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JOSÉ MANOEL MORALES SÁNCHEZ

INTRODUÇÃO AOS PERFIS


LEVES DE AÇO
Concepção Estrutural e Arquitetônica com Perfis de Chapa Dobrada

José Manoel Morales Sánchez


E-mail: sanchez@unb.br
Web: https://estruturasaco.wordpress.com/

Data: 16, setembro, 2022


E-book, Versão: 01 (Template modificado de “Free download by https://usedtotech.com”)

Introdução aos Perfis Leves de Aço 1


JOSÉ MANOEL MORALES SÁNCHEZ

ÍNDICE

IN T R OD U Ç ÃO A OS PE RF IS L EV ES DE AÇ O

Chapa Dobrada Perfis .................................................................................................................3

Introdução .............................................................................................................................................................. 3
Aços para Chapa Dobrada ...................................................................................................................................... 4
Principais Tipos de Perfis ...................................................................................................................................... 4
Flambagem Local ................................................................................................................................................... 6
Propriedades Geométricas ..................................................................................................................................... 8
Em resumo ............................................................................................................................................................. 11
Tabela de Perfis ..................................................................................................................................................... 11

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CHAPA DOBRADA PERFIS

Nesta seção apresentaremos as características dos perfis formados a frio, que


de modo simplificado denominaremos de chapa dobrada.

Veremos que os perfis em chapa dobrada possuem características importantes


que devem ser consideradas com cuidado em relação aos perfis laminados e
aos perfis soldados (ao lado).

Introdução
Os materiais chegam na fábrica em forma de bobinas ou em placas a depender
da espessura do aço, como mostrado na figura do topo. O equipamento
fundamental de produção é a dobradeira (ao lado).

Assim a forma mais comum é a obtenção dos perfis por dobradura, em


prensas hidráulicas, de chapas de aço fornecidas em placas quando as
espessuras são maiores que 3mm ou bobinas.

Para estruturas, a espessura usual da chapa do perfil varia de 1,90 mm a 1/2”


(12,7 mm), podendo ser usadas espessuras maiores caso se disponha de
dobradeira que permita essa operação. É possível encontrar fabricantes com
máquinas para uma polegada (25,4 mm).

Uma boa prática em estruturas é utilizar espessura mínima em de 1,90 mm


(Chapa 14). Abaixo disso a flambagem local pode tornar a peça antieconômica.
E, caso não seja material resistente à corrosão, pode-se ter uma vida útil da
estrutura comprometida. A denominação Chapa 14 (#14) é bastante comum
na prática e será relatada mais à frente.

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Outra restrição relevante é para o caso de ambiente sujeito a corrosão (pisos


etc.) não se deve utilizar chapa menor que 3,04 mm (Chapa 11).

Os perfis em chapa dobrada são utilizados em estruturas como mezaninos e


coberturas leves e como viga treliçada secundária (joists) em edifícios de
andares múltiplos. Essa utilização é bastante comum nos EUA.
https://zamilsteel.com/peb/en/steel-joists

Esse modo de produção permite a obtenção de grande variedade de formas de


perfis. Nesses perfis o arquiteto tem oportunidade de investigar e propor
formas novas, evidentemente tem que estar em contato muito forte com a
indústria. Esse material pressupõe uma relação de conhecimento industrial
de fabricação.

A norma brasileira atual é a NBR 14 762 - Dimensionamento de estruturas de


aço constituídas por perfis formados a frio. Trata-se de norma bastante
complexa por conta do flambagem local que falaremos em breve. Utilizaremos
as normas estadunidense (AISI) que possuem forte sessão de comentários e
manuais de cálculo, além de métodos teóricos mais simplificados.

Aços para Chapa Dobrada


O aço para chapa dobrada foi desenvolvido de modo a permitir essas Aço Chapa Dobrada:
dobraduras, sendo que o mais utilizado é o aço ASTM A 570 C. Esse é o aço ASTM A 570 C
desenhado para chapa dobrada e que tem uma resistência de 2.320 kgf/cm2: f y 2320 kgf/cm²

fy 2320 kgf/cm²

Valor bem próximo do aço ASTM A 36 (2.500 kgf/cm2). O aço ASTM A 570 C
é praticamente um aço padrão mundial pela qualidade e disseminação.

Outros aços utilizados são o próprio aço ASTM A 36 e na nossa região o USI
SAC 300, com resistência de 3.000 kgf/cm2, bastante resistente e resistente
à corrosão, com um preço talvez mais alto que o ASTM A 570 C.

Todos nossos cálculos serão realizados com o aço ASTM A 570 C, que permite
evidentemente, utilização de aços mais resistentes como apresentado acima.

Principais Tipos de Perfis


A seguir estão apresentados os principais tipos de perfis e que serão objeto de
dimensionamento nas estruturas desta introdução aos perfis em chapa
dobrada.

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O perfil mais tradicional e de grande versatilidade é a Cantoneira de abas


iguais. Utilizados em treliças tanto em banzos como em diagonais e
montantes,

O perfil U Simples utilizado como banzo em treliças e, também, como


diagonais e montantes, com tamanho para encaixe no banzo.

O perfil U Enrijecido usado principalmente como terças. É o padrão de perfil


para terças em nossa região (Brasília).

O perfil Caixa muito utilizado na produção de mezaninos, tanto nas vigas


como nos pilares. Usado também como pilares em coberturas metálicas.

O perfil I Simples, I Enrijecido são menos usados devido a que os perfis tipo
caixa serem mais econômicos. O perfil Cartola também é utilizado como banzo
de treliças, porém menos utilizados que os perfis U Simples, nas condições de
coberturas até 20 metros.

O tubo circular é uma seção muito eficiente, porém de uso dificultado pela
ligação nos nós. O tubo quadrado é bastante eficiente e não muito utilizado
devido à pouca disponibilidade no mercado. Esse perfil é muito utilizado no
mercado estadunidense. A telha trapezoidal é obtida por processo metalúrgico
distinto da prensa hidráulica. O processo de produção utiliza máquinas
denominadas perfiladeiras, que de modo contínuo conformam o perfil
desejado, aqui no caso de telha trapezoidal podendo ser também ondulada etc.

Os perfis mais utilizados e objetivo deste trabalho são os perfis Cantoneiras,


U Simples, U Enrijecido e Caixa, mostrados na lateral.

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Na tabela a seguir encontram-se as chapas mais usuais. A primeira coluna está


a denominação de norma estadunidense por enumeração e que possui
surpreendente apelo prático no meio de nível técnico. Na coluna seguinte a
equivalência para espessuras em milímetros. A seguir para chapas grossas a
denominação em polegadas e respectivas espessuras.

Flambagem Local
Do ponto de vista conceitual consideramos que este é o tópico mais
importante a ser dominado. Para os perfis laminados e perfis soldados, com
chapas grossas, deve-se estudar a flambagem global (por flexo-torção). Assim,
o uso de chapas grossas e limitação das peças permite contornar a flambagem
local.

Seja a viga de perfil U simples flexionada como mostrado ao lado, a parte de


cima está comprimida (portanto sujeita à instabilidade por compressão que
denominamos de flambagem) que vai flambar localmente, não se menciona
ainda a flambagem global lateral, que virá em seguida, já que ocorre uma
superposição desses efeitos. Então, pelo fato de ter essa flambagem inerente
a sua construção, os perfis em chapa dobrada devem ter a flambagem local
devidamente considerada de modo se ter um cálculo seguro.

Portanto, devido à pequena espessura da chapa, os perfis de chapa dobrada


estão sujeitos a flambagem local em todas as paredes do perfil.

A figura abaixo demonstra como ocorre o processo de flambagem local de uma


parede de perfil. À medida que aumenta a tensão a parte central não absorve
toda a tesão devido à flambagem dessa parte. Observe-se que quando nas
laterais se atinge a tensão de escoamento do aço a parte central tem uma
tensão muito menor. A área que absorve não é total.

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Assim, as dimensões dos perfis (paredes) devem ser limitadas em função da


espessura de modo a minimizar o efeito da flambagem local.

A figura ao lado ilustra um banzo de treliça comprimido, em perfil cartola


(especialmente projetado), flamba localmente, o “miolo” não funciona,
funciona apenas nos cantos, porque a parede vertical enrijece o canto da parte
maior horizontal, ou seja, próximo da dobradura é mais rígido que no meio da
parede flambada. A dobra inferior enrijece a parede vertical. A parede inferior
que enrijece a parede vertical deve ser curta já que não possui dobradura de
enrijecimento.

Nos perfis tabelados o efeito da flambagem por compressão já está


considerado através do Fator “Q”.

O Fator “Q” determina que parte da área flambada não funciona. Área efetiva.
O Fator “Q” será menor que 1 (um) quando houver flambagem local,
reduzindo a área total do perfil

Fator Q Área Efetiva


Área Total

Veja que, caso a parede seja muito fina e o perfil não seja muito bem
proporcionado pode-se estar “jogando material fora”.

Abaixo um perfil muito utilizado, o Perfil Caixa, onde a coluna S é a área total
do perfil. O primeiro perfil tem uma altura de 200 mm, uma semilargura de
85 mm e com dobra de enrijecimento, denominada lábio, de 25 mm. A
espessura vale 4,76 mm que é igual ao raio das dobraduras.

O Fator “Q” encontra-se na última coluna para o aço adotado (ASTM A 570 C)
com tensão de 1392 kgf/ cm2. Para aços mais resistentes deve-se calcular
devidamente os valores desse fator. Uma observação importante é que ao
aumentar o valor da resistência do aço, não aumenta muito a capacidade de
resistência. Como pode ser visto na flambagem de Euler à medida que se
aumenta a esbeltez o valor da resistência do aço não influi. Algo espantoso
demonstrando que se trata apenas de proporções e forma.

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Para esse perfil mencionado o Fator “Q” é 0,86, ou seja 14% da área
(teoricamente) não será utilizada, isto dito de modo simplificado.

Propriedades Geométricas
Outro ponto importante é a determinação das propriedades geométricas,
principalmente considerando a possibilidade de criação de perfis não
padronizados para soluções construtivas específicas.

Pelo método exato se considera que cada dobra é um setor circular com raio
igual a espessura, utilizando as propriedades dessa forma e realizando o
cálculo pelos métodos tradicionais de seções compostas.

As normas também permitem a utilização de método simplificado


denominado de Método Linear que considera a espessura ao final do
cálculo uma vez que a pequena dimensão em relação às demais faz com que a
diferença do método anterior ser desprezível. Como exemplo seja a
determinação da área do perfil. Toma-se o desenvolvimento médio como se
tivesse aberto a chapa e multiplicado pela espessura (como na área de um

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retangular muito comprida e de pequena altura). As normas apresentam


fórmulas simplificadas para o cálculo desse método de outras propriedades
geométricas como o momento de inércia.

Um método ainda mais aproximado é apresentado na figura abaixo onde se


despreza os setores circulares e considera-se apenas seções retangulares.

Na seção abaixo a parede 1 ou 3 é considerada como um retângulo cuja base é


o lado do perfil menos a espessura da parede vertical e a altura é a espessura
do perfil. Nesse caso o momento de inércia em relação a x tem a espessura ao
cubo. Deve-se lembrar que a dimensão que vai ao cubo é sempre a
perpendicular ao eixo considerado. Em relação a y a dimensão que vai ao cubo
é a dimensão B (como na figura abaixo).

Já para a peça 2 de altura H e espessura e, o momento em torno de x tem a


altura H ao cubo e para o eixo y quem vai ao cubo é a espessura.

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Em relação aos eixos globais da seção deve-se considerar o teorema de Steiner


ou dos eixos paralelos, logicamente.

Abaixo tem-se a tabela de perfil U Simples, calculada pelo método linear em


comparação com o resultado da calculadora Seções que considera as peças
retangulares

Para o perfil destacado U 200 x 50 x 4,76 os valores da seção estão colocados


em centímetros na Seção U. A área da seção na tabela é 13,39 cm2 e na
calculadora é 13,83 cm2. Um erro percentual bastante baixo, menor que 5%.
O Jx 727,84 na calculadora e 686,2 na tabela, com erro em torno de 5%
também. Algumas vezes é bastante próximo como no caso do iy que é 1,38 na
tabela e 1,37 na calculadora de seções.

Observem que na tabela foi dado apenas um Wy. Na calculadora tem-se os dois
valores. O valor menor conduz a maior valor de tensão. Contudo não é um
perfil corrente para flexão.

A figura abaixo é um problema desafio que mostra a potencialidade dos perfis


em chapa dobrada.

A dobradura da parede intermediária possui dupla finalidade. Primeiro


enrijecer a parede de 240 mm de altura. As dobraduras intermediárias criam
um vinco quebrando o comprimento de flambagem, verdadeiro origami que
cria um enrijecimento aumentando a capacidade do perfil de 3,04 mm de
espessura. Esse tipo de seção é utilizado como pilar que vai receber uma
parede de alvenaria, criando uma transição entre os dois materiais. As

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propriedades podem ser determinadas, com algum trabalho, pelo método


aproximado, ficando como desafio.

Em resumo
Salientamos a importância dos perfis tipo Cantoneiras, U simples, U
enrijecido, e Caixa. Esses perfis são os mais utilizados na prática e podem
ser calculados com os métodos das próximas seções.

Deve-se notar a importância da flambagem local nos perfis em chapa dobrada


considerada aqui através do Fator Q, como formulado pela norma
estadunidense do AISI e de fácil tratamento nas estruturas mais correntes. A
determinação do Fator Q foge do escopo deste curso introdutório, mas como
recomendação geral pode-se dizer que com o aumento da espessura do perfil
e com a realização de dobraduras intermediárias se evita a flambagem local
com alguma facilidade, como mostrado na figura acima no detalhe de encaixe
da parede de alvenaria.

Tabela de Perfis
A seguir as tabelas de perfis da empresa Irmãos Gravia com versão que
contempla o Fator Q essencial para o cálculo de perfis.

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