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Campus universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


(Criada pelo Decreto n.44-A/01 de 6 de julho de 2001)

Faculdade de Ciências e Tecnologias

PROJECTO DE METODOLOGIA DE PESQUISA

PRODUÇÃO DE COMBUSTIVEIS APARTIR DE


RESÍDUOS SÓLIDOS E NÃO SÓLIDOS

Nome: Luis Jorge Alexandre Kicalango


Licenciatura: Engenharia de Refinação de Petróleo
Opção:

Viana, maio de 2021


Campus universitário de Viana
Universidade Jean Piaget de Angola
(Criada pelo Decreto n.44-A/01 de 6 de Julho de 2001)

Faculdade de Ciências e Tecnologias

PROJECTO DE METODOLOGIA DE PESQUISA

PRODUÇÃO DE COMBUSTIVEIS APARTIR DE RESIDOS


SÓLIDOS E NÃO SÓLIDOS

Nome: Luis Jorge Alexandre Kicalango


Licenciatura: Engenharia de Refinação de Petróleo
Opção:
EPIGRÁFE
DECLARAÇÃO DE AUTOR

Declaro que este trabalho escrito foi levado a cabo de acordo com os
regulamentos da Universidade Jean Piaget de Angola (UniPiaget) e em particular do
Regulamento de Elaboração do Trabalho de Fim de Curso. O trabalho é original excepto
onde indicado por referência especial no texto. Quaisquer visões expressas são as do
autor e não representam de modo algum quaisquer visões da Unipiaget. Este trabalho,
no todo ou em parte, não foi apresentado para avaliação noutras instituições de ensino
superior nacionais ou estrangeiras. Mas informo que a norma seguida para a elaboração
do trabalho é a Norma ISO.

Assinatura______________________________________________________

Data:_____/______/_____
ABREVIATURA, SIGLAS E SÍMBOLOS
RESUMO
ABSTRACT
ÍNDICE GERAL
ÍNDICE DE TABELAS
ÍNDICE DE FIGURAS
1. INTRODUÇÃO
O lixo (residuos) de um modo global, é um grande conjunto de diferentes
matérias descartáveis de origem domesticas, de industriais ou empresas, estes são
matérias orgânicas ou não orgânica, e dependendo do local proveniente pode ser liquido
ou solido, e até mesmo gasoso. É muito comum notarmos que nas lixeiras podemos
encontrar diversos tipos materiais misturados, tais como, os plásticos, vidros, metais,
restos de comidas e até fezes etc. Essa mistura portanto, acaba carregando consigo
grande instabilidade ao ambiente, provocando assim diversas doenças e acidentes,
principalmente em países como em Angola onde o saneamento básico não é dos
melhores e o lixo não é tratado como deveria, desde a separação de diferentes tipos de
resíduos, de casa para os contentores diferentes, até a recolha frequente de empresas
especializadas, de modo a aumentar portanto o potencial de reciclagem e transformação
dos resíduos. Do lixo podemos tirar grandes vantagens, desde econômicas à ambientais,
com ele através das matérias orgânica (restos de comidas, madeiras etc.) e/ou dos
plásticos, podendo produzir combustíveis e gerar energia, e consequentemente reduzir o
excesso de lixo nas ruas, mantendo assim uma boa qualidade no meio ambiente e ainda
ganhando economicamente com isso. Portanto é objectivo tambem deste trabalho
mostrar a importância do lixo pra economia, e principalmente mostrar como é gerado
combustiveis a partir do lixo.
IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
Um dos maiores problemas causadores de doenças em Angola, é certamente o
líxo, algo que por incrível não tem melhorado, com maior tendência a piorar. Isso é um
grande problema para um país que queira crescer, pós qualquer sociedade que se
preocupa com a sua população, tem plena noção dos efeitos negativos que o acúmulo de
lixo pode causar aos cidadãos e ao meio ambiente, e como um país com grande estatuto
de produtor de petróleo, mas deficiente na produção dos derivados, provavelmente
devido ao custo alto para construção de industrias petroquímica, o lixo seria uma
alternativa a se considerar, para abafar tais deficiências, visto que o custo para a
produção de biogás a partir do lixo é bastante razoável e, é uma fonte se energia
renovável.
OBJECTIVOS

OBJECTIVO GERAL

 Propor o aproveitamento do lixo, para a produção de combustíveis através de


resíduos orgânicos e plásticos.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

 Investigar os métodos de tratamento do lixo, para geração de combustíveis e


reciclagem
 Conhecer os mecanismos usados para a produção de biocombustíveis.
 Propor melhoria no tratamento e aproveitamento do lixo, para a diminuição dos
mesmos em ruas e prevenir de doenças.
JUSTIFICATIVA / IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

O tema do presente trabalho, surgiu devido a situação que a província de Luanda tem
passado com a questão do excesso de lixo nas ruas e não só, pós embora essa situação
tenha visto à luz agora, aparentemente, este é um caso bastante frequente em muitos
bairros de muitos municípios, onde quase sempre se encontra as famosas lixeiras. E daí
surge muitas questões, como: por que tanto lixo? Como evitar tais aglomerados? Onde
levam-no? O que fazer com o lixo? Será que ainda podemos recicla-lo ou até mesmo
transforma-lo e um outro produto? Essas são perguntas que o país tem o dever de
suscitar e responder ao cidadão, desde respostas acadêmicas (nas escolas), ensinando
sobre higiene (pessoal/coletiva) e reciclagem ou respostas indiretas (como, mais
rigorosidade na disposição e recolha do lixo, para não houver aglomerados).
Então, é de tamanha importância para qualquer um ter noção de como dar o
devido tratamento ao lixo, uma vez sabendo que ele pode servir para diversos fins, e o
seu mal trato pode dificultar a reciclagem ou a transformação dos mesmos em novos
produtos, e também causar danos ao meio ambiente e a saúde humana.
DELIMITAÇÃO DO ESTUDO (Times New Roman 14) Delimitar significa
impor limites, determinar a profundidade, abrangência e extensão do assunto a ser
tratado. Os limites a impor podem ser:
... Temporal (quando, que período);
... Geográfico (onde);
... Metodológico (como, quantas vezes, quem), etc.

DEFINIÇÃO DE CONCEITOS (Times New Roman 14) Neste item


deverão ser selecionados três (3) até cinco (5) conceitos pertinentes relacionados e
intrinsecamente ligados ao tema e fazer a sua definição, aplicando as regras das citações
directas.
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-
CIENTÍFICA
2. O LIXO

O lixo, é gerado em cada estágio de uso dos materiais desde sua extração e
processamento até seu abandono como itens usados. Essas sobras são denominadas
refugo, sucata, entulho, restos e esgotos, dependendo do tipo de material que se trata, de
onde estão, e do ponto de vista de quem fala. Parte desse lixo pode ser recuperado e
reutilizado como recursos secundários. Há materiais que podem substituir recursos
primários (virgens), os quais de outra forma teriam de ser extraídos da terra ou obtidos
de outras fontes, como florestas a custos mais elevados (The Tomorrow Coalition,
1990). Na verdade, a composição do lixo de uma cidade, ou mesmo de uma habitação, é
reflexo dos hábitos de seus moradores. Através do estudo dos sambaquis, os
arqueólogos e paleoantropólogos descobriram detalhes do modo como viviam os
antepassados indígenas. Da mesma maneira, cientistas de todo o mundo vivem em
busca de objetos e detritos acumulados em torno das cidades pré-históricas, que
substituem os documentos escritos para conhecer os povos que não escreviam. Portanto
quando a população atual estiver inteiramente extinta e os escombros das cidades forem
visitadas por arqueólogos de alguma civilização futura, certamente ficarão espantados
com o lixo. Os arqueólogos encontrarão um lixo riquíssimo, não pelas matérias
perecíveis que poderiam alimentar outros seres, mas pela quantidade de objetos caros e
bem elaborados que são jogados intactos e com pouquíssimo uso, como os descartáveis,
por exemplo. No passado, um objeto era considerado excelente quando funcionava bem
e tinha longa durabilidade. Hoje a concepção é outra quanto mais rápido puder ser
jogado fora, melhor. A geração dos descartáveis, onde não se lavam mais copos,
toalhas, fraldas, lenços, guardanapos, joga-se fora. Não se troca pilha da. calculadora:
quando param, são atirados ao lixo. Mesmo objetos caríssimos como automóveis e
computadores, caracterizam-se pela sua pequena durabilidade. A indústria trabalha para
o lixo, uma vez que fabrica produtos cada vez mais arrojados, porém com vida curta.
Reduzir a quantidade de geração de lixo é uma necessidade para que o meio ambiente
consiga absorver os resíduos gerados. O homem não pode alienar-se a ponto de não
perceber a importância da redução de resíduos sólidos porque fontes de minérios e
matérias-primas podem diminuir ou acabar
ATERRO SANITÁRIO

O lixão (aterro sanitário) é o depósito de lixo diretamente no solo, a céu aberto,


sem medidas de proteção ao ambiente ou à saúde pública. Trata-se de uma opção
primitiva e inadequada, pois proporciona a proliferação de doenças através de insetos e
ratos, gera mau cheiro e, principalmente, contamina o solo e as águas através do
chorume. Um conjunto nefasto que compromete os recursos hídricos (Teves,2001).
Acrescentando a esta situação o total descontrole quanto aos tipos de resíduos recebidos
nestes locais, verificando-se até mesmo a disposição de dejetos originados dos serviços
da saúde e das indústrias. Nos lixões catadores, os quais muitas vezes, residem no
próprio local.

livro9814031

O aterro controlado, conforme visto na figura , é uma forma de minimizar os


impactos ambientais e ao indivíduo. Esse tipo de aterro usa recursos e técnicas de
engenharia civil para confinar aos resíduos sólidos a uma área pré-selecionada e cobri-
los diariamente com material ‘inerte’. Em geral, a base da área ocupada não é
impermeabilizada e não há tratamento do chorume (comprometendo os recursos
hídricos), nem coleta, purificação e dispersão de gases gerados. No aspecto ambiental,
essa opção é vantajosa em relação ao lixão, reduzindo os problemas, mas ainda não é a
ideal (Nascimento e Zakon, 2000).
O aterro sanitário, entendido como local de purificação do lixo domiciliar, é
composto por setores diversos cada um deles dotado de uma camada inferior
impermeabilizada sobre qual se despejam os rejeitos sólidos, contendo drenos para
coleta de chorume, águas de superfície e gases da prolongada digestão anaeróbica. O
despejo é feito formando ‘células’ do lixo. Sobre a camada de células do fundo são
depositadas outras camadas, até a cota máxima definida no projeto, e em alguns casos
os gases são coletados para uso como combustíveis. Esse tipo de aterro também pode
poluir o solo e as águas, pois não é possível evitar totalmente a liberação de fluidos para
o ambiente nem acelerar a inertização do material, para recuperar as áreas de depósito,
mas o impacto ambiental é minimizado.
3. PRODUÇÃO DE LIXO EM LUANDA
QUAL O DESTINO DO LIXO EM LUANDA
4. BIOMASSA
Biomassa é toda matéria orgânica, excetuando-se os combustíveis fósseis, ou
seja, todo material orgânico proveniente de casa, de colheitas agrícolas e florestais,
produtos animais, massa de células microbianas, resíduos e produtos renováveis em
bases anuais A biomassa é decomposta sob a ação de bactérias metanogênicas para
produção de biogás sob condições específicas que incluem: temperatura, pH, relação
C/N, geralmente na ausência, nível de umidade e quantidade de bactérias por volume de
biomassa. Estes são algumas das matérias-primas a ser utilizada para produção de
biogás através de biodigestor, que apresenta desempenho satisfatório e maior facilidade
operacional.
Deve-se analisar a quantidade de biomassa disponível para utilização. Só assim
será possível calcular a capacidade real de produção de biogás após ser instalado o
biodigestor. Pesquisas indicam que nas primeiras semanas a quantidade de gás
carbônico é bem superior à do metano, embora tal desproporção desapareça com o
tempo. Convém advertir o fato de que a produção de biogás a partir de resíduos de
alimentos varia não só em função da relação C/N encontrada nos dejetos, mas também
das condições que cada deposição oferecerá para a proliferação bacteriológica. Por essa
razão, muitos biodigestores, Por essa razão, muitos biodigestores, ditos de alimentação
intermitente, são projetados a fim de reter a biomassa em seu tanque digestor por um
período de aproximadamente 30 dias.
A biomassa pode ser obtida de vegetais não-lenhosos, de vegetais lenhosos,
como é o caso da madeira e seus resíduos, e também de resíduos orgânicos, nos quais
encontram-se os resíduos urbanos, agrícolas e industriais. Assim como também se pode
obter biomassa dos biofluidos, como os óleos vegetais, por exemplo, mamona e soja. A
utilização da biomassa, como fonte de matriz energética, por países que aderiram a tal
tecnologia, tem sido reconhecida como precursora de um ato estratégico para o futuro,
pois trata-se de uma fonte renovável com baixo custo, com aproveitamentos dos
resíduos que ainda podem ser utilizados como biofertilizantes, sem contar seu potencial
menos poluente em relação às fontes convencionais (Cortez, et al., 2008)
5. PRODUÇÃO DE BIOGÁS

Com o grande crescimento do consumo energético (industrias de eletricidade), o


elevado preço dos combustíveis, poluição ao meio ambiente, a questão do petróleo ser
um combustível não renovável e grande poluente ambiental, e o aumento do
desenvolvimento econômico, todas estas questões põem em foco pesquisas para
utilização de fontes de energia renováveis. Além disso, outro problema muito
importante que a sociedade enfrenta é o acelerado aumento na produção de resíduos
sólidos (lixo) e o consequente as grandes concentrações de lixos (lixeiras) nas zonas
periféricas principalmente, o que acarreta problemas de saúde e ambientais.
Esses problemas, como a da demanda de energia e o grande aumento da
produção do lixo podem ter como uma possível solução uma única fonte: o biogás.
Esse gás é resultado da fermentação anaeróbica (em ausência de oxigênio ou de
ar) da biomassa por bactérias. Isso significa que a matéria orgânica, como resíduos
agrícolas, madeira, bagaço de cana-de-açúcar, esterco, cascas de frutas e restos animais
e vegetais, sofre degradação por bactérias, produzindo o biogás.
Ele é formado basicamente de gás metano (CH4), um gás incolor, inodoro e
muito inflamável; além de outros gases, conforme mostrado na tabela abaixo:

COMPOSTOS QUANTIDADES
Metano (CH4) 55 a 66 % do volume de gás produzido
Dióxido de Carbono (CO2) 35 % 45 do volume de gás produzido
Nitrogênio (N2) 0 a 3 % do volume de gás produzido
Oxigênio (O2) 0 a 1 % do volume de gás produzido
Hidrogênio (H2) 0 a 1 % do volume de gás produzido
Sulfureto de Hidrogênio (H2S) 0 a 3 % do volume de gás produzido

Tabela 1: Biogás Características e Propriedades


HIDROLISE

FERMENTAÇÃO

OXIDAÇÃO
ANAERÓBICA

FORMAÇÃO DO
METANO

Matéria orgânica Formação de


subprodutos
(Aminoácidos,
açúcares e
ácidos graxos)

Formação de
subprodutos Formação de
(Amônia, subprodutos
Álcoois, (Ácidoacético,
Ácidos gordos, Higrogênio e
Hidrogênio e Dióxido de
Dioxido de
Figura: Esquema de produção do biogás
BIOGÁS Carbono)
carbono)

HIDROLISE
Esta etapa é muito importante para uma instalação de biogás, pois o material
orgânico submetido ao processo de digestão deve ser quebrado em pequenas moléculas
para que os microrganismos consigam se alimentar delas. As bactérias disponíveis no
biodigestor também segregam enzimas que rompem as moléculas de proteína e as
transformam em aminoácidos, hidratos de carbono em açúcares simples e álcoois e
graxas em ácidos graxos. A quebra das moléculas do material orgânico faz com que os
microrganismos absorvam as pequenas partes do material orgânico e tirem proveito da
energia que nelas estão contidas. A rapidez do processo depende do tipo de material e
de como este é estruturado.
Na hidrólise as ligações moleculares complexas como carboidratos, proteínas e
gorduras, são quebradas por enzimas em um processo bioquímico, sendo liberadas por
um grupo específico de bactérias e dão origem à compostos orgânicos simples
(monômeros) como aminoácidos, ácidos graxos e açúcares como mostrado na equação
3.

RCOOR+ yH 2 O → RCOOH + ROH (3)

Existem diversos tipos de hidrólise que variam em função da matéria orgânica


utilizada, como por exemplo, a hidrólise de glicosídeos para a formação de açúcares e
de proteínas para aminoácidos. Esse processo é de fundamental importância para a
produção de biogás, pois dada a quebra dos polímeros maiores, inicia-se o processo de
biodigestão.

Acidogênese

Na acidogênese as substâncias resultantes da hidrólise são transformadas por


bactérias acidogênicas em ácido propanóico, ácido butanóico, ácido láctico e álcoois,
assim como hidrogênio e gás carbônico. A formação de produtos nesta fase também
depende da quantidade de hidrogênio dissolvido na mistura. Quando a concentração de
hidrogênio é muito alta, esta interfere negativamente na eficiência da acidogênese, o que
causa o acúmulo de ácidos orgânicos. Com isso, o pH da mistura é reduzido e o
processo é afetado.

Acetogênese

A acetogênese é a fase na qual os materiais resultantes da acidogênese são


transformados em ácido etanóico, hidrogênio e gás carbônico por bactérias
acetogênicas. Essa é uma das fases mais delicadas do processo, considerando que é
necessário manter o equilíbrio para que a quantidade de hidrogênio gerado seja
consumida pelas bactérias Arqueas responsáveis pela metanogênese.
Metanogênese

Durante a metanogênese na biodigestão anaeróbia, o ácido acético, o hidrogênio


e dióxido de carbono são finalmente convertidos em metano e gás carbônico através da
ação de microrganismos metanogênicos classificados no domínio das Archeas,
conhecido como distinto das bactérias devido a suas características genéticas. As
Archeas possuem características únicas e particulares que as permitem viver em
ambientes específicos onde aceptores de elétrons como, por exemplo, oxigênio (O2) e
Nitrato (NO3-) são ausentes ou existentes em baixas concentrações. Desta forma, a
metanogênese pode ser considerada como sendo uma respiração anaeróbia onde o gás
carbônico ou o grupo metil de compostos C-1, ou carbono do grupo metil do acetato é o
aceptor de elétrons. As Archeas são divididas em dois grupos principais em função de
sua fisiologia. Enquanto os microrganismos metanogênicos hidrogenotróficos utilizam o
hidrogênio e dióxido de carbono, os metanogênicos acetoclásticos utilizam basicamente
o ácido acético e metanol para a geração de metano e gás carbônico. As reações 4 e 5
representam respectivamente a ação de cada um dos tipos das Arqueas mencionadas.

CH 3 COOH →CH 4 +CO 2 (4)

CO 2+ 4 H 2 →CH 4 +2 H 2 O (5)

Fermentação

A segunda etapa do processo de digestão é a fermentação. O que acontece nesta


etapa depende do tipo de material orgânico que é adicionado ao processo de digestão
anaeróbia, assim como dos microrganismos que estão disponíveis no sistema. A maioria
dos microrganismos que estava ativa na etapa de hidrólise também estará ativa nesta
etapa. Os componentes menores derivados da ruptura de moléculas grandes na hidrólise
continuam a ser quebrados em moléculas sempre menores. Nesta etapa, ácidos são
formados por meio das reações e dividem-se em ácidos orgânicos, álcoois e amoníaco,
além de hidrogênio e dióxido de carbono. Exemplos de ácidos orgânicos são o acético,
butírico e láctico. Os produtos formados dependem dos microrganismos disponíveis e
de fatores ambientais. Os ácidos graxos formados durante a hidrólise não são quebrados
durante a fase de fermentação, e sim, na etapa de oxidação anaeróbica, a terceira etapa
da digestão.

Oxidação anaeróbica

É a etapa que antecede a formação de gás metano. Nesta etapa, as moléculas,


rompidas durante as fases de hidrólise e fermentação, rompem-se em moléculas ainda
menores pela oxidação anaeróbia, sendo necessário que haja boa interação entre os
microrganismos produtores de metano. Esta etapa também é conhecida como
acetogênese. As bactérias acetogênicas convertem o material degradado nas etapas
anteriores em ácido acético, hidrogênio e dióxido de carbono. Entretanto, essas bactérias
não são resistentes a grandes quantidades de hidrogênio e, por este motivo, faz-se
necessário que as bactérias metanogênicas consumam o hidrogênio. Mais informações
sobre esta etapa podem ser obtidas na descrição da quarta e última etapa.

Formação de metano

Nesta última etapa, também conhecida como metanogênese, tem-se a fase de


formação de metano, sendo o metano o produto da reação que mais nos interessa. O
metano formado pelos microrganismos metanogênicos necessitam, para sua formação,
de ácido acético e CO2 e de mais alguns produtos de menor importância. São
subprodutos das três etapas anteriores, sendo na fase metanogênica também formados
dióxido de carbono e água.
Infelizmente, os microrganismos metanogênicos são mais sensíveis a
interferências do que os microrganismos que atuaram em fases anteriores da digestão
anaeróbia, pois não pertencem ao mesmo grupo de microrganismos, chamado Archaea.
As bactérias metanogênicas não são resistentes às perturbações de alterações no pH e
substâncias tóxicas, as quais podem ser alteradas ao longo do processo.
É importante adaptar o processo para que as bactérias metanogênicas possam
sentir-se da melhor maneira possível, pois é o gás metano que gera rentabilidade.

FERMENTAÇÃO ANAERÓBICA
O processo de digestão anaeróbia envolve a degradação e estabilização da
matéria orgânica levando à formação de metano, produtos inorgânicos (dióxido de
carbono) e resíduo líquido rico em minerais que pode ser utilizado como biofertilizante
(matéria orgânica estabilizada). A representação da digestão anaeróbia pode ser feita
pela equação 1 (Kelleher et al., 2002).

Matéria Orgânica+ H 2 → CH 4 +CO 2+ Biomassa+ NH 3 + H 2 S+Calor (1)

A digestão anaeróbia é um processo de fermentação simples que pode ocorrer


em uma lagoa anaeróbia ou em um tanque. A degradação anaeróbia da matéria orgânica
a metano é um processo biológico que ocorre em diferentes fases, sob ação de
microorganismos que atuam de forma simbiótica (Kelleher et al., 2002). Isso torna
necessária a representação do processo anaeróbio incluindo outras populações de
bactérias intermediárias. Essas bactérias ou microrganismos são os hidrolíticos,
acidogênicos, acetogênicos e metanogênicos. As bactérias acidogênicas e as árqueas
metanogênicas apresentam características diferentes, principalmente em relação às
exigências nutricionais, a fisiologia, o pH, o crescimento e a sensibilidade quanto a
variações de temperatura (Chernicharo, 1997). Em relação à velocidade de reprodução,
quando comparadas às bactérias acidogênicas, as árqueas metanogênicas apresentam
menor velocidade além de serem mais sensíveis às condições adversas ou alterações das
condições ambientes.
Figura 2: esquema da decomposição anaeróbica (guia prático de biogás)

Formação espontânea do biogás

A formação do metano ocorre de forma espontânea em ambientes isentos de ar,


quando a biomassa ou matéria orgânica cuja composição é feita por carboidratos,
lipídeos, proteínas entre outros nutrientes, ainda na presença de bactérias, se
decompõem formando metano e impurezas. Parte do dióxido de carbono produzido se
liga à amônia, enquanto o enxofre fica como resíduo, resultando em uma composição do
biogás de CH4:CO2: 71%: 29%.
A formação do biogás a partir da biomassa resulta, em geral, da equação 2:

C C H h OO N n S s+ yH 2 O → xCH 4 + n NH 3 + sH 2 S+(c−x )CO 2 (2)


O processo anaeróbico passa necessariamente por quatro fases a nível
bacteriano, sendo elas hidrólise, acidogênese, acetogênese e metanogênese, na qual a
geração do biogás ocorre na última etapa do processo. Durante o processo de produção,
é indispensável que as reações químicas ocorram de forma sinérgica, sendo que as fases
1-2 e 3-4 possuem uma relação íntima, logo as mesmas são organizadas em dois
estágios, em que os níveis de degradação devem ter o mesmo tamanho (Deublein e
Steinnhauser, 2008). A Figura 4 representa o conjunto dos processos bioquímicos
envolvidos na formação do biogás.

6. VANTAGENS E DESVANTAGENS

Como qualquer outra operação industrial a produção de biogás tem as suas


vantagens e desvantagens, e o mesmo é afetado por certos fatores que afetam positiva
ou negativamente a sua geração  são: a composição do resíduo, umidade, pH, tamanho
das partículas, idade do resíduo, temperatura, nutrientes, bactérias, compactação de
resíduos, dimensões do aterro (área e profundidade), operação do aterro e
processamento de resíduos variáveis.

DESVANTAGENS
 Possível formação, caso a biodigestão não esteja a funcionar correctamente, de
gás sulfidrico (H2S), gás tóxico. Implica possivelmente uma etapa de tratamento
do gás obtido.
 Escolha adequada do material a utilizar na construção do Biodigestor, pois há
formação de gases altamente corrosivos.
 Custo inicial.
 Possibilidade de custo de manutenção.

VANTAGENS

Em termos de tratamento de resíduos

 É um processo natural para se tratar resíduos orgânicos.


 Requer menos espaço que aterros sanitários ou compostagem.
 Diminui o volume de resíduo a ser descartado.

Em termos de energia

 É uma fonte de energia renovável.


 Produz um combustível de alta qualidade, através deste processo evita-se a
libertação de METANO para a atmosfera que provoca um aumento do efeito
estufa, (a combustão do METANO só produz água e Dióxido de Carbono).

Em termos ambientais

 Reaproveitamento da matéria orgânica.


 Produz como resíduo um biofertelizante, rico em nutrientes e livres de
microorganismos patogénicos.
 Reduz significativamente a quantidade emitida para a atmosfera de METANO.
Por sua vez no tratamento de afluentes, reduz alguns organismos patogénicos
prejudiciais a saúde publica além de reduzir o consumo de oxigénio neste tipo de
reacções.

Em termos económicos

 Apesar do elevado custo inicial, numa perspectiva a longo prazo resulta uma
grande economia, pois reduz, gastos com electricidade, transporte do bujão do
gás, esgotos, descarte de resíduos, etc.

7. ASPECTOS AMBIENTAIS

O biogás, produzido pela conversão da matéria orgânica contida no ciclo natural


da terra, deve ser decomposto de modo que não emita gases que contribuam para o
aumento do efeito estufa. O melhor a se fazer é decompor o material em um biodigestor,
para que o biogás possa ser aproveitado.
Fala-se em tratar o material em um biodigestor, ao invés deixá-lo se decompor
livremente no ambiente, porque o metano é 22 vezes mais impactante do que o dióxido
de carbono em se tratando de aquecimento global. Se o biogás é aproveitado de modo
que o metano seja utilizado como combustível em substituição aos combustíveis fósseis,
ter-se-á emissão de dióxido de carbono, o qual já pertence ao seu ciclo natural. Se o
biogás é apenas queimado, sem que seja aproveitada a energia nele contida, ainda assim
é mais vantajoso do que deixar o material orgânico se decompor naturalmente no meio
ambiente, pois não haverá emissão de metano e sim, de dióxido de carbono. Outra
opção é utilizar o material tratado como biofertilizante, disponibilizando ao solo os
mesmos nutrientes contidos em terras agrícolas.
Segundo pesquisas, a produção do biogás já vem desde mais de mil anos antes
da era de cristo, sendo que foram os povos asiáticos que trouxeram tal métodos nos
tempos de hoje, e tem evoluído mais a cada tempo.
8. CONCLUSÃO
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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