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UNIDADE VI
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS – PARTE I

SINOPSE

DIREITO • Contextualização histórica

INTERNACIONAL • Conceito;
PÚBLICO • Requisitos e características;
• Classificações segundo as diferentes
AULA 21
Professor: Marcelo Uchôa dimensões.
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Direito Internacional Público

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Contextualização histórica Contextualização histórica

• Durante largo período de sua história, o • O Direito Internacional irradiava às

Direito Internacional serviu para nações a ideia de que a sociedade
internacional possuía estrutura
ordenar uma sociedade composta por horizontal, sustentada por construções
número relativamente pequeno de relacionais de coordenação.
Estados (de origem europeu-ocidental), • O Direito internacional, por isso, tinha
considerados soberanos e como escopo favorecer a coexistência
juridicamente iguais, entre os quais se estatal e, ocasionalmente, a favorecer a
dava forte hegemonia política, cooperação através de técnicas quase
econômica, social e cultural. que majoritariamente bilaterais.
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Direito Internacional Público Direito Internacional Público

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Contextualização
histórica
• Mas a ideia de
Contextualização histórica
posicionamento estatal
horizontal, baseada na • A estruturação horizontal da sociedade
cooperação estatal direta, internacional (decorrência direta do
nunca existiu de forma direito estatal fundamental de
perfeita. soberania) é uma ideia formal.
• Ao contrário, as • Numa sociedade em que as relações
disparidades estatais cooperativas requerem consciência
sempre aconteceram, com pacta sunt servanda e em que a
consequências drásticas cooperação se origina não só das
para os mais diversas
povos, tornando inviável o necessidades imediatas de cada nação,
convívio harmonioso. mas do bom senso, com frequência os
resultados não acontecem como
planejados.
Direito Internacional Público
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Contextualização histórica
• Na tentativa de minorar essas deficiências,
iniciou-se, no século XX, a era das
organizações internacionais, que, de
alcance limitado e eminentemente técnicas,
inicialmente, se multiplicaram em mais de
trezentas, no decorrer dos anos,
ampliando-se não só em número, mas em
áreas de atuação (cada vez mais
específicas), sendo a mais importante a
Organização das Nações Unidas – ONU,
considerada, por muitos, como o símbolo
da comunidade política institucionalizada.
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Contextualização histórica
• Serviu de pano de fundo para a criação das
organizações internacionais o período de
inocorrência de guerras de proporções
mundiais havido na Europa entre as guerras
napoleônicas e a I Guerra Mundial (1815-
1914).
• A naturalização da realização de
conferências internacionais estimulou uma
cultura de diálogo constante e coletivo
(“concertação”) entre os Estados, que, por
sua vez, resultou na experiência de
estabelecimento de estruturas institucionais
multilaterais permanentes.
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Contextualização histórica
• Já dentre as estruturas internacionais
permanentes podem-se ressaltar as
Comissões fluviais e as Uniões
administrativas internacionais
destinadas ao monitoramento de
trabalhos técnicos e coordenados, a
exemplo de serviços postais,
ferroviários, saúde pública, indústria,
agricultura, etc.
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Contextualização histórica
• Leciona Díez de Velasco que:
“O ordenamento jurídico vai deixando, assim,
de ser única e exclusivamente um direito de
coordenação, para incorporar, em boa parte,
a atividade das Organizações Internacionais,
características próprias de um direito de
subordinação ou institucional. Ao tempo em
que a presença das Organizações
Internacionais na vida internacional está
favorecendo à humanização, socialização,
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organização e democratização da mesma”.
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Contextualização histórica
• Na virada dos séculos XIX e XX
antecederam ao surgimento das
organizações internacionais as
Conferências de Haia de 1899 e 1907,
que aprovaram a criação das primeiras
instituições jurisdicionais
internacionais: A Corte Permanente de
Conferência de Viena/1815 Convenção de Haia de
Arbitragem e o Tribunal Internacional 1899
das Presas.
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Sociedade das Nações
Palácio das Nações
Em Genebra
• Essa conjunção de processos “cooperação
multilateral” versus “criação de estruturas
orgânicas permanentes” possibilitou o
arrojado surgimento, em 1919, da Sociedade
das Nações, com sede em Genebra, de
vocação universal (chegou a reunir 63 países
* ) e competência geral (técnica e política),
e, inclusive, com funcionários internacionais.
* Intercaladamente, pois, no curso de sua existência, vários Estados
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integraram mas se desligaram da organização. 12
Em 1938, quando praticamente paralisou suas atuações devido
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à ocorrência da II Guerra Mundial, reunia 54 Estados .
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Organização Internacional do
Trabalho
• Também em 1919, alegando-se entender que
uma paz duradoura só poderia ser alcançada
quando houvesse um tratamento decente ao
trabalhador, também em decorrência do
Tratado de Versalhes, decidiu-se instituir,
também com sede em Genebra, a
Organização Internacional do Trabalho (OIT).
• A preocupação com o equacionamento dos
níveis de exploração laboral não era bem uma
intenção solidária da Sociedade Internacional.
Vivia-se, em 1919, sob o espectro do
comunismo recém-vitorioso na Revolução
Russa de 1917. A ganância liberal precisava de
Organização Internacional do
Trabalho
• A OIT que, assim como a Liga das Nações,
possuía vocação universal, sendo, porém,
especificamente voltada para assuntos
laborais, é, ainda hoje, a mais importante
referência em termos de organização
internacional para este tema, com 187
Estados membros.
• Ao contrário da Liga das Nações, extinta
após a II Guerra Mundial, converteu-se na
primeira Agência Especializada da ONU, em
1946.
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um freio.
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Sociedade das Nações Sociedade das Nações

• A literatura tem considerado como principal
artífice para a instituição da Liga das Nações
os EUA, que, através do presidente Woodrow
Wilson, assumiu a tarefa de buscar a
formalização de uma organização
internacional voltada à resolução diplomática
dos conflitos internacionais.
• Seus “14 pontos de Wilson” foram
apresentados ao Congresso dos EUA na forma
de Projeto de Lei. Porém, apesar de
eventualmente incorporados ao Tratado de
Versalhes (celebrado para resolver a
finalização da I Guerra Mundial), não lograram
aprovação no Congresso norte-americano,
razão pela qual os EUA, que trabalharam pela
criação da Liga, não a integraram.
Direito Internacional Público
• O principal órgão da Liga das Nações era
o Conselho da Liga, formado por sete
membros: 4 permanentes (França,
Inglaterra, Itália e Japão*) e 3 não
permanentes, sendo eleitos para
ocupar assentos temporários em
mandatos de três anos, admitida
indefinidas reeleições.
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* Um quinto seriam os EUA que, como dito,
não participaram da Liga
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O Brasil na Sociedade
das Nações A era das organizações
internacionais
• Com a não participação dos EUA na Liga
das Nações, o Brasil, que, sob forte
influência norte-americana, havia • Após a II Guerra a Liga
participado da I Guerra Mundial no bloco das Nações foi sucedida
dos aliados, sendo, eventualmente, um
dos países instituidores da organização,
pela ONU. Inaugurava-se,
passou a fazer as vezes de representante a partir daí, a era das
informal dos EUA no Conselho da Liga, Organizações
ocupando, durante sucessivos mandatos, Internacionais (que
assento de membro não permanente.
também são comumente
• Inconformado com a não integração ao
Sede da ONU em Nova Iorque chamada de organizações
corpo permanente e diante da evidência intergovernamentais) no
de incapacidade da Liga em resolver os Direito Internacional.
problemas internacionais que se lhe
apresentavam o país deixou a organização
em 1926. 1 Direito Internacional Público

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Organização internacional: Organização internacional:

conceito e características gerais conceito e características gerais

• A organização internacional é um ente de

direito internacional, instituído a partir da • Pela natureza multilateral da
vontade expressa de Estados soberanos*, organização é natural que ela seja
com intenção de, a partir uma carta composta por funcionários de
constitutiva própria, agir no cumprimento diferentes nacionalidades, os quais
das intenções internacionais ali gozarão de imunidades funcionais para
discriminadas. desenvolver suas atividades.

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* Embora, teoricamente, nada impeça que uma organização
internacional integre outra. Dependerá dos estatutos constitutivos.
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Organização internacional: Organização internacional:

conceito e características gerais conceito e características gerais

• Uma organização internacional é, em • Habitualmente, dois órgãos internos são

princípio, um ente estável, contudo, sua comuns às organizações internacionais,
perenidade estará sujeita à conveniência dos uma assembleia, espaço onde o membro
membros integrantes, os quais, entre si, integrante exerce a expressão de sua
definem os limites de personalidade da
vontade, e um secretariado, que fará às
organização, os objetivos, a estrutura interna
(a existência ou não de comitês, conselhos, vezes de executivo maior da estrutura.
agências específicas, institutos, cortes Apesar do traço comum as existências
jurisdicionais, etc.), a sede ou sedes da desses órgãos internos também se
organização, as intenções colaborativas, a submetem ao interesse dos membros
forma de financiamento, dentre os outros integrantes da organização.
temas de interesse organizacional. 21 22

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Classificação das organizações

internacionais • Quanto à finalidade:
A classificação das organizações pode considerar diferentes
dimensões: a) Políticas  Quando possuem
fins gerais. A vocação política
CLASSIFICAÇÃO
identifica as organizações em que
Classificação se busca da manutenção da paz e
da segurança dos Estados (p. Ex., a
QTO. À QTO. AO QTO. À NATUREZA DOS
PODERES EXERCIDOS OU
QTO. À NATUREZA DOS
PODERES RECEBIDOS OU QTO À
das ONU);

organizações
FINALIDADE ÂMBITO TERRITORIAL ESTRUTURA AUTONOMIA
ESTRUTURA JURÍDICA
INSTITUCIONAL

b) Técnico-científicas  Quando

POLÍTICAS PARAUNIVERSAIS INTERGOVERNAMENTAIS DE COOPERAÇÃO DEPENDENTES

internacionais possuem fins especiais. É a
organização destinada
precipuamente a uma finalidade
cultural (UNESCO), econômica
(FMI, BIRD), política (Conselho da
DE INTEGRAÇÃO OU
TÉCNICO-CIENTÍFICAS REGIONAIS SUPRANACIONAIS
SUBORDINAÇÃO
INDEPENDENTES Europa), militar (OTAN), social e
humanitária (OMS. OIT), técnica
(OACI), etc.
QUASE REGIONAIS Direito Internacional Público
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• Quanto ao âmbito territorial: • Quanto à natureza dos poderes

exercidos ou quanto à estrutura
a) Parauniversais  Quando jurídica:
não impõem qualquer tipo de
restrição geográfica à a) Intergovernamentais  Quando
Classificação participação estatal (p. Ex., a Classificação buscam incentivar relações
ONU); multilaterais de colaboração
das das (organizações tradicionais como
ONU, OEA, OIT, UNESCO, etc.).
organizações b) Regionais  Quando
restringem regionalmente a organizações
internacionais participação estatal (p. Ex., a
OEA) internacionais b) Supranacionais  Quando
assumem atribuições específicas
dos Estados, restringindo parte do
c) Quase regionais  Quando poder soberano deste (blocos
há restrições ideológicas além comerciais como CEE, CECA, etc.).
de restrições regionais (p. Ex., a Neste caso, ocorre uma
OTAN); transferência de poderes estatais
para a Organização.
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• Quanto aos poderes • Quanto à autonomia:

recebidos ou quanto às
estruturas institucionais: a) Dependentes  Quando
recebem fiscalização
Classificação a) Cooperação  Quando
estruturam, coordenam as
Classificação internacional em suas ações,
p. Ex., a UPU (União Postal
das atividades dos Estados das Universal) recebe fiscalização
participantes de maneira mais do governo suíço;
organizações autônoma; organizações
internacionais b) Integração ou
internacionais b) Independentes  Quando
não recebem fiscalização
subordinação  Quando têm internacional em suas ações.
suas ações contidas pelos
Estados participantes.

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Exemplos de organizações
internacionais BIBLIOGRAFIA
• Exemplos de Organizações Internacionais:
ONU - UPU – UNIÃO POSTAL CECA – COMUNIDAE EUROPÉIA DO • DÍEZ DE VELASCO, Manuel.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES INTERNACIONAL CARVÃO E DO AÇO
UNIDAS
Las Organizaciones
OIT – ORGANIZAÇÃO OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE MERCOSUL – MERCADO COMUM
Internacionales. Ed. Tecnos.
INTERNACIONAL DO TRABALHO SAÚDE DO SUL • DINH, Nguyen Quoc et al.
Direito Internacional Público,
BIRD – BANCO INTERNACIONAL DE OEA – ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS ODECA – ORGANIZAÇÃO DOS
RECONSTRUÇÃO E AMERICANOS ESTADOS CENTRO-AMERICANOS Ed. Calouste Gulbenkian.
DESENVOLVIMENTO
• ESCUÍN PALOP, Vicente.
FMI – FUNDO MONETÁRIO OUA – ORGANIZAÇÃO DA UNIDADE OPEP – ORGANIZAÇÃO DOS PAÍSES Elementos de Derecho
INTERNACIONAL AFRICANA EXPORTADORES DE PETRÓLEO
Internacional. Ed. tecnos.
FAO – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES OTAN – ORGANIZAÇÃO DO TRATADO NAFTA – ACORDO NORTE- • GOUVEIA, Manual de Direito
UNIDADES PARA A ALIMENTAÇÃO E DO ATLÂNTICO NORTE AMERICANO DE COMÉRCIO LIVRE Internacional Público. Ed.
A AGRICULTURA
Almedina.
UNESCO – ORGANIZAÇÃO DAS CEE – COMUNIDADE ECONÔMICA AIEA – AGÊNCIA INTERNACIONAL DE
NAÇÕES UNIDAS PARA A EDICAÇÃO, EUROPÉIA ENERGIA ATÔMICA
CIÊNCIA E CULTURA
Direito Internacional Público
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BIBLIOGRAFIA
• GUERRA, Sidney. Direito
Internacional Público. Ed.
Freitas Bastos.
• HUSEK, Carlos Roberto. Curso
de Direito Internacional
Público. Ed. LTr.
• MAZZUOLI, Valerio de Oliveira.
Curso de Direito Internacional BIBLIOGRAFIA
Público.
• Organización Internacional del • Os "catorze pontos" do presidente Wilson. In:
http://srec.azores.gov.pt/dre/sd/115152010600/depart/dcsh/h12ano/191

Trabajo. In: •
8.pdf
RODRÍGUES CARRIÓN, Alejandro. Lecciones de Derecho Internacional

http://www.ilo.org/ilc/ILCSess •
Público. Ed. Tecnos
SHAW, Malcolm N. International Law. Ed. Cambridge.

ions/100thSession/lang-- •
•
UCHOA, Marcelo Ribeiro. Curso de Direito Internacional. Ed. Lumens Juris.
UCHOA, Marcelo Ribeiro. Direito Internacional. Ed. Lumens Juris.
es/index.htm •
•
VAN GENUGTEN, Willem et al. Discover International Law. Ed. WLP.
VELASCO, Manuel Diez de. Instituciones de Derecho Internacional Público.
Ed. Tecnos.

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Até a próxima aula...

FIM!!

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