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SEMIOLOGIA E PROCESSOS PATOLÓGICOS BUCAIS

TUMORES ODONTOGÊNICOS

EDUARDO DA CUNHA QUEIROZ


9º SEMESTRE – MONITOR
QUIXADÁ
2021
INTRODUÇÃO
SÃO UM GRUPO DE NEOPLASIAS QUE TEM COMO ORIGEM OS TECIDOS FORMADORES DOS DENTES
O AMELOBLASTOMA É UM TUMOR EPITELIAL BENIGNO, DE ORIGEM
ODONTOGÊNICA, E É A MAIS FREQUENTE DAS NEOPLASIAS.
(NEVILLE et al., 2016)
TUMORES ODONTOGÊNICOS AMELOBLASTOMA
2017 - ATUAL

100% 30%
AMELOBLASTOMA

AMELOBLASTOMA UNICÍSTICO

AMELOBLASTOMA PERIFÉRICO (EXTRAÓSSEO)

(OMS, 2017) (NEVILLE et al., 2016)


ameloblastoma
Convencional – Unicístico – Periférico
INTRODUÇÃO
2º TUMOR MAIS PREVALENTE, FICANDO ATRÁS SOMENTE DO ODONTOMA!

(NEVILLE et al., 2016)


Ameloblastoma CONVENCIONAL
INTRODUÇÃO
• Tumor odontogênico de origem epitelial

• Órgão do esmalte, lâmina dentária, células basais do epitélio, epitélio de outros cistos

• Prevalência: 1%

• Crescimento Lento e Localmente Agressivo

• Localização mais Comum: Região Posterior de Mandíbula

CONVENCIONAL UNICÍSTICO PERIFÉRICO

(NEVILLE et al., 2016)


CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
• Tipo mais comum (cerca de 85% dos casos)

• Ampla faixa etária (pessoas acima de 20 anos)

• Sem predileção por sexo

• Assintomático (dor e parestesia são raras)

• Crescimento lento

• Tumefação e rompimento da tábua óssea

• Firme a palpação e pode chegar a proporções que levam a uma deformidade facial

• Possui Crescimento no sentido vestíbulo lingual causando expansão óssea


(NEVILLE et al., 2016)
CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS
• Geralmente Causa reabsorção radicular

• Lesão radiolúcida multilocular (porém pode se apresentar unilocular)

• Bordas escleróticas, podendo ser bem definidas ou não

• Expansão das corticais, reabsorção das raízes dos dentes adjacentes e


envolvimento com dente não erupcionado (terceiro molar inferior são os mais
comuns)

(NEVILLE et al., 2016)

ASPECTO FAVOS DE MEL OU BOLHAS DE SABÃO


CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS

(NEVILLE et al., 2016)


CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS – ASPECTOS FAVOS DE MEL

(NEVILLE et al., 2016)


CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS
CARACTERÍSTICA MARCANTE: FORMAM NINHOS EPITELIAIS

Ninho Epiteliais
• Região central de células frouxas lembrando o retículo estrelado
do órgão do esmalte
• Camada de células colunares altas com polaridade reversa,
semelhante a ameloblastos

Estroma maduro de tecido conjuntivo fibroso

(NEVILLE et al., 2016)


VARIAÇÕES HISTOPATOLÓGICAS
O DESMOPLÁSICO ERA CONSIDERADO UM SUBTIPO CLÍNICO, E PASSOU A SER CONSIDERADO COMO VARIANTE HISTOLÓGICA
DENTRO DO AMELOBLASTOMA CONVENCIONAL!

Fonte: Aula do Prof. Pedro Henrique Chaves Isaias


GERALMENTE O NÚCLEO DA CÉLULA ESTÁ VOLTADO PARA O TECIDO CONJUNTIVO (REGIÃO NA QUAL FORNECE A NUTRIÇÃO). EM
AMELOBLASTOMAS, O NÚCLEO ESTÁ VOLTADO PARA O LADO CONTRÁRIO DO TECIDO CONJUNTIVO!

Célula Colunar Alta com Característica de Polaridade Reversa

Fonte: Aula do Prof. Pedro Henrique Chaves Isaias

Células Arredondadas Frouxas Semelhante ao Retículo Estrelado do Esmalte


AMELOBLASTOMA PLEXIFORME – CARACTERÍSTICAS
HISTOPATOLÓGICAS
ELES NÃO FORMAM NINHOS, E SIM CORDÕES LONGOS ANASTOMOSADOS!

• Cordões longos e anastomosados ou redes de epitélio odontogênico;

• Células colunares cúbicas, semelhantes a ameloblastos, circundando células


epiteliais arranjadas mais frouxamente

(NEVILLE et al., 2016)


AMELOBLASTOMA ACANTOMATOSO

FORMAÇÃO DE CERATINA

Fonte: Aula do Prof. Pedro Henrique Chaves Isaias


AMELOBLASTOMA DE CÉLULAS GRANULARES

CITOPLASMA GRANULOSO
NO CENTRO DAS CÉLULAS

Fonte: Aula do Prof. Pedro Henrique Chaves Isaias


AMELOBLASTOMA DE CÉLULAS BASAIS
CARACTERÍSTICA MAIS BASOFÍLICA
VARIANTE MAIS RARA

Fonte: Aula do Prof. Pedro Henrique Chaves Isaias Fonte: Aula do Prof. Pedro Henrique Chaves Isaias
AMELOBLASTOMA DESMOPLÁSICO
EXTREMAMENTE DENSO E POSSUI UM ESTROMA COM MUITAS FIBRAS COLÁGENAS!

Fonte: Aula do Prof. Pedro Henrique Chaves Isaias


TRATAMENTO – AMELOBLASTOMA CONVENCIONAL

Biópsia Incisional
Curetagem e Marsupialização
Ressecção Marginal ou Em Bloco utilizando margem de segurança de 1cm.
Observação: Crioterapia, Solução de Carnoy e Osteotomia Periféricas
(NEVILLE ettambém
al., 2016) podem ser utilizadas como adjuvante a terapia convencional
Ameloblastoma UNICÍSTICO
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS
Cerca de 10 a 15 % de todos os ameloblastomas

Mais comuns em jovens na 2º década de vida

Crescimento Lento e Assitomático

Geralmente mais comum em região posterior de

Mandíbula

Fácil de ser confundido com o cisto dentígero


(NEVILLE et al., 2016)
CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS
CÉLULAS EPITELIAIS ESTÃO CONFINADAS A SUPERFÍCIE LUMINAL DO CISTO

QUANDO A PAREDE FIBROSA É INFILTRADA POR CÉLULAS EPITELIAIS

Luminal: O tumor está confinado À superfície do cisto (1)

Intraluminal: Um ou mais nódulos de ameloblastoma


penetram em direção ao lúmem do cisto (2)

Mural: A parede fibrosa do cisto está infiltrada por


ameloblastoma típico folicular ou plexiforme (3)

O padrão mural está mais relacionado a recidiva, pois como ele invade o tecido conjuntivo, podem ficar fragmentos nas
regiões adjacentes favorecendo a recidiva.

PROLIFERAÇÃO DAS CÉLULAS EPITELIAIS PARA DENTRO DA CAVIDADE CÍSTICA


AMELOBLASTOMA UNICÍSTICO TIPO LUMINAL
Lúmen do Cisto Células Epiteliais com Polaridade Reversa: Confinadas a Superfície do Cisto

Fonte: Aula do Prof. Pedro Henrique Chaves Isaias


AMELOBLASTOMA UNICÍSTICO TIPO INTRALUMINAL

Lúmen do Cisto

Fonte: Aula do Prof. Pedro Henrique Chaves Isaias

Proliferação das Células para Dentro da Cavidade Cística


AMELOBLASTOMA UNICÍSTICO TIPO MURAL
Lúmen do Cisto Lúmen do Cisto

Fonte: Aula do Prof. Pedro Henrique Chaves Isaias

Infiltração para Dentro da Parede Cística Porção já Infiltrada para Dentro da Parede Cística
TRATAMENTO

Tipo Luminal e Intraluminal: Enucleação + Curetagem

Tipo Mural: Semelhante ao Convencional

(NEVILLE et al., 2016)


DIAGNÓSTICO – AMELOBLASTOMA UNICÍSTICO

EXAME CLÍNICO
Crescimento Lento + Deformidade
Facial

EXAME RADIOGRÁFICO
Padrão Unilocular + Circunscrita

EXAME MICROSCÓPICO
LUMINAL, INTRALUMINAL E MURAL
(NEVILLE et al., 2016) Fonte: Silva et al., 2019
DIAGNÓSTICO – AMELOBLASTOMA UNICÍSTICO

EXAME CLÍNICO
Crescimento Lento + Deformidade
Facial

EXAME RADIOGRÁFICO
PadrãoFestonadas
Margens Unilocular em
+ Circunscrita
Alguns Casos

EXAME MICROSCÓPICO
LUMINAL, INTRALUMINAL E MURAL
(NEVILLE et al., 2016) Fonte: Neville et al., 2016
DIAGNÓSTICO – AMELOBLASTOMA UNICÍSTICO

EXAME CLÍNICO
Crescimento Lento + Deformidade
Facial

EXAME RADIOGRÁFICO
Padrão Unilocular + Circunscrita

Tumor Confinado a Superfície do Cisto


EXAME MICROSCÓPICO
LUMINAL
(NEVILLE et al., 2016) Fonte: Neville et al., 2016
DIAGNÓSTICO – AMELOBLASTOMA UNICÍSTICO

EXAME CLÍNICO
Crescimento Lento + Deformidade
Facial

EXAME RADIOGRÁFICO
Padrão Unilocular + Circunscrita

Tumor se Projeta em Direção ao Lúmen


EXAME MICROSCÓPICO
INTRALUMINAL
(NEVILLE et al., 2016) Fonte: Neville et al., 2016
DIAGNÓSTICO – AMELOBLASTOMA UNICÍSTICO

EXAME CLÍNICO
Crescimento Lento + Deformidade
Facial

EXAME RADIOGRÁFICO
Padrão Unilocular + Circunscrita

Parede Fibrosa do Cisto Infiltrada por A. Plexiforme


EXAME MICROSCÓPICO
MURAL
(NEVILLE et al., 2016) Fonte: Neville et al., 2016
AMELOBLASTOMAUNICÍSTICO
AMELOBLASTOMA UNICÍSTICO EM
EMREGIÃO
REGIÃODE DE
MENTO
MENTO

Fonte: Silva et al., 2020

(SILVA et al., 2020)


Ameloblastoma PERIFÉRICO
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

• Subtipo raro (Cerca de 1 a 4% dos casos)

• Histologicamente semelhante ao intraósseo

• Lesão indolor, não ulcerada, séssil ou pediculada

• Geralmente acomete região de mucosa gengival ou alveolar (posterior) na mandíbula

• Acomete principalmente pacientes mais velhos (4º a 5º décadas de vida)

• Pode causar rarefação óssea no osso jubjacente

• Diagnóstico Diferencial Clínico: Granuloma piogênico, lesão periférica de células gigante, fibroma ossificante

periférico e hiperplasia

(NEVILLE et al., 2016)


CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

(NEVILLE et al., 2016)


CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS
SEMELHANTE AO CONVENIONAL - SIMILAR AOS CORDÕES DO TIPO PLEXIFORME

EPITÉLIO DA MUCOSA ORAL

Fonte: Aula do Prof. Pedro Henrique Chaves Isaias


TRATAMENTO

Comportamento clínico brando

Boa resposta à excisão cirúrgica local

Recidiva local: 15% a 20% dos casos

(NEVILLE et al., 2016)


TUMOR ODONTOGÊNICO ADENOMATÓIDE (TOA)
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
A MAXILA É A REGIÃO MAIS ACOMETIDA (CARACTERÍSTICA DIFERENTE DAS OUTRAS LESÕES)

Origem incerta: Epitélio do órgão do esmalte, do epitélio reduzido do esmalte, dos restos de malassez,
remanescente da lâmina dentária
Idade mais afetada: 10 a 19 anos
Localização mais comum: Região anterior de maxila
Epidemiologia: Mais comum em mulheres (2:1)
Tamanho em média de 3cm
Observação: Geralmente associados à caninos superiores

(NEVILLE et al., 2016)


LESÃO RADIOLÚCIDA ENVOLVENDO UM PRIMEIRO PRÉ-MOLAR INFERIOR IMPACTADO. EM CONTRASTE COM O
CISTO DENTÍGERO NORMAL, A LESÃO RADIOLÚCIDA SE ESTENDE ATÉ APROXIMADAMENTE O ÁPICE DO DENTE

(NEVILLE et al., 2016)


CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS
PODE APRESENTAR PEQUENAS CALCIFICAÇÕES DENTRO DO TUMOR

• Lesão radiolúcida unilucolar, circunscrita, que envolve a

coroa de um dente não erupcionado (canino)

• Pode localizar-se entre as raízes de um dente erupcionado

e pode causar deslocamento dentário


CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

• Proliferação epitelial intracística é composta por células poliédricas e fusiformes

• Padrão tipicamente lobular

• Rossetas e estruturas semelhantes a ductos formados por células epiteliais colunares

• Pequenos focos de calcificação também podem estar dispersos por todo o tumor
CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

ASPECTO: ROSETA (“GOOGLE CHROME”)

Fonte: Aula do Prof. Pedro Henrique Chaves Isaias


TRATAMENTO

BEM ENCAPSULADO, OU SEJA, É DE FÁCIL ENUCLEAÇÃO

BAIXA RECORRÊNCIA
odontoma
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
É O TIPO MAIS COMUM DE TUMOR ODONTOGÊNICO

Hamartoma (anomalia do desenvolvimento)Mais comum em crianças e adolescentes

Geralmente é assintomático

Epidemiologia: Mais frequente em maxila

Crescimento lento e autolimitado

Subdivisões: Composto e Complexo

Odontoma Composto:
• Formação de dentículos

Odontoma Complexo:
• Formação de massa de tecido dentário amorfo
CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS

(NEVILLE et al., 2016)


CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

Fonte: Filipe Jaeger et al., 2012 - Compound Odontoma - Case Report

(NEVILLE et al., 2016)


CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

Formações semelhantes a dentes

Dentina tubular madura, material dentinoide, matriz de esmalte, cemento

(NEVILLE et al., 2016)


TRATAMENTO

Excisão cirúrgica simples


MIXOMA ODONTOGÊNICO
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
É UM TIPO DE LESÃO MESENQUIMAL

• Lesão mesenquimal benigna que mimetiza microscopicamente a polpa dentária ou tecido conjuntivo folicular

• Mais comuns em adultos jovens (cerca de 25 a 30 anos) e sem predileção por gênero

• Assintomático

• Mais frequente em mandíbula

• Lesões maiores podem causar expansão indolor do osso envolvido

(NEVILLE et al., 2016)


CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS

• Lesão radiolúcida uni ou multilocular

• Pode deslocar ou causar reabsorção dentária

• Margens geralmente irregulares ou festonadas

• Trabéculas delgadas insignificantes de osso residual que frequentemente se arranjam em ângulos retos

• Grandes mixomas de mandíbula: padrão radiolúcido em “bolhas de sabão”

(NEVILLE et al., 2016)


CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS
LESÃO RADIOLÚCIDA NA MAXILA ANTERIOR MOSTRANDO FINAS TRABÉCULAS ÓSSEAS RESIDUAIS FORMANDO ÂNGULOS RETOS
UMAS COM AS OUTRAS (PADRÃO EM “DEGRAUS DE ESCADA”)

(NEVILLE et al., 2016)


CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS
LESÃO RADIOLÚCIDA, MULTILOCULAR, EXPANSIVA EM REGIÃO POSTERIOR DE MAXILA

(NEVILLE et al., 2016)


CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS
A LESÃO POSSUI UMA CONSISTÊNCIA MAIS GELATINOSA

• No momento da cirurgia ou do exame macroscópico do espécime: aspecto gelatinoso e frouxo

• Tumor composto por células arranjadas em formado estrelado fusiforme ou arredondado

• Estroma abundante, frouxo e mixoide, que contém somente algumas fibrilas colágenas

• Pequenas ilhas de restos epiteliais odontogênicos de aspecto inativo podem ser evidenciadas

• Raramente exibe calcificações similares a cemento

(NEVILLE et al., 2016)


TRATAMENTO
Excisão cirúrgica (conservador ou radicular)

Para lesões maiores, ressecções mais extensas podem necessárias, uma vez que os mixomas não são
encapsulados e tendem a infiltrar o osso adjacente

(NEVILLE et al., 2016)


REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
NEVILLE, B. W.; DAMM, D. D. Título: Patologia Oral & Maxilofacial. 2016.
SEMIOLOGIA E PROCESSOS PATOLÓGICOS BUCAIS

OBRIGADO PELA
ATENÇÃO!
eduardocq2009@hotmail.com

Quixadá - 2021

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