foi arredondado para uma unidade de passagem de 0,55m. No entanto
a NBR 9077 recomenda que uma porta da rota de saída possua no mínimo 80cm de
vão livre.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 122
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Foi feita em seguida a consulta sobre a máxima distância a ser percorrida no


pavimento para atingir um local seguro. Para isso verificou-se que a edificação
projetada faz parte do grupo Z da tabela 6 da NBR 9077 (1993), caracterizando-se
como uma edificação em que a propagação do fogo é difícil. Essa classificação foi
possível por o prédio ter sido concebido com uma estrutura resistente ao fogo e com
compartimentação vertical entre pavimentos através de abas horizontais com
profundidade superior a 90cm. Assim, pela tabela 6 (Figura 113) uma edificação Z
do grupo D, com uma saída única e com chuveiros automáticos pode possuir uma
distância máxima a ser percorrida de até 45m.
Figura 113- Distâncias máximas a serem percorridas.

Fonte: NBR 9077, 1993.


Para o cálculo da área de refúgio fez-se o seguinte cálculo, de acordo com as
recomendações do Código de Segurança e Prevenção contra Incêndio e Pânico do
RN (1974):
A = Px0,5
A = 226x0,5
A = 113m²
Em que A é a área necessária para refúgio, P é 30% da população total do
edifício e 0,5 é a área ocupada por uma pessoa.
O código ainda estabelece uma condição de que a área de refúgio não deverá
ser menor que 25% do último pavimento. O último pavimento (10º pavimento) possui
481,03 m² de área, com 25% desta área totalizando 120,26m². Assim, esta última
condição determina uma área maior que o cálculo realizado levando em
consideração 30% da população. Dessa forma foi considerada, para a laje de
refúgio, uma área útil de 120,26m².
Para aumentar a eficiência da proteção contra incêndio e, também, para
cumprir um dos requisitos estipulados pela empresa Cushman & Wakefield Semco,
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 123
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

para que a edificação seja de classe A, recomenda-se a instalação de sprinklers nas


áreas de uso comum em todos os pavimentos, de divisórias com resistência ao fogo
nos leiautes das salas comerciais e de isolantes interpavimentos nos shafts e monta
cargas para impedir a passagem de calor, gases e fumaça.
Memorial de cálculo de central de lixo
Para o dimensionamento da central de lixo consultou-se o anexo 2 da
documentação técnica do sistema de manuseio do lixo domiciliar em edificações
(COMLURB, 2004). O anexo 2 dessa documentação apresenta uma tabela de
estimativa de produção diária de lixo por tipo de construção. Dela extraiu-se as
seguintes informações.
 Edifícios comerciais com escritórios tem uma produção de lixo diária de 0,30
l/m²;
 Lojas em geral tem uma produção diária de 0,70 l/m2;
 Bares, restaurantes, lanchonetes e similares produzem 1,00 l/m²;
 Auditórios produzem 0,10l/m²
Com essas informações calculou-se a produção diária do edifício de escritórios,
resumida na tabela abaixo.
Tabela 14 - Produção diária de lixo do edifício de escritórios.
Ambiente m² Produção de lixo
Restaurante, bar e lanchonete 249.64 249.64 litros
Lojas 302.65 211.85 litros
Auditórios 100.13 10.01 litros
Escritórios e ambientes relacionados à 2717.75 815.32 litros
administração do edifício
TOTAL - 1286.82 litros
Fonte: Elaborado pelo autor com base na COMLURB, 2004.
A documentação técnica utilizada para o presente cálculo recomenda que a
central de lixo seja dimensionada para ser capaz de acondicionar o volume de lixo
gerado na edificação ao longo de 3 dias. Dessa forma fez-se o seguinte cálculo:
1286.82 litros x 3 dias = 3860.46 litros
E em seguida dividiu-se o volume total de lixo considerado por um contêiner de
700 litros, obtendo-se:
3860.46/700 = 5.51 contêineres
Dessa forma a central de lixo deve acomodar 6 (arredondado de 5.51)
contêineres de lixo de 700 litros cada.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 124
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

9. MEMORIAL DESCRITIVO
Localização
O empreendimento localizar-se-á no terreno de esquina entre as avenidas
Senador Salgado Filho e Amintas Barros - Natal/RN.
O empreendimento
O empreendimento constitui-se de 14 pavimentos, sendo 2 subsolos, 1 térreo,
1 mezanino, 7 pavimentos com salas comerciais, 1 pavimento com cafeteria e 2
destinados a ambientes técnicos. O prédio comercial conterá 41 salas comerciais
mais uma laje corporativa e 6 lojas mais 3 espaços de alimentação com
funcionamento de segunda a sexta das 07:30 às 18:00hrs e no sábado das 08:00 as
12:00hrs. Segue a tabela abaixo com a quantidade de salas comerciais oferecidas e
suas áreas úteis (sem a área dos lavabos):

Tabela 15 - Salas comerciais do Espaço Empresarial Hyperion.


Pavimento Quantidade de salas Área das salas
44,07m²/ 30,59m²(x3)/ 30,36m²(x2)/
Pav. de escritórios 1 10 salas
35,22m²/ 30,46m²/ 41,33m²/ 30,50m²
37,63m²/ 30,59m²(x3)/ 30,36m²(x2)/
Pav. de escritórios 2 10 salas
46,28m²/ 52,75m²/ 30,50m²(x2)
108,23m²/ 113,44m²/ 38,77m²/
Pav. de escritórios 3 6 salas
30,50m²/ 38,38m²/ 30,59m²
84,11m²/ 61,89m²/ 70,81m²/
Pav. de escritórios 4 5 salas
71,75m²/ 68,95m²
30,49m²/ 30,59m²(x2)/ 30,36m²/
Pav. de escritórios 5 7 salas
175,95m²/ 30,50m²/ 35,94m²
Pav. de escritórios 6 3 salas 131,98m²/ 166,93m²/ 62,03m²
Laje corporativa 1 sala 418,62m²
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

Vagas de estacionamento
O empreendimento oferecerá estacionamento rotativo com 115 vagas de
estacionamento para automóveis, 36 vagas para motocicletas e 33 vagas para
bicicletas.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 125
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Segurança
O sistema de segurança será constituído por guarita com porteiros, controle de
entrada de ocupantes por catracas e sistema eletrônico de segurança com câmeras
24 horas.
Estrutura
As fundações serão projetadas por profissional especializado e executadas de
acordo com as Normas Técnicas da ABNT, baseados na sondagem no terreno e das
cargas do projeto de estrutura. A estrutura será de concreto armado moldado in loco,
com lajes nervuradas bidirecionais.
Cobertura
A cobertura do empreendimento será executada com lajes impermeabilizadas,
telhas metálicas e jardins sobre lajes. As impermeabilizações das lajes deverão ser
feitas com manta asfáltica aluminizada com espessura de 3mm. Os tetos jardins
deverão ser executados com um sistema composto por manta anti-raízes, argila
expandida, manta de bidim, uma camada de substrato e, por fim, a vegetação
definida em projeto específico de paisagismo. A impermeabilização das lajes que
receberão as jardineiras deverá ser feita com membrana de polietileno de alta
densidade. As telhas metálicas deverão ser pintadas com pintura eletrostática na cor
branco e possuir, no último pavimento, isolamento acústico em EPS.
Paredes
Para as vedações verticais de grande parte do empreendimento serão
utilizados blocos cerâmicos, assentados com argamassa de cimento e areia, com
espessura e posicionamento de acordo com os projetos. Na entrada das salas
comerciais haverá vedações de painéis de placa cimentícia em estrutura metálica
conforme detalhe no projeto.
Esquadrias
As esquadrias de madeira (maciças ou semi-maciças) receberão fundo
preparador para madeiras sem brilho e acabamento com verniz Stain Osmocolor
transparente sem brilho, ou similar. Os alisares das portas de madeira deverão ser
lisos com as quinas boleadas, na mesma madeira das caixas de porta e com largura
de 6 cm.
As esquadrias de alumínio serão anodizados com classe A18 na cor cinza, com
fechaduras e ferragens indicadas pelo fabricante dos perfis, com vidros incolores de
6 mm. As janelas das lojas também terão seus vidros com acabamento serigrafado
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 126
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

na cor branco. Algumas esquadrias de alumínio no volume do núcleo terão


venezianas também em alumínio (ver quadro de esquadrias). As portas de serviços
das lojas serão de chapa metálica 14 com acabamento em pintura esmalte sintético
na cor branco. As portas de acesso à escada serão do tipo corta-fogo.
Vidros
As extremidades das circulações dos pavimentos de escritórios serão vedadas
com vidro incolor laminado 10mm fixado a perfis de alumínio por silicone estrutural.
A pele de vidro do mezanino será instalada em sistema unitizado, com fixação de
vidro incolor laminado de 10mm por silicone estrutural.
Acessórios sanitários e bancadas
Os lavabos deverão ser entregues com bacia sanitária com caixa acoplada e
dispositivo de duplo acionamento. Todas as cubas, bacias sanitárias e mictórios dos
banheiros serão na cor branco. Todas as torneiras, exceto dos ambientes de
alimentação, deverão ser do tipo monocomando. As bancadas de lavatórios dos
lavabos e demais ambientes, quando existentes, serão em granito na cor preto
absoluto (e=2,5cm), assim como as divisórias dos boxes. Nos banheiros adaptados
serão instaladas barras de apoio em aço inox de acordo com detalhes presentes no
projeto e de acordo com a NBR 9050.
Ventilação mecânica
Será instalada infraestrutura hidráulica e elétrica para ar-condicionado do tipo
self-contained para servir a sistema de condicionamento central de ar, atendendo a
projeto específico. Nos lavabos das salas comerciais deverão ser instalados
exaustores para renovação do ar.

Acabamentos das áreas comuns e de serviço


Estacionamento Piso: Concreto polido com demarcação das vagas em tinta
específica na cor amarelo.
Parede: Pintura látex PVA branco sobre chapisco fino
alisado.
Teto: Concreto aparente.
Hall de elevadores Piso: Porcelanato 60x60 em tom claro.
Tabeira: Filete de porcelanato em tom escuro.
Parede: Granito preto absoluto com moldura em granito
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 127
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claro no contorno das portas dos elevadores.


Teto: Forro de gesso liso com pintura PVA na cor branco
neve.
Escada Piso: Granilite sem polimento, com frisos antiderrapantes
nas bordas e sinalização visual dos degraus na cor amarelo
seguindo as dimensões indicadas pela NBR 9050/2004.
Rodapé: Mesmo que o piso, com altura de 8 cm.
Parede: Pintura látex PVA branco sobre chapisco fino
alisado.
Teto: Concreto pintado com tinta látex PVA na cor branco
neve.
Casa de lixo e gás Piso: Cerâmica 45x45 na cor branco.
Parede: Cerâmica 45x45 na cor branco.
Teto: Concreto pintado com tinta látex PVA na cor branco
neve.
Circulação/ Lobby Piso: Porcelanato 60x60 em tom claro.
Tabeira: Filete de porcelanato em tom escuro.
Rodapé: Mesmo que o piso, com altura de 8 cm.
Parede: Pintura látex PVA branco sobre massa corrida.
Teto: Forro de gesso liso com pintura PVA na cor branco
neve.
Banheiros e Piso: Cerâmica 60x60 na cor branco.
vestiários Parede: Cerâmica 60x60 na cor branco.
Teto: Forro de gesso liso com pintura PVA na cor branco
neve.
Auditórios Piso: Carpete.
Parede: Ripado vertical em MDF bege com placas de lã de
vidro por trás. Na parede oposta à entrada deve-se usar
pintura látex PVA branco sobre massa corrida.
Teto: Forro removível modular (1,25x1,25m) com placas de
gesso acartonado com propriedades acústicas.
Administração e Piso: Porcelanato 60x60 em tom claro.
sala de segurança Rodapé: Mesmo que o piso, com altura de 8 cm.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 128
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Parede: Pintura látex PVA branco sobre massa corrida.


Teto: Forro de gesso liso com pintura PVA na cor branco
neve.
Central de ar Piso: Cerâmica 60x60 na cor branco.
condicionado Rodapé: Mesmo que o piso, com altura de 8 cm.
Parede: Pintura látex PVA branco sobre massa corrida.
Teto: Forro de gesso liso com pintura PVA na cor branco
neve.
Guarita Piso: Cerâmica 60x60 na cor branco.
Rodapé: Mesmo que o piso, com altura de 8 cm.
Parede: Pintura látex PVA branco sobre massa corrida.
Teto: Forro de gesso liso com pintura PVA na cor branco
neve.
Lavabo da guarita Piso: Cerâmica 60x60 na cor branco.
Parede: Cerâmica 60x60 na cor branco.
Teto: Concreto pintado com tinta látex PVA na cor branco
neve.
Área de descanso Piso: Porcelanato 60x60 em tom claro.
Tabeira: Filete de porcelanato em tom escuro.
Rodapé: Mesmo que o piso, com altura de 8 cm.
Parede: Pintura látex PVA branco sobre massa corrida.
Teto: Forro de gesso liso com pintura PVA na cor branco
neve.
Salas de reunião Piso: Laminado, padrão ipê (Durafloor) ou similar.
Rodapé: Réguas em Ipê, com altura de 6 cm.
Parede: Pintura látex PVA branco sobre massa corrida.
Teto: Forro de gesso liso com pintura PVA na cor branco
neve.
Circulação dos Piso: Porcelanato 60x60 em tom claro.
pavimentos de Tabeira: Filete de porcelanato em tom escuro.
escritório Rodapé: Mesmo que o piso, com altura de 8 cm.
Parede: Pintura látex PVA branco sobre massa corrida.
Teto: Forro de gesso liso com pintura PVA na cor branco
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 129
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

neve.
Gerador, Piso: cimentado poroso;
medidores, Parede: pintura látex PVA branco sobre chapisco fino
depósitos, casa de alisado.
máquinas, barrilete, Teto: concreto aparente.
reservatórios
superior e inferior
Área de refúgio Piso: concreto polido sobre laje impermeabilizada

Acabamentos das áreas privativas


Lojas Piso: Cimentado desempenado preparado para pisos
cerâmicos ou laminados, podendo também ser instalado
pelo locatário outros revestimentos.
Parede: Pintura látex PVA branco sobre massa corrida.
Teto: Forro de gesso liso com pintura PVA na cor branco
neve.
Restaurante Piso: Cerâmica 45x45 na cor branco.
Parede: Cerâmica 45x45 na cor branco.
Teto: Forro de gesso liso com pintura PVA na cor branco
neve.
Lanchonete Piso: Cerâmica 45x45 na cor branco.
Parede: Cerâmica 45x45 na cor branco.
Teto: Forro de gesso liso com pintura PVA na cor branco
neve.
Salas comerciais Piso: Cimentado desempenado preparado para carpete,
podendo também ser instalado pelo locatário pisos
cerâmicos ou laminados.
Parede: Pintura látex PVA branco sobre massa corrida.
Teto: Forro removível modular (1,25x1,25m) com placas de
gesso acartonado liso.
Lavabos das salas Piso: Porcelanato 60x60 em tom claro.
comerciais Parede: Cerâmica 60x30 em tom claro e pintura látex PVA
branco sobre massa corrida.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 130
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

Listelo: Granito preto absoluto.


Teto: Forro de gesso liso com pintura PVA na cor branco
neve.
Laje corporativa Piso: Piso elevado (h=15cm) Remaster ou similar.
Parede: Pintura látex PVA branco sobre massa corrida.
Teto: Forro removível modular (1,25x1,25m) com placas de
gesso acartonado com propriedades acústicas.
Cafeteria Piso: Laminado, padrão ipê (Durafloor) ou similar.
Rodapé: Réguas em Ipê, com altura de 6 cm.
Parede: Pintura látex PVA branco sobre massa corrida.
Teto: Forro de gesso liso com pintura PVA na cor branco
neve.

Acabamentos externos
O volume que comporta o núcleo do empreendimento será revestido por
painéis cegos em aço, com pintura eletrostática na cor cinza fosco, do tipo
"Alluacero" (Belmetal) ou similar. Os volumes em steel frame que sacam das salas
comerciais serão revestidos por painéis de alumínio composto e vidro na cor
vermelho, do tipo "Fusione Glass" (Conlumi) ou similar. O volume horizontal sobre a
cafeteria será revestido por placas cimentícias aparentes com acabamento em duas
demãos de selante. O restante das fachadas será revestida com pastilha cerâmica
5x5 nas cores branco e cinza, conforme indicações nas pranchas. As paredes dos
canteiros elevados serão revestidos com pedra Itacolomy regular e as rampas de
acesso aos subsolos terá acabamento em cimentado áspero sobre laje de concreto
armado. O piso do passeio externo será em blocos pré-fabricados de concreto
(1x1m).
Demais serviços
As descrições das instalações elétricas, hidráulicas, telefônicas e de combate à
incêndio ficarão a cargo dos profissionais responsáveis por esses projetos
complementares.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 131
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a finalização do presente trabalho foi possível elaborar considerações


finais sobre a revisão teórica, sobre o projeto e seu desenvolvimento e sobre o
software utilizado, além de serem formuladas sugestões para trabalhos futuros.
Com a revisão teórica foi possível descobrir a tendência de crescimento dessa
parcela do mercado imobiliário na cidade de Natal, assim como entender as
particularidades projetuais que um projeto desse tipo exige, como a alta flexibilidade
visando as evoluções das necessidades dos espaços de escritórios e as
classificações mercadológicas que condicionam fortemente o projeto. A revisão
bibliográfica sobre metodologia de projeto aliada ao conforto ambiental mostrou que,
apesar de a inclusão das ferramentas computacionais de simulação serem benéficas
ao projeto, grande parte dos profissionais de arquitetura mostram resistência em sua
utilização. Com isso em mente, o presente trabalho poderá contribuir para a
percepção dos benefícios trazidos pela aplicação de simulações computacionais nas
etapas iniciais de um projeto de arquitetura.
Quanto ao desenvolvimento do projeto destaca-se a importância em seguir
alguns dos passos propostos na metodologia de Liu (2010) que permitiu conceber
um volume que abrigou adequadamente o programa de necessidades. Além disso,
conclui-se que o projeto cumpriu as prioridades de projeto, conseguindo-se produzir
uma proposta arquitetônica comercial de classe A preocupada com o conforto
térmico de seus ocupantes, com as diferentes necessidades espaciais das
empresas, com seu impacto na malha urbana, com as exigências do mercado de
edifícios de escritórios e com uma volumetria que procura se afastar da estética de
fachada envidraçada muito utilizada na cidade de Natal.
Um dos momentos cruciais no desenvolvimento do projeto ocorreu no início
das primeiras simulações. Nesta ocasião houve o receio de que as simulações
apresentassem resultados que fossem possíveis de serem previstos por um
arquiteto que não recorre ao auxílio computacional, tendenciando que o uso de
simulações nas etapas iniciais do projeto seria uma prática desnecessária e que não
agregaria benefícios às decisões projetuais. Mas, passado o receio inicial, as
simulações mostraram-se necessárias ao desenvolvimento do projeto do edifício de
escritórios, uma vez que seus resultados permitiram o desenvolvimento de uma
planta baixa que potencializa a entrada da ventilação natural e de uma volumetria
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 132
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

otimizada visando um menor gasto energético. No entanto, ressalta-se que o


sucesso da trajetória da ventilação natural no projeto dependerá de fatores culturais.
Quanto ao software utilizado para a maioria das simulações conclui-se que a
necessidade de fazer poucas configurações para iniciar uma simulação é um ponto
muito positivo do software. A melhor qualidade que pode ser apontada para o
programa é que ele apresenta os resultados das simulações utilizando bons
recursos gráficos que permitem uma leitura rápida dos resultados, facilitando a
utilização destes no desenvolvimento do projeto. A curva de aprendizado do
software pode ser tida como alta para os usuários familiarizados com a interface do
Revit Architecture, mas outros usuários que não se encaixam nessa condição
provavelmente apresentariam dificuldades iniciais com a interface do software.
Também salienta-se que, apesar de simples, as ferramentas de modelagem
poderiam ser mais intuitivas. Mesmo com esses últimos pontos do software que
necessitam de melhorias para promover uma utilização mais facilitada ainda é
possível classificar o Project Vasari como um software de fácil uso.
É válido falar que, apesar de apresentar resultados numéricos em suas
simulações, observou-se que quando a leitura destas é feita de maneira qualitativa é
possível convertê-las em soluções projetuais mais rapidamente do que quando é
feita através de comparações quantitativas. Por exemplo, viu-se que é melhor para o
processo projetual apenas identificar se a ventilação que entra nos ambientes é
veloz ou lenta através de legendas coloridas fornecidas pelo software do que
desperdiçar tempo procurando nos dados a velocidade da ventilação em m/s.
O tema abordado no presente trabalho permite vários enfoques e,
consequentemente, várias linhas de estudos futuros. Durante o desenvolvimento
deste trabalho algumas ideias não foram desenvolvidas por questão de tempo e até
mesmo de enfoque, sendo assim identificadas como algumas oportunidades para
realização de outros trabalhos finais de graduação e até de pesquisas de mestrado.
Seguem abaixo as seguintes sugestões para trabalhos futuros:
 Realizar simulações de ventilação natural em um projeto de pequeno porte
não só na fase de concepção como também após o anteprojeto finalizado, com
o intuito de verificar se o comportamento da ventilação simulados nas etapas
iniciais coincide com os resultados simulados do mesmo projeto em um estado
de desenvolvimento mais avançado;
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 133
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

 Comparar o comportamento da ventilação do Vasari com o comportamento


real do vento através de medições em túneis de vento para atestar a
credibilidade da ventilação do software;
 Comparar os gastos energéticos de um projeto em etapa inicial calculado pelo
Vasari com o os gastos de um projeto finalizado simulados em um software
mais preciso;
 Implantar o Project Vasari em uma disciplina de projeto do curso de
arquitetura e urbanismo e estudar se o software auxilia nas decisões projetuais
de uma turma de alunos.
Por fim, conclui-se que o trabalho teve êxito em mostrar que é possível aliar o
uso de simulações computacionais no desenvolvimento inicial de um projeto de
arquitetura, cumprindo o objetivo principal do trabalho. Espera-se que este contribua
para as discussões sobre metodologia projetual e futuros trabalhos com temas
semelhantes aos abordados aqui.
ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 134
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

REFERÊNCIAS

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Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

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ROCHA, Ana. Balanços variados. Revista Téchne, São Paulo, n. 180, 2012.

RODRIGUES, Clara Ovídio. Laboratórios de pesquisas CAU-UFRN: arquitetura de


baixo impacto. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, 2010
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SANT'ANA, Helena. Planejamento físico-funcional de unidades de alimentação


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SANTOS, Andrea R. O desenvolvimento do mercado de edifícios de escritórios


para locação na cidade de São Paulo impulsionado pela securitização. 2006.
147 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Escola Politécnica da Universidade
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TRINDADE, Sileno. Simulação computacional como ferramenta de auxílio ao


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ESPAÇO EMPRESARIAL HYPERION 138
Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

APÊNDICE A - Modelo de entrevista realizada com o administrador do Espaço


Empresarial Giovanni Fulco
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Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

DISCIPLINA: TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

ORIENTADORA: Natália Miranda Vieira de Araújo

1. Quem fez o projeto da edificação?


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________

2. Quais são os horários e dias de funcionamento?


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____________________________________

3. Qual o perfil dos condôminos?


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_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________
4. Qual é a quantidade de lojas?
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_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________
5. Quais funcionário formam a equipe de apoio?
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_____________________________________________________________________
_________________________
6. Quantas salas comerciais o prédio possui e qual a metragem delas?
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_____________________________________________________________________
_________________________

7. Quantas vagas de estacionamento o prédio possui, e quantas são reservadas por


sala?
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_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________
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Influência de software de conforto ambiental no processo projetual de um edifício de escritórios

ANEXO A - Especificações básicas que devem ser incorporadas a um projeto


de um edifício de escritórios classe A, segunda a empresa Cushman &
Wakefield Semco (apud VERONEZI, 2004)
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ANEXO B - Anexo 4 à Lei Complementar nº 626 - Padrões para


dimensionamento de bicicletários.
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