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DIREITO

INTERNACIONAL
PÚBLICO
Introdução ao Direito Internacional

Livro Eletrônico
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Introdução ao Direito Internacional
Jesser Borges

Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Introdução ao Direito Internacional. . .....................................................................................................................4
1. Introdução.........................................................................................................................................................................4
2. Breve História e Fontes de Direito dos Tratados......................................................................................6
2.1. Teorias que Explicam o Direito Internacional e suas Implicações. ..............................................9
2.2. Fontes do Direito dos Tratados.................................................................................................................... 10
3. Princípios de Direito Internacional. . ................................................................................................................12
3.1. Soberania.....................................................................................................................................................................12
3.2. Boa-Fé nas Relações.. ..........................................................................................................................................12
3.3. Solução Pacífica dos Conflitos......................................................................................................................13
3.4. Autodeterminação dos Povos........................................................................................................................13
3.5. Princípios de Direito Internacional no Brasil.........................................................................................13
4. Dos Tratados Internacionais.. .............................................................................................................................14
4.1. Produção de Tratados. . ........................................................................................................................................14
4.2. Processo de Formação e Incorporação dos Tratados no Brasil.................................................14
4.3. Hierarquia dos Tratados....................................................................................................................................15
5. Negociação e Competência Negocial. ............................................................................................................16
Resumo.................................................................................................................................................................................18
Exercícios............................................................................................................................................................................20
Gabarito...............................................................................................................................................................................29
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................30
Referências........................................................................................................................................................................57
Anexo.....................................................................................................................................................................................58

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Introdução ao Direito Internacional
Jesser Borges

Apresentação
Olá, estimado(a) aluno(a)!
Espero que esteja bem. Meu nome é Jesser Rodrigues Borges, sou servidor do Ministério
Público Federal há 9 anos, mestrando em Direito pela Universidade do Extremo Sul Catarinen-
se – UNESC, na linha de pesquisa Direito, Sociedade e Estado. Sou professor das disciplinas
de Direito Internacional Público e Privado e Direitos Humanos.
Eu e toda a equipe do Gran estamos aqui para auxiliá-lo(a) na sua jornada rumo à aprova-
ção! Conte sempre conosco e não hesite em tirar todas as suas dúvidas no fórum. Ao longo
das aulas pretendo passar toda minha experiência de mais de 15 anos de “concurseiro” para
que a sua caminhada seja a mais tranquila possível, então teremos dicas e macetes que aju-
darão – e muito – na hora da sua prova.
A disciplina de DIP é fundamental para sua aprovação, pois ela tem caído em todos os
concursos jurídicos de nível superior. Então dedique tempo a ela em sua grade de estudos e
aproveite ao máximo a nossa metodologia diferenciada.
Forte abraço e Bons Estudos!
Jesser Rodrigues Borges

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Jesser Borges

INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL

1. Introdução
Inicialmente é importante esclarecer que as disciplinas de Direito Internacional (Público
e Privado) possuem cada uma suas peculiaridades. Entretanto, grande parte dos princípios e
diretrizes são comuns a ambas, razão pela qual a maioria dos concursos costuma cobrá-las
dentro da mesma disciplina, como sendo uma só. Desta forma, elaboramos esse material
que irá abordar a integralidade dos tópicos constantes em seu edital dentro da disciplina de
Direito Internacional Público e Privado, facilitando o seu estudo.
Pois bem, para compreensão da disciplina de Direito Internacional é preciso saber, primei-
ramente, que vivemos em uma sociedade extremamente globalizada, onde ocorrem constan-
tes relações entre as pessoas e os Estados Nacionais. Basta pensarmos que, atualmente, é
possível realizar compras internacionais facilmente via internet, ou simplesmente conversar
com alguém do outro lado do planeta. Todo dia ocorrem negociações e transações entre
empresas privados e entre Estados (fornecimento de bens e serviços). Tudo isso envolve o
direito internacional!
Nesse contexto, surge o que se denomina “sociedade internacional”. Assim, devemos di-
ferenciar a ordem jurídica nacional (interna) da ordem jurídica internacional (externa). Afinal
de contas, não há um legislativo global criando normas, mas apenas Estados Soberanos e
organizações internacionais que firmam acordos e pactos em suas relações.
Por certo que, observado os requisitos de incorporação, as normas criadas no cenário
internacional poderão influenciar o direito interno e regulamentar essas relações.
De acordo com o professor Valerio de Oliveira Mazzuoli (2021, p. 36), o Direito Interna-
cional Privado

[...] é a disciplina jurídica – baseada num método e numa técnica de aplicação do direito – que visa
solucionar os conflitos de leis estrangeiras no espaço, ou seja, os fatos em conexão espacial com
leis estrangeiras divergentes, autônomas e independentes, buscando seja aplicado o melhor direito
ao caso concreto. Trata-se do conjunto de princípios e regras de direito público destinados a reger
os fatos que orbitam ao redor de leis estrangeiras contrárias, bem assim os efeitos jurídicos que
uma norma interna pode ter para além do domínio do Estado em que foi editada, quer as relações
jurídicas subjacentes sejam de direito privado ou público. Como se vê, o DIPr é a expressão exterior
do direito interno estatal (civil, comercial, administrativo, tributário, trabalhista etc.).

Já o Direito Internacional Público é conceituado como “[...] o conjunto de regras e princípios


que regula a sociedade internacional” (VARELLA, 2019, p. 9). Portanto, podemos conceituar o
Direito Internacional Público como a disciplina jurídica que estuda as relações entre os Esta-
dos soberanos, seus entes e os organismos internacionais, tendo como norte as diretrizes
diplomáticas previamente estabelecidas em uma ordem mundial.

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Basicamente, quando nos referimos a relação existente entre Estados Soberanos ou entre
esses e os organismos internacionais (Estado x Estado; Estado x Organismo Internacional)
estamos falando de direito internacional público. Por outro lado, quando tratamos da relação
dos indivíduos, de cunho eminentemente privado, aí estamos nos referindo ao direito inter-
nacional privado.

A disciplina de direito internacional privado é o conjunto de normas criadas internamente (direito


interno), com o objetivo de solucionar eventual conflito entre normas de ordenamentos distintos,
determinado aquela que deve ser aplicada ao caso concreto (MAZZUOLI, 2021, p. 36).

Imagine que você firmou um contrato com uma empresa alemã para importação de
equipamentos diretamente da Alemanha. Em havendo algum problema jurídico, qual norma
deve ser aplicada? A norma brasileira ou a norma alemã? Ou ainda, existiria algum tratado ou
convenção internacional que se aplica no caso concreto? Todas essas questões são objeto
de estudo no âmbito do Direito Internacional Privado que estudaremos em seguida.
Por vezes, as disciplinas de Direito Internacional também são chamadas de “direito das
gentes”. Afinal, os Estados são formados de indivíduos, ocupantes de um determinado terri-
tório, com governo soberano, e que se encontram em constante relacionamento, tanto interno
como externo, compondo o que chamamos de sociedade internacional.

Na ordem interna temos um Estado Democrático de Direito, sistema no qual o povo escolhe
os seus representantes e esses, legitimamente eleitos, irão criar normas a serem por todos
cumpridas (relação vertical = Estado cria x povo cumpre).
Por outro lado, no Direito Internacional, todos os Estados são Soberanos, estando, portanto,
no mesmo patamar (relação de horizontalidade), significa dizer que todos estão em “pé de
igualdade”, não sendo possível que um Estado crie normas e as imponha a outro Estado, de tal
modo que somente serão observadas as normas que todas as partes envolvidas decidirem –
de comum acordo – firmarem.

001. (CEBRASPE/CESPE/OAB REGIONALIZADO/UNIFICADO PARCIAL/EXAME ANUAL


3/2009) No âmbito do direito internacional, a soberania, importante característica do palco
internacional, significa a possibilidade de:
a) um Estado impor-se sobre outro.
b) a Organização das Nações Unidas dominar a legislação dos Estados participantes.

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c) celebração de tratados sobre direitos humanos com o consentimento do Tribunal Penal


Permanente.
d) igualdade entre os países, independentemente de sua dimensão ou importância econômi-
ca mundial.

Como dito, na ordem internacional todos os Estados estão em “pé de igualdade”, de tal modo
que, “independentemente de sua dimensão ou importância econômica mundial”, terão os mes-
mos direitos que os demais Estados, não sendo possível impor-lhes normas a que não tenham
manifestado adesão.
Letra d.

2. Breve História e Fontes de Direito dos Tratados


Primeiramente, é importante ressaltar que não é nosso objeto aqui estudar com profundi-
dade todos os eventos históricos que marcaram o Direito Internacional, mesmo porque não
há consenso na doutrina acerta de todos eles. Nosso objetivo, portanto, será apresentar um
panorama dos principais eventos históricos do Direito Internacional e que possam ser objeto
de cobrança em provas.
Não há consenso doutrinário acerca da exata origem do Direito Internacional. Há auto-
res que defendem que o seu surgimento ocorre com a formação das primeiras civilizações.
Outros defendem que somente há Direito Internacional com a formação do Estado Moderno.
Aponta Varella (2019, p. 9) que uma espécie de Direito Internacional já existia na Idade
Média. Porém, é somente com a consolidação do Estado Moderno (por volta do século XV)
que o Direito Internacional ganha espaço enquanto disciplina jurídica, sobretudo por conta da
formação dos Estados soberanos e das expansões marítimas, o que resultou na necessidade
de estudar a relação entre os Estados. Portanto, a consolidação do Direito Internacional está
associada à constituição dos Estados europeus, bem como com à expansão marítima.
Como bem esclarece Mazzuoli (2021, p. 10):

O Direito Internacional Público, contrariamente do que pensa boa parte da doutrina, não é uma
criação recente. Mas também não é tão antigo como pretendem alguns autores. Sem se poder
determinar uma data precisa para o seu nascimento, tem-se como certo que o Direito Internacional
Público é fruto de inúmeros fatores sociais, políticos, econômicos e religiosos que transformaram
a ordem política da Europa na passagem da Idade Média para a Idade Moderna. (grifo nosso).

O jurista e filósofo holandês Hugo Grotius foi um dos primeiros pensadores a estudar
o Direito Internacional como ciência. Dentre suas obras de destaque encontram-se: Mare
Liberum de 1609 e De Jure Belli ac Pacis (Do Direito da Guerra e da Paz), publicada em 1625,
de tal modo que é considerado por muitos como o pai do Direito Internacional (MAZZUOLI,
2021, p. 11).

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Por volta do início do século XVII foram assinados os Tratados de Westfália, cujo objetivo
foi pôr fim à Guerra dos Trinta Anos, conflito bélico que durou de 1618 a 1648. Um dos ela-
boradores do tratado foi justamente Hugo Grotius – na condição de Embaixador da Suécia.
Outro marco para o Direito Internacional foi o Congresso de Viena, realizado em 1815.
Esse congresso teve como objetivo encerrar as guerras napoleônicas e estruturar acordos de
cooperação entre as nações europeias. Aponta Mazzuoli (2021, p. 12) que:

O Congresso marcou o fim das guerras napoleônicas e estabeleceu um novo sistema multilateral
de cooperação política e econômica na Europa, além de ter agregado novos princípios de Direito
Internacional, como a proibição do tráfico negreiro, a liberdade irrestrita de navegação nos rios
internacionais da região e as primeiras regras do protocolo diplomático. Os aspectos principais
desse sistema perduraram até quase o início da Primeira Guerra Mundial.

Nesse contexto, surgiram vários pensadores que influenciaram o Direito Internacional, a


exemplo do holandês Cornélio Von Bienkershoek que desenvolveu, no século XVIII, a teoria
que ficou conhecida como “bala de canhão”, a fim de determinar o alcance do mar territorial.
Por certo que nenhum Estado pode deter o controle absoluto dos mares, e com as expan-
sões marítimas isso virou um problema. Logo, surgiram as controvérsias acerca da distância
que se considera o mar como território do país costeiro. Assim, a teoria de Bienkershoek
propôs resolver a celeuma de uma forma bem simples: considera-se mar territorial o limite do
alcança de uma bala de canhão. Afinal de contas, naquela época, esse era o limite territorial
que um Estado conseguiria controlar. Qualquer embarcação que passasse além desse limite
estaria ilesa e, portanto, em alto-mar. Essa teoria apenas foi superada com a Convenção de
Genebra, em 1958, que codificou o mar territorial e com a Convenção das Nações Unidas
sobre direito do mar, realizada em 1982, que definiu parâmetros para a extensão do mesmo.
Com a intensificação da globalização, especialmente a partir do século XX, o Direito Inter-
nacional se expande ainda mais, dada a intensificação das relações entre Estados. O mesmo
movimento de expansão é observado no âmbito do Direito Internacional Privado, pois há o
estreitamento das relações, principalmente a partir da intensificação dos meios de comuni-
cação, permitindo maior agilidade e economia nos negócios internacionais.
Outro evento importante que marcou o Direito Internacional foi o pacto Briand-Kellog,
também conhecido como Pacto de Proibição da Guerra de Agressão, que foi firmado em 1928
(período entre guerras) por várias nações, tendo por objetivo coibir a guerra. Muito embora te-
nham ocorrido várias agressões armadas no período posterior à assinatura do referido tratado,
este é considerado um marco para o Direito Internacional, pois o pacto passou a vigorar no
cenário internacional e, ao menos no plano normativo, fixou uma espécie de censura ao uso
das forças armadas para a solução de conflitos, caracterizando as ações violentas praticadas
pelos Estados como afronta ao Direito Internacional (RAMOS, 2016, p. 193).

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Em 26 de junho de 1945 foi assinada a Carta das Nações Unidas, inicialmente, foram 50
países signatários. Seu objetivo geral é promover a cooperação internacional e a paz mundial,
especialmente por conta das duas grandes guerras. De acordo com o Artigo 1 da Carta:

Artigo 1. Os propósitos das Nações unidas são:


1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, coletivamente, medidas efetivas
para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar,
por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a
um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma perturbação da paz;
2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio de igualdade
de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortaleci-
mento da paz universal;
3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter
econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos hu-
manos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses objetivos
comuns.

Na sequência, em 24 de outubro de 1945, na cidade de São Francisco, nos Estados Uni-


dos, foi criada a Organização das Nações Unidas – ONU. Nos termos do Artigo 2 da Carta
das Nações Unidas:

Artigo 2. A Organização e seus Membros, para a realização dos propósitos mencionados no Artigo
1, agirão de acordo com os seguintes Princípios:
1. A Organização é baseada no princípio da igualdade de todos os seus Membros.
2. Todos os Membros, a fim de assegurarem para todos em geral os direitos e vantagens resultan-
tes de sua qualidade de Membros, deverão cumprir de boa-fé as obrigações por eles assumidas
de acordo com a presente Carta.
3. Todos os Membros deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de
modo que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais.
4. Todos os Membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força
contra a integridade territorial ou a dependência política de qualquer Estado, ou qualquer outra
ação incompatível com os Propósitos das Nações Unidas.
5. Todos os Membros darão às Nações toda assistência em qualquer ação a que elas recorrerem
de acordo com a presente Carta e se absterão de dar auxílio a qual Estado contra o qual as Nações
Unidas agirem de modo preventivo ou coercitivo.
6. A Organização fará com que os Estados que não são Membros das Nações Unidas ajam de
acordo com esses Princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da paz e da segurança
internacionais.
7. Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em assuntos
que dependam essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou obrigará os Membros a sub-
meterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta; este princípio, porém, não
prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes do Capítulo VII.

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O Brasil é signatário da Carta das Nações Unidas, tendo promulgado a carta, no âmbito interno,
em 22 de outubro de 1945, por meio do Decreto n. 19.814/1945.

Em 1969, firmou-se no cenário internacional a Convenção de Viena sobre o Direito dos


Tratados, a qual restou promulgada no Brasil apenas em 2009 por meio do Decreto n. 7.030,
de 14 de dezembro daquele ano.
A convenção é um marco para o Direito Internacional, pois estabelece uma série de prin-
cípios e diretrizes a serem observados pela comunidade internacional quando da assinatura
de tratados internacionais. De acordo com o seu artigo 5:

A presente Convenção aplica-se a todo tratado que seja o instrumento constitutivo de uma orga-
nização internacional e a todo tratado adotado no âmbito de uma organização internacional, sem
prejuízo de quaisquer normas relevantes da organização.

Por certo que a sociedade é dinâmica e está em constante transformação, da mesma


forma o direito – especialmente o Direito Internacional – está em constante evolução para
dar respostas aos conflitos originados no tecido social.
ESQUEMATIZANDO:

2.1. Teorias que Explicam o Direito Internacional e suas Implicações


Existem algumas teorias que surgiram com o objetivo de explicar o Direito Internacional
e suas implicações no âmbito interno dos Estados.
Sob o aspecto da ordem jurídica surgiram duas teorias, são elas: dualista e monista.
• Teoria Monista (monismo): Note o prefixo “mono” = um, essa teoria defende a existência
de uma única ordem jurídica, de modo que considera as normas e tratados internacionais
incorporados ao ordenamento jurídico em posição supralegal, ou seja, superior às suas
normas internas. Para essa teoria não há necessidade de um diploma legal interno que

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reconheça a validade das normas internacionais, pois elas teriam aplicabilidade direta
e imediata.
• Teoria Dualista (dualismo): O dualismo (prefixo “duo” = dois) prega a existência de dois
ordenamentos jurídicos distintos e independentes (Direito Interno x Direito Internacio-
nal), de modo que não haveria implicação entre eles, ou seja, uma norma internacional
não afetaria o direito interno e vice-versa. Para essa corrente somente seria possível a
incorporação de um tratado internacional mediante um procedimento de incorporação,
o qual deve tramitar, necessariamente, no âmbito do Poder Legislativo. Significa dizer
que, para o dualismo, é necessária uma norma interna estabelecendo a incorporação ao
ordenamento jurídico da norma internacional.
Outra teoria surgida que embasa o Direito Internacional Público analisa o elemento da
voluntariedade dos Estados, vejamos:
• Teoria Voluntarista: Defende que todas as relações internacionais estão relacionadas
com a livre manifestação de vontade dos Estados soberanos, por isso voluntarista;
• Teoria Objetivista: Por outro lado, há a teoria objetivista, a qual sustenta a existência de
uma ordem supranacional, dotada de valores absolutos, os quais a comunidade inter-
nacional não poderia ignorar. Nesse sentido, a “ordem superior” obrigaria objetivamente
(independente da manifestação de vontade) os Estados, afetando sua ordem interna.

2.2. Fontes do Direito dos Tratados


As fontes do direito podem ser divididas em fontes materiais e fontes formais. Em suma,
as fontes materiais são aqueles eventos concretos que influenciam a formação de normas
no plano normativo, ou seja, são os eventos políticos, econômicos e sociais em razão dos
quais são criadas as normas. Por outro lado, as fontes formais do direito são os próprios
procedimentos de criação das normas jurídicas, os instrumentos pelos quais ganham formas,
a exemplo temos a Constituição Federal no âmbito interno. Nosso enfoque está no estudo
das fontes formais.
Importante deixar claro que, diferentemente do que ocorre no Direito Interno, no Direito
Internacional não temos um Poder Legislativo supremo, criando normas a serem observadas
por todas as nações. Dessa forma, o estudo das fontes do direito – no cenário internacional
– segue princípios e diretrizes gerais, especialmente considerando que todos os Estados são
soberanos e iguais.
As principais fontes do Direito dos Tratados podem ser extraídas do Estatuto da Corte
Internacional de Justiça – CIJ de 1920. Assim estabelece o seu art. 38:

Artigo 38. 1. A Côrte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias
que lhe forem submetidas, aplicará:
a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressa-
mente reconhecidas pelos Estados litigantes;
b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;
c) os princípios gerais de direito reconhecidos pelas Nações civilizadas;
d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas mais
qualificados das diferentes Nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.

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Portanto, em síntese, as principais fontes para o Direito dos Tratados são: as convenções
internacionais; o costume internacional; os princípios gerais de direito; e as decisões judi-
ciárias e a doutrina (essas últimas como meio auxiliar).
É importante ressaltar que esse rol apresentado pela CIJ é meramente exemplificativo,
de tal modo que pode haver outras fontes que não estejam expressamente previstas no re-
ferido Estatuto.
Vamos conhecer cada uma delas:

2.2.1. Convenções Internacionais


As Convenções Internacionais são acordos multilaterais firmados por Estados Soberanos
com o objetivo de estabelecer normas gerais sobre determinado tema. Desta forma, é pos-
sível estabelecer padrões a serem seguidos de modo uniforme pelos membros signatários.
A título de exemplo temos:
• Convenção Americana Sobre Direitos Humanos de 1969;
• Convenção sobre Direitos da Criança de 1990;
• Pacto Internacional dos Direito Civis e Políticos de 1992;
• Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher
de 1995, dentre outros.

2.2.2. Costume Internacional


O costume internacional são regras de conduta, as quais surgem historicamente em decor-
rência da ampla aceitação no cenário internacional. Conforme afirma Mazzuoli (2021, p. 70):

O costume internacional – não obstante a proliferação dos tratados, especialmente dos que codificam
costumes precedentes – tem ainda um papel de grande relevância na formação e desenvolvimento
do Direito Internacional Público; primeiro, por estabelecer um corpo de regras universalmente apli-
cáveis em vários domínios do direito das gentes e, segundo, por permitir a criação de regras gerais,
que são as regras-fundamentos da constituição da sociedade internacional. Assim, diferentemente
dos tratados, que têm o seu âmbito de aplicação reduzido aos Estados que os ratificaram, os cos-
tumes proliferam-se para a generalidade dos sujeitos internacionais, mesmo para os reticentes. Daí
continuar sendo o costume – mesmo com a ascensão numérica dos tratados internacionais – um
valioso elemento de determinação das regras do Direito Internacional Público.

2.2.3. Princípios Gerais de Direito


Os princípios gerais de direito são aquelas normas gerais, universalmente aceitas, e que
servem de técnica para a interpretação e aplicação das normas jurídicas. Os princípios ge-
rais são utilizados tanto para a solução de eventuais litígios como para a formação de novas
normas, razão pela qual se constitui de uma importante fonte para a formação dos tratados
internacionais.

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2.2.4. Jurisprudência e Doutrina


A jurisprudência é o conjunto de decisões emanadas do Poder Judiciário e que podem
servir como base para interpretação e aplicação do direito. São os precedentes.
Já a doutrina constitui-se do entendimento proferido por estudiosos de uma determinada
temática, que adquire autoridade por ter sido elaborada por especialistas no assunto.
No âmbito do Direito Internacional, assim como especificamente como fonte para a produ-
ção de Tratados Internacionais, a Jurisprudência e a Doutrina são técnicas utilizadas de modo
auxiliar, ou seja, não são fontes direitas de formação dos tratados. Não obstante, podem ser
utilizadas como meio auxiliar para a interpretação e aplicação dos tratados.

2.2.5. Acordo Executivo


Um acordo executivo ocorre quando o chefe do Poder Executivo (no nosso caso o próprio
Presidente da República), por si só, assume obrigações no âmbito internacional, independen-
temente de parecer do Poder Legislativo.
Vale ressaltar que, no Brasil, para que os acordos e tratados internacionais tenham valida-
de no âmbito interno é imprescindível submetê-los a deliberação do Congresso Nacional, ou
seja, precisam passar pelo procedimento de incorporação, sem o qual não produzem efeitos.

3. Princípios de Direito Internacional


De pronto, podemos observar que o Direito Internacional se rege por alguns princípios
gerais, vejamos:

3.1. Soberania
É importante deixar claro que todos os Estados detêm soberania em seu território. Não
há um Estado “melhor” ou “pior” que o outro, independentemente do tamanho do território ou
do poder econômico, TODOS são Estados soberanos em seu território, de modo que não é
possível impor-lhes condições a que não tenham manifestado expressa adesão.
Em decorrência do princípio da Soberania dos Estados temos o elemento consentimento.
Ora, se todos são soberanos em seus territórios e não é possível impor-lhes condicionantes
que não tenham previamente aceitado, somente será possível firmar acordos e tratados in-
ternacionais se houver consentimento entre todas as partes envolvidas.
Além disso, os Estados devem respeitar a soberania dos outros Estados, significa dizer que
não podem intervir em assuntos alheios, relacionados exclusivamente a outro Estado soberano.

3.2. Boa-Fé nas Relações


Os Estados soberanos devem agir com boa-fé nas suas relações, assim produzem maior
segurança no cenário internacional. Um dos principais efeitos da boa-fé é a observância do
princípio conhecido como Pacta Sunt Servanda, que significa, em síntese, que as cláusulas
pactuadas devem ser cumpridas.

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Nesse sentido, o artigo 26 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969
dispõe que:

Artigo 26. Pacta sunt servanda.


Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé.

3.3. Solução Pacífica dos Conflitos


Basicamente esse princípio orienta que os Estados devem evitar ao máximo o uso da
ameaça/força, devendo sempre buscar a solução pacífica dos conflitos. Vale mencionar, in-
clusive, que esse é um dos princípios que rege o Brasil em suas relações internacionais (art.
4º da Constituição Federal de 1988).
No cenário internacional, países firmam acordos que proíbem o uso da força, somente sendo
permitida em caso de defesa. Fique tranquilo(a), mais adiante aprofundaremos esse tópico.

3.4. Autodeterminação dos Povos


Trata-se de um princípio universal de que todos os povos sejam tratados de forma igua-
litária, respeitada a sua identidade cultural, política e econômica. A autodeterminação dos
povos está relacionada com a capacidade dos sujeitos de um Estado determinarem o seu
próprio ordenamento jurídico e as estruturas que melhor atendam às suas necessidades. Por
exemplo, não se pode cogitar que um Estado estrangeiro venha determinar ao Brasil quais leis
devam ser seguidas e quais as condutas devam ser consideradas inadequadas.

3.5. Princípios de Direito Internacional no Brasil


No caso brasileiro, a Constituição Federal de 1988 estabelece os seguintes princípios
gerais relacionados às relações internacionais nos seguintes temos:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I – independência nacional;
CON(DE)
PRE(SO)
II – prevalência dos direitos humanos;
NÃO
III – autodeterminação dos povos; RE(IN)A
IV – não-intervenção; COOPERA
V – igualdade entre os Estados; IGUAL
VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social
e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana
de nações.

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4. Dos Tratados Internacionais


4.1. Produção de Tratados
Os Tratados Internacionais são acordos formais, por meio dos quais os Estados Soberanos
e Organismos Internacionais assumem compromissos e obrigações no cenário internacional.
Portanto, os Tratados são destinados à produção de efeitos jurídicos.
Uma importante norma que disciplina os Tratados Internacionais é a Convenção de Viena
sobre o Direito dos Tratados de 1969, a qual fora ratificada pelo Brasil através do Decreto n.
7.030/2009.
De acordo com a mencionada Convenção (artigo 2, 1. “a”):

(...) “tratado” significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo
Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos
conexos, qualquer que seja sua denominação específica.

4.2. Processo de Formação e Incorporação dos Tratados no Brasil


O processo de formação dos Tratados Internacionais compreende a realização de quatro
etapas, que podem assim ser sintetizadas:
• Negociação e assinatura do tratado pelo chefe do Poder Executivo;
• Referendo (deliberação e aprovação do Poder Legislativo);
• Ratificação; e
• Promulgação no âmbito interno.
Em um primeiro momento, identificada a necessidade/oportunidade para firmar determi-
nado Tratado Internacional, os Estados interessados iniciam negociações e, uma vez que há
acordo acerca dos termos do tratado, o chefe do Poder Executivo assina o Tratado. Nesse
sentido, dispõe o art. 84, VIII da Constituição Federal que:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


[...]
VIII – celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;

Em seguida, o Tratado precisa ser submetido a referendo por parte do Poder Legislativo (no
nosso caso do Congresso Nacional). Enquanto não houve a aprovação do Poder Legislativo, o
Tratado não produzirá efeitos na ordem interna. Nos termos do art. 49 da Constituição Federal:

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos
ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;

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Posteriormente, na terceira etapa, ocorre a ratificação. A ratificação nada mais é do que a


“confirmação”, por parte do chefe do Poder Executivo, de que o Tratado Internacional foi de-
vidamente incorporado pelo seu Estado e produzirá efeitos interna e externamente. Portanto,
a ratificação é o ato administrativo em que os signatários “trocam” os tratados devidamente
assinados.
Por fim, ocorre a promulgação e publicação do texto do Tratado Internacional na impren-
sa oficial.

4.3. Hierarquia dos Tratados


Como regra geral, os tratados e convenções internacionais são incorporados ao Direito
Interno com status de Lei Ordinária. Desta forma, é pacífico o entendimento de que os Trata-
dos Internacionais não poderão dispor de matéria que a Constituição Federal reserve às Leis
Complementares.
Por outro lado, os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos possuem
tratamento diferenciado. Nesse sentido, estabelece o art. 5º, §3º da Constituição Federal que:

Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (BRASIL, Constituição Federal de 1988).

Portanto, aqueles Tratados e Convenções Internacionais sobre Direitos Humanos, que


forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
dos votos dos respectivos membros, é que serão equivalentes às emendas constitucionais
(art. 5º, § 3º).
Mas e aqueles Tratados e Convenções Internacionais sobre Direitos Humanos que não
alcançarem o quórum de 3/5? Ou seja, forem aprovados apenas pelo rito ordinário? Nesse
caso, serão incorporados como norma supra legal. Estarão acima da legislação (leis ordiná-
rias, complementares, decretos etc.), porém abaixo da Constituição Federal.
Podemos sintetizar a hierarquia dos tratados no âmbito interno da seguinte forma:

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5. Negociação e Competência Negocial


A negociação, no âmbito internacional, ocorre quando dois ou mais Estados, ou Organis-
mos Internacionais possuem interesses em comum e decidem resolver determinada questão.
De acordo com Marcelo Dias Varella (2019, p. 21):

Um tratado nasce a partir da manifestação da vontade de um sujeito de direito internacional


(Estado ou Organização Internacional) em regular juridicamente determinada situação no âmbito
internacional. O representante do Estado ou da Organização Internacional comunica aos demais
sujeitos de direito internacional, com quem tem a intenção de firmar o futuro tratado, para que
manifestem seu interesse em participar da regulação internacional e enviem seus representantes
para a negociação. Os negociadores constroem o texto, que é adotado ao final da reunião. Essa
etapa não compromete definitivamente o Estado, pois o texto ainda deverá ser ratificado.

A competência negocial pode ser definida como a capacidade conferida a um agente ou


autoridade para negociar e firmar Tratados Internacionais em nome do seu Estado. No caso
do Brasil, a competência negocial é atribuída pela Constituição Federal ao Presidente da Re-
pública, o qual possui as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo. Vejamos:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


[...]
VIII – celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;

Verifica-se que a competência negocial é uma matéria afeta à soberania dos Estados, ra-
zão pela qual deve ser definida pelo ordenamento jurídico interno de cada nação, geralmente
através da Constituição Federal.
Sobre a temática, no cenário internacional, importantes disposições foram estabelecidas
pela Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, vejamos:

Artigo 7. Plenos Poderes.


1. Uma pessoa é considerada representante de um Estado para a adoção ou autenticação do texto
de um tratado ou para expressar o consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado se:
a) apresentar plenos poderes apropriados; ou
b) a prática dos Estados interessados ou outras circunstâncias indicarem que a intenção do Esta-
do era considerar essa pessoa seu representante para esses fins e dispensar os plenos poderes.
2. Em virtude de suas funções e independentemente da apresentação de plenos poderes, são
considerados representantes do seu Estado:
a) os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros das Relações Exteriores, para a rea-
lização de todos os atos relativos à conclusão de um tratado;
b) os Chefes de missão diplomática, para a adoção do texto de um tratado entre o Estado acredi-
tante e o Estado junto ao qual estão acreditados;
c) os representantes acreditados pelos Estados perante uma conferência ou organização interna-
cional ou um de seus órgãos, para a adoção do texto de um tratado em tal conferência, organização
ou órgão.

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Concluímos aqui a primeira parte do nosso conteúdo!


É importante ler as convenções internacionais mais relevantes de que o Brasil é signatário,
razão pela qual, aquelas que forem abordadas em cada aula constaram no anexo. Recomen-
damos fortemente a sua leitura, pois elas costumam ser cobradas frequentemente em prova.
Além disso, preparamos um resumo especial e questões comentadas para facilitar a
fixação do conteúdo.
Bons estudos!

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RESUMO
O Direito Internacional é dividido em Público e Privado:
• Direito Internacional Privado: disciplina jurídica interna de Direito Público, cujo objetivo
é resolver os conflitos entre leis estrangeiras divergentes, definindo a aplicabilidade e
eventuais efeitos nas relações privadas;
• Direito Internacional Público: disciplina jurídica que estuda as relações entre os Estados
soberanos, seus entes e os organismos internacionais, observadas diretrizes globais.

Teorias que Explicam o Direito Internacional


• Teoria Monista (monismo): defende a existência de uma única ordem jurídica, de modo
que considera as normas e tratados internacionais incorporados direta e imediatamente
ao ordenamento jurídico em posição supralegal;
• Teoria Dualista (dualismo): prega a existência de dois ordenamentos jurídicos distintos
e independentes (Direito Interno x Direito Internacional), de modo que não haveria impli-
cação entre eles;
• Teoria Voluntarista: Defende que todas as relações internacionais estão relacionadas
com a livre manifestação de vontade dos Estados soberanos, por isso voluntarista;
• Teoria Objetivista: Sustenta a existência de uma ordem supranacional, dotada de valores
absolutos, os quais a comunidade internacional não poderia ignorar.

Fontes do Direito dos Tratados


• Convenções Internacionais: acordos multilaterais firmados por Estados Soberanos com
o objetivo de estabelecer normas gerais sobre determinado tema;
• Costume internacional: são regras de conduta, as quais surgem historicamente em de-
corrência da ampla aceitação no cenário internacional, embora não esteja codificadas;
• Princípios Gerais de Direito: normas gerais, universalmente aceitas, e que servem de
técnica para a interpretação e aplicação das normas jurídicas;

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• Jurisprudência e Doutrina: a Jurisprudência e a Doutrina são técnicas utilizadas de modo


auxiliar, ou seja, não são fontes direitas de formação dos tratados. Não obstante, podem
ser utilizadas como meio auxiliar para a interpretação e aplicação dos tratados.

Princípios de Direito Internacional


• Soberania;
• Boa-fé nas relações;
• Pacta Sunt Servanda (cláusulas pactuadas devem ser cumpridas);
• Solução pacífica dos conflitos;
• Autodeterminação dos povos.
Tratados Internacionais: são acordos formais, por meio dos quais os Estados Soberanos e
Organismos Internacionais assumem compromissos e obrigações no cenário internacional. O
processo de formação dos Tratados Internacionais compreende a realização de quatro etapas:
• Negociação e assinatura do tratado pelo chefe do Poder Executivo;
• Referendo (deliberação e aprovação do Poder Legislativo);
• Ratificação; e
• Promulgação no âmbito interno.

Hierarquia dos Tratados

• Negociação: ocorre quando dois ou mais Estados, ou Organismos Internacionais possuem


interesses em comum e decidem resolver determinada questão.
• A competência negocial pode ser definida como a capacidade conferida a um agente ou
autoridade para negociar e firmar Tratados Internacionais em nome do seu Estado. No
caso do Brasil, a competência negocial é atribuída pela Constituição Federal ao Presidente
da República (Art. 84, VIII).

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EXERCÍCIOS
001. (CEBRASPE/CESPE/OAB REGIONALIZADO/UNIFICADO PARCIAL/EXAME ANUAL
3/2009) No âmbito do direito internacional, a soberania, importante característica do palco
internacional, significa a possibilidade de:
a) um Estado impor-se sobre outro.
b) a Organização das Nações Unidas dominar a legislação dos Estados participantes.
c) celebração de tratados sobre direitos humanos com o consentimento do Tribunal Penal
Permanente.
d) igualdade entre os países, independentemente de sua dimensão ou importância econômi-
ca mundial.
002. (CEBRASPE/CESPE/DIPLOMATA/TERCEIRO SECRETÁRIO/2017) A respeito das fontes
do direito internacional público, julgue o item a seguir.
Não há vedação, conforme a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969, para
que dois ou mais Estados sejam depositários de um mesmo tratado.
003. (CEBRASPE/CESPE/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/ÁREA 1/2018) De acordo com a
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio de 1969, define-
-se por tratado internacional o “acordo internacional concluído por escrito entre Estados e
regido pelo direito internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais
instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica”. No que se refere a
esse assunto, julgue o item seguinte.
Ao defender a independência do direito internacional em relação ao direito nacional, os dualistas
o fazem levando em consideração exclusivamente as hipóteses de conflito entre um tratado e
uma norma de direito interno.
004. (CEBRASPE/CESPE/DIPLOMATA/TERCEIRO SECRETÁRIO/2016) Julgue o item se-
guinte, acerca das relações entre direito internacional e direito interno.
Por expressa disposição constitucional, lei sobre o ingresso nas Forças Armadas deve consi-
derar as peculiaridades de suas atividades, inclusive das atividades cumpridas em decorrência
de compromissos internacionais.
005. (CEBRASPE/CESPE/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2015) Ainda no que concerne ao
direito internacional, julgue o item subsequente.
O Código Penal brasileiro prevê a aplicação do princípio da jurisdição universal a estrangeiros,
incluindo-se os casos em que haja violações de normas costumeiras de direito internacional.
006. (CEBRASPE/CESPE/ANAC/ANALISTA ADMINISTRATIVO/ÁREA 3/2012) No que con-
cerne ao direito internacional público, julgue o item a seguir.
De acordo com o dualismo, as normas de direito internacional e de direito interno existem se-
paradamente e não afetam umas às outras. No Brasil, a teoria adotada é o monismo, de acordo
com a qual há unidade do ordenamento jurídico, ora prevalecendo as normas de direito interna-
cional sobre as de direito interno, ora prevalecendo estas sobre aquelas.

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007. (CEBRASPE/CESPE/DIPLOMATA/TERCEIRO SECRETÁRIO/2015) A jurisprudência tem


constituído importante acervo de decisões que balizam o desenvolvimento progressivo do
direito internacional, não apenas como previsão ideal, mas como efetivo aporte à prática da
disciplina. Acerca da aplicação do art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, de
antecedentes judiciários, de tratados e de costumes, julgue (C ou E) o seguinte item.
A noção de jus cogens, como a de normas imperativas a priori, embora não unanimemente
reconhecida em doutrina, é invocada com referência tanto em jurisprudência quanto em direito
internacional positivo.
008. (CEBRASPE/CESPE/CAM DEP/ANALISTA LEGISLATIVO/ÁREA XVIII/CONSULTOR LEGIS-
LATIVO/2014). Considerando que a história da evolução do direito internacional público é, em
certa medida, a história da evolução do Estado nacional moderno, julgue o item subsequente.
O Pacto Briand-Kellog, firmado no período entreguerras, é considerado um marco na evolução
do direito internacional, entre outros aspectos, por proscrever a guerra na relação entre Estados.
009. (CEBRASPE/CESPE/CAM DEP/ANALISTA LEGISLATIVO/ÁREA XVIII/CONSULTOR
LEGISLATIVO/2014) Considerando que a história da evolução do direito internacional pú-
blico é, em certa medida, a história da evolução do Estado nacional moderno, julgue o item
subsequente.
O direito internacional público surgiu na Idade Moderna, como disciplina jurídica subsidiária ao
poder absolutista dos soberanos europeus e do Estado nacional moderno, a partir de estudos
sobre direitos referentes à guerra e à paz entre as nações.
010. (CEBRASPE/CESPE/CAM DEP/ANALISTA LEGISLATIVO/ÁREA XVIII/CONSULTOR
LEGISLATIVO/2014) Considerando que a história da evolução do direito internacional pú-
blico é, em certa medida, a história da evolução do Estado nacional moderno, julgue o item
subsequente.
Entre os holandeses precursores do direito internacional, destaca-se Cornélio Von Bienkershoek,
que propôs a célebre teoria da bala de canhão como critério para definir a extensão do poder
dos reis em relação ao mar adjacente.
011. (CEBRASPE/CESPE/CAM DEP/ANALISTA LEGISLATIVO/ÁREA XVIII/CONSULTOR
LEGISLATIVO/2014) Em relação do estudo das relações internacionais e ao processo de
globalização, julgue o item subsecutivo.
A abordagem realista concebe o sistema internacional formado por Estados soberanos que
interagem livremente, sem norma superior, o que caracteriza um estado latente e permanente
de guerra.
012. (CEBRASPE/CESPE/DIPLOMATA/TERCEIRO SECRETÁRIO/2012) A República Federa-
tiva do Brasil rege-se, em suas relações internacionais, por princípios de direito internacional
público previstos de forma expressa na CF. Acerca da constitucionalização do direito interna-
cional público no ordenamento jurídico brasileiro, julgue (C ou E) o item subsequente.

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O compromisso da República Federativa do Brasil com a manutenção da paz e com a não beli-
gerância é enfatizado por referências textuais da Lei Maior à solução pacífica de controvérsias
na ordem internacional.
013. (CEBRASPE/CESPE/DIPLOMATA/TERCEIRO SECRETÁRIO/2012) A República Federa-
tiva do Brasil rege-se, em suas relações internacionais, por princípios de direito internacional
público previstos de forma expressa na CF. Acerca da constitucionalização do direito interna-
cional público no ordenamento jurídico brasileiro, julgue (C ou E) o item subsequente.
No Brasil, a não intervenção e a não ingerência em assuntos internos de outras nações estão
incorporadas à CF como normas que impedem o país de, sem prévia declaração de guerra,
empregar suas Forças Armadas fora do território nacional.
014. (CEBRASPE/CESPE/ANAC/ANALISTA ADMINISTRATIVO/ÁREA 3/2012) No que con-
cerne ao direito internacional público, julgue o item a seguir.
De acordo com a corrente voluntarista, a obrigatoriedade das normas de direito internacional
público deve-se a razões objetivas, não vinculadas à vontade dos Estados.
015. (CEBRASPE/CESPE/DIPLOMATA/TERCEIRO SECRETÁRIO/2003) A República de Utopia
e o Reino de Lilliput são dois Estados nacionais vizinhos cuja relação tornou-se conflituosa
nos últimos anos devido à existência de sérios indícios de que Lilliput estaria prestes a de-
senvolver tecnologia suficiente para a fabricação de armamentos nucleares, fato que Utopia
entendia como uma ameaça direta a sua segurança. Após várias tentativas frustradas de
fazer cessar o programa nuclear lilliputiano, a República de Utopia promoveu uma invasão
armada a Lilliput em dezembro de 2001 e, após uma guerra que durou três meses, depôs o
rei e promoveu a convocação da Assembleia Nacional Constituinte, que outorgou a Lilliput
sua atual constituição. Nessa constituição, que é democrática e republicana, as antigas pro-
víncias foram convertidas em estados e foi instituído, no lugar do antigo Reino de Lilliput, a
atual República Federativa Lilliputiana.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Considerando que a constituição da República Federativa Lilliputiana define que os tratados
internacionais têm primazia sobre as leis internas, é correto afirmar que o referido Estado adota
a teoria dualista das relações entre direito internacional e direito interno, pois sua constituição
confere tratamento diferenciado a esses dois elementos.
016. (CEBRASPE/CESPE/SEN/CONSULTOR LEGISLATIVO/ASSESSORAMENTO LEGIS-
LATIVO/DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO, RELAÇÕES INTERNACIONAIS E DEFESA
NACIONAL/2002) Julgue o item seguinte.
Em relação à sua denominação, pode-se afirmar que a expressão direito transnacional, embora
mais ampla que a denominação direito internacional público, já consagrada, tem como mérito
a superação da dicotomia entre direito público e direito privado.

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017. (CEBRASPE/CESPE/SEN/CONSULTOR LEGISLATIVO/ASSESSORAMENTO LEGIS-


LATIVO/DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO/RELAÇÕES INTERNACIONAIS E DEFESA
NACIONAL/2002) Julgue o item seguinte.
O direito civil influenciou em grande medida a formação de institutos do direito internacio-
nal público.
018. (CEBRASPE/CESPE/SEN/CONSULTOR LEGISLATIVO/ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO/
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO/RELAÇÕES INTERNACIONAIS E DEFESA NACIONAL/2002).
Julgue o item seguinte.
Duas doutrinas principais fundamentam o direito internacional público: a voluntarista e a objeti-
vista. A primeira sustenta que é na vontade dos Estados que está o fundamento do direito das
gentes; nela se inseriria a teoria dos direitos fundamentais. A segunda, por sua vez, sustenta
o fundamento do direito internacional na pressuposta existência de uma norma ou princípio
acima dos Estados, como, por exemplo, a teoria do consentimento.
019. (CEBRASPE/CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/2002). Acerca das fontes do direito interna-
cional público (DIP), julgue o seguinte item.
Os precedentes judiciais são vinculativos tão-somente para as partes em um litígio e em relação
ao caso concreto, não tendo, assim, obrigatoriedade em DIP.
020. (COM. EXAM.TRF 2/JUIZ FEDERAL/TRF 2ª REGIÃO/XVI/2017) Quanto à internalização
de tratados ao ordenamento nacional, assinale a opção correta:
a) O sistema de recepção de tratados internacionais previsto na Constituição Federal não aco-
lhe o chamado princípio do efeito direto e imediato dos tratados ou convenções internacionais
sobre Direitos Humanos.
b) A extradição solicitada por Estado estrangeiro para fins de cumprimento de pena somente
poderá ser deferida depois de internalizado o tratado de extradição firmado entre o Brasil e o
respectivo Estado estrangeiro.
c) Somente após ser aprovado em duplo turno de votação, nas duas casas do Congresso Na-
cional, seguido de publicação de Decreto Presidencial, poderá o Tratado Internacional adquirir
validade no Direito Brasileiro.
d) Tratado internacional que verse sobre matéria que a Constituição brasileira reserva ao domínio
da Lei Complementar poderá ter aplicabilidade interna, bastando que no ato de internalização
seja observado o quórum de maioria absoluta previsto no artigo 69 da Constituição.
e) Tratados que versem sobre concretização de Direitos Humanos no plano interno não podem
ser objeto de denúncia pelo Estado Brasileiro, sob pena de violação ao postulado da proibição
de retrocesso.
021. (CESGRANRIO/PROFISSIONAL PETROBRAS DE NÍVEL SUPERIOR/PETROBRAS/
DIREITO/2015) A homologação de uma sentença estrangeira no Brasil tem, como requisito
indispensável,

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a) haver sido proferida por autoridade competente.


b) estar autenticada pelo Ministro da Justiça brasileiro.
c) estar acompanhada de tradução, podendo ser juramentada ou não.
d) ser decisão proferida por órgão colegiado ou tribunal.
e) terem sido as partes citadas adequadamente, não se admitindo a figura da revelia.
022. (COM. EXAM./TRT 21ª REGIÃO/JUIZ DO TRABALHO/2015/VIII) Analise as assertivas
abaixo, e, a seguir, assinale a opção correta:
I – Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária
interna e serão observados pela que lhes sobrevenha.
II – O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado pode manifestar-se pela as-
sinatura, troca dos instrumentos constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou
adesão, ou por quaisquer outros meios, se assim acordado.
III – Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
IV – Compete ao Presidente da República, auxiliado pelos ministros de Estado, celebrar tratados,
convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.
a) todas as assertivas estão corretas.
b) apenas as assertivas I, II e III estão corretas.
c) apenas as assertivas II, III e IV estão corretas.
d) apenas as assertivas III e IV estão corretas.
e) todas as assertivas estão incorretas.
023. (CESPE CEBRASPE/2021/APEX BRASIL/ANALISTA/PROCESSOS JURÍDICOS/2021)
O direito internacional privado, haja vista sua natureza, seu objeto e suas principais fontes
normativas, é, em sua essência, um direito de natureza
a) jurídica interna, ao qual cabe resolver a questão jurídica propriamente dita, sendo regido
primordialmente por tratados e convenções.
b) jurídica internacional, ao qual cabe apontar o ordenamento jurídico aplicável ao caso concreto,
sendo formado primordialmente por fontes supranacionais.
c) jurídica internacional, incumbido de solucionar diretamente a situação conflituosa apresen-
tada, sendo regido principalmente pela lei interna de cada estado nacional.
d) jurídica interna, ao qual cabe indicar a norma jurídica que poderá ser utilizada no caso con-
creto, sendo preponderantemente composto de normas produzidas pelo legislador interno.
024. (CESPE/CEBRASPE/AGU/ADVOGADO/2022) Princípios de tolerância são discutidos
no contexto internacional desde a Declaração de Princípios de Tolerância da ONU, de 1995; e,
recentemente, o Brasil promulgou a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discrimi-
nação Racial e Formas Correlatas de Intolerância. A partir desses documentos, julgue os itens.
Tolerância não pode ser considerada uma situação de condescendência ou indulgência em
relação à diversidade cultural do mundo.

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025. (CESPE/CEBRASPE/DPF/DELEGADO/2021) Em relação à importância dos elementos


que compõem o Estado, julgue os seguintes itens.
Estados são formados por três elementos conjugados: base territorial, comunidade humana e
uma forma de governo que pode estar subordinada à autoridade exterior.
026. (CESPE/CEBRASPE/DPF/DELEGADO/2021) Os Estados possuem autonomia para
decidir sobre a entrada de indivíduos em seu território. Nesse sentido, o Brasil estabelece
que poderá ser impedida de ingressar no País, após entrevista individual e independente de
fundamento, a pessoa que apresente documento de viagem que não seja válido para o Brasil.
027. (CESPE/CEBRASPE/SF ADVOGADO/2020/ADAPTADA) A respeito das fontes de direito
internacional público, julgue o item a seguir.
A lista das fontes de Direito Internacional prevista na Convenção de Viena de 1969 é meramente
exemplificativa e não estabelece uma hierarquia entre tais fontes.
028. (CEBRASPE/CESPE/OAB REGIONALIZADO/UNIFICADO PARCIAL/EXAME ANUAL
3/2009/ADAPTADA) No âmbito do direito internacional, a soberania, importante caracte-
rística do palco internacional, significa a possibilidade da Organização das Nações Unidas
estabelecer normas a serem aplicadas diretamente nos Estados membros.
029. (CESGRANRIO/PROFISSIONAL PETROBRAS DE NÍVEL SUPERIOR/PETROBRAS/DI-
REITO/2015/ADAPTADA) A homologação de uma sentença estrangeira no Brasil tem, como
requisito indispensável, estar acompanhada de tradução por intérprete autorizado.
030. (INÉDITA/2023) Tendo por base as normas gerais e os princípios que regem o Direito
Internacional julgue o item a seguir.
Somente poderá ser executada no Brasil a sentença estrangeira proferida por juiz competente.
031. (INÉDITA/2023) Tendo por base as normas gerais e os princípios que regem o Direito
Internacional julgue o item a seguir.
Não constitui um dos princípios que regem a República Federativa do Brasil em suas relações
internacionais a concessão de asilo político.
032. (INÉDITA/2023) Tendo por base as normas gerais e os princípios que regem o Direito
Internacional julgue o item a seguir.
A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
033. (INÉDITA/2023) Tendo por base as normas gerais e os princípios que regem o Direito
Internacional julgue o item a seguir.
A teoria dualista defende a existência de uma única ordem jurídica, de modo que considera as
normas e tratados internacionais incorporados ao ordenamento jurídico em posição supralegal,
ou seja, superior às suas normas internas.

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034. (INÉDITA/2023) Considerando as normas gerais e os princípios que regem o Direito


Internacional julgue o item a seguir.
Para a teoria dualista as normas de direito interno não se confundem com as normas de direito
internacional, razão pela qual são independentes não havendo ingerência das normas do direito
internacional diretamente no ordenamento jurídico interno.
035. (INÉDITA/2023) Considerando as normas e os princípios gerais que regem o Direito
Internacional julgue o item a seguir.
Consideram-se fontes do direito internacional: as convenções internacionais; o costume interna-
cional; os princípios gerais de direito reconhecidos pelas Nações civilizadas; e, como meio auxiliar,
as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes Nações.
036. (INÉDITA/2023) Considerando as normas e os princípios gerais que regem o Direito
Internacional julgue o item a seguir.
Um dos princípios basilares do Direito Internacional é a solução pacífica dos conflitos, o que
impede que os Estados utilizem suas forças armadas.
037. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, os tratados e convenções internacionais so-
bre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às normas
infraconstitucionais.
038. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
Compete exclusivamente ao Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados,
acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patri-
mônio nacional.
039. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
Compete privativamente ao Presidente da República celebrar tratados, convenções e atos in-
ternacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.
040. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
É da competência do Superior Tribunal de Justiça julgar, mediante recurso especial, as causas
decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida declarar a inconstituciona-
lidade de tratado ou lei federal.
041. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.

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Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em recurso especial, as causas decididas, em


única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida contrariar tratado ou lei federal, ou
negar-lhes vigência.
042. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
Para que os tratados internacionais sejam incorporados ao ordenamento jurídico pátrio é ne-
cessário, primeiramente, a assinatura pelo Presidente da República. Na sequência deverá ser
submetido à referendo pelo Congresso Nacional.
043. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
Os tratados que forem incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro, após referendados pelo
Congresso Nacional, passam a integrar o direito interno com status de emenda constitucional.
044. (INÉDITA/2023) No âmbito do direito internacional, o princípio da proibição ao retro-
cesso significa que não podem ser criadas normas que restrinjam direitos fundamentais já
consagrados pela sociedade internacional.
045. (INÉDITA/2023) Tendo como norte as diretrizes do Direito Internacional, julgue o
item a seguir.
Um dos princípios fundamentais que regem as relações internacionais é a solução pacífica dos
conflitos.
046. (INÉDITA/2023) Tendo como norte as diretrizes do Direito Internacional, julgue o
item a seguir.
No cenário internacional, prevalece a dependência dos Estados economicamente subdesenvol-
vidos em relação aos Estados desenvolvidos.
047. (INÉDITA/2023) Tendo como norte as diretrizes do Direito Internacional, julgue o
item a seguir.
No cenário internacional prevalece o princípio da soberania dos Estados, segundo o qual os
Estados que integram grupos econômicos mais fortes podem fixar regras a serem cumpridas
pelos demais Estados.
048. (INÉDITA/2023) Tendo como norte as diretrizes do Direito Internacional, julgue o
item a seguir.
Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente, a extradição soli-
citada por Estado estrangeiro.
049. (INÉDITA/2023) Considerando as normas de Direito Internacional, julgue o item a seguir.
Compete ao Superior Tribunal de Justiça a homologação de sentenças estrangeiras e a con-
cessão de exequatur às cartas rogatórias.

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050. (INÉDITA/2023) A respeito das fontes do direito internacional público, julgue o item a seguir.
A designação do depositário de um tratado pode ser feita pelos Estados negociadores no próprio
tratado ou de alguma outra forma.
051. (INÉDITA/2023) A respeito das fontes do direito internacional público, julgue o item a seguir.
Conforme a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, os princípios do livre consenti-
mento e da boa-fé e a regra pacta sunt servanda são universalmente reconhecidos, afirmando
que as controvérsias relativas aos tratados, tais como outras controvérsias internacionais,
devem ser solucionadas por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da Justiça
e do Direito Internacional.

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GABARITO

1. d 36. E
2. C 37. E
3. C 38. C
4. C 39. C
5. E 40. E
6. E 41. C
7. C 42. C
8. C 43. E
9. C 44. C
10. C 45. C
11. C 46. E
12. C 47. E
13. E 48. E
14. E 49. C
15. E 50. C
16. C 51. C
17. C
18. E
19. C
20. a
21. a
22. b
23. d
24. C
25. E
26. E
27. C
28. E
29. C
30. C
31. E
32. C
33. E
34. C
35. C

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GABARITO COMENTADO
001. (CEBRASPE/CESPE/OAB REGIONALIZADO/UNIFICADO PARCIAL/EXAME ANUAL
3/2009) No âmbito do direito internacional, a soberania, importante característica do palco
internacional, significa a possibilidade de:
a) um Estado impor-se sobre outro.
b) a Organização das Nações Unidas dominar a legislação dos Estados participantes.
c) celebração de tratados sobre direitos humanos com o consentimento do Tribunal Penal
Permanente.
d) igualdade entre os países, independentemente de sua dimensão ou importância econômi-
ca mundial.

Como dito, na ordem internacional todos os Estados estão em “pé de igualdade”, de tal modo
que, “independentemente de sua dimensão ou importância econômica mundial”, terão os mes-
mos direitos que os demais Estados, não sendo possível impor-lhes normas a que não tenham
manifestado adesão.
Letra d.

002. (CEBRASPE/CESPE/DIPLOMATA/TERCEIRO SECRETÁRIO/2017) A respeito das fontes


do direito internacional público, julgue o item a seguir.
Não há vedação, conforme a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969, para
que dois ou mais Estados sejam depositários de um mesmo tratado.

De acordo com a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, não há qualquer vedação
para que dois ou mais Estados sejam depositários de um mesmo tratado. Nesse sentido, o art.
76 da referida convenção estabelece que:

Art. 76. Depositários de Tratados.


1. A designação do depositário de um tratado pode ser feita pelos Estados negociadores no próprio
tratado ou de alguma outra forma. O depositário pode ser um ou mais Estados, uma organização
internacional ou o principal funcionário administrativo dessa organização. (grifou-se)

Certo.

003. (CEBRASPE/CESPE/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/ÁREA 1/2018) De acordo com a


Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio de 1969, define-
-se por tratado internacional o “acordo internacional concluído por escrito entre Estados e

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regido pelo direito internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais
instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica”. No que se refere a
esse assunto, julgue o item seguinte.
Ao defender a independência do direito internacional em relação ao direito nacional, os dualistas
o fazem levando em consideração exclusivamente as hipóteses de conflito entre um tratado e
uma norma de direito interno.

A questão acabou abortando conteúdo que se relaciona com a disciplina de Direito Constitucio-
nal e Hermenêutica Jurídica. Nesse momento, para nossa disciplina, basta saber que há duas
correntes: a corrente monista e a corrente dualista.
Em síntese, a corrente dualista defende que há dois sistemas totalmente distintos e independen-
tes: o direito interno e o direito internacional (por isso dualista), de tal modo que uma norma do
ordenamento jurídico interno não influenciaria uma norma de direito internacional, do mesmo
modo que uma norma de direito internacional não afetaria o direito interno.
Por outro lado, a teoria monista defende que existe um único ordenamento jurídica – unida-
de normativa. Para essa teoria prevalece o Direito Internacional, ou seja, havendo um Estado
firmado determinado tratado, esse seria incorporado diretamente como norma jurídica e teria
incidência na ordem interna.
No Brasil, predomina a chamada corrente dualista moderada, para a qual o direito interno pre-
valece em relação ao internacional, não obstante, há possibilidade de incorporação do direito
internacional a partir do procedimento de incorporação. Significa dizer que prevalece a norma
interna. Porém, tratados e acordos internacionais podem ser incorporados como norma jurídi-
ca e ter vigência no ordenamento jurídico interno, desde que observado o procedimento para
incorporação. A exemplo, o § 3º do art. 5º da Constituição Federal prevê que:

Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Certo.

004. (CEBRASPE/CESPE/DIPLOMATA/TERCEIRO SECRETÁRIO/2016) Julgue o item se-


guinte, acerca das relações entre direito internacional e direito interno.
Por expressa disposição constitucional, lei sobre o ingresso nas Forças Armadas deve consi-
derar as peculiaridades de suas atividades, inclusive das atividades cumpridas em decorrência
de compromissos internacionais.

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De acordo com o art. 142, § 3º, X, da Constituição Federal:

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica[...]
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se lhes, além das
que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições:
[...]
X – a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras
condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as
prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas
atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra.

Questão que aborda a literalidade do texto de lei dentro da disciplina de DIP. Portanto, devemos
ficar atentos(as) para o fato de que a lei sobre o ingresso nas Forças Armadas deve considerar
as peculiaridades de suas atividades, inclusive das atividades cumpridas em decorrência de
compromissos internacionais.
Certo.

005. (CEBRASPE/CESPE/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2015) Ainda no que concerne ao


direito internacional, julgue o item subsequente.
O Código Penal brasileiro prevê a aplicação do princípio da jurisdição universal a estrangeiros,
incluindo-se os casos em que haja violações de normas costumeiras de direito internacional.

O princípio da jurisdição universal traz a ideia de extensão da jurisdição nacional a outros Esta-
dos. Imagine que um brasileiro cometa um crime no estrangeiro. Nesse caso, ficaria ele impune?
Não, pelo simples fato de que é possível aplicar a jurisdição nacional, mesmo no estrangeiro,
nas hipóteses previstas no art. 7º do Código penal, vejamos:

Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


I – os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída
pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei n. 7.209,
de 1984)
II – os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

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Portanto, a primeira parte do enunciado está correto, pois “o Código Penal brasileiro prevê a
aplicação do princípio da jurisdição universal a estrangeiros”. Porém, o dispositivo acima não
faz qualquer menção aos “casos em que haja violações de normas costumeiras de direito in-
ternacional”, tornando o item errado.
Errado.

006. (CEBRASPE/CESPE/ANAC/ANALISTA ADMINISTRATIVO/ÁREA 3/2012) No que con-


cerne ao direito internacional público, julgue o item a seguir.
De acordo com o dualismo, as normas de direito internacional e de direito interno existem se-
paradamente e não afetam umas às outras. No Brasil, a teoria adotada é o monismo, de acordo
com a qual há unidade do ordenamento jurídico, ora prevalecendo as normas de direito interna-
cional sobre as de direito interno, ora prevalecendo estas sobre aquelas.

Prevalece, no Brasil, a teoria dualista moderada, segundo a qual há possibilidade de incorporação


de normas internacionais ao ordenamento jurídico interno, desde que submetidas regularmen-
te ao procedimento de incorporação. Nesse sentido, vale mencionar o entendimento do STF,
expresso em trecho extraído da ADI n. 1480/DF:

JURISPRUDÊNCIA
[...] PARIDADE NORMATIVA ENTRE ATOS INTERNACIONAIS E NORMAS INFRACONSTI-
TUCIONAIS DE DIREITO INTERNO. – Os tratados ou convenções internacionais, uma vez
regularmente incorporados ao direito interno, situam-se, no sistema jurídico brasileiro,
nos mesmos planos de validade, de eficácia e de autoridade em que se posicionam as
leis ordinárias, havendo, em consequência, entre estas e os atos de direito internacional
público, mera relação de paridade normativa. Precedentes. (ADI n. 1480 MC/DF – STF).

Errado.

007. (CEBRASPE/CESPE/DIPLOMATA/TERCEIRO SECRETÁRIO/2015) A jurisprudência tem


constituído importante acervo de decisões que balizam o desenvolvimento progressivo do
direito internacional, não apenas como previsão ideal, mas como efetivo aporte à prática da
disciplina. Acerca da aplicação do art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, de
antecedentes judiciários, de tratados e de costumes, julgue (C ou E) o seguinte item.
A noção de jus cogens, como a de normas imperativas a priori, embora não unanimemente
reconhecida em doutrina, é invocada com referência tanto em jurisprudência quanto em direito
internacional positivo.

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Em síntese, o princípio do jus cogens estabelece que são nulos os tratados que conflitem com
uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Vejamos o que estabelece o Art. 53 da
Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados:

Artigo 53. Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens).
É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de
Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito
Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados
como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada
por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.

Certo.

008. (CEBRASPE/CESPE/CAM DEP/ANALISTA LEGISLATIVO/ÁREA XVIII/CONSULTOR LEGIS-


LATIVO/2014). Considerando que a história da evolução do direito internacional público é, em
certa medida, a história da evolução do Estado nacional moderno, julgue o item subsequente.
O Pacto Briand-Kellog, firmado no período entreguerras, é considerado um marco na evolução
do direito internacional, entre outros aspectos, por proscrever a guerra na relação entre Estados.

O pacto Briand-Kellog, também conhecido como Pacto de Proibição da Guerra de Agressão, foi
firmado em 1928 por várias nações, tendo por objetivo coibir a guerra. Muito embora tenham
ocorrido várias agressões armadas no período posterior à assinatura do referido tratado, este
é considerado um marco para o Direito Internacional, pois o pacto passou a vigorar no cenário
internacional e, ao menos no plano normativo, fixou uma espécie de censura ao uso das forças
armadas para a solução de conflitos, caracterizando as ações violentas praticadas pelos Esta-
dos como afronta ao Direito Internacional (RAMOS, 2016, p. 193).
Fique atento(a)! A banca utilizou a palavra “proscrever” para induzir o candidato ao erro. Pros-
crever significa “banir, proibir, impedir”. Logo, está correta a afirmação no sentido de que o pacto
se destaca “[...] por proscrever (proibir) a guerra na relação entre Estados”.
Certo.

009. (CEBRASPE/CESPE/CAM DEP/ANALISTA LEGISLATIVO/ÁREA XVIII/CONSULTOR


LEGISLATIVO/2014) Considerando que a história da evolução do direito internacional pú-
blico é, em certa medida, a história da evolução do Estado nacional moderno, julgue o item
subsequente.

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O direito internacional público surgiu na Idade Moderna, como disciplina jurídica subsidiária ao
poder absolutista dos soberanos europeus e do Estado nacional moderno, a partir de estudos
sobre direitos referentes à guerra e à paz entre as nações.

Está perfeita a assertiva! Como estudamos, o Direito Internacional surge na Idade Moderna,
enquanto disciplina jurídica, em decorrência da formação dos Estados soberanos e da necessi-
dade de se estudar a relação entre eles, especialmente no tocante à guerra e à paz, assim como
possibilitar a abertura para as relações comerciais e a exploração marítima.
Certo.

010. (CEBRASPE/CESPE/CAM DEP/ANALISTA LEGISLATIVO/ÁREA XVIII/CONSULTOR


LEGISLATIVO/2014) Considerando que a história da evolução do direito internacional pú-
blico é, em certa medida, a história da evolução do Estado nacional moderno, julgue o item
subsequente.
Entre os holandeses precursores do direito internacional, destaca-se Cornélio Von Bienkershoek,
que propôs a célebre teoria da bala de canhão como critério para definir a extensão do poder
dos reis em relação ao mar adjacente.

O holandês Cornélio Von Bienkershoek desenvolveu, no século XVIII, a teoria que ficou conhecida
como “bala de canhão”, a fim de determinar o alcance do mar territorial. Por certo que nenhum
Estado pode deter o controle absoluto dos mares. Logo, surgiram as controvérsias acerca da
distância que se considera o mar como território do país costeiro. Assim, a teoria de Bienker-
shoek propôs resolver a celeuma de uma forma bem simples: considera-se mar territorial o limite
do alcança de uma bala de canhão. Afinal de contas, naquela época, esse era o limite que um
Estado conseguiria controlar. Qualquer embarcação que passasse além desse limite estaria
ilesa e, portanto, em alto-mar. Essa teoria apenas foi superada com a Convenção de Genebra,
em 1958, que codificou o mar territorial e com a Convenção das Nações Unidas sobre direito
do mar, realizada em 1982, que definiu parâmetros para a extensão do mesmo.
Certo.

011. (CEBRASPE/CESPE/CAM DEP/ANALISTA LEGISLATIVO/ÁREA XVIII/CONSULTOR


LEGISLATIVO/2014) Em relação do estudo das relações internacionais e ao processo de
globalização, julgue o item subsecutivo.
A abordagem realista concebe o sistema internacional formado por Estados soberanos que
interagem livremente, sem norma superior, o que caracteriza um estado latente e permanente
de guerra.

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Em síntese, a abordagem realista prega que não há um ordenamento jurídico internacional


capaz de coagir os Estados a determinados comportamentos, de modo que esses Estados, no
sistema internacional, tendem a interagir livremente, de forma que haveria um “estado latente
e permanente de guerra”.

Independentemente da vertente do realismo, é importante notar que para os autores que concor-
dam com o postulado da Realpolitik, enquanto atores internacionais relevantes para as relações
internacionais, os estados se moveriam dentro de um ambiente estruturalmente anárquico e, em
virtude de suas próprias características, colocariam um desafio para o direito internacional. (AC-
CIOLY; CASELLA; SILVA, 2021, p. 35).

Certo.

012. (CEBRASPE/CESPE/DIPLOMATA/TERCEIRO SECRETÁRIO/2012) A República Federa-


tiva do Brasil rege-se, em suas relações internacionais, por princípios de direito internacional
público previstos de forma expressa na CF. Acerca da constitucionalização do direito interna-
cional público no ordenamento jurídico brasileiro, julgue (C ou E) o item subsequente.
O compromisso da República Federativa do Brasil com a manutenção da paz e com a não beli-
gerância é enfatizado por referências textuais da Lei Maior à solução pacífica de controvérsias
na ordem internacional.

Estabelece o art. 4º da Constituição Federal de 1988 que:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos;
IV – não-intervenção;
V – igualdade entre os Estados;
VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo político.

Nota-se, portanto, que a manutenção da paz e a não beligerância é enfatizado pelo texto da
nossa Lei Maior, especialmente quando faz referência à solução pacífica de controvérsias na
ordem internacional.
Certo.

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013. (CEBRASPE/CESPE/DIPLOMATA/TERCEIRO SECRETÁRIO/2012) A República Federa-


tiva do Brasil rege-se, em suas relações internacionais, por princípios de direito internacional
público previstos de forma expressa na CF. Acerca da constitucionalização do direito interna-
cional público no ordenamento jurídico brasileiro, julgue (C ou E) o item subsequente.
No Brasil, a não intervenção e a não ingerência em assuntos internos de outras nações estão
incorporadas à CF como normas que impedem o país de, sem prévia declaração de guerra,
empregar suas Forças Armadas fora do território nacional.

Fique Atento(a)! Embora a Constituição Federal expressamente estabeleça, no seu art. 4º, inciso
IV, a “não intervenção”, ou seja, a não ingerência em assuntos internos de outras nações, isso
não impede o país de, sem prévia declaração de guerra, empregar suas Forças Armadas fora
do território nacional. Vale lembrar que o Brasil aderiu a missões humanitárias de paz, promo-
vidas pela ONU, em que envia efetivo para outros países a fim de resolver conflitos e pacificar
territórios, exemplo disso são as missões de paz no Haiti e no Libano1.
Errado.

014. (CEBRASPE/CESPE/ANAC/ANALISTA ADMINISTRATIVO/ÁREA 3/2012) No que con-


cerne ao direito internacional público, julgue o item a seguir.
De acordo com a corrente voluntarista, a obrigatoriedade das normas de direito internacional
público deve-se a razões objetivas, não vinculadas à vontade dos Estados.

A corrente voluntarista, como o próprio nome sugere, defende que os Estados soberanos devem
cumprir com suas obrigações no âmbito internacional justamente por ter – voluntariamente – a
elas aderido. Portanto, a obrigatoriedade das normas de direito internacional está vinculada à
vontade dos Estados.
Errado.

015. (CEBRASPE/CESPE/DIPLOMATA/TERCEIRO SECRETÁRIO/2003) A República de Utopia


e o Reino de Lilliput são dois Estados nacionais vizinhos cuja relação tornou-se conflituosa
nos últimos anos devido à existência de sérios indícios de que Lilliput estaria prestes a de-
senvolver tecnologia suficiente para a fabricação de armamentos nucleares, fato que Utopia
entendia como uma ameaça direta a sua segurança. Após várias tentativas frustradas de
fazer cessar o programa nuclear lilliputiano, a República de Utopia promoveu uma invasão
armada a Lilliput em dezembro de 2001 e, após uma guerra que durou três meses, depôs o
rei e promoveu a convocação da Assembléia Nacional Constituinte, que outorgou a Lilliput

1
BRASIL, Ministério da Defesa. Disponível em: < https://www.gov.br/defesa/pt-br/assuntos/relacoes-internacionais/copy_of_missoes-de-paz>.

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sua atual constituição. Nessa constituição, que é democrática e republicana, as antigas pro-
víncias foram convertidas em estados e foi instituído, no lugar do antigo Reino de Lilliput, a
atual República Federativa Lilliputiana.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Considerando que a constituição da República Federativa Lilliputiana define que os tratados
internacionais têm primazia sobre as leis internas, é correto afirmar que o referido Estado adota
a teoria dualista das relações entre direito internacional e direito interno, pois sua constituição
confere tratamento diferenciado a esses dois elementos.

Em verdade o examinador contou toda essa história verificar se sabemos a diferença entre as
correntes dualista e monista. Em síntese, o monismo (prefixo “mono” = um) defende a existên-
cia de uma única ordem jurídica, de modo que considera as normas e tratados internacionais
incorporados ao ordenamento jurídico em posição supralegal, ou seja, superior às suas normas
internas. Para esse teoria não há necessidade de um diploma legal interno que reconheça a
validade das normas internacionais, pois elas tem aplicabilidade imediata.
O dualismo (prefixo “duo” = dois) prega a existência de dois ordenamentos jurídicos distintos
e independentes (Direito Interno x Direito Internacional), de modo que somente seria possível
a incorporação de um tratado internacional mediante um procedimento de incorporação, o
qual deve tramitar, necessariamente, no âmbito do Poder Legislativo. Significa dizer que, para
o dualismo, é necessário uma norma interna estabelecendo a incorporação ao ordenamento
jurídico da norma internacional.
Perceba que as características descritas no enunciado correspondem à teoria monista.
Errado.

016. (CEBRASPE/CESPE/SEN/CONSULTOR LEGISLATIVO/ASSESSORAMENTO LEGIS-


LATIVO/DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO, RELAÇÕES INTERNACIONAIS E DEFESA
NACIONAL/2002) Julgue o item seguinte.
Em relação à sua denominação, pode-se afirmar que a expressão direito transnacional, embora
mais ampla que a denominação direito internacional público, já consagrada, tem como mérito
a superação da dicotomia entre direito público e direito privado.

Alguns doutrinadores cunharam o termo direito transnacional para se referir à superação da


dicotomia entre Direito Internacional Público e Direito Internacional Privado, porém essa termi-
nologia não obteve êxito.
Certo.

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017. (CEBRASPE/CESPE/SEN/CONSULTOR LEGISLATIVO/ASSESSORAMENTO LEGIS-


LATIVO/DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO/RELAÇÕES INTERNACIONAIS E DEFESA
NACIONAL/2002) Julgue o item seguinte.
O direito civil influenciou em grande medida a formação de institutos do direito internacio-
nal público.

De fato, o Direito Civil influenciou em grande medida o Direito Internacional, basta pensarmos
que vários princípios do Direito Internacional possuem origem justamente no Direito Civil, a
exemplo as questões contratuais e seus princípios como o da “pacta sunt servanda”.
Certo.

018. (CEBRASPE/CESPE/SEN/CONSULTOR LEGISLATIVO/ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO/


DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO/RELAÇÕES INTERNACIONAIS E DEFESA NACIONAL/2002).
Julgue o item seguinte.
Duas doutrinas principais fundamentam o direito internacional público: a voluntarista e a objeti-
vista. A primeira sustenta que é na vontade dos Estados que está o fundamento do direito das
gentes; nela se inseriria a teoria dos direitos fundamentais. A segunda, por sua vez, sustenta
o fundamento do direito internacional na pressuposta existência de uma norma ou princípio
acima dos Estados, como, por exemplo, a teoria do consentimento.

Como vimos anteriormente, há duas doutrinas que embasam o Direito Internacional Público:
a voluntarista, que está relacionada com a livre manifestação de vontade dos Estados; e a
objetivista, cuja base seriam os valores superiores, dos quais a comunidade internacional não
poderia dispensar.
O único erro da questão foi afirmar que a teoria objetivista – “que sustenta o fundamento do
direito internacional na pressuposta existência de uma norma ou princípio acima dos Estados”
– estaria relacionada com “a teoria do consentimento”. Em verdade, a teoria do consentimento
(livre manifestação da vontade) é voluntarista.
Errado.

019. (CEBRASPE/CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/2002). Acerca das fontes do direito interna-


cional público (DIP), julgue o seguinte item.
Os precedentes judiciais são vinculativos tão-somente para as partes em um litígio e em relação
ao caso concreto, não tendo, assim, obrigatoriedade em DIP.

De fato, os precedentes judiciais vinculam apenas as partes que efetivamente participaram do


litígio e, portanto, tiveram a oportunidade de exercer contraditório e ampla defesa, razão pela

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qual os precedentes judiciais não criam obrigatoriedade em DIP em face de terceiros que não
participaram da lide.
Certo.

020. (COM. EXAM.TRF 2/JUIZ FEDERAL/TRF 2ª REGIÃO/XVI/2017) Quanto à internalização


de tratados ao ordenamento nacional, assinale a opção correta:
a) O sistema de recepção de tratados internacionais previsto na Constituição Federal não aco-
lhe o chamado princípio do efeito direto e imediato dos tratados ou convenções internacionais
sobre Direitos Humanos.
b) A extradição solicitada por Estado estrangeiro para fins de cumprimento de pena somente
poderá ser deferida depois de internalizado o tratado de extradição firmado entre o Brasil e o
respectivo Estado estrangeiro.
c) Somente após ser aprovado em duplo turno de votação, nas duas casas do Congresso Na-
cional, seguido de publicação de Decreto Presidencial, poderá o Tratado Internacional adquirir
validade no Direito Brasileiro.
d) Tratado internacional que verse sobre matéria que a Constituição brasileira reserva ao domínio
da Lei Complementar poderá ter aplicabilidade interna, bastando que no ato de internalização
seja observado o quórum de maioria absoluta previsto no artigo 69 da Constituição.
e) Tratados que versem sobre concretização de Direitos Humanos no plano interno não podem
ser objeto de denúncia pelo Estado Brasileiro, sob pena de violação ao postulado da proibição
de retrocesso.

a) Certa. De fato, a CF/1988 não consagrou os princípios do efeito direto/aplicabilidade ime-


diata em relação às normas internacionais.
Significa dizer que há necessidade de submeter os tratados internacionais, bem como as demais
normas de Direito Internacional, ao procedimento de incorporação para que tenham aplicabi-
lidade no âmbito interno. Enquanto não houver essa transposição, os tratados internacionais
não terão aplicabilidade no âmbito interno.
Veja como exemplo o que ocorre com os tratados internacionais sobre Direitos Humanos:

Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (BRASIL, Constituição Federal de 1988).

Em síntese, para incorporação dos tratados internacionais, deve-se observar as seguintes fases:
I – Assinatura pelo Presidente da República (art. 84, VIII, CF);
III – No âmbito do Poder Legislativo, o Congresso Nacional, por meio de Decreto Legislativo
aprova o referido Tratado Internacional (art. 49, I, CF);

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IV – Promulgado o DL, o Presidente da República fica autorizado a editar o Decreto Presidencial,


o qual ratifica e promulga definitivamente o texto do Tratado.
Superadas todas essas fases, o tratado adquire executoriedade no plano nacional, sendo in-
corporado ao ordenamento jurídico interno, via de regra, no mesmo patamar que Lei Ordinária.
Caso o tratado disponha sobre Direitos Humanos há duas hipóteses:
• Caso o tratado seja aprovado pelo rito comum (acima descrito), será incorporado como
norma supralegal, ou seja, estará acima da legislação infraconstitucional e abaixo da
Constituição Federal.
• Caso o tratado alcance os requisitos do § 3º do art. 5º da CF 88 (aprovados, em cada
Casa do CN, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros), serão
equivalentes às emendas constitucionais.
b) Errada. A extradição solicitada por Estado estrangeiro para fins de cumprimento de pena so-
mente poderá ser deferida depois de internalizado o tratado de extradição firmado entre o Brasil
e o respectivo Estado estrangeiro.
Via de regra, a extradição tem como base a existência de tratado prévio entre o Estado solicitante
e o solicitado. Contudo, a extradição também pode ser concedida nos casos em que o Estado
solicitante se comprometer com a reciprocidade. Previa o art. 76 do Estatuto do Estrangeiro
(Lei n. 9.815/1980) que:

Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o governo requerente se fundamentar em tra-
tado, ou quando prometer ao Brasil a reciprocidade. (grifou-se)

Embora a referida norma já tenha sido revogada pela Lei n. 13.445/2017 (Lei de Migração), o
mesmo entendimento prevalece. De acordo com julgado do STF, “a promessa de reciprocidade
torna indiferente a ausência de tratado, não impedindo a extradição” (STF – Ext n. 1.351, Relator
Min. Luiz Fux, Primeira Turma).
c) ) Errada. Somente após ser aprovado em duplo turno de votação, nas duas casas do Congresso
Nacional, seguido de publicação de Decreto Presidencial, poderá o Tratado Internacional adquirir
validade no Direito Brasileiro.
Como regra geral, os tratados são incorporados pelo rito comum, ou seja, depende apenas de
aprovação pelo CN. Somente será necessário o rito previsto no § 3º, do art. 5º da CF (aprovação
em 2 turnos por 3/5 dos seus membros), para que os tratados internacionais sobre direitos
humanos adquiram força de emenda constitucional.
d) Errada. Tratado internacional que verse sobre matéria que a Constituição brasileira reserva ao
domínio da Lei Complementar poderá ter aplicabilidade interna, bastando que no ato de inter-
nalização seja observado o quórum de maioria absoluta previsto no artigo 69 da Constituição.
Como vimos, a regra é que os tratados internacionais são incorporados ao ordenamento interno
no mesmo patamar que as leis ordinárias (exceto aquelas hipóteses de tratados sobre Direitos
Humanos), não podendo, portanto, dispor de questões reservadas às leis complementares.

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e) Errada. Tratados que versem sobre concretização de Direitos Humanos no plano interno não
podem ser objeto de denúncia pelo Estado Brasileiro, sob pena de violação ao postulado da proi-
bição de retrocesso.
A proibição do retrocesso foi consolidada pelo STF em relação aos direitos fundamentais de
caráter social. Em suma, a proibição do retrocesso tem como objetivo impedir que aqueles di-
reitos fundamentais já conquistados pelo cidadão e consagrados no texto constitucional sejam
revogados (STA 175-AgR/CE, rel. Min. Gilmar Mendes, julg. em 16/6/2009).
Letra a.

021. (CESGRANRIO/PROFISSIONAL PETROBRAS DE NÍVEL SUPERIOR/PETROBRAS/


DIREITO/2015) A homologação de uma sentença estrangeira no Brasil tem, como requisito
indispensável,
a) haver sido proferida por autoridade competente.
b) estar autenticada pelo Ministro da Justiça brasileiro.
c) estar acompanhada de tradução, podendo ser juramentada ou não.
d) ser decisão proferida por órgão colegiado ou tribunal.
e) terem sido as partes citadas adequadamente, não se admitindo a figura da revelia.

a) Certa. De acordo com a Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB):

Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes
requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no
lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. (em conformidade com o art. 105, I, ‘’i’’,
CF/88).

As demais alternativas não estão conformidade com o mencionado dispositivo:


b) Errada. Estar autenticada pelo Ministro da Justiça brasileiro.
Perceba que a lei não traz tal exigência. Ademais, nos termos da Resolução n. 9 do STJ, a au-
tenticação é de responsabilidade do cônsul brasileiro, e não do Ministro da Justiça:

Art. 5º Constituem requisitos indispensáveis à homologação de sentença estrangeira:


I – haver sido proferida por autoridade competente;
II – terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia;
III – ter transitado em julgado; e
IV – estar autenticada pelo cônsul brasileiro e acompanhada de tradução por tradutor oficial ou
juramentado no Brasil.

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Introdução ao Direito Internacional
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c) Errada. Estar acompanhada de tradução, podendo ser juramentada ou não.


A Resolução n. 9 do STJ, em seu art. 5º, determina expressamente a necessidade de tradução
oficial ou juramentada. Ressalta-se que a tradução oficial, por si só, já é juramentada.
d) Errada. Ser decisão proferida por órgão colegiado ou tribunal.
O requisito acima mencionado é “proferida por autoridade competente”, portanto, não há exi-
gência que seja por órgão colegiado ou tribunal.
e) Errada. Terem sido as partes citadas adequadamente, não se admitindo a figura da revelia.
O requisito é a citação válida. Se a parte não respondeu e isso acarretou revelia em nada impede
a homologação da sentença estrangeira.
Letra a.

022. (COM. EXAM./TRT 21ª REGIÃO/JUIZ DO TRABALHO/2015/VIII) Analise as assertivas


abaixo, e, a seguir, assinale a opção correta:
I – Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária
interna e serão observados pela que lhes sobrevenha.
II – O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado pode manifestar-se pela as-
sinatura, troca dos instrumentos constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou
adesão, ou por quaisquer outros meios, se assim acordado.
III – Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
IV – Compete ao Presidente da República, auxiliado pelos ministros de Estado, celebrar tratados,
convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.
a) todas as assertivas estão corretas.
b) apenas as assertivas I, II e III estão corretas.
c) apenas as assertivas II, III e IV estão corretas.
d) apenas as assertivas III e IV estão corretas.
e) todas as assertivas estão incorretas.

Vamos analisar uma a uma as assertivas:


I – Certa. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tribu-
tária interna e serão observados pela que lhes sobrevenha.
O Supremo Tribunal Federal assentou o entendimento de que os tratados celebrados pelo Bra-
sil são incorporados como Lei Ordinário, razão pela qual “revogam ou modificam a legislação
tributária interna”, é o que se denomina princípio “lex posterior derogat legi priori” (lei posterior
derroga a lei anterior por ela revogada). Inclusive, esse é a exata disposição do art. 98 do CTN:

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Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária
interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.

É importante mencionar que há divergências doutrinárias e jurisprudenciais acerca dessa


temática, a exemplo o julgado do STF, RE n. 460320/PR, porém a banca não irá adentrar em
temas muito divergentes, justamente pela possibilidade de eventuais anulações das questões.
Portanto, recomendamos estudar o princípio em vigor e a regra geral mencionada, pois já será
o suficiente para acertarmos eventuais questões sobre o tema.
II – Certa. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado pode manifestar-se pela
assinatura, troca dos instrumentos constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou
adesão, ou por quaisquer outros meios, se assim acordado.
É exatamente o que estabelece o art. 11 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados:

Artigo 11: Meios de manifestar consentimento em obrigar-se por um tratado.


1. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado pode manifestar-se pela assinatura,
troca dos instrumentos constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, ou
por quaisquer outros meios, se assim for acordado.

III – Certa. Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Em conformidade com o § 3º do art. 5º da Constituição Federal:

Art. 5º [...] § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

IV – Errada. Compete ao Presidente da República, auxiliado pelos ministros de Estado, celebrar


tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.
Em verdade, trata-se de competência exclusiva do Presidente da República, nos termos do art.
84, VIII da Constituição Federal:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


[...]
VIII – celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;

Letra b.

023. (CESPE CEBRASPE/2021/APEX BRASIL/ANALISTA/PROCESSOS JURÍDICOS/2021)


O direito internacional privado, haja vista sua natureza, seu objeto e suas principais fontes
normativas, é, em sua essência, um direito de natureza
a) jurídica interna, ao qual cabe resolver a questão jurídica propriamente dita, sendo regido
primordialmente por tratados e convenções.

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b) jurídica internacional, ao qual cabe apontar o ordenamento jurídico aplicável ao caso concreto,
sendo formado primordialmente por fontes supranacionais.
c) jurídica internacional, incumbido de solucionar diretamente a situação conflituosa apresen-
tada, sendo regido principalmente pela lei interna de cada estado nacional.
d) jurídica interna, ao qual cabe indicar a norma jurídica que poderá ser utilizada no caso con-
creto, sendo preponderantemente composto de normas produzidas pelo legislador interno.

Fique Atento(a)! O objetivo do direito internacional privado é solucionar eventuais conflitos entre
leis estrangeiras, indicando quais normas devem ser aplicadas ao caso concreto. Portanto, é
regido pelo direito interno, ou seja, é o ordenamento jurídico pátrio que irá indicar a norma que
tem validade no caso concreto.
De acordo com o professor Valerio de Oliveira Mazzuoli (2021, p. 36), o Direito Internacional Privado:

[...] Trata-se do conjunto de princípios e regras de direito público destinados a reger os fatos que
orbitam ao redor de leis estrangeiras contrárias, bem assim os efeitos jurídicos que uma norma
interna pode ter para além do domínio do Estado em que foi editada, quer as relações jurídicas
subjacentes sejam de direito privado ou público. Como se vê, o DIPr é a expressão exterior do direito
interno estatal (civil, comercial, administrativo, tributário, trabalhista etc.).

Letra d.

024. (CESPE/CEBRASPE/AGU/ADVOGADO/2022) Princípios de tolerância são discutidos


no contexto internacional desde a Declaração de Princípios de Tolerância da ONU, de 1995; e,
recentemente, o Brasil promulgou a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discrimi-
nação Racial e Formas Correlatas de Intolerância. A partir desses documentos, julgue os itens.
Tolerância não pode ser considerada uma situação de condescendência ou indulgência em
relação à diversidade cultural do mundo.

Sobre esse tema, vejamos o que dispõe o artigo 1º da Declaração da ONU – Declaração de
Princípios sobre a Tolerância de 1995:

Artigo 1º Significado da tolerância.


1.1 A tolerância é o respeito, a aceitação e a apreço da riqueza e da diversidade das culturas de
nosso mundo, de nossos modos de expressão e de nossas maneiras de exprimir nossa qualidade de
seres humanos. É fomentada pelo conhecimento, a abertura de espírito, a comunicação e a liberdade
de pensamento, de consciência e de crença. A tolerância é a harmonia na diferença. Não só é um
dever de ordem ética; é igualmente uma necessidade política e jurídica. A tolerância é uma virtude
que torna a paz possível e contribui para substituir uma cultura de guerra por uma cultura de paz.
1.2 A tolerância não é concessão, condescendência, indulgência. A tolerância é, antes de tudo,
uma atitude ativa fundada no reconhecimento dos direitos universais da pessoa humana e das

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liberdades fundamentais do outro. Em nenhum caso a tolerância poderia ser invocada para justi-
ficar lesões a esses valores fundamentais. A tolerância deve ser praticada pelos indivíduos, pelos
grupos e pelo Estado.

Certo.

025. (CESPE/CEBRASPE/DPF/DELEGADO/2021) Em relação à importância dos elementos


que compõem o Estado, julgue os seguintes itens.
Estados são formados por três elementos conjugados: base territorial, comunidade humana e
uma forma de governo que pode estar subordinada à autoridade exterior.

Fique Ligado(a)! Como estudamos, os Estados detém soberania dentro de seus territórios, de
tal modo que não podem estar subordinados à nenhuma autoridade exterior. Logo, podemos
afirmar que os Estados são formados por: uma base territorial, comunidade humana e uma
forma de governo soberano.
Errado.

026. (CESPE/CEBRASPE/DPF/DELEGADO/2021) Os Estados possuem autonomia para


decidir sobre a entrada de indivíduos em seu território. Nesse sentido, o Brasil estabelece
que poderá ser impedida de ingressar no País, após entrevista individual e independente de
fundamento, a pessoa que apresente documento de viagem que não seja válido para o Brasil.

Cuidado com os detalhes! De fato, o Brasil estabelece que poderá ser impedida de ingressar
no País, após entrevista individual, a pessoa que apresente documento de viagem que não seja
válido para o Brasil. Porém, o ato que impede o ingresso no País tem que ser fundamentado.
Assim estabelece a lei n. 13.445/2017 – Lei de Migração:

Art. 45. Poderá ser impedida de ingressar no País, após entrevista individual e mediante ato fun-
damentado, a pessoa:
[...]
V – que apresente documento de viagem que:
não seja válido para o Brasil;

Errado.

027. (CESPE/CEBRASPE/SF ADVOGADO/2020/ADAPTADA) A respeito das fontes de direito


internacional público, julgue o item a seguir.
A lista das fontes de Direito Internacional prevista na Convenção de Viena de 1969 é meramente
exemplificativa e não estabelece uma hierarquia entre tais fontes.

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De fato, a lista das fontes de DIP prevista na Convenção de Viena de 1969 é meramente exem-
plificativa, ou seja, podem existir outras fontes que não constem expressamente na convenção.
Ademais, não há hierarquia entre essas fontes.
Certo.

028. (CEBRASPE/CESPE/OAB REGIONALIZADO/UNIFICADO PARCIAL/EXAME ANUAL


3/2009/ADAPTADA) No âmbito do direito internacional, a soberania, importante caracte-
rística do palco internacional, significa a possibilidade da Organização das Nações Unidas
estabelecer normas a serem aplicadas diretamente nos Estados membros.

Em suma, a soberania significa que cada Estado é soberano em seu território, razão pela qual,
somente ele pode determinar as normas a serem aplicadas em âmbito interno, não podendo
outro Estado, nem mesmo a ONU, criar normas a serem aplicadas diretamente ao ordenamento
jurídico interno.
Errado.

029. (CESGRANRIO/PROFISSIONAL PETROBRAS DE NÍVEL SUPERIOR/PETROBRAS/DI-


REITO/2015/ADAPTADA) A homologação de uma sentença estrangeira no Brasil tem, como
requisito indispensável, estar acompanhada de tradução por intérprete autorizado.

Está correta a afirmativa. De acordo com a Lei de Introdução às Normas de Direito Brasilei-
ro (LINDB):

Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes
requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no
lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. (em conformidade com o art. 105, I, ‘’i’’,
CF/88).

Certo.

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Introdução ao Direito Internacional
Jesser Borges

030. (INÉDITA/2023) Tendo por base as normas gerais e os princípios que regem o Direito
Internacional julgue o item a seguir.
Somente poderá ser executada no Brasil a sentença estrangeira proferida por juiz competente.

Está correta a afirmativa. De acordo com a Lei de Introdução às Normas de Direito Brasilei-
ro (LINDB):

Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes
requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no
lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. (em conformidade com o art. 105, I, ‘’i’’,
CF/88).

Certo.

031. (INÉDITA/2023) Tendo por base as normas gerais e os princípios que regem o Direito
Internacional julgue o item a seguir.
Não constitui um dos princípios que regem a República Federativa do Brasil em suas relações
internacionais a concessão de asilo político.

Está errada a afirmativa. De acordo o art. 4º da Constituição Federal:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos;
IV – não-intervenção;
V – igualdade entre os Estados;
VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo político.

Errado.

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032. (INÉDITA/2023) Tendo por base as normas gerais e os princípios que regem o Direito
Internacional julgue o item a seguir.
A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

Está correta a assertiva. Assim estabelece o parágrafo único do art. 4º da Constituição Federal:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
[...]
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social
e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana
de nações.

Certo.

033. (INÉDITA/2023) Tendo por base as normas gerais e os princípios que regem o Direito
Internacional julgue o item a seguir.
A teoria dualista defende a existência de uma única ordem jurídica, de modo que considera as
normas e tratados internacionais incorporados ao ordenamento jurídico em posição supralegal,
ou seja, superior às suas normas internas.

Está errada a assertiva. O examinador trocou os termos. Em verdade, é o monismo (prefixo


“mono” = um) que defende a existência de uma única ordem jurídica, de modo que considera
as normas e tratados internacionais incorporados diretamente ao ordenamento jurídico em
posição supralegal, ou seja, superior às suas normas internas.
Errado.

034. (INÉDITA/2023) Considerando as normas gerais e os princípios que regem o Direito


Internacional julgue o item a seguir.
Para a teoria dualista as normas de direito interno não se confundem com as normas de direito
internacional, razão pela qual são independentes não havendo ingerência das normas do direito
internacional diretamente no ordenamento jurídico interno.

Está correto! O dualismo (prefixo “duo” = dois) prega a existência de dois ordenamentos jurídicos
distintos e independentes (Direito Interno x Direito Internacional), de modo que somente seria
possível a incorporação de um tratado internacional mediante um procedimento de incorpo-

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Introdução ao Direito Internacional
Jesser Borges

ração, o qual deve tramitar, necessariamente, no âmbito do Poder Legislativo. Significa dizer
que, para o dualismo, as normas de Direito Internacional não são incorporadas diretamente ao
ordenamento jurídico interno.
Certo.

035. (INÉDITA/2023) Considerando as normas e os princípios gerais que regem o Direito


Internacional julgue o item a seguir.
Consideram-se fontes do direito internacional: as convenções internacionais; o costume interna-
cional; os princípios gerais de direito reconhecidos pelas Nações civilizadas; e, como meio auxiliar,
as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes Nações.

Assertiva correta! Estabelece o Art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça – CIJ


de 1920 que:

Artigo 38. 1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias
que lhe forem submetidas, aplicará:
a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais. que estabeleçam regras expressa-
mente reconhecidas pelos Estados litigantes;
b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;
c) os princípios gerais de direito reconhecidos pelas Nações civilizadas;
d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas mais
qualificados das diferentes Nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.

Importante ressaltar que esse é um rol meramente exemplificativo, ou seja, podem ser estabe-
lecidas outras fontes para o Direito Internacional.
Certo.

036. (INÉDITA/2023) Considerando as normas e os princípios gerais que regem o Direito


Internacional julgue o item a seguir.
Um dos princípios basilares do Direito Internacional é a solução pacífica dos conflitos, o que
impede que os Estados utilizem suas forças armadas.

Assertiva errada! De fato, a solução pacífica dos conflitos é um dos princípios basilares do
Direito Internacional, porém isso não impede o uso das forças armadas. Imagine, por exemplo,
uma invasão de Estado estrangeiro. Ora, nessa hipótese não há princípio que proíba o Estado
invadido de se defender com suas forças armadas. Outra hipótese são as missões de paz, em
que os Estados enviam suas forças armadas para pacificarem territórios.
Errado.

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037. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, os tratados e convenções internacionais so-
bre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às normas
infraconstitucionais.

Fique Atento(a)! O examinador trocou o status de incorporação dos tratados internacionais


sobre direitos humanos. Em verdade, os tratados e convenções internacionais sobre direitos
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Errado.

038. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
Compete exclusivamente ao Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados,
acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patri-
mônio nacional.

Corretíssimo! É exatamente o que dispõe o art. 49, I, da Constituição Federal, vejamos:

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos
ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
[...]

Certo.

039. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
Compete privativamente ao Presidente da República celebrar tratados, convenções e atos in-
ternacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.

É exatamente o que estabelece o art. 84, VIII, da Constituição Federal, vejamos:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


[...]
VIII – celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso
Nacional;

Certo.

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040. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
É da competência do Superior Tribunal de Justiça julgar, mediante recurso especial, as causas
decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida declarar a inconstituciona-
lidade de tratado ou lei federal.

Cuidado com as pegadinhas! É ao Supremo Tribunal Federal que compete julgar, mediante
recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão
recorrida declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal. Assim dispõe o art. 102, III, b:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
[...]
III – julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância,
quando a decisão recorrida:
[...]
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

Errado.

041. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em recurso especial, as causas decididas, em
única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida contrariar tratado ou lei federal, ou
negar-lhes vigência.

É exatamente isso. Assim estabelece o art. 105, III, a, da CF de 1988:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


[...]
III – julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribu-
nais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a
decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

Perceba que, nesse caso, a decisão não declara a inconstitucionalidade do tratado, mas apenas
contraria as suas disposição ou nega vigência a determinado caso concreto, razão pela qual
cabe ao STJ julgar a questão em recurso especial.
Certo.

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042. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
Para que os tratados internacionais sejam incorporados ao ordenamento jurídico pátrio é ne-
cessário, primeiramente, a assinatura pelo Presidente da República. Na sequência deverá ser
submetido à referendo pelo Congresso Nacional.

Correta a afirmativa. De acordo com o art. 84, VIII:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


[...]
VIII – celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.

Certo.

043. (INÉDITA/2023) Tendo por referência as normas sobre os tratados internacionais julgue
o item a seguir.
Os tratados que forem incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro, após referendados pelo
Congresso Nacional, passam a integrar o direito interno com status de emenda constitucional.

Somente os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, é que serão equivalentes às emendas constitucionais (art. 5º, § 3º).
Podemos sintetizar a hierarquia dos tratados no âmbito interno da seguinte forma:

Errado.

044. (INÉDITA/2023) No âmbito do direito internacional, o princípio da proibição ao retro-


cesso significa que não podem ser criadas normas que restrinjam direitos fundamentais já
consagrados pela sociedade internacional.

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É exatamente isso! O princípio da proibição (ou vedação) ao retrocesso estabelece que não
podem ser criadas normas restringindo direitos fundamentais já consagrados pela sociedade
internacional.
Certo.

045. (INÉDITA/2023) Tendo como norte as diretrizes do Direito Internacional, julgue o


item a seguir.
Um dos princípios fundamentais que regem as relações internacionais é a solução pacífica dos
conflitos.

Está correto! Inclusive a própria Constituição Federal, no art. 4º, estabelece que:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
[...]
VII – solução pacífica dos conflitos;
[...]

Certo.

046. (INÉDITA/2023) Tendo como norte as diretrizes do Direito Internacional, julgue o


item a seguir.
No cenário internacional, prevalece a dependência dos Estados economicamente subdesenvol-
vidos em relação aos Estados desenvolvidos.

Nada disso! Um dos princípios fundamentais de Direito Internacional é a soberania, segundo o


qual todos os Estados (independentemente de sua condição econômica, cultural, social etc.)
detém total autonomia no âmbito do seu território, não sendo correto afirmar que são depen-
dentes de outros Estados. Ademais, vale lembrar que a Constituição Federal estabelece que:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos;
IV – não-intervenção;
V – igualdade entre os Estados;

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VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo político.

Errado.

047. (INÉDITA/2023) Tendo como norte as diretrizes do Direito Internacional, julgue o


item a seguir.
No cenário internacional prevalece o princípio da soberania dos Estados, segundo o qual os
Estados que integram grupos econômicos mais fortes podem fixar regras a serem cumpridas
pelos demais Estados.

O princípio da soberania, em verdade, prega que todos os Estados são soberanos e encontram-se
em “pé de igualdade” nas relações internacional, razão pela qual nenhum Estado detém poder
de fixar normas a serem cumpridas coercitivamente por outro Estado.
Errado.

048. (INÉDITA/2023) Tendo como norte as diretrizes do Direito Internacional, julgue o


item a seguir.
Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente, a extradição soli-
citada por Estado estrangeiro.

Cuidado! Em verdade, cabe ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente, a


extradição solicitada por Estado estrangeiro, nos termos do art. 102, I, “g”.
Errado.

049. (INÉDITA/2023) Considerando as normas de Direito Internacional, julgue o item a seguir.


Compete ao Superior Tribunal de Justiça a homologação de sentenças estrangeiras e a con-
cessão de exequatur às cartas rogatórias.

Exato! Trata-se da literalidade do art. 105, I, “i” da Constituição Federal (incluído pela Emenda
Constitucional n. 45 de 2004). Vejamos:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


I – processar e julgar, originariamente:
[...]
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;

Certo.

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050. (INÉDITA/2023) A respeito das fontes do direito internacional público, julgue o item a seguir.
A designação do depositário de um tratado pode ser feita pelos Estados negociadores no próprio
tratado ou de alguma outra forma.

Está correto! Estabelece a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, em seu art. 76, que:

Art. 76. Depositários de Tratados


1. A designação do depositário de um tratado pode ser feita pelos Estados negociadores no próprio
tratado ou de alguma outra forma. O depositário pode ser um ou mais Estados, uma organização
internacional ou o principal funcionário administrativo dessa organização. (grifou-se)

Certo.

051. (INÉDITA/2023) A respeito das fontes do direito internacional público, julgue o item a seguir.
Conforme a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, os princípios do livre consenti-
mento e da boa-fé e a regra pacta sunt servanda são universalmente reconhecidos, afirmando
que as controvérsias relativas aos tratados, tais como outras controvérsias internacionais,
devem ser solucionadas por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da Justiça
e do Direito Internacional.

Está correto! A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, em seu preâmbulo, reconhe-
ce os princípios do livre consentimento; boa-fé; pacta sunt servanda (as cláusulas pactuadas
devem ser cumpridas); bem como da solução pacífica dos conflitos.
Certo.

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REFERÊNCIAS
ACCIOLY, Hildebrando; CASELLA, Paulo Borba; SILVA, G. E. do Nascimento. Manual de direito
internacional público. 25ª ed. São Paulo: Saraiva, 2021.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988.

BRASIL. Decreto n. 7.030/2009. Promulga a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados
de 1969. Disponível em: < https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/
d7030.htm>.

MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Privado. 5ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2021.

RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional. 6ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2016.

VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019.

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ANEXO

Convenção de Viena Sobre Direito dos Tratados (Decreto n. 7.030/2009):


Promulga a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio
de 1969, com reserva aos Artigos 25 e 66.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV,
da Constituição, e
Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por meio do Decreto Legislativo no 496,
de 17 de julho de 2009, a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23
de maio de 1969, com reserva aos Artigos 25 e 66;
Considerando que o Governo brasileiro depositou o instrumento de ratificação da referida
Convenção junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas em 25 de setembro de 2009;
DECRETA:
Art. 1º A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio de
1969, com reserva aos Artigos 25 e 66, apensa por cópia ao presente Decreto, será executada
e cumprida tão inteiramente como nela se contém.
Art. 2º São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resul-
tar em revisão da referida Convenção ou que acarretem encargos ou compromissos gravosos
ao patrimônio nacional, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição.
Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 14 de dezembro de 2009

CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O DIREITO DOS TRATADOS


Os Estados Partes na presente Convenção,
Considerando o papel fundamental dos tratados na história das relações internacionais,
Reconhecendo a importância cada vez maior dos tratados como fonte do Direito Inter-
nacional e como meio de desenvolver a cooperação pacífica entre as nações, quaisquer que
sejam seus sistemas constitucionais e sociais,
Constatando que os princípios do livre consentimento e da boa-fé e a regra pacta sunt
servanda são universalmente reconhecidos,
Afirmando que as controvérsias relativas aos tratados, tais como outras controvérsias
internacionais, devem ser solucionadas por meios pacíficos e de conformidade com os prin-
cípios da Justiça e do Direito Internacional,
Recordando a determinação dos povos das Nações Unidas de criar condições necessárias
à manutenção da Justiça e do respeito às obrigações decorrentes dos tratados,
Conscientes dos princípios de Direito Internacional incorporados na Carta das Nações
Unidas, tais como os princípios da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos,

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da igualdade soberana e da independência de todos os Estados, da não-intervenção nos as-


suntos internos dos Estados, da proibição da ameaça ou do emprego da força e do respeito
universal e observância dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos,
Acreditando que a codificação e o desenvolvimento progressivo do direito dos tratados
alcançados na presente Convenção promoverão os propósitos das Nações Unidas enunciados
na Carta, que são a manutenção da paz e da segurança internacionais, o desenvolvimento
das relações amistosas e a consecução da cooperação entre as nações,
Afirmando que as regras do Direito Internacional consuetudinário continuarão a reger as
questões não reguladas pelas disposições da presente Convenção,
Convieram no seguinte:
PARTE I
Introdução
Artigo 1
Âmbito da Presente Convenção
A presente Convenção aplica-se aos tratados entre Estados.
Artigo 2
Expressões Empregadas
1. Para os fins da presente Convenção:
a) “tratado” significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido
pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instru-
mentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica;
b) “ratificação”, “aceitação”, “aprovação” e “adesão” significam, conforme o caso, o ato
internacional assim denominado pelo qual um Estado estabelece no plano internacional o
seu consentimento em obrigar-se por um tratado;
c) “plenos poderes” significa um documento expedido pela autoridade competente de um
Estado e pelo qual são designadas uma ou várias pessoas para representar o Estado na nego-
ciação, adoção ou autenticação do texto de um tratado, para manifestar o consentimento do
Estado em obrigar-se por um tratado ou para praticar qualquer outro ato relativo a um tratado;
d) “reserva” significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou de-
nominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele
aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado
em sua aplicação a esse Estado;
e) “Estado negociador” significa um Estado que participou na elaboração e na adoção do
texto do tratado;
f) “Estado contratante” significa um Estado que consentiu em se obrigar pelo tratado,
tenha ou não o tratado entrado em vigor;
g) “parte” significa um Estado que consentiu em se obrigar pelo tratado e em relação ao
qual este esteja em vigor;
h) “terceiro Estado” significa um Estado que não é parte no tratado;
i) “organização internacional” significa uma organização intergovernamental.

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2. As disposições do parágrafo 1 relativas às expressões empregadas na presente Con-


venção não prejudicam o emprego dessas expressões, nem os significados que lhes possam
ser dados na legislação interna de qualquer Estado.

Artigo 3
Acordos Internacionais Excluídos do Âmbito da Presente Convenção
O fato de a presente Convenção não se aplicar a acordos internacionais concluídos entre
Estados e outros sujeitos de Direito Internacional, ou entre estes outros sujeitos de Direito In-
ternacional, ou a acordos internacionais que não sejam concluídos por escrito, não prejudicará:
a) a eficácia jurídica desses acordos;
b) a aplicação a esses acordos de quaisquer regras enunciadas na presente Convenção às
quais estariam sujeitos em virtude do Direito Internacional, independentemente da Convenção;
c) a aplicação da Convenção às relações entre Estados, reguladas em acordos internacio-
nais em que sejam igualmente partes outros sujeitos de Direito Internacional.

Artigo 4
Irretroatividade da Presente Convenção
Sem prejuízo da aplicação de quaisquer regras enunciadas na presente Convenção a
que os tratados estariam sujeitos em virtude do Direito Internacional, independentemente da
Convenção, esta somente se aplicará aos tratados concluídos por Estados após sua entrada
em vigor em relação a esses Estados.

Artigo 5
Tratados Constitutivos de Organizações Internacionais e Tratados Adotados no Âmbito de
uma Organização Internacional
A presente Convenção aplica-se a todo tratado que seja o instrumento constitutivo de uma
organização internacional e a todo tratado adotado no âmbito de uma organização interna-
cional, sem prejuízo de quaisquer normas relevantes da organização.
PARTE II
Conclusão e Entrada em Vigor de Tratados
SEÇÃO 1
Conclusão de Tratados
Artigo 6
Capacidade dos Estados para Concluir Tratados
Todo Estado tem capacidade para concluir tratados.
Artigo 7
Plenos Poderes
1. Uma pessoa é considerada representante de um Estado para a adoção ou autenticação
do texto de um tratado ou para expressar o consentimento do Estado em obrigar-se por um
tratado se:
a) apresentar plenos poderes apropriados; ou

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b) a prática dos Estados interessados ou outras circunstâncias indicarem que a intenção


do Estado era considerar essa pessoa seu representante para esses fins e dispensar os ple-
nos poderes.
2. Em virtude de suas funções e independentemente da apresentação de plenos poderes,
são considerados representantes do seu Estado:
a) os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros das Relações Exteriores,
para a realização de todos os atos relativos à conclusão de um tratado;
b) os Chefes de missão diplomática, para a adoção do texto de um tratado entre o Estado
acreditante e o Estado junto ao qual estão acreditados;
c) os representantes acreditados pelos Estados perante uma conferência ou organização
internacional ou um de seus órgãos, para a adoção do texto de um tratado em tal conferência,
organização ou órgão.

Artigo 8
Confirmação Posterior de um Ato Praticado sem Autorização

Um ato relativo à conclusão de um tratado praticado por uma pessoa que, nos termos
do artigo 7, não pode ser considerada representante de um Estado para esse fim não produz
efeitos jurídicos, a não ser que seja confirmado, posteriormente, por esse Estado.

Artigo 9
Adoção do Texto

1. A adoção do texto do tratado efetua-se pelo consentimento de todos os Estados que


participam da sua elaboração, exceto quando se aplica o disposto no parágrafo 2.
2. A adoção do texto de um tratado numa conferência internacional efetua-se pela maioria
de dois terços dos Estados presentes e votantes, salvo se esses Estados, pela mesma maioria,
decidirem aplicar uma regra diversa.

Artigo 10
Autenticação do Texto

O texto de um tratado é considerado autêntico e definitivo:


a) mediante o processo previsto no texto ou acordado pelos Estados que participam da
sua elaboração; ou
b) na ausência de tal processo, pela assinatura, assinatura ad referendum ou rubrica, pe-
los representantes desses Estados, do texto do tratado ou da Ata Final da Conferência que
incorporar o referido texto.

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Artigo 11
Meios de Manifestar Consentimento em Obrigar-se por um Tratado
O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado pode manifestar-se pela
assinatura, troca dos instrumentos constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação
ou adesão, ou por quaisquer outros meios, se assim acordado.

Artigo 12
Consentimento em Obrigar-se por um Tratado Manifestado pela Assinatura
1. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela assi-
natura do representante desse Estado:
a) quando o tratado dispõe que a assinatura terá esse efeito;
b) quando se estabeleça, de outra forma, que os Estados negociadores acordaram em dar
à assinatura esse efeito; ou
c) quando a intenção do Estado interessado em dar esse efeito à assinatura decorra dos
plenos poderes de seu representante ou tenha sido manifestada durante a negociação.
2. Para os efeitos do parágrafo 1:
a) a rubrica de um texto tem o valor de assinatura do tratado, quando ficar estabelecido
que os Estados negociadores nisso concordaram;
b) a assinatura ad referendum de um tratado pelo representante de um Estado, quando
confirmada por esse Estado, vale como assinatura definitiva do tratado.

Artigo 13
Consentimento em Obrigar-se por um Tratado Manifestado pela Troca dos seus Instrumen-
tos Constitutivos
O consentimento dos Estados em se obrigarem por um tratado, constituído por instru-
mentos trocados entre eles, manifesta-se por essa troca:
a) quando os instrumentos estabeleçam que a troca produzirá esse efeito; ou
b) quando fique estabelecido, por outra forma, que esses Estados acordaram em que a
troca dos instrumentos produziria esse efeito.

Artigo 14
Consentimento em Obrigar-se por um Tratado Manifestado pela Ratificação, Aceitação ou
Aprovação
1. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela ratificação:
a) quando o tratado disponha que esse consentimento se manifeste pela ratificação;
b) quando, por outra forma, se estabeleça que os Estados negociadores acordaram em
que a ratificação seja exigida;

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c) quando o representante do Estado tenha assinado o tratado sujeito a ratificação; ou


d) quando a intenção do Estado de assinar o tratado sob reserva de ratificação decorra
dos plenos poderes de seu representante ou tenha sido manifestada durante a negociação.
2. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela acei-
tação ou aprovação em condições análogas às aplicáveis à ratificação.

Artigo 15
Consentimento em Obrigar-se por um Tratado Manifestado pela Adesão

O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela adesão:


a) quando esse tratado disponha que tal consentimento pode ser manifestado, por esse
Estado, pela adesão;
b) quando, por outra forma, se estabeleça que os Estados negociadores acordaram em
que tal consentimento pode ser manifestado, por esse Estado, pela adesão; ou
c) quando todas as partes acordaram posteriormente em que tal consentimento pode ser
manifestado, por esse Estado, pela adesão.

Artigo 16
Troca ou Depósito dos Instrumentos de Ratificação, Aceitação, Aprovação ou Adesão

A não ser que o tratado disponha diversamente, os instrumentos de ratificação, aceitação,


aprovação ou adesão estabelecem o consentimento de um Estado em obrigar-se por um
tratado por ocasião:
a) da sua troca entre os Estados contratantes;
b) do seu depósito junto ao depositário; ou
c) da sua notificação aos Estados contratantes ou ao depositário, se assim for convencionado.

Artigo 17
Consentimento em Obrigar-se por Parte de um Tratado e Escolha entre Disposições Diferen-
tes

1. Sem prejuízo do disposto nos artigos 19 a 23, o consentimento de um Estado em obri-


gar-se por parte de um tratado só produz efeito se o tratado o permitir ou se outros Estados
contratantes nisso acordarem.
2. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado que permite a escolha
entre disposições diferentes só produz efeito se as disposições a que se refere o consenti-
mento forem claramente indicadas.

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Artigo 18
Obrigação de Não Frustrar o Objeto e Finalidade de um Tratado antes de sua Entrada em
Vigor
Um Estado é obrigado a abster-se da prática de atos que frustrariam o objeto e a finalidade
de um tratado, quando:
a) tiver assinado ou trocado instrumentos constitutivos do tratado, sob reserva de ratifica-
ção, aceitação ou aprovação, enquanto não tiver manifestado sua intenção de não se tornar
parte no tratado; ou
b) tiver expressado seu consentimento em obrigar-se pelo tratado no período que precede
a entrada em vigor do tratado e com a condição de esta não ser indevidamente retardada.
SEÇÃO 2
Reservas
Artigo 19
Formulação de Reservas
Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular
uma reserva, a não ser que:
a) a reserva seja proibida pelo tratado;
b) o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as
quais não figure a reserva em questão; ou
c) nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e
a finalidade do tratado.

Artigo 20
Aceitação de Reservas e Objeções às Reservas
1. Uma reserva expressamente autorizada por um tratado não requer qualquer aceitação
posterior pelos outros Estados contratantes, a não ser que o tratado assim disponha.
2. Quando se infere do número limitado dos Estados negociadores, assim como do ob-
jeto e da finalidade do tratado, que a aplicação do tratado na íntegra entre todas as partes é
condição essencial para o consentimento de cada uma delas em obrigar-se pelo tratado, uma
reserva requer a aceitação de todas as partes.
3. Quando o tratado é um ato constitutivo de uma organização internacional, a reserva
exige a aceitação do órgão competente da organização, a não ser que o tratado disponha
diversamente.
4. Nos casos não previstos nos parágrafos precedentes e a menos que o tratado disponha
de outra forma:
a) a aceitação de uma reserva por outro Estado contratante torna o Estado autor da reserva
parte no tratado em relação àquele outro Estado, se o tratado está em vigor ou quando entrar
em vigor para esses Estados;

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b) a objeção feita a uma reserva por outro Estado contratante não impede que o tratado
entre em vigor entre o Estado que formulou a objeção e o Estado autor da reserva, a não ser
que uma intenção contrária tenha sido expressamente manifestada pelo Estado que formulou
a objeção;
c) um ato que manifestar o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado
e que contiver uma reserva produzirá efeito logo que pelo menos outro Estado contratante
aceitar a reserva.
5. Para os fins dos parágrafos 2 e 4, e a não ser que o tratado disponha diversamente, uma
reserva é tida como aceita por um Estado se este não formulou objeção à reserva quer no
decurso do prazo de doze meses que se seguir à data em que recebeu a notificação, quer na
data em que manifestou o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado, se esta for posterior.

Artigo 21
Efeitos Jurídicos das Reservas e das Objeções às Reservas
1. Uma reserva estabelecida em relação a outra parte, de conformidade com os artigos
19, 20 e 23:
a) modifica para o autor da reserva, em suas relações com a outra parte, as disposições
do tratado sobre as quais incide a reserva, na medida prevista por esta; e
b) modifica essas disposições, na mesma medida, quanto a essa outra parte, em suas
relações com o Estado autor da reserva.
2. A reserva não modifica as disposições do tratado quanto às demais partes no tratado
em suas relações inter se.
3. Quando um Estado que formulou objeção a uma reserva não se opôs à entrada em
vigor do tratado entre ele próprio e o Estado autor da reserva, as disposições a que se refere
a reserva não se aplicam entre os dois Estados, na medida prevista pela reserva.

Artigo 22
Retirada de Reservas e de Objeções às Reservas
1. A não ser que o tratado disponha de outra forma, uma reserva pode ser retirada a
qualquer momento, sem que o consentimento do Estado que a aceitou seja necessário para
sua retirada.
2. A não ser que o tratado disponha de outra forma, uma objeção a uma reserva pode ser
retirada a qualquer momento.
3. A não ser que o tratado disponha ou fique acordado de outra forma:
a) a retirada de uma reserva só produzirá efeito em relação a outro Estado contratante
quando este Estado receber a correspondente notificação;
b) a retirada de uma objeção a uma reserva só produzirá efeito quando o Estado que for-
mulou a reserva receber notificação dessa retirada.
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Artigo 23
Processo Relativo às Reservas
1. A reserva, a aceitação expressa de uma reserva e a objeção a uma reserva devem ser
formuladas por escrito e comunicadas aos Estados contratantes e aos outros Estados que
tenham o direito de se tornar partes no tratado.
2. Uma reserva formulada quando da assinatura do tratado sob reserva de ratificação,
aceitação ou aprovação, deve ser formalmente confirmada pelo Estado que a formulou no
momento em que manifestar o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado. Nesse caso,
a reserva considerar-se-á feita na data de sua confirmação.
3. Uma aceitação expressa de uma reserva, ou objeção a uma reserva, feita antes da con-
firmação da reserva não requer confirmação.
4. A retirada de uma reserva ou de uma objeção a uma reserva deve ser formulada por escrito.

SEÇÃO 3
Entrada em Vigor dos Tratados e Aplicação Provisória
Artigo 24
Entrada em vigor
1. Um tratado entra em vigor na forma e na data previstas no tratado ou acordadas pelos
Estados negociadores.
2. Na ausência de tal disposição ou acordo, um tratado entra em vigor tão logo o consen-
timento em obrigar-se pelo tratado seja manifestado por todos os Estados negociadores.
3. Quando o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado for manifestado
após sua entrada em vigor, o tratado entrará em vigor em relação a esse Estado nessa data,
a não ser que o tratado disponha de outra forma.
4. Aplicam-se desde o momento da adoção do texto de um tratado as disposições relativas
à autenticação de seu texto, à manifestação do consentimento dos Estados em obrigarem-se
pelo tratado, à maneira ou à data de sua entrada em vigor, às reservas, às funções de depositá-
rio e aos outros assuntos que surjam necessariamente antes da entrada em vigor do tratado.

Artigo 25
Aplicação Provisória
1. Um tratado ou uma parte do tratado aplica-se provisoriamente enquanto não entra em
vigor, se:
a) o próprio tratado assim dispuser; ou
b) os Estados negociadores assim acordarem por outra forma.
2. A não ser que o tratado disponha ou os Estados negociadores acordem de outra forma,
a aplicação provisória de um tratado ou parte de um tratado, em relação a um Estado, termina

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se esse Estado notificar aos outros Estados, entre os quais o tratado é aplicado provisoria-
mente, sua intenção de não se tornar parte no tratado.

PARTE III
Observância, Aplicação e Interpretação de Tratados
SEÇÃO 1
Observância de Tratados
Artigo 26
Pacta sunt servanda
Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa fé.
Artigo 27
Direito Interno e Observância de Tratados
Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadim-
plemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46.

SEÇÃO 2
Aplicação de Tratados
Artigo 28
Irretroatividade de Tratados
A não ser que uma intenção diferente se evidencie do tratado, ou seja estabelecida de
outra forma, suas disposições não obrigam uma parte em relação a um ato ou fato anterior
ou a uma situação que deixou de existir antes da entrada em vigor do tratado, em relação a
essa parte.

Artigo 29
Aplicação Territorial de Tratados
A não ser que uma intenção diferente se evidencie do tratado, ou seja estabelecida de
outra forma, um tratado obriga cada uma da partes em relação a todo o seu território.

Artigo 30
Aplicação de Tratados Sucessivos sobre o Mesmo Assunto
1. Sem prejuízo das disposições do artigo 103 da Carta das Nações Unidas, os direitos e
obrigações dos Estados partes em tratados sucessivos sobre o mesmo assunto serão deter-
minados de conformidade com os parágrafos seguintes.
2. Quando um tratado estipular que está subordinado a um tratado anterior ou posterior
ou que não deve ser considerado incompatível com esse outro tratado, as disposições deste
último prevalecerão.

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3. Quando todas as partes no tratado anterior são igualmente partes no tratado posterior,
sem que o tratado anterior tenha cessado de vigorar ou sem que a sua aplicação tenha sido
suspensa nos termos do artigo 59, o tratado anterior só se aplica na medida em que as suas
disposições sejam compatíveis com as do tratado posterior.
4. Quando as partes no tratado posterior não incluem todas as partes no tratado anterior:
a) nas relações entre os Estados partes nos dois tratados, aplica-se o disposto no parágrafo 3;
b) nas relações entre um Estado parte nos dois tratados e um Estado parte apenas em
um desses tratados, o tratado em que os dois Estados são partes rege os seus direitos e
obrigações recíprocos.
5. O parágrafo 4 aplica-se sem prejuízo do artigo 41, ou de qualquer questão relativa à
extinção ou suspensão da execução de um tratado nos termos do artigo 60 ou de qualquer
questão de responsabilidade que possa surgir para um Estado da conclusão ou da aplicação
de um tratado cujas disposições sejam incompatíveis com suas obrigações em relação a
outro Estado nos termos de outro tratado.

SEÇÃO 3
Interpretação de Tratados
Artigo 31
Regra Geral de Interpretação

1. Um tratado deve ser interpretado de boa-fé segundo o sentido comum atribuível aos
termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade.
2. Para os fins de interpretação de um tratado, o contexto compreenderá, além do texto,
seu preâmbulo e anexos:
a) qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes em conexão com a
conclusão do tratado;
b) qualquer instrumento estabelecido por uma ou várias partes em conexão com a con-
clusão do tratado e aceito pelas outras partes como instrumento relativo ao tratado.
3. Serão levados em consideração, juntamente com o contexto:
a) qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação do tratado ou à apli-
cação de suas disposições;
b) qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se estabe-
leça o acordo das partes relativo à sua interpretação;
c) quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações entre as partes.
4. Um termo será entendido em sentido especial se estiver estabelecido que essa era a
intenção das partes.

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Artigo 32
Meios Suplementares de Interpretação
Pode-se recorrer a meios suplementares de interpretação, inclusive aos trabalhos pre-
paratórios do tratado e às circunstâncias de sua conclusão, a fim de confirmar o sentido
resultante da aplicação do artigo 31 ou de determinar o sentido quando a interpretação, de
conformidade com o artigo 31:
a) deixa o sentido ambíguo ou obscuro; ou
b) conduz a um resultado que é manifestamente absurdo ou desarrazoado.

Artigo 33
Interpretação de Tratados Autenticados em Duas ou Mais Línguas
1. Quando um tratado foi autenticado em duas ou mais línguas, seu texto faz igualmente
fé em cada uma delas, a não ser que o tratado disponha ou as partes concordem que, em
caso de divergência, prevaleça um texto determinado.
2. Uma versão do tratado em língua diversa daquelas em que o texto foi autenticado só
será considerada texto autêntico se o tratado o previr ou as partes nisso concordarem.
3. Presume-se que os termos do tratado têm o mesmo sentido nos diversos textos autênticos.
4. Salvo o caso em que um determinado texto prevalece nos termos do parágrafo 1, quan-
do a comparação dos textos autênticos revela uma diferença de sentido que a aplicação dos
artigos 31 e 32 não elimina, adotar-se-á o sentido que, tendo em conta o objeto e a finalidade
do tratado, melhor conciliar os textos.

SEÇÃO 4
Tratados e Terceiros Estados
Artigo 34
Regra Geral com Relação a Terceiros Estados
Um tratado não cria obrigações nem direitos para um terceiro Estado sem o seu consentimento.
Artigo 35
Tratados que Criam Obrigações para Terceiros Estados
Uma obrigação nasce para um terceiro Estado de uma disposição de um tratado se as
partes no tratado tiverem a intenção de criar a obrigação por meio dessa disposição e o ter-
ceiro Estado aceitar expressamente, por escrito, essa obrigação.

Artigo 36
Tratados que Criam Direitos para Terceiros Estados
1. Um direito nasce para um terceiro Estado de uma disposição de um tratado se as par-
tes no tratado tiverem a intenção de conferir, por meio dessa disposição, esse direito quer a

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um terceiro Estado, quer a um grupo de Estados a que pertença, quer a todos os Estados, e o
terceiro Estado nisso consentir. Presume-se o seu consentimento até indicação em contrário,
a menos que o tratado disponha diversamente.
2. Um Estado que exerce um direito nos termos do parágrafo 1 deve respeitar, para o
exercício desse direito, as condições previstas no tratado ou estabelecidas de acordo com
o tratado.

Artigo 37
Revogação ou Modificação de Obrigações ou Direitos de Terceiros Estados
1. Qualquer obrigação que tiver nascido para um terceiro Estado nos termos do artigo
35 só poderá ser revogada ou modificada com o consentimento das partes no tratado e do
terceiro Estado, salvo se ficar estabelecido que elas haviam acordado diversamente.
2. Qualquer direito que tiver nascido para um terceiro Estado nos termos do artigo 36 não
poderá ser revogado ou modificado pelas partes, se ficar estabelecido ter havido a intenção
de que o direito não fosse revogável ou sujeito a modificação sem o consentimento do ter-
ceiro Estado.

Artigo 38
Regras de um Tratado Tornadas Obrigatórias para Terceiros Estados por Força do Costume
Internacional
Nada nos artigos 34 a 37 impede que uma regra prevista em um tratado se torne obriga-
tória para terceiros Estados como regra consuetudinária de Direito Internacional, reconheci-
da como tal.

PARTE IV
Emenda e Modificação de Tratados
Artigo 39
Regra Geral Relativa à Emenda de Tratados
Um tratado poderá ser emendado por acordo entre as partes. As regras estabelecidas na
parte II aplicar-se-ão a tal acordo, salvo na medida em que o tratado dispuser diversamente.

Artigo 40
Emenda de Tratados Multilaterais
1. A não ser que o tratado disponha diversamente, a emenda de tratados multilaterais
reger-se-á pelos parágrafos seguintes.
2. Qualquer proposta para emendar um tratado multilateral entre todas as partes deverá
ser notificada a todos os Estados contratantes, cada um dos quais terá o direito de participar:

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a) na decisão quanto à ação a ser tomada sobre essa proposta;


b) na negociação e conclusão de qualquer acordo para a emenda do tratado.
3. Todo Estado que possa ser parte no tratado poderá igualmente ser parte no trata-
do emendado.
4. O acordo de emenda não vincula os Estados que já são partes no tratado e que não se
tornaram partes no acordo de emenda; em relação a esses Estados, aplicar-se-á o artigo 30,
parágrafo 4 (b).
5. Qualquer Estado que se torne parte no tratado após a entrada em vigor do acordo de
emenda será considerado, a menos que manifeste intenção diferente:
a) parte no tratado emendado; e
b) parte no tratado não emendado em relação às partes no tratado não vinculadas pelo
acordo de emenda.

Artigo 41
Acordos para Modificar Tratados Multilaterais somente entre Algumas Partes
1. Duas ou mais partes num tratado multilateral podem concluir um acordo para modificar
o tratado, somente entre si, desde que:
a) a possibilidade de tal modificação seja prevista no tratado; ou
b) a modificação em questão não seja proibida pelo tratado; e
I – não prejudique o gozo pelas outras partes dos direitos provenientes do tratado nem o
cumprimento de suas obrigações
II – não diga respeito a uma disposição cuja derrogação seja incompatível com a execução
efetiva do objeto e da finalidade do tratado em seu conjunto.
2. A não ser que, no caso previsto na alínea a do parágrafo 1, o tratado disponha de outra
forma, as partes em questão notificarão às outras partes sua intenção de concluir o acordo
e as modificações que este introduz no tratado.

PARTE V
Nulidade, Extinção e Suspensão da Execução de Tratados
SEÇÃO 1
Disposições Gerais
Artigo 42
Validade e Vigência de Tratados
1. A validade de um tratado ou do consentimento de um Estado em obrigar-se por um
tratado só pode ser contestada mediante a aplicação da presente Convenção.
2. A extinção de um tratado, sua denúncia ou a retirada de uma das partes só poderá
ocorrer em virtude da aplicação das disposições do tratado ou da presente Convenção. A
mesma regra aplica-se à suspensão da execução de um tratado.
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Artigo 43
Obrigações Impostas pelo Direito Internacional, Independentemente de um Tratado
A nulidade de um tratado, sua extinção ou denúncia, a retirada de uma das partes ou a
suspensão da execução de um tratado em consequência da aplicação da presente Conven-
ção ou das disposições do tratado não prejudicarão, de nenhum modo, o dever de um Estado
de cumprir qualquer obrigação enunciada no tratado à qual estaria ele sujeito em virtude do
Direito Internacional, independentemente do tratado.

Artigo 44
Divisibilidade das Disposições de um Tratado
1. O direito de uma parte, previsto num tratado ou decorrente do artigo 56, de denunciar,
retirar-se ou suspender a execução do tratado, só pode ser exercido em relação à totalidade
do tratado, a menos que este disponha ou as partes acordem diversamente.
2. Uma causa de nulidade, de extinção, de retirada de uma das partes ou de suspensão
de execução de um tratado, reconhecida na presente Convenção, só pode ser alegada em
relação à totalidade do tratado, salvo nas condições previstas nos parágrafos seguintes ou
no artigo 60.
3. Se a causa diz respeito apenas a determinadas cláusulas, só pode ser alegada em re-
lação a essas cláusulas e desde que:
a) essas cláusulas sejam separáveis do resto do tratado no que concerne a sua aplicação;
b) resulte do tratado ou fique estabelecido de outra forma que a aceitação dessas cláusu-
las não constituía para a outra parte, ou para as outras partes no tratado, uma base essencial
do seu consentimento em obrigar-se pelo tratado em seu conjunto; e
c) não seja injusto continuar a executar o resto do tratado.
4. Nos casos previstos nos artigos 49 e 50, o Estado que tem o direito de alegar o dolo
ou a corrupção pode fazê-lo em relação à totalidade do tratado ou, nos termos do parágrafo
3, somente às determinadas cláusulas.
5. Nos casos previstos nos artigos 51, 52 e 53 a divisão das disposições de um tratado
não é permitida.

Artigo 45
Perda do Direito de Invocar Causa de Nulidade, Extinção, Retirada ou Suspensão da Execu-
ção de um Tratado
Um Estado não pode mais invocar uma causa de nulidade, de extinção, de retirada ou de
suspensão da execução de um tratado, com base nos artigos 46 a 50 ou nos artigos 60 e 62,
se, depois de haver tomado conhecimento dos fatos, esse Estado:

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a) tiver aceitado, expressamente, que o tratado é válido, permanece em vigor ou continua


em execução conforme o caso, ou
b) em virtude de sua conduta, deva ser considerado como tendo concordado em que o
tratado é válido, permanece em vigor ou continua em execução, conforme o caso.

SEÇÃO 2
Nulidade de Tratados
Artigo 46
Disposições do Direito Interno sobre Competência para Concluir Tratados

1. Um Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por um
tratado foi expresso em violação de uma disposição de seu direito interno sobre competência
para concluir tratados, a não ser que essa violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma
norma de seu direito interno de importância fundamental.
2. Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para qualquer Estado que
proceda, na matéria, de conformidade com a prática normal e de boa fé.

Artigo 47
Restrições Específicas ao Poder de Manifestar o Consentimento de um Estado

Se o poder conferido a um representante de manifestar o consentimento de um Estado


em obrigar-se por um determinado tratado tiver sido objeto de restrição específica, o fato
de o representante não respeitar a restrição não pode ser invocado como invalidando o
consentimento expresso, a não ser que a restrição tenha sido notificada aos outros Estados
negociadores antes da manifestação do consentimento.

Artigo 48
Erro

1. Um Estado pode invocar erro no tratado como tendo invalidado o seu consentimento
em obrigar-se pelo tratado se o erro se referir a um fato ou situação que esse Estado supunha
existir no momento em que o tratado foi concluído e que constituía uma base essencial de
seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
2. O parágrafo 1 não se aplica se o referido Estado contribui para tal erro pela sua conduta
ou se as circunstâncias foram tais que o Estado devia ter-se apercebido da possibilidade de erro.
3. Um erro relativo à redação do texto de um tratado não prejudicará sua validade; neste
caso, aplicar-se-á o artigo 79.

Artigo 49
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Dolo
Se um Estado foi levado a concluir um tratado pela conduta fraudulenta de outro Estado
negociador, o Estado pode invocar a fraude como tendo invalidado o seu consentimento em
obrigar-se pelo tratado.

Artigo 50
Corrupção de Representante de um Estado
Se a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado foi ob-
tida por meio da corrupção de seu representante, pela ação direta ou indireta de outro Estado
negociador, o Estado pode alegar tal corrupção como tendo invalidado o seu consentimento
em obrigar-se pelo tratado.

Artigo 51
Coação de Representante de um Estado
Não produzirá qualquer efeito jurídico a manifestação do consentimento de um Estado
em obrigar-se por um tratado que tenha sido obtida pela coação de seu representante, por
meio de atos ou ameaças dirigidas contra ele.

Artigo 52
Coação de um Estado pela Ameaça ou Emprego da Força
É nulo um tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou o emprego da força em vio-
lação dos princípios de Direito Internacional incorporados na Carta das Nações Unidas.

Artigo 53
Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens)
É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa
de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de
Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional
dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só
pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.

SEÇÃO 3
Extinção e Suspensão da Execução de Tratados
Artigo 54
Extinção ou Retirada de um Tratado em Virtude de suas Disposições ou por consentimento
das Partes
A extinção de um tratado ou a retirada de uma das partes pode ter lugar:
a) de conformidade com as disposições do tratado; ou
b) a qualquer momento, pelo consentimento de todas as partes, após consulta com os
outros Estados contratantes.

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Artigo 55
Redução das Partes num Tratado Multilateral aquém do Número Necessário para sua Entra-
da em Vigor
A não ser que o tratado disponha diversamente, um tratado multilateral não se extingue
pelo simples fato de que o número de partes ficou aquém do número necessário para sua
entrada em vigor.

Artigo 56
Denúncia, ou Retirada, de um Tratado que não Contém Disposições sobre Extinção, Denúncia
ou Retirada
1. Um tratado que não contém disposição relativa à sua extinção, e que não prevê denúncia
ou retirada, não é suscetível de denúncia ou retirada, a não ser que:
a) se estabeleça terem as partes tencionado admitir a possibilidade da denúncia ou
retirada; ou
b) um direito de denúncia ou retirada possa ser deduzido da natureza do tratado.
2. Uma parte deverá notificar, com pelo menos doze meses de antecedência, a sua inten-
ção de denunciar ou de se retirar de um tratado, nos termos do parágrafo 1.

Artigo 57
Suspensão da Execução de um Tratado em Virtude de suas Disposições ou pelo Consenti-
mento das Partes
A execução de um tratado em relação a todas as partes ou a uma parte determinada pode
ser suspensa:
a) de conformidade com as disposições do tratado; ou
b) a qualquer momento, pelo consentimento de todas as partes, após consulta com os
outros Estados contratantes

Artigo 58
Suspensão da Execução de Tratado Multilateral por Acordo apenas entre Algumas da Partes
1. Duas ou mais partes num tratado multilateral podem concluir um acordo para suspender
temporariamente, e somente entre si, a execução das disposições de um tratado se:
a) a possibilidade de tal suspensão estiver prevista pelo tratado; ou
b) essa suspensão não for proibida pelo tratado e:
I – não prejudicar o gozo, pelas outras partes, dos seus direitos decorrentes do tratado
nem o cumprimento de suas obrigações
II – não for incompatível com o objeto e a finalidade do tratado.

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2. Salvo se, num caso previsto no parágrafo 1 (a), o tratado dispuser diversamente, as
partes em questão notificarão às outras partes sua intenção de concluir o acordo e as dispo-
sições do tratado cuja execução pretendem suspender.

Artigo 59
Extinção ou Suspensão da Execução de um Tratado em Virtude da Conclusão de um Tratado
Posterior
1. Considerar-se-á extinto um tratado se todas as suas partes concluírem um tratado
posterior sobre o mesmo assunto e:
a) resultar do tratado posterior, ou ficar estabelecido por outra forma, que a intenção das
partes foi regular o assunto por este tratado; ou
b) as disposições do tratado posterior forem de tal modo incompatíveis com as do anterior,
que os dois tratados não possam ser aplicados ao mesmo tempo.
2. Considera-se apenas suspensa a execução do tratado anterior se se depreender do
tratado posterior, ou ficar estabelecido de outra forma, que essa era a intenção das partes.

Artigo 60
Extinção ou Suspensão da Execução de um Tratado em Consequência de sua Violação
1. Uma violação substancial de um tratado bilateral por uma das partes autoriza a outra
parte a invocar a violação como causa de extinção ou suspensão da execução de tratado, no
todo ou em parte.
2. Uma violação substancial de um tratado multilateral por uma das partes autoriza:
a) as outras partes, por consentimento unânime, a suspenderem a execução do tratado,
no todo ou em parte, ou a extinguirem o tratado, quer:
I – nas relações entre elas e o Estado faltoso;
II – entre todas as partes;
b) uma parte especialmente prejudicada pela violação a invocá-la como causa para sus-
pender a execução do tratado, no todo ou em parte, nas relações entre ela e o Estado faltoso;
c) qualquer parte que não seja o Estado faltoso a invocar a violação como causa para
suspender a execução do tratado, no todo ou em parte, no que lhe diga respeito, se o tratado
for de tal natureza que uma violação substancial de suas disposições por parte modifique
radicalmente a situação de cada uma das partes quanto ao cumprimento posterior de suas
obrigações decorrentes do tratado.
3. Uma violação substancial de um tratado, para os fins deste artigo, consiste:
a) numa rejeição do tratado não sancionada pela presente Convenção; ou
b) na violação de uma disposição essencial para a consecução do objeto ou da finalidade
do tratado.

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4. Os parágrafos anteriores não prejudicam qualquer disposição do tratado aplicável em


caso de violação.
5. Os parágrafos 1 a 3 não se aplicam às disposições sobre a proteção da pessoa huma-
na contidas em tratados de caráter humanitário, especialmente às disposições que proíbem
qualquer forma de represália contra pessoas protegidas por tais tratados.

Artigo 61
Impossibilidade Superveniente de Cumprimento
1. Uma parte pode invocar a impossibilidade de cumprir um tratado como causa para
extinguir o tratado ou dele retirar-se, se esta possibilidade resultar da destruição ou do desa-
parecimento definitivo de um objeto indispensável ao cumprimento do tratado. Se a impossi-
bilidade for temporária, pode ser invocada somente como causa para suspender a execução
do tratado.
2. A impossibilidade de cumprimento não pode ser invocada por uma das partes como
causa para extinguir um tratado, dele retirar-se, ou suspender a execução do mesmo, se a
impossibilidade resultar de uma violação, por essa parte, quer de uma obrigação decorrente
do tratado, quer de qualquer outra obrigação internacional em relação a qualquer outra parte
no tratado.

Artigo 62
Mudança Fundamental de Circunstâncias
1. Uma mudança fundamental de circunstâncias, ocorrida em relação às existentes no
momento da conclusão de um tratado, e não prevista pelas partes, não pode ser invocada
como causa para extinguir um tratado ou dele retirar-se, salvo se:
a) a existência dessas circunstâncias tiver constituído uma condição essencial do con-
sentimento das partes em obrigarem-se pelo tratado; e
b) essa mudança tiver por efeito a modificação radical do alcance das obrigações ainda
pendentes de cumprimento em virtude do tratado.
2. Uma mudança fundamental de circunstâncias não pode ser invocada pela parte como
causa para extinguir um tratado ou dele retirar-se:
a) se o tratado estabelecer limites; ou
b) se a mudança fundamental resultar de violação, pela parte que a invoca, seja de uma
obrigação decorrente do tratado, seja de qualquer outra obrigação internacional em relação
a qualquer outra parte no tratado.
3. Se, nos termos dos parágrafos anteriores, uma parte pode invocar uma mudança fun-
damental de circunstâncias como causa para extinguir um tratado ou dele retirar-se, pode
também invocá-la como causa para suspender a execução do tratado.

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Artigo 63
Rompimento de Relações Diplomáticas e Consulares
O rompimento de relações diplomáticas ou consulares entre partes em um tratado não
afetará as relações jurídicas estabelecidas entre elas pelo tratado, salvo na medida em que a
existência de relações diplomáticas ou consulares for indispensável à aplicação do tratado.

Artigo 64
Superveniência de uma Nova Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens)
Se sobrevier uma nova norma imperativa de Direito Internacional geral, qualquer tratado
existente que estiver em conflito com essa norma torna-se nulo e extingue-se.

SEÇÃO 4
Processo
Artigo 65
Processo Relativo à Nulidade, Extinção, Retirada ou Suspensão da Execução de um Tratado
1. Uma parte que, nos termos da presente Convenção, invocar quer um vício no seu con-
sentimento em obrigar-se por um tratado, quer uma causa para impugnar a validade de um
tratado, extingui-lo, dele retirar-se ou suspender sua aplicação, deve notificar sua pretensão
às outras partes. A notificação indicará a medida que se propõe tomar em relação ao tratado
e as razões para isso.
2. Salvo em caso de extrema urgência, decorrido o prazo de pelo menos três meses con-
tados do recebimento da notificação, se nenhuma parte tiver formulado objeções, a parte que
fez a notificação pode tomar, na forma prevista pelo artigo 67, a medida que propôs.
3. Se, porém, qualquer outra parte tiver formulado uma objeção, as partes deverão procurar
uma solução pelos meios previstos, no artigo 33 da Carta das Nações Unidas.
4. Nada nos parágrafos anteriores afetará os direitos ou obrigações das partes decor-
rentes de quaisquer disposições em vigor que obriguem as partes com relação à solução de
controvérsias.
5. Sem prejuízo do artigo 45, o fato de um Estado não ter feito a notificação prevista no
parágrafo 1 não o impede de fazer tal notificação em resposta a outra parte que exija o cum-
primento do tratado ou alegue a sua violação.

Artigo 66
Processo de Solução Judicial, de Arbitragem e de Conciliação
Se, nos termos do parágrafo 3 do artigo 65, nenhuma solução foi alcançada, nos 12 meses
seguintes à data na qual a objeção foi formulada, o seguinte processo será adotado:

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a) qualquer parte na controvérsia sobre a aplicação ou a interpretação dos artigos 53 ou


64 poderá, mediante pedido escrito, submetê-la à decisão da Corte Internacional de Justiça,
salvo se as partes decidirem, de comum acordo, submeter a controvérsia a arbitragem;
b) qualquer parte na controvérsia sobre a aplicação ou a interpretação de qualquer um
dos outros artigos da Parte V da presente Convenção poderá iniciar o processo previsto no
Anexo à Convenção, mediante pedido nesse sentido ao Secretário-Geral das Nações Unidas.

Artigo 67
Instrumentos Declaratórios da Nulidade, da Extinção, da Retirada ou Suspensão da Execu-
ção de um Tratado
1. A notificação prevista no parágrafo 1 do artigo 65 deve ser feita por escrito.
2. Qualquer ato que declare a nulidade, a extinção, a retirada ou a suspensão da execução
de um tratado, nos termos das disposições do tratado ou dos parágrafos 2 e 3 do artigo 65,
será levado a efeito através de um instrumento comunicado às outras partes. Se o instru-
mento não for assinado pelo Chefe de Estado, Chefe de Governo ou Ministro das Relações
Exteriores, o representante do Estado que faz a comunicação poderá ser convidado a exibir
plenos poderes.

Artigo 68
Revogação de Notificações e Instrumentos Previstos nos Artigos 65 e 67
Uma notificação ou um instrumento previstos nos artigos 65 ou 67 podem ser revogados
a qualquer momento antes que produzam efeitos.

SEÇÃO 5
Consequências da Nulidade, da Extinção e da Suspensão da Execução de um Tratado
Artigo 69
Consequências da Nulidade de um Tratado
1. É nulo um tratado cuja nulidade resulta das disposições da presente Convenção. As
disposições de um tratado nulo não têm eficácia jurídica.
2. Se, todavia, tiverem sido praticados atos em virtude desse tratado:
a) cada parte pode exigir de qualquer outra parte o estabelecimento, na medida do pos-
sível, em suas relações mútuas, da situação que teria existido se esses atos não tivessem
sido praticados;
b) os atos praticados de boa-fé, antes de a nulidade haver sido invocada, não serão tor-
nados ilegais pelo simples motivo da nulidade do tratado.
3. Nos casos previsto pelos artigos 49, 50, 51 ou 52, o parágrafo 2 não se aplica com
relação à parte a que é imputado o dolo, o ato de corrupção ou a coação.

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4. No caso da nulidade do consentimento de um determinado Estado em obrigar-se por


um tratado multilateral, aplicam-se as regras acima nas relações entre esse Estado e as par-
tes no tratado.

Artigo 70
Consequências da Extinção de um Tratado
1. A menos que o tratado disponha ou as partes acordem de outra forma, a extinção de
um, tratado, nos termos de suas disposições ou da presente Convenção:
a) libera as partes de qualquer obrigação de continuar a cumprir o tratado;
b) não prejudica qualquer direito, obrigação ou situação jurídica das partes, criados pela
execução do tratado antes de sua extinção.
2. Se um Estado denunciar um tratado multilateral ou dele se retirar, o parágrafo 1 aplica-se
nas relações entre esse Estado e cada uma das outras partes no tratado, a partir da data em
que produza efeito essa denúncia ou retirada.

Artigo 71
Consequências da Nulidade de um Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito
Internacional Geral
1. No caso de um tratado nulo em virtude do artigo 53, as partes são obrigadas a:
a) eliminar, na medida do possível, as consequências de qualquer ato praticado com base em
uma disposição que esteja em conflito com a norma imperativa de Direito Internacional geral; e
b) adaptar suas relações mútuas à norma imperativa do Direito Internacional geral.
2. Quando um tratado se torne nulo e seja extinto, nos termos do artigo 64, a extinção
do tratado:
a) libera as partes de qualquer obrigação de continuar a cumprir o tratado;
b) não prejudica qualquer direito, obrigação ou situação jurídica das partes, criados pela
execução do tratado, antes de sua extinção; entretanto, esses direitos, obrigações ou situa-
ções só podem ser mantidos posteriormente, na medida em que sua manutenção não entre
em conflito com a nova norma imperativa de Direito Internacional geral.

Artigo 72
Consequências da Suspensão da Execução de um Tratado
1. A não ser que o tratado disponha ou as partes acordem de outra forma, a suspensão
da execução de um tratado, nos termos de suas disposições ou da presente Convenção:
a) libera as partes, entre as quais a execução do tratado seja suspensa, da obrigação de
cumprir o tratado nas suas relações mútuas durante o período da suspensão;
b) não tem outro efeito sobre as relações jurídicas entre as partes, estabelecidas pelo tratado.
2. Durante o período da suspensão, as partes devem abster-se de atos tendentes a obstruir
o reinício da execução do tratado.

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PARTE VI
Disposições Diversas
Artigo 73
Caso de Sucessão de Estados, de Responsabilidade de um Estado e de Início de Hostilidades
As disposições da presente Convenção não prejulgarão qualquer questão que possa surgir
em relação a um tratado, em virtude da sucessão de Estados, da responsabilidade interna-
cional de um Estado ou do início de hostilidades entre Estados.

Artigo 74
Relações Diplomáticas e Consulares e Conclusão de Tratados
O rompimento ou a ausência de relações diplomáticas ou consulares entre dois ou mais
Estados não obsta à conclusão de tratados entre os referidos Estados. A conclusão de um
tratado, por si, não produz efeitos sobre as relações diplomáticas ou consulares.

Artigo 75
Caso de Estado Agressor
As disposições da presente Convenção não prejudicam qualquer obrigação que, em relação
a um tratado, possa resultar para um Estado agressor de medidas tomadas em conformidade
com a Carta das Nações Unidas, relativas à agressão cometida por esse Estado.

PARTE VII
Depositários, Notificações, Correções e Registro
Artigo 76
Depositários de Tratados
1. A designação do depositário de um tratado pode ser feita pelos Estados negociadores
no próprio tratado ou de alguma outra forma. O depositário pode ser um ou mais Estados,
uma organização internacional ou o principal funcionário administrativo dessa organização.
2. As funções do depositário de um tratado têm caráter internacional e o depositário é
obrigado a agir imparcialmente no seu desempenho. Em especial, não afetará essa obrigação
o fato de um tratado não ter entrado em vigor entre algumas das partes ou de ter surgido uma
divergência, entre um Estado e o depositário, relativa ao desempenho das funções deste último.

Artigo 77
Funções dos Depositários
1. As funções do depositário, a não ser que o tratado disponha ou os Estados contratantes
acordem de outra forma, compreendem particularmente:

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a) guardar o texto original do tratado e quaisquer plenos poderes que lhe tenham sido
entregues;
b) preparar cópias autenticadas do texto original e quaisquer textos do tratado em outros
idiomas que possam ser exigidos pelo tratado e remetê-los às partes e aos Estados que te-
nham direito a ser partes no tratado;
c) receber quaisquer assinaturas ao tratado, receber e guardar quaisquer instrumentos,
notificações e comunicações pertinentes ao mesmo;
d) examinar se a assinatura ou qualquer instrumento, notificação ou comunicação relativa
ao tratado, está em boa e devida forma e, se necessário, chamar a atenção do Estado em
causa sobre a questão;
e) informar as partes e os Estados que tenham direito a ser partes no tratado de quaisquer
atos, notificações ou comunicações relativas ao tratado;
f) informar os Estados que tenham direito a ser partes no tratado sobre quando tiver sido
recebido ou depositado o número de assinaturas ou de instrumentos de ratificação, de acei-
tação, de aprovação ou de adesão exigidos para a entrada em vigor do tratado;
g) registrar o tratado junto ao Secretariado das Nações Unidas;
h) exercer as funções previstas em outras disposições da presente Convenção.
2. Se surgir uma divergência entre um Estado e o depositário a respeito do exercício das
funções deste último, o depositário levará a questão ao conhecimento dos Estados signa-
tários e dos Estados contratantes ou, se for o caso, do órgão competente da organização
internacional em causa.

Artigo 78
Notificações e Comunicações
A não ser que o tratado ou a presente Convenção disponham de outra forma, uma notifi-
cação ou comunicação que deva ser feita por um Estado, nos termos da presente Convenção:
a) será transmitida, se não houver depositário, diretamente aos Estados a que se destina
ou, se houver depositário, a este último;
b) será considerada como tendo sido feita pelo Estado em causa somente a partir do seu
recebimento pelo Estado ao qual é transmitida ou, se for o caso, pelo depositário;
c) se tiver sido transmitida a um depositário, será considerada como tendo sido recebida
pelo Estado ao qual é destinada somente a partir do momento em que este Estado tenha
recebido do depositário a informação prevista no parágrafo 1 (e) do artigo 77.

Artigo 79
Correção de Erros em Textos ou em Cópias Autenticadas de Tratados
1. Quando, após a autenticação do texto de um tratado, os Estados signatários e os Es-
tados contratantes acordarem em que nele existe erro, este, salvo decisão sobre diferente
maneira de correção, será corrigido:

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a) mediante a correção apropriada no texto, rubricada por representantes devidamente


credenciados;
b) mediante a elaboração ou troca de instrumento ou instrumentos em que estiver con-
signada a correção que se acordou em fazer; ou
c) mediante a elaboração de um texto corrigido da totalidade do tratado, segundo o mesmo
processo utilizado para o texto original.
2. Quando o tratado tiver um depositário, este deve notificar aos Estados signatários e
contratantes a existência do erro e a proposta de corrigi-lo e fixar um prazo apropriado durante
o qual possam ser formulados objeções à correção proposta. Se, expirado o prazo:
a) nenhuma objeção tiver sido feita, o depositário deve efetuar e rubricar a correção do
texto, lavrar a ata de retificação do texto e remeter cópias da mesma às partes e aos Estados
que tenham direito a ser partes no tratado;
b) uma objeção tiver sido feita, o depositário deve comunicá-la aos Estados signatários
e aos Estados contratantes.
3. As regras enunciadas nos parágrafos 1 e 2 aplicam-se igualmente quando o texto,
autenticado em duas ou mais línguas, apresentar uma falta de concordância que, de acordo
com os Estados signatários e os Estados contratantes, deva ser corrigida.
4. O texto corrigido substitui ab initio o texto defeituoso, a não ser que os Estados signa-
tários e os Estados contratantes decidam de outra forma.
5. A correção do texto de um tratado já registrado será notificado ao Secretariado das
Nações Unidas.
6. Quando se descobrir um erro numa cópia autenticada de um tratado, o depositário deve
lavrar uma ata mencionando a retificação e remeter cópia da mesma aos Estados signatários
e aos Estados contratantes.

Artigo 80
Registro e Publicação de Tratados
1. Após sua entrada em vigor, os tratados serão remetidos ao Secretariado das Nações
Unidas para fins de registro ou de classificação e catalogação, conforme o caso, bem como
de publicação
2. A designação de um depositário constitui autorização para este praticar os atos pre-
vistos no parágrafo anterior.

PARTE VIII
Disposições Finais
Artigo 81
Assinatura
A presente Convenção ficará aberta à assinatura de todos. os Estados Membros das Nações
Unidas ou de qualquer das agências especializadas ou da Agência Internacional de Energia
Atômica, assim como de todas as partes no Estatuto da Corte Internacional de Justiça e de
qualquer outro Estado convidado pela Assembléia Geral das Nações Unidas a tornar-se parte

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na Convenção, da seguinte maneira: até 30 de novembro de 1969, no Ministério Federal dos


Negócios Estrangeiros da República da Áustria e, posteriormente, até 30 de abril de 1970, na
sede das Nações Unidas em Nova York.

Artigo 82
Ratificação
A presente Convenção é sujeita à ratificação. Os instrumentos de ratificação serão depo-
sitados junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.

Artigo 83
Adesão
A presente Convenção permanecerá aberta à adesão de todo Estado pertencente a qual-
quer das categorias mencionadas no artigo 81. Os instrumentos de adesão serão depositados
junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.

Artigo 84
Entrada em Vigor
1. A presente Convenção entrará em vigor no trigésimo dia que se seguir à data do depó-
sito do trigésimo quinto instrumento de ratificação ou adesão.
2. Para cada Estado que ratificar a Convenção ou a ela aderir após o depósito do trigésimo
quinto instrumento de ratificação ou adesão, a Convenção entrará em vigor no trigésimo dia
após o depósito, por esse Estado, de seu instrumento de ratificação ou adesão.

Artigo 85
Textos Autênticos
O original da presente Convenção, cujos textos em chinês, espanhol, francês, inglês e
russo fazem igualmente fé, será depositado junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
Em fé do que, os plenipotenciários abaixo assinados, devidamente autorizados por seus
respectivos Governos, assinaram a presente Convenção.
Feita em Viena, aos vinte e três dias de maio de mil novecentos e sessenta e nove.

Jesser Borges
Professor. Servidor no Ministério Público Federal desde 2014.

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