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Silveira, E&S - Engineering and Science 2015, 5:1

Uso de Materiais Alternativos para Melhoria de Solo na Pavimentação de


Vias

Use of Alternative Materials for the Improvement of the Soil on Paving Roads
1
Leonardo Ramos da Silveira (Doutor em Geotecnia pela Universidade de Brasília.,
leo_engambiental@hotmail.com);
2
Rafael de Assis Borges (Engenheiro Civil, eng.rafaelmiro@hotmail.com).

Recebido em março 2016 Aceito em maio 2016 Publicado em junho 2016


Resumo: O crescimento de obras no setor da construção civil faz com que aumente o uso de agregados naturais.
Este grande uso, ocasiona em uma escassez em várias regiões, principalmente nas regiões de grande área
ocupada, fazendo com que seja extraído o material natural em locais distantes do ponto de aplicação. Vários
materiais alternativos como, resíduos de construção e demolição (RCD), resíduos de pedreira e fosfogesso, vêm
sendo estudado a fim de avaliar o comportamento do solo com adições em várias proporções de material. O
presente trabalho tem o intuito de apresentar uma discussão baseada em pesquisas já realizadas em grandes
centros urbanos do Brasil, levando-se em conta a aplicação do material em camadas de pavimentação. São
analisados os ensaios de caracterização do material e estudos de pistas experimentais. Com base nas pesquisas
citadas, pode-se concluir que o aproveitamento de materiais alternativos como resíduos de pedreira, fosfogesso e
RCD, em camadas de pavimento, apresentam-se uma viabilidade técnica positiva.

Palavras Chave: resíduo; agregado reciclado; pavimentação; base; sub-base.

Abstract: The large growth of works in civil construction sector resulted on the increasing usage of natural
aggregates. This great use of natural aggregates, leads to the lack of this substance in many other regions,
especially in regions where large part of the substance is used, making necessary that the substance is extracted
from distant places of the point of application. Several alternative materials as construction and demolition waste
(CDW), and quarry wastes and phosphogypsum, have been studied in order to evaluate the behavior of the soil
in various proportions of the material. This present work aims to introduce a discussion based in a research
already produced in large urban centers in Brazil, considering the application of the material in paving layers.
The material characterization tests and studies of experimental paving segment are analyzed. Based on these
studies, it can be concluded that the use of alternative materials such as quarry waste, phosphogypsum and
construction and demolition waste (CDW) in pavement layers, showing a positive technical feasibility.

Keywords: waste; recycled aggregate; paved; base; subbase.

INTRODUÇÃO

Atualmente, a geração de resíduos meio ambiente) é um tema importante no


industriais tem tido destaque em função da contexto atual, especialmente em grandes
sua capacidade de gerar problemas centros de pesquisa, que estudam materiais
ambientais pelo seu descarte inadequado, alternativos de baixo impacto ambiental
devido à carência de alternativas técnicas e (REZENDE et al., 2014).
economicamente viáveis para o seu De acordo com Pereira (2007), um
aproveitamento (LUZ, 2008). O acúmulo dos maiores desafios ambientais
de resíduos gerados em qualquer atividade enfrentados pela população mundial é a
voltada para a qualidade da vida humana gestão eficaz de resíduos sólidos, devido a
tornou-se um problema constante, como a sua grande produção e diversidade, ficando
maioria das tecnologias disponíveis ainda cada vez mais difícil pensar em um destino
não são suficientes para tratar de maneira ecologicamente correto e sustentável. A
adequada ou eliminar estes resíduos. procura por materiais, a serem usados em
Encontrar métodos adequados de camadas de base e sub-base que se
eliminação (sem afetar a qualidade do adequem às especificações das normas

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rodoviárias vigentes no Brasil representam meio técnico por possuir estudos mais
um grande problema para órgãos consolidados (CABRAL e MOREIRA,
rodoviários locais tal qual é o problema da 2011). No âmbito da construção civil, o
disposição e aproveitamento dos resíduos alto crescimento de obras em todo
sólidos. Muitas vezes a falta de materiais território brasileiro tem feito com que
granulares ou a sua grande distância do aumente também a quantidade de entulho
local de construção das vias acabam gerado. De acordo com Pinto (1999), esse
tornando inviável o uso em pavimentos. entulho representa mais de 50% de todo o
Dessa forma, surge a necessidade de resíduo sólido urbano.
utilizar solos menos nobres, estabilizando- De acordo com Ribeiro (2006) o
os com aglomerantes e resíduos que aproveitamento do entulho na engenharia
melhorem suas propriedades. civil pode representar economia,
Segundo Luz (2008), testar o durabilidade e preservação ambiental, e a
aproveitamento do resíduo de pedreira e, forma mais simples de reciclagem do
por outro, sua aplicação à pavimentação entulho é a sua utilização em
rodoviária, é meta relevante na pavimentação, na forma de brita corrida ou
configuração tecnológica atual, visto que ainda em misturas do resíduo com solo.
essa atividade absorve grandes quantidades Levando em conta a necessidade dos
de materiais para construção civil e recursos minerais para o desenvolvimento
pavimentação urbana, notadamente em sócio-econômico, a dificuldade no controle
regiões metropolitanas em franco da disponibilidade de insumos minerais
crescimento. Além disso, esse coloca em risco, no presente, a manutenção
aproveitamento do fíler pode contribuir e, para o futuro, a melhoria da qualidade de
para que se reduza a poluição por resíduos vida das populações. Os agregados para a
sólidos antes considerados inúteis, indústria da construção civil são os
relacionados ao passivo ambiental, insumos minerais mais consumidos e
tornando-os uma espécie de “nova” consequentemente os mais significativos
matéria-prima, promovendo-os no status em termos de volumes produzidos no
econômico e ambiental. Brasil e no mundo (SILVEIRA, 2010).
Para Canut (2006), o A escassez de jazidas naturais (solos
reaproveitamento do resíduo fosfogesso, e agregados) cujas características não se
gerado na produção de ácido fosfórico a enquadram nas especificações técnicas
partir do beneficiamento de uma rocha tradicionais para o uso em pavimentação,
fosfatada, é extremamente importante tanto aliada a uma legislação ambiental mais
do ponto de vista econômico-social quanto austera quanto à concessão de licenças
em relação à preservação ambiental, por se para a exploração de jazidas naturais são
tratar de um resíduo abundante e cuja fatores motivadores para a busca e
utilização poderá minimizar, ou até utilização de materiais alternativos
extinguir, a exploração de jazidas naturais (BATALIONE, 2007). Sendo assim, esse
de gesso. trabalho trata-se de uma pesquisa
A reciclagem de RCD como bibliográfica para apresentar o uso de
agregado para ser misturado ao solo na materiais alternativos visando sua
constituição das camadas de base, sub-base aplicação em camadas de pavimento de
e revestimentos primários de pavimentação vias.
é a alternativa mais difundida e aceita no

PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

O presente artigo configura-se com base artigos, dissertações e teses. O


em um levantamento bibliográfico de levantamento bibliográfico contempla

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sucinta discussão de três tipos de materiais Simples, Módulo de Resiliência, etc. Em


alternativos que vêm sendo aplicados em algumas pesquisas é citado o
camadas de base de pavimento com o comportamento de trechos experimentais
intuito de melhoria das capacidades para comprovação de resultados obtidos
mecânicas do solo, como Índice de Suporte em laboratório.
Califórnia, Resistência à Compressão

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Resíduos de pedreira

O aumento do consumo de produtos No ensaio de ISC, compactados nas


cuja origem advém das atividades energias Proctor intermediário e
mineradoras vem proporcionando a toda modificado, na Mistura 1, 40 e 53%, e na
população mundial um maior conforto Mistura 2, 27 e 43%, respectivamente.
(BATALIONE, 2007). A tendência de Utilizou-se para a base a Mistura 1 e para
qualquer sistema natural é o aumento de sub-base a Mistura 2. No ensaio de viga
seu grau de desordem quando não operado Benkelman resultaram na prova de carga
de forma adequada. Assim, utilizando os em 200 MPa para a camada de base e sub-
recursos naturais finitos e gerando energia base, indicando-se assim que, os valores
de baixa qualidade, tendem a aumentar as determinados podem ser considerados
desordens provenientes da má gestão do adequados para estradas com baixos
meio (SILVEIRA, 2010). volumes de tráfego.
Segundo Luz (2008) em sua tese, Batalione (2007) ensaiou um solo e
considerando-se a problemática de busca rejeito de pedreira da região Noroeste do
de uma solução técnica alternativa para o estado de Goiás, localizada a 35 km da
aproveitamento de resíduo de pedreira de capital do estado, nas cidades de Caturaí,
brita, o filer, partiu da hipótese de que sua Goianira e Inhumas. As misturas
mistura com solo laterítico local poderia consistiram em proporções de 15, 25 e
ser viável e ao mesmo tempo importante 35% de rejeito em relação ao peso do solo.
para a questão da saúde da comunidade A respeito da caracterização física dos
envolvida com o mesmo. materiais avaliados pôde-se concluir que a
No trabalho de Rezende et al. (2014), adição do rejeito aos solos naturais
foi desenvolvido um trecho experimental promoveu a redução do peso específico
de 300 m de comprimento com base em dos grãos de todas as amostras analisadas.
resultados laboratoriais obtidos por Araújo Nos solos de Caturaí e de Inhumas os
(2008), localizado na região nordeste de melhores desempenhos foram obtidos para
Goiânia-GO. O pó de micaxisto usado na a adição de 15% de rejeito em relação ao
pesquisa é proveniente de uma pedreira peso da amostra.
localizada em Goiânia. O solo já existente O solo de Goianira apresentou
no local foi compactado usando a energia valores maiores de ISC em relação ao solo
Proctor normal e apresentou valores de 9% natural para todos os teores de rejeito,
no ensaio de índice de suporte Califórnia sendo verificado o melhor desempenho
(ISC), que foi considerado como subleito. com a adição de 25 %. Esta quantidade de
A incorporação do resíduo de pedreira foi rejeito adicionada ao solo produziu um ISC
feita em duas proporções: Mistura 1 (80% de 20%, credenciando esta mistura como
de solo + 20% de pó de micaxisto) e material de sub-base, de acordo com a
Mistura 2 (70% de solo + 30% de pó de norma ES 301 (DNER, 1997). Para a pista
micaxisto). experimental o autor relatou que se
avaliados os resultados de todos os ensaios

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realizados em campo conclui-se que ambas de uma forma geral, o desempenho


as composições apresentaram índices estrutural da via variou-se de regular a
muito próximos, demonstrando que a bom. Na superfície, observaram-se defeitos
inclusão do rejeito fino de pedreira não graves. No entanto, nas medidas dos
prejudicou o desempenho do solo utilizado deslocamentos foi-se possível identificar
como material de base e nem da estrutura regiões com problemas. Esses problemas
global do pavimento. não estão diretamente relacionados com o
Silveira (2010), de acordo com o tipo de material utilizado em cada sub-
trabalho de Luz (2008) e Araújo (2008), trecho, mas sim com a topografia da pista e
monitorou-se o desempenho estrutural de a inexistência de dispositivos de drenagem.
um trecho de pavimento experimental e Luz (2008) analisou o fíler de uma
analisou misturas de solo com pó de pedreira localizada na Região
micaxisto e solo com fíler. Separou-se as Metropolitana de Goiânia-GO. Ensaiou
misturas em Mistura 1 (30% fíler de misturas de 0, 5, 10, 15, 20, 30, 40, 50 e
micaxisto + 70% solo), Mistura 2 (20% 100% de fíler no solo. Verificou-se que
fíler de micaxisto + 80% solo), Mistura 3 acima de 50% de fíler a mistura apresentou
(20% pó de micaxisto + 80% solo), fraca coesão. No ensaio de compactação,
Mistura 4 (30% pó de micaxisto + 70% os valores de máximo peso específico seco
solo). Fez-se análise química das misturas foram: para a proporção de 15% de fíler na
e do solo, resultando-se no ensaio de pH energia Intermediário com valor de 18,15
moderadamente ácido com valor máximo kN/m³; e, para a proporção de 20% de fíler
do solo e das Misturas 1 e 2, na energia Modificado com valor de 18,9
respectivamente, 5,5 e 6,8. Através de kN/m³. A partir dos resultados do ensaio de
ensaios em laboratório resultou-se que: compactação, umidade ótima e máximo
a) Quimicamente, teve-se que a peso específico seco, as amostras para o
incorporação do fíler ao solo gera ensaio de ISC foram moldadas. Usando
aumento de pH, saturação de bases como diretriz o valor de ISC, avaliaram-se
e capacidade de troca catiônica, o as misturas para base e sub-base de acordo
que pôde-se proporcionar um maior com o DNER (1996). Para a energia
efeito de reação das bases trocáveis Intermediário numa proporção de 20%
caso estivesse sido feito a apresentou-se um valor maior e para
estabilização química, o que energia Modificado numa proporção de
poderia aumentar 30% apresentou-se um valor maior.
significativamente a resistência do Como soluções vislumbradas para
material. conciliar este aumento da produção de
b) Mineralogicamente, nas misturas de bens que utilizam matéria prima mineral
solo com fíler prevaleceram-se os com as questões da preservação ambiental,
elementos existentes nos materiais pode-se destacar a busca e o uso de
de origem, sem a formação de energias alternativas, melhorias no
novos compostos. processo produtivo com redução do
Microscopicamente, o desperdício, e a substituição total ou
entrosamento dos materiais nas parcial de matéria prima natural por
misturas depende principalmente da materiais reciclados, ou de produtos que
granulometria existente na mistura produzem menores impactos ao meio
e da energia de compactação. ambiente (BATALIONE, 2007).
Ainda no estudo de Silveira (2010),
no monitoramento do trecho experimental,

Fosfogesso

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Fosfogesso é o nome dado ao para a Mistura 7 e 3,3% para a Mistura 8,


subproduto da reação química da rocha indicando assim que estas misturas não
fosfática com ácido sulfúrico e água. Por podem ser utilizadas para construção de
meio desta reação, obtém-se o ácido pavimentos. A Mistura 9 apresentou valor
fosfórico, que é usado, principalmente, de CBR satisfatório (superior a 60%),
como matéria-prima para a produção de porém a expansão foi superior a 2%
fertilizantes fosfatados (MESQUITA, fazendo-se necessário uma correção na
2007). expansão para a viabilidade desta mistura.
A sua denominação, fosfogesso, Mesquita (2007) estudou a aplicação
indica sua origem industrial (fosfo) e seu de fosfogesso em um solo da região de
componente principal (gesso). Esse Goiânia-GO. As amostras ensaiadas foram
subproduto é sulfato de cálcio (CaSO4) e, divididas em: solo, Mistura A (50% de
portanto, apresenta a mesma composição solo local + 50% fosfogesso), Mistura B
que o gesso natural (OLIVEIRA, 2005). (80% de solo local + 20% fosfogesso),
Rufo (2009) ao estudar as misturas Mistura C (20% de solo local + 80%
de fosfogesso, solo e cal para fins de fosfogesso) e fosfogesso. Observou-se que,
pavimentação, realizou um estudo quando compactados, quanto maior a
laboratorial onde as misturas foram quantidade de fosfogesso presente na
denominadas Misturas 1 (90% solo + 10% mistura, menor é o valor do peso
fosfogesso), Misturas 2 (80% solo + 20% específico aparente seco máximo (em torno
fosfogesso), Misturas 3 (70% solo + 30% de 12 KN/m³) e maior é o teor de umidade
fosfogesso), Misturas 4 (97% solo + 3% ótima (superior a 30%).
cal calcítica CHIII), Misturas 5 (94% solo Ainda segundo Mesquita (2007),
+ 6% cal calcítica CHIII), Misturas 6 (91% verificou-se que para a Mistura B (20% de
solo + 9% cal calcítica CHIII), Mistura 7 fosfogesso) apresentou maior potencial de
(81,9% solo Catalão-GO + 9,1% aplicação, podendo ser utilizada em
fosfogesso + 9% cal CHIII), Mistura 8 camadas de sub-base de pavimentos (ISC =
(81,9% solo Catalão-GO + 9,1% 37%). A Mistura C (80% de fosfogesso)
fosfogesso + 9% cal dolomítica), Mistura 9 não seria indicada para uma aplicação
(84,6% solo Goiânia-GO + 9,4% prática, pois apresentou capacidade de
fosfogesso + 6% Cal CHI). suporte baixa e semelhante aos solos
Nas misturas de solo-fosfogesso normalmente encontrados nos subleitos
estudadas por Rufo (2009), verificou-se brasileiros (ISC = 7,0%). O solo e a
que com os teores de 10% e 20% houve Mistura A (50% de fosfogesso) poderiam
ganho de resistência do solo, sendo ser utilizados no máximo como reforço do
possível a utilização das Misturas 1 e 2 em subleito ou na construção de aterros em
sub-base de pavimentos. Para as misturas geral (ISC = 15%).
de solo-cal (Misturas 4, 5 e 6) foi Metogo (2011) em seu trabalho
constatado que o ISC aumentou com a avaliou-se o comportamento mecânico em
adição de cal, sendo que para teor de cal campo de uma pista experimental
superior a 6% o ganho no valor de ISC foi executada com misturas de solo-cal, solo-
maior. O ensaio de resistência à fosfogesso e solo-fosfogesso-cal em sua
compressão simples mostrou que ocorre camada de base (15 cm). Sua pesquisa teve
um ganho no valor da resistência do solo base nos resultados obtidos nos trabalhos
quando a cal é utilizada e decréscimo realizados por Mesquita (2007), Faria
quando o fosfogesso é utilizado. (2007) e Rufo (2009). Como resultado, no
As Misturas 7 e 8 apresentaram ensaio de compactação, analisando-se a
problemas relacionados à expansão posição do Eixo, observou-se valores de
elevada. Além disso, os valores de CBR 112% solo-fosfogesso, 96% solo-
encontrados foram muito baixos, 2,1% fosfogesso-cal, 101% solo-cal, para o grau

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de compactação. No ensaio de índice de misturas: 0% de cal e 100% de fosfogesso,


suporte Califórnia (ISC) as misturas Mistura 1 (3% de cal e 97% de
apresentaram valores de 24% solo- fosfogesso), Mistura 2 (5% de cal e 95%
fosfogesso, 44% solo-cal e 88% solo- de fosfogesso), Mistura 3 (7% de cal e
fosfogesso-cal. 93% de fosfogesso) e Mistura 4 (10% de
Oliveira (2005), para sua pesquisa, cal e 90% de fosfogesso). Os corpos-de-
coletou o fosfogesso em seu estado natural, prova foram compactados na energia
em um depósito que pertence a uma equivalente ao Proctor modificado.
indústria de fertilizantes, localizada no Verificou-se que o tempo de cura foi um
município de Uberaba-MG. A preparação fator importante no desenvolvimento da
do fosfogesso consistiu em sua secagem ao resistência devido à presença de cal nas
ar livre até se atingir a umidade misturas. Em relação ao ensaio de ISC, o
higroscópica. Em seguida, o material foi fosfogesso puro é muito suscetível à ação
homogeneizado com operações de da água, apresentando valor igual a 16%. A
destorroamento, passagem na peneira nº 4 adição de 3%, 5%, 7% e 10% de cal
(4,75 mm), e posterior quarteamento. conduz a valores de ISC de 54%, 56%,
No programa experimental de 65% e 71%, respectivamente.
Oliveira (2005), analisaram-se as seguintes

Resíduos da construção e demolição (RCD)

A incorporação do agregado microscópica realizada com a fração


reciclado no solo para uso em camadas de passante na peneira de abertura 0,075 mm,
pavimentos tem demonstrado resultados onde se verificou a presença de partículas
significativos em várias pesquisas de material cimentício. Observou-se que o
realizadas em vários grandes centros ensaio de compactação não provocou
urbanos (FUJII, 2012; GÓMEZ, 2011; significativamente a quebra de partículas.
LEITE, 2007; QUINTANILHA, 2008; E que o ensaio de ISC revelou que o
MOTTA, 2005; SANTOS, 2007; agregado reciclado ensaiado trata-se de um
RESPLANDES, 2007; RIBEIRO, 2006). material não expansivo, com valor de ISC
Em sua maioria, suas pesquisas para igual a 60%.
aplicação em camadas de pavimentos Quintanilha (2008) mostrou, em sua
indicaram índices de suporte Califórnia pesquisa, que a quantificação das fases
(ISC) satisfatórios de acordo com a NBR cimentícias e cerâmicas influenciam
15115 (ABNT, 2004). sobremaneira sobre as propriedades de
Algumas peculiaridades foram resistência. Separaram-se as amostras em
descritas em função de outras função da composição granulométrica dos
características físicas da mistura solo- materiais em proporções de 25% para cada
RCD. Leite (2007) ressaltou sobre a material, sendo: Amostra 1 ACR1
influência da energia de compactação em agregado reciclado composto por
seus resultados, fazendo com que variasse elementos cimentícios; Amostra 2 ARM1
de 73% na energia de compactação agregado reciclado composto por
Intermediário e 117% na energia de elementos cimentícios e cerâmicos (19,0
compactação Avançado no resultado do mm, 9,5 mm, 4,8 mm e solo argiloso para
ISC do agregado reciclado. amostras 1 e 2); Amostra 3 NAT1 material
Santos (2007), nos ensaios de limite natural extraído de jazida; Amostra 4
de consistência revelaram que todas as ARC2 material reciclado composto por
amostras ensaiadas possuem o elementos cimentícios (retirou-se o
comportamento não plástico, tal resultado material 4,8 mm das amostra 1 e 2, e usou-
pode ser justificado pela análise se pó de brita nas amostras 3 e 4); e,

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Amostra 5 solo argiloso. Em todas as agregado reciclado é composta de


dosagens apresentaram resultados materiais cimentícios – concreto e
satisfatórios de resistência, medidas pelo argamassa – e naturais britados. Verificou-
ensaio de ISC. Nas pistas experimentais se que o agregado reciclado em geral
apresentaram bom comportamento absorve muita água, que certamente é
estrutural, comprovando tecnicamente a explicado devido à sua porosidade. O ISC
viabilidade da construção de vias urbanas, aumentou significativamente com o tempo,
preferencialmente de baixo volume de explicando-se pela presença de atividade
tráfego. pozolânica no agregado reciclado, que foi
Gómez (2011), em sua pesquisa, ativado pela compactação, aumentando
ensaiou o agregado reciclado oriundo da significativamente a quantidade de finos,
demolição do Estádio Mané Garrincha em aliada à adição de água, provocando reação
Brasília/DF. No conhecimento dos pozolânica com o tempo. Os valores
materiais constituintes do RCD, foram encontrados no ensaio de ISC do agregado
selecionados 13 kg de material seco os reciclado após cura de 90 e 180 dias,
quais foram misturados para homogeneizar compactados na energia Proctor
a amostra e posteriormente submetidos a Intermediária, foram de 117% e 125%,
peneiramento visando separação dos respectivamente.
tamanhos graúdos (1” – Nº4) e miúdos (Nº Resplandes (2007) separou três
4 – fundo). Separando o material por amostras (L1, L2 e L3) em função da faixa
tamanho, resultou-se na classificação granulométrica para a pesquisa, sendo: L1
visual em RCD (99,43%), madeira brita 19 mm; L2 brita 9,5 mm; e L3 brita
(0,37%), plástico (0,18%) e metais 4,8 mm. Concluiu-se que com os
(0,02%). Os materiais que passaram na resultados obtidos a partir de ensaios de
peneira Nº 4 (75 mm) foram classificados laboratório teve-se que a amostra L1 não
como finos e não foi possível a separação apresentou melhores resultados nos ensaios
manual desses. Segundo a NBR 15115 de característica mecânica, como o índice
(ABNT, 2004), o resultado obtido (RCD = de suporte Califórnia, podendo ser
99,43%) para a amostra total se enquadrou explicado pela falta de finos na mistura, o
no valor especificado de RCD > 97%. que gera inexistência de coesão no
Nos ensaios mecânicos, verificou-se material. Após 15 dias de cura, as outras
índices de suporte Califórnia satisfatórios, duas amostras ultrapassaram a marca dos
superando o limite da norma NBR 15115 100%, indicando que o agregado reciclado
(ABNT, 2004) de 60%. Os resultados dos estudado, possui uma capacidade de
ensaios de Módulo de Resiliência suporte maior do que a da brita-padrão.
mostraram que o agregado reciclado Na pesquisa de Resplandes (2007),
pesquisado tem comportamento similar ao ressaltou-se também que em alguns ensaios
de agregados pétreo comumente utilizados, de campo, observou que há melhoria das
apresentando valores variando entre 200 e propriedades medidas ao longo do tempo,
500 MPa, e com sete dias de cura variaram o que pode ser explicado pelas reações
entre 300 e 600 MPa. pozolânicas que continuam ocorrendo
Motta (2005), através de ensaios neste tipo de material.
realizados, mostraram que grande parte do

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nas pesquisas citadas, e demolição (RCD), em camadas de


pode-se concluir que o aproveitamento de pavimento, apresentam-se uma viabilidade
materiais alternativos como resíduos de técnica positiva, atentando-se para um
pedreira, fosfogesso, resíduo da construção bom controle de proporção da mistura

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(solo-resíduo) de aplicação e de execução, às grandes distâncias de transporte desse


é possível ter um pavimento com ótimo material até seu ponto de aplicação,
desempenho. aumentando o custo do transporte.
Ambientalmente, o uso desses A difusão de pesquisas nessa área,
resíduos é extremamente benéfico ao meio desperta à sociedade para estar sempre
ambiente uma vez que esses materiais, buscando tecnologias novas e cada vez
geralmente, são descartados e dispostos de mais ecológicas e sustentáveis. A
forma inadequada. A grande exploração de população em geral é prejudicada pelos
jazidas naturais causa sua escassez por se grandes volumes de resíduos acumulados
tratar de uma fonte não renovável e finita. em indústrias ou em áreas das cidades,
Grandes centros urbanos estão causando poeira, poluição visual etc.
aumentando o custo de suas obras devido

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMORIM, E. F. Viabilidade Técnica Ministério do Meio Ambiente, Conselho


Econômica de Misturas de Solo-RCD em Nacional do Meio Ambiente, 2002.
Camadas de Base de Pavimentos
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