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1.1. Problematização
A gestão de resíduos domiciliares no município de Maputo ainda não se encontra nos níveis
desejados, devido a fatores como o difícil acesso aos contentores de lixo em alguns pontos da
cidade, o mau uso dos contentores de lixo e ao facto de não haver uma separação dos
diferentes tipos de resíduos sólidos.
Apesar dos diferentes impactos negativos que advém do funcionamento da lixeira existe um
grupo de pessoas que depende da mesma para sobreviver, os catadores de lixo, que são contra
o encerramento da mesma. Os catadores de lixo são os principais atores em atividade de
reciclagem, são eles que separam papelão, plástico, vidro, latão…, e os vendem para as
empresas que reutilizam estes materiais.
O tratamento não adequado do lixo é responsável pela poluição do ar, poluição do solo,
contaminação de águas subterrâneas, atração de vetores de transmissão de doenças (baratas,
mosquitos, moscas…) e propagação de várias doenças, o que afeta de forma direta a vida da
população aos arredores da lixeira.
Segundo os dados do censo de 2017, fornecidos pelo INE, o bairro de Hulene-B possuí uma
população total de 48 717 habitantes, e estes como todo ser humano precisam de ter seus
direitos respeitados, o que não é o caso, como por exemplo a fumaça produzida pelas
queimadas no interior da lixeira que chegam a condicionar as aulas nas escolas arredores e
perigam a saúde desta população.
1.3. Objetivos
Geral:
Específicos:
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Descrever as estratégias usadas para o tratamento dos resíduos sólidos;
Distinguir lixão/lixeira controlada de aterro sanitário;
1.4. Metodologia
O presente trabalho de pesquisa constituí um estudo de caso, que consiste na coleta de dados
relevantes ao tema, análise dos dados e apresentação de conclusões. Para a realização deste
foram realizadas pesquisas bibliográficas/ revisão de literatura, com recurso a documentos
como artigos, sites, entre outros documentos de natureza de pesquisa científica disponíveis
online.
O método de pesquisa usado é o qualitativo, com vista a informar de maneira detalhada como
é feita a gestão de resíduos sólidos e os impactos que os mesmos tem sobre o ambiente.
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2. Lixeira de Hulene
Fundada na década de 70, a lixeira de Hulene possuí hoje uma área de 17 hectares e nela são
depositados diariamente 1200 toneladas de lixo, segundo a televisão Miramar e a montanha
de lixo já passa dos 20m de altura. Localizada à 7km do centro da cidade de Maputo, a lixeira
se encontra no meio de uma área habitacional urbana e conforme dito pelo ativista da
Livaningo, Maurício Sulila:
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2.2. Caracterização
À lixeira de Hulene é comumente atribuído o título de aterro sanitário. Para prosseguir com o
trabalho faz-se necessária a definição de alguns conceitos.
Para a ambientalista Júlia Azevedo, aterro sanitário é uma obra de engenharia projetada sob
critérios técnicos, cuja finalidade é garantir a disposição correta dos resíduos sólidos urbanos
que não puderam ser reciclados, de modo que os descartes não causem danos à saúde pública
ou ao meio ambiente.
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Fig.2 – Aterro sanitário de Brasília. Fonte: www.cgcgconcessoes.com.br
Podemos então concluir que a lixeira de Hulene estaria entre um aterro controlado e um não
controlado pois a mesma possuí sim algumas medidas de gestão dos resíduos como o uso de
maquinarias para organização e compactação em conjunto com a queima do lixo, mas
encontra-se aquém do necessário para ser um aterro sanitário.
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Fig.3 – Lixeira de Hulene. Fonte: MZNews.co.mz
O lixo pode ser classificado em diversas categorias e subcategorias, mas para o fim deste
trabalho importa apenas caracterizar os seguintes:
Lixo orgânico;
Lixo inorgânico;
Lixo reciclável.
Existem mais como o lixo hospitalar, eletrónico, substâncias tóxicas, entre outros.
O lixo orgânico é constituído por resíduos de origem biológica, como restos de alimentos,
cascas de frutas, folhas, aparas de grama, entre outros. Esse tipo de lixo é biodegradável, ou
seja, pode ser decomposto por organismos vivos e se transformar em adubo.
O lixo inorgânico refere-se a resíduos não biodegradáveis de origem mineral, como plástico,
vidro, metal, papelão e outros materiais que não se decompõem naturalmente. Esse tipo de
lixo pode levar décadas ou até mesmo séculos para se decompor no meio ambiente.
E o lixo reciclável engloba materiais que podem ser reciclados e transformados em novos
produtos. Exemplos comuns incluem papel, papelão, plástico, vidro e metais, como alumínio
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e aço. A reciclagem desses materiais reduz a demanda por matérias-primas virgens,
economiza energia e diminui a quantidade de resíduos enviados para aterros sanitários.
3. Impacto ambiental
As lixeiras a céu aberto constituem uma forma de poluição ambiental multifacetada. Estas são
responsáveis pela poluição do solo, do ar, das águas pluviais e dos lençóis freáticos e
contribuem para o aquecimento global com a emissão de gases de efeito de estufa,
nomeadamente o metano (CH4) resultante da decomposição da matéria orgânica e do dióxido
de carbono (CO2) quando queimado.
O solo da lixeira é contaminado pelas sustâncias e resíduos tóxicos presentes no lixo que
afetam a qualidade do solo, reduzindo a capacidade do mesmo de suportar vegetação.
3.2. Poluição do Ar
A decomposição de resíduos orgânicos em lixeiras a céu aberto produz gases como metano e
dióxido de carbono, que são gases de efeito estufa e contribuem para o aquecimento global.
Além disso, os resíduos em decomposição também podem emitir odores desagradáveis e
gases poluentes que afetam a qualidade do ar local e podem causar problemas respiratórios.
Os resíduos depositados nas lixeiras podem liberar líquidos lixiviados, que são uma
combinação de água de chuva e substâncias tóxicas provenientes da decomposição dos
resíduos. Esses líquidos podem infiltrar-se no solo e contaminar as águas subterrâneas, bem
como se infiltrar em corpos d'água próximos, causando poluição e impactando negativamente
a vida aquática.
3.4. Doenças
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temos: a malária, febre amarela e leptospirose através dos vetores, cólera, giardíase através da
ingestão de alimentos no lixo, irritação das vias respiratórias através dos gases tóxicos
liberados no processo de decomposição, assim como agravar casos de asma e bronquite e
também doenças de pele para quem tem contacto direto com a lixeira.
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4. Resultados
Após a análise dos dados coletados ao longo da pesquisa podemos concluir que a lixeira de
Hulene é sem sombra de dúvidas um local inadequado para a disposição dos resíduos sólidos,
mas este é um facto já há muito sabido, tanto de forma empírica, como através das entrevistas
realizadas a população vizinha da mesma que clama pelo seu encerramento há anos.
Mas porquê será que a lixeira continua em funcionamento apesar dos problemas descritos
durante o desenvolvimento da pesquisa?
O conselho municipal de Maputo alega que são necessários 50 milhões de dólares para
encerrar a lixeira de Hulene e que já existiam fundos para execução do novo aterro, isto em
fevereiro de 2018, já se passam 5 anos desde que foi feita esta declaração e desde o
desmoronamento de uma parte da lixeira que ceifou pelo menos 17 vidas.
Para que tenhamos novas “Hulenes” certas medidas deveram ser tomadas em prol de uma boa
gestão de resíduos sólidos.
O primeiro passo consiste na separação do lixo nos locais de produção do mesmo, onde o
orgânico pode passar por um processo de compostagem e servir de adubo e não orgânico e o
não orgânico seria separado facilitando a coleta do lixo reciclável pelas empresas
responsáveis pela mesma reciclagem tento só rejeitos os aterros sanitários como destino
reduzindo a quantidade de lixo que acaba nos aterros, evitando a sobrelotação dos
contentores, e a existência de catadores, pois sem lixo reciclável nos aterros deixam de haver
motivos para os catadores frequentarem o local, aliado ao facto de que os aterros sanitários
devem ser de acesso restrito, apenas o pessoal autorizado pode fazer a gestão de mesmo. Os
aterros são locais que apresentam riscos a saúde humana, devido a possível disseminação de
doenças e acidentes envolvendo as maquinarias pesadas.
Contudo está prática da separação do lixo só poderá ser alcançada através da educação
ambiental. Esta servira como forma de motivar a população a fazer uso adequado dos
contentores de lixo, e a separar o lixo, caso o sistema de recolha de lixo assim o permita.
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5. Recomendações
Com base nos resultados e conclusões obtidas durante a pesquisa a principal recomendação é
uma reiteração do que já vem sendo dito há anos, a lixeira precisa ser encerrada o mais
urgente possível, a população aos arredores e os catadores de lixo vivem em condições
desumanas.
Segundo o jornal (O País, 2022) ainda não há data para o encerramento da lixeira de Hulene,
na Cidade de Maputo. Entretanto, a edilidade garante que os trabalhos em curso para a
desactivação do local estão a 62% de execução.
"Alertamos que a Lixeira já teve o seu esgotamento e há mais de 15 anos que são promessas
de que iria encerrar e iria ser substituída por um sistema de gestão de resíduos sólidos
apropriado e sustentável", afirma Sheila Rafi (2018), ativista da organização não
governamental Livaningo.
- Os novos aterros devem possuir entidades reguladoras para que se cumpra com os
parâmetros de conversação ambiental, e para que sejam realizados de maneira correta
todos os processos para a disposição dos resíduos sólidos.
- As construções dos novos aterros devem levar em conta fatores como a proximidade
dos centros urbanos para que o aterro não esteja no meio da cidade, mas também não
tão longe que o transporte do lixo se torne financeiramente inviável;
- A comunidade deve fazer parte do processo da criação de um novo aterro para que as
obras de execução e o funcionamento do mesmo decorra sem nenhum atrito com os
locais;
- Criação de programas de educação ambiental, do ensino básico ao superior, como
forma de mostrar as vantagens de uma boa gestão dos resíduos sólidos, e motivar boas
práticas como uso adequado dos contentores do lixo e a separação do lixo para
reciclagem. Ainda na questão da educação ambiental, campanhas de conscientização
comunitárias sobre a gestão do lixo podem ser realizadas, com o objetivo de
disponibilizar informação a todas camadas sociais.
- Criação de entidades públicas ou privadas dedicadas a recolha do lixo reciclável, com
contentores identificados para a deposição deste tipo de lixo por toda cidade e
horários de recolha;
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- Impedir a construção de habitações ao redor dos aterros sanitários e reassentar a
população vizinha caso se escolha uma área habitada para construção do aterro.
6. Conclusão
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7. Bibliografia
Azevedo, J. (2022, 4 de Abril). Aterro sanitário: o que é, impactos e soluções. eCycle - Sua
pegada mais leve; eCycle. https://www.ecycle.com.br/aterro-sanitario/
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sociabilidade. RIUEM.
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Oliveira, T. B. de, & Galvão Junior, A. de C. (2016). Planejamento municipal na gestão dos
resíduos sólidos urbanos e na organização da coleta seletiva. Engenharia Sanitaria e
Ambiental, 21(1), 55–64. https://doi.org/10.1590/s1413-41520201600100155929
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