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GEOGRAFIA

E-BOOK

HISTÓRIA

CIÊNCIAS GEOGRAFIA CIÊNCIAS DA LINGUAGENS MATEMÁTICA


HUMANAS NATUREZA

1
SUMÁRIO
O Ensino de História .................................................................................................................... 07

História de Mundo Novo ........................................................................................................... 09

O Fundador - Biografia ............................................................................................................... 11

O Monte da Santa Cruz a primeira Igreja e seus Párocos ........................................... 13

Emancipação Política de Mundo Novo ............................................................................... 18

Histórico de alguns Povoados e Distritos .......................................................................... 23

Os indígenas ................................................................................................................................ .. 37

Os negros ........................................................................................................................................ 39

Comunidade Quilombola ....................................................................................................... 41

Os Bandeirantes .......................................................................................................................... 44

Eulálio Motta e Dante de Lima ............................................................................................... 47

Movimento Florir Vida ............................................................................................................... 50

Museus ............................................................................................................................................ 52

Ruas e Praças ................................................................................................................................. 58

Escolas .............................................................................................................................................. 64

Patrimônios Materiais de Mundo Novo ............................................................................ 71

Patrimônios Imateriais de Mundo Novo ................................................................... 76

Simbolos Oficiais ............................................................................................................. 79

Pontos Turísticos .............................................................................................................. 84

2
Festas Populares de Mundo Novo Sede ............................................................................. 88

Festas Populares de Mundo Novo Povoados e Distritos ............................................. 93

Samba Chula e Samba de Roda .............................................................................................. 97

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DA BARRA ................................................................................... 101

Rádio Santa Cruz, APROMIM e APEM ................................................................................ 105

Organização Social e Política de Mundo Novo ............................................................. 108

Religiões ............................................................................................................................ 111

Sociedade Filarmônica ................................................................................................... 114

Expediente:
Projeto “Minha terra, meu orgulho!”: Plataforma 4

Educadora Responsável: Melyssa Fonseca de Miranda Chaves

Coordenação do Curso: Vanuza Barreiros

Revisão de conteúdo: Vanuza Barreiros

Revisão ortográfica: Ivalda Gusmão e Ivana Carnaúba

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MUNICÍPIO: MUNDO NOVO/BA
MINHA TERRA, MEU ORGULHO!
CURSO DE RECUPERAÇÃO DE DEFASAGEM ESCOLAR COM RESSIGNIFICAÇÃO DO ENSINO
FUNDAMENTAL | ANOS FINAIS
COMPONENTE CURRICULAR: História
ORGANIZADORAS: Profa. Mariza Pereira | Profa. Vanderlúcia Pereira
EIXOS TEMÁTICOS:
HISTÓRIA: TEMPO, ESPAÇO E FORMA DE REGISTROS; AS PESSOAS E OS GRUPOS QUE COM-
PÕEM A CIDADE E O MUNICÍPIO; TRABALHO E FORMA DE ORGANIZAÇÃO CULTURAL E
SOCIAL.

O Ensino de História município e o território, as relações estabelecidas entre eles


REF. BNCC: EF06HI01 e os eventos que marcam a formação da cidade, como
Identificar diferentes formas de compreensão da noção fenômenos migratórios (vida rural/vida urbana), desmata-
de tempo e de periodização dos processos históricos mentos, estabelecimento de grandes empresas etc.
(continuidades e rupturas).
Os negros
História de Mundo Novo REF. BNCC: EF03HI01
REF. BNCC: EF06HI01 Identificar os grupos populacionais que formam a cidade, o
Identificar diferentes formas de compreensão da noção município e o território, as relações estabelecidas entre eles
de tempo e de periodização dos processos históricos e os eventos que marcam a formação da cidade, como
(continuidades e rupturas). fenômenos migratórios (vida rural/vida urbana), desmata-
mentos, estabelecimento de grandes empresas etc.

O Fundador - Biografia
REF. BNCC: EF06HI01 Comunidade Quilombola
Identificar diferentes formas de compreensão da noção REF. BNCC: EF03HI01
de tempo e de periodização dos processos históricos Identificar os grupos populacionais que formam a cidade, o
(continuidades e rupturas). município e o território, as relações estabelecidas entre eles
e os eventos que marcam a formação da cidade, como
fenômenos migratórios (vida rural/vida urbana), desmata-
O Monte da Santa Cruz a primeira Igreja e mentos, estabelecimento de grandes empresas etc.
seus Párocos
REF. BNCC: EF06HI01
Os Bandeirantes
Identificar diferentes formas de compreensão da noção
REF. BNCC: EF03HI01
de tempo e de periodização dos processos históricos
Identificar os grupos populacionais que formam a cidade, o
(continuidades e rupturas).
município e o território, as relações estabelecidas entre eles
e os eventos que marcam a formação da cidade, como
Emancipação Política de Mundo Novo fenômenos migratórios (vida rural/vida urbana), desmata-
REF. BNCC: EF06HI01 mentos, estabelecimento de grandes empresas etc.
Identificar diferentes formas de compreensão da noção
de tempo e de periodização dos processos históricos
Eulálio Motta e Dante de Lima
(continuidades e rupturas).
REF. BNCC: EF03HI01
Identificar os grupos populacionais que formam a cidade, o
Histórico de alguns Povoados e Distritos município e o território, as relações estabelecidas entre eles
REF. BNCC: EF06HI01 e os eventos que marcam a formação da cidade, como
Identificar diferentes formas de compreensão da noção fenômenos migratórios (vida rural/vida urbana), desmata-
de tempo e de periodização dos processos históricos mentos, estabelecimento de grandes empresas etc.
(continuidades e rupturas).
Movimento Florir Vida
Os indígenas REF. BNCC: EF03HI01
REF. BNCC: EF03HI01 Identificar os grupos populacionais que formam a cidade, o
Identificar os grupos populacionais que formam a cidade, o município e o território, as relações estabelecidas entre eles

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e os eventos que marcam a formação da cidade, como Festas Populares de Mundo Novo
fenômenos migratórios (vida rural/vida urbana), desmata- Povoados e Distritos
mentos, estabelecimento de grandes empresas etc. REF. BNCC: EF06HI16
Caracterizar e comparar as dinâmicas de abastecimento
Museus e as formas de organização do trabalho e da vida social
REF. BNCC: EF01HI01BA em diferentes sociedades e períodos.
Conhecer a história da sua comunidade a partir de do-
cumentários, livros, locais ou regionais, que estabeleçam Samba Chula e Samba de Roda
relações com a história local. REF. BNCC: EF06HI16
Caracterizar e comparar as dinâmicas de abastecimento
e as formas de organização do trabalho e da vida social
Ruas e Praças
em diferentes sociedades e períodos.
REF. BNCC: EF01HI01BA
Conhecer a história da sua comunidade a partir de do-
cumentários, livros, locais ou regionais, que estabeleçam Rádio Santa Cruz, APROMIM e APEM
relações com a história local. REF. BNCC: EF06HI16
Caracterizar e comparar as dinâmicas de abastecimento
e as formas de organização do trabalho e da vida social
Escolas em diferentes sociedades e períodos.
REF. BNCC: EF01HI01BA
Conhecer a história da sua comunidade a partir de do-
cumentários, livros, locais ou regionais, que estabeleçam
Organização Social e Política
relações com a história local. de Mundo Novo
REF. BNCC: EF01HI01BA
Conhecer a história da sua comunidade a partir de mi-
Patrimônios Materiais de Mundo Novo tos, documentários, livros e contos populares, locais ou
REF. BNCC: EF05HI10BA regionais, que estabeleçam relações com a história local.
Conhecer e valorizar os patrimônios materiais e imate-
riais da região onde mora como representação da diver-
Religiões
sidade cultural da Bahia. REF. BNCC:

Patrimônios Imateriais de Mundo Novo Sociedade Filarmônica


REF. BNCC: EF05HI10BA
REF. BNCC:
Conhecer e valorizar os patrimônios materiais e imate-
riais da região onde mora como representação da diver-
sidade cultural da Bahia.

Simbolos Oficiais
REF. BNCC: EF05HI10BA
Conhecer e valorizar os patrimônios materiais e imate-
riais da região onde mora como representação da diver-
sidade cultural da Bahia.

Pontos Turísticos
REF. BNCC: EF06HI16
Caracterizar e comparar as dinâmicas de abastecimento
e as formas de organização do trabalho e da vida social
em diferentes sociedades e períodos.

Festas Populares de Mundo Novo


Sede
REF. BNCC: EF06HI16
Caracterizar e comparar as dinâmicas de abastecimento
e as formas de organização do trabalho e da vida social
em diferentes sociedades e períodos.

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AS ORGANIZADORAS

Mariza Vanderlúcia
Pereira Guimarães Pereira Cunha
da Cunha Sampaio
*** Especialização *** Especialização
Educação Infantil Ensino de Geografia
Instituto Pró Saber – Universidade Cândido Mendes Universidade Candido Mendes

*** Ensino Superior *** Especialização


Licenciatura Plena em Educação Física Psicopedagogia Institucional
UnB – Universidade de Brasília - Pólo Piritiba/Ba Universidade Candido Mendes

*** Ensino Superior *** Especialização


Licenciatura Plena em Pedagogia Licenciada em Geografia
FAIARA - Faculdade Integrada de Araguatins Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

*** Ensino Superior *** Especialização


Licenciatura Plena em Artes Licenciada em Pedagogia
FACIBRA - Faculdade de Ciências de Venceslau Braz/PR Faculdade de Ciências Educacionais (FACE)

*** Especialização
Licenciada em Ciências Biológicas
Faculdade de Ciências de Wenceslau Braz (Facibra)

6
O ENSINO DE HISTÓRIA

O Ensino de História é essencial para a presente e, até mesmo, pela possibilidade de


formação social do indivíduo, pois possibili¬- transformá-lo.” Dessa maneira, o Ensino de
ta ao mesmo tempo a sua percepção como História tem como objetivo proporcionar a for-
sujeito atuante da História ao refletir, apren¬- mação da consciên¬cia crítica, oportunizando
der e analisar sobre as relações dos diferen¬- ao estudante perce¬ber-se enquanto sujeito
tes grupos humanos em tempos e espaços histórico e transforma¬dor da sua realidade. O
distintos. De acordo com a Base Nacional Co- componente curricular História possibilita as-
mum Curricular (BNCC), um dos importan¬- sim, conhecer e refletir sobre a diversidade dos
tes objetivos do ensino de História no Ensi¬- sujeitos como resulta¬do, mas também como
no Fundamental é estimular a autonomia de os responsáveis pela construção de processos

Imagem de internet

pensamento, buscando eliminar preconcei¬- históricos, o que esti¬mula o pensamento críti-


tos historicamente reproduzidos e a capaci¬- co e a autonomia para o exercício da cidadania.
dade de reconhecer que os indivíduos agem
de acordo com a época e o lugar nos quais Partindo desses pressupostos, iremos
vivem, de forma a preservar ou transformar percorrer sobre a História do nos¬so municí-
seus hábitos e condutas. pio e suas características políticas, econômicas,
sociais, culturas e naturais. Vamos entender o
Segundo Catelli Jr. “A História é o es- processo histórico desde o surgi¬mento da ci-
tu¬do das experiências humanas no tem- dade até os dias atuais, para me¬lhor compre-
po, sendo que a busca pelo passado é sem- ensão da história futura da nossa comunidade.
pre alimentada pelo desejo de refletir sobre o

7
O município de Mundo Novo Bahia
situado no Território de identidade do Pie-
monte do Paraguaçu, incrustada na borda da Quer dizer que se deve ir além do sen-
Chapada Diamantina no centro norte baiano. so comum e criar argumentos favorá-
Possui uma vasta área de vegetação natural veis ou desfavoráveis a uma linha de
uma grande multiplicidade cultural que per- pensamento ou outra, com base nos
corre todos os povoados e distritos do muni- conhecimentos já produzidos ou em
cípio com acentuada economia para a agro- novas pesquisas que sejam realizadas
pecuária e o comércio local. com critérios adequados. Os argumen-
tos devem estar baseados em leituras e
É importante observar que conhecer as pesquisas. Esse procedimento vale tan-
múltiplas experiências humanas ao longo do to para o ensino de História como para a
tempo é uma oportunidade de refletir acer- formação de cidadãos capazes de fazer
ca das relações humanas em diferentes tem- escolhas na vida social.
pos e espaços e colabora para a construção
de um pensamento histórico-crítico, baseado (Catelli Jr., 2019, p.185)
na observação, análise e reflexão sobre essas
experiências. Assim, compreendemos que o Dentro dessa perspectiva, vamos conhecer
ensino de história assume o papel de ajudar mais de perto como tudo se iniciou, com a possibili-
os estudantes a desenvolverem o pensamen- dade de esclarecer inquietações da condição humana,
to crítico, entendendo que o conhecimento extrapolando o período analisado e fazendo rela¬ções
com o presente. Neste sentido, é importante conhecer
histórico é subjetivo (Catelli, 2019). Por isso a
a realidade e a história das comunidades locais, tendo
História não está acabada e definida, ela sem- em vista refletir criticamente acerca dos processos his-
pre se apresenta como uma narrativa possível tóricos e dos personagens que ganharam destaque na
de ser interpretada e compreendida de dife- nossa História, colaboran¬do para o desenvolvimento
rentes maneiras, contanto que essas interpre- do pensamento autô¬nomo e crítico dos nossos estu-
tações estejam baseadas em argumentos que dantes.
fundamentem determinados posicionamen-
tos. Para Catelli Jr.:

COMO TUDO COMEÇOU


A cidade de Mundo Novo originou-se montanha, um riacho cristalino, vendo tam-
de uma pequena vila, a partir de uma fazen- bém, em todas as direções, a grande exube-
da. De acordo com o “mito da fundação” da rância de matas virgens e frondosas que se
cidade, em 1833, José Carlos da Motta, natu- lhe apresentavam às vistas. Maravilhado ante
ral da cidade de Alagoinhas, partiu de Mon- tão belo quadro, José Carlos da Mota profe-
te Alegre, hoje Mairi, acompanhado de dois riu, entusiasmado, a seguinte e feliz exclama-
outros exploradores em busca de pastagens ção: “Isto aqui é um Mundo Novo”!
e água para o gado, pois na época o sertão
baiano sofria uma grande estiagem. Segundo
Adolfo Alves Barreto (1946, p. 3): José Carlos
da Mota, depois de muitos dias de penosa
exploração pelo interior das matas, em busca
de um lugar que tivesse agua perene e potá-
vel, chegou à encosta da montanha mais pró-
xima ao local onde é hoje a cidade de Mundo
Novo e daí viu, a correr, partindo do sapé da

8
HISTÓRIA DE MUNDO NOVO

O Município de Mundo Novo Bahia, si¬tuado tros acima do nível do mar, sendo seu ponto
no Território de identidade do Pie-monte do culminante o Monte da Santa Cruz, com uma
Paraguaçu, incrustada na borda da Chapada altitude de 735 metros.
Diamantina. Está a uma altitude de 489 me-

O território do município, antes de de arre¬matação em praça pelo Visconde de


desbravado, era grande sesmaria (Sesma- Itapicu¬ru, na Vila de Nossa Senhora do Ro-
ria era um lote de terras distribuído a um sário de Porto de Cachoeira. Esta sesmaria,
bene¬ficiário, em nome do rei de Portugal, com cerca de cinquenta léguas em quadro,
com o objetivo de cultivar terras virgens) há situava-se entre Orobó e Monte Alegre – hoje
muitos anos abandonada e que fora objeto Mairi e Rui Barbosa.

9
A história conta, que no ano de 1833 para fugir com o rio Capivari.
aos efeitos da grande seca, José Carlos da Motta, natural
de Alagoinhas, neste Estado, acompanhado por Joaquim Quem chegava à terra não mais regressava. Fo-
José de Assunção e José Barbosa Cabrinha e alguns ou- ram se agrupando diversas casas em volta da casa de
tros fazendeiros da mesma região, partiu daquela locali- José Carlos da Motta, maneira bem interiorana e assim
dade em direção à zona de Morro de Chapéu, em busca começou a formação das diversas ruas. Ali foi formando
de um lugar em que houvesse água abundante e con- a praça do comércio, hoje praça Senador Cohim.
dições favoráveis à implantação de atividade agrícola e
pastoril. Esses bandeirantes penetraram os sertões ainda A partir do “achado” de José Carlos da
desconhecidos e chegaram a Monte Alegre e dali segui- Motta, agricultores às centenas, foram chegan-
ram em direção ao ponto desejado. do a Mundo Novo e apossando-se de suas terras,
formando um núcleo agrícola de minifúndios alta-
No curso da viagem, José Carlos da Motta, com sua mente produtivos, que logo transformaram a região
pequena bandeira, estacionou no local hoje conhe- numa grande área produtiva.
cido com o nome de Engenho, em 1833. Impressio-
nado com as matas e a farta vegetação nativa, com E o município crescia em importância social
a qualidade do solo e os mananciais de água po- e política. A fama de Mundo Novo se espalhava por
tável. Consta que o chefe da bandeira José Carlos todo Nordeste. Começaram a chegar os “coro-
da Mota, ao avistar as terras em que está situada a néis”, logo se transformando em grandes proprie-
cidade e suas adjacências, do alto da Várzea Bonita, tários e políticos de prestígio.
exclamou: Isto aqui é um Mundo Novo. Foi, portan-

to, o pouso da bandeira de José Carlos o fator deter- O distrito denominado de Nossa Senhora da
minante para a povoação do município. Conceição de Mundo Novo foi criado em 1857. No
dia 08 de agosto de 1896, pela Lei nº 144, o Conse-
Era o dia 10 de outubro daquele ano de lheiro Luiz Viana, Governador do estado da Bahia,
1833 a data considerada da fundação do Mundo elevava à categoria de cidades, as Vilas do Camisão
Novo. O colonizador, satisfeito com a riqueza da e do Mundo Novo.
terra descoberta, teve a ideia de povoar, conse-
guindo a vinda de novos colonos, que construíram Assim, Mundo Novo dava um salto não só
residências e ali se instalaram. Formou-se assim o conquistava a sua independência total, como se
povoado. igualava ao termo judiciário do Camisão, hoje Ipirá,
a quem até então estivera subordinado.
Ao se instalar em Mundo Novo o coloniza-
dor fez sua casa na atual Praça Senador Cohim. O
seu companheiro Joaquim José de Assunção insta-
lou-se defronte os fundos de sua casa limitando-se

10
O FUNDADOR

Fundador é considerado quem funda


algo juntamente com outrem, edifica, cons-
trói, ou estabelece o princípio de (algo), que
institui; instituidor, iniciador.

Sendo assim, vamos agora conhecer a


História do fundador da nossa cidade Mun-
do Novo.

O fundador de Mundo Novo, José


Carlos da Mota era baiano, natural do ar-
raial de Santo Antônio dos Brejões, termo a
freguesia de São João d’Água Fria. Era filho
natural de D. Mara de Mello Rodrigues e ca-
sado eclesiasticamente com D. Vicência Mar-
celina da Encarnação, que veio a falecer no
dia 28 de julho de 1860, na freguesia de São
João d’Água Fria. Do seu casamento com D.
Vicência Marcelina da Encarnação não teve
filhos. Mas, com cinco de suas escravas, teve
ele quatorze filhos.
José Carlos da Mota
Fundador de Mundo Novo

AS TERRAS DO
COMENDADOR

Não obstante ser o descobridor de vigário de Mundo Novo, então encarregado


Mundo Novo, José Carlos da Mota, quando do Registro de Imóveis.
da obrigatoriedade do registro das terras por
ele descobertas, foi o décimo segundo cida- No dia 12 de abril de 1858, o fundador
dão a cumprir a lei. Requereu o registro de de Mundo Novo atendendo ao mandamento
suas terras, através de petição dirigida ao Pe. legal, requereu registro de várias proprieda-
Antônio de Cerqueira Daltro Pinto, primeiro des suas.

11
IRONIAS DO DESTINO

José Carlos da Mota travou uma ba- o Brasil na guerra contra o Paraguai. Em re-
talha com o companheiro de expedição, Sr. compensa foi nomeado com a Comenda da
Joaquim José d’ Assunção. Um conflito que Ordem Rosa, passando, então a “Comenda-
durava dez anos e que se encontrava no Su- dor”.
premo Tribunal Federal, José Carlos da Mota
foi ao Rio de Janeiro pedir a intervenção do Conseguiu seu objetivo. A questão foi
Imperador D. Pedro II, para que o processo resolvida, mas o Comendador a perdeu. De-
chegasse ao seu término. cepcionado, retirou-se para a sua fazenda
Caldeirão Grande, hoje situada no município
Em audiência com o Imperador, nos- de Piritiba, aonde veio a falecer, no dia 22 de
so descobridor doou a importância de dezembro de 1877.
1: 000$000 (um conto de reis), para ajudar

O TESTAMENTO DO
COMENDADOR

No dia 11 de julho de 1877, ano de seu parentes uma das outras; e que por isso, não
falecimento, o nosso descobridor escreveu o havia impedimento de casar com qualquer
seu testamento. Declara que foi casado com uma delas. Reconheceu todos os quatorze
Vivência Marcelina da Encarnação, pelo qual filhos como legítimos, como se nascessem
não teve filhos, declarando que não teve de legítimo matrimônio e os instituiu todos
herdeiro legítimo, ascendentes nem descen- como herdeiros para serem os únicos suces-
dentes. Depois de viúvo, teve quatorze filhos sores na forma que por lei era permitido.
com cinco mulheres, todas solteiras, e não

12
MONTE DA SANTA CRUZ

Com a chegada do Pe. José Dias daria A inauguração da nova capela deu-se
um basta a sucessão de párocos que chega- no dia 3 de maio de 1910, data em que foi
vam e saiam continuamente de Mudo Novo. celebrada missa solene às sete e meia da ma-
Ele conquistou a confiança dos paroquianos nhã, com muita música, muito “foguetório” e
e soube impor sua autoridade de pastor de uma multidão de devotos.
um só povo. Iniciou uma campanha para a
reforma da matriz constituída ainda na admi- O Morro Santa Cruz tornou-se o sím-
nistração de Padre Daltro. Construiu em fren- bolo da cidade, sua capela é administrada e
te da igreja uma bela escadaria e reformou mantida pelo grande mundonovense Van-
totalmente a sua fachada que era até então, derlan Sampaio Araújo, fervoroso devoto de
de duas quedas. São Judas Tadeu, que a mantem em plena ati-
vidade, projetando grandes melhorias, com a
Naquela época, era totalmente cons- colaboração dos munícipes e do poder públi-
truída, no alto do morro poente, uma peque- co municipal.
na capela, que passaria a chamar-se “Santa
Cruz” e o morro onde foi edificada Morro
Santa Cruz.

A NOSSA PRIMEIRA IGREJA

Quem chegava à nova terra não mais


regressava. Foram se agrupando em volta da
casa de José Carlos da Mota, à maneira bem
interiorana: casinhas germinadas, por econo-
mia e segurança.

Ali foi se formando o largo que futura-


mente se tornaria a praça do comércio. Com
recursos próprios, foi erguida a primeira capela.
Edificaram-na no extremo da pracinha. E a pra-
cinha começou a crescer. Circulou a primeira ca-
pela que se estendeu ladeira acima pelas encos-
tas, onde surgiu a futura Rua da Igreja.

Passaram-se vinte e quatro anos. As ter-


ras não mais pertenciam a José Carlos da Motta.
Já uma comunidade expressiva, necessitava de
efetiva tutela da Província. E essa tutela só atra-
vés da Igreja Católica. No dia 31 de dezembro de
1857 era sancionada a Lei nº 669, que decretava:

13
“Art. 1. Fica elevada à matriz a capela
de Nossa Senhora da Conceção do Mun-
do Novo, com a denominação de Nossa
Senhora da Conceição do Mundo Novo.
Esta mesma lei elevada à categoria de
“VILA” “a povoação de Nossa Senhora
das Dores de Monte Alegre”

A primeira igreja de Mundo Novo foi


erguida na Praça Senador Cohin. A colocação
de sua pedra fundamental deu-se no dia 22
de setembro de 1844.

Foi inaugurada no dia 20 de abril de


1847, quando teve lugar a sua primeira ceri-
mônia religiosa, com o batizado do filho de
José de Assunção, cofundador da cidade.
como Pároco de Tapiramutá, onde iniciou seu
Um fato curioso que merece registro é trabalho pioneiro com surdos. Em 02 de Ju-
que tivemos apenas dois padres, o reveren- nho de 2002, foi nomeado Padre de Mundo
do Padre Nicanor de Oliveira Cunha que fa- Novo e desde então, coordenava o trabalho
leceu no dia 02 de dezembro de 2000, às 15 com os surdos do nosso município.
horas, na cidade de Salvador e foi substituído
pelo Pe. Francisco Verhelle, padre da Dioce-
se de Brugge, na Bélgica. Nasceu no dia 04
de junho de 1943 e foi ordenado no dia 21
de março de 1969, vindo para Diocese de Rui
Barbosa em 08 de abril de 1998. Trabalhou

MONSENHOR NICANOR
DE OLIVEIRA CUNHA

“O nosso Padre Nicanor viveu 85 Nasceu em Gavião, há 245 km da ca-


anos, dos quais 60 dedicados exclusivamen- pital, em 26 de abril de 1915. Entre os cole-
te à Igreja Católica, respeitando, no entanto, gas, conviveu com o Monsenhor Gaspar Sa-
todos os credos e ideologias o que o creden- dock desde que começaram os estudos de
ciou a praticar, discretamente, a política à Filosofia e Teologia, no seminário, a partir de
maneira conciliadora”. O Padre era altruísta, fevereiro de 1929. Começa sua carreira reli-
carinhoso, não guardava mágoas, e até na giosa em Coração de Maria após a ordenação
doença manteve-se bem humorado. Um ho- sacerdotal em dezembro de 1940. Daí segue
mem com pureza de criança, por isso as ama- para Mundo Novo onde assumiu, em 1944, o
va. Lembrava uma criança que era feliz com cargo de vigário coadjutor depois passando
pequenas coisas como comer doce de figo. a ecônomo; então em 1947 o Padre Nicanor
foi nomeado em definitivo para as Paróquias

14
ca (Umbuzeiro) também dirigiu a Cooperativa
Agropecuária da Região Central da Bahia, com
sede na cidade.

O Padre Nicanor tinha sensível veia polí-


tica, admirava grandes nomes nacionais como
Eduardo e Marta Suplicy, Mário Covas e Ulisses
Guimarães. De acordo com Djane Praxedes, sua
carinhosa cuidadora durante a fase enferma, o
monsenhor era aberto às mudanças, apoiava o
trabalho das Pastorais da Criança, da Saúde, dos
Jovens, Batismo, Família e Carcerária; acatava,
porém, com moderação, o grito dos excluídos.
“Ele encabeçou projetos sociais implantados
pela Diocese, apresentando-os à Câmara Mu-
nicipal, a exemplo da construção de cisternas,
projeto integrante da ASA (Articulação do Se-
mi-árido) ligado também ao Programa Fome
Zero”, relembra.

Djane acrescenta que o pároco respei-


tava a autoridade, seguia os preceitos da Igreja
Católica, porém não gostava de posições radi-
de Mundo Novo e Mairi. Adotou os mundo- cais. De tipo conciliador, ele apreciava a política,
novenses como seus irmãos e aí permaneceu praticando-a discretamente. Visitava os prefei-
até a volta à pátria espiritual. tos eleitos de qualquer partido político e apre-
sentava-se sempre às autoridades municipais
Nesses 56 anos, o sacerdote acumulou e estaduais que chegavam à cidade.
admiradores de todas as classes e idades, co-
laboradores, colegas e amigos. Para a Irmã Ce-
lestina Perón, que trabalhou em Mundo Novo
por quatro anos, ele continua presente como
orientador, sempre com carinho de Pai. “Pes-
soa ponderada, de muita fé, oração e muito es-
pírito de sacrifício. Sabia ser prudente em tudo,
com as Irmãs e com o povo. Em tudo ele sabia
dialogar. Sabia esperar!”, afirma com emoção.

Integrado à Diocese de Ruy Barbosa,


nosso condutor de ovelhas também trabalhou
inicialmente em Tapiramutá e Piritiba, visitava
constantemente as comunidades dos distritos
e fazendas. O vigário atuou em outras frentes,
foi um dos fundadores do Ginásio, atuando
como professor de Latim e Português. Confor-
me o professor João Gomes, o Dijinho, ele foi
Diretor da instituição por 10 anos (1955/1965),
vice-diretor (1970/1981) e membro do Conse-
lho Administrativo da Sociedade Civil Ginásio
Mundo Novo até a estadualização. No campo
administrativo, o dono do sítio Irmã Verôni-

15
Em seu texto lido na missa dos 60 anos
de sacerdócio, em 03 de dezembro de 2000,
pouco antes de morrer, nosso condutor es-
piritual disse: “rendo graças a Deus porque
encontrei em Mundo Novo, na sede e nas
comunidades, um povo bom, amigo e aco-
lhedor”, agradeceu as orações e zelo à terra
que adotou, a família, médicos, enfermeiros
e a Djane “que cuida tão bem de mim com
carinho e paciência de filha”.

Aconteceu, segundo ela, o que ele não


queria morrer fora de Mundo Novo. Faleceu
em 28 de dezembro de 2000 em Salvador.
Permaneça tranquilo padre, o senhor conti-
nua vivo entre nós, as suas ovelhas mundo-
Por influência do “velhinho alegre”, novenses.
Maricélia Magalhães Fentanes, tornou-se a
primeira religiosa nascida em Mundo Novo.
A Irmã Elizabeth foi encaminhada por ele para
estudar música em Feira de Santana, daí tor-
nou-se freira. A Irmã confirma que o padre deu
a vida pela Igreja e não tinha inimigos. Como
fazia a desobriga nas duas paróquias “ele fi-
cava até um mês fora visitando enfermos,
praticando casamentos, confissões, missas e
batizados”, conta a filha de D.Mercês.

Cidadão mundonovense, o Monse-


nhor Nicanor costumava ajudar as famílias
carentes dos bairros e roças com cestas bá-
sicas. Não gostava de mentiras nem fofocas,
era risonho e brincalhão com os amigos mais
chegados, a exemplo de Dr.Raimundo Costa,
médico que o assistia na cidade. Para D.Zezé,
ele era uma pessoa ética e educada, ela re-
lembra que o povo também brincava com o
padre, como na ocorrência da trombada do
jipe, cantando “Padre Nicanor, Padre Ni-
canor, foi pisar no freio e pisou no acelera-
dor”. Dessa parte ele não gostava.

O padre era hipertenso, sofreu uma


cirurgia de próstata e enfrentou com muita Texto de Leônidas Almeida.
coragem um câncer no intestino. Na fase de
tratamento, recebeu assistência incondicio-
nal de Djane de quem se tornou afetivamente
dependente; conforme a noviça, mesmo do-
ente “ele nunca foi agressivo, sempre pa-
ciente sem nunca se queixar de dor; rezava a
missa diariamente em casa”.

16
MONSENHOR FRANZ MARIE
ALOIS CESAR VERHELLE

Com a morte do padre Nicanor de Oli-


veira Cunha em 28 de dezembro de 2000, veio
da Diocese de Brugge na Bélgica o seu subs-
tituto, Pe. Francisco (Frans) Verhelle. Nascido
no dia 04 de junho de 1943 e ordenado no
dia 21 de março de 1969.

Chegou na Diocese de Ruy Barbosa em


08 de abril de 1998. Trabalhou como Pároco
de Tapiramutá (Ba), onde iniciou um trabalho
pioneiro com os surdos.

Foi nomeado Pároco da Paróquia de


Nossa Senhora da Conceição de Mundo
Novo, onde tomou posse no dia 02 de junho
de 2002.

17
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE
MUNDO NOVO

O ano de 1890 foi um ano promissor o natural desenvolvimento industrial e comer-


para o Brasil, o Império havia caído no des- cial da localidade.
crédito do ano anterior e, proclamada a Re-
pública, uma nova era de modernização e de A partir daquela data a “Vila do Mundo
progresso se iniciava no cenário nacional. Era Novo”, passou a gerir seus próprios destinos.
o início da Primeira República. Era agora um município, a célula, mas impor-
tante do regime federalista.
Na Bahia o momento era extrema-
mente confuso. É que aqui os republicanos No dia 27 daquele mesmo mês, o mu-
eram uma maioria inexpressiva e os políticos nicípio era solenemente instalado. Em sessão
perderam muto tempo “em cima do muro”, solene presidida por Joaquim Pereira Lima,
naquela posição acautelatória de proclamar presidente da Câmara Municipal de Monte
a fidelidade á Constituição e aos “poderes Alegre, eram empossadas nossas primeiras
constituídos”. autoridades municipais o Intendente (Prefei-
to), Sr. Amâncio Pedreira Gomes, e a primeira
Era tamanha instabilidade política que Câmara de Vereadores, composta do Srs. Jus-
entre 1889 e1890 a Bahia teve nada menos tiniano Duarte de Oliveira, Firmino Ferreira
que cinco governadores, sem contar com os Sampaio, Justiniano Pinto de Meireles, Sera-
“golpistas” que se proclamaram governado- fim Alves Barreto, Manoel Ferreira de Oliveira
res, mas não foram legalmente reconhecidos. e Antônio Paulino Victoria.
Nessa época os mundonovenses estavam en-
tusiasmados. Atravessavam uma das melhores A luta continuava, no dia 14 de junho
fases de sua jovem história e pressionaram o daquele mesmo ano, novo ato era baixa-
governo na luta pela emancipação política. do pelo segundo governador do Estado da
Bahia, o Mal. Hermes Ernesto da Fonseca.
Em 1º de março de 1890, o Governador Desta feita para criar o nosso foro cível com
do Estado, Dr. Manoel Victorino Pereira, resol- seu conselho de jurados.
veu atender as justas reivindicação da brava
gente mundonovense. Resolveu elevar a referi- Ainda na mesma ocasião foi nomeado
da Freguesia à categoria de Vila com a denomi- por meio delegado de Polícia do município, o
nação de “Vila do Mundo Novo”, considerando tenente Francisco Custódio de Lima, coronel
da antiga Guarda Nacional.

18
TRAJETÓRIA POLÍTICA

FORMAÇÃO ADMINISTRATIVA

Distrito criado com a denominação de *** Elevado à condição de cidade com a


Nossa Senhora da Conceição de Mundo Novo, denominação Mundo Novo, pela lei estadual
pela lei provincial nº 669, de 31-12-1857 e re- nº 144, de 08-08-1896.
solução provincial nº 1342, de 03-07-1873, su-
bordinado ao município de Monte Alegre. *** Em divisão administrativa referente
ao ano de 1911, o município é constituído do
Elevado à categoria de vila com a deno- distrito sede. Assim permanecendo nos qua-
minação de Nossa Senhora da Conceição de dros de apuração do recenseamento geral de
Mundo Novo, pelo ato de 01-03-1890, des- 1-IX-1920.
membrada do município de Monte Alegre.
Sede na antiga povoação de Nossa Senhora *** Pelo decreto estadual nº 7747, de 13-
da Conceição de Mundo Novo. Constituído 11-1931, é criado o distrito de França e ane-
do distrito sede. Instalada em 27-03-1890. xado ao município de Mundo Novo.

19
*** Pelo decreto estadual nº 8269, de 05- *** Em divisão territorial datada de 1-VII-
01-1933, é criado o distrito de Indaí e anexado ao 1955, o município é constituído de 5 distritos:
município de Mundo Novo. Mundo Novo, Alto Bonito, Ibiaporã, Indaí e Tapi-
ramutá.
*** Pelo decreto estadual nº 8283, de 28-
01-1933, é criado o distrito de Largo anexado ao *** Pelo acórdão do Superior Tribunal Fe-
município de Mundo Novo. deral, de 26-10-1956 (representação nº 260), a
criação do município de Piritiba, foi anulado, vol-
*** Em divisão administrativa referente ao ano tando a condição de simples distrito do municí-
de 1933, o município é constituído de 5 distritos: Mun- pio de Mundo Novo.
do Novo, Bonita, França, Indaí e Largo.
*** Pela lei estadual nº 1014, de 03-08-1958,
*** Em divisões territoriais datadas de 31- desmembra do município de Mundo Novo os distri-
XII-1936 e 31-XII-1937, o município aprece cons- tos de Piritiba, França e Largo, para constituir nova-
tituído de 8 distritos: Mundo Novo, Alto Bonito, mente o município de Piritiba.
Bonita, Cinco Várzeas, Espera Dantas, França, In-
daí e Largo. *** Em divisão territorial datada de 1-VII-
1960, o município é constituído de 5 distritos:
*** Pelo decreto estadual nº 11089, de 30- Mundo Novo, Alto Bonito, Ibiaporã, Indaí e Tapi-
11-1938, os distritos de Bonito, Cinco Várzeas e Es- ramutá.
pera Dantas passaram a chamar-se, respectivamen-
te, Ibiaporã, Piritiba e Tapiramutá. *** Pela lei estadual nº 1747, de 27-07-
1962, desmembra do município de Mundo Novo
*** No quadro fixado para vigorar no pe- o distrito de Tapiramutá. Elevado á categoria de
ríodo de 1939-1943, o município é constituído município.
de 8 distritos: Mundo Novo, Alto Bonito, França,
Ibiaporã (ex-Bonita), Indaí, Largo, Piritiba (ex-Cin- *** Em divisão territorial datada de 31-XII-
co Várzeas) e Tapiramutá (ex-Espera Dantas). 1963, o município é constituído de 4 distritos: Mun-
do Novo, Alto Bonito, Ibiaporã e Indaí.
*** Assim permanecendo em divisão terri-
*** Assim permanecendo em divisão terri-
torial datada de 1-VII-1950.
torial datada de 2007.
*** Pela lei estadual nº 503, de 28-11-1952, *** Em nova divisão territorial, o povoado
desmembra do município de Mundo Novo os dis- Palmeiral passou a intergrar o município de Ta-
tritos de Piritiba, França e Largo, para constituir o piramutá. Decreto No 21.723 de 30 de Junho de
novo município de Piritiba. 2015

A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
DE MUNDO NOVO
Obtivemos nossa emancipação po-
lítica com o Ato de 1º de março de 1890. A
instalação do município só veio a realizar-se
no dia 27 daquele mês, quando foram nome-
ados pelo governador do estado, Dr. Manoel
Victoriano, nosso 1º prefeito e composta a
nossa primeira Câmara. Exercem seus man-
datos até 12 de fevereiro de 1893.

20
PREFEITOS

21
DIVISÃO POLÍTICA ATUAL

Na divisão política atual o município Povoados:


de Mundo Novo está dividido além do dis- Umbuzeiro, Barra, Cobé, Canjerana, Je-
trito sede, em três distritos e nove povoados,
quitibá, Engenho de Água Branca, Vis-
são eles:
gueira, Mirandas e Santo Antônio.
Distritos:
Ibiaporã, Indaí e Alto Bonito

22
DISTRITOS E POVOADOS

Distrito é a divisão administrativa de se conseguiu povoar e que tem habitações. É


um município ou cidade, que pode compre- geralmente rural e demasiado pequeno.
ender um ou mais bairros, subordinados ao
poder de sua prefeitura de um governo, ju- Sendo assim, vamos conhecer um pou-
risdição ou de uma autoridade judicial, fiscal co da História de alguns distritos e povoados
e policial. Já um Povoado, é um local habita- do município de Mundo Novo.
do por um número reduzido de pessoas que

ALTO BONITO

História de Alto Bonito: No princípio apenas doou parte de suas terras a nossa Padroei-
uma fazenda. ra Senhora Sant’Ana, terreno hoje perten-
centes ao Sr. José Souza Lima e a Senhora
O território do Distrito de Alto Bonito Amerintina Nascimento Santana, a atual Rua
faz parte da área de ricas terras da grande fa- Nova, o “tanque de Santana” e onde foram
zenda do Sr. Manoel João Lopes Guimarães construídas as Escolas João Paulo II e a Jairo
que fundou a Vila de Alto Bonito. Moreira de Almeida. Terras essas pertencen-
tes a nossa padroeira.
A Vila de Alto Bonito surgiu quando o
Sr. Manoel João fez uma promessa por cau- Manoel João também doou suas terras
sa de uma doença muito contagiosa a “fe- para as pessoas que foram chegando, assim
bre amarela” que surgiu nas comunidades construíram suas casas e formou-se a peque-
vizinhas, onde várias pessoas morreram, ele na Vila de Alto Bonito.

23
As primeiras casas de Alto Bonito fo- A esposa de Manoel João chamava-se
ram: a fazenda de Manoel João, onde atual- Isabel Lopes Guimarães, o nosso fundador
mente é situada a casa da senhora Evanucia morreu em 1896, com 94 anos de idade e foi
Lopes, a casa do senhor Alexandre Dioní- enterrado dentro da Igreja Católica. O seu fi-
sio Machado, esta casa pertencia ao senhor lho Alcino Lopes morreu com 95 anos e foi
Onório, a casa da senhora Irailde Mota e enterrado ao lado de seu pai Manoel João Lo-
dona Maria Horminda, essas foram umas das pes Guimarães.
primeiras casas de Alto Bonito.

A casa que o nosso fundador mora- Dados fornecidos por: Cecília Ferreira Sales, 84 anos,
va ainda existe, sofreu muitas reformas, hoje residente em Alto Bonito desde 1932. OBS:
Falecida em 2020
esta pertence a senhora Evanuncia Lopes e
seu esposo Jairo.

IBIAPORÃ

O distrito de Bonita, mais tarde passou de árvores frutíferas, lajedo e lago onde pes-
a chamar-se Ibiaporã, de origem indígena, cavam).
significa coisa bonita.
O arraial foi crescendo e este sítio
Os fundadores de Ibiaporã foram: José se transformou em uma rua que recebeu o
Francisco de Souza, que criava animas e era nome de “Mundo Novo” e foi nesta vila
conhecido como “José das Éguas”; e Ma- que começou a crescer. Hoje rua tem o nome
nuel de Souza (Velho Manuel), que era alegre, de um dos seus fundadores. Manuel José de
brincalhão e muito querido. Souza.

Manuel de Souza e família moravam na Neste Distrito como em todos os ou-


Salgada (sítio que ficava dentro da vila, cheio tros pequenos distritos demorou a chegar à

24
televisão, então à noite o povo se reunia nas lizados, meio rudes, homens bons, honestos
calçadas de suas casas para um bate-papo e de caráter. O Sr. Afonso Carapiá implantou
com os amigos e vizinhos. o progresso e o desenvolvimento, levando a
Bonita a categoria de Vila. Foi ele o primeiro
A vila não tinha calçamento e alguns chefe representante dessa Vila. Possuidor de
animais eram criados nas ruas. Hoje, Ibiapo- várias fazendas e grande capacidade de tra-
rã tem algumas ruas pavimentadas, jardins, balho, vendeu uma de suas fazendas para in-
escola de ensino fundamental 1, colégio de vestir na Vila.
ensino fundamental 2, creche e sistema de
abastecimento de água. A economia é baseada na pecuária, e
na agricultura onde se plantava feijão, milho,
Em 1931, pelo decreto Estadual nº e café. Atualmente a economia tem base na
7.563, Ibiaporã passou a ser Distrito. Só que produção leiteira e nos produtos derivados
com o nome de Bonita, lugar bastante boni- da mandioca. Essa produção é vendida para
to, com terrenos férteis, planícies e planaltos, Itaberaba, Irecê e Mundo Novo.
águas cristalinas, vales e matas.

A evolução começou com a chegada


de senhores de regiões longínquas, princi-
palmente dos sertões e garimpos de Lençóis,
todos de costumes aristocráticos, meio civi-

JEQUITIBÁ
Situado no município de Mundo Novo,
a uma distância de trinta quilômetros de nos-
sa sede, onde estão instalados o Mosteiro e a
Fundação Divina Pastora, que relevantes servi-
ços de assistência social vêm prestando a nossa
população sertaneja, há sessenta e três anos.

25
Coronel Plínio Tude de Souza Como tudo Começou

O senhor Plínio Tude de Souza era Tudo começou com o Coronel Plínio
natural da cidade de Feira de Santa- Tude de Souza e sua mulher D. Isabel Fernan-
na, nascido aos 27 de março de 1877. A des Tude, proprietários da Fazenda Jequitibá.
vida religiosa foi um aspecto marcante Católicos fervorosos, preocupados com a si-
na vida do coronel Plínio Tude, e de sua tuação difícil do desamparado trabalhador
família. Demonstrando, assim, o quanto sertanejo resolveram deixar sua propriedade
era católica apostólica romana a famí- rural como amparo aos mais necessitados.
lia Tude, além dos atos de caridade que Foi assim que dispuseram em testamento:
estão inseridos na sua crença. Ter esse
compromisso e devoção religiosa, fez “Declaro que tendo eu e minha mulher
com que Plínio Tude doasse suas terras D. Isabel Tude de Souza, nascidos na zona
e bens na região sertaneja baiana para a sertaneja, onde possuímos... é nosso de-
construção da Fundação Divina Pastora, sejo beneficiar a referida zona... criando a
para benefício da população carente da- Fundação divina Pastora. Neste estabele-
quela localidade. Plínio Tude era casado cimento exigimos que seja dado o ensino
pelo regime de comunhão de bens com do catecismo e seja ensinada e divulgada
Dona Izabel Fernandes Tude de Souza, a nossa religião católica e o ensino pri-
além de ser Católico, apostólico e roma- mário rural...”
no e não tendo descendentes do seu ca-
sal, instituiu sua esposa como sendo sua Assim foi feito. Logo após a morte do
herdeira universal de seus bens. E em seu Coronel, que se deu no dia 2 de maio de 1936,
testamento dentre outros desejos, há a D. Isabel iniciou contatos a fim de fazer cum-
expressa vontade de se criar a Fundação prir a vontade testamentária do morto, que
Divina Pastora. Assim, a dois de maio de era também a sua própria vontade.
1936, Plínio Tude de Souza vem a falecer.
Mas, devido à falta de pessoal sufi-
*Trecho extraído do Testamento de Plínio ciente e às próprias dificuldades da época,
Tude de Souza, Salvador 15 de fevereiro de somente no ano de 1942 foi iniciada a cons-
1936. trução do Mosteiro, que teve a sua primeira

26
parte concluída e inaugurada no dia 18 de
abril de 1945.

foi criado o Centro Supletivo de Qualificação


profissional, que, oferecendo cursos de mecâ-
nica geral, mecânica de automóveis, curso de
soldador, marceneiro, agropecuária e tratorista
agrícola, vinha suprir uma grande carência na
região, prestando impagáveis serviços aos mo-
ços entre 18 e 30 anos. Para o sexo feminino
foram criados cursos de corte e costura, artesa-
nato e arte culinária.

Entretanto, todo esse intenso trabalho


de assistência social foi mais além: os trabalha-
dores recebem casas de tijolo, com água, luz e
Coronel Tude e sua esposa terreno para plantações.
Em 1985, no distrito de Indaí, dentro da
Logo no ano imediato, iniciou-se o fun-
Paróquia de Jequitibá, foi criada a Colônia Agrí-
cionamento de um curso ginasial. No dia 10 de
maio de 1949 o Mosteiro passou a Curato, foi
quando o curso ginasial foi transformado em
Seminário.

Mas, paralelamente, já funcionava na


sede da Fazenda a escola primária “Divina
Pastora”, onde, além do ensino primário, eram
ministrados conhecimentos de agricultura e
trabalhos manuais, em regime de internato
masculino.

Ao mesmo tempo foram construídas


duas outras escolas primárias mistas, uma na
sede da fazenda, denominada Escola Santa Isa-
bel, e a outra no povoado da Estação da Estrada
de Ferro, denominada Escola Santo Antônio.
cola Dr.Ruperto Hufnagl, através da qual lavra-
dores da região receberam, cada um, dez hec-
No ano de 1970 uma grande mudança
tares para cultivo horti-granjeiro e uma casa
administrativa era procedida no centro de es-
para morar.
tudos. O Seminário foi fechado e em seu lugar

27
INDAÍ

Também no povoado de Santo Antô- homens devotados à disseminação da cultu-


nio, na mesma Paróquia, foram fornecidas ra e pregação do Evangelho. Somente para
cartas de anuência para exploração agrícola citar alguns:
sobre 328 hectares. Essas colônias foram apa-
relhadas com uma casa de farinha mecaniza- - D. Antônio Moser (1º Abade do Mosteiro)
da, escola, creche, cantina e ambulatório. - Pe. Alfredo Haasler
- Pe. João Berchamans Elseu
No setor de saúde a fundação oferece - Dom. Aloísio Wiesinger
aos carentes ambulatórios medico-odonto- - Hermano Hahn
lógicos e laboratório. - Pe. Reinaldo Stieger
- Pe. Henrique Baur
Todo esse trabalho extraordinário que - Pe. Fridolino Glasauer
tem prestado grandes benefícios não só para - Pe. Werner Hofer
Mundo Novo, bem como para os municípios - Emílio Weber e irmãos
vizinhos, devemos à abnegada dedicação de - Humberto Stocker

BARRA
O povoado Barra, como é chama- outras localidades.
do popularmente, ou Barra do Mundo O movimento era muito grande, ha-
Novo, nome oficial, fica a 6 km da sede do via hotéis e pensões, pois os trens que saíam
município. A ligação entre a sede e o povoa- de Senhor do Bonfim e de Iaçu, se cru-
do se dá por estrada de chão. Há muitos anos zavam na Barra, onde paravam para
existia a linha férrea que ligava o muncípio a pernoite dos passageiros, por volta

28
de 6 da tarde, seguindo viagem somente no
dia seguinte. A estação hoje serve de depósito e
ainda pertence à RFFSA, sendo utiliza-
O fluxo de pessoas era tão gran- da por terceiros. “Os trilhos realmente
de que nesta época chegou a se cogitar a foram retirados, aos poucos” (Depoimen-
mudança da sede do município para lá. A to de Wellington, de Mundo Novo, BA,
estação por isso chegou a se cha- em 5/12/2005).
mar somente Mundo Novo. Depois
da supressão dos trens, o povoado Uma tradição cultural presen-
perdeu muito em importância e hoje te na comunidade até os dias atuais é o
é um local pouco procurado, tendo a festejo do Carnaval. Neste período, alguns
população decrescido bastante. moradores vestem-se com as tradicionais
caretas para celebrar e animar a festa.

https://www.facebook.com/povoado.barra

COBÉ

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O território do Povoado do Cobé No ano de 1950, foi construído um ce-
faz parte de uma área de ricas terras da mitério, pois as pessoas que faleciam eram
grande fazenda do Sr. Ermínio Ramos, sepultadas nos cemitérios dos povoados vizi-
nas quais no ano de 1930 foram construí- nhos ou na sede da cidade de Mundo Novo.
das por volta de vinte casas e uma capela.
Em 1977 a energia foi instalada neste
No ano de 1940, foi construído um povoado chamada “Luz de Paulo Afonso”.
barracão, onde as pessoas amarravam seus A água foi canalizada em 1981. Nesse mes-
animais quando vinham neste povoado. Nes- mo ano foi construída a Escola Estadual José
te mesmo ano, o Sr. Coló Magro, inaugurou de Deus Franco. Em 1984 a Telebahia instalou
uma loja que vendia tecidos, cobertores, per- um posto telefônico a serviço da população.
fumes e demais itens, suprindo as necessi-
dades dos moradores, que desta forma não Em 1999, foi municipalizada a Es-
precisavam se deslocar para a cidade. Neste cola Estadual José de Deus Franco, pas-
povoado foi constituído um salão comunitá- sando a ser chamada Escola Municipal
rio onde aconteciam os bailes, as quadrilhas, Mundo da Alegria, atendendo alunos do
os dramas e as debulhas de milho, sendo a 1º ao 5º anos do Ensino Fundamental I.
maior diversão dos moradores.
(Fonte: Projeto Político Pedagógi-
Não tinha calçamento nas ruas, co da Escola Mundo da Alegria – Cobé ano
nem luz elétrica. Nas noites de lua 2015/2019).
cheia, as pessoas costumavam conver-
sar com os amigos na frente de suas ca-
sas até que chegasse a hora de dormir.

Foi construído um prédio esco-


lar que ficava a cem metros do povoa-
do, o qual recebeu o nome de Escola Mu-
nicipal Professora Zenaide Cavalcante.

CANJERANA
O Povoado da Canjerana apresenta lias que vinham chegando. A comunidade foi
distância de mais de 23 km da sede do muni- crescendo, faziam limpezas anuais nos terre-
cípio. É uma comunidade tranquila e pacata. nos e expandindo a chamada “Canjerana de
Baixo”.
Recebeu o nome de Canjerana dos Ca-
milos, por conta da família Camilo que cons- Canjerana é mais velha que a cidade de
truiu casas neste povoado. Mundo Novo. Tem mais ou menos 196 anos
de fundação. No tempo da fundação era um
Um dos senhores da família Camilo, povoado rico, tinha armazém, telefone, feira
chamado Isidoro Padre, descobriu as terras, e livre a qual era muito famosa e vinham mui-
construiu uma casa aqui dentro do povoado tas pessoas de outras comunidades, tinha
da Canjerana e doou uma área de terra para marchantes, padre... Com o tempo tudo foi
construção da Igreja. Veio chegando às famí- se acabando. O senhor Jonas Camilo aplica-
lias e construindo novas casas. Anos depois va injeções e fazia curativos, tinha parteiras, a
eles faleceram e ficaram os descendentes água era retirada de um tanque para subsis-
que continuaram doando terras para as famí- tência da comunidade.

30
Hoje o abastecimento de água é por só continuam as novenas, as tradições das
poço artesiano ou cisterna, fica localizado barracas formam acabando com o tempo.
na praça um chafariz, onde as pessoas bus-
cam água para suas residências, quando o A única Escola existente é chama-
poço dá defeito abastece por carro pipa. da Escola Municipal Menezes de Oliva. É
uma escola com classe multisseriada do 1º
A festa tradicional da comunidade ao 5º ano. As professoras atuais são: Ivene,
é a da Padroeira Nossa Senhora da Pieda- Mari e Darte Sueni e tem como auxiliar Glei-
de, que acontece no dia 15 de setembro ce. Estes estudantes quando passam para o
com nove noites de novenas. Antigamen- F2 e Ensino Médio vão para Mundo Novo.
te os moradores faziam barracas de palhas
onde vendiam cocadas, bolo de puba, xa- Relato de Vani – Agente de Saúde da comuni-
rope de folhas entre outras. Atualmente dade em 26/01/2022

ENGENHO DE ÁGUA BRANCA

31
O início da História da comunidade as carregam água por meio de jumentos.
de Engenho da Água Branca ocorreu quan- Em tempo de inverno as pessoas trabalham
do o senhor Carlos Barreto, grande fazendei- nas fazendas próximas, muitas vezes os fa-
ro, construiu várias casas dentro da área do zendeiros dão áreas de terras para o plantio
engenho que era da sua fazenda para seus de milho, feijão, melancia e abóbora em tro-
agregados. Quando a fazenda foi vendida ele ca eles plantam capim para o proprietário.
doou as casas para seus agregados e aque-
les que não quiseram as casas, receberam um A fonte de renda é agricultura e
valor de 100 mil réis, na época um valor muito programas sociais como: bolsa família e
estimado. aposentadoria. Não tem comércios ali-
mentícios na comunidade, para fazerem
A comunidade foi povoan- compras as pessoas vão à Mundo Novo
do, vindo outras famílias morar ali. ou Ibiporã nos dias de feiras. Existem ape-
Zé de Ana outro fazendeiro da região cons- nas dois bares dentro da comunidade.
truiu a igreja e padre Estevão vinha à comu-
nidade fazer missas, casamentos e batizados. Tem uma escola na comunidade, po-
rém a escola foi desativada por falta de es-
A Padroeira é Santa Luzia e os festejos tudantes e os poucos estudantes passaram a
acontecem no dia 13 de dezembro com no- estudar na escola dos Mirandas.
venas e procissões.
Relato do Senhor João Oliveira da Silva –
A comunidade não possui água enca- João Goês, morador da comunidade no dia
nada, a água utilizada é por meio de cisternas 26/01/2022
que foram doadas pelo governo, ou tanques
nas terras dos fazendeiros, onde as pesso-

MIRANDAS

32
O povoado dos Mirandas fica situado jos na igreja, para a missa e logo após, cada
a mais ou menos 42 km de distância da Sede família leva um prato para confraternização.
do município. O povoado se chama Mirandas Na comunidade existe um mercadinho e al-
em homenagem à família Mirandas que com- guns bares.
prou as terras para as filhas que iriam se casar.
Uma família com sobrenome Mirandas A única escola existente é chamada
morava no corredor dos “Mirandas”. Escola Municipal Eunice Luís de Lima. É uma
Depois compraram um pedaço de ter- escola com classe multisseriada do 1º ao 5º
ra e aqui foram construindo casas. Fo- ano.
ram casando e crescendo a comunidade.
É uma comunidade caren-
Existem aproximadamente 20 casas no te com características rurais, a popula-
Povoado. A água utilizada é de poço artesia- ção vive exclusivamente de programas
no para abastecer as casas, a população bus- sociais, bolsa família e aposentadoria.
ca água na carroça, algumas casas possuem
cisternas, outras pessoas não têm reservató- Antigamente um grande fazendeiro
rios de água por não ter condições de fazer e chamado Dr. Eduardo doava áreas de terras
deixam as águas nos baldes em casa para o para as famílias fazerem plantações e darem
consumo, precisando buscar todos os dias. subsistências as famílias. Anos depois a fa-
zenda foi vendida e o novo dono não deixa
O Padroeiro da comunidade é São João as famílias da comunidade fazerem plantio.
Batista. As comemorações acontecem no dia
23 de junho onde é realizada uma novena e Relato da Senhora Maria, moradora da co-
no dia a comunidade se reúne para os feste- munidade no dia 26/01/2022

SANTO ANTÔNIO

33
O povoado de Santo Antônio iniciou Existe um poço artesiano, mas a água é salga-
com seis famílias, as terras do Santo Antônio da, as pessoas usam para os animais. Muitos
chamada parte de baixo pertencem ao mu- ainda carregam água na cabeça e por meio
nicípio. Já havia uma igreja em estado de de- de animais dos tanques e da barragem para
cadência e foi renovada com a chegada dos suprir suas necessidades. Também acumulam
padres de Jequitibá. água nas cisternas para beber e cozinhar.

Esse território era rodeado por grandes A fonte de renda é agricultura fa-
fazendas. Em 1986 os padres abriram uma as- miliar (feijão, milho) e programas so-
sociação, compraram terras e foram fazendo ciais como: bolsa família e aposentadoria.
loteamentos, os sócios, cada um foram fa-
zendo suas casas. Algumas casas e prédios A única escola existente é chamada
foram construídas pelo Padre Estevão junto Escola Municipal Dom Avelar Brandão Vi-
com o Prefeito Ederval Nery que fizeram do- lela. É uma escola de classe multisseriada
ações para a população, essa parte das terras do 1° ao 5º ano. Quando iniciou a Pande-
recebeu o nome de “Colônia”. mia os estudantes foram estudar em Je-
quitibá, ficando apenas com o maternal.
Na comunidade existe um rio chamado
Rio Santo Antônio. Este, nasce na Ingazeira, A Festa tradicional existente na co-
passa por Jequitibá e desce. O rio passou mui- munidade é o festejo do Padroeiro do San-
tos anos seco, agora com o período das chuvas to Antônio. A festa acontece com procis-
encheu. Quando está cheio recebe muitas pes- são de 13 dias, das casas para igreja no
soas das comunidades vizinhas para o banho. último dia tem a parte festiva com mis-
sa e festa de banda na rua, jogos como:
A barragem é da Associação dos Lavra- pescaria, toca do coelho, entre outras.
dores do Santo Antônio, que atualmente pos-
sui 42 sócios e tem como objetivo buscar me-
lhorias para a comunidade. A barragem foi feita Relato do Senhor Normando e Lucicleide,
na Gestão de Wilson Murici no ano de 1999. moradores da comunidade em 26/10/2022
Não tem água encanada na comunidade.

34
UMBUZEIRO

A história de Umbuzeiro inicia-se no


dia 28 de Dezembro de 1939, quando o Sr.
João José de Almeida adquiriu uma quanti-
dade de terras da Sra. Olímpia Mascarenhas,
então proprietária da Fazenda Umbuzeiro.
Atualmente em sua sede, funciona o Colégio
Municipal Olívia Mascarenhas, que atende
alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamen-
tal.

O Sr. João José de Almeida construiu


sua residência e uma simples mercearia com
utensílios básicos para compras. A partir daí,
ele convidava pessoas e tropeiros para ajuda-
rem a povoar. Essa povoação se deu rapida-
mente e Umbuzeiro logo estava com um nú-
mero elevado em sua população. Vendo isso,
o Sr. Elpídio Lopes Guimarães impulsionou a
construção da Igreja local. Concluída a sua
construção sob o ano de 1942 e escolhido
como padroeiro São João Batista. Sr° João José de Almeida (Fundador de Umbuzeiro)

35
Em meados da década de 1960, foi constru- e construída no local uma praça que tem por
ído o primeiro prédio escolar, demolido há nome Leonel Modesto Lopes (Feita pelo ges-
alguns anos, onde hoje é o mercado da feira. tor anterior Raimundo de Souza Costa).
Tendo sua primeira professora a Dona Caroli-
na Vilaronga, vulgo “Caluzinha”. Umbuzeiro atualmente possui quatro
praças, aproximadamente trinta e sete ruas,
Na década de 1980, foi construído o três instituições educacionais, sendo uma Es-
mercado da feira pelo prefeito Ederval Nery, cola Fundamental I, um Colégio de Ensino
esse local foi palco de diversas manifesta- Fundamental II, Ensino Médio com mediação
ções de arte, cultura e lazer de Umbuzeiro. tecnológica e uma Creche que atende do Ma-
O mercadão, como conhecido, foi demolido ternal à Educação Infantil.
em 1998 pelo prefeito Wilson Licon Muricci

36
OS INDÍGENAS

O que é ser indígena?

Entendemos como comunidade indí-


gena um conjunto de pessoas que: mantêm
relações de parentesco ou vizinhança entre
si, são descendentes dos povos que habita-
vam o continente antes da chegada dos eu-
ropeus, apresentam modos de vida que são
transformações das antigas formas de viver
das populações originárias das Américas.

https://mirim.org/pt-br/o-que-e-ser-indio

POVOS
INDÍGENAS
indígena no Brasil é constituída de 896, 9 mil
Os povos indígenas, são originários indígenas, sendo 36,2% residentes em área ur-
das terras do continente americano, antes da bana e 63,8% na área rural, pertencente a 305
invasão europeia. As Nações Unidas definem etnias e falante de 274 idiomas. (Fonte: IBGE).
que “as comunidades, os povos e as nações
indígenas são aqueles que, contando com Os povos indígenas brasileiros deram
uma continuidade histórica das sociedades contribuições significativas para a sociedade
anteriores à invasão e à colonização que foi mundial, como a domesticação da mandioca
desenvolvida em seus territórios, conside- e o aproveitamento de várias plantas nativas,
ram a si mesmos distintos de outros setores como o milho, a batata-doce, a pimenta, o caju,
da sociedade, e estão decididos a conservar, o abacaxi, o amendoim, o mamão, a abóbora e
a desenvolver e a transmitir às gerações fu- o feijão. Além disso, difundiram o uso da rede
turas seus territórios ancestrais e sua iden- de dormir e o costume do banho diário, des-
tidade étnica, como base de sua existência conhecido pelos europeus do século XVI. Para
continuada como povos, em conformidade a língua portuguesa legaram uma multidão de
com seus próprios padrões culturais, as ins- nomes de lugares, pessoas, plantas e animais
tituições sociais e os sistemas jurídicos”. (cerca de 20 mil palavras), e muitas de suas
lendas foram incorporadas ao folclore brasi-
A enorme diversidade sociocultural e leiro, tornando-se conhecidas em todo o país.
étnica dos indígenas brasileiros é estimada, no Também foram importantes aliados dos por-
século XVI, quando Cabral chegou ao Brasil, tugueses, mesmo que involuntários, na con-
em cerca de 5 milhões de índios, de mais de solidação da conquista territorial, defendendo
1000 etnias e falantes de mais de 1.300 línguas. e fixando cada vez mais distantes fronteiras, e
Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de deram grande contribuição à composição da
Geografia e Pesquisa - IBGE o último Censo, atual população nacional através da mestiça-
realizado em 2010, revelou que a população gem.

37
POVOS INDÍGENAS
NA BAHIA
Como o conjunto dos povos indígenas te aqui adotado está em conformidade com
habitantes do Nordeste brasileiro, as muitas o que é apontado pela APOINME – Articula-
etnias indígenas baianas passaram por um ção dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas
período de invisibilidade histórica, política e Gerais e Espírito Santo, que abrange os esta-
cultural, marcadamente durante o século XX, dos do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,
sob o estigma da denominação de “cabo- Bahia, Sergipe, Minas Gerais e Espírito Santo,
clos”, ou seja, categoria de assignação mes- ficando de fora, portanto, os estados do Ma-
tiça, deslegitimadora de qualquer pretensão ranhão, Piauí e Rio Grande do Norte.
de reivindicar uma especificidade étnica e
cultural. Vivem na Bahia atualmente cerca de
mais de 37 mil indivíduos representando 16
Se na década de 1920 eram reconhe- grupos étnicos: Atikum, Kaimbé, Kantaruré,
cidos cinco povos, hoje aponta-se para a Kariri-Xocó, Kiriri, Payayá, Pankararé, Pankarú,
existência de 46 povos identificados e em Pataxó Hãhãhãe, Pataxó, Truká, Tumbalalá,
processo de identificação, totalizando uma Tupinambá, Tuxá, Xacriabá e Xukuru-Kariri.
população de 70 mil pessoas. É importante
ressaltar que o conceito de Região Nordes-

O QUE É UMA
SOCIEDADE INDÍGENA?
A sociedade indígena é composta pela utilitárias, dentre outros. E convivemos desde
cultura de várias etnias, que são repartidas em nossas raízes sócio históricas com diversas prá-
muitas aldeias. Nessas aldeias existem diversas ticas sociais indígenas, e, além disto, com essa
famílias que compartilham dos mesmos cos- identidade forte, muitos dos nossos distritos
tumes e crenças. Os povos indígenas possuem têm seus nomes originados do vocabulário in-
muitas coisas em comum, como a forma de ca- dígena, como Ibiaporã, Indaí, Umbuzeiro, Can-
çar, plantar e até se vestir. Porém, cada povo ou jerana, Jequitibá e Cobé.
etnia, tem uma característica específica.

Na história do Município de Mundo


Novo, embora não haja alusões às comunida-
des indígenas sedentarizadas nas terras co-
municadas em 1833, sabemos que o municí-
pio fica na zona de confluência de dois grupos
indígenas, os Kiriris e os Payayás. Atualmente,
constatamos a presença dos povos Payayás,
que contribuíram com nossos costumes e tra-
dições e, sem dúvidas nenhuma, são percebi-
dos em nossa diversidade e cultura, tanto no
que diz respeito ao vínculo material e imaterial
até os dias atuais, através da religião, nas tec-
nologias agrícolas, em artesanatos, técnicas Povos indígenas Kiriris

38
NEGROS OU POVOS NEGROS

Negros ou povos negros são termos misturada à religião católica formou no es-
usados em sistemas de classificação racial tado da Bahia, a mais brasileira das formas
para os seres humanos que geralmente se de reverenciar deuses e santos.
relaciona a um fenótipo de pele escura, em
relação a outros grupos raciais. O conceito O famoso sincretismo religioso é uma
da palavra negro pode variar de acordo com das características do estado que teve sua ori-
a região, política e cultura, podendo um gem nas senzalas quando em vez de aceitar as
indivíduo ser classificado como negro em determinações católicas para a fé, os africanos
um determinado país e não ser classificado as adaptaram às suas próprias crenças.
como tal em outros. Diferentes sociedades
aplicam critérios diferentes a respeito de A culinária baiana é quase que total-
quem é classificado como “negro” e muitas mente dominada pelos temperos africanos,
vezes variáveis sociais, tais como classe so- ainda que tenham os europeus portugueses
cial e status socioeconômico, também de- rejeitados por algum tempo o sabor forte dos
sempenham um papel relevante nessa clas- condimentos. Os pratos típicos do estado
sificação. Como um fenótipo biológico, ser apresentam sempre ingredientes como azeite
“negro” é frequentemente associado com de dendê, camarão seco, amendoim e outros.
as cores de pele muito escuras de algumas
pessoas que são classificados como ‘negras’. As danças e músicas, a forma de come-
morar, de vestir e outras mais especificamente
baianas têm grande influência dos rituais reli-
GRUPOS ÉTNICOS giosos e lutas negras lentamente assimiladas
pela população em geral desde o momento
NA BAHIA em que foram trazidos para o Brasil.

Assim como os povos indígenas, os


A população baiana surgiu da mistura africanos resistiram e lutaram muito contra
de três grupos humanos: os indígenas que já a escravização à qual eram submetidos no
habitavam o território milhares de anos an- Brasil. A mais notável e organizada forma
tes da chegada dos Portugueses, o africano de luta foi, sem dúvida a formação dos Qui-
que foi trazido contra vontade da África e lombos, que se constituíam em pequenas
os Portugueses que vieram para colonizar e e organizadas cidades autossuficientes na
explorar as novas terras. Estes grupos não maioria dos aspectos, fundadas pelos ne-
se mantiveram física ou culturalmente sepa- gros que conseguiam fugir das senzalas, dos
rados e após um curto espaço de tempo, a engenhos e plantações em todo o estado.
sociedade em formação já possuía tipos ca-
racteristicamente brasileiros resultantes da Diante de tudo isso podemos perce-
mistura dos grupos iniciais. ber um forte traço de miscigenação de raças
dentro da nossa população mundonovense,
As importantes contribuições dos com características de pessoas brancas, ne-
africanos para a formação do povo brasilei- gras, mulatas e pardas. Isso se deu pela forte
ro e dos seus costumes, estão fortemente influência de diversos povos que adentraram
presentes no dia-a-dia da população ao lon- o nosso estado e que consequentemente
go destes 500 anos. A religiosidade africana chegaram até as nossas terras no período da

39
colonização. Percebemos que grande parte físicas desse povo, além de alguns adotarem
dos mundonovenses são descendentes da traços da cultura e da religião herdada pelos
raça negra e que apresentam características ancestrais africanos.

ESCRAVIZAÇÃO

Entre os livros do antigo Cartório do imposto da transmissão, pago na Coletoria


Distrito de Paz de Mundo Novo, que serviram de Camisão, hoje Ipirá, e mais 800 reis de se-
no regime Monárquico, ainda se encontram los recolhidos à mesma repartição, confor-
alguns de Escrituras de venda de escravos, me reza o conhecimento respectivo, datado
transações extras exóticas e condenáveis pe- de 26 de novembro de 1874, assinado pelo
las mentalidades superiores, mais que, feliz- Coletor Francisco Gonçalves e pelo escrivão
mente, hoje, já não mais existem em virtude Manoel Lobo e transcrito na dita escritura, a
da Lei Áurea de 13 de maio de 1888, promul- qual está assinada pelo vendedor, comprador
gada pela Princesa Izabel, regente do Impé- e as testemunhas José Pereira Lima e Manoel
rio, naquele momento, a qual ficou, por isso, Pereira Lima.
cognominada “A REDENTORA”.
Causa repugnância e tristeza a qual-
Em um de tais livros, do Cartório de quer pessoa, ver tais documentos. Relem-
que foi titular o cidadão José Pontes de Me- bram aqueles tristes tempos em que homem
nezes, verificam-se muitas das tais escrituras, vendia homem, como hoje vendemos um
entre as quais escolhi, para exemplo, uma, la- cavalo; havendo apenas a diferença, naque-
vrada em 1º de dezembro de 1874, de venda, le caso, de ser necessária a escritura lavrada
por Francisco Lopes Guimarães, dos seus es- pelo Notário Público, depois do indispensá-
cravos Leandra, Fusca, solteira, de 22 anos de vel pagamento do imposto de transmissão,
idade, Izabel, preta, de 4 anos e Alberta, preta, ao Governo.
de 3 anos de idade, ambas filhas da referida
Leandra, ao comprador Francisco Ribeiro de Livro: Breve História do Município de Mundo Novo
Magalhães Fontoura, pelo preço de 800$000 escrito por Adolfo Alves Barreto – junho de 1946
dinheiro à vista; importando em 56$000 o

40
QUILOMBO

Os quilombos, na era colonial e impe- em todo o território brasileiro, nas zonas ru-
rial, foram espaços construídos pelos negros rais e urbanas, e nelas se encontra uma rica
escravizados fugidos em busca de viver em cultura, baseada na ancestralidade negra e
liberdade. O tratamento violento e as péssi- indígena. No entanto, os quilombolas sofrem
mas condições de sobrevivência oferecidas com a dificuldade no acesso à saúde e à edu-
pela casa grande faziam com que os negros cação.
escravizados procurassem uma nova forma
de viver. Para muitos não era fácil fugir, quan- Geralmente os quilombos agregavam
do encontrados sofriam violência, mas os que negros de diversos locais, constituindo-se de
conseguiam, tentavam construir uma nova diversidade étnica e cultural. Na vida cotidia-
vida formando famílias e pequenas comuni- na criavam alternativas de sobrevivência, de-
dades. Os habitantes dessas comunidades, fesa e segurança do grupo, frente à opressão
também denominadas de mocambo, eram escravista. Entre as principais atividades de-
chamados de quilombolas. senvolvidas nos quilombos, podemos men-
cionar a agricultura, mineração, criação de
Quilombolas são os descendentes e re- animais, colheita, saberes ancestrais preser-
manescentes de comunidades formadas por vados e recriados, no passado, mas também
escravizados fugitivos (os quilombos), entre no presente.
os séculos XVI e XIX no Brasil. Atualmente as
comunidades quilombolas estão presentes Além de abrigo, na comunidade qui-

41
lombola as pessoas poderiam retornar à suas cul- dos, mestiços, indígenas, entre outros. Hoje
turas e tradições, às suas religiões, às práticas de em dia ainda existem quilombos ocupados
dança e músicas oriundas da sua terra, a África. pelos remanescentes que possuem as mes-
mas tradições.
No período colonial os quilombos não
eram só compostos por escravizados fugiti- https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/histo-
vos, mas também de escravizados alforria- ria/quilombos

EDUCAÇÃO
QUILOMBOLA
tribuição territorial desigual, iniciado ainda
nos tempos imperiais com a Lei de Terras de
1850, e continuado no transcorrer da nossa
história republicana.

O Referencial Curricular de Mundo


Novo preza por fazer valer o que está referen-
ciado na Lei de Diretrizes e Bases. Pretende que
a nossa rede de ensino assegure a pluralidade
e o respeito às diferenças, se comprometendo
A educação no Brasil está em constan- a fazer valer a Constituição Brasileira de 1988
te mudança, e sendo um direito de todos os que garante o acesso à educação de qualida-
cidadãos brasileiros, precisa ser pensada de de a todos os brasileiros, em sua diversidade.
forma a atender equanimemente a todos em
sua diversidade. Ocorre que por muitos anos Assim, o nosso currículo busca ser fle-
a educação foi pensada para uma elite que xível, valorizando e oportunizando metodo-
representa um número mínimo de cidadãos logias diversificadas, as rodas de conversa, a
que formam a nação, enquanto grande parte escuta e o diálogo ativo com os mais velhos,
do povo brasileiro, é formado por povos que, buscando o resgate da identidade afro-brasi-
ao longo da nossa história foram invisibiliza- leira, para que seja possível na nossa prática
dos por sua condição histórica, étnica e social, pedagógica, ofertar uma educação de quali-
dentre eles as comunidades quilombolas, que dade conectada com as realidades das comu-
demandou ao longo das últimas décadas do nidades quilombolas.
século XX até os dias de hoje, formas espe-
cíficas de pensar educação como um direito, Portanto, com base na BNCC, a Educa-
respeitando seus saberes e práticas. ção Quilombola nas escolas também deve ser
norteada a partir dos princípios de uma edu-
A Educação Quilombola tem como ob- cação integral do sujeito, ou seja, valorizar
jetivo dar acesso e valorizar os saberes, a cul- seu território e sua comunidade como parte
tura e a construção histórica do processo de indispensável do processo educativo.
formação dos povos tradicionais brasileiros.
Essas demandas educacionais têm origem e Falar dos quilombos no Brasil é pensar
perpassam a discussão acerca da regulariza- na identidade de cada brasileiro, haja vista que
ção de territórios quilombolas, desde a Cons- quando se fala em comunidades quilombolas
tituição Federal de 1988, que busca assegu- na atualidade, traz implicações no reconheci-
rar os direitos das comunidades quilombolas mento de sua história e cultura no país, e das
que lutaram e resistiram ao processo de dis- muitas populações oriundas do continente
africano, que fizeram o Brasil ser o que é.

42
COMUNIDADES QUILOMBOLAS
EM MUNDO NOVO
manescente de Quilombo. Essa certificação
No Município de Mundo Novo, no ocorreu em 02 de maio de 2016. No momen-
Povoado de Jequitibá, existem integrantes to em que foi certificada recebeu um registro
que se autodenominam quilombolas inse- comprovando legalmente pela Lei Federal a
ridos naquela comunidade, apresentando validação e a certificação como povo rema-
traços identitários afro-brasileiros na sua nescente de Quilombo.
culinária, instrumentos musicais, cultos re-
ligiosos, vocabulário e festejos, diferencia- Relato de Romário Macêdo – Vice-líder da Associa-
das das que ocorrem em outros territórios ção Remanescentes Quilombolas de Jequitibá Relato
do município. Esta comunidade quilombola enviado por whatsapp dia 06/01/2022
está registrada no Livro de Cadastro Geral n.º
018, Registro nº 2.410, fl.031 - Processo nº
01420.016015/2015-04.

Referencial Curricular de
Mundo Novo-Ba Pág. 80

ASSOCIAÇÃO REMANESCENTES QUILOM-

BOLAS DE JEQUITIBÁ
A Associação Remanescentes Quilom-
bolas de Jequitibá teve início no ano de 2015,
quando um grupo fez um estudo mais apro-
fundado das raízes, do povo e da cultura da
nossa comunidade. Após isso foi encaminha-
do todo esse estudo para a Fundação Cultu-
ral Palmares em Salvador. Lá foi analisado e
enviado para Brasília para a Fundação Cultu-
ral Palmares (Central), e de acordo com o De-
creto 4887 sancionado no ano de 2003, pelo Imagens cedidas por Romário Macêdo
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Comu- Vice-líder da Associação Remanescentes
Quilombolas de Jequitibá
nidade foi certificada como Comunidade Re-

43
BANDEIRANTES

rantes. Aquelas organizadas


por particulares eram chama-
das de Bandeiras, enquanto
as comandadas pelo governo
ficaram conhecidas como En-
tradas.

As Bandeiras eram volta-


das para interesses particu-
lares: encontrar pedras pre-
ciosas e ouro, ou combater
revoltas de negros e índios
escravizados e destruir os
seus locais de convivência.

Outra tarefa era reunir ho-


mens que estivessem dispos-
tos a penetrar mata adentro
e permanecer muitos meses,
sem a certeza de que retorna-
riam com vida para seus povo-
ados e do êxito que teriam na
descoberta de riquezas ou no
enfrentamento e aprisiona-
mento dos índios.
A participação dos bandeirantes
na expansão territorial do Brasil Já as Entradas pretendiam fazer o ma-
peamento do território. Eram expedições
Os bandeirantes eram homens que en- científicas, nos termos de hoje, para estudar
tre os séculos XVI e XVII formavam as expedi- o que se encontrava no interior do Brasil e in-
ções de reconhecimento pelo território brasi- formar a coroa portuguesa para que se pu-
leiro. Eles avançaram pela mata a procura de desse planejar melhor a colonização.
índios, minas de ouro e diamantes.

A maioria dos bandeirantes era paulis-


ta. Por esse motivo, diversas expedições sa-
íram da cidade de São Vicente ou da capital
do estado. Eles caminhavam seguindo o cur-
so dos rios e foram os responsáveis por en-
contrar as primeiras minas de ouro em Minas
Gerais, Goiás e Mato Grosso.

Os bandeirantes são apontados como


os principais participantes da expansão ter-
ritorial do Brasil. Eles ultrapassaram os limi-
tes do Tratado de Tordesilhas e deixaram sua
marca no tamanho do país. Vale comentar
que havia dois tipos de expedições bandei-

44
POVOAMENTO E
EXPANSÃO TERRITORIAL

As expedições bandeirantes também berta de metais preciosos, fez com que a Co-
possibilitaram a descoberta de riquezas mi- roa portuguesa passasse a financiar muitas
nerais como ouro, prata e diamante, metais expedições com o objetivo de encontrar essas
preciosos que deram origem a um novo ciclo riquezas minerais e explorá-las como alterna-
econômico de exploração colonial. O êxito tiva a crise à econômica provocada pelo declí-
dos bandeirantes, principalmente na desco- nio da produção do açúcar.

MITOS E MONUMENTOS

As Bandeiras deram origem a narrativas espírito aventureiro, que penetraram na mata


épicas, mitos e lendas sobre o desbravamen- e desbravaram a vastidão do interior até en-
to e conquista do sertão brasileiro, que hoje tão desconhecido, enfrentaram e dominaram
fazem parte do simbolismo regional. Embora índios, descobriram e exploraram riquezas mi-
tenham sido responsáveis pela escravização nerais e fundaram povoados.
e dizimação de inúmeras etnias indígenas e
pela destruição de muitas missões jesuíticas, https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-bra-
os bandeirantes são retratados como homens sil/entradas-e-bandeiras-bandeirantes-expandiram-
heroicos, portadores de coragem, bravura e -limites-do-brasil.htm

OS BANDEIRANTES EM
MUNDO NOVO
No Município de Mundo Novo, o Ban-
deirantismo foi fundado por Therezinha Ma-
ria Pahim, no ano de 2007, e se mantém ati-
vo até hoje. Em 2016, Dona Therezinha, que
era Coordenadora do Bandeirante do núcleo
Mundo Novo, do Estado da Bahia, veio a fale-
cer, o que levou 4 jovens a se tornarem coor-
denadores: Nathaly Ribeiro Silva, Rafael Silva
dos Santos, Verônica Santos da Silva e Ana
Cecilia Oliveira Ferreira a tomarem a frente do
Sede (local onde realizam as atividades)

45
Núcleo Mundo Novo, não permitindo que o
movimento viesse a acabar.

Texto: Nathaly Ribeiro Silva coordenadora de B1.

O Movimento tem como principal mis-


são ajudar crianças, jovens e adolescentes a
desenvolverem seu potencial máximo como
responsáveis cidadãos do mundo. Utiliza a
Educação não formal para ensinar valores
como: respeito às diversas etnias, crenças, gê-
neros, e, principalmente, o cuidado ao meio
ambiente.

46
EULÁLIO MOTTA, PERSONAGEM
SIGNIFICATIVO NA COMUNIDADE DE
MUNDO NOVO
Eulálio Motta era o terceiro filho do ca-
sal Eremita Miranda Motta e Antônio Manoel
da Motta, e teve sete irmãos: Durval, Nelson,
Amando, Arnaldo, Ailda, Edithe e Zenailde.

O Sr. Antônio Manuel da Motta era um


comerciante e fazendeiro de prestígio na re-
gião de Mundo Novo, envolvia-se na caloro-
sa política local, mas sempre foi pacificador.
Como a maioria dos fazendeiros daquela
época, defendia ideais políticos de tendência
conservadora. Na vila do Alto Bonito, ocupou
o cargo de inspetor escolar, sendo responsá-
vel pela educação na vila.

Aos dezessete anos, com o objetivo


de dar seguimento aos estudos, iniciados na
vila do Alto Bonito, Eulálio Motta foi viver em
Monte Alegre (atual Mairi), onde trabalhou
como balconista numa farmácia da família.

Após apaixonar-se por uma moça da


cidade, ele passou a ser negligente com o
O escritor baiano Eulálio de Miranda trabalho na farmácia e por esse motivo seu
Motta nasceu na vila do Alto Bonito, no municí- pai o trouxe de volta para a fazenda, mas ele
pio de Mundo Novo. A infância no arraial do Alto apenas se interessava por fazer versos apai-
Bonito e na Fazenda Morro Alto marcou o ima- xonados. Num panfleto publicado na déca-
ginário do poeta que, em seus versos, canta as
da de 1980, Eulálio Motta ainda recorda esse
lembranças das brincadeiras no terreiro de terra
tempo do Monte Alegre.
batida, do gosto dos umbus verdes, das noites
iluminadas pelos astros, do cheiro do curral.
Em 1925, Eulálio Motta mudou-se para
Salvador e, segundo consta em seus versos,
De Alto Bonito, com 12 anos de idade,
Eulálio Motta se mudou com sua família para a a jovem teria se casado com outro. Diante
Fazenda Morro Alto, distante apenas 15 quilô- da impossibilidade de ser correspondido, ele
metros da vila. decide não ter outro amor, declarando isso
em vários poemas e cartas a amigos.
Nessa época, ele auxiliava nas lidas diárias
da fazenda, mas também trabalhava nos arma- O Sr. Antônio Motta preocupava-se
zéns que a família tinha nas vilas do Alto Bonito, com o futuro dos seus filhos e se empenhava
do França e na Capela da Cigana, conforme de- para que eles se formassem em grau superior.
clara Eudaldo Lima. O filho mais velho, Durval Motta, foi o primei-
ro a ir estudar em Salvador, em seguida foi a

47
vez de Eulálio Motta que, em 1926, ingressou No início de 1927, Eulálio Motta retor-
no Ginásio Ipiranga. nou a Salvador para continuar os estudos,
instalando-se outra vez no Ginásio Ipiranga,
A agitada vida cultural da capital, os onde fez os preparativos para ingressar na Fa-
professores, os colegas, o cinema e, sobre- culdade de Medicina da Bahia. Além dos es-
tudo, os livros influenciaram profundamente tudos convencionais, o Ginásio Ipiranga ofe-
Eulálio Motta. Foi no Ginásio Ipiranga que ele recia o regime de internato reunindo jovens
se iniciou no mundo da leitura dos clássicos e não apenas da Bahia, mas também de outros
descobriu poetas como Olavo Bilac, Castro Al- Estados. Segundo anotações de Eulálio Mot-
ves, Raimundo Correia, Cruz e Souza, Augusto ta no caderno Bahia Humorística, a vida no
dos Anjos e os franceses Vitor Hugo, Leconte Ginásio Ipiranga era bastante movimentada,
de Lisle, Paul Verlaine, dentre outros, que ele debatia-se política, economia, história, litera-
lia e de quem anotava trechos de poesias em tura, recitavam-se poemas e promoviam-se
seus cadernos. Estas novas leituras 64 influen- concursos literários.
ciaram Eulálio Motta, que passou a se iden-
tificar com a estética parnasiano-simbolista, Eulálio Motta foi um poeta que se de-
bastante difundida no cenário literário sotero- dicou à escrita literária durante grande parte
politano da década de 1920. Entretanto, suas de sua vida. A partir das datas presentes nas
leituras não se restringiram aos poetas, ele fontes documentais de seu acervo, infere-se
também leu Karl Marx, Friedrich Engels. que ele começou a escrever seus primeiros
versos no início da década de 1920 e se-
As novas leituras alteraram as con- guiu escrevendo poesias até 1988, ano de sua
cepções de mundo do jovem do interior que morte. Eulálio Motta não se restringiu a es-
chegou a se declarar ateu e se sentiu atraído crever apenas em um gênero literário, ele se
para os ideais do comunismo: “Quando me dedicou à escrita de causos, crônicas, peças
interessava pelo Socialismo, li o “Destino do de teatro e, na poesia, dedicou-se à escrita
Socialismo” de Otávio de Faria e achei seus de sonetos, cordéis e trovas. De acordo com
argumentos irrefutáveis em defesa do Socia- Barreiros (2012), as primeiras composições
lismo” (EA2.15.CV1.15.001, 29.04.1949, f. 6vº de Eulálio Motta, escritas ainda em Mundo
L 12). Eulálio Motta publicou um texto no jor- Novo, foram os “[...] versos rimados ao sabor
nal Mundo Novo declarando-se comunista e das cantigas populares, carregados de sono-
ateu. Essas declarações chegaram ao conhe- ridade e ritmo” (BARREIROS, Patrício. 2012,
cimento de seu pai que, pela sua formação p. 62) que, “[...] segundo anotações em di-
religiosa e cultural, jamais toleraria um filho ários, Eulálio Motta os recitava em público,
ateu e comunista. Por esse motivo, o Sr. An- causando admiração, principalmente entre as
tônio Manuel da Motta, convencido de que moças”(BARREIROS, Patrício. 2012, p. 62).
a capital estava corrompendo o caráter do fi-
lho, exigiu que ele abandonasse os estudos e file:///C:/Users/MARIZA/Downloads/Tese-patrcicio-
voltasse para o interior. -barreiros.pdf

DANTE DE LIMA
Dante de Lima é baiano natural de Faculdade Católica do Salvador, escreveu
Mundo Novo e conhecedor de inúmeras diversos livros nos quais relata “causos” e
histórias locais. Formou-se em Direito pela histórias da cidade como afirma Pinheiro:

48
Lançou três livros nos quais homena-
geia Mundo Novo em suas páginas re-
cheadas de fantásticas histórias que nos
fazem rir, chorar e aprender um pouco
mais com a vida de cada personagem.
Entrar em contato com sua obra é co-
nhecer cada palmo da cidade, reconhe-
cendo os tipos humanos, as histórias, a
ingenuidade e a força do sertanejo. (PI-
NHEIRO, 2010)

Em sua terra natal cursou o primário na


Escola José Carlos da Motta e o 2º grau no Gi-
násio Mundo Novo. Foi Presidente do Grêmio
Ruy Barbosa durante os quatro anos de giná-
sio. Foi embora para a capital para estudar o
ensino superior.

Posteriormente voltou àquele Ginásio,


desta feita como professor de inglês, tendo
ali lecionado durante alguns anos. Em 1963,
preocupado com a intensa político-partidá- h t t p s : / / w w w. b l o g g e r. c o m / p r of i -
ria dos clubes locais, fundou, com um grupo le/17984991593233019953
de amigos, a Associação Cultural e Desporti-
va Atalaia, de características eminentemente h t t p : / / c o n h e c e n d o m u n d o n o v o ba . b l o g s p o t .
apolíticas, da qual foi seu presidente. com/2017/04/como-surgiu-mundo-novo.html

LIMA, Dante de. Histórico da Cidade por Dante de


Desde a juventude seu discurso tem Lima. Disponível em: http://www.mundonovoba.
refletido uma preocupação constante com a com.br/historico-da-cidade-por-dante-lima/
política partidária de sua terra, tantas vezes
incompatível com a grandeza do seu povo.

Essa preocupação é uma constante em


sua vida, onde incentiva a prática de uma po-
lítica sadia que ponha acima dos interesses
partidários o interesse maior da comunidade
mundonovense.

49
O QUE É UMA ASSOCIAÇÃO?

Associação é uma organização resul- Pessoas Jurídicas, formadas pela união de


tante da reunião legal entre duas ou até mais grupos que se organizam para a realização
pessoas, com ou sem personalidade jurídica, de atividades não econômicas, ou seja, sem
para a realização de um objetivo comum. São fins lucrativos.

MOVIMENTOS
SOCIAIS
Movimento social representa a ação seus direitos. São fenômenos históricos, que
coletiva de setores da sociedade ou organi- resultam de lutas sociais, que vão transfor-
zações sociais para defesa ou promoção, no mando e introduzindo mudanças estruturais
âmbito das relações de classes, de certos ob- nas sociedades.
jetivos ou interesses, tanto de transformação
quanto de preservação da ordem estabeleci- https://www.politize.com.br/movimentos-sociais/
da na sociedade.
Agora que já sabemos o que são movi-
Os movimentos sociais são formados mentos sociais e sua importância, vamos co-
por grupos de indivíduos que defendem, de- nhecer um Movimento Social do nosso muni-
mandam e/ou lutam por uma causa social e cípio que é o Movimento Florir Vida, que tem
política. É uma forma da população se orga- como objetivo a revitalização do rio Capivari
nizar, expressar os seus desejos e exigir os em Mundo Novo.

MOVIMENTO
FLORIR VIDA
salvaguardar a natureza no sentido ecológico
ambiental. Essa ideia partiu de uma inspiração
divina, concretizada em ações humanitárias e
da boa convivência dos homens entre si e a
natureza.

Esta ideia busca despertar a humani-


dade para as atitudes, boas práticas cidadãs e
bons afetos, e assim favorecer um estado de
harmonia entre o homem e a natureza para
que prevaleça o equilíbrio do meio ambiente
A Associação Movimento Florir Vida foi e da boa convivência entre os seres.
criada pela professora Regina Assunção Cor-
reia Cruz. A iniciativa surgiu através do desper- A culminância dos trabalhos da Asso-
tar para a conscientização da importância de ciação acontece sempre no mês de setembro

50
com o Festival Florir Vida. Neste evento anu- de Mundo Novo. O evento propõe a expansão
al as ações ambientais, sociais e culturais são resiliente do amor através de palestras, ofici-
pensadas para o despertar e sensibilização da nas, stands, cursos, desfiles, passeatas, apre-
população Mundonovense para a importância sentações e exposições artísticas.
de salvaguardar a natureza no sentido ecoló-
gico ambiental; assim como no tocante da na-
tureza humanitária.

A luta pela revitalização do Rio Capivari,


fortalece na preservação da nascente, orien-
tando a população da necessidade de cuidar
do rio, buscando junto aos órgãos competen-
tes o tratamento dos esgotos e finalmente a
retirada definitiva dos poluentes e contami-
nantes do curso do Rio Capivari.

O Festival Florir Vida é um evento so-


ciocultural e educativo que tem como desafio
o envolvimento de diversas áreas: meio am-
biente, artes, educação, culinária, agropecuá-
ria, saúde, políticas públicas do trabalho, po-
líticas públicas das mulheres e a área jurídica.
Seu principal objetivo é promover o resgate
de boas práticas cidadãs através da unifica-
ção dos sentimentos positivos da população

51
MUSEUS

Museu é uma instituição permanente humanidade e do seu meio envolvente com


sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e fins de educação, estudo e deleite.
do seu desenvolvimento, aberta ao público,
que adquire, conserva, investiga, comunica h t t p : / / w w w. i c o m . o r g . b r / w p - c o n t e n t / u p l o -
e expõe o património material e imaterial da ads/2021/02/Apresentacao.pdf

MUSEU DE
JEQUITIBÁ

Museu natural mostra espécies da flora e fauna da região

O Mosteiro de Jequitibá, no povoado construção do monastério e muitos estão ex-


do mesmo nome, no município de Mundo tintos. O irmão João Batista (nome monástico
Novo (BA), tem dois museus mantidos pelos que substituiu o de batismo, Manuel Luís), 48
monges cistercienses: o primeiro é o de arte anos, trabalha na biblioteca do mosteiro, re-
sacra, que também possui objetos da primei- cepciona e guia visitantes. Ele explica que não
ra escola fundada pelos religiosos, o segun- é cobrado ingresso nos museus, mas quem
do, conta com um surpreendente acervo for- quiser pode dar uma contribuição espontâ-
mado por fósseis, insetos, couros de cobras nea. O Museu de Arte Sacra funciona hoje no
imensas, crânios e animais empalhados. A claustro das celas que servem de pousada,
maioria dos exemplares faz parte da fauna mesmo local onde funcionou a antiga capela
da fazenda de 3.300 hectares doada para a do monastério.

52
O museu foi constituído na segunda apenas, em 2013, através do presidente da
metade dos anos 1940 pelo padre Henrique, Fundação Divina Pastora, Josef Hehenberger,
diretor do ginásio São Bernardo (1945-1949), apoio técnico para a elaboração de projetos
primeira escola a funcionar no povoado e a de restauro e de construção de inventário de
atender os jovens da região. O religioso man- acervo, o que foi providenciado. Os religio-
tinha as peças, muitas delas trazidas do mos- sos demonstraram interesse no tombamen-
teiro-mãe na Áustria, na área onde hoje fun- to, mas não formalizaram a solicitação.
ciona a pousada.
Livros seculares de oração em latim,
O acervo foi restaurado e colocado no imagem e estandarte de Nossa Senhora Divi-
atual espaço provisoriamente, para que pos- na Pastora feitos por um monge e um abade
teriormente, os superiores da ordem conse- emérito, fotos dos religiosos austríacos e dos
guissem o tombamento do mosteiro pelo brasileiros que se uniram ao grupo no decor-
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico rer dos anos fazem parte do acervo relaciona-
Nacional (IPHAN). Além da importância his- do com religião. Há ainda pertences – mitra,
tórica e cultural, o monastério é sede da Pa- sapato e luva – de Antônio Moser, primeiro
róquia de Jequitibá, uma das poucas do Brasil abade de Jequitibá.
voltada para o meio rural.
A parte dedicada ao antigo ginásio exi-
“Para alcançar nosso objetivo tínha- be velhas máquinas de filmar, trazidas da Eu-
mos que expor as peças restauradas da ropa para documentar a construção do Mo-
história do mosteiro, mas nossa meta nastério, a vida dos trabalhadores da fazenda
não foi alcançada. A intenção é retomar em projetores de filmes em preto e branco,
esse processo, que também previa a re- usados numa espécie de cinema criado para
forma do mosteiro, avaliada em R$ 9 mi- divertir os jovens da região. Microscópios
lhões” – conta João Batista. utilizados nas aulas de Ciências: relógios, o
antigo sistema de peso por roldana, fotos da
A assessoria de imprensa do IPHAN primeira turma do ginásio e dos padres pro-
informou que os cistercienses não concreti- fessores são exibidos com destaque.
zaram o pedido de preservação. Solicitaram

MEMÓRIA

Salão do Museu de Arte Sacra Livro de orações e cânticos gregorianos em latim

53
Foto de Plínio e Isabel Tude e as porcelanas deixadas Equipamentos trazidos da Áustria
pelo casal

Uma terceira sessão se refere aos do- cionava na atual sala de recreio dos monges,
adores da Fazenda Jequitibá, Plínio e Isabel completa o acervo. A maioria dos livros são
Tude. A foto do casal fica na mesa no centro escritos em alemão, embora nenhum dos ir-
do museu, próxima às prateleiras onde ficam mãos brasileiros domine o idioma. Uma das
parte da porcelana importada usada pelos peças raras é uma bíblia grega.
antigos proprietários. A biblioteca, que fun-

Irmão João Batista, o guardião dos Museus, e o Quadro com foto dos padres austríacos
acervo sacro histórico

54
NATUREZA

Cascavel empalhada Sala de animais empalhados

Para quem se surpreende com dezenas * Especialista em taxidermia, substantivo fe-


de animais empalhados do Museu de Histó- minino Técnica de preservar animais e exibi-
ria Natural, criado há 60 anos, uma explica- -los tal como quando vivos. A palavra taxi-
ção: o passado havia um monge taxidermista dermia provém de duas palavras gregas que
que ensinava sua arte aos alunos. João Batista significam arranjo e pele. Fonte:
explica que o processo de empalhamento é https://www.dicio.com.br › taxidermia
feito da seguinte forma:

“Você pega o bicho morto, abre a barriga,


tira as vísceras. Depois enche de palha, o
quanto couber, e aplica o formol para matar
as bactérias. É preciso deixar o composto pe-
netrar bem. Por fim, costura a barriga do bi-
cho.” – explica.

O monge diz ainda que os exemplares


mais recentes dos bichos que estão ali foram
empalhados pelo padre Estevão de Lima, o mais
antigo da comunidade. O religioso hoje tem 93
anos.
Uma das preciosidades da coleção é
uma cascavel totalmente empalhada, en-
quanto os demais animais estão preservados
só no couro. Outros exemplares interessantes
são os tamanduás e a coruja rasga-mortalha,
que tem fama de mau agouro e de prenun- Crânios de animais
ciar a morte.

55
Chocalhos de cascavel. Cada gomo representa um Sala de animais empalhados
ano de vida

“A maioria das aves que temos no museu elas levando comida para os filhos à noite. As
aparece até hoje na nossa fazenda. É gavião, corujas predadoras são atraídas pelos morce-
periquito, papagaio, jacu, corujinha, corujão. gos, os quais não conseguimos espantar. Es-
Se a fama da rasga-mortalha fosse verdadei- tou aqui há 12 anos e vi várias ninhadas nesse
ra, todos os monges estariam mortos. Elas período. Os filhotes crescem e voam. Depois
habitam aqui. Na parte mais alta do mosteiro voltam para reproduzir” – diz irmão Bernar-
tem uma falha, onde elas fazem ninho. Já vi do, que também acompanha a visita.

Uma coleção de couro de cobras, a


maior é o de uma jiboia que tem quatro me-
tros e meio, e chocalhos de cascavéis também
chamam a atenção. Tem ainda, um padre es-
pecializado em entomologia que montou
uma bancada de insetos. Tem besouros, bar-
beiro, bicho-pau, louva-deus, borboletas. Ao
lado, aranhas caranguejeiras. Na mesma sala,
crânios de animais e fósseis. Um imenso par
de chifres de boi, tradição trazida pelos por-
tugueses que não serravam as guampas, é um
dos espaços mais fotografados do museu.

Tem mais coisas para se ver, um pai-


nel com garras de ema, gavião, unha de tatu
canastra e de águia; pata de anta; cascos de
cágado e jabuti; rabo de teiú; estante com se-
mentes crioulas; garrafas de cidras; cabaças
Garra de águia raras de Baixa Grande; areia de Lençóis; e pe-
dras raras da Chapada Diamantina.

56
Maior couro de jiboia do museu: 4,5m de extensão Peles de animais e couro de cobra

A foto do gigantesco jequitibá, que fonte de água que abasteceu o mosteiro por
originou o nome da fazenda, está pendurada muitos anos. Hoje ela está seca e o monasté-
em uma das paredes. Ela motiva João Batista rio possui um sistema de encanação que re-
a falar sobre a vegetação local: tira a água por gravidade de uma minação”,
diz João Batista, o guardião dos dois museus.
“Essa árvore ficava na reserva natural da fa-
zenda, estabelecida pelo Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Fonte:
Renováveis (Ibama), na trilha que vai dar na https://www.meussertoes.com.br/2020/02/05/os-
-dois-museus-de-jequitiba-parte-3/

Rasga-mortalha

57
RUAS E PRAÇAS

RUAS
Os nomes das ruas contam (ou deveriam contar), a história de uma cidade. Para Luiz Eduardo Dórea,
“Em muitos daqueles nomes encontra-se preservada a memória de acontecimentos marcantes, perso-
nagens singulares e de antigas construções já desaparecidas”. O historiador referia-se a Salvador.
Mas assim é também nas demais cidades. É importante conhecermos os nomes de nossos logradouros e
as personalidades imortalizadas nas placas de nossas ruas:

VILA ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES RUA NUMA ALVES BARRETO


Ao chegarmos no trevo de Mudo Novo, to- Seguindo-se em direção ao centro da cida-
mamos logo contato com a Vila ACM, cons- de, percorremos a Rua Numa Alves Barreto.
tante de várias rua sem denominação. Pode- Esse logradouro está se tornando um cartão
mos considera-la como um subúrbio, já que postal da cidade. Numa Alves Barreto foi pre-
totalmente desligada do centro urbano. Na feito de Mundo Novo no quadriênio de 1947
atual gestão municipal recebeu muitos me- a 1951. Em sua administração Mundo Novo
lhoramentos. Homenagem ao político de in- experimentou enorme progresso.
comparável notoriedade.
AVENIDA OSVALDO VITÓRIA
RUA JOÃO ALVES COSTA Seguindo-se ainda em direção ao centro per-
(antiga Santana) A seguir mil metros em di- corremos a Avenida Osvaldo Vitória, prefeito
reção à cidade, temos à nossa esquerda, a do município em dois quadriênios: 1954 a
Rua João Alves Costa, comerciante já faleci- 1958, como 18º prefeito, e 1963 a 1967.
do, muito querido da população, que o ape-
lido de “João Bicheiro”, devido à sua primeira RUA JOSÉ CARLOS DA MOTTA
atividade como banqueiro do jogo do bicho. Uma homenagem ao fundador de Mundo
João Bicheiro possuía um restaurante na Rua Novo.
Numa Alves Barreto, que era centro conver-
gente da sociedade mundonovense. Deixou TRAVESSA LAURITA PAMPONET
ilustres descendentes em Mundo Novo, que D. Laurita, precocemente falecida, mereceu uma
deram sequência ao seu ramo de negócios. justa homenagem de seus conterrâneos, que
muito a amavam. Era esposa do Sr. Nilton Pam-
VILA EMANUEL RENATO VITÓRIA ponet, também homenageado em nossas ruas.
Logo a seguir, junto ao Parque de Exposições
Nestor Duarte, foi recentemente construída a BAIRRO NOVA BRASÍLIA
Vila Renato Vitória. O homenageado, filho de Um bairro novo, edificado na parte alta da cidade, é
Mundo Novo, era um cidadão muito querido composto de diversas ruas ainda sem denominações.
na cidade. Deixou, também, ilustre família em
nossa terra. Essa Vila é composta de várias RUA MINISTRO FRANCISCO SÁ
ruas ainda sem denominação. Francisco Sá foi Ministro de Viação no gover-
no de Arthur Bernardes. À frente do Ministé-
rio da Viação, o Dr. Francisco impulsionou a
RUA DIMAS PEDREIRA DE ALMEIDA construção da estrada de ferro Leste Brasileiro
Querido filho de Mundo Novo. até a Barra de Mundo Novo. Todo o seu empe-

58
nho se deveu ao fato do Ministro ser amigo do RUA CASSIMIRA DA SILVA MOTA
Sr. Adolfo Alves Barreto e de seu filho Octávio (Dona Guidã) Essa rua passou a integrar o
Barreto. Era propósito de o Ministro trazer a Bairro Jasmineiro segundo consta D. Guidã
estrada de ferro até a cidade de Mundo Novo. era descendente de José Carlos da Motta.

RUA ARLINDO LEONE RUA J.J. SEABRA


Arlindo Batista Leoni era filho da Barra (Ba). José Joaquim Seabra, nasceu em Salvador em
Iniciou sua vida profissional como Promotor 1855. Eminente político brasileiro, diplomado
Público na comarca de Ituassú. Foi Juiz Muni- em Direito pela faculdade do Recife, foi pro-
cipal no termo de Pombal, Juiz de Direito da motor Público em Salvador, eleito várias ve-
Comarca de Paraguaçu, transferindo-se, logo zes deputado federal, foi ministro da justiça,
após para Bom Conselho. Em 9 de março de ministro da viação, governador da Bahia em
1896 foi removido para a comarca de Juazei- dois quadriênios (1912 - 1916 e 1920 - 1924).
ro, onde exerceu forte pressão contra Anto-
nio Vicente Mendes Maciel, o Conselheiro, RUA JOSÉ ALVES BARRETO
na famosa Guerra de Canudos. Mais tarde foi José Alves Barreto foi vereador, ilustre intelec-
transferido para as comarcas de Maragojipe tual de Mundo Novo, e um dos fundadores da
e Valença. Sociedade Recreativa Lyra Mundo- novense.

RUA MANOEL VICTORINO RUA JUVÊNCIO LIMA


O Dr. Manoel Victorino Pereira, governador Juvêncio Lima foi o terceiro Coletor Estadual
da Bahia, assinou o “acto” de 1º de março de de Mundo Novo. Era abastado fazendeiro e
1890, elevando a Freguezia de Mundo Novo sua fazenda foi adquirida para a instalação do
à categoria de “Vila” (município), com a deno- Instituto de Pecuária da Bahia.
minação de Villa do Mundo Novo.
RUA JOAQUIM BARRETO DE ARAÚJO
RUA RUI BARBOSA Foi o 6º prefeito de Mundo Novo. Oriundo das La-
Grande jurisconsulto brasileiro, embora nas vras Diamantinas, muito trabalhou por nossa terra.
eleições de 1918 o tivesse derrotado com uma Era médico e grande comerciante de carbonatos.
diferença de 136 votos, a favor de Epitácio Pes-
soa. Mas, naquela época de eleição a “bico de RUA DA FLORESTA
pena”, quase nunca as urnas falavam a verdade. Prolongamento da Praça Hermínio Ramos. A
parte final da atual Rua da Floresta sempre foi
RUA CORONEL TAMARINDO popularmente conhecida com Capanga Suja,
O Coronel Pedro Nunes Tamarindo comanda- porque ali era reduto de mendigos.
va o 9º Batalhão de Infantaria que compunha
a expedição do Coronel Moreira César que foi RUA TORQUATO MACELINO DE MIRANDA
combater na célebre Guerra de Canudos, em Nasceu em Mundo Novo, no dia 26.02.1900.
3 de fevereiro de 1897. O Batalhão do Coro- Casado com D. Joana (Joanita) de Lima Mi-
nel Moreira César saiu-se derrotado na bata- randa, também mundonovense. Era nego-
lha travada no dia 21 de fevereiro, quando fo- ciante e construiu várias casas na rua que leva
ram mortos, além de Moreira César, também o seu nome. Foi presidente da Sociedade Lyra
o Coronel Tamarindo e o Capitão Salomão. Mundo-novense, e como empresário, foi pro-
prietário de vários cinemas em Mundo Novo.
RUA JOÃO MOTTA ALMEIDA
Pecuarista, compôs a nossa Câmara de Verea- RUA ANTONIO PINHEIRO GUIMARÃES
dores na gestão de Ederval Nery (1967/1971). Mundo-novense, músico, funcionário do
Banco do Brasil S.A.
BAIRRO JASMINEIRO
Seguindo na direção do Cobé e do Umbuzei- RUA NOVA ESPERANÇA
ro, encontramos o bairro Jasmineiro, conheci- Conhecida anteriormente como “Favela” e
do também como “Vai quem quer” e Engenho. depois como Rua do Hospital.

59
BAIRRO DO SAPÉ RUA MANOEL BARRETO
Composto de várias ruas sem denominação. Irmão do ex-prefeito Joaquim Barreto de
Esse antigo bairro foi implantado numa das par- Araújo (1904a 1907). Ilustre membro da famí-
tes mais altas da cidade. Caracterizado como re- lia Barreto de Araújo, Era proprietário de ter-
sidências de pessoas humildes ali se localizam o ras em Mundo Novo.
cemitério e o Hospital Regional da cidade.
RUA DA BANANEIRA
RUA DA CRECHE Antiga transversal da Rua da Igreja, sempre
Integrante do Bairro do Sapé. se caracterizou como residência de pessoas
humildes. Aí sempre residiu a figura mais fol-
RUA JOSÉ ALVES BARRETO clórica de Mundo Novo, “Rosa de Mané Num
Inicia-se na Rua da Creche terminando na rua Importa”, que merecia um capítulo àparte.
que dá acesso ao Monte da Santa Cruz.
RUA JOÃO JESUS DOS SANTOS “DÃO”
OBSERVAÇÕES: Essa rua veio em substituição à Rua da Bana-
1 - o Bairro do Sapé foi fundado com re- neira acima descrita. “Dão” foi um competen-
cursos próprios pelo cidadão conhecido te mestre de obras mundo-novense que resi-
como “Joãozinho do Sapé”. Não obstan- diu naquela artéria.
te a nossa Câmara de Vereadores não se
dignou em emprestar seu nome àquele AVENIDA OSVALDO RIBEIRO
bairro. Esse antigo logradouro, conhecido como Rua
do Recreio, já teve seu nome oficial como
2 – Já existe uma rua em nossa Cidade Rua Desembargador Bulcão. Era uma home-
com o nome do intelectual mundo-no- nagem da comunidade ao seu primeiro Juiz
vense José Alves Barreto, não havendo de Direito, o Dr. Antônio de Araújo de Aragão
qualquer esclarecimento se há Bulcão, que permaneceu em Mundo Novo
algum homônimo. Essa dubiedade durante 15 anos.
irá causar dificuldades, principalmente
aos Correios. TRAVESSA ANTÔNIO FERNANDES LEÃO
De ilustre família mundo-novense, era um
BAIRRO DA SANTA CRUZ prestigiado fazendeiro.
Grupo residencial de pessoas humildes tem
crescido muito com a implantação de lotea-
mentos e sítios muito valorizados. Localiza-se TRAVESSA OSVALDO SABACK TRINDADE
nas proximidades da Santa Cruz, capela edifi- O homenageado não era Mundo-novense,
cada em três de maio de 1910; é um dos sím- mais amava a nossa terra com profunda de-
bolos da cidade. voção. Fazendeiro, sempre participou ativa-
mente das festas pecuárias e da fundação de
RUA CORONEL FRANCISCO LIMA nossas instituições rurais.
Francisco Custódio Lima, ou Chico Lima, era
filho de Camissão, hoje Ipirá. Foi Alferes da AVENIDA ELISA NERY
Polícia Militar e Coronel da Guarda Nacional. Esse logradouro é uma homenagem à geni-
Foi o primeiro delegado de polícia de Mun- tora de nosso ex-prefeito Ederval Nery (1967
do Novo, Juiz de Paz, bem como seu prefeito - 1971 e 1977 - 1982), que urbanizou total-
no quadriênio de 1912 a 1916. Constituiu nu- mente toda aquela enorme área, que era um
merosa família e foi um abastado fazendeiro. pântano considerado de nenhuma serventia,
Seu imóvel residencial foi o primeiro da rua a não ser como pasto.
que leva o seu nome. É o último sítio histórico
que resta em Mundo Novo e vem sendo con- RUA MARIANA MOREIRA DE ANDRADE
servado como se tombado fosse, graças aos Novo logradouro nomeado em homenagem
esforços do professor José Carlos Aragão. à falecida esposa de nosso Conterrâneo “Zuza
Andrade”. Fica próxima ao Fórum.

60
RUA NILTON MATOS PAMPONET BAIRRO SALUSTIANO RIBEIRO
Nilton Pamponet não é filho de Mundo Novo, Esse bairro é composto de diversas ruas ain-
mas é um cidadão muito querido e conceitu- da sem denominação. Salustiano Ribeiro foi
ado em nossa terra. Essa rua foi aberta pela um rico fazendeiro de Mundo Novo de quem
municipalidade em terras de sua propriedade. se contam muitas histórias folclóricas, devido
ao seu temperamento curioso.
TRAVESSA ARMANDO SOUZA DE OLIVEIRA
Ilustre filho de Mundo Novo, Contador, ve- RUA MAMÉDIO RIBEIRO DA SILVA
reador em três legislaturas: Raimundo Souza Pecuarista, marchante. Essa rua passou acom-
Costa (1983/1988), Cléverson Nogueira Bar- por o Bairro Salustiano Ribeiro
bosa (1989/1992) e Raimundo Souza Costa
(1993/1996). Rua Eufrásio Ribeiro da Silva
Rua Demétrio Ribeiro da Silva
RUA EULÁLIO MOTTA Rua Maroto Ribeiro da Silva
Eulálio de Miranda Motta, poeta, escritor e Rua Valeriano Ribeiro da Silva
eloqüente orador, era filho de Mundo Novo, Rua Alexandre Ribeiro da Silva
tornando-se verdadeiro advogado de nossas Rua Onofre Ribeiro da Silva.
fronteiras. Escreveu vários livros. Dentre eles
destacam-se “Canções de Meu Caminho” e OBSERVAÇÃO: TODAS ESSAS RUAS SÃO IN-
“Ilusões que Passaram”. É um nome de refe- TEGRANTES DO BAIRRO SALUSTIANO RI-
rência na literatura mundo-novense. BEIRO DA SILVA. SEUS NOMES SÃO DE DES-
CENDENTES DE SALUSTIANO RIBEIRO.
RUA DO CAJUEIRO
Trata-se de uma pequena artéria transversal à
Rua Manoel Barreto.

PRAÇAS

PRAÇA ADALBERTO CERQUEIRA CAMPOS RUA E PRAÇA JOSÉ ALVES MARTINS


Homenagem ao ex-prefeito de Mundo Novo. O homenageado foi médico em Mundo Novo
Antes dessa administração, Mundo Novo não e presidente da Associação Rural. Em terras
passava de um arraial. Em sua gestão, calçou de sua propriedade, desapropriadas, foram
ruas e iluminou a cidade com luz elétrica. Um construídas a rua e praça que levam o seu
fato curioso, foi que, em sua administração nome. Eraum homem bondoso, bem quisto e
(1938/1944), o administrador criou um Plano Di- deixou ilustre família em Mundo Novo.
retor para a cidade. Basta lembrar que só recen-
temente, as cidades com mais de 20 mil habitan-
tes estão obrigadas a possuir um Plano Diretor.

61
PRAÇA JOSÉ PEDREIRA LAPA
Foi prefeito de Mundo Novo de 1904 a 1909
PRAÇA SENADOR COHIM e de 1918 a 1920. Fazendeiro, foi um político
Quarto prefeito de Mundo Novo, José de grande influência no sertão baiano. Con-
Abraham Cohim foi deputado estadual. Era siderado o “Pacificador do Campestre”, foi
casado com D. Virgília Saback Cohim, e pro- Deputado estadual, tendo pronunciado na
prietário de vasta extensão de terras que iam Assembléia Legislativa vigoroso discurso em
desde as proximidades da cidade até ao dis- defesa de Mundo Novo.
trito do Covão (atual Indaí). Era proprietário
de um casarão na praça que hoje leva o seu
nome. Esse casarão foi sede, durante mui-
tos anos, da Prefeitura Municipal. O imóvel
foi posteriormente demolido (lamentável).
Quando deixou a prefeitura de Mundo Novo
(1904), passou a integrar o Senado baiano
durante doze legislaturas consecutivas, des-
de a 8ª (1905 - 1906), até a 19ª (1927- 1928).

PRAÇA HERMÍNIO RAMOS


Situa-se no bairro Floresta. Hermínio Ramos
foi o primeiro morador do bairro. Sua vida foi
marcada por uma tremenda tragédia.

PRAÇA ARLINDO ANTUNES DE LIMA


Essa praça era popularmente denominada de
“Chicochó”. Recentemente um vereador
propôs a oficialização do nome da praça. O
projeto foi rejeitado, pois os demais pares não
sabiam o que significava “Chicochó”, achan- PRAÇA BARÃO DO RIO BRANCO
do tal nome bastante estranho. Ficou resolvi- Homenagem a José Maria da Silva Paranhos
do então, que, em homenagem ao autor do Júnior, notável estadista e historiador brasilei-
projeto, se colocasse no logradouro o nome ro. Nascido no Rio de Janeiro, em 1845, diplo-
de seu pai, o Sr. Arlindo Antunes de Lima. mado em Direito pela Faculdade de Recife.

62
PRAÇA JAILTON SAMPAIO FERNANDES PRAÇA JAIRO MOREIRA DE ALMEIDA
Vereador mundo-novense em três legislatu- Esse cidadão, que nunca ocupou um cargo
ras (Raimundo Souza Costa, Cléverson No- público na vida de Mundo Novo, merece um
gueira Barbosa e, novamente, na 2ª gestão capítulo à parte. Veio residir definitivamente
de Raimundo Souza Costa). Tem relevantes em Mundo Novo no ano de 1902, onde se ca-
serviços prestados à nossa comunidade. sou com D. Elody Peixoto de Almeida, e cons-
tituiu ilustre família. A partir de 1919, quando
fez a sua primeira viagem a Uberaba, firmou-
se como um dos maiores pecuaristas de Mun-
do Novo, passando a levar o nome de nosso
município além de suas fronteiras, como res-
peitado criador de gado de raça. Participava
sempre das exposições agropecuárias, não só
de Mundo Novo, como de toda a região, in-
clusive de Salvador. Em Mundo Novo foi um-
dos pioneiros nas feiras de gado.

PRAÇA ADOLFO ALVES BARRETO


Nosso historiador, Notário Público, foi um
eterno preocupado com a gente Mundo-no-
vense. Empenhou-se pessoalmente em luta
incansável para trazer o “trem de ferro” até
Mundo Novo.

PRAÇA RAEL RIBEIRO ALVES


Passou a integrar o Bairro Salustiano Ribeiro.

63
ESCOLAS

O ambiente escolar é um espaço de inte- pela educação deve exercer seu papel de bus-
ração social e de formação dos sujeitos, tais como ca pela qualidade do ensino de modo que ga-
a biblioteca, a sala de leitura, o pátio, os corredo- ranta a aprendizagem de todos. Nesse sentido
res, sala de aula, entre tantos outros espaços que a escola precisa garantir uma educação que
são importantes para que as competências se possa inserir as vivências, experiências, sabe-
desenvolvam, pois são nesses ambientes que os res acumulados historicamente e expectati-
estudantes se relacionam, e é a partir das relações vas dos estudantes no contexto educacional,
que poderão desenvolver a empatia, a colabora- além disso, estabelecer um elo mais forte e
ção, o pensamento crítico, o autocuidado, o au- significativo com a família, a comunidade lo-
toconhecimento, o uso de diversas linguagens e cal para promover uma educação que pense o
manifestar-se artisticamente. sujeito em sua totalidade, abrangendo todas
as dimensões da vida humana, para além da
Como direito social a educação precisa cognitiva, de forma a qualificar as aprendiza-
ser ofertada a todos e com qualidade. Partin- gens de nossas crianças, adolescentes, jovens
do desse princípio, entende-se a educação e adultos.
como objeto de promoção e equidade social.
A escola como instituição responsável direta Referencial Curricular de Mundo Novo 2021

MUNDO NOVO POSSUI (2021) 27


ESCOLAS MUNICIPAIS COM: São as seguintes as escolas de nosso municí-
pio, que merecem ser nomeadas em homena-
* Educação infantil gem aos seus patronos:
* Fundamental 1 com 1º ao 5º ano
* Fundamental 2 com 6º ao 9º ano
* Temos na rede 186 Professores
* 3.260 Estudantes

05 ESCOLAS DE FUNDAMENTAL 2

Escola Municipalizada Escola Municipalizada


Antônio Ângelo de Lima José Carlos da Mota
Sede Sede

64
Colégio Regional de Jequitibá Colégio Municipal Olímpia Mascarenhas
Povoado de Jequitibá Povoado de Umbuzeiro

Colégio Ibiaporã
Povoado de Ibiaporã

16 ESCOLAS DE FUNDAMENTAL 1

Escola Municipal Elpídio Lopes Guimarães Escola Municipal Dilton Jacobina


Povoado de Umbuzeiro Visgueira

Escola Municipal Santa Isabel Escola Municipal Santo Antônio


Povoado Jequitibá Povoado Jequitibá

65
Escola Municipal Carlos Barreto de Araújo Escola Municipal Eunice Luís de Lima
Povoado da Barra Mirandas

Escola Municipal Menezes de Oliva Escola Carlos D’Alencar Barreto


Canjerana Sede

Escola Municipal Else Bastos de Carvalho Escola Municipal Jorge Karaoglan


Distrito de Ibiaporã Sede

Escola Municipal Darci Ribeiro Escola Municipal José Cabral de Souza


Distrito de Indaí Distrito de Indaí

66
Escola Municipal Helena Soares de Almeida Escola Municipal Antônio Carlos Magalhães
Distrito de Alto Bonito Sede

Escola Municipal Mundo da Alegria Escola Dom Avelar Brandão Vilela


Povoado de Cobé Povoado Santo Antônio

06 CRECHES MUNICIPAIS
Na sede do município a Educação In- leituras de histórias, brincadeiras e atividades
fantil, Pré-escola II, era oferecida pelo Go- pedagógicas.
verno do Estado nas Escolas de Ensino Fun-
damental, Escola Salustiano Ribeiro, Escola
Jorge Karaoglan, Escola Carlos D’Alencar Bar-
reto e Escola José Carlos da Mota, como tam-
bém nas escolas estaduais localizadas na
zona rural.

Atualmente o município conta com


sete (06) creches: Creche Casinha de Sapé,
Creche Pingo de Gente; Creche Trenzinho
Feliz; Creche Bem me Quer; Creche Cantinho
da Amizade e Creche Risco e Rabisco, ofe-
recendo atendimento integral, ou seja, das
8:00 às 16:00hs, sendo mantidas com recur-
sos próprios do município, tendo como prin-
cipal função a alimentação, recreação além Creche Casinha de Sapê
dos cuidados básicos com a higiene pessoal, Sede

67
Creche Trenzinho Feliz Creche Risco e Rabisco
Povoado da Barra Povoado de Umbuzeiro

Creche Municipal Cantinho da Amizade Creche Municipal Bem-me-quer


Indaí Distrito de Ibiaporã

Creche Municipal Jairo Moreira de Almeida


Distrito de Alto Bonito

PODES MUNDO NOVO


A PODES é uma organização não go- nidades no exercício da cidadania em todas
vernamental da Igreja Católica que tem como as áreas significativas da vida: educação, em-
objetivo a inclusão social das pessoas com prego, lazer, moradia, saúde e família.
deficiência. Inclusão para a PODES significa:
plena participação e equiparação de oportu-

68
Na PODES, os alunos surdos aprendem
LIBRA – Língua Brasileira de Sinais. Eles estu-
dam na rede regular, recebem um apoio pe-
dagógico da PODES: Tradução das aulas em
LIBRAS e acompanhamento dos professores
que acolhem um aluno com necessidades es-
peciais na classe regular.

ENSINO MÉDIO

O Ensino Médio é a última etapa da auxiliar no processo, mas só isso: estudar nas
educação básica brasileira, o ensino médio horas vagas, desenvolver trabalhos e pesqui-
tem duração de três anos e seu principal ob- sas e investir no futuro profissional só o aluno
jetivo é aprimorar os conhecimentos obtidos pode fazer. Além disso, a adolescência é uma
pelos estudantes no ensino fundamental I e fase que envolve não só questões relaciona-
II, além de prepará-los para o mercado de das aos estudos, mas também a personalida-
trabalho, seja para ingressar imediatamente de do jovem. O ensino médio é, então, uma
em uma profissão (possível com a união en- etapa que permite a criação e o fortalecimen-
tre ensino médio e técnico) ou conseguir uma to de laços de amizade que podem até mes-
vaga numa Universidade e assim construir mo durar a vida toda, além de proporcionar
aos poucos uma carreira de nível superior. atividades que envolvem o autoconhecimen-
to e outras questões.
Durante o Ensino Médio o adolescen-
te já possui mais independência e está apto
para tomar suas próprias decisões. Sendo as-
sim, todo o esforço envolvendo os estudos
deve partir dele, e não dos professores, que
estão nas salas de aula prontos para ensinar e

02 ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS

CETEP – Piemonte do Paraguaçu CELEM – Luís Eduardo Magalhães


Sede Sede

69
02 ESCOLAS PARTICULARES

Centro Educacional Santo Agostinho Escola Castro Alves


Sede Sede

UNIVERSIDADES
Atualmente a cidade de Mundo Novo Universidades Particulares temos: UNI-
conta com seis instituições de ensino supe- FACS e UNEF. Assim o cidadão mundonoven-
rior. No Polo UaB, Universidade Aberta do se não precisa mais se deslocar para outras
Brasil temos: UNEB, UFPB e IFBA. cidades para cursar o ensino superior.

Polo UAB
Sede

70
PATRIMÔNIOS MATERIAIS
DE MUNDO NOVO

PATRIMÔNIOS
São os bens, direitos e obrigações de gações de uma entidade; pode ser o conjun-
valor econômico e pertencentes a uma pes- to de bens de uma entidade; ou pode ser o
soa ou empresa. Pode-se afirmar que existem conjunto de bens de uma atividade, como no
vários sentidos para o termo “patrimônio”: caso de património arquitetônico, patrimô-
pode ser o conjunto de bens, direitos e obri- nio cultural.

PATRIMÔNIO MATERIAL
É o conjunto de bens culturais móveis e Em Mundo novo existem alguns Patri-
imóveis existentes no país e cuja conservação mônios Materiais, vamos conhecer alguns.
seja de interesse público, quer por sua vincu-
lação a fatos memoráveis da história do Brasil, ALGUNS PATRIMÔNIOS HISTÓRICOS MATE-
quer por seu excepcional valor arqueológico RIAIS DE MUNDO NOVO
ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
*** Igreja Católica
Os bens tombados de natureza mate- *** Praça do Descobrimento
rial podem ser imóveis como as cidades his- *** Primeira Casa
tóricas, sítios arqueológicos e paisagísticos e *** Clube Lira
bens individuais; ou móveis, como coleções *** Parque de Exposição de Mundo Novo
arqueológicas, acervos museológicos, docu-
mentais, bibliográficos, arquivísticos, video-
gráficos, fotográficos e cinematográficos.

IGREJA CATÓLICA
Em nossa cidade, localizada na Praça Se- Canônico, temos a seguinte definição de Pa-
nador Cohim, temos a Igreja Católica, vamos róquia: Cân. 515 — § A paróquia é uma certa
conhecer um pouco da história dela. comunidade de fiéis, constituída estavelmente
na Igreja particular, cuja cura pastoral, sob a au-
A Igreja nasceu como comunidade, toridade do Bispo diocesano, está confiada ao
onde todos tinham tudo em comum. É nela pároco, como a seu pastor próprio. Quem che-
que acontece a vida cotidiana e sacramental gava à nossa terra não mais regressava. Foram-
dos fieis. É um organismo vivo formado por -se agrupando à volta da casa de José Carlos
comunidades, pastorais, movimentos, associa- da Motta (descobridor e fundador de Mundo
ções, etc. De acordo com o Código de Direito Novo) à maneira bem interiorana: casinhas ge-

71
minadas, por economia e segurança. Ali foi-se
formando o “largo” que seria futuramente a A pracinha começou a crescer. Circu-
praça do comércio e depois Senador Cohim. lou a pequena capela. Principiou a se estender
Cuidaram de, com recursos próprios, construir ora ladeira acima pelas encostas, onde surgiria
a sua primeira capela. Edificaram-na no extre- a conhecida Rua da Igreja, ora ladeira abaixo,
mo da pracinha, como era de costume. Ao lado pela acidentada topografia, principiando timi-
da igrejinha de “barro batido”, iniciaram o se- damente a formar as atuais ruas do Recreio,
pultamento de seus mortos. Era o primeiro ce- Muritiba, do Curral e da Lyra. Estava formado,
mitério da comunidade. assim, o futuro município de Mundo Novo.

PRAÇA DO DESCOBRIMENTO
Depois da penosa marcha de mais de “ISTO AQUI É UM MUNDO NOVO”
30 dias, chegaram a um vale onde hoje está
situada a cidade de Mundo Novo, no local
popularmente conhecido como Engenho,
hoje Praça do Descobrimento.

O quadro que se formava era paradisíaco:


bela vegetação com diversos córregos. Diante
de tanto esplendor, o chefe da comitiva, o se-
nhor José Carlos da Motta bradou embevecido:

72
PRIMEIRO PRÉDIO RESIDENCIAL
O primeiro prédio residencial cons- ilustre filho adotivo de Mundo Novo. Atual-
truído na rua Cel. Francisco Lima, construção mente o prédio foi vendido e demolido e em
estilo colonial do século XIX. Esse imóvel foi seu lugar foi erguido outra construção.
conservado por muito tempo com todas as
suas características originais graças aos es-
forços pessoais do Prof. José Carlos Aragão,

01. Primeiro Prédio Residencial de Mundo Novo (Este


não é o prédio original. O Prédio original foi derrubado
e construído esse novo imóvel no local) Imagem foto-
grafada em 30/12/2021.
02. Placa que está posta defronte ao Prédio acima -
Imagem fotografada em 30/12/2021

BIBLIOTECA
Biblioteca é um local em que são guar- sificações como autor, assunto, ou diferente
dados livros, documentos tridimensionais, e caraterística de importância.
demais publicações para o público ler, estu-
dar, pesquisar, e consultar as obras. Desta for- A Biblioteca Nicanor de Oliveira Cunha foi
ma, os três objetivos das bibliotecas são: implantada em 08 de dezembro de 1989. Está
situada na Rua José Carlos da Mota e funciona
*** A guarda dos livros e demais publicações em um prédio próprio do município, contan-
em local livre de perigo, onde não sejam rou- do com cinco funcionários, mas apenas dois
bados, incendiados e demais perigos; possui treinamento na área de biblioteca.

*** A conservação, que não sejam estragados


porque o público manuseia constantemen-
te as obras, ou porque os documentos ficam
úmidos, quentes e ou em situações similares;

*** A organização segundo algumas regras


para catalogar e arquivar as obras impressas,
com intuito de que seja possível de se encon-
trarem de maneira imediata por meio de clas- Biblioteca Municipal de Mundo Novo

73
A Biblioteca possui vasto acervo e ofe- A Biblioteca é muito valorizada pela Secre-
rece serviços de empréstimos de livros. A taria Municipal de Educação e é e de grande
maioria do público frequente é adolescente. valor para a comunidade.

PARQUE DE EXPOSIÇÕES
DE MUNDO NOVO
O Parque de Exposição Nestor Duarte sediar a Festa de Exposição, o Parque são re-
foi fundado em 1950 pelo Sr. Jairo Almeida, alizados outros eventos, a exemplo do São
que juntamente com um grupo de amigos, e Pedro de Mundo Novo.
com o apoio da Secretaria de Agricultura, do
Instituto de Pecuária da Bahia e da Sociedade
Rural de Mundo Novo e com a cooperação
da Prefeitura Municipal, resolveram comprar,
nos arredores da cidade, no lugar denomina-
do Santana, na fazenda do Sr. Arthur Jacobina
Vieira, e aí instalaram o Parque Nestor Duar-
te, que até hoje presta relevantes serviços à
pecuária mundonovense. Atualmente quem
administra o Parque de Exposições é a COO-
PERCENTRAL ( Cooperativa Agropecuária da
Região Central da Bahia e Responsabilidade
LTDA), com sede em Mundo Novo. Além de
Parque de Exposições de Mundo Novo

HOSPITAL MUNICIPAL DE
MUNDO NOVO
O Hospital Regional de Mundo Novo, e passou a contar com médicos contratados
foi construído na gestão do Governador da regularmente como: Dr. Cléverson primeiro
Bahia Otávio Mangabeira e do Prefeito Numa diretor, Dr. Raimundo, Dr. Wilson e Dr. Miguel
Alves Barreto. Na gestão de Vadinho Vitória para atender diariamente a população.
o Hospital foi ativado e faziam-se leilões e
quermesses dentro do hospital, festas aber- Na gestão do prefeito Wilson Muri-
tas ao público para ganhar recursos em prol cy ocorreu a municipalização do Hospital de
do mesmo, entre as décadas de 60 e 70. Nes- Mundo Novo que se perdura até os dias atuais.
se período não tinham médicos com regu-
laridade, vinham médicos esporadicamen- Relatos do Sr. Antônio Trindade em 10/01/2022
te para atendimento. Na gestão do prefeito
Ederval Nery foi feito um movimento para a
tomada do Hospital do ex-prefeito Vadinho
Vitória, que nesse período ainda geria o Hos-
pital de Mundo Novo. Após Ederval tomar
a direção do hospital, o tornou estadual e o
equipou com equipamentos e medicamentos

74
CLUBE LIRA
Entre os anos de 1947 a 1960 existiam envolvimento político da cidade, era um gru-
na cidade de Mundo Novo três clubes. Ha- po da população em prol da comunidade.
viam grupos de pessoas que apresentavam Com o passar dos anos muitas melhorias fo-
divergências políticas na época e resolveram ram feitas na estrutura do Clube e esse serve
criar clubes rivais na Cidade. Eram eles: Clube como espaço de lazer para todos os associa-
Aliança muito movimentado na época, atual- dos e a comunidade em geral.
mente funciona como Escola de Música e tem
como professor Ailton. Outro Clube era o Clu- Relato de Dr. Cléverson e sua Esposa Nilauda
be dos Artistas, que era mantido pelos operá- 30/12/2021
rios como, lavadeiras, eletricistas, cozinheiras,
sapateiros, alfaiates, marceneiros, encanador
entre outros. E por fim, o Lira mundonovensse,
um clube de grande prestígio social para a co-
munidade, esse que anos depois ganhou uma
nova sede, onde predomina até os dias atuais.

Hoje o Clube Lira mundonovense, cha-


ma-se apenas Clube Lira, esse foi criado por
uma Diretoria que contava com os membros:
Dr. Cléverson, Reginaldo Carneiro, Professor
Aragão, Cassiano, Valtemar etc.

Tudo começou quando João Peixoto


de Almeida doou o terreno para a diretoria
e foi sendo feita a construção, com doações,
através de amigos e empréstimos em ban-
co. Teve ajuda do Deputado Federal Wilson
Falcão muito amigo de Dr. Cléverson um dos
fundadores da nova sede do Lira. Foi muito Clube Lira de Mundo Novo
trabalho pela Diretoria envolvida, não tinha imagem @memoriasdemundonovo

75
PATRIMÔNIOS IMATERIAIS
DE MUNDO NOVO

PATRIMÔNIO IMATERIAL
A Organização das Nações Uni- São exemplos de Patrimônio Imaterial: os
das para a Educação, a Ciência e a Cultura saberes, os modos de fazer, as formas de ex-
(UNESCO) define como Patrimônio Imaterial pressão, celebrações, feiras, as festas e danças
“as práticas, representações, expressões, co- populares, lendas, músicas, costumes e outras
nhecimentos e técnicas – com os instrumen- tradições. Em Mundo Novo existem muitos
tos, objetos, artefatos e lugares culturais que Patrimônios Imateriais, veja a seguir alguns:
lhes são associados - que as comunidades,
os grupos e, em alguns casos os indivíduos, *** Festa de São Pedro
reconhecem como parte integrante de seu *** Feira Livre
patrimônio cultural.” *** Hino
*** Bandeira de Mundo Novo

ALGUNS PATRIMÔNIOS HISTÓRICOS


IMATERIAIS DE MUNDO NOVO
ruas, onde tinha a chamada “Guerra de es-
padas”. Essa Guerra de espadas foi proibida.
Hoje não se comemora mais o São João. A
festa de São Pedro é realizada no final de
junho (28 ou 29, de acordo com o dia da
semana). Em alguns anos a festa foi realiza-
da no Mercado da Feira, que era chamado
Casa de Irene, por seu um espaço onde a fes-
ta acontecia sem hora para acabar, fazendo
jus à música “Na Casa de Irene, de noite e de
dia”. Atualmente a festa de São Pedro alcan-
çou fama interestadual e costuma acontecer
no Parque de Exposições na sede do municí-
pio, trazendo muitos visitantes e amigos das
cidades circuvizinhas, impulsionando o turis-
O São Pedro é uma das festas mais mo e o comércio local.
tradicionais de Mundo Novo. Antigamen-
te havia uma disputa pelo melhor festejo:
a Aliança Clube realizava um animadíssimo
São Pedro, e ao que a Lyra respondia com
uma brilhante festa de São João. Era uma
batalha que se travava em busca da primeira
colocação. Essa festa era comemorada nas

76
FEIRA LIVRE

As feiras livres, mais que espaços de ORIGEM DA FEIRA LIVRE


comércio, são locais que representam a dinâ-
mica de uma sociedade em determinado mo- De acordo com alguns especialistas, as
mento, pois demonstram a produção local e feiras livres surgiram por volta de 500 A.C no
a circulação de mercadorias. Em português, oriente médio. Entretanto, outro grupo de pes-
quer dizer lugar público, muitas vezes desco- soas afirmam que seu surgimento foi na idade
berto onde se expõem ou se vendem merca- média, por causa das festividades religiosas.
dorias.
As duas fazem sentido, pois é fato que
Na feira livre há aqueles que observam, a religião andou lado a lado com o comér-
pechincham e procuram algo específico, bem cio durante séculos, e se pegarmos a palavra
como há aqueles que criam laços de afetivi- do latim (feria), ela significa “dia santo” ou
dade, próximos da amizade que rompe a re- “feriado”. Era nessas épocas que as pesso-
lação comerciante-freguês, o que sustenta as da cidade se reuniam em lugares públicos
em grande parte a tradição de ir à feira toda com o intuito de vender produtos artesanais.
semana, comer pastel e tomar caldo de cana, Após isso que o poder público começou a fis-
além da variedade e qualidade dos produtos calizar, disciplinar e cobrar impostos.
ali encontrados. Todos nós temos uma histó-
ria de identidade e lembrança de uma feira, Hoje mostraremos um pouco da his-
seja no âmbito alimentar ou simples lazer. tória, da origem e todos os detalhes que en-
volvem uma feira livre aqui no município de
Mundo Novo – BA.

77
FEIRA LIVRE DE MUNDO NOVO

A Feira Livra em Mundo Novo, como no Em Mundo Novo, quem é responsável, desde
nosso país todo, é extremamente importante a organização até a limpeza após a feira, é a
para empregar as pessoas e gera uma receita prefeitura através da Secretaria de Infraestru-
muito boa. Não podemos negar a importância tura e Obras Públicas.
para a economia e para os consumidores.
A feira também serve de palco para en-
A grande marca das feiras livres são os contros entre os políticos e o povo. Na foto
feirantes gritando para “vender seu peixe” e podemos observar a presença do atual prefei-
os consumidores negociando e pechinchando to, Dr. José Adriano, conversando com as pes-
com todos. Para muitas pessoas o espaço da soas. Ressaltando que o registro fotográfico
feira é um grande evento cultural, onde se reu- foi anterior à pandemia da Covid-19.
nem para comer e beber, ouvir músicas, cantar
chula, namorar... Importante ressaltar que praticamen-
te todos os dias é possível encontrar produ-
Muitas pessoas dizem que a feira é tos sendo comercializados na feira de Mundo
o maior hipermercado do Brasil, pois nela é Novo, que funciona de segunda a sábado. Mas
possível encontrar uma imensa variedade de é no sábado que a feira funciona em seu maior
produtos. Sua popularidade se justifica por potencial.
ser sabido que os preços são mais atraentes.

78
SÍMBOLOS

O QUE É UM HINO?
Vamos conhecer o Hino de Mundo Novo
É uma composição musical acompa- que foi criado pelo escritor Dante de Lima, um
nhada de versos em louvor de algum herói, ilustre cidadão mundonovense.
rei, partido, acontecimento ou nação.
O Hino a Mundo Novo foi composto no
https://www.aprendateclado.com ano de 1965, com letra de Dante de Lima e mú-
sica de Alfredo da Silva Pinto.

HINO DE MUNDO NOVO

Na cadência de tuas montanhas


No verde de tuas entranhas
Onde predomina o guiné
Sob o teu céu estrelado
Um descobridor afortunado
Depositou a sua fé

E no seio de teu prado


Implantou um Mundo Novo
Orgulho de um povo
Hospitaleiro e adorado

E hoje, tantos anos decorridos


Continuamos urbanos e destemidos
E orgulhosos dos brios teus
Com o coração pulsando forte
Te amaremos até a morte
Assim apraza a Deus!

79
BANDEIRA DE MUNDO NOVO
Bandeira é definida classicamente como sen- qualquer entidade constituída, quer seja uma
do o símbolo visual representativo de um nação e seu povo, ou mesmo uma família tra-
estado soberano, país, estado, município, in- dicional, desde que reconhecida por outras
tendência, província, bairro, organização, so- entidades ou tradições.
ciedade, clã, coroa ou reino, ou seja, toda e

O desenho de nossa bandeira foi ide- Sua execução foi confiada ao Institu-
alizado pelo Artista José Carlos Capinam a to Mauá. Entretanto apesar de já decorridos
partir da visão de três montes avistados da tantos anos, e sendo usada em nossas sole-
calçada da casa de número 33 do Sr. Antônio nidades cívicas, nosso símbolo ainda não foi
Trindade vizinho do prefeito Raimundo Cos- oficialmente reconhecido.
ta. No momento em que Capinam avistou os
três montes exclamou: A Bandeira de Mundo Novo, assim
como a bandeira do Brasil tem suas represen-
“A Bandeira de Mundo Novo será feita de tações simbólicas. Branco significa o desejo
acordo a esses três montes”. pela paz. Azul simboliza o céu. Amarelo sim-
boliza a luz do sol. Verde simboliza a vegeta-
A Bandeira foi complementada pelo ar- ção do município.
quiteto José Raimundo, no primeiro mandato
do Prefeito Raimundo Costa. (1983/1988).

80
BRASÃO DE MUNDO NOVO
O Brasão, também chamado de Brasão
de Armas, é um desenho criado para identifi-
car famílias, indivíduos, corporações, cidades
e países. Os brasões geralmente têm como
elemento central um escudo, arma de defesa
utilizada pelos guerreiros medievais.

O Brasão de Mundo Novo é muito uti-


lizado como logomarca da Prefeitura Munici-
pal. Não se sabe quem o criou e nem o ano de
criação. Buscamos fontes escritas e entrevis-
tas, porém não encontramos histórico.

Acreditamos que o Brasão da Cidade


de Mundo Novo é a tradição da sua historia,
pois ele aparece na bandeira da Cidade, no
gabinete do Prefeito e em veículos oficiais.

DESFILE CÍVICO
Em comemoração ao dia da Indepen- Novo-FANCELEM e de cidades circunvizinhas.
dência do Brasil, a cidade de Mundo Novo Acontecendo o hasteamento das bandeiras
Bahia, realiza o tradicional Desfile Cívico do do Brasil, da Bahia e de Mundo Novo, com a
dia 07 de setembro com a participação da po- entoação dos Hinos do Brasil, Bahia e Mundo
pulação mundonovense, fanfarras de Mundo Novo em frente ao prédio da Prefeitura.

Fotos: Dudu Locutor

81
CAUSO
O SOLDADO QUE QUERIA Mas, o maior incidente do Hermes lembrei-
-me agora: o soldado era um homem valente.
FECHAR MUNDO NOVO Então ele sempre dizia: “Eu gosto de fechar
o comércio para onde sou destacado. E hoje
Ainda na Gestão do Dr. Raul Victória,
vou fechar Mundo Novo”.
um incidente de graves proporções alterou a
rotina da pequena cidade de Mundo novo.
Com um trinta e oito na cintura, chegou na
rua da Muritiba, onde negociava Tutú Con-
Esse acontecimento nos foi narrado pelo
tente, comprou 50 balas 38, botou no bolso
saudoso amigo e grande filho adotivo de Mun-
e disse: “Vou começar a fechar Mundo Novo
do Novo, Osvaldo Saback Trindade, falecido,
da Rua da Palha pra cá”.
cuja memória homenageamos neste capítulo:
E seguiu, às três horas da tarde mais ou menos.
“Outro fato importante foi o de Hermes, que
Tomou um cafezinho lá no Quiosque de Joana
veio para o destacamento daqui no tempo do
Balança e começou a atirar. Aproximou-se da
Raul Victória.
praça. Todo mundo batendo as portas. Onde
O Azulão, companheiro de Lampião, apare-
ele via uma casa aberta ele atirava na direção
ceu na fazenda, se não me engano, de Jairo
da porta ou da janela que estivesse aberta. En-
Almeida, “Poço Do Cachorro”, entre Mun-
tão a pessoa batia a porta ou a janela. E ele re-
do Novo e Monte Alegre, hoje Mairi.
petia: “Eu quero é fechar”.
O Hermes convidou mais um dos dois ca-
Veio se aproximando. Quando chegou aqui
maradas e não achou boa vontade, nem do
na praça, dirigia-se à casa onde hoje é a Caixa
delegado nem dos companheiros de farda.
Econômica. Era a residência do Dr.Adalberto,
Porque só em falar em Lampião e Azulão...
que morava em cima e tinha uma farmácia
Mas o Hermes era muito valente. Apanhou
embaixo.
um cavalo, atravessou um fuzil no cabeçote
do arreio e se mandou sozinho para “Poço
Dr. Adalberto fechou uma porta e banda da
do Cachorro”.
outra aberta. Ele vinha em procura da casa
de Raul Victória, que era do prefeito. Daí para
Aí aconselharam, como é que ele ia enfren-
trás a cidade já estava toda fechada.
tar um Azulão com um grupo? (era um grupo
pequeno, de três ou quatro).
Quando ele viu o Dr. Adalberto fechou a por-
Ele respondeu que não tinha nada! Que não
ta, o Dr. Raul Victória chamou um capanga
tinha medo de homem. Nasceu com coragem,
dele e foi ao encontro do Hermes. Raul sem
não sabia o que era medo e ia matar o Azulão.
arma, mas o rapaz do Raul Victória com um
Caso não pudesse... seria ele o Azulão.
revólver oculto debaixo do paletó.
Raul Victória se encontrou com Hermes na
E foi. Quando chegou na fazenda “Poço do
esquina do barracão, um pouco pra cá da far-
Cachorro”, o Azulão tinha perguntado ao va-
mácia de Adalberto.
queiro sobre dinheiro... pertences... de quem
era a fazenda etc. Mas o vaqueiro não quis in-
E aí o Raul pediu ao Hermes que se entregas-
formar e o Azulão dizem, matou o vaqueiro.
se, que ele estava numa cidade onde havia
autoridade, inclusive Juiz de Direito e que ele
Mas o Hermes quando chegou lá o azulão
estava passando os pés pela cabeça, que um
não estava mais.

82
soldado não podia fazer aquilo., que entre-
gasse o seu revólver. Quando o Hermes sentiu que estava ficando
sem munição, ele saiu do lugar onde estava,
Hermes respondeu: “Dr. Raul, eu não entre- dando uns pinotes, umas coisas feias... umas
go o meu revólver. Aqui o homem de Mundo cabriolas. Deitava, levantava e o rapaz atiran-
Novo sou eu”. do. Ele desceu enrolando pelo chão até che-
gar ao quartel e atirou na fechadura da reser-
Mas Hermes, o Sr. Reconheça que eu sou o va, onde estavam os fuzis.
prefeito, sou uma autoridade. O Sr. É um sol-
dado e o Sr. Deve me respeitar. Nós temos um Ele queria apoderar-se de um fuzil. A bala resva-
Juiz de Direito”. lou na fechadura e atingiu, de raspão, o pé do
próprio Hermes. Um pequeno ferimento.
O Hermes disse: “Não tem Juiz de Direito, A esta altura já estava anoitecendo. O Juiz man-
não prefeito, mas o homem daqui sou eu. dava sempre dizer que não matassem o homem.
Hoje eu fecho Mundo Novo!”
O cunhado de Hermes, o Jesuíno Preto, pediu
Aí o Victória cochichou com o capanga, man- ao Hermes que entregasse a arma. O Hermes
dando que ele fosse ao Juiz e dissesse isso. disse: “Eu não entrego”. Eu quero sair para
Que Hermes estava fechando a cidade inteira matar esse camarada que está me atirando”.
e se negava a entregar o revólver. Que dizia Então o cunhado dizia: “Não faça isso. Não
desconhecer o prefeito e o Juiz de Direito. mate o homem, atire em mim”. O capanga já
estava a uns cinquenta metros da delegacia.
Então o rapaz voltou com a ordem do Juiz que Isso já à noitinha.
prendesse o Hermes. Aí o Raul disse: “Her-
mes, acabo de receber uma ordem verbal do Então o Raul Victória mandou dizer ao juiz
Juiz de Direito para que o senhor se entregue que tinha que mandar matar. O homem es-
sob pena de mandar lhe prender”. tava querendo matar todo mundo. O Juiz res-
pondeu: “Eu não posso dizer que matem o
O Hermes respondeu: “O homem daqui sou homem. Já mandei dois recados para que o
eu”! Aqui não tem outro homem! Sou eu! poupem. Mas, se a rebeldia é tanta, não pos-
Não tem Raul Victória, não tem prefeito, não so dizer mais nada”.
tem nada”.
Aí o Raul que compreendeu que o Juiz não
O Raul volta, chega em casa (onde hoje mo- estava mais fazendo questão.
rava o Martinsinho), pegou uma repetição
papo amarelo e entregou a esse rapaz e fez Nesse instante o cunhado do Hermes veio até
tiro pra lá. Mas não fazia alvo, atirava para a salinha de entrada da delegacia, sentou-se
amedrontar o Hermes. num banco. Tinha um candeeirozinho fifó en-
tre o Jesuíno e o Hermes. E o rapaz do Raul
E então mandou outro dizer ao Juiz que o ho- fez a pontaria através da janela e atirou nos
mem estava rebelde. Que era bom mandar peitos de Hermes, dentro da delegacia.
mata-lo. O Juiz respondeu que não matasse o
rapaz, que fizesse o possível para prendê-lo.
Mas o Hermes repetia: “Não me entrego,
não me entrego, não me entrego”.

O Raul voltou para casa e mandou apanhar o


papo amarelo e abrir fogo. O Hermes saiu se en-
rolando por debaixo do barracão e apadrinhou-
-se atrás de um caminho e continuou o tiroteio.

83
PONTOS TURÍSTICOS

Um dos pontos turísticos de Mundo


Novo é a Fazenda Jequitibá, onde estão ins-
talados o Mosteiro e a Fundação Divina Pas-
tora, a uma distância de trinta quilômetros
da sede. Outro ponto turístico é o Monte da
Santa Cruz, onde se descortina uma visão
panorâmica da cidade, como uma paisagem
paradisíaca e maravilhosa.

Agora vamos conhecer um pouqui-


nho cada de cada um dos pontos turísticos
de Mundo Novo?

MOSTEIRO DE JEQUITIBÁ
O mosteiro de Jequitibá faz parte do O município de Mundo Novo localiza-
turismo religioso de nossa cidade, lá encon- -se no Piemonte da Chapada Diamantina, no
tramos uma pousada, dois museus, passeios território de identidade Paraguaçu II. O Mos-
nas matas onde tem um pé de jequitibá que teiro Jequitibá transformou a realidade de
precisa de várias pessoas para dar uma vol- muitos moradores e é, ponto de descanso e
ta em torno de seu tronco. Podemos visitar turismo. Os monges são da ordem monástica
nascentes que se encontram em vegetação católica cisterciense e, por herança da regra,
preservada e durante os passeios encontrar beneditinos.
plantas e animais da floresta atlântica.

84
ABADIA NOSSA SENHORA MÃE DO DIVINO terras de missão do Novo Mundo, outro fator
PASTOR que colaborou foi a perseguição pelo regime
nazista.

O abade D. Aloísio Wiesinger, de Schlier-


bach, ameaçado pelos nacional-socialistas, tra-
balhou como missionário em Jequitibá de 1939
a 1946. Em 1950, erigido inicialmente como
Priorado, o mosteiro foi elevado à Abadia Inde-
pendente. O primeiro abade foi D. Antônio Mo-
ser, que chefiou o mosteiro por 46 anos (1950–
1996). Ele viveu com sua tarefa em dar trabalho
Monges do Mosteiro Jequitibá mantêm cânticos gre-
às pessoas da região (escola de artesanato, ofici-
gorianos (Foto: Divulgação)
nas de treinamento, etc.).
A Abadia Nossa Senhora Mãe do Divino
Pastor é um mosteiro da Ordem Cisterciense da Atualmente, o Mosteiro de Jequitibá con-
Comum Observância e que faz parte da Congre- grega a Fundação Divina Pastora; a Pousada São
gação Brasileira dos Cistercienses, localizado na Bernardo; uma Casa de Terapias Holísticas San-
zona rural da cidade de Mundo Novo, estado da ta Hildegarda; as Paróquias de Jequitibá (Divi-
Bahia. É um dos cinco mosteiros Cistercienses na Pastora) e Mundo Novo (Nossa Senhora da
masculinos do país. Faz parte da linhagem da Conceição); Ateliê de arte sacra; Museus de arte
Abadia de Morimond, uma das quatro primeiras sacra, de taxidermia, de objetos naturais e obje-
fundações filhas da Abadia principal de Cister. tos antigos; Hospedaria do claustro; Biblioteca
São Bernardo; Cemitério Divina Pastora; além
A Abadia de Jequitibá foi fundada no de diversos serviços na área social, nas áreas de
dia 18 de agosto de 1939 por monges austría- educação, saúde, habitação, turismo, etc.
cos, provenientes da Abadia de Schlierbach, que
desejavam iniciar uma fundação missionária nas POUSADA SÃO BERNARDO

85
A Pousada São Bernardo foi construída em *** Favorecer na Sustentabilidade do Mos-
junho de 2001, por Pe. Meinrado Schroeger teiro – hoje as entradas da Pousada, conse-
com dois principais objetivos: gue cobrir as despesas de alimentação de
Oferecer hospedagem diferente aos grupos todos os monges, pagar uma funcionária e
que frequentava o Mosteiro com finalidades fazer a manutenção da Pousada, a fim de
tais como: melhorar sempre mais sua infraestrutura.

*** Cursos diversos; A POUSADA OFERECE AOS HÓSPEDES


*** Retiros e encontros espirituais
*** Convivência em grupos; *** Quartos confortáveis com suítes;
*** Visita no ambiente monástico; *** Refeitório amplo;
*** Local para descanso e meditação; *** Capela;
*** Passeio ecológico na mata atlântica; *** Estacionamento próprio;
*** Excursões com grupos da “melhor idade” ; *** Salas de: televisão, leitura e outras;
*** Férias no campo para jovens do meio urbano; *** Auditório climatizado, com cadeiras
*** Viagens de estudo e pesquisa para estudantes; confortáveis e projetor multimídia;
*** Eventos (aniversário, recepção de casa- *** Alojamento para estudantes;
mento, jubileus, formaturas); *** Todo ambiente natural, próprio para la-
*** Tratamento terapêutico com remédios zer, descanso, pesquisa, meditação e outros.
naturais.

MONTE SANTA CRUZ


O Monte da Santa Cruz fica localizado
na sede do município, e é o ponto mais alto
da cidade.

No topo desse Monte está erguida a


Capela de São Judas Tadeu, inaugurada no
dia 3 de maio de 1910. Grandes obras vêm
sendo realizados nesse Monte graças ao es-
pírito dinâmico e devotado de um dos mais
ilustres filhos de Mundo Novo, o Prof. Van-
derlan Sampaio Araújo, com apoio da comu-
nidade e do poder público.

O Monte da Santa Cruz apresenta uma


vista panorâmica da cidade atraindo visitan-
tes de vários cantos do município e cidades
circuvizinhas.

86
CONCHA ACÚSTICA

A Concha Acústica Eulálio de Miran-


da Motta foi inaugurada no ano de 1962, na
gestão do Prefeito Carlos Oliveira Barreto de
Araújo. Fica situada na Praça Senador Cohim
ao lado do Banco do Brasil.

Um espaço cultural onde são realiza-


das apresentações culturas, premiações da
cidade e shows ao vivo.

No ano de 2017 na gestão do atual


Prefeito Dr. José Adriano, através do Depar-
tamento de Cultura e Desporto (DCD) foi rea-
era realizado todas as sextas feiras, de 15 em
lizado um projeto chamado: “Sexta na Con-
15 dias movimentando a cidade.
cha”, com apresentações de dança, chula,
samba, piega e exibição de filmes. O evento

87
FESTAS POPULARES DE
MUNDO NOVO - SEDE
As festas populares são comemora- Mundo Novo já foi palco de um gran-
ções ou eventos festivos, cuja principal ca- de número de festas populares que se tor-
racterística é a participação do povo (cole- naram tradicionais, e que atraem visitantes
tividade). São caracterizadas também pela de todos os recantos. Dentre essas, o “nosso
presença marcante das tradições regionais, carnaval imortal” cantando por Almiro Oli-
rituais religiosos, comidas, músicas, danças veira, não é mais realizada. Estamos prati-
e roupas típicas. Ocorrem em diversas loca- camente reduzidos aos seguintes festejos:
lidades do Brasil (algumas são específicas de festa de São Sebastião, padroeiro da Socie-
determinadas cidades ou regiões) e estão li- dade Cultural Lyra mundonovense, realizado
gadas ao folclore brasileiro, pois apresentam no dia 20 de janeiro. Por um descuido das
forte componente cultural. Agora vamos co- últimas administrações do clube, essa tradi-
nhecer um pouquinho de alguns festejos do cional festa não vem sendo realizada.
nosso município.

ANTIGO CARNAVAL DE
MUNDO NOVO
“O CARNAVAL DE MUNDO NOVO - Nesse primeiro período reinava o Car-
NOSSA CIDADE TEM HISTÓRIA.” naval Imortal, quando ocorria a disputa mu-
sical das Filarmônicas dos principais clubes e
a competição pela ornamentação dos carros
alegóricos. Vêm daí os blocos dos mascara-
dos e as batalhas de confetes e serpentinas.

Quem visitava Mundo Novo durante o


carnaval, onde hoje não há vestígios de festas,
não imagina que, nessa pacata cidade existi-
ram grandes bailes carnavalescos. A fase áurea
aconteceu entre as décadas de 20 e 60, quando
o Abre Alas de Zé Pereira saía pelas ruas nas ma-
drugadas de sábado, anunciando sua chegada
através do Grito de Carnaval.

88
Nos anos 30, surgiram O Carnaval das Gra-
xeiras e o Baile das Mulheres Solteiras. Os clubes
Sociedade Lyra e Aliança Mundonovense represen-
tavam fortes facções políticas; a Sociedade dos Ar-
tistas, o segmento operário. “O que havia de bené-
fico na rivalidade entre os clubes era que a política
consistia em cada facção procurar fazer melhor que
a outra”, cita o advogado e escritor, Dante Lima, em
seu livro Mundo Novo, Nossa Terra, Nossa Gente.

Na década de 50, os clubes encontravam-


-se nas ruas mundonovenses, tocando dobrados,
marcha rancho, samba e frevo. “O povo traba-
lhava para o carnaval, gastava até o que não tinha,
para trocarem de fantasia três ou quatro vezes por
dia”, relembra saudoso, acrescentando “quem
viu, viu; quem não viu, não vê mais”.

Princesa Diva Dantas (1ª à direita) –1959

O concurso das mais belas carnavalescas


era outra característica marcante do carnaval.
“As escolhidas pela diretoria dos clubes deve-
riam vender votos. Quem conseguisse mais di-
nheiro seria a vencedora”, é o que relata, Diva
Leal Dantas, Princesa do Carnaval de 1959, que
desfilou em carro alegórico com a Rainha, Prín-
cipes e Guardas-de-Honra acompanhados pelo
Trio Papagaio.

89
MICARETA

Micareta é a denominação dada no Bra- cidades as festas de Carnaval começaram a


sil ao carnaval fora de época. O nome deriva ficar muito cara. Dr. Raimundo que era pre-
de uma festa francesa, Mi-carême, e, desde os feito migrou do Carnaval para a Micareta
anos 1990, vem se espalhando por várias capi- que acontecia inicialmente no mês de maio,
tais e cidades brasileiras. Países como Canadá, posteriormente foi para outubro. Logo após
Portugal e Espanha já realizaram sua “mica- a Micareta de Feira vinha a Micareta de Mun-
reta”, adaptadas conforme a cultura local. do Novo, havia esse alinhamento. Na gestão
do Prefeito Dr. Cléverson houve um cresci-
ORIGEM DA MICARETA mento de Bandas na Micareta, vieram muitos
músicos famosos como Ivete Sangalo, Banda
A origem da micareta está na cida- Eva, Ricardo Chaves, Daniela Mercury, foi um
de baiana de Feira de Santana, quando, na dos melhores Micaretas de Mundo Novo. As
década de 70, por causa de fortes chuvas e Micaretas também começaram a ficar muito
inundações, o prefeito da cidade cancelou o cara para o interior, a concorrência era muito
Carnaval em toda a região. Hoje, são dezenas grande com as bandas.
de micaretas por todo o Brasil, inclusive nas
cidades do sudeste e sul do país. Com algumas dificuldades a Micareta aca-
bou, veio surgindo em seu lugar o São Pedro de
MICARETA DE MUNDO NOVO rua e foi se fortalecendo e se achando melhor sair
da Micareta e fazer todos os anos o São Pedro.
A Micareta de Mundo Novo aconteceu
nos anos 90. Com a concorrência das festas Relato da Vereadora Ivone Batista – 27/12/2021
públicas de Carnaval nas capitais e outras

FESTAS POPULARES
ATUAIS DE MUNDO NOVO
EXPOSIÇÃO AGROPECUÁRIA
DE MUNDO NOVO

Festa de repercussão nacional, iniciada


em 1938, sempre trouxe a Mundo Novo um
grande número de pecuaristas e de turistas.
Atualmente o evento vem acontecendo no
parque de Exposições Nestor Duarte, com
feira de agricultura familiar, palestras e cursos
durante o evento. Exposição das melhores ra-
ças, concursos de cavalos, desfiles, barracas
de comidas típicas, leilão e shows ao vivo.

90
SÃO PEDRO dia da Padroeira de Mundo Novo. Esta festi-
vidade se caracteriza pelo reencontro dos fi-
Esta é uma das festas mais tradicionais lhos de Mundo Novo que tiveram o dissabor,
de Mundo Novo. por motivos diversos, de mudar-se da cidade.

Atualmente a festa de São Pedro alcan- FESTA DE NOSSA SENHORA DA CONCEI-


çou fama interestadual com grande incenti- ÇÃO DE MUNDO NOVO
vo que lhe foi dado pelo Prefeito Demóste-
nes Soares dos Santos Filho. Os moradores Festa de religiosidade mundonovense.
do município de Mundo Novo aproveitam a O dia 08 de dezembro é consagrado a nos-
festa de São Pedro entre os dias 28 e 30 de sa Padroeira, Nossa Senhora da Conceição.
junho, com temas diferentes para cada ano Nesse dia a população é acordada com uma
de festejo. A organização fica por conta da explosiva alvorada com grande participa-
Prefeitura Municipal. ção popular. Às 10 horas, uma missa solene
atrai os fiéis que superlotam o templo local. À
Os festejos na cidade sempre contam tarde, realiza-se a tradicional procissão, que
com muito forró e tradição junina, bebidas e percorre as principais ruas da cidade com ex-
comidas típicas do período movimentando a pressiva participação popular.
economia local. Com bandas locais e de ou-
tros lugares, mutas vezes até bandas famosas.

DIA DO EVANGÉLICO DE MUNDO NOVO

Este evento tem a finalidade específica,


motivar os cidadãos mundonovenses a ob-
ter o conhecimento das escrituras sagradas,
Antigamente havia uma disputa pelo além de compreender quais os propósitos de
melhor festejo: a Aliança Clube realizava um Deus em nossas vidas. É um da de feriado na
animadíssimo São Pedro, ao que Lyra respon- cidade e acontece no dia 23 de setembro.
da com uma brilhante festa de São João. Hoje
não se comemora, mas o São João, mas a Lyra
mantem viva essa tradição. Essa festa é rea-
lizada no final de junho 28 ou 29, de acordo
com o dia da semana.

FESTA DO REENCONTRO DE MUNDO NOVO

Iniciada em1988 vem se transforman-


do numa tradição. Principiou no mês de ou-
tubro, na festa de fundação da cidade e de-
pois deslocou se para o dia 08 de dezembro,

91
FESTA DA CAVALGADA DA LUA

Surgiu em 2003, quando um grupo de


mundonovenses (Celso Góes, Maurilio Araú-
jo, Roberto Pedreira e Roberto Bansabath),
manifestou o desejo de criar uma cavalgada
em Mundo Novo, numa noite de sábado de
lua cheia. O sonho foi caracterizado e teve
grande aceitação popular, tornando-a uma
festa popular em nossa terra.

ANIVERSÁRIO DE MUNDO NOVO

A Festa do Aniversário de Mundo Novo


acontece no dia 10 de outubro, é realizada a
comemoração do aniversário da Cidade. Pro-
movendo atividades educativas, apresenta-
ções culturais, homenagens, recreação, par-
que de diversões e shows ao vivo.

92
FESTEJOS TRADICIONAIS NOS
POVOADOS E DISTRITOS
As festas tradicionais são manifestações
culturais, folclóricas ou religiosas que expres-
sam costumes regionais ou mesmo do país
como um todo. Sejam grandes eventos ou pe-
quenas celebrações, elas acontecem de norte a
sul levando muita animação para as ruas.

Mais importante ainda, servem para


resgatar e preservar elementos históricos, tra-
dições e crenças que estão diretamente liga-
das à formação da identidade cultural brasi-
leira. Por isso, as festas típicas são um grande
exemplo da pluralidade e diversidade. Vamos
agora conhecer um pouco dessas festas nos
Festa Nossa Senhora Santana em Alto Bonito
quatro cantos do município: cavalgadas, fes-
tejos juninos, religiosos, carnaval entre outras.

Festa do Produtor Rural - Umbuzeiro Carnaval na Barra de Mundo Novo

Cavalgada de Umbuzeiro Cavalgada da Amizade no Povoado do Cobé

93
Festa da Padroeira em Jequitibá Festa do Feijão em Ibiaporã

Festa de Vaqueiros em Ibiaporã

FESTAS TRADICIONAIS DE
IBIAPORÃ
Começando em Abril com a Cavalga- na creche. A tarde as pessoas se juntam pela
da Feminina, onde cavalheiros e amazonas praça, outros continuam o passeio a cavalo
de Ibiaporã e região se juntam para essa fes- é um dia muito divertido.
ta. No sábado a noite tem festa dançante na
Praça principal, amanhecendo o dia as 5:00 No mês de agosto acontece a “fa-
hs da manhã acontece a alvorada, as pesso- mosa” Festa de Agosto, essa festa aconte-
as que amanheceram o dia na festa continua ce por conta do Padroeiro de Ibiaporã Bom
em festa pelas ruas acompanhando um mini Jesus da Lapa, que passa todo o mês sendo
trio elétrico. As 10:00 hs da manhã as ruas já dedicado a essa festa. No ultimo final de se-
uma alegria danada cavalheiros e amazonas mana do mês de agosto é mais movimenta-
já começam a se organizar uma concentra- do, pois acontece a festa dançante, são dois
ção em frente a igreja católica para a missa dias de festa, no sábado a tarde tem a festa
em seguida segue em desfile pelas ruas da dos blocos é quase um carnaval, a noite tem
comunidade. Logo após almoço é servido celebração na igreja e depois das 22: horas

94
tem a festa na praça principal, são varias nheceram o dia na festa continua em festa
bandas que anima o povo. O domingo con- pelas ruas acompanhando um mini trio elé-
tinua com celebrações religiosas e a noite trico. As 10h00min da manhã as ruas já uma
até 00h00min horas festa dançante. alegria danada cavalheiros e amazonas já
começam a se organizar uma concentração
Logo em seguida no mês de Novem- em frente a igreja católica para a missa dos
bro acontece a festa de vaqueiros onde ca- vaqueiros, em seguida segue em desfile pe-
valheiros e amazonas de Ibiaporã e região las ruas da comunidade. Logo após almoço
se juntam para essa festa. No sábado a noi- é servido na creche. À tarde as pessoas se
te tem festa dançante na Praça principal, juntam pela praça, outros continuam o pas-
amanhecendo o dia as 05h00min da manhã seio a cavalo é um dia muito divertido.
acontece a alvorada, as pessoas que ama-

FESTAS TRADICIONAIS DE
UMBUZEIRO
FESTA DO PRODUTOR RURAL dos da nossa comunidade é realizada na Rua
da Quadra.

É um evento que conta com o apoio da


prefeitura e de toda a comunidade local. São
apresentadas: quadrilhas, eventos escolares,
blocos com trio, exposição de animais, café da
manhã, alvorada, concursos de vacas leiteiras,
exposição de equinos, bovinos, exposição de
produtos agrícolas produzidos na zona rural
da comunidade, exposição de artesanato, ob-
jetos antigos, chulas, futebol de homens vesti-
dos de mulheres, desfiles de agricultores, mis-
sa e festa dançante com bandas famosas.
A festa foi realizada no início na Praça
Leonel Modesto Lopes no antigo mercadão CAVALGADA
e foi idealizada pelo Sr. Renato Bida e Julieta
Martins de Mundo Novo. Foi iniciada no mês
de agosto para comemorar o folclore nas es-
colas da nossa comunidade, com o objetivo
de arrecadar dinheiro para a compra de um
mimeógrafo para a escola. Foram desenvol-
vidas atividades folclóricas como: cantigas de
roda, apresentação de artesanatos, comidas
e bebidas típicas da região.

Com o tempo a festa foi crescendo e


ganhando outras proporções.

A Festa do Produtor Rural ou festa do


Agricultor hoje acontece no mês de julho e é A Cavalgada é um dos maiores eventos
um dos eventos mais importantes e espera- da comunidade e da região. Organizada pelo
Grupo Estrela e apoiada por toda comunida-

95
de local e circunvizinha.

Esse evento acontece na primeira se-


mana do mês de janeiro e atrai centenas de
pessoas de toda região.

TARDE DE NATAL

A Tarde de Natal é outro evento mais


atual da comunidade. Sempre realizada no
dia 25 de dezembro. Foi idealizada por Bo-
linha onde o primeiro evento aconteceu em
Xuitão. O evento foi crescendo e houve a ne-
cessidade de um espaço maior. Passou então
a ser realizado no Clube Primavera.

Após a morte de Bolinha (fato este


muito triste) a sua família deu continuidade
a esta festa até os dias atuais e que já é uma
tradição.

JEQUITIBÁ

A data da festa é 11 de outubro. Tem os


novenário (nove noites de novenas,) antes da
festa. As novenas são celebrações com leitu-
ras bíblicas.

Dia 11 acontece a Missa Solene e ge-


ralmente é oferecido almoço as pessoas. Na
parte da tarde, tem sempre uma equipe de li-
deranças que organizam, bingo, sorteio, pes-
caria, toca do coelho etc.

Relato da professora Ana Angélica -


Povoado de Jequitibá.

96
SAMBA CHULA

A Chula é uma dança e gênero musical no, mas pouco se ouve falar do seu poten-
de tradição oral, com origem na cultura afro- cial no sertão. “Há muitas peculiaridades no
-brasileira, introduzida no Brasil por escravos samba chula de Mundo Novo. O jeito de to-
do século XVI. O ritmo acompanha cavaqui- car, o bater das palmas e os instrumentos são
nho, pandeiro, prato, cuia, palmas e o piega diferentes, muitos confeccionados de manei-
(repisado). ra bem tradicional, utilizando, por exemplo, a
cabaça como matéria-prima”.
O samba chula é uma vertente do sam-
ba de roda. Nela os cantores entoam uma po-
esia musicada (chula) e os participantes ficam
parados esperando a finalização. Somente
depois da declamação que as pessoas come-
çam a dançar e a bater palmas.

O SAMBA CHULA TOCADO NO MUNICÍPIO


DE MUNDO NOVO

A diretora Sophia Mídian conta que a


ideia de gravar nessa região foi dar destaque
ao ritmo que é conhecido no recôncavo baia-

97
Agora que conhecemos um pouco sobre o
Samba Chula de Mundo Novo, vamos co-
nhecer dois artistas famosos da nossa região,
Pedro e Joabe. Leia a reportagem sobre eles
que conta como foi que eles ganharam um
prêmio com sua música. Vamos conhecer o
samba da nossa região.

Pedro e Joabe são sambadores da nossa


região, eles fazem apresentações por todo o país
e encanta as pessoas com sua arte. Leia abaixo
uma reportagem de 2012 que fala sobre um prê-
mio que a dupla ganhou ao participar de uma ex-
posição de Samba no estado de São Paulo:

Os sambadores Pedro e Joabe saíram


de Guarulhos-SP em um avião no fim da
tarde desta segunda-feira (20) e chegou ao
Aeroporto Internacional Deputado Luiz Edu-
ardo Magalhães de Salvador por volta das
20h e seguiram viagem para Mairi em um
carro da prefeitura. Pedro e Joabe chegaram
a Mairi por volta da 1h da madrugada desta
terça-feira (21) e foram recebidos por muitos
amigos a parentes. Os sambadores ficaram
bastante emocionados. Pedro e Joabe

Pedrito Queiroz de Oliveira, conheci- A disputa da mostra São Paulo Exposamba


do por Pedro da Viola do povoado de São começou com mil candidatos, que se apre-
Bentos das Lages e Joabe do distrito de An- sentaram em Centros de Educação Unifica-
gico, ambos do município de Mairi, estavam dos e casas de shows da cidade de São Paulo.
em São Paulo participando da São Paulo Ex- Depois das mil apresentações, foram sele-
posamba, passaram por três fases e disputa- cionadas as 100 melhores composições, que
ram a grande final que foi realizada na últi- passaram a ser 40 nas semifinais. A Exposam-
ma quarta-feira, dia 15 de fevereiro. A dupla ba foi coordenada e organizada pela Fábrica
ficou na quarta colocação pela votação do do Samba. Teve o apoio oficial do governo do
Júri e ganhou R$ 15 mil. Além disso, Pedrito Estado e da Prefeitura de São Paulo e incen-
Queiroz de Oliveira foi premiado como com- tivo cultural do Ministério da Cultura, do go-
positor revelação e ganhou mais R$ 7.500,00. verno federal.

98
SAMBA DE RODA da Bossa Nova e do samba carioca, além de
ter vários representantes nacionais como Ma-
Vamos aprender sobre o samba de riene de Castro, Jorge Aragão, Pixinguinha.
roda, uma manifestação artística presente
na nossa cultura. Faça a leitura do texto com CARACTERÍSTICAS DO SAMBA DE RODA
atenção, pode grifar e anotar o que jugar im-
portante e em seguida responder a atividade: Manifestação que acontece em festas
e durante cultos religiosos do candomblé
O estilo musical é patrimônio imaterial e umbanda, o samba de roda recebe esse
da humanidade. Manifestação cultural que nome, pois seus participantes se organizam
mistura dança, música e poesia; o samba de em círculo para cantar, tocar, dançar e bater
roda nasceu no Recôncavo Baiano e se expan- palmas. A pessoa que fica no meio da roda
diu pelo país. O gênero musical é uma grande tem sua participação com a famosa umbi-
referência e ganhou no ano de 2008 o título de gada e convoca um novo dançarino para o
Patrimônio Imaterial da Humanidade. meio. É composta por vários músicos que to-
cam instrumentos como a viola, o atabaque,
Com raízes africanas e elementos da cul- o violão, o pandeiro, o berimbau, o ganzá, o
tura portuguesa, o estilo é composto por mú- reco-reco, e o agogô. O estilo musical apre-
sicos que tocam instrumentos como ganzás, senta duas variações principais. São elas:
atabaques, reco-reco e viola. O samba de roda
deu origem a Bossa Nova e o samba carioca. CANTIGAS DE RODA E CIRANDA

HISTÓRIA DO SAMBA DE RODA Cantigas de roda (também conhecidas


como cirandas ou brincadeiras de roda) são
brincadeiras infantis, mas que caem no gos-
to dos adultos também. As pessoas formam
uma roda de mãos dadas e cantam melodias
folclóricas, podendo executar ou não coreo-
grafias acerca da letra da música. São uma
grande expressão folclórica, e acredita-se que
pode ter origem em músicas modificadas de
um autor popular. São melodias com letras
simples, geralmente alegres e divertidas.

As Cantigas de Roda são um tipo de


canção popular relacionadas às brincadeiras
O samba de roda tem influências da de roda. Nesse sentido carregam uma me-
cultura africana e portuguesa. O estilo mu- lodia de ritmo claro e rápido, favorecendo a
imediata assimilação. Estão incluídas nas tra-
sical nasceu das festas de terreiros realiza-
dições orais em inúmeras culturas. No Brasil
das no Recôncavo Baiano, durante os anos
fazem parte do folclore, que incorpora ele-
de1860, e tinha como objetivo preservar o le-
mentos das culturas africanas, europeia, por-
gado do povo negro escravizado. O primeiro
tuguesa, espanhola e indígena.
samba de roda foi gravado em disco em 1916.
A música em questão, “Pelo Telefone”, era Elas também podem ser chamadas de
interpretada pelo cantor Donga. Depois disso cirandas, e têm caráter folclórico. Esta prática,
a manifestação ganhou repercussão e con- hoje em dia não tão presente na realidade in-
quistou todo território nacional. fantil como antigamente devido às tecnologias
existentes, é geralmente usada para entreteni-
O estilo musical apresenta duas varia- mento de crianças de todas as idades em locais
ções, a chula e o corrido. Influenciou a criação como colégios, creches, parques, etc.

99
Há algumas características que elas colhendo café quebra de Ouricuri, raspando
têm em comum, como por exemplo, a letra. mandioca, batendo feijão, em casa, limpan-
Além de ser uma letra simples de memorizar, do e varrendo terreiro na roça, em rezas nas
é recheada de rimas, repetições e trocadilhos, casas das pessoas, terminando as rezas todas
o que faz da música uma brincadeira.

Na matriz cultural brasileira têm uma


característica interessante, que é a autoria co-
letiva ou anônima, pelo fato de serem passadas
de geração em geração. Atreladas ao ato de
brincar, consistem em formar um grupo com
várias crianças ou adultos, dar as mãos e cantar
uma música com características, melodia e rit-
mo próprio, letras de fácil compreensão, temas
referentes à realidade da criança ou ao seu ima-
ginário, e geralmente com coreografias.

As cantigas de roda conhecidas no Bra-


sil são de extrema importância e fazem parte
da cultura nacional. Podem contribuir para o iam cantar roda.
aprendizado das crianças, elas fazem parte Tiveram a ideia de criar um grupo para
do cotidiano das pessoas, nas festas típicas, se apresentarem. Deu certo, o grupo apresen-
brincadeiras, crenças. tam suas cantigas de roda nas escolas, festas
de S. João de Umbuzeiro e Mundo Novo, Fes-
CANTIGAS DE RODA E CIRANDA ta do Agricultor de Umbuzeiro, Fazendas, ou-
NO POVOADO DE UMBUZEIRO DE tras festas de rua, roças, festas dos Idosos e
MUNDO NOVO. São Pedro em Mundo Novo.

As cantigas são criadas por Ivanilde.


Ormandina convida as amigas para ensaiar,
juntam o grupo, cantam e dançam. As músi-
cas retratam as comidas típicas de São João,
trabalho de roça, brincadeiras de criança,
quebra de Ouricuri entre outras. As cirandei-
ras são muito animadas aonde chegam con-
tagiam a todos com alegria e animação.

Na Comunidade de Umbuzeiro existe


um grupo chamado Grupo da Alegria. O gru-
po foi criado em 2017 e é composto por dez
mulheres da nossa comunidade.

Segundo conta Ivanilde, as cantigas de


roda começaram com as debulhas de milhos,

100
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DA BARRA

A linha Iaçu-Bonfim (ao lado), conforme


projeto do ano de 1910. Iaçu na época ainda
se chamava Sítio Novo, na linha da Central da
Bahia, ao sul.

A construção se deu a partir dos anos


seguintes, e os primeiros trechos foram entre-
gues em 1917, partindo dos dois extremos do
projeto. O trajeto final não foi muito diferente
do que aparece no mapa. A linha, no entanto,
somente veio a ficar pronta com a junção dos
dois ramais que partiam de Iaçu e de Bonfim,
no ano de 1951, quando as prioridades já eram
diferentes e a situação das ferrovias em todo
o Brasil já não era nada promissora. Notar que
as linhas de Mundo Novo para o oeste e de Ja-
cobina para o leste jamais foram construídas
(Mapa do livro Viação Férrea da Bahia, de Elpí-
dio de Mesquita, 1910).

101
sageiros: o de 1ª, com poltronas estofadas,
o de 2ª, com assentos de madeira e o carro-
-restaurante, que podia ser usado pelos pas-
sageiros da 1ª classe.

A ESTAÇÃO – LOCALIDADE DE BARRA

A estação de Mundo Novo foi inaugu-


rada em 1937. A data exata consta da Enci-
clopédia dos Municípios Brasileiros, do IBGE,
vol. XXI, de 1960. É desta obra a descrição do Ao centro da foto, a estação de Mundo Novo, na lo-
calidade de Barra, em 1957. O bairro, a 6 km da sede
município, nessa mesma época: “O municí- do município, está ao fundo (Foto Enciclopédia dos
pio de Mundo Novo situa-se numa zona de Municípios Brasileiros, IBGE, vol. XXI, 1960).
criação melhorada de gado bovino, contan-
do para isto com vários fatores favoráveis: a
maior umidade do solo, permitindo melhor
cultivo de plantas forrageiras, o traçado do
“caminho do gado” que, partindo do vale
do São Francisco, cruza esta região em de-
manda a Feira de Santana e, por fim, a estra-
da de ferro que a comunica com a capital do
Estado. Pelo ramal da Leste Brasileiro o gado
da região é transportado para Salvador. Tra-
ta-se de um município revestido pela “mata
de cipó”, a qual tem sido bastante devastada
para dar lugar à expansão dos pastos de ca-
pim colonião, cada dia mais extensos”.
De acordo com os guias de horários, os trens de pas-
A estação de Mundo Novo permane- sageiros - sempre mistos - pararam nesta estação de
ceu como ponta de linha do trecho ferroviá- 1923 a 1977. Ao lado, um destes trens está próximo à
cidade de Jacobina, nos anos 1960.
rio que partia do Norte, de Senhor do Bonfim,
via Jacobina, durante 14 anos, até a junção
deste com o trecho que vinha do Sul, de Iaçu,
via Itaberaba. Também se chamou por algum
tempo Barra do Mundo Novo. Teve trens de
passageiros até por volta de 1978, pelo me-
nos é o que se subentende dos Guias Levi.
“Eu morava na Barra, povoado onde fica a
estação, que está em pé até hoje, na época
do trem ainda existente. Este realmente pa-
rou em fins dos anos 1970, inclusive os car- Mapa dos anos 1950 mostra a linha passando pelo
gueiros. “Eu estudava em Senhor do Bonfim município de Mundo Novo. Notar a estação com o
e pegava o trem todos os dias”. Era o Trem nome de Barra, distante da sede (IBGE: Enciclopédia
da Grota, sempre misto, com 3 carros de pas- dos Municípios Brasileiros, vol. VII, 1960).

102
Os últimos trens que por lá passaram já
foram com locomotiva Diesel. O povoado, Bar-
ra, como é chamado popularmente, ou Barra do
Mundo Novo, nome oficial, e que fica a 6 km da
sede do município (Mundo Novo), até hoje por
estrada de chão, na época sobrevivia do trem.
O movimento era muito grande, havia hotéis e
pensões, pois os trens que saíam de Senhor do
Bonfim e de Iaçu se cruzavam na Barra, e, segun-
do ele, por volta de 6 da tarde, e seguiam viagem
somente no dia seguinte, obrigando os pas-
sageiros ao pernoite na vila, o que gerava esse
grande movimento. Tão grande que chegou a se Fontes: Wellington, de Mundo Novo; Elpídio de Mes-
cogitar a mudança da sede do município para lá, quita: Viação Férrea da Bahia, 1910; IBGE: Enciclopédia
a estação por isso chegou a se chamar somente dos Municípios Brasileiros, vol. VII e XXI, 1960; Inven-
Mundo Novo (embora jamais a sede tenha sido tariança da RFFSA: Anexo 1 ao Termo de Transferên-
cia no. 587/2010, 2010; www.mundonovoba. com.br;
passada para lá). Depois da supressão dos trens, Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias
o povoado perdeu muito em importância e hoje Levi, 1932-80; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht
é um local pouco procurado, tendo a população
decrescida bastante também.
HISTÓRICO DA LINHA
A estação hoje serve de depósito e ainda
pertence à RFFSA, sendo utilizada por terceiros. A linha Senhor do Bonfim-Iaçu foi en-
“Os trilhos foram retirados, aos poucos”. tregue ao tráfego ferroviário aos poucos. En-
quanto de Senhor do Bonfim, na linha Cen-
(Depoimento de Wellington, de Mundo Novo, BA, tro, a linha foi sendo construída desde 1917,
em 5/12/2005). quando o primeiro trecho chegou a Pindoba-
çu até 1937, quando chegou a Barra (Mundo
MAIS IMAGENS DA ESTAÇÃO DA BARRA: Novo), de Paraguassu (Iaçu), na linha Sul, a li-
nha saiu para alcançar Itaíba em 1928 e Flores
(Rui Barbosa) em 1951. Trens de passageiros
circulavam pelos dois ramais isolados um do
outro desde o início. Bastante próximas, Flo-
res e Barra foram unidas e em 1953 a linha já
funcionava em toda a sua extensão. Por ela an-
dava o “Trem da Grota”, extinto em 1977. O
próprio ramal foi suprimido depois disso (ofi-
cialmente, em 1994) em condições não muito
bem explicadas, pois era uma variante que en-
curtava a linha Norte-Sul no País, além de evi-
tar o gargalo do rio Paraguassu, em Cachoeira,
na linha Sul. Hoje nada mais existe dessa linha
a não algumas das antigas estações.

A ESTAÇÃO DE JEQUITIBÁ

A estação de Jequitibá foi inaugurada


em 1951, quando foram juntadas as linhas
que vinham de Senhor do Bonfim, ao norte, e
a que vinha de Iaçu, no sul. A data exata cons-

103
ta da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros,
do IBGE, vol. XXI, de 1960. Teve trens de pas-
sageiros até fevereiro de 1977. Em 2008, a es-
tação estava de pé, sem função conhecida por
mim, mas em excelente estado de conservação.

Mapa dos anos 1950 mostra a linha passando pelo


município de Mundo Novo e também pela estação de
Jequitibá, junto ao limite sul municipal (ao sul da sede)
A estação de Jequitibá e parte do povoado, lugar
aprazível no sertão baiano, em 2008 (Foto do site
www.mundonovoba.com.br).

A estação de Jequitibá, bem conservada ain-


da está ali, em 2008, enfeitando o povoado
do mesmo nome.

104
RÁDIO COMUNITÁRIA SANTA CRUZ FM

Fundada em 28 de outubro de 2000 e


é administrada pela Associação Comunitária
Mundonovense. Foi fundada por um grupo
de pessoas ligadas à Igreja Católica e teve
como idealizadora a Irmã Zélia. A casa onde
funciona a rádio pertence à Paróquia de Mun-
do Novo na Rua Dr. Manoel Barreto. Contam
com três locutores como: Henrique Silva, Luci
Cerqueira e Ivanilde Jesus que recebem uma
contribuição pelo trabalho prestado.

Tem como objetivo representar a voz da


comunidade, a voz do povo. Apresenta con-
teúdos diversificados, comerciais, programas
religiosos de várias denominações, programas
esportivos, notícias em geral e entrevistas. A
Rádio além de tocar todo estilo musical priori-
za os artistas locais valorizando-os.

É sem fins lucrativos, recebem o apoio


Cultural do comércio para manter as despe-
sas. A nova sede da Rádio está sendo cons-
truída próxima a Escola Jorge Karaoglan.

105
CONTA COM 12 DIRETORES Jonas Pereira Carlos Borges
Diretor de Patrimônio
Presidente José Dilson Cavalcante
José Carlos Pinheiro dos Santos Diretora de Esportes
Vice-Presidente Ana Angélica Oliveira Borges
Reginaldo Mendes Dias
1º Tesoureiro CONSELHO FISCAL:
Emilson Nunes Pires
2ª Tesoureira Áurea Medeiros Cima, Raquel Silva de Olivei-
Joseni Santos de Lima ra e Vilma de Queiroz Alves
1ª Secretária Suplentes:
Valdenice Alves dos Santos Ivanilde Jesus Almeida, Leônidas Soares de
2ª Secretária Almeida Oliveira e Maria Cleuza Cardoso de
Ivene Matos dos Santos Almeida.
Diretor de Programação

APROMIM
ASSOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO A MATERNI- travam a Prefeitura naquele ano, ou seja, era uma
DADE E A INFÂNCIA MUNDONOVENSE associação da Prefeitura. Ano depois, após a cons-
trução do Hospital, a associação passou a ser posto
de saúde, saindo a maternidade.

Em 1972, na gestão do Prefeito Ederval


Nery um grupo de pessoas se reuniram e for-
maram uma instituição para trabalhar com ges-
tantes mães jovens da comunidade com o ser-
viço social voltando a funcionar a Associação da
APROMIM. Laura Gomes Pedreira foi uma gran-
de colaboradora do projeto.
A APROMIM é uma instituição amparada pe-
los sócios, cada sócio paga uma mensalidade
de 10, 00 mensais para ajudar nas despesas di-

Sede da APROMIM – 30/12/2021

Dona Zezé emocionou-se ao nos dar


entrevista, demonstrando um amor imenso à
Mundo Novo e à História da nossa cidade.

A Associação de Proteção a Materni-


dade e a Infância Mundonovense. Têm como
objetivo da assistência às pessoas mais neces-
sitadas da cidade. Foi ponto de apoio ao mo-
vimento dos Bandeirantes sobre a direção de
dona Terezinha por muitos anos.

Foi criada em 1950, apenas para dar à assis- Uma das colaboradoras do projeto. Dona Zezé é a re-
tência a maternidade, pelas pessoas que adminis- presentatividade da APROMIM - 30/12/2021

106
árias. Atualmente são 20 sócios pagantes. proteção do idoso, panificação, processamento
A Presidente atual é Tatiana dos Santos Andra- de queijo, artesanato de fibra de banana, curso
de e Vice-presidente Ana Angélica Oliveira Bor- de licores etc.
ges. A administração financeira é por conta de
Leda Ribeiro da Silva Marques As ações realizadas são encontros dos
garis, enxovais de recém-nascidos, palestras so-
Cursos ministrados na APROMIM bre a saúde, comemorações de aniversários dos
associados, comemoração de natais solidários
Eletricidade Predial, artesanato em re- nos Bairros, Santa Cruz, Sape e Rua do Hospital,
ciclagem, bordados, macramê, pintura, corte almoço beneficente, seminário de vigilância so-
costura, curso de gestantes com parceria da se- bre o óbito materno, teatro com fantoches, ba-
cretaria de saúde, curso de férias, curso do pro- zar e brecho beneficente, Comemoração do Dia
jeto do Despertar pelo Senar, Projeto Conviver, Internacional da Mulher etc.
encontro de professores e coordenadores da
Ed. Infantil, alimentação alternativa, crochê, cur- Relato de Dona Maria José dos Santos Andrade co-
so básico de recursos da água, manicure, curso nhecida como Dona Zezé – em 30/12/2021
de vigilância sanitária, merendeiras, cuidados e

APEMN
Com atuação no município de Mundo o primeiro Presidente fundador. Atualmente na
Novo, Estado da Bahia, constitui-se nos termos direção da Associação está Maria Célia Masca-
da legislação em vigor como uma sociedade ci- renhas.
vil de direito privado, sem fins lucrativos, com
personalidade jurídica, sede na Rua Ministro Objetivos da APEM
Franciso Sá, número 24 e fórum na cidade de
Mundo Novo, com prazo de duração indeter- A APEMN tem como finalidade o incen-
minado, regendo-se pelo estatuto e disposi- tivo e a promoção da Educação e da Cultura,
ções legais aplicáveis. no município de Mundo Novo, podendo para
tanto mobilizar e aplicar recursos materiais, fi-
A entidade não faz distinção de quem nanceiros, técnicos e humanos com o objetivo
quer que seja em razão de cor, gênero, credo de premiar os melhores alunos do ensino pú-
político ou religioso, pautando-se pela rigo- blico do município do ensino Fundamental I e
rosa observância dos princípios de legalidade, II, como também Professores e Funcionários da
impessoalidade, moralidade, publicidade, eco- Educação.
nomicidade, ética e transparência.
Relato de Maria Celia Mascarenhas em 30/12/2021
A entidade não tem filiação política ou re-
ligiosa, nem se filiara a outras entidades, mesmo
que tenham objetivos similares ou correlatos, po-
dendo, no entanto, no estrito cumprimento dos
seus objetivos com estas atuar conjuntamente,
mediante acordos e convênios.

A Associação de Apoio a Educação de Mun-


do Novo foi criada em 11 de maio de 2013 e
teve como fundadores: Professor Ovidio Vala-
dão, Acy Maria Guimarães, Nilauda Pamponet,
Hindrik Bos, Edilene Purificação, Darceni Assis,
Maria Edivirgens, Marileia Santos, Guionaliá Al-
ves, Eduardo Pereira, Janete Guimaraes, Rita de
Cassia Miranda, Maria Celia Mascarenhas, Apa-
recida Pedreira e Lucas Parente. Dr. Eduardo foi

107
ORGANIZAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA
DE MUNDO NOVO
AS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO SO- clubes e construíram-se casarões. A peque-
CIAL E POLÍTICA DE MUNDO NOVO na vila passou a ser umas das cidades mais
importantes da região. A partir da década de
A partir do “achado” de José Carlos da 1920, o cultivo do café deu lugar à criação
Motta, agricultores, às centenas, foram che- de gado zebuíno, que passou a ser a princi-
gando a Mundo Novo e apossando-se de suas pal atividade econômica da região.
terras, formando um núcleo agrícola de mini-
fúndios altamente produtivos, que logo trans- Mundo Novo tornou-se referência na-
formaram a região num verdadeiro celeiro. cional no âmbito da criação de zebu, impor-
tados diretamente da Índia, pela influente
E o município crescia em importância família Almeida. As exposições agropecuá-
social e política. A fama de Mundo Novo, se rias realizadas em Mundo Novo até a déca-
espalhara por todo Nordeste. Ai então co- da de 1970 mobilizavam todo mercado de
meçaram a chegar os “coronéis”, logo trans- gado de raça zebu no país. Esse comércio
formando-se em grandes proprietários polí- era tão importante que o preço da arroba
ticos de prestígio. vendida ali, servia de parâmetro para todo
o Nordeste brasileiro. Em Salvador, o jornal
Ainda no século XIX, a jovem cida- A Tarde anunciava diariamente o preço da
de se tornou um importante polo de de- arroba de boi em Mundo Novo.
senvolvimento. Atraídos pela fertilidade de
suas terras, vários importantes coronéis se Pelo prestígio econômico, a cidade
instalaram na região. Segundo Adolfo Al- adquiriu importância política na região e,
ves Barreto (1946, p. 3), em 1903, o ilustre por conta disso, os coronéis conseguiam
engenheiro Alexandre Góis apresentou um eleger seus deputados, favorecendo o de-
relatório no qual ressaltava o potencial agrí- senvolvimento do município.
cola do município de Mundo Novo. Nas pri-
meiras décadas do século XX, o município Quanto ao prestígio econômico e cul-
possuía grandes fazendas de café. Dizia-se tural da cidade de Mundo Novo na região,
mesmo que as ruas de Mundo Novo cheira- pode-se citar um texto de Álvaro Borges,
vam a café (MOTTA, 1975b). publicado no jornal Mundo Novo, em 10
de outubro de 1931: Mundo Novo progride
No ano de 1910, uma notícia bomba Mundo Novo, à tradicional cidade monta-
enchia de orgulho o peito dos mundonoven- nhosa, avança na vanguarda do progresso,
se: na Feira Internacional de Milão, o “Café tendo se colocado pelo seu valor comercial
Mundo Novo”, cuja muda fora levada de nos- acima de suas coirmanas sertanejas.
sa terra para São Paulo, ganhava MEDALHA
DE OURO como o melhor café do mundo!”. Mundo Novo é sem dúvida, sem con-
testação, uma das mais ricas cidades do ter-
Em relação às outras cidades da re- ceiro distrito baiano. O seu solo abençoado
gião, Mundo Novo desenvolveu-se eco- puro, composto de milhares de fazendas,
nomicamente a ponto de se destacar no cheias de montanhas e repletas de sua prin-
cenário nacional. Por conta do progresso cipal fonte de riqueza - o capim - o ouro ver-
econômico, instalaram-se em Mundo Novo de desta zona, é na verdade, o pão nosso de
agências bancárias, escolas, fundaram-se cada dia, para os que mourejam quotidia-

108
namente pelo levantamento moral de uma Geralmente as eleições são realizadas
Terra que tudo quer e pode, conquanto que, no mês de outubro. Na último pleito para
todos trilham os pró-homens do progresso, Prefeito e Vereadores de Mundo Novo no
como é de Justiça e de direito. ano de 2020, a eleição foi realizada no mês
de novembro, devido a Pandemia que asso-
Livro Nossa Terra Nossa Gente de Dante lava o território.
Lima. 3ª Edição. 2009
Em 2022, temos como Prefeito e Vi-
ce-prefeito, Dr. José Adriano e Dr. Eduardo
ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DE Pereira que já administram o município des-
MUNDO NOVO de o quadriênio de 2017 a 2020. Reeleitos,
são os responsáveis pela gestão municipal
no quadriênio de 2021 a 2024.
A forma de governo adotada no Bra-
sil é da democracia. A palavra democracia,
de origem grega (dhemos = povo + khratos
= governo/poder), denota a importância da
participação direta do povo em sua organiza-
ção, povo este representado pelos cidadãos,
ou seja, aqueles detentores de direitos polí-
ticos. Dessa forma, o meio encontrado para
as democracias contemporâneas de viabilizar
essas situações foi a democracia representa-
tiva, ou seja, os cidadãos elegem seus repre-
sentantes para que tomem as decisões ati-
nentes ao governo (votem leis, por exemplo). Dr. Adriano Dr. Eduardo
Prefeito Vice-Prefeito
Os municípios são unidades de me-
nor hierarquia dentro da organização polí- SEGUNDO A LEI ORGÂNICA PÚBLICA
tico-administrativa do país, liderados pelos DE MUNDO NOVO:
Prefeitos, que exercem o poder executivo
dessas unidades. Os municípios pertencem Art. 8° — O Poder Legislativo do Município é
exercido pela Câmara Municipal, composta
aos Estados, e podem ser classificados como por representantes da comunidade, em nú-
urbanos ou rurais: se a maior parte da po- mero de 11 (onze) vereadores, eleitos pelo
pulação de um município vive na cidade sistema proporcional como representantes
(área urbana) ele é considerado urbano, se a do povo, com mandato de quatro anos.
maior parte de sua população viver no cam-
po (área rural) ele é considerado rural. Em § 2°: O número de Vereadores será fixado pela
Mundo Novo, grande parte dos munícipes justiça eleitoral, tendo em vista a população do
residem na zona rural. Município e observados os limites estabeleci-
dos no art. 29,1V, da Constituição Federal.
Em relação ao cenário eleitoral, con-
Art. 10: A Câmara Municipal reunir-se-á anual-
tamos com aproximadamente 12. 000 mil mente, na Sede do Município, de 15 de fevereiro
eleitores em Mundo Novo. As eleições para a 30 de junho e de 1° de agosto a 15 de dezem-
o poder executivo acontecem a cada 4 anos, bro, conforme Art. 57 da Constituição Federal.
elegendo Prefeitos e Vereados por meio do
voto direto e democrático. A votação acon- A Mesa da Câmara se compõe do
tece nos colégios eleitoras da sede, dos Po- Presidente, do Vice-Presidente, do primeiro
voados e distritos da cidade. Secretário e segundo Secretário, os quais se
substituirão nessa ordem.

109
O mandato da Mesa Diretora será de
02 (dois) anos, permitida a recondução por
eleição na forma desta Lei e do Regimento
Interno da Câmara de Vereadores Municipal.

COMO VEREADORES ELEITOS NA ELEIÇÃO


DE 2020 TEMOS:
João Bolinha Marcelo
Sede Povoado de Jequitibá

Ivone Xina Naninha Roberto


Sede Sede Sede Povoado de Umbuzeiro

Cleiton Pires Evandro Victor Eduardo Viló


Distrito de Ibiaporã Povoado de Umbuzeiro Povoado de Umbuzeiro Sede

Ilderlandio
Distrito de Alto Bonito

110
RELIGIÕES

O PAPEL DAS RELIGIÕES

A religião é uma prática social pública Quando falamos em religiões, o terri-


de indivíduos com os mesmos costumes, cren- tório de Mundo Novo conta com uma diver-
ças e valores morais. Um aspecto importante sidade de crenças e templos religiosos, com
das religiões é servirem de ponte entre o mun- crenças, tradições e costumes diferentes.
do humano e o espiritual. As crenças mencio- Contando também com muitos fiéis e pesso-
nadas são introduzidas por meio de narrati- as que comungam da mesma fé.
vas que procuram atribuir sentido à vida. Elas
também explicam a origem das coisas, como a
formação do mundo e o universo.

IGREJA CATÓLICA
A Igreja nasceu como comunidade, é o
Corpo de Cristo, onde todos tinham tudo em Essa igreja também foi demolida e em
comum. É nela que acontece a vida cotidiana seu lugar foi construído o atual imóvel, cuja
e sacramental dos fiéis. É um organismo vivo pedra fundamental foi assentada no dia07 de
formado por comunidades, pastorais, movi- outubro de1951.
mentos, associações etc.
A Paróquia de Mundo Novo empreendi-
De acordo com o Código de Diretos Ca- da também os municípios de Piritiba e Tapira-
nônico, temos a seguinte definição de Paróquia: mutá. Deixando os mesmos de fazerem parte
da Paróquia em 1971 e 1979, respectivamente.
Can. 515 - 1. A Paróquia é uma certa comu-
nidade de fiéis, constituída estavelmente na
Igreja particular, cuja pastoral, sob a autorida-
de do Bispo diocesano, está confiada ao pá-
roco, como a seu pastor próprio.

A primeira igreja em Mundo Novo foi a


Igreja Católica e foi erguida na praça Senador
Cohim, mas ou menos no local onde se encon-
trava o coreto. A colocação de sua pedra funda-
mental deu-se no dia 22 de setembro de 1844.

Foi inaugurada no dia 20 de abril de


1847. O Pe. Daltro iniciou a construção de
uma nova igreja, no local da atual, mas os tra-
balhos foram interrompidos em1889 devido
a uma grande seca que flagelou todo o nosso
Nordeste. Posteriormente a igreja foi conclu-
1ª Igreja Católica de Mundo Novo
ída e passou por grande reforma em 1910.

111
RELIGIÕES PROTESTANTES
Atualmente existem 14 denominações evan- 7 - Igreja Testemunha de Jeová
gélicas em Mundo Novo, sendo elas: 8 - Igreja Mundial
9 - Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo
1 - Igreja Assembleia de Deus 10 - Igreja Carruagem do Fogo
2 - Igreja Batista 11 - Igreja Deus é Amor
3 - Igreja Cristã do Brasil 12 - Igreja Evangélica Pentecostal
4 - Igreja Universal 13 - Igreja Batista
5 - Igreja Presbiteriana 14 - Mistério Ide e Aclamai
6 - Igreja Adventista do Sétimo Dia

CENTRO ESPÍRITA
te José Carlos Durais. Atualmente o Diretor
do Centro é Irmão Darmison Sousa da Silva.

O Centro Espírita Teles de Menezes


tem como propósito divulgar a Doutrina Es-
pírita na cidade de Mundo Novo e região.

As reuniões acontecem nos dias:


Segundas-feiras – só com o espiritual
Quarta-feira – Doutrinaria estudo do evangelho
segundo o espiritismo
Domingo – Doutrinaria estudo do livro do espírito.
A Fundação do Centro Espírita em Mun-
do Novo aconteceu no dia 16 de março de
1983, na Rua José Alves Barreto com o objeti-
vo de fundar uma sociedade Espírita que rece-
beu o nome: Centro Espirita Teles de Menezes,
nome sugerido por João da Silva Oliveira.

Na primeira fase do Centro, eles não


possuíam endereço fixo, o Centro não possuía
estabelecimento próprio, fizeram várias mu-
danças e enfrentaram preconceito, foi uma fase
difícil à comunidade não respeitava a religião.

Atualmente existe endereço fixo, pois


com o tempo, conseguiram aquisição do
imóvel na Rua Rui Barbosa.

Teve como primeira Presidente a Se- Centro Espírita de Mundo Novo


nhora Adélia Souza Almeida e Vice-presiden- imagens cedidas por colaboradores

112
CANDOMBLÉ
Candomblé é uma religião afro-brasi- Os rituais do candomblé são realizados
leira em que se pratica o culto de divindades em locais de culto denominados terreiros, li-
de origem africana, chamadas orixás. Assim, derados por um pai ou mãe de santo. Durante
apesar de ter nascido na Bahia, no século XIX, as cerimônias, chamadas de toques, os par-
o candomblé foi formado a partir de tradi- ticipantes cantam e dançam, e os filhos-de-
ções religiosas africanas de povos iorubás. -santo incorporam os orixás. Boa parte des-
sas cerimônias seguem um calendário fixo e
Essas tradições foram trazidas ao Brasil por são feitas em homenagem às divindades.
populações negras escravizadas vindas de países
da África Ocidental, como Nigéria, Benin e Togo.

ILE AXÉ OGUN OKITALANDÊ


Fundada um 01/05/2000 Pelo Babalorixá
Maurício De Ogun, localizada na Rua Ayrton
Senna número 1 - Vila Santa Cruz - Mundo
Novo Bahia.

É casa de cunho religioso e cultural,


que tem como objetivo difundir a cultura
afro-brasileira.

É importante salientar que uma casa


de candomblé de origem ketu tradicional,
um bem imaterial do município.
(Casa de força de Ogun vanguardeiro, o que
vai à frente) Fonte: Relato de Pai Maurício
via whatsapp no dia 17/12/2021

113
SOCIEDADE FILARMÔNICA

A SOCIEDADE FILARMÔNICA LYRA


MUNDONOVENSE As festas locais eram ainda animadas
por excelentes bailes proporcionados pelo
Tudo era festa, alegria e progresso na “Clube 25 de março”.
nova cidade de Mundo Novo. Era o maior
centro agrícola da região e já se despontava Foi estimulado por essa atmosfera cul-
como importante polo pecuário. tural, que o jovem poeta José Alves Barreto
deu mais um passo à frente e fundou a “So-
No ano de 1896, Mundo Novo era um ciedade Philarmônica Lyra Mundonovense”,
verdadeiro paraíso num Estado conturbado isto no dia 12 de outubro de 1896, sendo ins-
pela desastrosa guerra de combate aos fa- talada na cidade no dia 15 de novembro do
mintos nordestinos do Arraial de Canudos. mesmo ano, tendo sido seu primeiro presi-
dente, o Sr. Joaquim de Souza Pinto.
Em Mundo Novo, ao contrário, tudo
era fartura e o clima era da mais absoluta paz. A Sociedade Lyra cresceu e se tornou
Nessa época já existia na cidade a “Socie- famosa. Passou a dar concertos em todas as
dade Literária Sete de Setembro”, fundada cidades vizinhas. Segundo depoimentos da
pelo jovem intelectual e poeta JOSÉ ALVES época, “Não havia um só músico de segun-
BARRETO. Essa Sociedade vale ressaltar, pos- da, todos de primeira qualidade” e brilho.
suía uma excelente biblioteca, recebia os me-
lhores jornais e revistas do país, inclusive da As festas mundonovenses ganharam extra-
Capital Federal. Possuía gabinete de leitura e ordinário brilho. Em depoimento dirigido ao
mantinha cursos regulares de português e de povo de Mundo Novo, um ilustre visitante as-
línguas estrangeiras. sim se referiu à cidade naqueles dias áureos:

114
“Tem uma Philarmônica que constitui
a vida alegre do lugar - a afamada e laureada
” Lyra Mundonovense”, cuja simpatia e po-
pularidade toa às raias da adoração, instalada
em magnífico prédio. Quem percorre as suas
dependências, aprecia o esmero e o gosto
que presidiram à decoração do salão nobre,
a ordem do salão dos ensaios e o quarto para
toilette das senhoras e demais acomodações
necessárias. Uma festa na Lyra”, disseram-
-me com ênfphase: “É um deslumbramento,
quase um Novo Éden”.

(Carta depoimento do Sr. Jovan Alarico


César Gomes). A Philarmônica Lyra Mundonovense
crescia entusiasticamente e estava no auge de
Foi nesse clima de festa, prosperidade sua glória. Era convidada pelas cidades vizi-
e alegria, que no mês de dezembro daquele nhas para abrilhantar as melhores festas. Seus
ano de 1896, chegava a Mundo Novo e era músicos eram todos de primeiríssima qualida-
entusiasticamente recepcionado, o nosso de e a disciplina não só da filarmônica em si,
segundo vigário, substituto do padre Daltro, como do próprio clube, era incensurável.
Antônio Carmelo, que conosco permaneceria
apenas até o ano seguinte. Para ainda mais Não obstante ser um clube recreativo,
aumentar a euforia dos mundonovenses, no vestido das cores vermelhas e brancas, en-
dia 2 de agosto de 1897 era sancionada a carnava, na verdade, uma facção política. Do
Lein.º 193, pela qual ficava o Governo do Es- outro lado estava a Euterpe, um clube bem
tado autorizado a promover a construção de mais modesto, que com suas cores verdes e
um ramal ferroviário do Sítio Novo até Mun- amarelas, representava outra facção política,
do Novo, o que não se concretizou. liderada pelos “Victórias”.

Só uma nota de profunda tristeza: no Mas a Lyra cresceu demais e a sua im-
dia 15 de outubro de 1897, Mundo Novo per- plosão era iminente. E terminou por aconte-
dia seu grande líder, o dinâmico jovem JOSÉ cer. Fazia parte de seu quadro de músicos,
ALVES BARRETO. uma grande família de exímios profissionais:
eram os irmãos Juvêncio, Elias, Adelino e Sin-
A EUTERPE MUNDONOVENSE frônio. Todos da família Lima.

Pois bem. Certa feita, quando era pre-


sidente do Clube o Sr. Juvêncio Lima, prin-
cipiou-se um desentendimento entre os ir-
mãos. Precisamente entre Juvêncio e Elias.
Juvêncio, Presidente do Clube, queria que
Elias tocasse o trombone. Elias, embora to-
casse qualquer instrumento, preferia e fazia
questão de tocar o bombardino.

O desentendimento começou a ame-


açar a rígida disciplina do grande Clube. E o
resultado inesperado de uma eleição interna
foi a gota d’água que provocou a tempesta-

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de: os irmãos Elias, Adelino e Sinfrônio rom- de Mundo Novo, iniciou as atividades em
peram definitivamente com o Juvêncio e se 25/10/2007. A principal atividade dessa em-
afastaram da Lyra. presa é Atividades de Organizações Associa-
tivas Ligadas À Cultura e À Arte.
A notícia estourou como uma bomba.
Passou a ser comentada na cidade como “A A Sociedade Filarmônica 10 de Junho
REVOLTA”. da cidade de Mundo Novo /BA, é um projeto
sem fins lucrativos, formado por estudantes
Logo, dois outros grandes músicos, Zé e amantes da música, o mesmo se mantém
Pretinho e Zéde Zeca, hipotecaram solidarie- com a ajuda da sociedade e da Prefeitura Mu-
dade aos dissidentes. Outros músicos tam- nicipal de Mundo Novo /BA.
bém romperam.
Este Projeto foi uma iniciativa do Dr. Dan-
É nessa hora que aparece sempre a infa- te Lima, que por mais de 10 anos esteve como
lível “solidariedade” política. A Euterpe abriu Presidente e hoje o Dr. José Carlos Barreto se
imediatamente suas portas aos “revoltosos” encontra na Presidência da Filarmônica, pos-
sui 14 anos, 1 mês e 20 dias e foi fundada em
FILARMÔNICA DEZ DE JUNHO 25/10/2007. A sua situação cadastral é ATIVA
EM MUNDO NOVO, BAHIA e sua principal atividade econômica é Ativi-
dades de Organizações Associativas Ligadas
Atualmente em Mundo Novo te- a Cultura e a Arte.
mos a Sociedade Filarmônica Dez de Junho

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REFERÊNCIAS

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