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S347s
Schreiber, Joe
Star Wars : the Mandalorian / adaptado por Joe Schreiber ;
baseado na série criada e escrita por Jon Favreau ;
tradução de Leonardo Alvarez. –– São Paulo : Universo
dos Livros, 2021.
216 p.
ISBN 978-65-5609-067-2
BAM!
O Mandaloriano foi lançado para fora da caverna, incerto sobre
o que o atingira. A coisa lá dentro o arremessara no ar, e ele caiu no
chão num impacto que expulsou todo o ar de seus pulmões,
deixando-o momentaneamente sem fôlego. Tudo acontecera muito
rápido. A criatura cujo ovo deveria ser recuperado e trocado pelas
peças de sua nave — chamada de lamoceronte pelos Jawas — o
atacara com tudo de cabeça. Fora como colidir com uma muralha
viva, feita de músculos e ossos.
E, pelo ruído que fazia, a coisa estava vindo terminar o serviço.
Mando conseguiu levantar a cabeça, seus olhos ainda
recuperando o foco, e viu a fera movendo-se pesadamente para fora
da escuridão malcheirosa de sua toca. Por um momento, tudo que
fez foi observar. O lamoceronte era ainda maior e mais mortífero do
que parecera no interior da caverna. À plena luz do dia, o enorme
chifre de coloração óssea que se projetava de sua cabeça peluda
parecia afiado o bastante para empalar o que quer que atingisse.
Sua pelagem marrom estava coberta de lama e sujeira.
A criatura fedia a morte.
E estava furiosa.
Mando alcançou seu rifle. Enquanto a coisa avançava a toda na
sua direção, ele pôde de fato sentir o chão tremendo com o peso
dela, e ergueu a arma, mirou e puxou o gatilho…
Mas nada aconteceu. Algo dera muito errado. O rifle não
disparava. A fera vinha mais rápido, ensandecida, encurtando a
distância entre ambos…
BAM!
Mais uma vez, Mando foi jogado no ar, e quando caiu desta
vez, tudo o que escutou foi o crepitar eletrônico dos sensores
danificados de seu elmo. Sua visão retornou em uma turbulenta
nuvem de minúsculos pixels, o cenário acabando por reformular-se
no visor para dar lugar à face da coisa que recuava para investir
contra ele novamente.
No último instante, Mando rolou para o lado, gemendo. Ele
levantou o braço e atingiu a cara da criatura com um jato de fogo.
Ela emitiu um bramido furioso, mas não recuou mesmo enquanto
sua manopla vomitava as chamas. Ele disparou seu cabo na
criatura, prendendo-o nela, percebendo tarde demais que aquilo fora
um erro. Agora estava amarrado a ela, e a fera o chacoalhou
ferozmente enquanto o arrastava, o cabo atirando-o para cima e
depois para baixo. Tateou em busca de suas armas, sentindo
apenas espaços vazios. Seu rifle se fora. Seu blaster se fora. E,
com eles, toda a esperança que restava.
O lamoceronte, parecendo sentir que seu momento de triunfo
chegara, virou-se e abaixou a cabeça. Bateu-a contra o chão, rugiu
e então empreendeu mais uma vez um ataque.
Abaixando o braço, Mando puxou sua faca.
Segurou-a à sua frente com ambas as mãos. Talvez houvesse
um ponto vulnerável no pescoço da coisa, uma artéria que ele
pudesse rasgar ou perfurar, e que talvez lhe desse uma chance.
Caso contrário, pelo menos conseguiria deixar essa criatura com
uma cicatriz, algo pelo qual seria lembrado.
Ele fechou os olhos e esperou.
E nada aconteceu.
TATOOINE
A CIDADE MUDARA.
Havia menos pessoas conduzindo seus negócios ao ar livre, e
as ruas pareciam estranhamente vazias. Stormtroopers e troopers
de reconhecimento em deslizadores 74-Z carregavam armas
abertamente, observando Karga e Cara Dune aproximarem-se com
Mando, que estava algemado. O carrinho prateado flutuava entre
eles, completamente fechado.
— Código de identificação? — exigiu um trooper de
reconhecimento.
— Tenho um presente para seu chefe — disse Karga,
entregando-lhe o código.
O trooper o escaneou.
— Pago vinte créditos pelo elmo.
— Sem chance — respondeu Karga, rindo. — Aquilo vai para a
minha parede.
— Para sua parede? — murmurou o Mandaloriano.
— Entra no jogo — sussurrou de volta Karga.
O trooper gesticulou para que prosseguissem.
— Sigam em frente.
Karga deu um empurrão no caçador de recompensas, e eles
continuaram caminhando. Mais stormtroopers os observavam de
ambos os lados da rua conforme dirigiam-se para o bar.
Não demoraria muito.