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Introdução ao Direito Internacional
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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Introdução ao Direito Internacional
Jesser Borges
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Introdução ao Direito Internacional. . .....................................................................................................................4
1. Introdução.........................................................................................................................................................................4
2. Breve História e Fontes de Direito dos Tratados......................................................................................6
2.1. Teorias que Explicam o Direito Internacional e suas Implicações. ..............................................9
2.2. Fontes do Direito dos Tratados.................................................................................................................... 10
3. Princípios de Direito Internacional. . ................................................................................................................12
3.1. Soberania.....................................................................................................................................................................12
3.2. Boa-Fé nas Relações.. ..........................................................................................................................................12
3.3. Solução Pacífica dos Conflitos......................................................................................................................13
3.4. Autodeterminação dos Povos........................................................................................................................13
3.5. Princípios de Direito Internacional no Brasil.........................................................................................13
4. Dos Tratados Internacionais.. .............................................................................................................................14
4.1. Produção de Tratados. . ........................................................................................................................................14
4.2. Processo de Formação e Incorporação dos Tratados no Brasil.................................................14
4.3. Hierarquia dos Tratados....................................................................................................................................15
5. Negociação e Competência Negocial. ............................................................................................................16
Resumo.................................................................................................................................................................................18
Exercícios............................................................................................................................................................................20
Gabarito...............................................................................................................................................................................29
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................30
Referências........................................................................................................................................................................57
Anexo.....................................................................................................................................................................................58
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Introdução ao Direito Internacional
Jesser Borges
Apresentação
Olá, estimado(a) aluno(a)!
Espero que esteja bem. Meu nome é Jesser Rodrigues Borges, sou servidor do Ministério
Público Federal há 9 anos, mestrando em Direito pela Universidade do Extremo Sul Catarinen-
se – UNESC, na linha de pesquisa Direito, Sociedade e Estado. Sou professor das disciplinas
de Direito Internacional Público e Privado e Direitos Humanos.
Eu e toda a equipe do Gran estamos aqui para auxiliá-lo(a) na sua jornada rumo à aprova-
ção! Conte sempre conosco e não hesite em tirar todas as suas dúvidas no fórum. Ao longo
das aulas pretendo passar toda minha experiência de mais de 15 anos de “concurseiro” para
que a sua caminhada seja a mais tranquila possível, então teremos dicas e macetes que aju-
darão – e muito – na hora da sua prova.
A disciplina de DIP é fundamental para sua aprovação, pois ela tem caído em todos os
concursos jurídicos de nível superior. Então dedique tempo a ela em sua grade de estudos e
aproveite ao máximo a nossa metodologia diferenciada.
Forte abraço e Bons Estudos!
Jesser Rodrigues Borges
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Introdução ao Direito Internacional
Jesser Borges
1. Introdução
Inicialmente é importante esclarecer que as disciplinas de Direito Internacional (Público
e Privado) possuem cada uma suas peculiaridades. Entretanto, grande parte dos princípios e
diretrizes são comuns a ambas, razão pela qual a maioria dos concursos costuma cobrá-las
dentro da mesma disciplina, como sendo uma só. Desta forma, elaboramos esse material
que irá abordar a integralidade dos tópicos constantes em seu edital dentro da disciplina de
Direito Internacional Público e Privado, facilitando o seu estudo.
Pois bem, para compreensão da disciplina de Direito Internacional é preciso saber, primei-
ramente, que vivemos em uma sociedade extremamente globalizada, onde ocorrem constan-
tes relações entre as pessoas e os Estados Nacionais. Basta pensarmos que, atualmente, é
possível realizar compras internacionais facilmente via internet, ou simplesmente conversar
com alguém do outro lado do planeta. Todo dia ocorrem negociações e transações entre
empresas privados e entre Estados (fornecimento de bens e serviços). Tudo isso envolve o
direito internacional!
Nesse contexto, surge o que se denomina “sociedade internacional”. Assim, devemos di-
ferenciar a ordem jurídica nacional (interna) da ordem jurídica internacional (externa). Afinal
de contas, não há um legislativo global criando normas, mas apenas Estados Soberanos e
organizações internacionais que firmam acordos e pactos em suas relações.
Por certo que, observado os requisitos de incorporação, as normas criadas no cenário
internacional poderão influenciar o direito interno e regulamentar essas relações.
De acordo com o professor Valerio de Oliveira Mazzuoli (2021, p. 36), o Direito Interna-
cional Privado
[...] é a disciplina jurídica – baseada num método e numa técnica de aplicação do direito – que visa
solucionar os conflitos de leis estrangeiras no espaço, ou seja, os fatos em conexão espacial com
leis estrangeiras divergentes, autônomas e independentes, buscando seja aplicado o melhor direito
ao caso concreto. Trata-se do conjunto de princípios e regras de direito público destinados a reger
os fatos que orbitam ao redor de leis estrangeiras contrárias, bem assim os efeitos jurídicos que
uma norma interna pode ter para além do domínio do Estado em que foi editada, quer as relações
jurídicas subjacentes sejam de direito privado ou público. Como se vê, o DIPr é a expressão exterior
do direito interno estatal (civil, comercial, administrativo, tributário, trabalhista etc.).
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Basicamente, quando nos referimos a relação existente entre Estados Soberanos ou entre
esses e os organismos internacionais (Estado x Estado; Estado x Organismo Internacional)
estamos falando de direito internacional público. Por outro lado, quando tratamos da relação
dos indivíduos, de cunho eminentemente privado, aí estamos nos referindo ao direito inter-
nacional privado.
Imagine que você firmou um contrato com uma empresa alemã para importação de
equipamentos diretamente da Alemanha. Em havendo algum problema jurídico, qual norma
deve ser aplicada? A norma brasileira ou a norma alemã? Ou ainda, existiria algum tratado ou
convenção internacional que se aplica no caso concreto? Todas essas questões são objeto
de estudo no âmbito do Direito Internacional Privado que estudaremos em seguida.
Por vezes, as disciplinas de Direito Internacional também são chamadas de “direito das
gentes”. Afinal, os Estados são formados de indivíduos, ocupantes de um determinado terri-
tório, com governo soberano, e que se encontram em constante relacionamento, tanto interno
como externo, compondo o que chamamos de sociedade internacional.
Na ordem interna temos um Estado Democrático de Direito, sistema no qual o povo escolhe
os seus representantes e esses, legitimamente eleitos, irão criar normas a serem por todos
cumpridas (relação vertical = Estado cria x povo cumpre).
Por outro lado, no Direito Internacional, todos os Estados são Soberanos, estando, portanto,
no mesmo patamar (relação de horizontalidade), significa dizer que todos estão em “pé de
igualdade”, não sendo possível que um Estado crie normas e as imponha a outro Estado, de tal
modo que somente serão observadas as normas que todas as partes envolvidas decidirem –
de comum acordo – firmarem.
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Como dito, na ordem internacional todos os Estados estão em “pé de igualdade”, de tal modo
que, “independentemente de sua dimensão ou importância econômica mundial”, terão os mes-
mos direitos que os demais Estados, não sendo possível impor-lhes normas a que não tenham
manifestado adesão.
Letra d.
O Direito Internacional Público, contrariamente do que pensa boa parte da doutrina, não é uma
criação recente. Mas também não é tão antigo como pretendem alguns autores. Sem se poder
determinar uma data precisa para o seu nascimento, tem-se como certo que o Direito Internacional
Público é fruto de inúmeros fatores sociais, políticos, econômicos e religiosos que transformaram
a ordem política da Europa na passagem da Idade Média para a Idade Moderna. (grifo nosso).
O jurista e filósofo holandês Hugo Grotius foi um dos primeiros pensadores a estudar
o Direito Internacional como ciência. Dentre suas obras de destaque encontram-se: Mare
Liberum de 1609 e De Jure Belli ac Pacis (Do Direito da Guerra e da Paz), publicada em 1625,
de tal modo que é considerado por muitos como o pai do Direito Internacional (MAZZUOLI,
2021, p. 11).
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Por volta do início do século XVII foram assinados os Tratados de Westfália, cujo objetivo
foi pôr fim à Guerra dos Trinta Anos, conflito bélico que durou de 1618 a 1648. Um dos ela-
boradores do tratado foi justamente Hugo Grotius – na condição de Embaixador da Suécia.
Outro marco para o Direito Internacional foi o Congresso de Viena, realizado em 1815.
Esse congresso teve como objetivo encerrar as guerras napoleônicas e estruturar acordos de
cooperação entre as nações europeias. Aponta Mazzuoli (2021, p. 12) que:
O Congresso marcou o fim das guerras napoleônicas e estabeleceu um novo sistema multilateral
de cooperação política e econômica na Europa, além de ter agregado novos princípios de Direito
Internacional, como a proibição do tráfico negreiro, a liberdade irrestrita de navegação nos rios
internacionais da região e as primeiras regras do protocolo diplomático. Os aspectos principais
desse sistema perduraram até quase o início da Primeira Guerra Mundial.
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Em 26 de junho de 1945 foi assinada a Carta das Nações Unidas, inicialmente, foram 50
países signatários. Seu objetivo geral é promover a cooperação internacional e a paz mundial,
especialmente por conta das duas grandes guerras. De acordo com o Artigo 1 da Carta:
Artigo 2. A Organização e seus Membros, para a realização dos propósitos mencionados no Artigo
1, agirão de acordo com os seguintes Princípios:
1. A Organização é baseada no princípio da igualdade de todos os seus Membros.
2. Todos os Membros, a fim de assegurarem para todos em geral os direitos e vantagens resultan-
tes de sua qualidade de Membros, deverão cumprir de boa-fé as obrigações por eles assumidas
de acordo com a presente Carta.
3. Todos os Membros deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de
modo que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais.
4. Todos os Membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força
contra a integridade territorial ou a dependência política de qualquer Estado, ou qualquer outra
ação incompatível com os Propósitos das Nações Unidas.
5. Todos os Membros darão às Nações toda assistência em qualquer ação a que elas recorrerem
de acordo com a presente Carta e se absterão de dar auxílio a qual Estado contra o qual as Nações
Unidas agirem de modo preventivo ou coercitivo.
6. A Organização fará com que os Estados que não são Membros das Nações Unidas ajam de
acordo com esses Princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da paz e da segurança
internacionais.
7. Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em assuntos
que dependam essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou obrigará os Membros a sub-
meterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta; este princípio, porém, não
prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes do Capítulo VII.
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O Brasil é signatário da Carta das Nações Unidas, tendo promulgado a carta, no âmbito interno,
em 22 de outubro de 1945, por meio do Decreto n. 19.814/1945.
A presente Convenção aplica-se a todo tratado que seja o instrumento constitutivo de uma orga-
nização internacional e a todo tratado adotado no âmbito de uma organização internacional, sem
prejuízo de quaisquer normas relevantes da organização.
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reconheça a validade das normas internacionais, pois elas teriam aplicabilidade direta
e imediata.
• Teoria Dualista (dualismo): O dualismo (prefixo “duo” = dois) prega a existência de dois
ordenamentos jurídicos distintos e independentes (Direito Interno x Direito Internacio-
nal), de modo que não haveria implicação entre eles, ou seja, uma norma internacional
não afetaria o direito interno e vice-versa. Para essa corrente somente seria possível a
incorporação de um tratado internacional mediante um procedimento de incorporação,
o qual deve tramitar, necessariamente, no âmbito do Poder Legislativo. Significa dizer
que, para o dualismo, é necessária uma norma interna estabelecendo a incorporação ao
ordenamento jurídico da norma internacional.
Outra teoria surgida que embasa o Direito Internacional Público analisa o elemento da
voluntariedade dos Estados, vejamos:
• Teoria Voluntarista: Defende que todas as relações internacionais estão relacionadas
com a livre manifestação de vontade dos Estados soberanos, por isso voluntarista;
• Teoria Objetivista: Por outro lado, há a teoria objetivista, a qual sustenta a existência de
uma ordem supranacional, dotada de valores absolutos, os quais a comunidade inter-
nacional não poderia ignorar. Nesse sentido, a “ordem superior” obrigaria objetivamente
(independente da manifestação de vontade) os Estados, afetando sua ordem interna.
Artigo 38. 1. A Côrte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias
que lhe forem submetidas, aplicará:
a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressa-
mente reconhecidas pelos Estados litigantes;
b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;
c) os princípios gerais de direito reconhecidos pelas Nações civilizadas;
d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas mais
qualificados das diferentes Nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.
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Portanto, em síntese, as principais fontes para o Direito dos Tratados são: as convenções
internacionais; o costume internacional; os princípios gerais de direito; e as decisões judi-
ciárias e a doutrina (essas últimas como meio auxiliar).
É importante ressaltar que esse rol apresentado pela CIJ é meramente exemplificativo,
de tal modo que pode haver outras fontes que não estejam expressamente previstas no re-
ferido Estatuto.
Vamos conhecer cada uma delas:
O costume internacional – não obstante a proliferação dos tratados, especialmente dos que codificam
costumes precedentes – tem ainda um papel de grande relevância na formação e desenvolvimento
do Direito Internacional Público; primeiro, por estabelecer um corpo de regras universalmente apli-
cáveis em vários domínios do direito das gentes e, segundo, por permitir a criação de regras gerais,
que são as regras-fundamentos da constituição da sociedade internacional. Assim, diferentemente
dos tratados, que têm o seu âmbito de aplicação reduzido aos Estados que os ratificaram, os cos-
tumes proliferam-se para a generalidade dos sujeitos internacionais, mesmo para os reticentes. Daí
continuar sendo o costume – mesmo com a ascensão numérica dos tratados internacionais – um
valioso elemento de determinação das regras do Direito Internacional Público.
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3.1. Soberania
É importante deixar claro que todos os Estados detêm soberania em seu território. Não
há um Estado “melhor” ou “pior” que o outro, independentemente do tamanho do território ou
do poder econômico, TODOS são Estados soberanos em seu território, de modo que não é
possível impor-lhes condições a que não tenham manifestado expressa adesão.
Em decorrência do princípio da Soberania dos Estados temos o elemento consentimento.
Ora, se todos são soberanos em seus territórios e não é possível impor-lhes condicionantes
que não tenham previamente aceitado, somente será possível firmar acordos e tratados in-
ternacionais se houver consentimento entre todas as partes envolvidas.
Além disso, os Estados devem respeitar a soberania dos outros Estados, significa dizer que
não podem intervir em assuntos alheios, relacionados exclusivamente a outro Estado soberano.
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Nesse sentido, o artigo 26 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969
dispõe que:
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I – independência nacional;
CON(DE)
PRE(SO)
II – prevalência dos direitos humanos;
NÃO
III – autodeterminação dos povos; RE(IN)A
IV – não-intervenção; COOPERA
V – igualdade entre os Estados; IGUAL
VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social
e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana
de nações.
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(...) “tratado” significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo
Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos
conexos, qualquer que seja sua denominação específica.
Em seguida, o Tratado precisa ser submetido a referendo por parte do Poder Legislativo (no
nosso caso do Congresso Nacional). Enquanto não houve a aprovação do Poder Legislativo, o
Tratado não produzirá efeitos na ordem interna. Nos termos do art. 49 da Constituição Federal:
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Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (BRASIL, Constituição Federal de 1988).
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Verifica-se que a competência negocial é uma matéria afeta à soberania dos Estados, ra-
zão pela qual deve ser definida pelo ordenamento jurídico interno de cada nação, geralmente
através da Constituição Federal.
Sobre a temática, no cenário internacional, importantes disposições foram estabelecidas
pela Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, vejamos:
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RESUMO
O Direito Internacional é dividido em Público e Privado:
• Direito Internacional Privado: disciplina jurídica interna de Direito Público, cujo objetivo
é resolver os conflitos entre leis estrangeiras divergentes, definindo a aplicabilidade e
eventuais efeitos nas relações privadas;
• Direito Internacional Público: disciplina jurídica que estuda as relações entre os Estados
soberanos, seus entes e os organismos internacionais, observadas diretrizes globais.
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EXERCÍCIOS
001. (CEBRASPE/CESPE/OAB REGIONALIZADO/UNIFICADO PARCIAL/EXAME ANUAL
3/2009) No âmbito do direito internacional, a soberania, importante característica do palco
internacional, significa a possibilidade de:
a) um Estado impor-se sobre outro.
b) a Organização das Nações Unidas dominar a legislação dos Estados participantes.
c) celebração de tratados sobre direitos humanos com o consentimento do Tribunal Penal
Permanente.
d) igualdade entre os países, independentemente de sua dimensão ou importância econômi-
ca mundial.
002. (CEBRASPE/CESPE/DIPLOMATA/TERCEIRO SECRETÁRIO/2017) A respeito das fontes
do direito internacional público, julgue o item a seguir.
Não há vedação, conforme a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969, para
que dois ou mais Estados sejam depositários de um mesmo tratado.
003. (CEBRASPE/CESPE/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/ÁREA 1/2018) De acordo com a
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio de 1969, define-
-se por tratado internacional o “acordo internacional concluído por escrito entre Estados e
regido pelo direito internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais
instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica”. No que se refere a
esse assunto, julgue o item seguinte.
Ao defender a independência do direito internacional em relação ao direito nacional, os dualistas
o fazem levando em consideração exclusivamente as hipóteses de conflito entre um tratado e
uma norma de direito interno.
004. (CEBRASPE/CESPE/DIPLOMATA/TERCEIRO SECRETÁRIO/2016) Julgue o item se-
guinte, acerca das relações entre direito internacional e direito interno.
Por expressa disposição constitucional, lei sobre o ingresso nas Forças Armadas deve consi-
derar as peculiaridades de suas atividades, inclusive das atividades cumpridas em decorrência
de compromissos internacionais.
005. (CEBRASPE/CESPE/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2015) Ainda no que concerne ao
direito internacional, julgue o item subsequente.
O Código Penal brasileiro prevê a aplicação do princípio da jurisdição universal a estrangeiros,
incluindo-se os casos em que haja violações de normas costumeiras de direito internacional.
006. (CEBRASPE/CESPE/ANAC/ANALISTA ADMINISTRATIVO/ÁREA 3/2012) No que con-
cerne ao direito internacional público, julgue o item a seguir.
De acordo com o dualismo, as normas de direito internacional e de direito interno existem se-
paradamente e não afetam umas às outras. No Brasil, a teoria adotada é o monismo, de acordo
com a qual há unidade do ordenamento jurídico, ora prevalecendo as normas de direito interna-
cional sobre as de direito interno, ora prevalecendo estas sobre aquelas.
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O compromisso da República Federativa do Brasil com a manutenção da paz e com a não beli-
gerância é enfatizado por referências textuais da Lei Maior à solução pacífica de controvérsias
na ordem internacional.
013. (CEBRASPE/CESPE/DIPLOMATA/TERCEIRO SECRETÁRIO/2012) A República Federa-
tiva do Brasil rege-se, em suas relações internacionais, por princípios de direito internacional
público previstos de forma expressa na CF. Acerca da constitucionalização do direito interna-
cional público no ordenamento jurídico brasileiro, julgue (C ou E) o item subsequente.
No Brasil, a não intervenção e a não ingerência em assuntos internos de outras nações estão
incorporadas à CF como normas que impedem o país de, sem prévia declaração de guerra,
empregar suas Forças Armadas fora do território nacional.
014. (CEBRASPE/CESPE/ANAC/ANALISTA ADMINISTRATIVO/ÁREA 3/2012) No que con-
cerne ao direito internacional público, julgue o item a seguir.
De acordo com a corrente voluntarista, a obrigatoriedade das normas de direito internacional
público deve-se a razões objetivas, não vinculadas à vontade dos Estados.
015. (CEBRASPE/CESPE/DIPLOMATA/TERCEIRO SECRETÁRIO/2003) A República de Utopia
e o Reino de Lilliput são dois Estados nacionais vizinhos cuja relação tornou-se conflituosa
nos últimos anos devido à existência de sérios indícios de que Lilliput estaria prestes a de-
senvolver tecnologia suficiente para a fabricação de armamentos nucleares, fato que Utopia
entendia como uma ameaça direta a sua segurança. Após várias tentativas frustradas de
fazer cessar o programa nuclear lilliputiano, a República de Utopia promoveu uma invasão
armada a Lilliput em dezembro de 2001 e, após uma guerra que durou três meses, depôs o
rei e promoveu a convocação da Assembleia Nacional Constituinte, que outorgou a Lilliput
sua atual constituição. Nessa constituição, que é democrática e republicana, as antigas pro-
víncias foram convertidas em estados e foi instituído, no lugar do antigo Reino de Lilliput, a
atual República Federativa Lilliputiana.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Considerando que a constituição da República Federativa Lilliputiana define que os tratados
internacionais têm primazia sobre as leis internas, é correto afirmar que o referido Estado adota
a teoria dualista das relações entre direito internacional e direito interno, pois sua constituição
confere tratamento diferenciado a esses dois elementos.
016. (CEBRASPE/CESPE/SEN/CONSULTOR LEGISLATIVO/ASSESSORAMENTO LEGIS-
LATIVO/DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO, RELAÇÕES INTERNACIONAIS E DEFESA
NACIONAL/2002) Julgue o item seguinte.
Em relação à sua denominação, pode-se afirmar que a expressão direito transnacional, embora
mais ampla que a denominação direito internacional público, já consagrada, tem como mérito
a superação da dicotomia entre direito público e direito privado.
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050. (INÉDITA/2023) A respeito das fontes do direito internacional público, julgue o item a seguir.
A designação do depositário de um tratado pode ser feita pelos Estados negociadores no próprio
tratado ou de alguma outra forma.
051. (INÉDITA/2023) A respeito das fontes do direito internacional público, julgue o item a seguir.
Conforme a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, os princípios do livre consenti-
mento e da boa-fé e a regra pacta sunt servanda são universalmente reconhecidos, afirmando
que as controvérsias relativas aos tratados, tais como outras controvérsias internacionais,
devem ser solucionadas por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da Justiça
e do Direito Internacional.
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GABARITO
1. d 36. E
2. C 37. E
3. C 38. C
4. C 39. C
5. E 40. E
6. E 41. C
7. C 42. C
8. C 43. E
9. C 44. C
10. C 45. C
11. C 46. E
12. C 47. E
13. E 48. E
14. E 49. C
15. E 50. C
16. C 51. C
17. C
18. E
19. C
20. a
21. a
22. b
23. d
24. C
25. E
26. E
27. C
28. E
29. C
30. C
31. E
32. C
33. E
34. C
35. C
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GABARITO COMENTADO
001. (CEBRASPE/CESPE/OAB REGIONALIZADO/UNIFICADO PARCIAL/EXAME ANUAL
3/2009) No âmbito do direito internacional, a soberania, importante característica do palco
internacional, significa a possibilidade de:
a) um Estado impor-se sobre outro.
b) a Organização das Nações Unidas dominar a legislação dos Estados participantes.
c) celebração de tratados sobre direitos humanos com o consentimento do Tribunal Penal
Permanente.
d) igualdade entre os países, independentemente de sua dimensão ou importância econômi-
ca mundial.
Como dito, na ordem internacional todos os Estados estão em “pé de igualdade”, de tal modo
que, “independentemente de sua dimensão ou importância econômica mundial”, terão os mes-
mos direitos que os demais Estados, não sendo possível impor-lhes normas a que não tenham
manifestado adesão.
Letra d.
De acordo com a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, não há qualquer vedação
para que dois ou mais Estados sejam depositários de um mesmo tratado. Nesse sentido, o art.
76 da referida convenção estabelece que:
Certo.
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regido pelo direito internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais
instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica”. No que se refere a
esse assunto, julgue o item seguinte.
Ao defender a independência do direito internacional em relação ao direito nacional, os dualistas
o fazem levando em consideração exclusivamente as hipóteses de conflito entre um tratado e
uma norma de direito interno.
A questão acabou abortando conteúdo que se relaciona com a disciplina de Direito Constitucio-
nal e Hermenêutica Jurídica. Nesse momento, para nossa disciplina, basta saber que há duas
correntes: a corrente monista e a corrente dualista.
Em síntese, a corrente dualista defende que há dois sistemas totalmente distintos e independen-
tes: o direito interno e o direito internacional (por isso dualista), de tal modo que uma norma do
ordenamento jurídico interno não influenciaria uma norma de direito internacional, do mesmo
modo que uma norma de direito internacional não afetaria o direito interno.
Por outro lado, a teoria monista defende que existe um único ordenamento jurídica – unida-
de normativa. Para essa teoria prevalece o Direito Internacional, ou seja, havendo um Estado
firmado determinado tratado, esse seria incorporado diretamente como norma jurídica e teria
incidência na ordem interna.
No Brasil, predomina a chamada corrente dualista moderada, para a qual o direito interno pre-
valece em relação ao internacional, não obstante, há possibilidade de incorporação do direito
internacional a partir do procedimento de incorporação. Significa dizer que prevalece a norma
interna. Porém, tratados e acordos internacionais podem ser incorporados como norma jurídi-
ca e ter vigência no ordenamento jurídico interno, desde que observado o procedimento para
incorporação. A exemplo, o § 3º do art. 5º da Constituição Federal prevê que:
Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Certo.
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Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica[...]
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se lhes, além das
que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições:
[...]
X – a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras
condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as
prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas
atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra.
Questão que aborda a literalidade do texto de lei dentro da disciplina de DIP. Portanto, devemos
ficar atentos(as) para o fato de que a lei sobre o ingresso nas Forças Armadas deve considerar
as peculiaridades de suas atividades, inclusive das atividades cumpridas em decorrência de
compromissos internacionais.
Certo.
O princípio da jurisdição universal traz a ideia de extensão da jurisdição nacional a outros Esta-
dos. Imagine que um brasileiro cometa um crime no estrangeiro. Nesse caso, ficaria ele impune?
Não, pelo simples fato de que é possível aplicar a jurisdição nacional, mesmo no estrangeiro,
nas hipóteses previstas no art. 7º do Código penal, vejamos:
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Portanto, a primeira parte do enunciado está correto, pois “o Código Penal brasileiro prevê a
aplicação do princípio da jurisdição universal a estrangeiros”. Porém, o dispositivo acima não
faz qualquer menção aos “casos em que haja violações de normas costumeiras de direito in-
ternacional”, tornando o item errado.
Errado.
JURISPRUDÊNCIA
[...] PARIDADE NORMATIVA ENTRE ATOS INTERNACIONAIS E NORMAS INFRACONSTI-
TUCIONAIS DE DIREITO INTERNO. – Os tratados ou convenções internacionais, uma vez
regularmente incorporados ao direito interno, situam-se, no sistema jurídico brasileiro,
nos mesmos planos de validade, de eficácia e de autoridade em que se posicionam as
leis ordinárias, havendo, em consequência, entre estas e os atos de direito internacional
público, mera relação de paridade normativa. Precedentes. (ADI n. 1480 MC/DF – STF).
Errado.
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Em síntese, o princípio do jus cogens estabelece que são nulos os tratados que conflitem com
uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Vejamos o que estabelece o Art. 53 da
Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados:
Artigo 53. Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens).
É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de
Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito
Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados
como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada
por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.
Certo.
O pacto Briand-Kellog, também conhecido como Pacto de Proibição da Guerra de Agressão, foi
firmado em 1928 por várias nações, tendo por objetivo coibir a guerra. Muito embora tenham
ocorrido várias agressões armadas no período posterior à assinatura do referido tratado, este
é considerado um marco para o Direito Internacional, pois o pacto passou a vigorar no cenário
internacional e, ao menos no plano normativo, fixou uma espécie de censura ao uso das forças
armadas para a solução de conflitos, caracterizando as ações violentas praticadas pelos Esta-
dos como afronta ao Direito Internacional (RAMOS, 2016, p. 193).
Fique atento(a)! A banca utilizou a palavra “proscrever” para induzir o candidato ao erro. Pros-
crever significa “banir, proibir, impedir”. Logo, está correta a afirmação no sentido de que o pacto
se destaca “[...] por proscrever (proibir) a guerra na relação entre Estados”.
Certo.
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O direito internacional público surgiu na Idade Moderna, como disciplina jurídica subsidiária ao
poder absolutista dos soberanos europeus e do Estado nacional moderno, a partir de estudos
sobre direitos referentes à guerra e à paz entre as nações.
Está perfeita a assertiva! Como estudamos, o Direito Internacional surge na Idade Moderna,
enquanto disciplina jurídica, em decorrência da formação dos Estados soberanos e da necessi-
dade de se estudar a relação entre eles, especialmente no tocante à guerra e à paz, assim como
possibilitar a abertura para as relações comerciais e a exploração marítima.
Certo.
O holandês Cornélio Von Bienkershoek desenvolveu, no século XVIII, a teoria que ficou conhecida
como “bala de canhão”, a fim de determinar o alcance do mar territorial. Por certo que nenhum
Estado pode deter o controle absoluto dos mares. Logo, surgiram as controvérsias acerca da
distância que se considera o mar como território do país costeiro. Assim, a teoria de Bienker-
shoek propôs resolver a celeuma de uma forma bem simples: considera-se mar territorial o limite
do alcança de uma bala de canhão. Afinal de contas, naquela época, esse era o limite que um
Estado conseguiria controlar. Qualquer embarcação que passasse além desse limite estaria
ilesa e, portanto, em alto-mar. Essa teoria apenas foi superada com a Convenção de Genebra,
em 1958, que codificou o mar territorial e com a Convenção das Nações Unidas sobre direito
do mar, realizada em 1982, que definiu parâmetros para a extensão do mesmo.
Certo.
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Independentemente da vertente do realismo, é importante notar que para os autores que concor-
dam com o postulado da Realpolitik, enquanto atores internacionais relevantes para as relações
internacionais, os estados se moveriam dentro de um ambiente estruturalmente anárquico e, em
virtude de suas próprias características, colocariam um desafio para o direito internacional. (AC-
CIOLY; CASELLA; SILVA, 2021, p. 35).
Certo.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos;
IV – não-intervenção;
V – igualdade entre os Estados;
VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo político.
Nota-se, portanto, que a manutenção da paz e a não beligerância é enfatizado pelo texto da
nossa Lei Maior, especialmente quando faz referência à solução pacífica de controvérsias na
ordem internacional.
Certo.
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Fique Atento(a)! Embora a Constituição Federal expressamente estabeleça, no seu art. 4º, inciso
IV, a “não intervenção”, ou seja, a não ingerência em assuntos internos de outras nações, isso
não impede o país de, sem prévia declaração de guerra, empregar suas Forças Armadas fora
do território nacional. Vale lembrar que o Brasil aderiu a missões humanitárias de paz, promo-
vidas pela ONU, em que envia efetivo para outros países a fim de resolver conflitos e pacificar
territórios, exemplo disso são as missões de paz no Haiti e no Libano1.
Errado.
A corrente voluntarista, como o próprio nome sugere, defende que os Estados soberanos devem
cumprir com suas obrigações no âmbito internacional justamente por ter – voluntariamente – a
elas aderido. Portanto, a obrigatoriedade das normas de direito internacional está vinculada à
vontade dos Estados.
Errado.
1
BRASIL, Ministério da Defesa. Disponível em: < https://www.gov.br/defesa/pt-br/assuntos/relacoes-internacionais/copy_of_missoes-de-paz>.
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sua atual constituição. Nessa constituição, que é democrática e republicana, as antigas pro-
víncias foram convertidas em estados e foi instituído, no lugar do antigo Reino de Lilliput, a
atual República Federativa Lilliputiana.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Considerando que a constituição da República Federativa Lilliputiana define que os tratados
internacionais têm primazia sobre as leis internas, é correto afirmar que o referido Estado adota
a teoria dualista das relações entre direito internacional e direito interno, pois sua constituição
confere tratamento diferenciado a esses dois elementos.
Em verdade o examinador contou toda essa história verificar se sabemos a diferença entre as
correntes dualista e monista. Em síntese, o monismo (prefixo “mono” = um) defende a existên-
cia de uma única ordem jurídica, de modo que considera as normas e tratados internacionais
incorporados ao ordenamento jurídico em posição supralegal, ou seja, superior às suas normas
internas. Para esse teoria não há necessidade de um diploma legal interno que reconheça a
validade das normas internacionais, pois elas tem aplicabilidade imediata.
O dualismo (prefixo “duo” = dois) prega a existência de dois ordenamentos jurídicos distintos
e independentes (Direito Interno x Direito Internacional), de modo que somente seria possível
a incorporação de um tratado internacional mediante um procedimento de incorporação, o
qual deve tramitar, necessariamente, no âmbito do Poder Legislativo. Significa dizer que, para
o dualismo, é necessário uma norma interna estabelecendo a incorporação ao ordenamento
jurídico da norma internacional.
Perceba que as características descritas no enunciado correspondem à teoria monista.
Errado.
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De fato, o Direito Civil influenciou em grande medida o Direito Internacional, basta pensarmos
que vários princípios do Direito Internacional possuem origem justamente no Direito Civil, a
exemplo as questões contratuais e seus princípios como o da “pacta sunt servanda”.
Certo.
Como vimos anteriormente, há duas doutrinas que embasam o Direito Internacional Público:
a voluntarista, que está relacionada com a livre manifestação de vontade dos Estados; e a
objetivista, cuja base seriam os valores superiores, dos quais a comunidade internacional não
poderia dispensar.
O único erro da questão foi afirmar que a teoria objetivista – “que sustenta o fundamento do
direito internacional na pressuposta existência de uma norma ou princípio acima dos Estados”
– estaria relacionada com “a teoria do consentimento”. Em verdade, a teoria do consentimento
(livre manifestação da vontade) é voluntarista.
Errado.
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qual os precedentes judiciais não criam obrigatoriedade em DIP em face de terceiros que não
participaram da lide.
Certo.
Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (BRASIL, Constituição Federal de 1988).
Em síntese, para incorporação dos tratados internacionais, deve-se observar as seguintes fases:
I – Assinatura pelo Presidente da República (art. 84, VIII, CF);
III – No âmbito do Poder Legislativo, o Congresso Nacional, por meio de Decreto Legislativo
aprova o referido Tratado Internacional (art. 49, I, CF);
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Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o governo requerente se fundamentar em tra-
tado, ou quando prometer ao Brasil a reciprocidade. (grifou-se)
Embora a referida norma já tenha sido revogada pela Lei n. 13.445/2017 (Lei de Migração), o
mesmo entendimento prevalece. De acordo com julgado do STF, “a promessa de reciprocidade
torna indiferente a ausência de tratado, não impedindo a extradição” (STF – Ext n. 1.351, Relator
Min. Luiz Fux, Primeira Turma).
c) ) Errada. Somente após ser aprovado em duplo turno de votação, nas duas casas do Congresso
Nacional, seguido de publicação de Decreto Presidencial, poderá o Tratado Internacional adquirir
validade no Direito Brasileiro.
Como regra geral, os tratados são incorporados pelo rito comum, ou seja, depende apenas de
aprovação pelo CN. Somente será necessário o rito previsto no § 3º, do art. 5º da CF (aprovação
em 2 turnos por 3/5 dos seus membros), para que os tratados internacionais sobre direitos
humanos adquiram força de emenda constitucional.
d) Errada. Tratado internacional que verse sobre matéria que a Constituição brasileira reserva ao
domínio da Lei Complementar poderá ter aplicabilidade interna, bastando que no ato de inter-
nalização seja observado o quórum de maioria absoluta previsto no artigo 69 da Constituição.
Como vimos, a regra é que os tratados internacionais são incorporados ao ordenamento interno
no mesmo patamar que as leis ordinárias (exceto aquelas hipóteses de tratados sobre Direitos
Humanos), não podendo, portanto, dispor de questões reservadas às leis complementares.
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e) Errada. Tratados que versem sobre concretização de Direitos Humanos no plano interno não
podem ser objeto de denúncia pelo Estado Brasileiro, sob pena de violação ao postulado da proi-
bição de retrocesso.
A proibição do retrocesso foi consolidada pelo STF em relação aos direitos fundamentais de
caráter social. Em suma, a proibição do retrocesso tem como objetivo impedir que aqueles di-
reitos fundamentais já conquistados pelo cidadão e consagrados no texto constitucional sejam
revogados (STA 175-AgR/CE, rel. Min. Gilmar Mendes, julg. em 16/6/2009).
Letra a.
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes
requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no
lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. (em conformidade com o art. 105, I, ‘’i’’,
CF/88).
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Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária
interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.
III – Certa. Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Em conformidade com o § 3º do art. 5º da Constituição Federal:
Art. 5º [...] § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Letra b.
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b) jurídica internacional, ao qual cabe apontar o ordenamento jurídico aplicável ao caso concreto,
sendo formado primordialmente por fontes supranacionais.
c) jurídica internacional, incumbido de solucionar diretamente a situação conflituosa apresen-
tada, sendo regido principalmente pela lei interna de cada estado nacional.
d) jurídica interna, ao qual cabe indicar a norma jurídica que poderá ser utilizada no caso con-
creto, sendo preponderantemente composto de normas produzidas pelo legislador interno.
Fique Atento(a)! O objetivo do direito internacional privado é solucionar eventuais conflitos entre
leis estrangeiras, indicando quais normas devem ser aplicadas ao caso concreto. Portanto, é
regido pelo direito interno, ou seja, é o ordenamento jurídico pátrio que irá indicar a norma que
tem validade no caso concreto.
De acordo com o professor Valerio de Oliveira Mazzuoli (2021, p. 36), o Direito Internacional Privado:
[...] Trata-se do conjunto de princípios e regras de direito público destinados a reger os fatos que
orbitam ao redor de leis estrangeiras contrárias, bem assim os efeitos jurídicos que uma norma
interna pode ter para além do domínio do Estado em que foi editada, quer as relações jurídicas
subjacentes sejam de direito privado ou público. Como se vê, o DIPr é a expressão exterior do direito
interno estatal (civil, comercial, administrativo, tributário, trabalhista etc.).
Letra d.
Sobre esse tema, vejamos o que dispõe o artigo 1º da Declaração da ONU – Declaração de
Princípios sobre a Tolerância de 1995:
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liberdades fundamentais do outro. Em nenhum caso a tolerância poderia ser invocada para justi-
ficar lesões a esses valores fundamentais. A tolerância deve ser praticada pelos indivíduos, pelos
grupos e pelo Estado.
Certo.
Fique Ligado(a)! Como estudamos, os Estados detém soberania dentro de seus territórios, de
tal modo que não podem estar subordinados à nenhuma autoridade exterior. Logo, podemos
afirmar que os Estados são formados por: uma base territorial, comunidade humana e uma
forma de governo soberano.
Errado.
Cuidado com os detalhes! De fato, o Brasil estabelece que poderá ser impedida de ingressar
no País, após entrevista individual, a pessoa que apresente documento de viagem que não seja
válido para o Brasil. Porém, o ato que impede o ingresso no País tem que ser fundamentado.
Assim estabelece a lei n. 13.445/2017 – Lei de Migração:
Art. 45. Poderá ser impedida de ingressar no País, após entrevista individual e mediante ato fun-
damentado, a pessoa:
[...]
V – que apresente documento de viagem que:
não seja válido para o Brasil;
Errado.
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Introdução ao Direito Internacional
Jesser Borges
De fato, a lista das fontes de DIP prevista na Convenção de Viena de 1969 é meramente exem-
plificativa, ou seja, podem existir outras fontes que não constem expressamente na convenção.
Ademais, não há hierarquia entre essas fontes.
Certo.
Em suma, a soberania significa que cada Estado é soberano em seu território, razão pela qual,
somente ele pode determinar as normas a serem aplicadas em âmbito interno, não podendo
outro Estado, nem mesmo a ONU, criar normas a serem aplicadas diretamente ao ordenamento
jurídico interno.
Errado.
Está correta a afirmativa. De acordo com a Lei de Introdução às Normas de Direito Brasilei-
ro (LINDB):
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes
requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no
lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. (em conformidade com o art. 105, I, ‘’i’’,
CF/88).
Certo.
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030. (INÉDITA/2023) Tendo por base as normas gerais e os princípios que regem o Direito
Internacional julgue o item a seguir.
Somente poderá ser executada no Brasil a sentença estrangeira proferida por juiz competente.
Está correta a afirmativa. De acordo com a Lei de Introdução às Normas de Direito Brasilei-
ro (LINDB):
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes
requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no
lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. (em conformidade com o art. 105, I, ‘’i’’,
CF/88).
Certo.
031. (INÉDITA/2023) Tendo por base as normas gerais e os princípios que regem o Direito
Internacional julgue o item a seguir.
Não constitui um dos princípios que regem a República Federativa do Brasil em suas relações
internacionais a concessão de asilo político.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos;
IV – não-intervenção;
V – igualdade entre os Estados;
VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo político.
Errado.
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032. (INÉDITA/2023) Tendo por base as normas gerais e os princípios que regem o Direito
Internacional julgue o item a seguir.
A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
Está correta a assertiva. Assim estabelece o parágrafo único do art. 4º da Constituição Federal:
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
[...]
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social
e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana
de nações.
Certo.
033. (INÉDITA/2023) Tendo por base as normas gerais e os princípios que regem o Direito
Internacional julgue o item a seguir.
A teoria dualista defende a existência de uma única ordem jurídica, de modo que considera as
normas e tratados internacionais incorporados ao ordenamento jurídico em posição supralegal,
ou seja, superior às suas normas internas.
Está correto! O dualismo (prefixo “duo” = dois) prega a existência de dois ordenamentos jurídicos
distintos e independentes (Direito Interno x Direito Internacional), de modo que somente seria
possível a incorporação de um tratado internacional mediante um procedimento de incorpo-
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ração, o qual deve tramitar, necessariamente, no âmbito do Poder Legislativo. Significa dizer
que, para o dualismo, as normas de Direito Internacional não são incorporadas diretamente ao
ordenamento jurídico interno.
Certo.
Artigo 38. 1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias
que lhe forem submetidas, aplicará:
a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais. que estabeleçam regras expressa-
mente reconhecidas pelos Estados litigantes;
b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;
c) os princípios gerais de direito reconhecidos pelas Nações civilizadas;
d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas mais
qualificados das diferentes Nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.
Importante ressaltar que esse é um rol meramente exemplificativo, ou seja, podem ser estabe-
lecidas outras fontes para o Direito Internacional.
Certo.
Assertiva errada! De fato, a solução pacífica dos conflitos é um dos princípios basilares do
Direito Internacional, porém isso não impede o uso das forças armadas. Imagine, por exemplo,
uma invasão de Estado estrangeiro. Ora, nessa hipótese não há princípio que proíba o Estado
invadido de se defender com suas forças armadas. Outra hipótese são as missões de paz, em
que os Estados enviam suas forças armadas para pacificarem territórios.
Errado.
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037. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, os tratados e convenções internacionais so-
bre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às normas
infraconstitucionais.
038. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
Compete exclusivamente ao Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados,
acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patri-
mônio nacional.
Certo.
039. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
Compete privativamente ao Presidente da República celebrar tratados, convenções e atos in-
ternacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.
Certo.
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040. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
É da competência do Superior Tribunal de Justiça julgar, mediante recurso especial, as causas
decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida declarar a inconstituciona-
lidade de tratado ou lei federal.
Cuidado com as pegadinhas! É ao Supremo Tribunal Federal que compete julgar, mediante
recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão
recorrida declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal. Assim dispõe o art. 102, III, b:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
[...]
III – julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância,
quando a decisão recorrida:
[...]
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
Errado.
041. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em recurso especial, as causas decididas, em
única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida contrariar tratado ou lei federal, ou
negar-lhes vigência.
Perceba que, nesse caso, a decisão não declara a inconstitucionalidade do tratado, mas apenas
contraria as suas disposição ou nega vigência a determinado caso concreto, razão pela qual
cabe ao STJ julgar a questão em recurso especial.
Certo.
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042. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
Para que os tratados internacionais sejam incorporados ao ordenamento jurídico pátrio é ne-
cessário, primeiramente, a assinatura pelo Presidente da República. Na sequência deverá ser
submetido à referendo pelo Congresso Nacional.
Certo.
043. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
Os tratados que forem incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro, após referendados pelo
Congresso Nacional, passam a integrar o direito interno com status de emenda constitucional.
Somente os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, é que serão equivalentes às emendas constitucionais (art. 5º, § 3º).
Podemos sintetizar a hierarquia dos tratados no âmbito interno da seguinte forma:
Errado.
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É exatamente isso! O princípio da proibição (ou vedação) ao retrocesso estabelece que não
podem ser criadas normas restringindo direitos fundamentais já consagrados pela sociedade
internacional.
Certo.
Está correto! Inclusive a própria Constituição Federal, no art. 4º, estabelece que:
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
[...]
VII – solução pacífica dos conflitos;
[...]
Certo.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos;
IV – não-intervenção;
V – igualdade entre os Estados;
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VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo político.
Errado.
O princípio da soberania, em verdade, prega que todos os Estados são soberanos e encontram-se
em “pé de igualdade” nas relações internacional, razão pela qual nenhum Estado detém poder
de fixar normas a serem cumpridas coercitivamente por outro Estado.
Errado.
Exato! Trata-se da literalidade do art. 105, I, “i” da Constituição Federal (incluído pela Emenda
Constitucional n. 45 de 2004). Vejamos:
Certo.
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050. (INÉDITA/2023) A respeito das fontes do direito internacional público, julgue o item a seguir.
A designação do depositário de um tratado pode ser feita pelos Estados negociadores no próprio
tratado ou de alguma outra forma.
Está correto! Estabelece a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, em seu art. 76, que:
Certo.
051. (INÉDITA/2023) A respeito das fontes do direito internacional público, julgue o item a seguir.
Conforme a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, os princípios do livre consenti-
mento e da boa-fé e a regra pacta sunt servanda são universalmente reconhecidos, afirmando
que as controvérsias relativas aos tratados, tais como outras controvérsias internacionais,
devem ser solucionadas por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da Justiça
e do Direito Internacional.
Está correto! A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, em seu preâmbulo, reconhe-
ce os princípios do livre consentimento; boa-fé; pacta sunt servanda (as cláusulas pactuadas
devem ser cumpridas); bem como da solução pacífica dos conflitos.
Certo.
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REFERÊNCIAS
ACCIOLY, Hildebrando; CASELLA, Paulo Borba; SILVA, G. E. do Nascimento. Manual de direito
internacional público. 25ª ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Decreto n. 7.030/2009. Promulga a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados
de 1969. Disponível em: < https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/
d7030.htm>.
MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Privado. 5ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2021.
RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional. 6ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2016.
VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
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ANEXO
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Artigo 3
Acordos Internacionais Excluídos do Âmbito da Presente Convenção
O fato de a presente Convenção não se aplicar a acordos internacionais concluídos entre
Estados e outros sujeitos de Direito Internacional, ou entre estes outros sujeitos de Direito In-
ternacional, ou a acordos internacionais que não sejam concluídos por escrito, não prejudicará:
a) a eficácia jurídica desses acordos;
b) a aplicação a esses acordos de quaisquer regras enunciadas na presente Convenção às
quais estariam sujeitos em virtude do Direito Internacional, independentemente da Convenção;
c) a aplicação da Convenção às relações entre Estados, reguladas em acordos internacio-
nais em que sejam igualmente partes outros sujeitos de Direito Internacional.
Artigo 4
Irretroatividade da Presente Convenção
Sem prejuízo da aplicação de quaisquer regras enunciadas na presente Convenção a
que os tratados estariam sujeitos em virtude do Direito Internacional, independentemente da
Convenção, esta somente se aplicará aos tratados concluídos por Estados após sua entrada
em vigor em relação a esses Estados.
Artigo 5
Tratados Constitutivos de Organizações Internacionais e Tratados Adotados no Âmbito de
uma Organização Internacional
A presente Convenção aplica-se a todo tratado que seja o instrumento constitutivo de uma
organização internacional e a todo tratado adotado no âmbito de uma organização interna-
cional, sem prejuízo de quaisquer normas relevantes da organização.
PARTE II
Conclusão e Entrada em Vigor de Tratados
SEÇÃO 1
Conclusão de Tratados
Artigo 6
Capacidade dos Estados para Concluir Tratados
Todo Estado tem capacidade para concluir tratados.
Artigo 7
Plenos Poderes
1. Uma pessoa é considerada representante de um Estado para a adoção ou autenticação
do texto de um tratado ou para expressar o consentimento do Estado em obrigar-se por um
tratado se:
a) apresentar plenos poderes apropriados; ou
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Artigo 8
Confirmação Posterior de um Ato Praticado sem Autorização
Um ato relativo à conclusão de um tratado praticado por uma pessoa que, nos termos
do artigo 7, não pode ser considerada representante de um Estado para esse fim não produz
efeitos jurídicos, a não ser que seja confirmado, posteriormente, por esse Estado.
Artigo 9
Adoção do Texto
Artigo 10
Autenticação do Texto
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Artigo 11
Meios de Manifestar Consentimento em Obrigar-se por um Tratado
O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado pode manifestar-se pela
assinatura, troca dos instrumentos constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação
ou adesão, ou por quaisquer outros meios, se assim acordado.
Artigo 12
Consentimento em Obrigar-se por um Tratado Manifestado pela Assinatura
1. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela assi-
natura do representante desse Estado:
a) quando o tratado dispõe que a assinatura terá esse efeito;
b) quando se estabeleça, de outra forma, que os Estados negociadores acordaram em dar
à assinatura esse efeito; ou
c) quando a intenção do Estado interessado em dar esse efeito à assinatura decorra dos
plenos poderes de seu representante ou tenha sido manifestada durante a negociação.
2. Para os efeitos do parágrafo 1:
a) a rubrica de um texto tem o valor de assinatura do tratado, quando ficar estabelecido
que os Estados negociadores nisso concordaram;
b) a assinatura ad referendum de um tratado pelo representante de um Estado, quando
confirmada por esse Estado, vale como assinatura definitiva do tratado.
Artigo 13
Consentimento em Obrigar-se por um Tratado Manifestado pela Troca dos seus Instrumen-
tos Constitutivos
O consentimento dos Estados em se obrigarem por um tratado, constituído por instru-
mentos trocados entre eles, manifesta-se por essa troca:
a) quando os instrumentos estabeleçam que a troca produzirá esse efeito; ou
b) quando fique estabelecido, por outra forma, que esses Estados acordaram em que a
troca dos instrumentos produziria esse efeito.
Artigo 14
Consentimento em Obrigar-se por um Tratado Manifestado pela Ratificação, Aceitação ou
Aprovação
1. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela ratificação:
a) quando o tratado disponha que esse consentimento se manifeste pela ratificação;
b) quando, por outra forma, se estabeleça que os Estados negociadores acordaram em
que a ratificação seja exigida;
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Artigo 15
Consentimento em Obrigar-se por um Tratado Manifestado pela Adesão
Artigo 16
Troca ou Depósito dos Instrumentos de Ratificação, Aceitação, Aprovação ou Adesão
Artigo 17
Consentimento em Obrigar-se por Parte de um Tratado e Escolha entre Disposições Diferen-
tes
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Artigo 18
Obrigação de Não Frustrar o Objeto e Finalidade de um Tratado antes de sua Entrada em
Vigor
Um Estado é obrigado a abster-se da prática de atos que frustrariam o objeto e a finalidade
de um tratado, quando:
a) tiver assinado ou trocado instrumentos constitutivos do tratado, sob reserva de ratifica-
ção, aceitação ou aprovação, enquanto não tiver manifestado sua intenção de não se tornar
parte no tratado; ou
b) tiver expressado seu consentimento em obrigar-se pelo tratado no período que precede
a entrada em vigor do tratado e com a condição de esta não ser indevidamente retardada.
SEÇÃO 2
Reservas
Artigo 19
Formulação de Reservas
Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular
uma reserva, a não ser que:
a) a reserva seja proibida pelo tratado;
b) o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as
quais não figure a reserva em questão; ou
c) nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e
a finalidade do tratado.
Artigo 20
Aceitação de Reservas e Objeções às Reservas
1. Uma reserva expressamente autorizada por um tratado não requer qualquer aceitação
posterior pelos outros Estados contratantes, a não ser que o tratado assim disponha.
2. Quando se infere do número limitado dos Estados negociadores, assim como do ob-
jeto e da finalidade do tratado, que a aplicação do tratado na íntegra entre todas as partes é
condição essencial para o consentimento de cada uma delas em obrigar-se pelo tratado, uma
reserva requer a aceitação de todas as partes.
3. Quando o tratado é um ato constitutivo de uma organização internacional, a reserva
exige a aceitação do órgão competente da organização, a não ser que o tratado disponha
diversamente.
4. Nos casos não previstos nos parágrafos precedentes e a menos que o tratado disponha
de outra forma:
a) a aceitação de uma reserva por outro Estado contratante torna o Estado autor da reserva
parte no tratado em relação àquele outro Estado, se o tratado está em vigor ou quando entrar
em vigor para esses Estados;
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b) a objeção feita a uma reserva por outro Estado contratante não impede que o tratado
entre em vigor entre o Estado que formulou a objeção e o Estado autor da reserva, a não ser
que uma intenção contrária tenha sido expressamente manifestada pelo Estado que formulou
a objeção;
c) um ato que manifestar o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado
e que contiver uma reserva produzirá efeito logo que pelo menos outro Estado contratante
aceitar a reserva.
5. Para os fins dos parágrafos 2 e 4, e a não ser que o tratado disponha diversamente, uma
reserva é tida como aceita por um Estado se este não formulou objeção à reserva quer no
decurso do prazo de doze meses que se seguir à data em que recebeu a notificação, quer na
data em que manifestou o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado, se esta for posterior.
Artigo 21
Efeitos Jurídicos das Reservas e das Objeções às Reservas
1. Uma reserva estabelecida em relação a outra parte, de conformidade com os artigos
19, 20 e 23:
a) modifica para o autor da reserva, em suas relações com a outra parte, as disposições
do tratado sobre as quais incide a reserva, na medida prevista por esta; e
b) modifica essas disposições, na mesma medida, quanto a essa outra parte, em suas
relações com o Estado autor da reserva.
2. A reserva não modifica as disposições do tratado quanto às demais partes no tratado
em suas relações inter se.
3. Quando um Estado que formulou objeção a uma reserva não se opôs à entrada em
vigor do tratado entre ele próprio e o Estado autor da reserva, as disposições a que se refere
a reserva não se aplicam entre os dois Estados, na medida prevista pela reserva.
Artigo 22
Retirada de Reservas e de Objeções às Reservas
1. A não ser que o tratado disponha de outra forma, uma reserva pode ser retirada a
qualquer momento, sem que o consentimento do Estado que a aceitou seja necessário para
sua retirada.
2. A não ser que o tratado disponha de outra forma, uma objeção a uma reserva pode ser
retirada a qualquer momento.
3. A não ser que o tratado disponha ou fique acordado de outra forma:
a) a retirada de uma reserva só produzirá efeito em relação a outro Estado contratante
quando este Estado receber a correspondente notificação;
b) a retirada de uma objeção a uma reserva só produzirá efeito quando o Estado que for-
mulou a reserva receber notificação dessa retirada.
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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Introdução ao Direito Internacional
Jesser Borges
Artigo 23
Processo Relativo às Reservas
1. A reserva, a aceitação expressa de uma reserva e a objeção a uma reserva devem ser
formuladas por escrito e comunicadas aos Estados contratantes e aos outros Estados que
tenham o direito de se tornar partes no tratado.
2. Uma reserva formulada quando da assinatura do tratado sob reserva de ratificação,
aceitação ou aprovação, deve ser formalmente confirmada pelo Estado que a formulou no
momento em que manifestar o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado. Nesse caso,
a reserva considerar-se-á feita na data de sua confirmação.
3. Uma aceitação expressa de uma reserva, ou objeção a uma reserva, feita antes da con-
firmação da reserva não requer confirmação.
4. A retirada de uma reserva ou de uma objeção a uma reserva deve ser formulada por escrito.
SEÇÃO 3
Entrada em Vigor dos Tratados e Aplicação Provisória
Artigo 24
Entrada em vigor
1. Um tratado entra em vigor na forma e na data previstas no tratado ou acordadas pelos
Estados negociadores.
2. Na ausência de tal disposição ou acordo, um tratado entra em vigor tão logo o consen-
timento em obrigar-se pelo tratado seja manifestado por todos os Estados negociadores.
3. Quando o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado for manifestado
após sua entrada em vigor, o tratado entrará em vigor em relação a esse Estado nessa data,
a não ser que o tratado disponha de outra forma.
4. Aplicam-se desde o momento da adoção do texto de um tratado as disposições relativas
à autenticação de seu texto, à manifestação do consentimento dos Estados em obrigarem-se
pelo tratado, à maneira ou à data de sua entrada em vigor, às reservas, às funções de depositá-
rio e aos outros assuntos que surjam necessariamente antes da entrada em vigor do tratado.
Artigo 25
Aplicação Provisória
1. Um tratado ou uma parte do tratado aplica-se provisoriamente enquanto não entra em
vigor, se:
a) o próprio tratado assim dispuser; ou
b) os Estados negociadores assim acordarem por outra forma.
2. A não ser que o tratado disponha ou os Estados negociadores acordem de outra forma,
a aplicação provisória de um tratado ou parte de um tratado, em relação a um Estado, termina
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se esse Estado notificar aos outros Estados, entre os quais o tratado é aplicado provisoria-
mente, sua intenção de não se tornar parte no tratado.
PARTE III
Observância, Aplicação e Interpretação de Tratados
SEÇÃO 1
Observância de Tratados
Artigo 26
Pacta sunt servanda
Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa fé.
Artigo 27
Direito Interno e Observância de Tratados
Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadim-
plemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46.
SEÇÃO 2
Aplicação de Tratados
Artigo 28
Irretroatividade de Tratados
A não ser que uma intenção diferente se evidencie do tratado, ou seja estabelecida de
outra forma, suas disposições não obrigam uma parte em relação a um ato ou fato anterior
ou a uma situação que deixou de existir antes da entrada em vigor do tratado, em relação a
essa parte.
Artigo 29
Aplicação Territorial de Tratados
A não ser que uma intenção diferente se evidencie do tratado, ou seja estabelecida de
outra forma, um tratado obriga cada uma da partes em relação a todo o seu território.
Artigo 30
Aplicação de Tratados Sucessivos sobre o Mesmo Assunto
1. Sem prejuízo das disposições do artigo 103 da Carta das Nações Unidas, os direitos e
obrigações dos Estados partes em tratados sucessivos sobre o mesmo assunto serão deter-
minados de conformidade com os parágrafos seguintes.
2. Quando um tratado estipular que está subordinado a um tratado anterior ou posterior
ou que não deve ser considerado incompatível com esse outro tratado, as disposições deste
último prevalecerão.
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3. Quando todas as partes no tratado anterior são igualmente partes no tratado posterior,
sem que o tratado anterior tenha cessado de vigorar ou sem que a sua aplicação tenha sido
suspensa nos termos do artigo 59, o tratado anterior só se aplica na medida em que as suas
disposições sejam compatíveis com as do tratado posterior.
4. Quando as partes no tratado posterior não incluem todas as partes no tratado anterior:
a) nas relações entre os Estados partes nos dois tratados, aplica-se o disposto no parágrafo 3;
b) nas relações entre um Estado parte nos dois tratados e um Estado parte apenas em
um desses tratados, o tratado em que os dois Estados são partes rege os seus direitos e
obrigações recíprocos.
5. O parágrafo 4 aplica-se sem prejuízo do artigo 41, ou de qualquer questão relativa à
extinção ou suspensão da execução de um tratado nos termos do artigo 60 ou de qualquer
questão de responsabilidade que possa surgir para um Estado da conclusão ou da aplicação
de um tratado cujas disposições sejam incompatíveis com suas obrigações em relação a
outro Estado nos termos de outro tratado.
SEÇÃO 3
Interpretação de Tratados
Artigo 31
Regra Geral de Interpretação
1. Um tratado deve ser interpretado de boa-fé segundo o sentido comum atribuível aos
termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade.
2. Para os fins de interpretação de um tratado, o contexto compreenderá, além do texto,
seu preâmbulo e anexos:
a) qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes em conexão com a
conclusão do tratado;
b) qualquer instrumento estabelecido por uma ou várias partes em conexão com a con-
clusão do tratado e aceito pelas outras partes como instrumento relativo ao tratado.
3. Serão levados em consideração, juntamente com o contexto:
a) qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação do tratado ou à apli-
cação de suas disposições;
b) qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se estabe-
leça o acordo das partes relativo à sua interpretação;
c) quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações entre as partes.
4. Um termo será entendido em sentido especial se estiver estabelecido que essa era a
intenção das partes.
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Artigo 32
Meios Suplementares de Interpretação
Pode-se recorrer a meios suplementares de interpretação, inclusive aos trabalhos pre-
paratórios do tratado e às circunstâncias de sua conclusão, a fim de confirmar o sentido
resultante da aplicação do artigo 31 ou de determinar o sentido quando a interpretação, de
conformidade com o artigo 31:
a) deixa o sentido ambíguo ou obscuro; ou
b) conduz a um resultado que é manifestamente absurdo ou desarrazoado.
Artigo 33
Interpretação de Tratados Autenticados em Duas ou Mais Línguas
1. Quando um tratado foi autenticado em duas ou mais línguas, seu texto faz igualmente
fé em cada uma delas, a não ser que o tratado disponha ou as partes concordem que, em
caso de divergência, prevaleça um texto determinado.
2. Uma versão do tratado em língua diversa daquelas em que o texto foi autenticado só
será considerada texto autêntico se o tratado o previr ou as partes nisso concordarem.
3. Presume-se que os termos do tratado têm o mesmo sentido nos diversos textos autênticos.
4. Salvo o caso em que um determinado texto prevalece nos termos do parágrafo 1, quan-
do a comparação dos textos autênticos revela uma diferença de sentido que a aplicação dos
artigos 31 e 32 não elimina, adotar-se-á o sentido que, tendo em conta o objeto e a finalidade
do tratado, melhor conciliar os textos.
SEÇÃO 4
Tratados e Terceiros Estados
Artigo 34
Regra Geral com Relação a Terceiros Estados
Um tratado não cria obrigações nem direitos para um terceiro Estado sem o seu consentimento.
Artigo 35
Tratados que Criam Obrigações para Terceiros Estados
Uma obrigação nasce para um terceiro Estado de uma disposição de um tratado se as
partes no tratado tiverem a intenção de criar a obrigação por meio dessa disposição e o ter-
ceiro Estado aceitar expressamente, por escrito, essa obrigação.
Artigo 36
Tratados que Criam Direitos para Terceiros Estados
1. Um direito nasce para um terceiro Estado de uma disposição de um tratado se as par-
tes no tratado tiverem a intenção de conferir, por meio dessa disposição, esse direito quer a
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um terceiro Estado, quer a um grupo de Estados a que pertença, quer a todos os Estados, e o
terceiro Estado nisso consentir. Presume-se o seu consentimento até indicação em contrário,
a menos que o tratado disponha diversamente.
2. Um Estado que exerce um direito nos termos do parágrafo 1 deve respeitar, para o
exercício desse direito, as condições previstas no tratado ou estabelecidas de acordo com
o tratado.
Artigo 37
Revogação ou Modificação de Obrigações ou Direitos de Terceiros Estados
1. Qualquer obrigação que tiver nascido para um terceiro Estado nos termos do artigo
35 só poderá ser revogada ou modificada com o consentimento das partes no tratado e do
terceiro Estado, salvo se ficar estabelecido que elas haviam acordado diversamente.
2. Qualquer direito que tiver nascido para um terceiro Estado nos termos do artigo 36 não
poderá ser revogado ou modificado pelas partes, se ficar estabelecido ter havido a intenção
de que o direito não fosse revogável ou sujeito a modificação sem o consentimento do ter-
ceiro Estado.
Artigo 38
Regras de um Tratado Tornadas Obrigatórias para Terceiros Estados por Força do Costume
Internacional
Nada nos artigos 34 a 37 impede que uma regra prevista em um tratado se torne obriga-
tória para terceiros Estados como regra consuetudinária de Direito Internacional, reconheci-
da como tal.
PARTE IV
Emenda e Modificação de Tratados
Artigo 39
Regra Geral Relativa à Emenda de Tratados
Um tratado poderá ser emendado por acordo entre as partes. As regras estabelecidas na
parte II aplicar-se-ão a tal acordo, salvo na medida em que o tratado dispuser diversamente.
Artigo 40
Emenda de Tratados Multilaterais
1. A não ser que o tratado disponha diversamente, a emenda de tratados multilaterais
reger-se-á pelos parágrafos seguintes.
2. Qualquer proposta para emendar um tratado multilateral entre todas as partes deverá
ser notificada a todos os Estados contratantes, cada um dos quais terá o direito de participar:
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Artigo 41
Acordos para Modificar Tratados Multilaterais somente entre Algumas Partes
1. Duas ou mais partes num tratado multilateral podem concluir um acordo para modificar
o tratado, somente entre si, desde que:
a) a possibilidade de tal modificação seja prevista no tratado; ou
b) a modificação em questão não seja proibida pelo tratado; e
I – não prejudique o gozo pelas outras partes dos direitos provenientes do tratado nem o
cumprimento de suas obrigações
II – não diga respeito a uma disposição cuja derrogação seja incompatível com a execução
efetiva do objeto e da finalidade do tratado em seu conjunto.
2. A não ser que, no caso previsto na alínea a do parágrafo 1, o tratado disponha de outra
forma, as partes em questão notificarão às outras partes sua intenção de concluir o acordo
e as modificações que este introduz no tratado.
PARTE V
Nulidade, Extinção e Suspensão da Execução de Tratados
SEÇÃO 1
Disposições Gerais
Artigo 42
Validade e Vigência de Tratados
1. A validade de um tratado ou do consentimento de um Estado em obrigar-se por um
tratado só pode ser contestada mediante a aplicação da presente Convenção.
2. A extinção de um tratado, sua denúncia ou a retirada de uma das partes só poderá
ocorrer em virtude da aplicação das disposições do tratado ou da presente Convenção. A
mesma regra aplica-se à suspensão da execução de um tratado.
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Artigo 43
Obrigações Impostas pelo Direito Internacional, Independentemente de um Tratado
A nulidade de um tratado, sua extinção ou denúncia, a retirada de uma das partes ou a
suspensão da execução de um tratado em consequência da aplicação da presente Conven-
ção ou das disposições do tratado não prejudicarão, de nenhum modo, o dever de um Estado
de cumprir qualquer obrigação enunciada no tratado à qual estaria ele sujeito em virtude do
Direito Internacional, independentemente do tratado.
Artigo 44
Divisibilidade das Disposições de um Tratado
1. O direito de uma parte, previsto num tratado ou decorrente do artigo 56, de denunciar,
retirar-se ou suspender a execução do tratado, só pode ser exercido em relação à totalidade
do tratado, a menos que este disponha ou as partes acordem diversamente.
2. Uma causa de nulidade, de extinção, de retirada de uma das partes ou de suspensão
de execução de um tratado, reconhecida na presente Convenção, só pode ser alegada em
relação à totalidade do tratado, salvo nas condições previstas nos parágrafos seguintes ou
no artigo 60.
3. Se a causa diz respeito apenas a determinadas cláusulas, só pode ser alegada em re-
lação a essas cláusulas e desde que:
a) essas cláusulas sejam separáveis do resto do tratado no que concerne a sua aplicação;
b) resulte do tratado ou fique estabelecido de outra forma que a aceitação dessas cláusu-
las não constituía para a outra parte, ou para as outras partes no tratado, uma base essencial
do seu consentimento em obrigar-se pelo tratado em seu conjunto; e
c) não seja injusto continuar a executar o resto do tratado.
4. Nos casos previstos nos artigos 49 e 50, o Estado que tem o direito de alegar o dolo
ou a corrupção pode fazê-lo em relação à totalidade do tratado ou, nos termos do parágrafo
3, somente às determinadas cláusulas.
5. Nos casos previstos nos artigos 51, 52 e 53 a divisão das disposições de um tratado
não é permitida.
Artigo 45
Perda do Direito de Invocar Causa de Nulidade, Extinção, Retirada ou Suspensão da Execu-
ção de um Tratado
Um Estado não pode mais invocar uma causa de nulidade, de extinção, de retirada ou de
suspensão da execução de um tratado, com base nos artigos 46 a 50 ou nos artigos 60 e 62,
se, depois de haver tomado conhecimento dos fatos, esse Estado:
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SEÇÃO 2
Nulidade de Tratados
Artigo 46
Disposições do Direito Interno sobre Competência para Concluir Tratados
1. Um Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por um
tratado foi expresso em violação de uma disposição de seu direito interno sobre competência
para concluir tratados, a não ser que essa violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma
norma de seu direito interno de importância fundamental.
2. Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para qualquer Estado que
proceda, na matéria, de conformidade com a prática normal e de boa fé.
Artigo 47
Restrições Específicas ao Poder de Manifestar o Consentimento de um Estado
Artigo 48
Erro
1. Um Estado pode invocar erro no tratado como tendo invalidado o seu consentimento
em obrigar-se pelo tratado se o erro se referir a um fato ou situação que esse Estado supunha
existir no momento em que o tratado foi concluído e que constituía uma base essencial de
seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
2. O parágrafo 1 não se aplica se o referido Estado contribui para tal erro pela sua conduta
ou se as circunstâncias foram tais que o Estado devia ter-se apercebido da possibilidade de erro.
3. Um erro relativo à redação do texto de um tratado não prejudicará sua validade; neste
caso, aplicar-se-á o artigo 79.
Artigo 49
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Dolo
Se um Estado foi levado a concluir um tratado pela conduta fraudulenta de outro Estado
negociador, o Estado pode invocar a fraude como tendo invalidado o seu consentimento em
obrigar-se pelo tratado.
Artigo 50
Corrupção de Representante de um Estado
Se a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado foi ob-
tida por meio da corrupção de seu representante, pela ação direta ou indireta de outro Estado
negociador, o Estado pode alegar tal corrupção como tendo invalidado o seu consentimento
em obrigar-se pelo tratado.
Artigo 51
Coação de Representante de um Estado
Não produzirá qualquer efeito jurídico a manifestação do consentimento de um Estado
em obrigar-se por um tratado que tenha sido obtida pela coação de seu representante, por
meio de atos ou ameaças dirigidas contra ele.
Artigo 52
Coação de um Estado pela Ameaça ou Emprego da Força
É nulo um tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou o emprego da força em vio-
lação dos princípios de Direito Internacional incorporados na Carta das Nações Unidas.
Artigo 53
Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens)
É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa
de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de
Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional
dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só
pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.
SEÇÃO 3
Extinção e Suspensão da Execução de Tratados
Artigo 54
Extinção ou Retirada de um Tratado em Virtude de suas Disposições ou por consentimento
das Partes
A extinção de um tratado ou a retirada de uma das partes pode ter lugar:
a) de conformidade com as disposições do tratado; ou
b) a qualquer momento, pelo consentimento de todas as partes, após consulta com os
outros Estados contratantes.
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Artigo 55
Redução das Partes num Tratado Multilateral aquém do Número Necessário para sua Entra-
da em Vigor
A não ser que o tratado disponha diversamente, um tratado multilateral não se extingue
pelo simples fato de que o número de partes ficou aquém do número necessário para sua
entrada em vigor.
Artigo 56
Denúncia, ou Retirada, de um Tratado que não Contém Disposições sobre Extinção, Denúncia
ou Retirada
1. Um tratado que não contém disposição relativa à sua extinção, e que não prevê denúncia
ou retirada, não é suscetível de denúncia ou retirada, a não ser que:
a) se estabeleça terem as partes tencionado admitir a possibilidade da denúncia ou
retirada; ou
b) um direito de denúncia ou retirada possa ser deduzido da natureza do tratado.
2. Uma parte deverá notificar, com pelo menos doze meses de antecedência, a sua inten-
ção de denunciar ou de se retirar de um tratado, nos termos do parágrafo 1.
Artigo 57
Suspensão da Execução de um Tratado em Virtude de suas Disposições ou pelo Consenti-
mento das Partes
A execução de um tratado em relação a todas as partes ou a uma parte determinada pode
ser suspensa:
a) de conformidade com as disposições do tratado; ou
b) a qualquer momento, pelo consentimento de todas as partes, após consulta com os
outros Estados contratantes
Artigo 58
Suspensão da Execução de Tratado Multilateral por Acordo apenas entre Algumas da Partes
1. Duas ou mais partes num tratado multilateral podem concluir um acordo para suspender
temporariamente, e somente entre si, a execução das disposições de um tratado se:
a) a possibilidade de tal suspensão estiver prevista pelo tratado; ou
b) essa suspensão não for proibida pelo tratado e:
I – não prejudicar o gozo, pelas outras partes, dos seus direitos decorrentes do tratado
nem o cumprimento de suas obrigações
II – não for incompatível com o objeto e a finalidade do tratado.
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2. Salvo se, num caso previsto no parágrafo 1 (a), o tratado dispuser diversamente, as
partes em questão notificarão às outras partes sua intenção de concluir o acordo e as dispo-
sições do tratado cuja execução pretendem suspender.
Artigo 59
Extinção ou Suspensão da Execução de um Tratado em Virtude da Conclusão de um Tratado
Posterior
1. Considerar-se-á extinto um tratado se todas as suas partes concluírem um tratado
posterior sobre o mesmo assunto e:
a) resultar do tratado posterior, ou ficar estabelecido por outra forma, que a intenção das
partes foi regular o assunto por este tratado; ou
b) as disposições do tratado posterior forem de tal modo incompatíveis com as do anterior,
que os dois tratados não possam ser aplicados ao mesmo tempo.
2. Considera-se apenas suspensa a execução do tratado anterior se se depreender do
tratado posterior, ou ficar estabelecido de outra forma, que essa era a intenção das partes.
Artigo 60
Extinção ou Suspensão da Execução de um Tratado em Consequência de sua Violação
1. Uma violação substancial de um tratado bilateral por uma das partes autoriza a outra
parte a invocar a violação como causa de extinção ou suspensão da execução de tratado, no
todo ou em parte.
2. Uma violação substancial de um tratado multilateral por uma das partes autoriza:
a) as outras partes, por consentimento unânime, a suspenderem a execução do tratado,
no todo ou em parte, ou a extinguirem o tratado, quer:
I – nas relações entre elas e o Estado faltoso;
II – entre todas as partes;
b) uma parte especialmente prejudicada pela violação a invocá-la como causa para sus-
pender a execução do tratado, no todo ou em parte, nas relações entre ela e o Estado faltoso;
c) qualquer parte que não seja o Estado faltoso a invocar a violação como causa para
suspender a execução do tratado, no todo ou em parte, no que lhe diga respeito, se o tratado
for de tal natureza que uma violação substancial de suas disposições por parte modifique
radicalmente a situação de cada uma das partes quanto ao cumprimento posterior de suas
obrigações decorrentes do tratado.
3. Uma violação substancial de um tratado, para os fins deste artigo, consiste:
a) numa rejeição do tratado não sancionada pela presente Convenção; ou
b) na violação de uma disposição essencial para a consecução do objeto ou da finalidade
do tratado.
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Artigo 61
Impossibilidade Superveniente de Cumprimento
1. Uma parte pode invocar a impossibilidade de cumprir um tratado como causa para
extinguir o tratado ou dele retirar-se, se esta possibilidade resultar da destruição ou do desa-
parecimento definitivo de um objeto indispensável ao cumprimento do tratado. Se a impossi-
bilidade for temporária, pode ser invocada somente como causa para suspender a execução
do tratado.
2. A impossibilidade de cumprimento não pode ser invocada por uma das partes como
causa para extinguir um tratado, dele retirar-se, ou suspender a execução do mesmo, se a
impossibilidade resultar de uma violação, por essa parte, quer de uma obrigação decorrente
do tratado, quer de qualquer outra obrigação internacional em relação a qualquer outra parte
no tratado.
Artigo 62
Mudança Fundamental de Circunstâncias
1. Uma mudança fundamental de circunstâncias, ocorrida em relação às existentes no
momento da conclusão de um tratado, e não prevista pelas partes, não pode ser invocada
como causa para extinguir um tratado ou dele retirar-se, salvo se:
a) a existência dessas circunstâncias tiver constituído uma condição essencial do con-
sentimento das partes em obrigarem-se pelo tratado; e
b) essa mudança tiver por efeito a modificação radical do alcance das obrigações ainda
pendentes de cumprimento em virtude do tratado.
2. Uma mudança fundamental de circunstâncias não pode ser invocada pela parte como
causa para extinguir um tratado ou dele retirar-se:
a) se o tratado estabelecer limites; ou
b) se a mudança fundamental resultar de violação, pela parte que a invoca, seja de uma
obrigação decorrente do tratado, seja de qualquer outra obrigação internacional em relação
a qualquer outra parte no tratado.
3. Se, nos termos dos parágrafos anteriores, uma parte pode invocar uma mudança fun-
damental de circunstâncias como causa para extinguir um tratado ou dele retirar-se, pode
também invocá-la como causa para suspender a execução do tratado.
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Artigo 63
Rompimento de Relações Diplomáticas e Consulares
O rompimento de relações diplomáticas ou consulares entre partes em um tratado não
afetará as relações jurídicas estabelecidas entre elas pelo tratado, salvo na medida em que a
existência de relações diplomáticas ou consulares for indispensável à aplicação do tratado.
Artigo 64
Superveniência de uma Nova Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens)
Se sobrevier uma nova norma imperativa de Direito Internacional geral, qualquer tratado
existente que estiver em conflito com essa norma torna-se nulo e extingue-se.
SEÇÃO 4
Processo
Artigo 65
Processo Relativo à Nulidade, Extinção, Retirada ou Suspensão da Execução de um Tratado
1. Uma parte que, nos termos da presente Convenção, invocar quer um vício no seu con-
sentimento em obrigar-se por um tratado, quer uma causa para impugnar a validade de um
tratado, extingui-lo, dele retirar-se ou suspender sua aplicação, deve notificar sua pretensão
às outras partes. A notificação indicará a medida que se propõe tomar em relação ao tratado
e as razões para isso.
2. Salvo em caso de extrema urgência, decorrido o prazo de pelo menos três meses con-
tados do recebimento da notificação, se nenhuma parte tiver formulado objeções, a parte que
fez a notificação pode tomar, na forma prevista pelo artigo 67, a medida que propôs.
3. Se, porém, qualquer outra parte tiver formulado uma objeção, as partes deverão procurar
uma solução pelos meios previstos, no artigo 33 da Carta das Nações Unidas.
4. Nada nos parágrafos anteriores afetará os direitos ou obrigações das partes decor-
rentes de quaisquer disposições em vigor que obriguem as partes com relação à solução de
controvérsias.
5. Sem prejuízo do artigo 45, o fato de um Estado não ter feito a notificação prevista no
parágrafo 1 não o impede de fazer tal notificação em resposta a outra parte que exija o cum-
primento do tratado ou alegue a sua violação.
Artigo 66
Processo de Solução Judicial, de Arbitragem e de Conciliação
Se, nos termos do parágrafo 3 do artigo 65, nenhuma solução foi alcançada, nos 12 meses
seguintes à data na qual a objeção foi formulada, o seguinte processo será adotado:
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Artigo 67
Instrumentos Declaratórios da Nulidade, da Extinção, da Retirada ou Suspensão da Execu-
ção de um Tratado
1. A notificação prevista no parágrafo 1 do artigo 65 deve ser feita por escrito.
2. Qualquer ato que declare a nulidade, a extinção, a retirada ou a suspensão da execução
de um tratado, nos termos das disposições do tratado ou dos parágrafos 2 e 3 do artigo 65,
será levado a efeito através de um instrumento comunicado às outras partes. Se o instru-
mento não for assinado pelo Chefe de Estado, Chefe de Governo ou Ministro das Relações
Exteriores, o representante do Estado que faz a comunicação poderá ser convidado a exibir
plenos poderes.
Artigo 68
Revogação de Notificações e Instrumentos Previstos nos Artigos 65 e 67
Uma notificação ou um instrumento previstos nos artigos 65 ou 67 podem ser revogados
a qualquer momento antes que produzam efeitos.
SEÇÃO 5
Consequências da Nulidade, da Extinção e da Suspensão da Execução de um Tratado
Artigo 69
Consequências da Nulidade de um Tratado
1. É nulo um tratado cuja nulidade resulta das disposições da presente Convenção. As
disposições de um tratado nulo não têm eficácia jurídica.
2. Se, todavia, tiverem sido praticados atos em virtude desse tratado:
a) cada parte pode exigir de qualquer outra parte o estabelecimento, na medida do pos-
sível, em suas relações mútuas, da situação que teria existido se esses atos não tivessem
sido praticados;
b) os atos praticados de boa-fé, antes de a nulidade haver sido invocada, não serão tor-
nados ilegais pelo simples motivo da nulidade do tratado.
3. Nos casos previsto pelos artigos 49, 50, 51 ou 52, o parágrafo 2 não se aplica com
relação à parte a que é imputado o dolo, o ato de corrupção ou a coação.
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Artigo 70
Consequências da Extinção de um Tratado
1. A menos que o tratado disponha ou as partes acordem de outra forma, a extinção de
um, tratado, nos termos de suas disposições ou da presente Convenção:
a) libera as partes de qualquer obrigação de continuar a cumprir o tratado;
b) não prejudica qualquer direito, obrigação ou situação jurídica das partes, criados pela
execução do tratado antes de sua extinção.
2. Se um Estado denunciar um tratado multilateral ou dele se retirar, o parágrafo 1 aplica-se
nas relações entre esse Estado e cada uma das outras partes no tratado, a partir da data em
que produza efeito essa denúncia ou retirada.
Artigo 71
Consequências da Nulidade de um Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito
Internacional Geral
1. No caso de um tratado nulo em virtude do artigo 53, as partes são obrigadas a:
a) eliminar, na medida do possível, as consequências de qualquer ato praticado com base em
uma disposição que esteja em conflito com a norma imperativa de Direito Internacional geral; e
b) adaptar suas relações mútuas à norma imperativa do Direito Internacional geral.
2. Quando um tratado se torne nulo e seja extinto, nos termos do artigo 64, a extinção
do tratado:
a) libera as partes de qualquer obrigação de continuar a cumprir o tratado;
b) não prejudica qualquer direito, obrigação ou situação jurídica das partes, criados pela
execução do tratado, antes de sua extinção; entretanto, esses direitos, obrigações ou situa-
ções só podem ser mantidos posteriormente, na medida em que sua manutenção não entre
em conflito com a nova norma imperativa de Direito Internacional geral.
Artigo 72
Consequências da Suspensão da Execução de um Tratado
1. A não ser que o tratado disponha ou as partes acordem de outra forma, a suspensão
da execução de um tratado, nos termos de suas disposições ou da presente Convenção:
a) libera as partes, entre as quais a execução do tratado seja suspensa, da obrigação de
cumprir o tratado nas suas relações mútuas durante o período da suspensão;
b) não tem outro efeito sobre as relações jurídicas entre as partes, estabelecidas pelo tratado.
2. Durante o período da suspensão, as partes devem abster-se de atos tendentes a obstruir
o reinício da execução do tratado.
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PARTE VI
Disposições Diversas
Artigo 73
Caso de Sucessão de Estados, de Responsabilidade de um Estado e de Início de Hostilidades
As disposições da presente Convenção não prejulgarão qualquer questão que possa surgir
em relação a um tratado, em virtude da sucessão de Estados, da responsabilidade interna-
cional de um Estado ou do início de hostilidades entre Estados.
Artigo 74
Relações Diplomáticas e Consulares e Conclusão de Tratados
O rompimento ou a ausência de relações diplomáticas ou consulares entre dois ou mais
Estados não obsta à conclusão de tratados entre os referidos Estados. A conclusão de um
tratado, por si, não produz efeitos sobre as relações diplomáticas ou consulares.
Artigo 75
Caso de Estado Agressor
As disposições da presente Convenção não prejudicam qualquer obrigação que, em relação
a um tratado, possa resultar para um Estado agressor de medidas tomadas em conformidade
com a Carta das Nações Unidas, relativas à agressão cometida por esse Estado.
PARTE VII
Depositários, Notificações, Correções e Registro
Artigo 76
Depositários de Tratados
1. A designação do depositário de um tratado pode ser feita pelos Estados negociadores
no próprio tratado ou de alguma outra forma. O depositário pode ser um ou mais Estados,
uma organização internacional ou o principal funcionário administrativo dessa organização.
2. As funções do depositário de um tratado têm caráter internacional e o depositário é
obrigado a agir imparcialmente no seu desempenho. Em especial, não afetará essa obrigação
o fato de um tratado não ter entrado em vigor entre algumas das partes ou de ter surgido uma
divergência, entre um Estado e o depositário, relativa ao desempenho das funções deste último.
Artigo 77
Funções dos Depositários
1. As funções do depositário, a não ser que o tratado disponha ou os Estados contratantes
acordem de outra forma, compreendem particularmente:
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a) guardar o texto original do tratado e quaisquer plenos poderes que lhe tenham sido
entregues;
b) preparar cópias autenticadas do texto original e quaisquer textos do tratado em outros
idiomas que possam ser exigidos pelo tratado e remetê-los às partes e aos Estados que te-
nham direito a ser partes no tratado;
c) receber quaisquer assinaturas ao tratado, receber e guardar quaisquer instrumentos,
notificações e comunicações pertinentes ao mesmo;
d) examinar se a assinatura ou qualquer instrumento, notificação ou comunicação relativa
ao tratado, está em boa e devida forma e, se necessário, chamar a atenção do Estado em
causa sobre a questão;
e) informar as partes e os Estados que tenham direito a ser partes no tratado de quaisquer
atos, notificações ou comunicações relativas ao tratado;
f) informar os Estados que tenham direito a ser partes no tratado sobre quando tiver sido
recebido ou depositado o número de assinaturas ou de instrumentos de ratificação, de acei-
tação, de aprovação ou de adesão exigidos para a entrada em vigor do tratado;
g) registrar o tratado junto ao Secretariado das Nações Unidas;
h) exercer as funções previstas em outras disposições da presente Convenção.
2. Se surgir uma divergência entre um Estado e o depositário a respeito do exercício das
funções deste último, o depositário levará a questão ao conhecimento dos Estados signa-
tários e dos Estados contratantes ou, se for o caso, do órgão competente da organização
internacional em causa.
Artigo 78
Notificações e Comunicações
A não ser que o tratado ou a presente Convenção disponham de outra forma, uma notifi-
cação ou comunicação que deva ser feita por um Estado, nos termos da presente Convenção:
a) será transmitida, se não houver depositário, diretamente aos Estados a que se destina
ou, se houver depositário, a este último;
b) será considerada como tendo sido feita pelo Estado em causa somente a partir do seu
recebimento pelo Estado ao qual é transmitida ou, se for o caso, pelo depositário;
c) se tiver sido transmitida a um depositário, será considerada como tendo sido recebida
pelo Estado ao qual é destinada somente a partir do momento em que este Estado tenha
recebido do depositário a informação prevista no parágrafo 1 (e) do artigo 77.
Artigo 79
Correção de Erros em Textos ou em Cópias Autenticadas de Tratados
1. Quando, após a autenticação do texto de um tratado, os Estados signatários e os Es-
tados contratantes acordarem em que nele existe erro, este, salvo decisão sobre diferente
maneira de correção, será corrigido:
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Artigo 80
Registro e Publicação de Tratados
1. Após sua entrada em vigor, os tratados serão remetidos ao Secretariado das Nações
Unidas para fins de registro ou de classificação e catalogação, conforme o caso, bem como
de publicação
2. A designação de um depositário constitui autorização para este praticar os atos pre-
vistos no parágrafo anterior.
PARTE VIII
Disposições Finais
Artigo 81
Assinatura
A presente Convenção ficará aberta à assinatura de todos. os Estados Membros das Nações
Unidas ou de qualquer das agências especializadas ou da Agência Internacional de Energia
Atômica, assim como de todas as partes no Estatuto da Corte Internacional de Justiça e de
qualquer outro Estado convidado pela Assembléia Geral das Nações Unidas a tornar-se parte
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Artigo 82
Ratificação
A presente Convenção é sujeita à ratificação. Os instrumentos de ratificação serão depo-
sitados junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
Artigo 83
Adesão
A presente Convenção permanecerá aberta à adesão de todo Estado pertencente a qual-
quer das categorias mencionadas no artigo 81. Os instrumentos de adesão serão depositados
junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
Artigo 84
Entrada em Vigor
1. A presente Convenção entrará em vigor no trigésimo dia que se seguir à data do depó-
sito do trigésimo quinto instrumento de ratificação ou adesão.
2. Para cada Estado que ratificar a Convenção ou a ela aderir após o depósito do trigésimo
quinto instrumento de ratificação ou adesão, a Convenção entrará em vigor no trigésimo dia
após o depósito, por esse Estado, de seu instrumento de ratificação ou adesão.
Artigo 85
Textos Autênticos
O original da presente Convenção, cujos textos em chinês, espanhol, francês, inglês e
russo fazem igualmente fé, será depositado junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
Em fé do que, os plenipotenciários abaixo assinados, devidamente autorizados por seus
respectivos Governos, assinaram a presente Convenção.
Feita em Viena, aos vinte e três dias de maio de mil novecentos e sessenta e nove.
Jesser Borges
Professor. Servidor no Ministério Público Federal desde 2014.
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