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Semântica da Lógica

Proposicional
Interpretação
• A semântica associa um significado a cada objeto sintático. Assim, quando se
escreve a fórmula P∧Q, dependendo dos valores de P e Q, esta fórmula pode ser
verdadeira ou falsa.

• O significado (semântica) dos elementos sintáticos da linguagem da


lógica proposicional é determinado por uma função binária total,
denominada interpretação. Esta função associa a cada fórmula um valor
verdade (verdadeiro ou falso), que pode ser representado por {T, F} ou
{0, 1} (notação da álgebra booleana).

• Formalizando o conceito de interpretação, temos:


• Definição (função binária): uma função é binária se seu contradomínio
possui apenas 2 elementos.
• Definição (função total): uma função é completa se é definida em todos os
elementos de seu domínio.
• Definição (interpretação): na lógica proposicional, uma interpretação I é
uma função binária total, tal que:
• O domínio de I é constituído pelo conjunto das fórmulas da lógica
proposicional;
• O contradomínio de I é o conjunto {T, F}.
Cálculo Proposicional
• O cálculo proposicional define a semântica da fórmula
segundo uma interpretação. Ele associa a cada fórmula
uma aplicação do tipo:
{T, F} N ⇒ {T, F}
• sendo N, o número de símbolos proposicionais e verdade da
fórmula.

• Ou seja, cada fórmula da lógica proposicional possui uma


interpretação. Sendo H uma fórmula e I uma
interpretação, I[H] = T ou I[H] = F.
Semântica dos símbolos proposicionais
❖A definição da interpretação dos símbolos do alfabeto
proposicional é dada abaixo:

• Símbolos verdade: sua interpretação é fixa, como segue:


• I[True] = T e I[False] = F

• Símbolos proposicionais: dado um símbolo


proposicional P, ele pode assumir qualquer valor do
contradomínio de I. Assim:
• I [P] ∈ {T, F}
Semântica dos conectivos proposicionais
• Conectivos proposicionais: não possuem significado
isoladamente. Entretanto, por simplificação, a interpretação de
uma fórmula poderá ser denotada como significado do
conectivo. A descrição da interpretação dos conectivos é
apresentada a seguir:
• Dadas duas fórmulas proposicionais H e G.
• Negação (¬)
• Exemplo: ¬H
• Conjunção (∧)
• Exemplo: H ∧ G
• Disjunção (∨)
• Exemplo: E = H ∨ G
• Implicação (→)
• Exemplo: E = H → G
• Equivalência (↔)
• Exemplo: E = (H ↔ G)
Tabela Verdade associada ao conectivo de negação

P ¬P
T F
F T

Exemplo:
P = Estive em Moscou.
¬P = Não estive em Moscou.
Se I[P]=T então I[¬P]=F
Se I[P]=F então I[¬P]=T
Tabela Verdade associada ao conectivo “e”
P Q P˄Q
T T T
T F F
F T F
F F F

Exemplo:
P =Paulo é dentista
Q = Júlio é jogador de futebol.
H = P ∧ Q => H = Paulo é dentista e Júlio é jogador de futebol.
• Uma proposição conjuntiva só terá seu valor verdadeiro se ambas as
afirmativas forem verdadeiras, logo, nessa proposição composta acima
ambos têm de desempenhar tais funções para haver um valor lógico
verdadeiro.
Tabela Verdade associada ao conectivo “OU”
P Q P˅Q
T T T
T F T
F T T
F F F

Exemplo:
P =Irei a praia
Q = Irei ao cinema.
H = P ∨ Q => H = Irei a praia ou irei ao cinema.
• Uma proposição disjuntiva só terá seu valor falso se ambas as afirmativas forem falsas. De
outro modo será considerada verdadeira.
• Na proposição acima ou eu irei a um lugar ou irei a outro, mesmo não indo a um desses lugares
eu posso ir ao outro, só não posso deixar de ir a um deles.
Tabela Verdade associada ao conectivo “OU EXLUSIVO”
P Q P˅Q
T T F
T F T
F T T
F F F

Exemplo:
P =Irei a praia
Q = Irei ao cinema.
H = P ∨ Q => H = ou Irei a praia ou irei ao cinema.
• Uma proposição disjuntiva exclusiva só terá seu valor verdadeiro quando apenas uma das
proposições for verdadeira.
• Na proposição acima exclusivamente ou eu irei a um lugar ou irei a outro, irei a apenas um
lugar.
• uma sentença é necessariamente verdadeira, e a outra, necessariamente falsa.
Tabela Verdade associada ao conectivo “bi-implica” ou
“se e somente se”

P Q P↔Q
T T T
T F F
F T F
F F T

Exemplo:
P = Taís fica triste
Q = Brigam com Taís.
H = P ↔ Q => H = Taís fica triste se e somente se brigarem com ela.
• Para a proposição bicondicional ser verdadeira ambas as afirmações precisam ser
verdadeiras ou ambas precisam ser falsas, caso contrário a proposição bicondicional
será falsa.
Tabela Verdade associada ao conectivo “implica” ou “SE-ENTÃO”
P Q P→Q
T T T
T F F
F T T
F F T
Exemplo 1 :
P = Eu acordar de bom humor amanhã
Q = Irei a praia.
H = P → Q => H = SE Eu acordar de bom humor amanhã, ENTÃO irei à praia.
Exemplo 2 :
P = Paulo é dentista
Q = Júlio é jogador de futebol.
H = P → Q => H = SE Paulo é dentista, ENTÃO Júlio é jogador de futebol.
• Note que a condição necessária para eu ir à praia é ter acordado de bom humor.
• E no segundo exemplo a condição necessária para Júlio ser jogador de futebol é Paulo ser
dentista.
Análise do conectivo “implica” ou “SE-ENTÃO”

• Implicação condicional
• Hipótese resultando em uma conclusão
• Obrigação, contrato
• Exemplos
• Se eu for eleito, diminuirei os impostos
• Se você tirar nota 10 no exame nal, terá conceito A
• Se x é um número real maior que 10, então x 2 é um número real maior que 100
Análise do conectivo “implica” ou “SE-ENTÃO”
• Se eu passar na prova, vou viajar.
• Podemos formalizá-la como A → B.
• Considerando todas as combinações entre verdadeiro e falso para as letras
sentenciais A e B:
• 1. A é verdadeiro e B também o é. (linha 1 da tabela-verdade)
• Situação: Passei na prova e viajei.
• Logo, a armação é verdadeira.
• 2. A é verdadeiro e B é falso. (linha 2 da tabela-verdade)
• Situação: Passei na prova e não viajei.
• Logo, a armação é falsa, pois eu havia armado que, se passasse na prova, viajaria.
• 3. A é falso e B é verdadeiro. (linha 3 da tabela-verdade)
• Situação: Não passei na prova e viajei.
• Logo, a armação é verdadeira, pois eu não armei que, se não passasse na prova, não iria
viajar
• 4. A é falso e B também o é. (linha 4 da tabela-verdade)
• Situação: Não passei na prova e não viajei.
• Logo, a armação é verdadeira.
Análise do conectivo “implica” ou “SE-ENTÃO”
Condição suficiente e condição necessária
• A primeira parte da condicional é uma condição suficiente para obtenção de um
resultado necessário.
• Percebam, pois, que se alguém disser que:
• “Pedro ser rico é condição suficiente para Maria ser médica”,
• então nós podemos reescrever essa sentença, usando o formato da condicional.
➢ “Pedro ser rico é condição suficiente para Maria ser médica” é igual a:
➢ “Se Pedro for rico, então Maria é médica”

• Por outro lado, se ocorrer de alguém dizer que: “Maria ser médica é condição
necessária para que Pedro seja rico”, também poderemos traduzir isso de outra forma:
➢ “Maria ser médica é condição necessária para que Pedro seja rico” é igual a:
➢ “Se Pedro for rico, então Maria é médica”

• Ou seja: p suficiente para q necessária


• Não podemos, pois esquecer disso: Uma condição suficiente gera um resultado
necessário.
• Na proposição “Se p, então q”, a proposição p é denominada de antecedente,
enquanto a proposição q é dita consequente.
Tabela Verdade associada a conectivos

H G ¬H H˅G H˄G H→G H↔G


T T F T T T T
T F F T F F F
F T T T F T F
F F T F F T T
Exemplo: Tabela Verdade associada a uma fórmula
Considere a fórmula:
H = (¬P ∨ Q) → (Q ∧ P)

P Q ¬P ¬P˅Q Q˄P H
T T F T T T
T F F F F T
F T T T F F
F F T T F F
Exercício
Determine a tabela verdade associada às seguintes fórmulas:
a. (P ∧ Q) → ¬Q
b. (¬P ∨ Q) ↔ (P →Q)
c. (P → (¬Q →R)) ∨ ((P ∧ Q) → R)
Resposta Exercício
a) H = (P ∧ Q) → ¬Q

P Q ¬Q P∧Q (P ∧ Q) → ¬Q
T T F T F
T F T F T
F T F F T
F F T F T
Resposta Exercício
b) H = (¬P ∨ Q) ↔ (P →Q)

P Q ¬P ¬P ∨ Q P →Q (¬P ∨ Q) ↔ (P →Q)
T T F T T T
T F F F F T
F T T T T T
F F T T T T
Resposta Exercício
c) H = (P → (¬Q →R)) ∨ ((P ∧ Q) → R)
P Q R ¬Q ¬Q →R P∧Q P → (¬Q →R) (P ∧ Q) → R H
T T T F T T T T T
T T F F T T T F T
T F T T T F T T T
T F F T F F F T T
F T T F T F T T T
F T F F T F T T T
F F T T T F T T T
F F F T F F T T T
Exercício
Escreva as sentenças a seguir utilizando a linguagem da lógica
proposicional:
a. Patrícia é bonita e José é inteligente.
b. João gosta de frutas ou Moisés não gosta de verduras.
c. Se Maria não for à festa então João não ficará alegre.
d. Karina está segura se e somente se a vacina é eficiente.
e. Se eu sou feliz, você é infeliz e se você é infeliz, eu não sou feliz.
f. Para ser aposentado, a pessoa deve ser um adulto ou um idoso.
g. Se minha namorada vier, irei ao teatro somente se for uma peça de
comédia.
h. Quase todo político é desonesto.
Resposta Exercício
a. Patrícia é bonita e José é inteligente.
P = Patrícia é bonita
Q = José é inteligente
H=P∧Q

b. João gosta de frutas ou Moisés não gosta de verduras.


P = João gosta de frutas
Q = Moisés gosta de verduras
H = P ∨ ¬Q

c. Se Maria não for à festa então João não ficará alegre.


P = Maria vai a festa
Q = João fica alegre
H=¬P→¬Q

d. Karina está segura se e somente se a vacina é eficiente.


P = Karina está segura
Q = A vacina é eficiente
H=P↔Q
Resposta Exercício
e. Se eu sou feliz, você é infeliz e se você é infeliz, eu não sou feliz.
P = Eu sou feliz
Q = Você é feliz
H = (P → ¬ Q) ∧ (¬ Q → ¬P)

f. Para ser aposentado, a pessoa deve ser um adulto ou um idoso.


P = Ser aposentado
Q = ser adulto
R = Ser idoso
H = P→ (Q ∨ R)

g. Se minha namorada vier, irei ao teatro somente se for uma peça de comédia.
P= Minha namorada veio
Q = Irei ao teatro
R = É uma peça de comédia
H = P → (Q ↔ R)

h. Quase todo político é desonesto.


Não é possível representar o “quase” na lógica proposicional, portanto não é possível representar essa
sentença.
Exercício Lógico
Após a morte, o espírito de um homem foi conduzido às portarias
do céu e do inferno. Nesse local, havia duas portas exatamente
iguais. Uma para o céu e outra para o inferno. Havia também dois
porteiros, um perfeitamente honesto e outro completamente
mentiroso. Os porteiros se conheciam, isto é, o mentiroso sabia
que o outro era honesto e vice-versa. Entretanto, o espírito do
homem que morreu não os conhecia. Como que o espírito
descobriu a porta do céu fazendo uma única pergunta para um
dos porteiros?
Semântica dos conectivos proposicionais
• Dadas duas fórmulas proposicionais H e G.
• “NÃO” - Negação: Se E = ¬H, então:
I[E] = F, para I[H] = T.
I[E] = T, para I[H] = F.
• “E” - Conjunção (∧) : Se E = (H ∧ G), então:
I[E] = F, para I[H] = F e/ou I[G] = F.
I[E] = T, para I[H] = T e I[G] = T.
• “OU” - Disjunção (∨) : Se E = (H ∨ G), então:
I[E] = F, para I[H] = F e I[G] = F.
I[E] = T, para I[H] = T e/ou I[G] = T.
• “SE-ENTÃO” - Implicação (→) : Se E = (H → G), então:
I[E] = F, para I[H] = T e I[G] = F.
I[E] = T, para I[H] = F e/ou I[G] = T.
• “SE E SOMENTE SE” - Equivalência (↔) : Se E = (H ↔ G), então:
I[E] = F, para I[H] ≠ I[G].
I[E] = T, para I[H] = I[G].
Observações:
• O conectivo → denota o conceito de “necessidade” (o
consequente (G) indica o que é necessário para que o
antecedente (H) ocorra). Uma condição “necessária” é um
pré-requisito para que um fato ocorra, mas sua veracidade
não é suficiente para garantir que o fato também seja verdade.

• O conectivo ↔ denota o conceito de “suficiência” (o


consequente (G) indica o que é suficiente para que o
antecedente (H) ocorra, ou seja, tudo que é necessário). Uma
condição “suficiente” é o conjunto de todos os pré-requisitos
necessários para que um fato ocorra. Assim, a veracidade
desse conjunto garante a veracidade do fato.
Exemplo
• Sejam P e Q duas proposições. Demonstrar com a ajuda da
definição de interpretação dos conectivos que:
(P → Q) ⇔ (Q ∨ ¬P).
• Solução:
Para I[P → Q] = T ⇒ I[P] = F e/ou I[Q] = T
Se I[P] = F ⇒ I[¬P] = T ⇒ I[Q ∨ ¬P] = T
Se I[Q] = T ⇒ I[Q ∨ ¬P] = T

Para I[P → Q] = F ⇒ I[P] = T e I[Q] = F


Se I[P] = T e I[Q] = F ⇒ I[¬P] = F e I[Q] = F ⇒ I[Q ∨ ¬P] = F
Como para qualquer interpretação I,
I[P → Q] = I[Q ∨ ¬P], então (P → Q) ⇔ (Q ∨ ¬P) é válido.

P Q ¬P P→ Q Q ∨ ¬P (P → Q) ⇔ (Q ∨ ¬P)
T T F T T T
T F F F F T
F T T T T T
F F T T T T
Exercício
Sejam P e Q duas proposições. Demonstrar com a ajuda da
definição de interpretação dos conectivos que:
a. P ↔ Q ⇔ (P → Q) ∧ (Q → P)
b. ¬ (P ↔ Q) ⇔ (P ∧ ¬Q) ∨ (Q ∧ ¬P)
c. P ∧ Q ⇔ ¬(¬P ∨ ¬Q)
Resposta Exercício
Solução:
a. P ↔ Q ⇔ (P → Q) ∧ (Q → P)
Para I[P ↔ Q] = T ⇒ I[P] = I[Q]
Se I[P] = T ⇒ I[Q] = T ⇒ I[P → Q] = T e I[Q → P] = T
Então I[(P → Q) ∧ (Q → P)] = T
Se I[P] = F ⇒ I[Q] = F ⇒ I[P → Q] = T e I[Q → P] = T
Então I[(P → Q) ∧ (Q → P)] = T
Para I[P ↔ Q] = F ⇒ I[P] ≠ I[Q]
Se I[P] = T ⇒ I[Q] = F ⇒ I[P → Q] = F e I[Q → P] = T
Então I[(P → Q) ∧ (Q → P)] = F
Se I[P] = F⇒ I[Q] = T ⇒ I[P → Q] = T e I[Q → P] = F
Então I[(P → Q) ∧ (Q → P)] = F

Como para qualquer interpretação I,


I[P ↔ Q ] = I[(P → Q) ∧ (Q → P) ], então P ↔ Q ⇔ (P → Q) ∧ (Q → P) é válido.
Resposta Exercício
Solução:
b. ¬ (P ↔ Q) ⇔ (P ∧ ¬Q) ∨ (Q ∧ ¬P)
Para I[¬ (P ↔ Q)] = T ⇒ I[P] ≠ I[Q]
Se I[P] = T ⇒ I[Q] = F ⇒ I[P ∧ ¬Q] = T e I[Q ∧ ¬P] = F
Então I[(P ∧ ¬Q) ∨ (Q ∧ ¬P)] = T
Se I[P] = F ⇒ I[Q] = T ⇒ I[P ∧ ¬Q] = F e I[Q ∧ ¬P] = T
Então I[(P ∧ ¬Q) ∨ (Q ∧ ¬P)] = T
Para I[¬ (P ↔ Q)] = F ⇒ I[P] = I[Q]
Se I[P] = T ⇒ I[Q] = T ⇒ I[P ∧ ¬Q] = F e I[Q ∧ ¬P] = F
Então I[(P ∧ ¬Q) ∨ (Q ∧ ¬P)] = F
Se I[P] = F ⇒ I[Q] = F ⇒ I[P ∧ ¬Q] = F e I[Q ∧ ¬P] = F
Então I[(P ∧ ¬Q) ∨ (Q ∧ ¬P)] = F

Como para qualquer interpretação I,


I[¬ (P ↔ Q) ] = I[(P ∧ ¬Q) ∨ (Q ∧ ¬P)], então ¬ (P ↔ Q) ⇔ (P ∧ ¬Q) ∨ (Q ∧ ¬P) é válido.
Resposta Exercício
Solução:
c. P ∧ Q ⇔ ¬(¬P ∨ ¬Q)
Para I[P ∧ Q] = T ⇒ I[P] = T e I[Q] = T
Se I[P] = T e I[Q] = T ⇒ I[¬(¬P ∨ ¬Q) ] = T
Para I[P ∧ Q] = F ⇒ I[P] = F e/ou I[Q] = T
Se I[P] = F e/ou I[Q] = T ⇒ I[¬(¬P ∨ ¬Q)] = F

Como para qualquer interpretação I,


I[P ∧ Q ) ] = I[¬(¬P ∨ ¬Q) ], então P ∧ Q ⇔ ¬(¬P ∨ ¬Q) é válido.

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