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FUNDAÇÕES PROFUNDAS

- Capacidade de Carga -

Prof(a): Ana Patrícia Nunes Bandeira, D.Sc.

UFCA
1º semestre / 2018
Capacidade de carga

de estacas
- Aplicação de uma força vertical P que aumenta progressivamente;
- Hipótese simplificadora: primeiro há uma mobilização exclusiva do atrito lateral até
o máximo, para depois iniciar a mobilização gradativa da resistência de ponta;
- Com evolução do carregamento os recalques da estaca aumentam;
- Ao atingir a carga P2 a resistência de ponta também atinge a mobilização máxima
(P2=Qu=R=Capacidade de carga do elemento de fundação por estaca)
Capacidade de carga de estacas isoladas (Qu):

Qu = QL + Qp

QL  resistência devido ao atrito lateral

Qp resistência de ponta
Qu = capacidade de carga total da estaca;
W = peso próprio da estaca;
Qp = resistência de ponta;
QL resistência lateral;
qp=resistência de ponta em unidades de
tensão
f=qL=força de atrito=resistência lateral em
unidade de tensão=SqLi
Ap = área de ponta da estaca;
AL = área lateral da estaca = UxSDL

Estaca submetida à carga de ruptura de compressão.


Sendo qL + qp as tensões limites; AL e Ap as
respectivas áreas (lateral e de ponta), tem-se:

Qu= QL + Qp = qL.AL + qp.Ap

Área de Ponta:

Para estacas pré-moldadas de concreto com seção vazada, considera-se


como maciça, devido ao embuchamento que ocorre na cravação;

Para estacas metálicas, a área pode variar desde a real do perfil até a
correspondente ao retângulo envolvente;

Para estacas Franki, a Ap é calculada a partir do volume da base alargada,


admitida esférica, onde Ap=3.1415(3V/4xpi)^2/3.
Qu= QL + Qp = qL.AL + qp.Ap

Área Lateral

UxSDL

U é o perímetro do fuste;

Para estacas pré-moldadas de concreto com seção vazada,


considera-se o perímetro externo.

Em perfis metálicos utiliza-se o perímetro desenvolvido ao


longo das faces em contato com o solo. No entanto há solos
em que se forma vazio entre o solo e a alma do perfil.

Qu= UxS(qL.DL) + qp.Ap


Qu= UxS(qL.DL) + qp.Ap

U; DL; Ap  Variáveis geométricas da estaca

qL e qp  Variáveis geotécnicas
Qu= UxS(qL.DL) + qp.Ap

Qu= QL + Qp

- Nas estacas escavadas e de perfis metálicos cravados predomina a


resistência lateral.

- Em estacas longas cravadas em argila mole a resistência de ponta é


desprezível  estaca de atrito ou estaca flutuante.

- Estacas muito esbeltas em camadas de argila mole deve se verificar


a possibilidade de flambagem.

- Nas estacas cravadas mais robustas e nas estacas Franki


predominam a resistência de ponta.

- Quando a resistência lateral é desprezível tem-se a estaca de


ponta, como uma estaca apoiada em rocha sã.
Qu= UxS(qL.DL) + qp.Ap

Os valores de qL e qp são determinados através de


métodos semiempíricos com algum ensaio “in situ”.
Também pode-se determinar a capacidade de carga
por métodos indiretos, utilizando formulações
teóricas, por meio da determinação de outros
parâmetros.
Capacidade de Carga das Estacas

FORMULAÇÕES TEÓRICAS

Para estaca de deslocamento, de concreto armado e de


seção circular.

a) Estaca em Areia:

b) Estaca em argila
Capacidade de Carga das Estacas

a) Estaca em Areia:

-Capacidade por Atrito Lateral (Conceito Clássico):

qL = s’n.tgd = k. s’vo.tgd
Qu= UxS(qL.DL) + qp.Ap
s’vo = tensão efetiva vertical = g.z
s’n = tensão normal efetiva atuando ao redor do fuste da estaca
d = ângulo de atrito entre a estaca e o solo
k= coeficiente de empuxo - relação entre a tensão normal e
a vertical (s’n /s’vo)

K pode ser estimado em Nq/50 qL = k.g.z.tgd


Capacidade de Carga das Estacas

- Capacidade por Atrito Lateral (Areia):

Moretto (1972) observou que o atrito lateral em areias


aumenta linearmente até uma profundidade igual a 15
vezes o diâmetro (D), permanecendo constante e igual ao
valor crítico para profundidades maiores.

Qu= UxS(qL.DL) + qp.Ap

qL = k.g.z.tgd

QL= UxL. qLméd


Capacidade de Carga das Estacas

* para estacas escavadas K corresponde, ao máximo, aos valores da estaca


metálica

Qu= UxS(qL.DL) + qp.Ap

qL = k.g.z.tgd

QL= UxL. qLméd


Capacidade de Carga das Estacas
a) Estaca em Areia: Capacidade de Ponta (Qp)

Tensão de ruptura de ponta – qp - (Conceito Clássico):

 A resistência de ponta (qp) pode ser considerada como


capacidade de carga de uma fundação direta de mesma base.

Desprezível para
qP = cNcSc + gDNqSq + g(B/2)NgSg fundações
profundas

qp≈Nq x s’v x Sq (s’v é máxima na profundidade igual a 15 vezes o diâmetro)

s’vo = tensão efetiva atuante ao nível da ponta da estaca


Nq=coef. de capacidade de carga em função de f.
Sq = fator de forma
Qp = (gD.Nq.Sq). Ap sendo D=15f
Nq* = Nq.Sq
Capacidade de Carga das Estacas
Para estaca de deslocamento, de concreto armado e de
seção circular.

b) Estaca em Argila:

Capacidade Por Atrito Lateral

Qu= UxS(qL.DL) + qp.Ap

atrito lateral unitário: qL = a.c QL = UxS(a.c .DL)

Onde:
c é a coesão não drenada da argila
a fator de adesão entre o solo e a estaca
Capacidade de Carga das Estacas
Para estaca de deslocamento, de concreto armado e de
seção circular.

b) Estaca em Argila:

-Capacidade de Ponta (fórmulas de Meyerhof, 1951 e


Skempton, 1951)
 A resistência de ponta (qp) pode ser considerada como
capacidade de carga de uma fundação direta de mesma base.
Qu= UxS(qL.DL) + qp.Ap

qP = cNc + gDNq. + g(B/2)Ng (Nc=9 para fundações profundas)


(Nq=1 e Ng=0 para argilas)

qp = 9c + gD  Qp = (9c + gD). Ap
Capacidade de Carga das Estacas

Métodos semi-empíricos

- Aoki e Velloso (1975)

- Décourt e Quaresma (1978)

- Teixeira (1996)
Capacidade de Carga das Estacas

Método Aoki e Velloso (1975)

Qu = Qp + QL  Rp+Rl

Qu= UxS(qL.DL) + qp.Ap

qp=qc/F1

qL=fs/F2

qc = tensão de ponta do ensaio de cone


fs = atrito lateral unitário na luva

F1 e F2 são fatores correção (de escala e de


execução)
Método Aoki e Velloso (1975)
Qu= UxS(qL.DL) + qp.Ap
qp=qc/F1 Estaca F1 F2
pré-moldada de
1+(D/0,8) 2F1
qL=fs/F2 concreto
Metálica 1,75 3,50
qc = K.N Escavadas 3,00 6,00
fs= a qc = a.K.N Franki 2,50 5,00
Raiz, Hélice
contínua e 2,0 2F1
Ômega
(ajustados por meio de 63 provas de carga;
adaptado de Aoki e Velloso, 1975)
Onde:
Np= SPT da cota de apoio da estaca (da sondagem mais próxima);
NL= SPT médio da camada de espessura DL(da sondagem mais próxima);
k e a = coeficientes que dependem do solo;
Ap = área da ponta da estaca;
U=perímetro da seção transversal estaca
Coeficiente K e razão de atrito a - Aoki e Velloso (1975)

TIPO DE SOLO K (tf/m2) a (%)


Areia 100 1,4
Areia siltosa 80 2,0
Areia silto-argilosa 70 2,4
Areia argilosa 60 3,0
Areia argilo-siltosa 50 2,8
Silte 40 3,0
Silte arenoso 55 2,2
Silte areno-argiloso 45 2,8
Silte argiloso 23 3,4
Silte argilo-arenoso 25 3,0
Argila 20 6,0
Argila arenosa 35 2,4
Argila areno-siltosa 30 2,8
Argila siltosa 22 4,0
Argila silto-arenosa 33 3,0
Capacidade de Carga das Estacas
Método Décourt e Quaresma (1978)

Qu = qP  AP  qL  AL O atrito lateral unitário é dado por:


ql=10.(N/3+1) kN/m2
ql=N/3+1 tf/m2

Onde:

K = coeficiente em função do solo;


Nmédio = média dos valores de N um metro acima, um metro abaixo e na profundidade
considerada;
NL = valor médio do SPT ao longo do fuste, sem levar em consideração os utilizados no cálculo da
resistência de ponta (N<3 deve ser considerado 3 e N>50 deve ser cons. 50 para estacas de
deslocamento e escavadas com bentonita; Nl<=15 para Strauss e tubulões a céu aberto);

Ap = área da ponta da estaca;


AL = área lateral.
Capacidade de Carga das Estacas
Valores do coeficiente K em função do tipo de solo
Método Décourt e Quaresma (1978)

TIPO DE SOLO K (tf/m2)

Argila 12

Silte argiloso* 20

Silte arenoso* 25

Areia 40

*solos residuais
Capacidade de Carga das Estacas
Para Estacas em Geral: (a ; b)
Método Décourt e Quaresma (1978)

O atrito lateral unitário é dado por:


qL=10.(N/3+1) kN/m2
Capacidade de Carga das Estacas
Para Estacas em Geral:
Método Décourt e Quaresma (1978)
Capacidade de Carga das Estacas

Método Teixeira (1996)

Qu=a.Np.Ap + b. NL.U.DL

Onde:

Np = média dos valores de N medido no intervalo de 4 diâmetros acima da ponta


da estaca e 1 diâmetro abaixo;

NL = valor médio do SPT ao longo do fuste;


Capacidade de Carga das Estacas
Método Teixeira (1996)
Capacidade de Carga das Estacas

Método Teixeira (1996)


Capacidade de Carga das Estacas

Para a obtenção da carga admissível das estacas, deve-se


aplicar o seguinte fator de segurança

FL= 1,3
Fp=4,0
Capacidade de Carga das Estacas
Efeito de Grupo
A maioria das fundações em estacas emprega grupos, de 2 a 9 estacas, interligadas por
um bloco de coroamento, de concreto;

A capacidade de carga do grupo pode ser diferente da soma dos valores de capacidade
de carga dos elementos isolados que o compõem. O efeito de grupo pode ser
quantificado pela eficiência de grupo (n);

N = Qg/SQi (geralmente igual ou superior a 1)

Qg=cap carga do grupo


Qi = cap carga do elemento isolado de fundação

Qp(grupo)=SQpi ; QL(grupo)>=SQLi ;

Para 09 estacas cravadas em areia, com espaçamento de 2,5f, a eficiência é de 1,5 a


1,7.

O bloco de coroamento também contribui, pois transmite diretamente ao solo parte da


carga do grupo de estacas (<=20%)
Atrito Negativo e Efeito Tschebotarioff

Atrito negativo  quando o recalque por adensamento supera o


recalque da estaca. Com isso há uma solicitação adicional vertical na
estaca;

Efeito de Tschebotarioff  provocado por sobrecargas unilaterais na


superfície, gerando esforços horizontais nas estacas (EX.: aterro de
acesso de pontes)

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