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Sobre a autora

Nome Cileny Carla Saroba


do professor

Possui graduação em Ecologia pela Universidade Estadual Paulista (1998) e


mestrado em Biologia de Água Doce e Pesca Interior pelo Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (2002). Atualmente é professora da Faculdade Redentor,
onde atua como Presidente da Comissão Permanente de Avaliação. Tem experiência
na área de Ecologia, com ênfase em Ecologia aquática, atuando principalmente no
seguinte tema: metodologia científica, ecologia geral, ecossistemas aquáticos,
evolução e projetos de pesquisa. Responsável pela elaboração de Caderno de
Educação a Distância para a disciplina de Metodologia Científica e Sustentabilidade
Sócio ambiental. Professora responsável pela disciplina de Metodologia Científica e
Sustentabilidade Socioambiental em EAD. Integrante dos Núcleos Docentes
Estruturantes dos cursos de Graduação em Ciências Biológicas, modalidades
bacharelado e licenciatura e Fonoaudiologia.
Apresentação

Olá querido aluno (a), seja muito bem-vindo (a)!

A Engenharia Ambiental constitui uma área do conhecimento cuja prática


antecede muito a sua formalidade como área científica. Ao analisarmos a história das
civilizações mais antigas, percebemos estruturas construídas para facilitar a obtenção
e o transporte de recursos. Um exemplo é o abastecimento de água para o consumo
dos cidadãos, para a irrigação de cultivos, ou o escoamento de efluentes. Apesar de
muitos desses sistemas terem milhares de anos, análises modernas demostram uma
engenhosidade notável cuja funcionalidade é inquestionável.
Com o avanço das civilizações modernas, principalmente no período pós
Revolução Industrial as ações humanas passam a promover mudanças nos sistemas
naturais que alteram sua dinâmica causando os chamados impactos ambientais. Tais
impactos pode em muitos casos desencadear sérios desequilíbrios ambientais, a
qualidade e a quantidade de recursos essenciais ao homem.
Falar sobre impacto ambiental é falar sobre ações humanas, ou seja, desde
que o homem passou a habitar o planeta, vem causando impactos ao meio que ocupa.
É bem verdade que os impactos ao meio crescem em dimensão e severidade
conforme a civilização humana foi evoluindo em tecnologia e cresceu em número de
indivíduos.
Na atualidade, a Engenharia Ambiental tem como principal propósito entender
os problemas de ordem ambiental e traçar medidas e ações que possibilitem minimizar
o efeito desses impactos, ou quando possível, que os impactos sejam evitados.
Outra preocupação iminente da Engenharia Ambiental é a discussões sobre
meios para garantir processos mais sustentáveis na extração de matérias primas,
além de estabelecer políticas e normatizações que mantenham áreas estratégicas dos
ecossistemas preservados, mantendo assim a viabilidade dos processos ecológicos
essenciais a vida.
O contexto dessa atuação busca tornar o processo produtivo mais sustentável,
mantendo os impactos controlados com medidas que evitem ou minimizem a poluição
em todas as esferas do setor produtivo. Sendo assim, nesta disciplina vamos estudar
medidas e ações para o tratamento de diversas formas de poluição, além de discutir
o atual modelo de Produção limpa e as políticas públicas que possibilitam medidas de
proteção ao ambiente

.
.
.

Bons estudos!
Objetivos

Este caderno de estudos tem como objetivos:

 Discutir os elementos que compões a estrutura dos ecossistemas


e os princípios do equilíbrio ambiental;
 Entender a problemática ambiental e seus impactos na
sustentabilidade socioambiental;
 Discorrer sobre os impactos ambientais decorrentes das ações
humanas no meio;
 Explicar os mecanismos direcionados a prevenção e mitigação
das alterações nas propriedades físicas, químicas e biológicas do
meio ambiente;
 Discutir as políticas ambientais e as estratégias de proteção
ambiental.
Sumário
Iconografia
Aula 1
Apresentação a Engenharia
Ambiental

APRESENTAÇÃO DA AULA

Caro aluno, nesta aula, vamos tratar de forma breve o contexto da Engenharia
Ambiental e sua importância no sistema da atualidade. Vamos entender como surge
a necessidade de uma área profissional voltada para minimizar os prejuízos causados
pelo nosso modo de vida.
A Engenharia Ambiental está voltada basicamente para atender as demandas
do sistema produtivo, tanto no que se refere a busca por recursos quanto evitar danos
ao meio decorrente dos mais variados processos, sendo na atualidade uma atuação
fundamental para manter um modo de vida mais adequado diante das limitações
ambientais causadas pela utilização irracional dos recursos ambientais.
Neste contexto, é fundamental que qualquer profissional da área de tecnologia
entenda o quadro atual no que se refere à extração de materiais e os impactos do
processo produtivo.

Vamos lá? Bom estudo a todos.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Apresentar a contextualização da engenharia ambiental na


modernidade;
 Reconhecer as aplicações da engenharia ambiental no contexto
ambiental;
 Compreender a relevância da engenharia ambiental.
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1 INTRODUÇÃO

Você já deve ter ouvido inúmeras vezes reportagens sobre


impactos ambientais. Notícias sobre poluição, derramamento de
petróleo, rompimento de barragens de rejeitos, contaminação do
solo por resíduos perigosos são cada vez mais frequentes na nossa
época.
Quando analisamos as atividades humanas, verificamos que qualquer atividade
humana, independente da natureza ou finalidade gera impacto negativo ao meio.
Frequentemente a extração de matéria prima, a geração e energia e a disposição de
resíduos acarretam alterações irreversíveis ao meio natural. E o que isso significa?
Muitos dessas alterações acabam por provocar sérios problemas chamados de
impacto ambiental.
Os impactos ambientais podem comprometer a qualidade e a quantidade de
certos recursos naturais, o que, em geral compromete a sobrevivência das populações
naturais ou mesmo a qualidade de vida populações humanas locais.
Diante dessa problemática cresce a necessidade de práticas menos poluentes,
de processos produtivos mais eficientes, que economizem materiais e diminuam
geração de resíduos. Nesse contexto a atuação de profissionais que entendam a
dinâmica do processo produtivo e tenham consciência da problemática ambiental são
essenciais para garantir meios mais sustentáveis do setor socioeconômico atual.
Vamos discutir ao longo desta aula essa problemática, e introduzir alguns
conceitos essenciais para o entendimento de assuntos que permeiam a importância
de se manter o equilíbrio ecológico, de discutir práticas voltadas para o
desenvolvimento sustentável.

1.1 Histórico da engenharia ambiental

O surgimento da Engenharia Ambiental ocorreu muito antes da sua


formalização como uma área da Engenharia e uma atuação profissional específica. A
necessidade de entender a logística de obtenção de recursos e da disposição
adequada de rejeitos surge desde os primeiros assentamentos humanos. Na pré-
história, o homem apresentava um estilo de vida muito diferente do atual. As
populações humanas eram constituídas de poucos indivíduos, que tinham um estilo
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nômade, percorrendo grandes extensões de terra para garantir suas necessidades de


sobrevivência. Neste sistema, a logística empregada na obtenção de alimento e
demais recursos eram supridos por meio do forrageio, ou seja, através da busca ativa,
caça, pesca e coleta.
Esse estilo de vida pode considerado natural, pois todos os animais que
conhecemos hoje vivem em sistemas similares, caçando ou extraindo seu sustendo
de recursos vegetais. Entretanto, mesmo sendo um sistema de baixo impacto
ambiental, ainda assim o homem primitivo modificava os ambientes pelos quais
passava. A extração de madeira, usada como lenha ou para utensílios, provocava
certo desmatamento na área ocupada, a queima da madeira e de turfa liberava gás
carbônico no meio e o despejo de restos de alimentos e dejetos orgânicos acarretava
alteração no solo e na água.
Mas porque esses impactos não eram tão significativos? Primeiro porque o
quantitativo de pessoas nos grupos populacionais era baixo. Alguns antropólogos
acreditam que esses grupos não ultrapassavam cem pessoas (HARARI, 2016). Outro
motivo era justamente o estilo de vida nômade, uma vez que a migração constante
para outras localidades possibilitava o restabelecimento dos recursos consumidos em
um locar e a completa incorporação dos resíduos pelo meio. Desta forma as
alterações no meio eram pouco sentidas e o equilíbrio ambiental não sofria ameaça
(DIAMONT, 2012).
Há cerca de 10 mil anos, alguns agrupamentos humanos passaram a uma nova
forma de vida. Com a domesticação de alguns vegetais (trigo, cevada, centeio) e
animais de pequeno porte (cabras e ovelhas), o estilo de vida nômade deixa de ser
necessário e ocorre o estabelecimento de comunidades sedentárias, as quais fixavam
residência em locais adequados, dando inícios aos primeiros aglomerados.
Posteriormente esses núcleos habitacionais evoluíram para as vilas e cidades da
antiguidade (HARARI, 2016).
Bem, e aí você pode se perguntar, o que muda com esse “novo” estilo de vida?
As mudanças são bem significativas. Uma vez fixado residência era necessário uma
“logística” para produção dos recursos essenciais a sobrevivência das pessoas. A
busca por água limpa, madeira, pasto para os animais e locais adequados para o
plantio passa a ser uma preocupação.
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Neste novo cenário cresce a necessidade de viabilizar recursos que possibilite


manter o fornecimento de alimento para a população humana, cresce também a
variedade de estratégias para garantir tais recursos. Um exemplo que pode ser
destacado é a atividade agrícola dos antigos Egípcios, que ao entenderem o sistema
de enchentes do rio Nilo, propiciaram um sistema de
cultivo eficaz e adaptado ao pulso de inundação do
rio. Esta prática pode ser considerada um dos
primórdios da engenharia ambiental (DAVIS;
MASTEN, 2016).
Desde o início da agricultura até o início da
Para saber mais sobre a
Idade Média, as atividades humanas demandavam
história e aplicação da
basicamente de recursos essenciais, como alimento,
Engenharia ambiental, leia
madeira e metais para utensílios e armamentos.
o Capítulo 1 do livro
Neste cenário a inovações voltavam-se em geral
Introdução à Engenharia
para os aparatos agrícolas e bélicos, além das
Ambiental (VESILIND et al.,
edificações. No entanto, após a Revolução
2018).
Industrial, surge uma nova civilização moderna,
cujas mudanças são evidentes e implicam em um novo cenário ambiental (DIAMOND,
2012).
Com o advento da industrialização e o crescimento das cidades, a necessidade
de gerir adequadamente o fornecimento de recursos e a destinação adequada de
resíduos cresce significativamente. A industrialização acarretou uma nova condição
ambiental. O aglomerado de indústrias promove um aumento considerável de
substâncias na atmosfera, sendo muitas delas tóxicas, além de gerar uma forma de
efluente mais difícil de ser neutralizado.
Outro fator associado a esse novo cenário é o aumento da população urbana,
promovendo a disposição de efluentes domésticos sem tratamento nas vias públicas
ou em córregos urbanos.
Nessas condições a vida urbano-industrial desde seu surgimento promove uma
condição de vida bastante insalubre, o que leva a necessidade dos engenheiros civis
e arquitetos dos séculos XVIII e XIX a elaborar estratégias para fornecimento da água
de qualidade e o adequado escoamento dos efluentes e em certos casos até o
deslocamento de indústrias poluidoras (VISILIND; MORGAN, 2018), surge nesse
contexto a necessidade de incluir no processo produtivo as questões ambientais.
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Inicialmente a Engenharia ambiental surge num contexto sanitário, uma vez


que era vinculada a questão da purificação da água para abastecimento da população.
A Europa do século XIX foi marcada por inúmeras ações relacionadas à manutenção
da qualidade da água, como a instalação de filtros e a canalização dos esgotos
urbanos em galerias. Tais ações baseadas no conhecimento de que a má qualidade
da água está diretamente relacionada à perda da qualidade de saúde da população
(BRAGA et al., 2005). Essa abordagem da Engenharia Ambiental permanece até
meados do século XX.
A partir das décadas de 1960 e 1970, a área da Engenharia ambiental passa
a atuar num escopo mais abrangente, incluindo além da questão da qualidade da
água, também as questões relacionadas a poluição atmosférica e a disposição de
resíduos sólidos (DAVIS; MASTEN, 2016). Vale ressaltar que neste período as
questões ambientais passam a ter uma atenção maior, tanto por parte da população,
quanto dos setores públicos, demandando da área de engenharias uma especialidade
voltada para processos que minimizassem os impactos negativos do processo
produtivo.
Neste sentido a relação qualidade ambiental e saúde da população é o marco
no surgimento de uma área da engenharia voltada para entender os processos de
poluição e minimizar seus efeitos.

1.2 A engenharia ambiental na atualidade

Na atualidade, a engenharia ambiental está incumbida não só de reconhecer e


evitar os efeitos nocivos dos sistemas urbano-industriais no meio, mas também de
estabelecer mecanismos de ação mediante um novo cenário, a escassez de recursos
e os impactos gerados com certas atividades humanas.
A perspectiva de mudanças climáticas em nível global, a redução da oferta de
água potável, o acúmulo de substâncias no meio, a perda de funções ecológicas e a
diminuição dos reservatórios de recursos não renováveis exige da sociedade uma
nova postura, o que requer de pesquisadores e engenheiros um conhecimento
profundo da dinâmica dos ecossistemas naturais (VISILIND; MORGAN 2018). Diante
dessa nova condição da sociedade atual, a Engenharia Ambiental passa a ter um novo
papel. A promoção da saúde pública deve incluir além do combate as mais diversas
formas de poluição, também um nível mais avançado das ciências biológicas e da
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química, a biotecnologia e a nanotecnologia passam a atuar efetivamente no ciclo de


vida dos seres vivos (BRAGA et al., 2005).
Desde a década de 1960, cresce sensivelmente as discussões que envolvem
problemática ambiental e as repercussões dos impactos ambientais na qualidade de
vida do homem moderno. Impactos que no passado eram entendidos como locais e
pontuais se mostram interligados em nível ecossistêmicos, acarretando efeitos
indesejados em nível regional ou mesmo global (MILLER; SPOOLMAN, 2012).
A partir da década de 1990, intensificam-se as discussões sobre
sustentabilidade socioambiental, o que leva à engenharia ambiental a se preocupar
também com as fontes de matérias primas e a forma de extração e utilização das
mesmas, além dos processos geradores de energia.
Essa nova perspectiva de atuação das ciências ambientais levou ao
estabelecimento de uma nova forma de gestão econômica, a qual considera o
ambiente como fator integrante do processo produtivo, incluindo os danos causados
pelo mesmo. Essa nova abordagem se reflete no chamado Desenvolvimento
Sustentável o qual por definição é descrito como “aquele que atende às necessidades
do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às
suas necessidades.” (RELATÓRIO DE BRUNDTLAND, 1987, s.p).
A sustentabilidade passa a ser o pano de fundo de todas as áreas do
conhecimento. As engenharias não ficam de fora desse cenário, com o atual nível
tecnológico, a demanda por recursos como minérios, energia e água cresce
proporcionalmente aos avanços da modernidade. Entretanto muitos desses recursos
são finitos e sua extração acarreta grandes impactos ao meio que afetam
negativamente a qualidade de vida (MOTTA, 2006).
Diante disso, entender a capacidade dos ecossistemas naturais e
socioeconômicos de se manterem e prosperarem nesse novo cenário ambiental é um
desafio que requer integração e cooperação entre as diversas áreas do conhecimento.
O conhecimento do meio proposto pelas ciências naturais, pode promover subsídios
para novas tecnologias e processos que otimizem a utilização de materiais, diminuam
a produção de resíduos e minimizem os impactos gerados pelas atividades humanas
(DUPAS, 2008). Neste sentido cresce a integração entre pesquisas ambientais e a
atuação da engenharia ambiental. A pesquisa ambiental gera conhecimentos sobre
os processos ecológicos, que são aplicados pelo engenheiro ambiental na resolução
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de problemas, principalmente os relacionados ao abastecimento hídrico, à poluição


aquática e atmosférica e a gestão de resíduos sólidos.
Resumo

A engenharia ambiental é uma área de estudo de extrema importância na


atualidade, uma vez que possibilita estudos que possibilitam melhorias nos processos
de extração, transporte e processamento de matérias primas.
Nos primórdios da história humana, já existia a atuação do engenheiro
ambiental na figura de trabalhadores que viabilizavam os processos de irrigação,
transporte e distribuição de alimentos.
Na atualidade a atuação do engenheiro ambiental se torna cada vez mais
fundamental, uma vez que tal atuação engloba processos que buscam minimizar ou
mesmo evitar a poluição ambiental.
Complementar

CRUVINEL, K. A.; MARÇAL, D. R.; LIMA, Y. C. R. Evolução da engenharia ambiental no


Brasil. In: V Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental. Anais. Belo Horizonte, MG:
IBEAS, 2014. Disponível em: https://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2014/XI-
028.pdf. Acesso em: 10 ago. 2019.
HORI, C. Y.; RENOFIO, A. A inserção do engenheiro ambiental como garantia para
uma evolução sustentável. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO, Anais. Rio de Janeiro: v. 18, p. 312-328, 2008. Disponível em:
http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2008_TN_STO_079_547_11366.pdf.
Acesso em: 10 ago. 2019.
Referências

Básica:
BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Peanson,
2005.

DAVIS, M. L.; MASTEN, S. J. Princípios de engenharia ambiental. 3. ed. São Paulo:


AMGH editor, 2016.

DIAMONT, J. O terceiro chimpanzé: a evolução e o futuro do ser humano. 2. ed. Rio


de Janeiro: Record, 2012.

DUPAS, G. Meio ambiente e crescimento econômico. São Paulo: Editora Unesp,


2008.

HARARI, Y. N. Sapiens: uma breve história da humanidade. 13. ed. Porto Alegre:
L&PM, 2016.

MILLER, G. T.; SPOOLMAN, S. E. Ecologia e sustentabilidade. 6 ed. São Paulo:


Cengage Learning, 2012.

MOTTA, R. S. Economia ambiental. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

RELATÓRIO DE BRUNDTLAND. Nosso futuro comum. 1987. Disponível em:


https://www.inbs.com.br/ead/Arquivos%20Cursos/SANeMeT/RELAT%23U00d3RIO%20BRU
NDTLAND%20%23U201cNOSSO%20FUTURO%20COMUM%23U201d.pdf. Acesso em: 22
jul. 2019.

VISILIND, P. A.; MORGAN, S. M. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São


Paulo: Cengage Learning, 2018.
Exercícios
AULA 1

1) Os impactos ambientais sempre estiveram presentes


na história do homem desde que nossos ancestrais passaram
a ter domínio do fogo. Entretanto na pré-história tais impactos
eram menos sentidos. Isso se deve ao fato de:
a) Ter como ideologia a preservação dos recursos naturais.
b) Evitar de forma planejada ações que causavam danos ao meio.
c) Possibilitar a recuperação do meio devido ao hábito nômade.
d) Estar integralmente inserido no meio, não causando danos algum.
e) Evitar os danos no meio por meio de estudos de observação.

2) Após um certo momento na história da humanidade, os impactos ambientais


decorrentes das ações humanas passam a ser muito intensos e preocupantes. Este
período é conhecido como:
a) Revolução agrícola
b) Revolução industrial
c) Revolução tecnológica
d) Revolução médica
e) Revolução científica

3) No início das demandas relacionadas a engenharia ambiental, o principal


setor correspondente a atuação desse profissional era:
a) No controle de pragas
b) Na vigilância sanitária
c) No controle de poluentes
d) No transporte de matérias primas
e) No tratamento de resíduos
4) A engenharia ambiental e a ciência Ecologia passam a atuar de forma
integrada com as discussões sobre sustentabilidade. Explique o que justifica tal
interação.

5) A história da engenharia ambiental está intimamente ligada ao


desenvolvimento tecnológico do homem moderno. Descreva porque o crescimento
das cidades industrializadas destacou a atuação da engenharia ambiental.
Aula 2
Estrutura dos ecossistemas

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta segunda aula, vamos entender um pouco sobre os ecossistemas e como


as ações humanas podem alterar funções essenciais para a manutenção da vida
nesses ambientes.
Muitas vezes ouvimos falar sobre desastres ecológicos como derramamento de
petróleo, rompimento de barragens de rejeitos de mineração ou mesmo a má
qualidade do ar em grandes centros industriais, mas em que esses fatos afetam nossa
sociedade?
Vamos inicialmente entender o que é equilíbrio ecológico e porque tal equilíbrio
é fundamental para a manutenção da nossa qualidade de vida.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Identificar os fatores que compõem os ecossistemas;


 Entender as características dos sistemas ecológicos;
 Compreender a dinâmica de energia e a ciclagem de matéria nos
ecossistemas naturais;
 Conhecer possíveis alterações no equilíbrio ecológico decorrente das
ações humanas;
 Reconhecer os condicionantes dos ecossistemas urbano-industrial.
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2 INTRODUÇÃO

Os ecossistemas podem ser conceituados como a


integração entre os seres vivos e o meio físico que compõem uma
paisagem, considerando as questões climáticas, a estrutura
geológica, os tipos de solo e a topografia (DAJOS, 2005).
A existência da vida na Terra é propiciada por quatro interfaces
presentes nos ecossistemas: a atmosfera (ar), a hidrosfera (água), a litosfera (rochas,
solos e sedimentos) e a biosfera (seres vivos) (figura 1).

Figura 1: Representação esquemática dos compartimentos que compõem a Biosfera.

Fonte: MILLER; SPOOLMAN (2012, s.p)

A integração entre essas quatros esferas constitui o que conhecemos como


Biosfera. Como os quatro setores da biosfera não são compartimentalizados, as
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ocorrências em um dos setores repercutem, direta ou indiretamente nos outros, ou


seja, a Biosfera está toda conectada.
Essa percepção de conexão foi proposta inicialmente por Lovelok e Margulis
em 1976. A teoria de Gaia proposta pelos pesquisadores se baseia em uma rede de
comunicação bioquímica e biofísica estabelecida entre todos os compartimentos que
compõem a Biosfera. Essa comunicação é efetuada basicamente pelos seres vivos,
o que implica numa integração entre o meio abiótico (não vivo) e o biótico (vivo), onde
o meio físico determina as condições para a existência da vida, mas os seres vivos
também alteram e condicionam o meio físico (LOVELOK, 2010).
A teoria de Gaia pode tomar como exemplo a composição química da
atmosfera. Nos primórdios do planeta Terra, o oxigênio era completamente ausente.
Com a evolução dos organismos fotossintetizantes (plantas, algas verdes,
cianobactérias e bactérias fotossintetizantes), o oxigênio passa a ser liberado em
grandes quantidades e ao longo de milhares de anos foram se acumulando na
atmosfera. Ao mesmo tempo os seres fotossintetizantes foram assimilando o gás
carbônico presente na atmosfera e reduzindo sua concentração com o tempo (ODUM;
BARRET, 2007). O surgimento de outro grupo de seres vivos, os respiradores
aeróbicos (no qual estamos incluídos) fecha o ciclo do gás carbônico e do oxigênio,
uma vez que a respiração aeróbica ocorre a assimilação do oxigênio e a liberação do
gás carbônico (RICKLEFS, 2003).
Até o despontar da era industrial, o balanço entre o consumo e a liberação dos
gases acima mencionados permanecia equilibrada, isto é, a quantidade de oxigênio
consumido pelos processos de respiração e oxidação de compostos orgânicos e
inorgânicos no meio e a quantidade liberada pela fotossíntese era m praticamente
equivalentes. Ao mesmo passo que a quantidade de gás carbônico liberada pela
respiração e decomposição era equivalente à consumida pela fotossíntese (ODUM;
BARRET, 2007). .
A partir desse exemplo podemos perceber que as condições ecológicas de uma
localidade é produto de uma evolução integrada entre o meio físico e o meio biótico,
desta forma alterações em um desses compartimentos afeta diretamente o outro e as
repercussão dessas alterações pode muitas vezes ser de amplo espectro
(LOVELOCK, 2010).
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2.1 Estrutura dos ecossistemas

Como já definimos, os ecossistemas englobam tanto os fatores abióticos como


os bióticos que compõem o meio. Os fatores bióticos englobam todos os seres vivos,
desde a bactéria mais simples até os organismos mais complexos. Já os fatores
abióticos compreender todos os elementos não vivos do meio, que podem ser de
ordem física, como energia luminosa, temperatura, gravidade e radiação, e os fatores
de ordem química, como a água e os elementos químicos que compõem a matéria.
Ao analisar mais de perto a dinâmica dos ecossistemas, os estudos ecológicos
estabeleceram três fatores que viabilizam a vida no planeta: o fluxo de energia, pelo
qual a energia é transformada e flui de forma unidirecional pelos ecossistema; a
ciclagem de matéria, que possibilita que os elementos químicos seja reciclados
disponíveis para a formação de novas matérias; e a gravidade, que possibilita a
manutenção dos elementos químicos nos compartimentos atmosférico, aquático ou
edáfico (solo) (MILLER; SPOOLMAN, 2012). Dentre esses fatores, os dois primeiros
dependem da ação dos seres vivos.
Os seres vivos que compõem os ecossistemas podem ser organizados em três
grupos de acordo com sua forma de obtenção de energia para sobrevivência, sendo
eles, os produtores, os consumidores e os decompositores.
Os produtores constituem os organismos que conseguem sintetizar matéria
orgânica a partir de compostos inorgânicos, chamados autótrofos, como exemplo
mais conhecido desse grupo temos os fotossintetizantes, que produzem glicose
(molécula energética) a partir da absorção de luz, CO2 e água, viabilizado pelos
pigmentos fotossintetizantes, dentre os quais o mais abundante é a clorofila, que dá a
cor verde às plantas (CAIN, 2018). Dentre os organismos fotossintetizantes pode citar
as plantas, as algas verdes, as algas azuis (ou cianobactérias) e as bactérias
fotossintetizantes.
O grupo dos consumidores são os seres que não sintetizam matéria orgânica,
necessitando assim de ingestão de alguma substância que lhes forneça tal recurso.
Os consumidores são conhecidos como heterótrofos, compondo este grupo temos
os organismos que se alimentam de outros seres vivos. Podemos aqui destacar os
animais que se subdividem em herbívoros, carnívoros e onívoros (BEGON et al.,
2007).
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Já os decompositores constituem um grupo de organismos que obtém seus


nutrientes a partir da matéria orgânica morta, como produto desse processo, liberam
no meio, elementos químicos que podem ser novamente incorporados pelos
produtores na formação de nova matéria orgânica. Dentre os decompositores
podemos destacar as bactérias e fungos (RICKLEFS, 2003). A manutenção dos
processos que viabilizam a vida dos três grupos acima citados vem da energia
química da glicose. A integração dos três grupos de seres vivos possibilita uma
dinâmica harmoniosa de matéria e energia nos ecossistemas (MILLER; SPOOLMAN,
2012).

2.1.1 Fluxo de energia e ciclagem da matéria nos ecossistemas

O fluxo de energia ser refere às transformações energéticas que ocorrem nos


ecossistemas. A principal fonte de energia nos ecossistemas é o Sol, que além de
fornecer calor e luz para o planeta, constitui a fonte de energia para a produção de
biomassa vegetal pelo processo fotossintético.
A fotossíntese basicamente é a conversão da energia luminosa em energia
química (glicose), realizada pelo grupo dos produtores, este processo constitui a base
da cadeia alimentar da maioria dos ecossistemas do planeta (RICKEFFS, 2003). A
energia contida nos produtores é transferida para os consumidores ao longo de uma
intricada cadeia que chamamos “cadeia alimentar” (figura 2).
Apesar da fotossíntese ser a principal forma de síntese de matéria orgânica,
não é a única, bactérias do ciclo do enxofre conseguem produzir glicose a partir de
alguns elementos químicos, utilizando a energia geotérmica, este processo é
conhecido como quimiossíntese.
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Figura 2: Representação das transferências energéticas ao longo de uma cadeia alimentar.

Fonte: MATHEUS MARANHÃO (2019)

Como ilustrado na figura, em cada etapa do processo de transformação, uma


porcentagem de energia é liberada para o meio na forma de calor, sendo considerada
uma perda do processo, cerca de 90% da energia se dissipa nos processos de
transferência de um nível trópico para outro (MILLER; SPOOMAN, 2012). Este
fenômeno é explicado pela 2ª Lei da Termodinâmica, de acordo com a qual, as
transformações energéticas sempre ocorrem de uma forma de energia concentrada,
para uma forma dispersa, ou seja, nenhuma transformação energética conserva a
totalidade da energia que entra no processo (CAIN, 2018), esse fenômeno é ilustrado
pela pirâmide de energia (figura 3).
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Figura 3: Representação do quantitativo de energia transferida ao longo das cadeias


alimentares, ilustrada na forma de Pirâmide de energia.

Fonte: MILLER; SPOOMAN, 2012

Associado ao fluxo de energia, temos a


dinâmica de matéria. Como podemos
perceber, ao desencadear transferência de
energia, também temos as transformações da
matéria. A produção de biomassa pelo
processo fotossintético, e a transformação
dessa biomassa de tecido vegetal para tecido
Para entender melhor sobre os
animal implica tanto em transferência de
fatores que desencadeiam
energia, quanto em transformação de matéria.
desequilíbrio nos ciclos
Entretanto, ao contrário da energia que
biogeoquímicos, consulte o
apresenta um fluxo unidirecional (uma vez que
Caderno de Apoio da disciplina
a energia entra, se transforma e sai do
Sustentabilidade Socioambiental
sistema), a matéria apresenta uma dinâmica
(SAROBA; THOMÉ, 2019).
cíclica (BEGON et al., 2007), uma vez que sua
quantidade na Biosfera é finita. Sendo assim,
a manutenção do ciclo de vida dos seres vivos só é possível devido a ação de
organismos decompositores (fundos e bactérias) que transformam a matéria orgânica
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morta em elementos inorgânicos disponíveis para a formação de nova matéria


orgânica viva (CAIN, 2018).
A biogeoquímica é a área científica que
estuda a ciclagem dos elementos químicos
através dos ecossistemas. Esses estudos
analisam os ciclos de forma a entender quais
reações ocorrem, a velocidade dessas
reações e os fatores que propiciam, aceleram
ou retardam os processos envolvidos
Rios voadores
(BEGON et al., 2007).
Dentre os elementos mais estudados,
Para entender melhor essa
podemos destacar a água, o carbono, o
dinâmica da água e árvores,
nitrogênio, o fósforo e o enxofre. O
assista o vídeo disponível em:
conhecimento mais aprofundado da dinâmica
https://www.youtube.com/watch
desses elementos se deve principalmente
?v=uxgRHmeGHMs.
pelas perturbações verificadas em função das
ações humanas nesses ciclos.
A queima de combustíveis fósseis, por exemplo, vem promovendo intensas
alterações no ciclo do carbono, nitrogênio e enxofre, uma vez que com a queima de
petróleo (e seus derivados), carvão mineral e gás natural libera-se no ambiente
átomos de carbono estavam foram do circuito “seres vivos-atmosfera” por pelo menos
300 milhões de anos, levando a um aumento desse elemento na atmosfera. O mesmo
ocorre com o nitrogênio e o enxofre, promovendo uma alteração na concentração
desses elementos e consequentemente desequilíbrio do sistema. Vamos retomar um
pouco desse assunto quando abordarmos a poluição atmosférica na aula 5.
Outro fator que merece destaque é o desmatamento, que afeta diretamente o
ciclo da água e do carbono e indiretamente ainda promove alterações na dinâmica do
nitrogênio e fósforo (MILLER; SPOOMAN, 2012). Com a retirada da vegetação
terrestre, diminui-se a absorção de gás carbônio, com isso o CO2 liberado tanto por
fatores naturais quanto pela atividade humana permanece na atmosfera o que pode
promover aumento da retenção de calor pelo efeito estufa natural do planeta.
A retirada da vegetação afeta ainda o ciclo da água. De que forma? Estudos
atuais demostram que a vegetação arbórea constitui uma das principais fontes de
vapor d’ água para a atmosfera. A árvore absorve água do subsolo e a libera pelas
P á g i n a | 30

folhas através do fenômeno chamado de Evapotranspiração, esse fenômeno é


fundamental para a formação de nuvens e consequentemente de chuva, sendo assim
a retirada de vegetação implica em diminuição da incidência de chuva.
Outro problema associado ao desequilíbrio dos ciclos biogeoquímicos constitui
as chamadas chuvas ácidas. A chuva ácida é um fenômeno ocasionado pelo excesso
de compostos gasosos de enxofre ou nitrogênio na atmosfera. No momento da
precipitação esses compostos são dissolvidos pela água da chuva, provocando a
formação de ácidos e consequentemente a diminuição do pH da chuva (BRAGA et al.,
2005).
As chuvas ácidas muitas vezes podem precipitar em ambientes rurais,
acarretando a acidificação do solo ou da água de lagos e rios, implicando na morte de
organismos não adaptados à nova condição de acidez. Outro risco associado, é a
precipitação de chuva ácida sobre plantações, podendo levar à prejuízos financeiros
em virtude da morte ou queda na produção da colheita (MIHELCIC; ZIMMERMAN,
2018).
Mas sem dúvida, os efeitos mais comentados ocasionados pelo desequilíbrio
no ciclo da matéria é o aumento do efeito estufa. O efeito estufa é um fenômeno
natural e fundamental para a vida no planeta Terra, pois possibilita que parte do calor
recebido do sol durante o dia seja retido nas horas sem sol, mantendo as médias de
temperaturas anuais mais toleráveis para os seres vivos. Sem o efeito estufa, as
temperaturas médias anuais do planeta seriam próximas de 19ºC negativos (DAJOZ,
2008), ou seja, impraticável para a vida como à conhecemos.
Mas quais os impactos dos desequilíbrios biogeoquímicos no efeito estufa? O
estufa só ocorre devido a presença de alguns gases na atmosfera, dentre eles o mais
conhecido é o gás carbônico (CO2). Os gases de Efeito Estufa (GEE) são os
responsáveis por reter parte da radiação proveniente do Sol e manter o aquecimento
nas camadas mais internas da atmosfera. Esse aumento de temperatura pode ter
efeitos catastróficos no clima global, bem como levar muitas espécies animais e
vegetais ao risco de extinção. Dados de temperatura demostram um aumento de
0,6ºC nas médias de temperatura entre meados do século XIX e o início do século
XX (VECCHIA, 2010).
As consequências desse aumento de temperatura são muito incertas e muitos
pesquisadores divergem quanto a sua real ocorrência e quais seriam seus efeitos no
P á g i n a | 31

clima global. O efeito mais comentado é o derretimento do gelo dos polos e


consequente aumento do nível dos oceanos, entretanto tais efeitos ainda são
permeados por especulações. Como vimos, uma característica marcante dos
ecossistemas é a integração entre seus compartimentos (seres vivos e meio), o que
resulta uma paisagem com peculiaridades que variam de acordo com os fatores
climáticos, radiação luminosa, tipo de solo e disponibilidade hídrica, o que implica
diretamente na sua produtividade (CAIN, 2018).

2.2 Ecossistemas antrópicos urbano-industriais

Com o acentuado desenvolvimento industrial e o crescimento das cidades,


surge no cenário da modernidade uma nova forma de Ecossistema, os Ecossistemas
Heterotróficos (ODUM, 1988). As cidades constituem um ecossistema heterotrófico
dependende de subsídios de energia antrópica, ou seja, aquela promovida pela
queima de combustíveis, seja de origem fóssil, ou biocombustíveis processados.
As cidades em geral, principalmente as intensamente povoadas demandam
altas quantidades de enegia para manter as atividades humanas e industriais (ODUM,
1988). Até o século XVII, a força empregada nas atividades humanas eram resultantes
da tração humana e animal e da energia cinética promovida pelos moínhos de vendo
e pelas rodas d’água. A partir da Revolução Industrial e o avanço tecnológico
subsequente, a demanda energética aumenta progressivamente, o que foi viabilizada
pelo emprego do carvão mineral e do petróleo como combustíveis (VECCHIA, 2010).
De acordo com Odum (1988) as cidades industrializadas apresenta uma
demanda energética duas ou três ordens de grandeza maior que o fluxo de energia
para sustentar a vida nos ecossistemas naturais, e o agravante desse sistema é o fato
da energia empregada nas cidades não ser gerada em seu interior. Sendo assim, as
cidades constituem ecossistemas incompletos, uma vez que depende integralmente
de seus arredores para o fornecimento de reursos como energia, alimento água e
outros materiais necessários para a manutenção do seu funcionamento (ADLER;
TANNER, 2015).
P á g i n a | 32

Entretanto, os ecossistemas urbano-industriais, apesar de ser construído pelo


homem, apresenta todas as relações ecológica inerentes aos ecossistemas naturais,
sejam elas relações ecológicas, sociais, culturais ou históricas (PADOAN, online), ou
seja, nas cidades ocorrem fluxo de energergia e ciclagem de matéria, bem como
relações biólógicas, entretanto os processos que viabilizam essa dinâmica são muito
distintos dos ecossistemas naturais.
Os ecossistema urbanos apresentam-
se notóriamente distintos dos ecossistemas
naturais já pela sua estrutura física. A
impermeabilização do solo, impede a
infiltração da água das chuvas de forma
gradativa, levando a formação de enxurradas
superficiais e demandando a construção de
Ecossistemas Urbanos
sistemas de captação e escoamento das água
pluviais.
Assista o vídeo listado abaixo
Outro aspecto bem marcante é a
para complementar seus
ausência de vegetação, que fica restrita à
conhecimentos:
porções modestas de áreas verdes
https://www.youtube.com/watch
concentradas em alamedas, parques e
?v=puIh8Hr8tX4.
praças. Essa ausência de vegetação implica
em menores taxas de evapotranspiração
nesse meio, o que implica em temperaturas mais elevadas e maior acúmulo de gases
poluentes liberados pela atividade veicular e industrial (BRAGA et al., 2005).
Além das questões atmosféricas, o solo dos ambientes urbanos são
intensamente modificados, seja pela construção de vias e edificações, seja pelo
acúmulo de resíduos sólidos, promovendo aumento do risco de erosão e
deslizamentos, principalmente no período de chuvas.
Outro fator de crescente preocupaçao é a intensa produção de efluentes
líquidos (doméstico e industrial) que resultam em alterações drásticas na qualidade
dos recursos hídricos do entordo das cidades, compromentendo muitas vezes na
viabilidade do uso da água tornando-a imprópria ao uso.
As alterações acarretadas a paisagem decorrentes do aumento e intensificação
da áreas urbanas não encontra precedentes na história humana. Mesmo nos países
com menor grau de industrilização as cidades estão em cresciemento, aumentado a
P á g i n a | 33

necessidade de estudos e estratégias que permitam sua subsistência em um planeta


com recursos finitos.
Neste cenário a atuação da Engenharia Ambiental se intensifica, uma vez a
busca por meios de manter a oferta de recursos naturais com o mínimo de impacto
possível, constitui o único caminho viável para a manutenção da qualidade de vida
atual e futura.
Resumo

Os ecossistemas compreendem todo o complexo de organismos e ambientes


físicos que eles habitam, onde ocorre uma dinâmica de matéria e energia.
A energia apresenta uma dinâmica unidirecional, ou seja, ela entra nos
sistemas ecológicos, passa por transformações e sai. Toda transformação energética
implica em perdas, que em geral estão entre 80 e 90%.
A matéria no planeta Terra é finita, desta forma a manutenção dos ciclos de
vida dos seres vivos só são possibilitados pela ciclagem da matéria.
A estrutura dos ecossistemas no que se refere aos seres vivos, é dividida em
produtores, que são os organismos capazes de produzir a próprio composto
energético (alimento), os consumidores, que necessitam de consumir outros seres
vivos para suprirem suas energias, e os decompositores que degradam a matéria
orgânica e liberam no meio nutrientes para serem reutilizados pelos produtores.
A biodiversidade do planeta é fundamental para a manutenção do equilíbrio
ecológico, o qual por sua vez mantem as condições de vida satisfatórias no planeta,
regulando a temperatura, promovendo renovação de água, ar e produzindo matéria
orgânica que sustenta as cadeias alimentares.
Os ecossistemas urbanos são considerados sistema heterotróficos
dependentes de energia, uma vez que para serem sustentados, importam matéria e
energia dos ecossistemas do entorno e exportam os resíduos gerados pelos
processos internos.
Complementar

Rios aéreos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uxgRHmeGHMs


Ambientes Urbanos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=puIh8Hr8tX4
Ecossistemas. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5WVhItCdm-
o&t=246s.
Referências

Básica:
ADLER, F. R.; TANNER, C. Ecossistemas urbanos: princípios ecológicos para o
ambiente construído. São Paulo: Oficina de Textos, 2015.

BEGON, M. B.; TOWNESEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia, de indivíduos à


ecossistemas. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson,


2005.

CAIN, M. L. Ecologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.

DAJOZ, R. Princípios de ecologia. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

MATHEUS MARANHÃO. Conceitos em ecologia. Disponível em:


https://matheusmaranhao.wordpress.com/2014/11/06/biologia-conceitos-da-ecologia/ Acesso
em 15 jun. 2019.

MILLER, G. T.; SPOOLMAN, S. E. Ecologia e sustentabilidade. 6. ed. São Paulo:


Cengage Learning, 2012.

MIHELCIC, J. R.; ZIMMERMAN, J. B. Engenharia ambiental: fundamento,


sustentabilidade e projeto. 2. ed. Rio de Janeiro: Ltc, 2018.

LOVELOK, J. Gaia: alerta final. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010.

ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.

PADOAN, L. L. Ecossistemas urbanos: uma perspectiva analítica das cidades.


Disponível em: www.convibra.org. Acesso em: 23 jun. 2019.

RICKLEFS, R. E. A Economia da natureza. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2003.

TOWNSEND, C. R.; BEGON, M. HARPER, J. L. Fundamentos em ecologia 2. ed.


Porto Alegre: Artmed, 2006.

VECCHIA, R. O meio ambiente e as energias renováveis: instrumento de liderança


visionária para a sociedade sustentável. Barueri: Manole, 2010.
Exercícios
AULA 2

1) Os ecossistemas podem ser conceituados como a


interação dos seres vivos entre si e como o meio físico-químico.
A figura abaixo representa esquematicamente um ecossistema,
considerado é a unidade funcional básica na ecologia, pois inclui tanto os organismos
quanto o ambiente abiótico. Cada um desses fatores influencia as propriedades do
outro e cada um é necessário para a manutenção da vida. Sobre o Ecossistema
analise as seguintes afirmativas e marque a correta:

Figura 4: Exemplificação.

Fonte: a autora.
P á g i n a | 38

a) Nos ecossitemas os fatores abióticos estabelecem as condições para os


seres vivos existirem, mas também são afetados por eles.
b) Nos ecossistemas ocorre um fluxo unidirecional de matéria e energia, que
são transferidos através da cadeia alimentar, possibilitando a sobrevivência dos
organismos.
c) A dinâmica da matéria no planeta se dá de forma cíclica, por isso, o
fornecimento de matérias primas ao setor produtivo é constante.
d) Dentre os seres vivos, os fotossintetizantes são os únicos capazes de
produzir matéria orgância para sustentar o setor biótico dos ecossistemas.
e) As transformações de energia entre os níveis tróficos de uma cadeia
alimentar é bastante eficaz, sendo tranferido cerca de 80 a 90% da energia que entra
no processo.

2) Recentes relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças


Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) voltaram a defender que a ação antrópica tem
contribuído significativamente para o aumento dos níveis de carbono na atmosfera
terrestre. A consequência mais conhecida desse aumento é o aquecimento global,
originado pela intensificação do efeito estufa, cujas consequências podem ser
bastante diversificadas. Diante disso, analise as afirmativas abaixo:
I – O aumento da temperatura média global pode levar a alterações na dinâmica
de chuvas nas regiões tropicais que ficariam mais quentes e mais secas;
II – A elevação de temperatura pode influenciar diretamente na dinâmica de
ventos, diminuindo sua incidência nas áreas de maior temperatura.
III – O aumento do nível de CO2 atmosférico pode ser compensado pela difusão
desse gás com o oceano, este fator acarreta uma diminuição na acidificação da água.
IV – O desmatamento pode contribuir para o aumento do efeito estufa, uma vez
que a vegetação absorve CO2 e radiação solar para o processo fotossintético;

Estão corretas somente


a) I e II
b) II e III
c) I e IV
d) II e IV
e) III e IV
P á g i n a | 39

3) Os ecossistemas podem ser classificados de acordo com sua produtividade


e as formas de energia empregada nos processos. Dentre os tipos de ecossistmas
em relação ao uso de energia, os ecossistemas urbanos industriais são enquadrados
como:
a) Independentes de energia externa de seus limites
b) Dependentes apenas da energia solar
c) Dependentes da energia solar sem subsídios
d) Dependentes só de combustíveis processados
e) Dependentes de energia solar e de combustíveis processados

4) A água é um dos principais recursos para os seres vivos, sendo


imprescindível para qualquer forma de vida. Apesar do recurso água percorrer uma
dinâmica cíclica no planeta, em muitas localidades esse recurso está comprometido,
apresentado ou quantidade insuficiente ou qualidade inadequada. Em relação ao ciclo
da água, analise as afirmativas abaixo, e marque a correta.
a) A água passa da forma líquida nos mares e oceânicos para a forma gasosa
pela ação do Sol, desta forma os fatores envolvidos em seu ciclo está exclusivamente
associado a fatores físicos, como é o caso do aumento de temperatura.
b) No meio natural, fatores como a infiltração, e transpiração de vegetais e
animais, apesar de envolver o elemento água, não promove qualquer influência no
seu ciclo.
c) A água que formam os rios e lagos superficiais constituem juntos a maior
porção de água doce do planeta, sendo assim, os processos de evaporação e
precipitação são de extrema importância para manter tais reservatórios abastecidos.
d) Em regiões de alta intensidade de chuvas, podemos perceber uma frequente
baixa umidade relativa do ar, sendo a vegetação sua principal causa, uma vez que as
plantas absorvem a água do solo e a libera na forma de vapor d’ água para a
atmosfera.
e) A quantidade e a qualidade da água pode ser restabelecida com o
reflorestamento da região, uma vez que a vegetação contribui para a purificação da
água que transpassa as matas, além de promover maior infiltração no solo e aumentar
a umidade relativa do ar.
P á g i n a | 40

5) Nos ecossistemas ocorrem interações entre os fatores vivos (bióticos) e os


não vivos (abióticos) do meio. Podemos compreender como fatores bióticos a fauna,
a flora , e os microrganismos. Esses fatores interagem entre si e com o meio físico
que os cercam. Sobre as interações ocorrentes nos ecossistemas analise as
afirmativas abaixo:
I – A atual composição química da atmosfera é resultado da ação integrada
entre fatores físico-químico e bióticos sendo estes últimos reguladores da
concentração de oxigênio e gás carbônico.
II – A retirada da vegetação de uma região pode contribuir com o aumento do
calor latente (no ar) local, uma vez que as plantas além de absorverem a radiação
luminosa, também absorvem a energia térmica ao realizar a fotossíntese.
III – O setor sócio econômico que compõe o Meio Ambiente compreende todos
os fatores associados ao ser humano, sendo esse meio diretamente influenciado
pelos meios físicos e bióticos, entretanto, a recíproca não é evidenciada no ambiente.
IV - As inter-relações entre os fatores físico, biótico e socioeconômico ocorrem
de forma integrada, sendo assim, entretanto, influências no setor socioeconômico não
causa interferências nos demais setores.
V - Fatores como o controle populacional de espécies naturais pode ser afetado
diretamente pelo setor físico, entretanto este não sofre qualquer influência do setor
biótico pois os organismos são regulados por elementos da paisagem, como alimento,
espaço, luz etc.

Estão corretas somente:


a) II e III
b) I e II
c) III e IV
d) I, II e IV
e) I, IV e V

6) Nos ecossistemas, a energia flui através dos níveis tróficos, sendo


transferida de uma categoria de seres vivos para outra. Com base nas leis da
termodinâmica, justifique porque a representação dessas transferências energéticas
podem ser na forma de uma pirâmide com base larga e topo estreito.
P á g i n a | 41

7) Desde a revolução industrial as ações humanas vem afetando cada vez mais
o equilíbrio ambiental. Descreva quais os impactos da queima de combustíveis fósseis
nos ciclos do carbono e do enxofre.

8) A vegetação é fundamental para a manutenção de funções ecossistemicas


fundamentais à nossa existência. Entretanto verifica-se um aumento constante do
desmatamento. Nesse contexto, explique como a retirada da vegetação afeta a oferta
hídrica de uma região.
Aula 3
Crise ambiental

APRESENTAÇÃO DA AULA

Apesar dos muitos avanços científicos e tecnológicos, a manutenção das


condições de vida do ser humano está integralmente relacionada ao meio natural que
cerca os ambientes urbanos. Somos em suma dependentes dos recursos naturais
ofertados pelos ecossistemas naturais (dependentes ou não de subsídios antrópicos),
de onde provém nossas fontes de energia, de materiais que sustentam os processos
produtivos e de alimento.
Com o crescimento da população humana, esse sustento se torna cada vez
mais oneroso ao ambiente, uma vez que quanto maior a população humana, maiores
as demandas por matéria e energia e maiores as emissões de poluentes atmosféricos,
hídricos e resíduos sólidos. E o que fazer diante desse quadro?
Em primeiro momento devemos entender as origens dessa problemática.
Estudos ecológicos são fundamentais para compreender a dinâmica dos
ecossistemas naturais e antrópicos para que se estabeleçam ações e medidas para
evitar ou minimizar os danos ao meio a fim de evitar o comprometimento da oferta de
recursos.
Nesta aula vamos analisar de forma um pouco mais detalhada quais são os
fatores que desencadeiam os problemas ambientais e as consequências da
problemática ambiental da atualidade para o futuro da nossa civilização.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Entender a evolução dos problemas ambientais da modernidade;


 Compreender os fatores que desencadeiam a crise ambiental na
atualidade;
 Compreender as repercussões dos desequilíbrios ecológicos atuais.
P á g i n a | 43

3 INTRODUÇÃO

Os estudos científicos voltados para as áreas de Geologia,


Paleoecologia e Ecologia demostram que o planeta Terra já
passou por inúmeras “crises” ambientais. Podemos entender tais
crises como mudanças que alteraram completamente a ecologia do
planeta ao longo dos seus 4,5 bilhões de anos.
Muitas das mudanças pelas quais o planeta passou, alterou o nível dos
oceanos, a temperatura do plante e até a configuração dos continentes, o que
influenciou drasticamente nas condições climáticas e consequentemente na vida em
si. Segundo Miler e Spoolmam (2012), uma importante pergunta que devemos fazer
é “como a incrível variedade de vida na Terra se sustentou pelos 3,5 bilhões de anos
com todas as mudanças catastróficas nas condições ambientais?”.
Considerando que muitas dessas mudanças foram ocasionadas for fatores
geofísicos, como o impacto de meteoros e atividade tectônica do planeta, em vários
momentos o planeta teve a porção viva de sua composição bastante reduzida,
entretanto a manutenção da vida no planeta foi bastante perseverante (DAJOZ, 2005).
Na atualidade estamos presenciando uma das alterações ambientais mais
rápidas da história do planeta, em menos de 300 anos ocorreram mudanças na
química da atmosfera, na cobertura vegetal de diversos biomas e inúmeras espécies
de animais e vegetais foram extintos.
A preocupação com tais alterações e os impactos que podem acarretar aos
seres vivos tomou força na década de 1960 com a publicação do livro “Primavera
silenciosa” de Rachel Carson (1962), o qual levanta os impactos tóxicos do uso de
DDT na cadeia alimentar selvagem, bem como na saúde humana (DIAS, 2015).
Muito se tem discutido e ações e estratégias foram traçadas para diminuir os
impactos causados pelas intervenções humanas no meio, entretanto, a situação ainda
se encontra em estágio crítico, estamos vivendo uma crise ambiental que se intensifica
a cada dia.
Diante desse cenário, o entendimento da crise atual é fundamental para
dimensionarmos a escala de seus efeitos. Ao analisarmos a história da humanidade,
em nenhum outro momento as alterações ambientais alcançaram uma esfera global
como a na atualidade, nem ocorreram de forma tão rápida. Diante disso, discutir a
crise ambiental e promover mecanismos para seu controle é fundamental.
P á g i n a | 44

3.1 Mudanças ambientais na história da terra

Estudos geológicos estimam que o planeta Terra tenha entre 4,2 e 4,5 bilhões
de anos (DAJOZ, 2005) e nesse período foram inúmeras as mudanças ambientais
evidenciada através dos registros fósseis e minerais. Pelo menos seis momentos
críticos à vida foram registrados, momentos esses que alteraram completamente o
rumo da evolução biológica no planeta.
A figura 4 ilustra os episódios de extinção em massa, cabendo ressaltar que as
catástrofes descritas resultam sempre e fatores relacionados a fatores geofísicos,
como atividade vulcânica e movimento de placas tectônicas, fatores astrofísicos como
impacto de meteoros e alterações na rotação do planeta em torno do sol e alterações
na química ambiental, que reflete na temperatura e consequentemente nos fatores
climáticos.

Figura 5: Ilustração dos episódios de grandes extinções na história do planeta.

Fonte: BLOGSPOT (2019)


P á g i n a | 45

Após o fim da última era glacial, há cerca de 12 mil anos, o ser humano vem
desfrutando de certa estabilidade climática e geofísica. Mas será que este quadro está
se mantendo dos dias atuais?
Muitos pesquisadores já atribuem à era moderna uma nova terminologia
geológica, o “Antropoceno” essa caracterização se deve as grandes mudanças nas
condições ecológicas do planeta decorrentes das intervenções humanas. Em nenhum
outro momento da história do nosso planeta uma espécie alterou tão
significativamente as condições do meio em que vive (FERNANDEZ, 2016).
Alterações ambientais como desmatamento, poluição e hidrelétricas provocam
profundas alterações no meio, dificultando ou mesmo inviabilizando a existência de
muitas espécies. Em contrapartida, as mesmas mudanças podem favorecer outras
tantas espécies que se encontram em condições tão boas de sobrevivência que se
tornam pragas (CAIN, 2018). O livro “O Poema Imperfeito” do biólogo Fernando
Fernandez (2011) alerta a comunidade científica sobre o rastro de extinção deixado
pelo ser humano no planeta, descrevendo como as espécies que compunham a Maga
Fauna foram sendo dizimadas à medida que o homem colonizava continentes e ilhas.
Fernandez descreve como as ações humanas
levaram a extinção recente de muitas espécies de
mamíferos e aves, sem contabilizar os invertebrados
que para nós são menos perceptíveis. A busca por
recursos que sustentem o padrão de desenvolvimento
e tecnologia alcançados na modernidade levou a
Assista o vídeo sobre o livro
intensa degradação dos sistemas ecológicos
“O poema imperfeito”
desencadeando uma diminuição da biodiversidade
disponível em:
em todo o planeta.
https://www.youtube.com/
Esse quadro se torna ainda mais grave se
watch?v=sqnv9HDsnQk&t=1
considerarmos que o período de existência da nossa
5s.
espécie em termos geológicos é extremamente
recente, o homem habita o planeta Terra a apenas 200-300 mil anos, uma existência
efêmera se considerarmos o a idade do planeta (figura) (MILER; SPOOMAN, 2012).
P á g i n a | 46

Figura 6: Representação do tempo do planeta e o momento do surgimento da humanidade.

Fonte: MILER; SPOOLMAM (2012)

Esse quadro de degradação leva


muitos estudiosos a questionar a
longevidade das nossas espécies caso
medidas mais sustentáveis não sejam
adotadas. Nossa história apresenta
exemplos nítidos de que o uso
Para entender mais sobre a crise
indiscriminado de recursos pode levar
ambiental, leia o material
populações ao declínio e a dizimação.
complementar disponível na

3.2 A crise ambiental atual plataforma: Declínio das civilizações


modernas.

De acordo com Odum (1988) o


planeta Terra pode ser comparado a uma espaçonave se deslocando pelo espaço.
Não há possibilidade de parar para reabastecer, porém temos disponível um eficiente
de utilização da energia solar e reaproveitamento da matéria. Neste sistema há
condições de vida adequada aos “passageiros”, desde que o número de indivíduos se
mantenha dentro da capacidade de suporte do sistema.
O sustento dos seres vivos do planeta depende basicamente da manutenção
do equilíbrio ecológico, ou seja, da harmoniosa dinâmica entre transformações
energéticas e ciclagem de material (CAIN, 2018).
P á g i n a | 47

Capacidade de Suporte: número de indivíduos de


determinadas espécies capaz de ser sustentado em
condições satisfatórias pelos recursos disponíveis no
meio que habita (DAJOZ, 2005).

Miller e Spoomam (2012) conceituam os recursos naturais e os serviços


ambientais que mantem as condições de vida saudáveis e o sustento da nossa
economia como Capital Natural. Os recursos naturais englobam as matérias-primas
e a fontes energéticas empregada nos processos, enquanto que os serviços
ambientais constituem os processos naturais que viabilizam alguns recursos, como a
purificação do ar e da água, e a renovação do solo.

Sobre os impactos da
superpopulação no planeta, assista
os vídeos
https://www.youtube.com/watch?ti
me_continue=14&v=VcSX4ytEfcE.

https://www.youtube.com/watch?ti
me_continue=179&v=RLmKfXwWQtE

Neste sistema, o fornecimento de energia é garantido pelo Sol, que constitui


um grande reator de fusão nuclear, enquanto o Sol brilhar o planeta terá energia. Já
P á g i n a | 48

a matéria é finita, sendo que alguns materiais apresentam uma ciclagem relativamente
rápida no sistema, sendo estes considerados renováveis. Entretanto, alguns
materiais apresentam um ciclo em escala geológica (milhares ou milhões de anos),
sendo assim sua renovação na natureza excede o tempo das gerações humanas,
sendo estes considerados não renováveis.
A crise ambiental tão evidente na atualidade resulta da forma como os recursos
naturais vêm sendo utilizados pelo homem ao longo do tempo. Os estudos ecológicos
demostram o uso indiscriminado do Capital Natural, com abusado desperdício de
recursos e o comprometimento da qualidade de outros, cerca de 60% dos recursos
naturais do planeta já foram degradados nos últimos 50 anos (MILLER; SPOOMAM,
2012). Muitos dos materiais não renováveis estão com seus reservatórios próximos
ao esgotamento e a poluição leva a degradação de recursos renováveis como a água,
o ar e o solo.
Todo esse contexto de exploração e degradação vem sendo agravado desde o
século XVIII, período de intensas mudanças da relação do homem com a natureza
decorrentes do processo de industrialização, crescimento dos ambientes urbanos e
explosão no crescimento da população humana.
Muitos estudiosos atribuem muitos problemas ambientais ao tamanho da
população humana. É bastante óbvio que quanto mais pessoas no mundo, maiores
são as demandas por matéria e energia, e maiores os despejos de resíduos e
poluentes no meio (TOWNSEND et al., 2006). Quando se fala em crescimento da
população humana, é comum enquadramos como um crescimento exponencial, o
qual apresenta uma taxa de crescimento constante. No entanto o crescimento
evidenciado pela nossa população apresenta uma taxa acelerada, ou seja, a cada
período de tempo, a taxa de crescimento aumenta.
P á g i n a | 49

Figura 7: Crescimento da população humana nos últimos quatro séculos.

Fonte: ONU (2019)

Neste cenário, cabe questionar até quando os recursos naturais serão


suficientes para manter adequadas condições de vida para uma população em
constante crescimento (BRAGA et al., 2005). Estudos ecológicos de populações
naturais enfatizam que o aumento da densidade populacional de uma espécie
acarreta diminuição da quantidade e qualidade dos recursos necessários à
subsistência (ODUM; BARRET, 2007). Mesmo com o avanço tecnológico da
atualidade, a concepção de que os recursos são finitos levam a uma perspectiva de
escassez de certos materiais, o que já se mostram evidentes nos dias de hoje.
Outro aspecto do aumento da densidade populacional é a facilidade na
disseminação de doenças contagiosas de caráter ambiental, ou seja, aquelas
transmitidas pela água, ar, ou vetores (DAJOZ, 2005), este fato é bem evidente com
os consecutivos surtos de dengue e outras doenças virais transmitidas pelo mosquito
Aedes aegypti, uma espécie africada que está mundialmente difundida (DIAS, 2015).
As condições de muitas periferias urbanas só pioram o quadro de
insalubridade. A falta de abastecimento de água tratada e de captação e tratamento
de esgoto facilitam a proliferação de ratos, baratas e outros vetores de doenças, que
mediante a ausência de predadores naturais, crescem de forma descontrolada.
P á g i n a | 50

A problemática da superpopulação se agrava ainda mais em virtude das


desigualdades socioeconômicas. Cerca de 500 mil pessoas mais ricas do planeta, são
responsáveis por 50% das emissões globais de carbono na atmosfera, enquanto que
3 bilhões de pessoas pobres contribuem com apenas 6%. Outro dado alarmante é que
16% dos mais ricos do planeta demandam 78% do consumo atual, restando aos 84%
restantes apenas 22% dos recursos (DIAS, 2015).
O cenário atual é de uma crise já instalada, e a geração atual se vê mediante
problemas ambientais frutos de um do estilo de vida não sustentável das gerações
passadas, sendo nosso o compromisso de estabilizar tal situação de modo a propiciar
condições de estabilidade ecológica e manutenção de recursos para as gerações
futuras.
Para que possamos entender um pouco mais das consequências de uma crise
ambiental para uma sociedade, vamos entender melhor o que acarreta a degradação
desenfreada dos recursos naturais.

3.2.1 Degradação de recursos renováveis comuns

A atual “crise ambiental” se instala justamente quando as demandas por


recursos extrapolam o período de reposição dos recursos renováveis e usa
intensamente os não renováveis, diminuindo seu tempo de uso futuro (DULLENY,
2004). Este fato é agravado quando muitos recursos renováveis se tornam inutilizáveis
por causa do despejo de poluentes ou pelo uso inadequado.
Garrett Hardim (1968) discute a degradação dos recursos de livre acesso e
chamou tal degradação de Tragédia dos Comuns. Este conceito se refere aos
indivíduos humanos que utilizam certos recursos naturais em benefício próprio e
particular, entretanto os efeitos de tal uso se refletem no coletivo, na forma de uma
inviabilização do recurso utilizado ou na liberação de resíduos que compromete a
qualidade ambiental para todos.
Os efeitos da Tragédia dos Comuns são mais percebidos quando a população
aumenta, pois, o aumento da densidade leva a uma proximidade física entre as
pessoas ou propriedades e assim os efeitos do uso indiscriminado do recurso por um,
reflete seus danos no outro.
A reflexão sobre a problemática ambiental e seus efeitos na qualidade de vida
do homem moderno se intensifica na década de 1960, e passa a ser amplamente
P á g i n a | 51

discutida principalmente em meio acadêmico. Neste período a relação entre equilíbrio


ambiental e qualidade de vida de uma população já está bem documentada em
estudos ecológicos (FERNANDES; SAMPAIO 2008).
Os conhecimentos acumulados nos últimos 200 indica que o planeta vem
sofrendo intensas modificações, muitas delas irreversíveis e catastróficas,
decorrentes do uso indiscriminado de recursos e da inutilização de tantos outros para
se promover um crescimento ilusório, já que é insustentável (FENANDEZ, 2011).
De acordo com Fernandes e Sampaio (2008) o termo problemático ambiental
é humano, já que o planeta é perfeitamente capaz de ajustar suas dinâmicas
energéticas e de matéria a uma nova realidade climática. Já a nossa espécie, depende
integralmente do clima e das condições ecológicas como são hoje, quaisquer
mudanças podem ser decisivas entre nossa sobrevivência ou extinção.
Resumo

O planeta Terra tem cerca de 4,5 bilhões de anos ao longo de todo esse período
passou por inúmeras mudanças climáticas e geológicas, desencadeando vários
fenômenos de extinção em massa.
A espécie humana surgiu há aproximadamente 250 mil anos e neste curto
período de existência já causou mudanças drásticas nas condições ecológicas do
planeta.
A história das muitas das grandes civilizações do mundo apresentam um
período de ascensão e posterior queda, sendo algumas extintas. Os estudos dessas
civilizações indicam que muitas passaram por crises ambientais que desencadeou a
escassez de recursos.
A sociedade moderna apresenta no período pós industrial uma demanda
crescente e intermitente de recursos naturais, o que levou ao comprometimento da
oferta de alguns recursos por longos períodos.
Complementar

A história das civilizações: https://www.youtube.com/watch?v=0Qi2rC80yYc


O Poema Imperfeito: https://www.youtube.com/watch?v=sqnv9HDsnQk&t=15s
Superpopulação:
https://www.youtube.com/watch?time_continue=14&v=VcSX4ytEfcE
https://www.youtube.com/watch?time_continue=179&v=RLmKfXwWQtE
Referências

Básica:
BLOGSPOT. Grandes extinções no planeta. Disponível em:
http://2.bp.blogspot.com/-5cUlX0P4KWE/UHMwE4g2x_I/AAAAAAAABc0/M-
xWJVMx7Bk/s1600/grandes+extin%C3%A7%C3%B5es+2.jpg. Acesso em 23 jun. 2019.

BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson,


2005.

CAIN, M. L. Ecologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.

CÂMARA, I. G. Extinção e o registro fóssil. Anuário do Instituto de Geociência – Rio


de Janeiro: UFRJ. v. 30, n. 1, 2007.

DAJOZ, R. Princípios de ecologia. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

DIAMOND, J. Colapso: como as sociedades escolheram o fracasso ou o sucesso. 10.


ed. Rio de Janeiro: Record, 2014.

DIAS, R. Sustentabilidade: origem e fundamentos; educação e governança global;


modelo de desenvolvimento. São Paulo: Atlas, 2015.

DULLEY, R. D. Noção De Natureza, Ambiente, Meio Ambiente, Recursos Ambientais


E Recursos Naturais. Agric. São Paulo, v. 51, n. 2, p. 15-26, jul./dez. 2004.

FERNANDES, V.; SAMPAIO, C. A. C. Problemática ambiental ou problemática


socioambiental? A natureza da relação sociedade/meio ambiente. [S.l.:], Desenvolvimento e
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FERNANDEZ, F. O poema imperfeito: crônica de biologia, conservação da natureza


e seus heróis. 3. ed. Curitiba: Ed. Universidade Federal do Paraná, 2011.

FERNANDEZ, F. O mastodonte de barriga cheia: crônicas de biologia da


conservação da natureza. Rio de Janeiro: Technical Books, 2016.

HARDIM, G. A tragédia dos comuns. Disponível em:


https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3203283/mod_resource/content/2/a_trag%C3%A9di
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KOLBERT, E. A sexta extinção: uma história não natural. Rio de Janeiro: Intrínseca,
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MILLER, G. T.; SPOOLMAN, S. E. Ecologia e sustentabilidade. 6. ed. São Paulo:


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ODUM, E. P.; BARRET, G. W. Fundamentos de ecologia. São Paulo: Cengage


Learning, 2007.

ORGANIZAÇÃO DAS NACÕES UNIDADAS. População mundial deve chegar a 9,7


bilhões de pessoas em 2050, diz relatório da ONU. 2019. Disponível em:
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2050-diz-relatorio-da-onu/. Acesso em: 18 jul. 2019.
P á g i n a | 55

OPINIÃO E NOTÍCIA. Civilização Maia. Disponível em:


http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/civilizacao-maia-entrou-em-colapso-por-causa-da-
seca-diz-estudo/ Acesso em: 24 jul. 2019.

TOWNSEND, C. R.; BEGON, M. HARPER, J. L. Fundamentos em ecologia. 2. ed.


Porto Alegre: Artmed, 2006.

UNESCO. Cultura Chaco. Disponível em: https://whc.unesco.org/en/list/353. Acesso


em: 23 jul. 2019.

VECCHIA, R. O meio ambiente e as energias renováveis: instrumento de liderança


visionária para a sociedade sustentável. Barueri: Manole, 2010.
Exercícios
AULA 3

1) Fritjor Capra, um renomado autor da área de


sustentabilidade descreve uma série de fatores que dificultam
uma postura sustentável pela sociedade atual. Dentre os fatores
citados pelo autor um deles é considerado o elemento chave
para o desequilíbrio ambiental atual. Este fator é:
a) O crescimento populacional constante.
b) A utilização de combustíveis fósseis em demasia.
c) A tecnologia atual que ainda não supre as necessidades ambientais.
d) A poluição excessiva de recursos renováveis.
e) O impacto da emissão de gás carbônico na atmosfera.

2) Alguns autores consideram que o período geológico atual pode ser


denominado Antropoceno. Esta denominação se deve à:
a) Ser um período de estabilidade geoclimática.
b) Ter o ser humano como espécie dominante no planeta.
c) Estar associado as alterações ambientais causadas pelo homem.
d) Apresentar condições ambientais ideais para a espécie humana.
e) Estar vinculado ao uso de combustíveis fósseis.

3) Muitas civilizações humanas tiveram sua ascensão e queda bem descritas


pelos registros arqueológicos. Dentre os exemplos explorados neste material uma
situação comum a todas elas foram:
a) A falta de tecnologia para manter a oferta de recursos.
b) Estarem situadas em locais pobres em recursos naturais.
c) Terem suas populações reduzidas por doenças contagiosas.
d) A exploração excessiva de recursos naturais e o crescimento populacional.
e) Sucessivos episódios de guerras e conflitos internos pelo poder político.
P á g i n a | 57

4) A crise ambiental atual é decorrente do uso indiscriminado de recursos


naturais, sejam renováveis ou não. Os estudos ecológicos demostram que 60% dos
recursos naturais do planeta já foram explorados. Diante desse quadro, analise as
afirmativas abaixo:
I – Muitos recursos naturais não renováveis já estão com seus reservatórios
próximos ao esgotamento.
II – A exploração em taxas excessivas e quadros de poluição podem inviabilizar
a utilização dos recursos renováveis.
III – O crescimento populacional afeta o equilíbrio ambiental, tanto pela
demanda crescente de recursos, quanto pelo despejo de resíduos.

Estão corretas somente:


a) Apenas I
b) Apenas a III
c) I e II
d) II e III
e) I, II e III

5) Muitos fatores estão associados à atual crise ambiental, dentre os mais


citados está o quadro de superpopulação humana. Explique como a superpopulação
humana pode impactar negativamente o equilíbrio ecológico.

6) A “Tragédia dos Comuns” publicada na década de 1960 relata de forma bem


incisiva o efeito do uso inadequado de recursos de acesso livre. Descreva quais são
esses recursos e o que diz este conceito.
Aula 4
Desenvolvimento Sustentável

APRESENTAÇÃO DA AULA

Como vimos nas aulas anteriores o planeta Terra é um grande sistema, onde
ocorrem transformações de energia e matéria, sustentando as condições de vida de
todos os seres vivos que habitam o planeta.
As transformações nas condições ambientais da biosfera é algo comum quando
se analisa os estudos paleontológicos e paleoecológicos. Entretanto, medições e
análises recentes demostram que mudanças nas condições ecológicas nunca foram
tão rápidas como as registradas na era humana.
Diante de um quadro de crescente degradação, os estudos ambientais se
voltam para entender como os impactos negativos provocados pelas ações humanas
podem ser minimizados a ponto de não comprometer a nossa própria sobrevivência
como espécie. Neste contexto, as discussões que marcaram a década de 1990
promoveram uma nova linha de pensamento quando se fala em desenvolvimento, o
chamado desenvolvimento sustentável.
Nesta aula vamos entender um pouco melhor sobre os caminhos que levaram
a essa nova postura do homem atual, bem como dos fatores que podem comprometer
essa nova filosofia econômica.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Compreender o quadro de desenvolvimento adotado no início da


modernidade;
 Entender os conceitos básicos da sustentabilidade ambiental;
 Reconhecer as concepções do desenvolvimento sustentável.
P á g i n a | 59

4 INTRODUÇÃO

Os últimos dois séculos foram marcados por um intenso


desenvolvimento científico e tecnológico. Grandes descobertas
como a eletricidade, as leis da mecânica clássica, a física
quântica, a radiação, o mundo microscópio e as teorias da evolução
biológica revolucionaram a forma como o homem moderno entende o mundo que
habitamos.
É indiscutível que os conhecimentos
promovidos com tais descobertas
propiciaram ao homem moderno um nível de
desenvolvimento tecnológico nunca antes
visto. Entretanto, muitas ações humanas em
prol das necessidades atuais de matéria e
energia levaram a acidentes ambientais de
Assista ao vídeo sobre os maiores
grande repercussão e com consequências
acidentes industriais dos últimos
irreversíveis.
anos
A década de 1980 foi marcada por
https://www.youtube.com/watch?
uma série de desastres de ordem ambiental,
v=RBqhGs9cLes
muitos deles com mortes de milhares de
pessoas e deixando resíduos no meio
comprometendo a qualidade dos recursos ambientais.
Com tantas desordens ambientais, em 1992 representantes de 175 países se
reuniram na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento na cidade do Rio de Janeiro. O evento foi marcado pela discussão
de medidas emergenciais que diminuíssem os impactos ambientais para garantir a
viabilidade dos recursos a médio e longo prazos.
Desta discussão surge o conceito de Desenvolvimento Sustentável, o qual se
fundamenta na Responsabilidade Socioambiental de empresas e gestores para
garantir maior equilíbrio entre o as demandas de recursos da atualidade e geração de
danos ao meio.
P á g i n a | 60

4.1 Sustentabilidade ambiental e desenvolvimento

Quando se afirma que uma atividade é sustentável, significa que ela pode ser
continuada em um futuro previsível (TOWNSEND et al., 2006), o que implica na
necessidade de conhecer como a vida na Terra tem se mantido ao longo do tempo e
respeitar os limites do meio.
Miller e Spoomam (2012) discutem os três princípios básicos da
sustentabilidade ambiental. O primeiro é a dependência da energia solar. O sol, como
fonte de energia para o processo fotossintético é a grande força motriz no sustento de
vida na terra. Como a fotossíntese em termos quantitativos é a base de todas as
cadeias alimentares do planeta, a manutenção da vida é fundamentada na energia
solar.
O segundo princípio descrito pelos autores é a biodiversidade. A variedade de
seres vivos que compõem os ecossistemas permite a realização de funções
ecológicas imprescindíveis à vida, como a renovação do ar, da água, da fertilidade
dos solos e a produção de recursos alimentares. E como terceiro princípio temos a
ciclagem de nutrientes que possibilita que a matéria seja constantemente reutilizada
nos sistemas ecológicos, sustentado a vida. Sem essa ciclagem, não haveria ar, água,
solo, alimento ou vida.
Nos últimos três séculos, as atividades humanas vêm causando profundas
alterações no ambiente, comprometendo a funcionalidade desses princípios. Ao
utilizar recursos renováveis a uma velocidade maior do que a natureza consegue
recuperá-los, sobrecarregando os sistemas naturais com poluição e resíduos, a
sustentabilidade ambiental vem sendo cada vez mais comprometida.
Como exemplo desse quadro, podemos citar o desmatamento de florestas
nativas a uma taxa muito maior do que a capacidade de regeneração vegetal é
possível, uma vez retirada a vegetação, associada ao uso inapropriado pelas áreas
desmatadas para atividades agropecuárias, os solos começam a perder a sua
fertilidade ou são sucumbidos ao processo de erosão.
Outro fator que compromete os princípios básicos da sustentabilidade é o
constante despejo de poluentes, tanto de ordem sólida, quanto líquida e gasosa,
comprometendo assim o equilíbrio químico e biológico dos lagos, rios e oceano. A
figura 7 demonstra como este sistema implica em danos ao meio em todos os setores
P á g i n a | 61

do processo de produção do homem, sendo este sistema linear conflituoso com as


premissas de sustentabilidade ambiental.

Figura 8: Esquema do padrão de desenvolvimento linear, que desconsidera as questões


ambientais no processo.

Fonte: BRAGA et al., (2005)

E o que fazer diante deste cenário? Uma das soluções é promover pesquisas
que entendam a dinâmica de energia e o ciclo da matéria nos ecossistemas
explorados, de modo que tal conhecimento permita propostas de manejo mais
adequadas e de um uso mais moderado dos recursos.
Infelizmente as soluções propostas pelos pesquisadores nem sempre são bem
aceitas pela esfera política e econômica, uma vez que a preservação ou recuperação
de áreas para manter a adequada funcionalidade dos ecossistemas implica muitas
vezes em reduzir a extração de recursos que sustentam o setor econômico, afetando
assim as questões políticas também.
A busca por soluções muitas vezes envolve conflitos. Por exemplo, quando um
pesquisador argumenta em favor da preservação de uma área de floresta natural,
alegando que a manutenção da vegetação é fundamental para a fertilidade do solo,
reposição da água na região e manutenção das concentrações de CO 2 na atmosfera,
o setor madeireiro pode protestar por não poder explorar uma fonte de madeira.
Neste sentido uma solução que pondere ambos os lados envolvem muitas
vezes negociações e trocas. Uma possibilidade é o setor econômico recuperar o meio
degradado, após a extração dos recursos, outra é criar medidas e ações que evitem
certos impactos como a poluição (MILLER; SPOOMAM, 2012). Entretanto, um
P á g i n a | 62

argumento que não pode ser negligenciado neste contexto é que a degradação
ambiental reduz ou inviabiliza o uso de muitos recursos naturais, afetando diretamente
a viabilidade do setor econômico que emprega tais recursos no sistema produtivo
(MOTTA, 2006).
Com as discussões sobre os impactos ambientais na oferta de recursos, a Rio
92 foi o palco de uma discussão sobre o tema sustentabilidade, que ganha força nas
esferas políticas e econômica. Esta nova forma de entender a dinâmica econômica
considerando as limitações ambientais passa ser entendida como Desenvolvimento
Sustentável.
O conceito de Desenvolvimento Sustentável foi proposto em 1991 pela
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento sendo ele “aquele que
atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações
futuras de atenderem as suas próprias necessidades”. Este conceito se fortalece na
Rio 92 e passa a compor as metas para os padrões de desenvolvimento da atualidade
(BARBIERI; SILVA, 2011).
A proposta de Desenvolvimento Sustentável considera em nível fundamental a
igualdade entre as gerações (OLIVEIRA; SAMPAIO, 2011), ou seja, todas as
gerações deveriam dispor dos mesmos recursos para traçar suas propostas de
desenvolvimento.
Para que as diretrizes da sustentabilidade se fixem na nossa era, é
fundamental repensar as diretrizes econômicas que vigoraram até o presente, as
quais vem priorizando os determinantes fundamentais do crescimento econômico e
desconsideram as questões ambientais envolvidas na manutenção desses processos
(DINIZ; BERMANN, 2012).
Neste sentido, talvez o principal aspecto do desenvolvimento sustentável seja
incluir entre as variáveis do desenvolvimento tecnológico e da economia, as questões
ambientais, tanto no que ser refere à oferta finita de matéria prima, quanto os danos
ao meio, decorrentes dos processos de extração e processamento desses materiais
(figura 8). Outro aspecto considerado, são as funções executadas pelos ecossistemas
como a manutenção do equilíbrio térmico do planeta e renovação dos recursos
renováveis (FIRMINO et al., 2009), fundamentais para o equilíbrio ambiental.

Figura 9: Representação da dinâmica de uso de recursos naturais de forma sustentável.


P á g i n a | 63

Fonte: BRAGA et al., (2005)

Nesta nova dinâmica, a utilização de


materiais, a geração de energia e o despejo
de resíduos devem ser realizados sempre
respeitando a capacidade do meio de restituir
os materiais e absorver os materiais
descartados. Em outras palavras, uma
sociedade sustentável protege seu capital
Para entender mais sobre os
natural e só extrai do meio a quantidade de
encontros governamentais sobre o
recursos que não afeta a manutenção da
Ambiente, leia o material
estabilidade desse capital natural (MILLER;
complementar disponível na
SPOOLMAM, 2012).
plataforma: Conferências
Neste sentido, May (2010), estabelece
Ambientais
que um dos princípios básicos da
sustentabilidade é que o setor econômico permaneça sempre aquém das
possibilidades de recursos do sistema ecológico. Entretanto, com o atual cenário de
crescimento urbano-industrial e exploração desenfreada dos ecossistemas naturais,
o caminho para uma economia sustentável parece estar cada vez mais tortuoso.
Capra (2005), estabelece alguns pontos para se alcançar a Sociedade
Planetária Sustentável. Na visão deste autor todos os aspectos que dificultam uma
sociedade sustentável esbarram na questão da superpopulação, sendo este o
primeiro grande empecilho, uma vez quanto mais pessoas no planeta, maiores as
P á g i n a | 64

demandas por energia, matéria e maior a produção de resíduos, sem contar que na
questão de livre mercado, também se aumenta as desigualdades sociais.
Outro aspecto colocado pelo autor é a questão da excessiva produção de bens
e produtos para atender a um mercado em constante consumo, ou seja, o
consumismo também age contra a sustentabilidade. Isso está associado a demanda
de matéria prima para o processo produtivo e a geração de resíduos do descarte de
produtos defasados. Podemos ainda citar o fato de que muitos produtos são
descartáveis, ou fabricados para ter uma vida útil pequena, o que mantem o estímulo
ao consumo.
Somos uma geração fruto de um sistema consumista, muitas vezes não por
opção, mas porque o sistema evoluiu para o desperdício de materiais, visto as
embalagens desnecessárias que compramos junto com produtos e ao chegarmos em
casa, jogamos diretamente no lixo. Mas não significa que tem que ser sempre assim.
O caminho para sustentabilidade não é fácil e muito menos cômodo, nossa geração
herdou um problema e a incumbência de solucioná-lo, meios para isso com certeza
podemos desenvolver.

4.1.1 Pegada ecológica

A análise da relação homem-natureza


comprova que quanto maior o nível de
desenvolvimento socioeconômico de uma
população, maiores as demandas desse grupo
por matéria e energia. Populações de países
menos desenvolvidos apresentam um
consumo energético de subsistência (MILLER;
Para aprofundar seus
SPOOMAM, 2012). Sendo assim, quanto maior
conhecimentos sobre
o nível de desenvolvimento, maiores os
sustentabilidade, assista o vídeo:
impactos ambientais causados.
https://www.youtube.com/watch?
As consequências da extração de
v=JG9OdrVnaEo.
recursos naturais para sustentar uma
determinada população deixa um rastro de
impactos ambientais, os quais podem ser considerados como uma pegada
ecológica. Tais vestígios da presença humana aumentam proporcionalmente ao
P á g i n a | 65

grau de desenvolvimento da população, ou seja, quanto maior o grau de


desenvolvimento, maior área produtiva (terrestre e aquática) necessária para manter
as demandas energética e materiais da população (LISBOA; BARROS, 2010).
Diante da atual crise ambiental, surge a necessidade de se quantificar a
sustentabilidade de uma região ou de um determinado recurso, que permita indicar o
nível de degradação ambiental ou qual o tamanho da população que pode ser
sustentada com determinada quantidade de recursos.
A Pegada Ecológica constitui uma importante ferramenta para medir e
comunicar o desenvolvimento sustentável, uma vez que se baseia no princípio que
qualquer organismo ou realização de processos, desde os mais naturais aos mais
antrópicos constituem sistemas abertos, os quais apresentam um ambiente de
entrada (matéria e energia) e um sistema de saída (resíduos) (FIRMINO et al., 2009).
Este meio de quantificar nossas demandas por área utilizada (direta ou
indiretamente) deve considerar não só o número de indivíduos do país ou população
em questão, mas também sua dinâmica de vida e os padrões de consumo
apresentados. Países como China e Estados Unidos consomem mais matéria e
energia do que seu território possui, extrapolando a capacidade de sustentar a própria
população, são considerados “países devedores.” (LISBOA. BARROS, 2010).
Países menos industrializados e
considerados abaixo do padrão máximo de
desenvolvimento, como é o caso do Brasil,
são considerados “países credores”, pois
possuem mais recursos ecológicos do que
consomem, exportando essa biocapacidade
para outros países.
Para aprofundar os conceitos e Outro aspecto importante é que no
repercussões da pegada cálculo da pegada ecológica também são
ecológica, assista o vídeo: incluídas as áreas destinadas para amortizar
https://www.youtube.com/watch? e dispor os resíduos gerados com as
v=1aNN2Ei9q-A&t=35s. atividades humanas, além do quantitativo de
emissão de gases poluentes e de efeito estufa
(MILLER; SPOOLMAM, 2012).
De acordo com a WWF, o cálculo da pegada ecológica de uma determinada
população envolve:
P á g i n a | 66

 a quantidade de Carbono emitido para a atmosfera na forma de CO 2, tais


emissões se referem a quaisquer tipos de queima de combustíveis, seja para
veículos, ou atividade industrial;
 áreas cultivadas para a produção de alimento e fibras para o consumo da
população humana;
 áreas de pastagens e de produção de biomassa para alimentação de
animais destinados a produção de carne e leite, produção de couro e lã;
 áreas de floresta destinadas ao fornecimento de madeira, celulose e lenha;
 áreas construídas, que incluem tanto as áreas urbanas quanto as demais
construções como rodovias, hidrelétricas etc.
 estoques pesqueiros, calculados a partir da fotossíntese aquática necessária
para sustentar os peixes e mariscos capturados.

Também devem ser considerados os aspectos que diminuem ou minimizam os


impactos das ações humanas, como por exemplo fontes de energia renováveis, como
a solar e eólica e as áreas de vegetação nativa protegidas, consideradas sumidouros
de CO2 (SCARPA; SOARES, 2012).

Figura 10: Representação da pegada ecológica global.

Fonte: MILLER; SPOOLMAM (2012)

Em 2008 a WWF e a Global Footprint Network estimaram que a pegada


ecológica global da humanidade já excedeu a capacidade biológica do planeta em
pelo menos 30%, ou seja, o estilo de vida adotado pelo homem moderno é
insustentável. Na atualidade um cidadão dos EUA apresenta uma pegada ecológica
P á g i n a | 67

de 9,7 hectares por pessoa, isto é, cada cidadão norte americano necessita de 9,7
hectares para sobreviver em seu padrão de consumo, um japonês, 4,8 (MILLER;
SPOOLMAM, 2012)
A razão entre os cálculos da pegada ecológica de uma população e a
biocapacidae de atender tal demanda na atualidade é de 1,52, ou seja, são
necessários um planeta e meio de recursos para sustentar a atual pegada ecológica
global (OLIVEIRA; SAMPAIO, 2011). A figura 11, indica que a partir da década de
1970 passamos a demandar mais recursos do que a capacidade do planeta em
manter nossa espécie.

Figura 11: Relação Pegada ecológica e recursos naturais.

Fonte: FINANÇAS FÁCEIS (2019)

Um fato que demostra o teor da preocupação dos pesquisadores ambientais, é


o fato de que a pegada ecológica humana está em franco crescimento (figura 12), ao
passo que a biodiversidade está diminuindo e a manutenção das funções ecológicas
cada vez mais difícil (LISBOA; BARROS, 2010), ou seja, a exploração dos recursos
naturais é muito maior do que a capacidade do meio de renovação desses recursos.

Figura 12: Representação temporal da pegada ecológica em relação a biocapacidade.


P á g i n a | 68

Fonte: PROJETO COLABORA (2019)

De acordo com William Rees e Mathis Wackernagel, os precursores do


conceito de pegada ecológica, mediante o atual nível de desenvolvimento tecnológico,
seriam necessários cerca de cinco planetas Terra para sustentar a demanda de
recursos renováveis dos Estados Unidos, isso leva a preocupante conclusão de que
se todo mundo consumisse como o norte americano padrão, o planeta só conseguiria
sustentar por tempo indefinido cerca de 1,3 bilhão de pessoas (MILLER; SPOOLMAM,
2012), e já ultrapassamos 7 bilhões.
Diante dessa realidade e de posse dos conhecimentos sobre a dinâmica do
capital natural do planeta, pesquisadores de todo o planeta discutem uma nova forma
de relação entre o homem moderno e a natureza, o qual considera o setor econômico
como um sistema aberto, onde se estabelecem trocas constantes de matéria e energia
com seu entorno (no caso o ambiente). Já a Biosfera é considerada um sistema
fechado, no qual ocorrem entradas e saídas apenas de energia, a matéria se mantem
praticamente constante sendo mantida em um sistema eficiente de reciclagem. Sendo
assim, o crescimento econômico não ocorre no vazio, e em nenhum aspecto é
gratuito, sendo que muitas vezes o custo é maior que os benefícios (MAY 2012).
P á g i n a | 69

Nas próximas aulas vamos falar um pouco sobre os custos das atividades
econômicas ao meio.
Resumo

Os problemas de ordem ambiental começam a ter destaque após a década de


1060, após uma série de catástrofes envolvendo indústrias que tiveram como
consequências milhares de mortes.
Entre as décadas de 1970 e 2000, foram realizadas uma série de conferências,
nas quais foram discutidas uma grande variedade de temas ambientais, tais como
aquecimento global, destruição da camada de ozônio e desenvolvimento sustentável.
Dentre as conferências realizadas a Rio92 se destaca pela sua dimensão e por
estabelecer uma série de metas para a sustentabilidade, compiladas em um
documento intitulado Agenda 21.
Apesar de muito se discutir e propor, as ações efetivas para reduzir a poluição
e os impactos ambientais causados pelas ações humanas, não foram efetivamente
implementadas nos anos seguintes à Rio92.
A pegada ecológica constitui um indicador de sustentabilidade socioambiental,
envolvendo diretamente a forma como uma população utilizada matéria e energia.
Este cálculo é contabilizado em área física de terra ou água necessárias para suprir a
demanda de recursos dessa população.
Complementar

Acidentes industriais: https://www.youtube.com/watch?v=RBqhGs9cLes


Primavera Silenciosa: https://www.youtube.com/watch?v=GK-Xyc9Wo3Q&t=5s
Sustentabilidade Ambiental: https://www.youtube.com/watch?v=JG9OdrVnaEo
Pegada Ecológica: https://www.youtube.com/watch?v=1aNN2Ei9q-A&t=35s
Dia da Terra:
https://www.youtube.com/watch?v=NtZWMHjDX78
https://www.youtube.com/watch?v=uERZFWqW5OE&t=11s
https://www.youtube.com/watch?v=7D2gJx-WiYc&t=75s
https://www.youtube.com/watch?v=4TLzWT8hDg0&t=64s
https://www.youtube.com/watch?v=MAjZ6WKXE_4
https://www.youtube.com/watch?v=iDo5skgJQpk&t=14s
https://www.youtube.com/watch?v=SoCHMm2OZ48
https://www.youtube.com/watch?v=bShoZzO2H2Y
https://www.youtube.com/watch?v=B94B3ne_Rbw
https://www.youtube.com/watch?v=z36FXv94Qzc
https://www.youtube.com/watch?v=vnqitMF2ZZc
Referências

Básica:
BARBIERI, J. C.; SILVA, D. Educação ambiental: uma trajetória comum com muitos
desafios. Rev. Adm. Mackenzie, v. 12, n. 3, p. 51-82 , Edição Especial, maio/jun. 2011.

BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Peranson,


2005

CAPRA, F. Conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Cultrix,
2005.

DINIZ, E. M.; BERMANN, C. Economia verde e sustentabilidade. Estudos avançados.


v. 26, n. 74, 2012.

FINANÇASFÁCEIS. O problema do desenvolvimento sustentável. Disponível em:


https://financasfaceis.wordpress.com/2012/07/29/desenvolvimento-sustentavel-i/). Acesso
em: 12 jul. 2019.

FIRMINO, A. M. et al. Relação da pegada ecológica com o desenvolvimento


sustentável/cálculo da pegada ecológica de Toribaté. Caminhos da Geografia. v. 10, n. 32,
p. 41-56, 2009.

LISBOA, C. K.; BARROS, M. V. F. A pegada ecológica como instrumento de avaliação


ambiental para a cidade de Londrina. Confins. Revue franco-brésilienne de
géographie/Revista franco-brasilera de geografia, n. 8, 2010.

MAY, P. H. Economia do meio ambiente: teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2010.

MILLER, G. T.; SPOOLMAN, S. E. Ecologia e sustentabilidade. 6. ed. São Paulo:


Cengage Learning, 2012.

MOTTA, R. S. Economia ambiental. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

OLIVEIRA, C. C.; SAMPAIO, R. S. R. Economia Verde no contexto do


desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: FGV, 2011.

PROJETOCOLABORA. Pegada ecológica e déficit ambiental. Disponível em:


https://projetocolabora.com.br/economia-verde/pegada-ecologica-deficit-ambiental3/. Acesso
em: 19 jun. 2019.
Exercícios
AULA 4

1) Quando se discute sustentabilidade, um dos princípios


básicos é a manutenção de condições que permitam as futuras
gerações manterem condições de se desenvolverem. Neste
aspecto a relação entre gerações é de:
a) Dependência
b) Igualdade
c) Superioridade
d) Anulação
e) Competição

2) A pegada ecológica é um importante conceito que auxilia na determinação


da sustentabilidade de uma nação ou povo em relação as condições de vida
apresentada. A pegada ecológica é quantificada em:
a) Área de terra e água necessária;
b) Nível de ciclagem de nutrientes demandado;
c) Nível de desenvolvimento socioeconômico;
d) Grau de satisfação da população;
e) Garantias de recursos apresentados pelo local;

3) Miller e Soolmam (2012) estabelecem três princípios básicos para a


sustentabilidade ambiental, sendo eles, a energia solar, a biodiversidade e a ciclagem
de nutrientes. Com base nesses princípios, analise as afirmativas abaixo:
I – Os princípios energia solar e ciclagem da matéria é viabilizado pelo princípio
da biodiversidade.

PORQUE
P á g i n a | 74

II – Os seres vivos viabilizam a entrada da energia solar pelo processo de


fotossíntese, assim como as transformações da matéria ao longo das cadeias tróficas.
É correto afirmar que:
a) As afirmativas I e II estão corretas, sendo que II justifica corretamente a I
b) As afirmativas I e II estão corretas, sendo que II não justifica corretamente a
I
c) A afirmativa I está correta, mas a II está incorreta
d) A afirmativa II está correta, mas a I está incorreta.
e) As afirmativas I e II estão incorretas

4) Uma das principais discussões relacionadas ao desenvolvimento


sustentável é a necessidade de se alterar o sistema de uso de recursos naturais e os
processos de produção. Neste sentido explique as diferenças entre o sistema
convencional e um sistema sustentável no que ser refere ao uso de recursos naturais.

5) May (2012) discute a relação sustentável entre o sistema ecológico e o


sistema econômico nos padrões da sustentabilidade. Explique como deveria ser a
relação entre os setores econômico e ecológico num padrão sustentável.

6) O conceito de pegada ecológica busca dimensionar em representação de


área, os recursos naturais que uma certa população demanda. Descreva quais os
fatores que estão envolvidos no cálculo da pegada ecológica.
Aula 5
Recursos hídricos: tratamento de
água e de efluentes

APRESENTAÇÃO DA AULA

A água é um dos recursos mais essenciais à vida em geral. Existem diversos


organismos que vivem em condições de escassez hídrica e requerem pouca
quantidade de água para sobreviver, entretanto até hoje não existe nenhum ser vivo
que dispense por completo este recurso.
O século XX foi marcado por uma intensa discussão sobre sustentabilidade
socioambiental, e um dos aspectos mais discutidos foi a questão da água, uma vez
que os recursos hídricos vêm sofrendo com diversas alterações.
Ações como desmatamento, despejo de efluentes domésticos e industriais,
poluição atmosférica, além da atividade agropecuária afetam diretamente os recursos
hídricos, tanto em qualidade, quanto em quantidade, exigindo assim que gestores do
setor público e privado entrem em um consenso sobre as medidas de proteção
ambiental que promovam a manutenção desse recurso no meio.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Reconhecer a importância da preservação dos recursos hídricos;


 Entender os parâmetros da qualidade da água;
 Reconhecer as formas de tratamento de efluentes urbanos.
P á g i n a | 76

5 INTRODUÇÃO

A água constitui um dos elementos mais abundantes do


planeta, uma vez que 2/3 da superfície do planeta é coberta por
água. Este fato nos dá a falsa impressão de que a água é um
recurso ilimitado e de fácil acesso. Entretanto, a água doce, da qual
dependemos encontra-se em proporções bem restritas, cerca de 2,5% do total
disponível.
A maior quantidade de água doce disponível está na forma de gelo, retido nas
calotas polares e nas geleiras, ou armazenadas em reservatórios subterrâneos. As
fontes de mais fácil acesso, os rios e lagos, representam aproximadamente 1,0% da
água doce no mundo (ANA, 2019), o que equivale a 0,007% do total global.
Com o crescimento excessivo da população humana, gerando crescentes
demandas por alimento, matérias primas e energia, cresce também a deterioração
dos recursos hídricos decorrentes dos processos de poluição ou contaminação da
água, inviabilizando a utilização deste capital natural (MACHADO, 2003).
A crise hídrica estabelecida no século XXI está fundamentada em diversos
fatores, como a intensa urbanização que promove a geração de efluentes domésticos
e industriais, cujo despejo no meio acarreta profundas alterações nas condições
ecológicas da água (TUNDISI, 2008).
Outro aspecto de destaque neste quadro é o aumento da demanda pelo
recurso, uma vez que em geral todos os setores da sociedade utilizam de grandes
quantidades hídricas. Tundisi (2008) ainda ressalta a questão do desperdício da água
tratada no processo de distribuição decorrente da falta de infraestrutura.

5.1 Crise hídrica

A qualidade da água das fontes superficiais como rios e lagos constitui um dos
principais fatores que determinam a forma de uso desse recurso, podendo essa
qualidade ser afetada por diversos fatores, como o despejo de efluentes domésticos
e industriais, a poluição pelas atividades agropecuárias e ainda pelo assoreamento
decorrente da ausência de Mata Ciliar.
P á g i n a | 77

Os últimos séculos foram marcados por um processo de intensa


industrialização e crescimento populacional, o que intensificou os problemas
relacionados à oferta de água de boa qualidade (TUCCI, 2004).
A água é considerada um recurso, ou seja, um bem econômico porque é
essencial, vulnerável e finita. Outro aspecto importante é o fato de desempenhar um
papel limitante no desenvolvimento socioeconômico de uma população, uma vez que
é empregada nas mais diversas atividades.
Diante desse cenário, a oferta de água em quantidade e qualidade constitui um
recurso estratégico, levando a gestão da água a extrapolar fronteiras políticas e atingir
dimensões continentais ou até mesmo globais, tornando-se talvez a commodity mais
disputada nos próximos anos, na atualidade, muitos países hoje já sofrem com a
escassez hídrica (MENDONÇA; LEITÃO, 2008).
Nos últimos séculos, o intenso crescimento urbano-industrial e agropecuário,
intensificou o uso da água em todo o planeta. A demanda por água aumentou cerca
de seis vezes, enquanto que a população triplicou, esse quadro leva a dois problemas
concomitantes, por um lado a escassez, e de outro a deterioração da qualidade desse
recurso pelo aumento da população (FOLEGATI et al., 2010).
Em meio urbano, os efluentes domésticos, ricos em matéria orgânica alteram
as condições físicas, químicas e biológicas da água. A decomposição da matéria
orgânica consome o oxigênio dissolvido, acarretando a morte dos organismos
aquáticos, tendo como consequência, à liberação compostos nitrogenados e
fosforados, que desencadeiam o processo de eutrofização.
Já os efluentes industriais, além de compostos orgânicos, podem apresentar
traços de metais pesados e substâncias tóxicas, os quais também afetam a
comunidade aquática, além de desencadear danos à saúde da população que entra
em contato com a água ou consomem organismos como peixes, crustáceos e
moluscos provenientes de ambientes contaminados.
No setor agrícola, a grande preocupação é o escoamento de agrotóxicos e
fertilizantes, que pela ação da água da chuva, ou da irrigação são carreados para os
corpos hídricos. Os agrotóxicos, que agem como inseticidas, fungicidas ou
bactericidas, podem causar a morte dos grupos alvo e desequilibrar toda a cadeia
alimentar aquática, afetando inclusive o homem que utiliza tais recursos para
subsistência. Já o uso de fertilizantes, constituídos de fósforo, nitrogênio e potássio
P á g i n a | 78

(nutrientes) estimulam o crescimento de algas e plantas aquáticas, desencadeando


também o processo de eutrofização (REBOLÇAS et al., 2015).
A atividade agropecuária representa aproximadamente 69% da demanda
hídrica, enquanto que a indústria e consumo doméstico representam 23% e 8%
respectivamente. Embora o efluente doméstico e industrial tenha condições de
neutralizado, somente 20% do esgoto urbano passa por alguma forma de tratamento
(FOLEGATI et al., 2010).
Outro fator que afeta tanto a qualidade,
quanto a quantidade da água nos ecossistemas
é o desmatamento. A retirada da vegetação
expõe o solo à erosão e o carreamento dos
sedimentos para rios e lagos, o que afeta a
Conceito de Eutrofização
transparência da água, além do acúmulo de
Aumento da produtividade
sedimento causar o assoreamento desses
primária de corpos hídricos, com
ambientes (MACHADO, 2003).
posterior morte e decomposição
A retirada da vegetação se agrava quando
dos organismos, levando ao
se trata da vegetação marginal aos cursos
consumo de oxigênio e
d’água, conhecida como Mata Ciliar. Essa
proliferação de bactérias
vegetação funciona como um filtro, impedindo
anaeróbicas (ESTEVES, 1988).
que compostos químicos ou sedimentos
adentrem ao ambiente aquático.
O crescimento exponencial da população humana após a Revolução Industrial
levou a uma diminuição da oferta hídrica per capita e sua qualidade vem diminuindo
progressivamente com o aumento das atividades agrícolas e industriais (FOLEGATI
et al., 2010). Essa deterioração do recurso, vem mudando seu status de recurso de
livre acesso para um recurso com custo econômico, cujo valor vem aumentando à
medida que sua oferta diminui (CÁNEPA et al., 2010).
Na perspectiva da água como recurso de livre acesso, o pagamento pelo
usuário é referente aos processos de captação, tratamento e potabilidade, além da
captação e destinação do esgoto sanitário, o que não é novidade no nosso contexto.
Entretanto, com a abordagem da água como recurso econômico, institui-se o princípio
do usuário-pagador, o qual estabelece que o pagamento passa a ser pela retirada e
consumo da água, bem como pelo lançamento de esgoto nos corpos hídricos
(CÁNEPA et al., 2010).
P á g i n a | 79

Com as intensas discussões sobre desenvolvimento sustentável a partir da


década de 1990, as atenções voltam-se para a proteção das áreas de recarga hídrica,
bem como da manutenção das condições ecológicas que propiciem a preservação e
a recuperação de áreas estratégicas para a conservação dos recursos hídricos.

5.1.1 Poluição da água

A água sempre foi um condicionante para a ocupação e desenvolvimento das


civilizações antigas. Entretanto, essa importância sempre se concentrou na
quantidade do recurso e não com sua qualidade (DAVIS; MASTEM, 2016).
No século XVIII, a invenção do microscópio possibilitou o conhecimento do
mundo microscópio, o que levou ao entendimento da veiculação de diversas doenças
através do consumo de água.
Diante desse conhecimento começam no século XIX o estabelecimento de
processos de filtragem que minimizam a proliferação de certas doenças,
principalmente aquelas transmitidas por microrganismos patogênicos como bactérias,
protozoários e vermes.
As condições de um corpo hídrico podem ser estimadas através dos chamados
indicadores de poluição aquática. Esses indicadores são substâncias, organismos ou
condições químicas que indicam a presença de fontes poluidoras como efluentes
domésticos, agrícolas ou industriais (TUNDISI; TUNDISI, 2008).
Quanto a indicação da qualidade da água é feita por seres vivos, como
microrganismos, algas ou invertebrados, chamamos de bioindicadores. Em alguns
casos a presença de certas substâncias em tecidos orgânicos fornecem evidências
de poluição (MANAHAN, 2013).
Na década de 1960 a poluição dos recursos hídricos pelo DDT, um agrotóxico
amplamente utilizado, levou a diminuição drástica da população de algumas aves de
rapina que se alimentavam de peixes, a mais famosa a águia de cabeça-branca,
considerada símbolo Americano.
O alerta desse quadro foi dado pela pesquisadora Rachael Carson, em seu livro
“Primavera Silenciosa”, no qual ela descreve o acúmulo de DDT na cadeia alimentar,
o que levou a um enfraquecimento da casca dos ovos das aves, os quais quebravam
antes da eclosão. Essa condição levou a comunidade a se questionar sobre quais os
efeitos desses compostos químicos na saúde humana e a emitir um alerta sobre a
P á g i n a | 80

necessidade de redução do uso de agrotóxicos. A tabela 1 apresenta os tipos gerais


de poluentes aquáticos e sua importância.

Tabela 1: Classe de poluentes e sua importância em relação a repercussão causada no


meio.

Fonte: MANAHAN (2003, s.p)

Alguns poluentes encontrados no meio aquático são nutrientes essenciais, os


quais são essenciais ao crescimento de algas e plantas aquáticas, entretanto quanto
sua concentração aumenta tornam-se preocupantes. Esse é o caso do nitrogênio e do
fósforo, elementos fundamentais para a biomassa, no entanto quando em altas
concentrações desencadeiam o processo de eutrofização (ESTEVES, 1988).
Os metais estão entre os elementos poluidores mais prejudiciais e causam
preocupação específica devido a sua elevada toxicidade para os seres vivos em geral
e particularmente para o homem, dentre os metais mais nocivos podemos destacar
os classificados como metais pesados (REBOLÇAS, et al., 2015).
Os metais pedados são bioacumulativos, isso significa que não são
processados pelos seres vivos, passando de um organismo ao outro no curso natural
da cadeia alimentar, acumulando nos níveis mais elevados, ou seja, nos predadores
P á g i n a | 81

topo de cadeia alimentar, acarretando impactos na saúde a reprodução desses


organismos (TUNDISI; TUNDISI, 2008).
Dentre os metais pesados, podemos destacar o cádmio, o chumbo e o
mercúrio, todos originados das atividades de mineração e industrial. O acúmulo
desses metais no organismo humano acarreta problemas renais, afeta o sistema
reprodutor, o sistema nervoso, além de paralisia, cegueira ou insanidade (MANAHAN,
2013).
Os efluentes orgânicos provenientes de efluentes domésticos constituem outra
fonte de poluição bastante preocupante na atualidade, uma vez que a água
contaminada com bactérias, vírus e protozoários, presente nesses efluentes, constitui
numa significativa via de disseminação de uma série de doenças que afetam
diretamente a saúde humana (CONFALONIERI et al., 2010).
A poluição orgânica pode ser naturalmente revertida pelo fenômeno conhecido
como autodepuração (figura), no qual a comunidade microbiológica se encarrega
da decomposição dos compostos orgânicos, o que resulta na liberação e compostos
e consequente enriquecimento da água com nutrientes.

Figura 13: Representação a decomposição da matéria orgânica em ambientes aquáticos.

Fonte: MANAHAN (2013, s.p)

No processo de autodepuração, as concentrações de oxigênio dissolvido caem


imediatamente após o emissário de esgoto orgânico, isso ocorre porque o processo
P á g i n a | 82

de decomposição se dá primeiramente na condição aeróbica consumindo o oxigênio,


que pode ser todo consumindo levando o meio a uma condição de anóxia (BICUDO,
2010).
Com a ausência de oxigênio, a decomposição evolui para a modalidade
anaeróbica, levando a liberação de gases como o sulfeto de hidrogênio com
característico odor de “ovo podre”, tão comum nos rios em alguns trechos urbanos
(TUNDISI; TUNDISI, 2003).
Após a estabilização bioquímica de toda a matéria orgânica, os níveis de
oxigênio se elevam e a condição ecológica do meio volta a um quadro de equilíbrio
semelhante ao anterior à emissão do efluente, entretanto, a proximidade dos centros
urbanos da atualidade impede que o processo de complete no perímetro entre o
lançamento de efluente de um município e a captação de água para abastecimento
de outro (REBOLÇAS et al., 2015).
Apesar do processo de autodepuração promover a estabilização da matéria
orgânica e com isso eliminar os indícios de contaminantes da água, promove o
aumento da concentração de compostos nitrogenados e fosforados, o que pode
dependendo das condições do meio, desencadear o processo de eutrofização.
A perda da qualidade da água pela eutrofização também pode estar associada
às práticas agrícolas, uma vez que o excedente da adubação química por compostos
ricos em nitrogênio, fósforo e potássio (NPK), é despejado nos rios pelo escoamento
superficial ou subsuperficial. Diante desse cenário, a preocupação com esse bem tão
necessário se mostra na proposta de políticas públicas e normatizações legais,
visando o estímulo ao tratamento de efluentes pelos setores públicos e privados, bem
como a preservação ou recuperação das condições ecológicas para manutenção
desse recurso tão essencial.
A Lei 9.433/97 institui no Brasil a Gestão dos Recursos Hídricos, além da
criação da Agência Nacional de Águas (ANA, 2019) em 2006, constituem marcos
importante para a conservação e preservação da água. Apesar disso, o panorama
brasileiro não inspira muito otimismo, embora nosso pais detenha 12% da
disponibilidade hídrica mundial, sua distribuição é extremamente desigual,
concentrando 80% dessas reservas na região Amazônica, o que implica ao restante
do país uma necessidade urgente de cuidar desse recurso tão essencial, para que
não venha a faltar em um futuro próximo (BICUDO et al., 2010).
P á g i n a | 83

5.1.2 Tratamento e utilização da água

Desde a antiguidade, a preocupação com a qualidade da água utilizada por


uma população é uma constante, e na atualidade, com o aumento da poluição
doméstica, industrial e agrícola a necessidade de manter os padrões de qualidade da
água ofertada à população.
O tratamento da água é dividido em três categorias principais: 1- purificação
para uso doméstico; 2 – tratamento para aplicações industriais específicas; 3 –
tratamento de água residuárias para lançamento nos corpos hídricos. O tipo e o grau
de tratamento dependem diretamente da origem da água, bem como do uso
pretendido (MANAHAN, 2013).

5.1.3 Tratamento para distribuição doméstica

As águas destinadas ao uso doméstico devem apresentar características


específicas no que diz respeito a presença de microrganismos, por isso necessita de
desinfecção completa.
De acordo com a Resolução do CONAMA 357/2005, a água destinadas ao
consumo humano deve apresentar limpidez total, ausência de odor ou sabor e ainda
apresentar resultado negativo para o teste de bactérias termotolerantes, sendo o
teste mais comum feito para a Escherichia coli e Aerobacter aerogenes, bactérias
associadas ao trato gastrointestinal do homem e outros mamíferos, indicando assim
a contaminação por esgoto não tratado.
Outra conotação da água para abastecimento é apresentar baixos níveis de
ferro e manganês e ainda apresentar valores toleráveis de carbonato de cálcio
(CaCO3).
Quanto a fonte de captação da água é enquadrada na Classe Especial, o
tratamento necessidade se restringe a filtragem simples e cloração. Entretanto, com
a degradação dos mananciais, a água captada pode estar enquadrada nas Classes
1, 2 ou 3 (CONAMA Res. 357/2005). As águas de classe 1 devem passar por
tratamento simplificado, que consiste em processos de filtragem lenta ou filtragem
direta, precedidas ou não de floculação (figura 13).
P á g i n a | 84

Figura 14: Representação esquemática do tratamento simplificado da água para


abastecimento.

Fonte: C2OPRO (2019)

Já para as águas das classes 2 é empregado o tratamento convencional (figura


14) e as águas de classe 3 necessitam de tratamento avançado com sistema de
microfiltragem por membrana.

Figura 15: Representação esquemática do tratamento avançado de água para


abastecimento.

Fonte: HUZIWARA (2019)


P á g i n a | 85

Embora os sistemas de tratamento sejam eficientes na promoção de água


dentro dos parâmetros exigidos pelo Ministério da Saúde, muitas vezes ocorre
contaminação no processo de distribuição.

5.1.4 Tratamento para uso industrial

No setor industrial a água pode ter


diversos usos, como abastecimento de
caldeiras, em sistemas de refrigeração, ou
mesmo como matéria prima. Para cada caso, o
tipo e o grau de tratamento varia, por exemplo,
a água para sistemas de refrigeração pode
Assista o vídeo, Cidades e
passar apenas por tratamento simples,
Soluções sobre o emprego da
enquanto que a água para caldeiras deve estar
água de reuso:
isenta de substâncias corrosivas ou formadoras
https://www.youtube.com/watc
de incrustações e a água destinada a indústria
h?v=LKlaKstt20o.
alimentícia, deve estar livre de microrganismos
patógenos e agentes tóxicos (MANAHAN, 2013).
O tratamento incorreto da água para abastecimento industrial pode acarretar
uma série de complicações como reduzir o desempenho ou levar à parada de
equipamento, aumentando o curso com energia em processos ineficazes de
aquecimento ou refrigeração (DAVIS; MASTEN, 2016).
A primeira etapa do tratamento consiste em uma fase externa, na qual são
empregados processos de aeração, filtração e clarificação para remover substâncias
que possam causar problemas no uso dessa água. Após essa etapa a água é
segregada em diferentes correntes, cada uma recebendo um tratamento específico
conforme sua destinação (SPIRO; STIGLIANI, 2009).
No tratamento interno, a água passar por alterações nas suas propriedades de
acordo com a aplicação que terá, tais tratamento podem consistir em adição de
agentes quelantes para reagirem com o Ca2+ e evitar depósitos desse elemento;
tratamento com agentes dispersantes para evitar incrustações; adição de agentes
anticorrosivos; ajustes no pH e a desinfecção para utilização no processamento e
alimentos.
P á g i n a | 86

Na atualidade, cresce o uso industrial da água de reuso, ou seja, água originária


do tratamento de efluentes domésticos ou industriais que apresentam características
mais próximas das exigidas pela indústria. Neste sentido a utilização da água de reuso
diminui os custos com o tratamento externo e interno, uma vez que as necessidades
de correção das propriedades físico-químicas e biológicas já foram parcialmente
executadas no processo de tratamento do efluente.
Outro fator que estimula a utilização e água de reuso é a situação de escassez
vivenciada por algumas regiões, quer seja pela falta efetiva do recurso, ou pela alta
demanda levando à conflitos decorrentes das restrições de consumo que afetam o
desenvolvimento econômico e a qualidade de vida (BRAGA et al., 2005). Entretanto,
a utilização da água de reuso deve ser devidamente planejada, minimizando os riscos
sobre a saúde humana e sobre o desempenho das atividades as quais está sendo
aplicada.

5.1.5 Tratamento de efluentes urbanos

Os efluentes, popularmente chamado de esgoto é constituído de complexo de


substâncias com demanda de oxigênio para serem estabilizadas, decorrente de
diversos usos da água como o doméstico, comercial, industrial, agrícola e de
estabelecimentos públicos (BRAGA et al., 2005). As fontes poluidoras podem ser
diferenciadas em pontuais, quando são facilmente identificadas, e difusas, quando sua
ocorrência se dá de forma dispersa no meio (figura) (SPIRO; STIGLIANI, 2009).
P á g i n a | 87

Figura 16: Fontes de poluição.

Fonte: REBOLÇAS et al., (2015)

Dentre as diversas formas de esgoto, constituem os esgotos sanitários aqueles


decorrentes das atividades urbanas, ou seja, oriundos das atividades doméstica e
industrial (BRAGA et al., 2005), sendo seu tratamento realizado nas Estações de
Tratamento de Esgoto (ETE), dividido em três partes: tratamento primário, secundário
e terciário. Em muitas ETE é feito o tratamento preliminar do efluente com a remoção
de sólidos grosseiros e areia por meio de grades e telas de retenção. Este processo
busca proteger as tubulações de obstruções e abrasão (ROCHA et al, 2009). Em
seguida se dá o tratamento primário, com a remoção de materiais insolúveis como
partículas grossas, graxas e espuma, este processo envolve equipamentos como
peneiras. Já as partículas insolúveis em suspensão removidas por sedimentação. No
tratamento primário são removidos tanto os sólidos sedimentáveis, quanto os sólidos
em flotação (MANAHAN, 2013).
No tratamento secundário o efluente passa pelo tratamento biológico, que
consiste basicamente na ação de microrganismos que oxidam a matéria orgânica
presente no esgoto, reduzindo assim a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO).
Nesta etapa é comum o uso de aeradores, que aumentam a difusão do oxigênio da
atmosfera e aumenta a eficácia do processo.
O lodo formado no tratamento primário e secundário deve ser devidamente
descartado, ou em aterros sanitários, incinerado, ou ainda pode ser empregado como
fertilizantes do solo e adicionado ao processo de compostagem, entretanto esta última
P á g i n a | 88

prática exige controle em relação ao potencial tóxico ou patogênico desse lodo


(ROCHA et al., 2009).
Na terceira etapa do tratamento, são
retirados dos efluentes compostos específicos
que permaneceram após das duas primeiras
etapas, desta forma constitui um tratamento
considerado avançado. Os contaminantes
removidos nesta etapa são classificados em três
Conceito de DBO: Consumo de
categorias (1) sólidos suspensos, (2) materiais
oxigênio necessário para
inorgânicos dissolvidos e (3) compostos
estabilizar a matéria orgânica,
orgânicos dissolvidos. Nessas categorias se
envolve os processos de
enquadram algas , fármacos, hormônios
decomposição aeróbica e
sintéticos , produtos de higiene pessoal e metais
oxidação da matéria orgânica
potencialmente tóxicos, os quais constituem um
(TUNDISI, 2008.)
desafio ao tratamento (MANAHAN, 2013).
Em muitas ETE são empregados para o tratamento terciário filtros de carvão
ativado para remoção de compostos orgânicos como pesticidas. Já a remoção de
metais se dá pela osmose reversa, que consiste em forçar o efluente por uma
membrana semipermeável que retém os íons metálicos, após este processo a água
pode até ser encaminha à Estações de Tratamento de Água (ETA) para
abastecimento (ROCHA et al., 2009).

Figura 17: Esquema de Estação de Tratamento de Efluentes.


P á g i n a | 89

Fonte: ROCHA et al., (2009)

Em algumas estações, a utilização de um complexo de macrófitas aquáticas é


empregado para a retirada final de nutrientes como nitrogênio e fósforo, nutrientes que
podem levar à eutrofização do corpo hídrico recebedor do efluente tratado (ESTEVES,
1988). Além da retirada de nutrientes, as macrófitas em variedade suficiente são
capazes de promover um eficiente sistema de filtragem e tratamento da água.
Com as metas de sustentabilidade estabelecidas a partir da problemática
ambiental, medidas de proteção aos recursos hídricos se tornam essenciais, neste
contexto a efetivação de ações legais como a recuperação de áreas de mananciais, a
revegetação de áreas de captação hídrica e de matas ciliares e o tratamento de
efluentes urbanos constituem medidas elementares para a manutenção desse bem
tão importante.
Resumo

A água constitui um dos elementos mais essências à vida e às atividades do


homem desde a antiguidade.
A demanda pelo uso da água aumenta progressivamente com o aumento da
população humana, ao mesmo tempo que sua qualidade vem diminuindo a medida
que as atividades da modernidade causam intensa poluição aos recursos hídricos.
Dentre as práticas poluidoras destacam-se a atividade agropecuária, indústria
e o uso doméstico, que contribuem efetivamente para alterações nas propriedades
físicas, químicas e biológicas da água, inviabilizando seu uso.
O monitoramento da qualidade da água pode se dar por análises diversas,
sendo uma de caráter aplicado, a utilização de bioindicadores, espécies animais ou
vegetais que indicam possíveis alterações na qualidade do recurso hídrico aos quais
estão associados.
O tratamento da água para distribuição é fundamental para eliminar agentes
patogênicos causadores de doenças, bem como possíveis compostos tóxicos. Um dos
principais indicadores de potabilidade da água é a presença de coliformes fecais
(termotolerantes), dos quais a água tratada deve estar isenta.
A atividade industrial também exige tratamento da água dependendo da sua
destinação. A qualidade da água utilizada pela indústria pode diferir das necessidades
para uso doméstico, a exceção da indústria alimentícia.
O tratamento dos efluentes urbanos ou sanitários é essencial na atualidade,
uma vez que a proximidade das cidades entre si, leva um município a captar água
para distribuição após o lançamento dos efluentes do município vizinho.
Complementar

https://www.youtube.com/watch?v=LKlaKstt20o
https://www.youtube.com/watch?v=44xuoigQ2do&t=1237s
Referências

Básica:
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Recursos hídricos no mundo. Disponível em:
https://www.ana.gov.br/textos-das-paginas-do-portal/agua-no-mundo/agua-no-mundo.
Acesso em: 05 ago. 2019.

BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson,


2005.

BICUDO, C. E. M.; TUNDISI, J. G.; SCHEUENSTUHL, M. C. B. Águas do Brasil:


análises estratégicas. São Paulo: Instituto de Botânica, 2010.

C2OPRO. Tratamento de água para abastecimento. Disponível em:


http://www.c2o.pro.br/hackaguas/ar01s07.html. Acesso em: 05 ago. 2019.

DAVIS, M. L.; MASTEN, S. J. Princípios de engenharia ambiental. 3. ed. São Paulo:


AMGH editor, 2016.

CÁNEPA, E. M.; PEREIRA, J.S.; LANNA, A. E. Água e economia. In: BICUDO, C. E.


M.; TUNDISI, J. G.; SCHEUENSTUHL, M. C. B. Águas do Brasil: análises estratégicas. São
Paulo: Instituto de Botânica, 2010.

CONAMA. Resolução 357 de 17 de março de 2005. Disponível em:


http://www2.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf Acesso em: 03 ago. 2019.

CONFALONIERI, U.; HELLER, L.; AZEVEDO, S. Água e Saúde: aspectos globais e


nacionais. In: BICUDO, C. E. M.; TUNDISI, J. G.; SCHEUENSTUHL, M. C. B. Águas do Brasil:
análises estratégicas. São Paulo: Instituto de Botânica, 2010.

ESTEVES, F. A. Fundamentos de limnologia. Rio de Janeiro: Interciência, 1998.

FOLEGATI, M. V. et al. Gestão de Recursos Hídricos e Agricultura Irrigada no Brasil.


In: BICUDO, C. E. M.; TUNDISI, J. G.; SCHEUENSTUHL, M. C. B. Águas do Brasil: análises
estratégicas. São Paulo: Instituto de Botânica, 2010.

HUZIWARA, E. Saneamento básico. 1 Slide.

MACHADO, C. J. S. Recursos hídricos e cidadania no Brasil: limites, alternativas e


desafio. Ambiente e Sociedade. v. 6, n. 2, 2003.

MANAHAN, S. E. Química ambiental. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.

MENDONÇA, F. A.; LEITÃO, S. A .M. Riscos e Vulnerabilidade socioambiental urbana:


uma perspectiva a partir dos recursos hídricos. GeoTextos, v. 4, n. 1 e 2, 2008.

REBOLÇAS, A. C.; BRAGA, B; TUNDISI, J. G. Águas doces do Brasil: Capital


ecológico, uso e conservação. São Paulo: Escrituras, 2015.

ROCHA J. C.; ROSA, A. H.; CARDOSO, A. A. Introdução à química ambiental. Porto


Alegre: Bookman, 2009.

SPIRO, T.G.; STIGLIANI, W. M. Química ambiental. São Paulo: Pearson Prentice


Hall, 2009.
P á g i n a | 93

TUCCI, C. E. M. Desenvolvimento dos recursos hídricos no Brasil. Porto Alegre:


Instituto de Pesquisas Hidráulicas – UFRGS, 2004.

TUNDISI, J. G. Recursos hídricos no futuro: problemas e soluções. Estudos


Avançados. v. 22, n. 63, 2008.

TUNDISI, J. G.; TUNDISI, T. M. Limnologia. São Paulo: Oficina de textos, 2008.


Exercícios
AULA 5

1) Embora o planeta tenha água em abundância, a maior


parte desse recurso encontra-se com elevados níveis de sais,
sendo imprópria par ao uso direto. Já a água doce disponível
pode encontrar-se em várias condições. Em relação as
proporções de água no planeta, analise as asserções abaixo:
I – A água doce encontra-se em sua maioria na forma de gelo retido nas calotas
polares e montanhas nevadas.
II – Dentre a porcentagem de água doce líquida, a maior parte encontra-se em
rios que drenam os continentes.
III – A água que precipita nos continentes constitui uma água com autos teores
de sal, uma vez que é originária da evaporação do oceano.

Estão corretas somente:


a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) II e III

2) Na atualidade muitos especialistas falam de uma crise hídrica, decorrente


das diversas atividades da sociedade pós industrial. Em relação as formas de poluição
hídrica podemos destacar a poluição orgânica que desencadeia um processo de
desequilíbrio entre produção e decomposição chamado:
a) Autodepuração
b) Decomposição
c) Eutrofização
d) Quelação
e) Deterioração
P á g i n a | 95

3) O processo de eutrofização consiste no aumento da produção primária por


organismos fotossintetizantes que em condições normais são limitados pela baixa
disponibilidade nutricional. Dentre os elementos que frequentemente desencadeiam a
eutrofização podemos destacar:
a) Mercúrio e fósforo
b) Cadmio e Bromo
c) Fósforo e Bromo
d) Nitrogênio e fósforo
e) Cadmio e Mercúrio

4) Os poluentes aquáticos podem ser diferenciados em orgânicos, químicos e


físicos. Dentre as consequências das diversas formas de poluição podemos destacar
poluição por metais pesados, em relação ao acúmulo dos metais pesados no meio
analise as afirmativas abaixo e marque a correta.
a) A presença de metais pesados no meio hídrico afeta principalmente a
qualidade do solo e do lodo do meio, implicando em retenção dos nutrientes.
b) A presença de metais pesados no meio hídrico promove desequilíbrio nas
transferências de energia entre os níveis tróficos da cadeia alimentar.
c) A ocorrência de metais pesados no meio hídrico afeta o equilíbrio ambiental,
uma vez que a evaporação desses metais libera gases tóxicos nos arredores do meio
hídrico.
d) Os metais pesados dificilmente entram no meio hídrico, uma vez que os
metais dificilmente são detectados nos efluentes urbanos.
e) Os metais acumulam-se ao longo da cadeia alimentar, podendo causar
danos à saúde dos organismos topo de cadeia alimentar.

5) As águas para uso industrial necessitam de certas condições especiais de


acordo com seu uso específico. Em relação a água para uso industrial, analise as
asserções abaixo:
I – A água destinada a abastecimento de caldeiras requer isenção de
compostos de cálcio e enxofre

PORQUE
P á g i n a | 96

II – O cálcio e o enxofre promovem a formação de crostas nas caldeiras,


comprometendo a vida útil da caldeira.

a) As asserções I e II estão corretas, sendo a II uma justificativa correta da I


b) As asserções I e II estão corretas, sendo que a II não justifica corretamente
aI
c) A asserção I está correta, e a asserção II está incorreta
d) A asserção II está incorreta, e a asserção I está incorreta
e) As asserções I e II estão incorretas.

6) Descreva em linhas gerais o processo de tratamento de água simplificado e


indique qual classe de água necessita dessa forma de tratamento para distribuição
pública.

7) Explique o que é água de reuso e esclareça para quais fins essa água pode
ser empregada.
Aula 6
Controle da poluição atmosférica

APRESENTAÇÃO DA AULA

A atmosfera constitui um elemento da biosfera de essencial importância aos


seres vivos, uma vez que além de fornecer os gases necessários à sobrevivência dos
seres vivos, ainda fornece condições estáveis de temperatura e pressão.
Na atualidade, a poluição atmosférica constitui uma das temáticas mais
discutidas por pesquisadores, ambientalistas, gestores e empresas, isso de deve aos
transtornos ambientais decorrentes de alterações na concentração de certos gases
que compõem a atmosfera, dentre os mais comentados está o possível aumento das
temperaturas médias do planeta.
Outro aspecto de grande relevância é o impacto negativo à saúde pública,
devido ao aumento de compostos tóxicos o que em situações passadas acarretou em
grande quantitativo de mortes.
Nesta aula vamos discutir alguns aspectos relacionados à poluição atmosférica,
bem como medidas de controle e prevenção.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Conhecer o quadro de poluição atmosférica e seus impactos;


 Identificar os efeitos dos impactos da poluição atmosférica ao ambiente
e à saúde pública;
 Reconhecer medidas de controle da poluição atmosférica.
P á g i n a | 98

6 INTRODUÇÃO

A atmosfera terrestre constitui-se de uma complexa mistura


de gases, cujas concentrações se mantem equilibradas graças às
atividades metabólicas dos seres vivos, associadas à processos
geotectônicos do planeta.
A composição da atmosfera passou por várias alterações desde a formação do
nosso planeta há 4,5 bilhões de anos. Sendo a composição atual resultado de
processos físico-químicos e biológicos iniciados há milhares de anos (BRAGA et al.,
2005).
Na superfície do planeta, a composição química da atmosfera é constituída por
78% de nitrogênio (N2), 20,9% de oxigênio (O2), 09% de argônio (Ar), 0,04% de gás
carbônico (CO2), níveis traço dos demais gases nobres e de outros gases como o
metano (CH4), óxido nitroso (N2O), dióxido de enxofre (SO2), amônia (NH3), ozônio
(O3) e monóxido de carbono (CO), além de cerca de 1 a 3% de vapor d’água
(MANAHAN, 2013).
A atmosfera é subdivida em várias camadas, cujas concentrações dos gases
acima citados podem variar. A figura 18, ilustra as divisões da atmosfera, indicando a
composição química nas diferentes camadas e as variações na entrada de radiação
solar de diferentes comprimentos de onda.
P á g i n a | 99

Figura 18: Divisões da atmosfera em camadas.

Fonte: MANAHAN (2013)

Com o advento da Revolução Industrial a queima de combustíveis,


principalmente os de origem fóssil vem promovendo alterações progressivas na
concentração de certos gases que compõem a atmosfera, impactando no equilíbrio
das reações químicas e em muitos casos levando a formação de compostos tóxicos.

6.1 Poluição atmosférica

Podemos entender como poluição do ar quaisquer alterações na concentração


de um ou mais dos gases constituintes naturalmente da atmosfera, ou ainda a
presença de compostos artificialmente produzidos pelas atividades humanas.
Problemas com a qualidade do ar não são bastante antigos. Registros de 2 mil
anos sugerem as primeiras reclamações decorrentes do acúmulo de poeira e fuligem
no ar. Na Inglaterra do século XIII, surgem as primeiras leis proibindo a queima de
carvão com alto teor de enxofre e a fixação de taxas pelo uso de carvão, tais medidas
P á g i n a | 100

tomadas devido o excesso de fuligem e dos odores produzidos pela queima de


madeira e carvão (BRAGA et al., 2005).
Com a utilização de combustíveis fósseis pelo setor industrial e veicular, os
problemas decorrentes da poluição atmosférica se intensificam. Em 1911, cerca de
1.150 pessoas morreram em Londres decorrentes da fumaça produzida pela queima
de carvão, quadro que se repete em 1952 com aproximadamente 4 mil mortos. Nos
Estados Unidos, a cidade de Donora (Pensilvânica) a poluição atmosférica matou 30
pessoas deixando outras 6 mil intoxicadas (BRAGA et al., 2005).
Os poluentes atmosféricos podem ser diferenciados em dois grupos, os
poluentes primários, que são gases poluentes na forma como são emitidos na
atmosfera, e os poluentes secundários, que se tornam poluentes através de reações
de oxidação ou através de reações desencadeadas pela radiação.
Dentre os poluentes mais comuns podemos destacar os óxidos gasosos, que
engloba os óxidos de carbono, enxofre e nitrogênio, gases que em níveis elevados
são considerados poluentes (MANAHAN, 2013).
O dióxido de carbono, ou gás carbônico (CO2) é um gás naturalmente produzido
pelos processos biológicos de respiração aeróbica e decomposição, além de ser um
dos produtos resultantes da combustão completa de qualquer material combustível
que tenha carbono na fórmula.
O dióxido de carbono é um gás de Efeito Estufa, ou seja, sua presença na
atmosfera promove a retenção de calor recebido durante o dia, mantendo as
temperaturas médias do planeta em torno de 16°C (DAJOZ, 2006).
Nessas condições de temperatura, toda a vida que conhecemos hoje evoluiu,
levando muitos pesquisadores a levantar certas preocupações com relação ao
aumento de dióxido de carbono na atmosfera na era industrial, o que poderia elevar a
temperatura média do planeta e implicar em desequilíbrios nos ciclos biogeoquímicos
e à extinção de muitas espécies (ODUM; BARRET, 2019).
O monóxido de carbono (CO) constitui um poluente preocupante, uma vez que
reage com a hemoglobina do sangue impedindo o transporte de oxigênio, o que o
torna um composto asfixiante. A produção de CO está relacionada a queima
incompleta de combustíveis, além de ser liberado pela oxidação do gás metano e pala
decomposição da matéria orgânica vegetal.
Os óxidos de enxofre (SO2 e SO3) também entram na atmosfera via atividade
biogênica (bactérias do ciclo do enxofre) e atividade geotectônica como atividade
P á g i n a | 101

vulcânica. Sua concentração vem aumentando na atmosfera decorrente da queima de


combustíveis fósseis. O dióxido de enxofre é caracterizado pela sua alta toxicidade,
causando irritação no aparelho respiratório estando relacionado com vários episódios
de mortalidade decorrente da poluição atmosférica (MANAHAN, 2013).
Um fator relacionado às concentrações dos óxidos de enxofre é a formação de
chuvas ácidas pela diluição de ácido sulfúrico formado pela reatividade do SO3 na
atmosfera, implicando assim em potencial dano ecológico, agrícola e cultura, uma vez
que a chuva ácida altera o pH do solo, da água e ainda promove corrosão em
estruturas e edificações (DAJOZ, 2006).
Os compostos de nitrogênio presentes na atmosfera são o óxido nítrico (NO),
o óxido nitroso (N2O) e o dióxido de nitrogênio (NO2). Os compostos de nitrogênio
designados como NOx entram na atmosfera pela atividade eletrostática da atmosfera,
através da atividade biogênica de microrganismos, e pela queima de combustíveis
fósseis (BRAGA et al., 2005).
A exposição ao NO acarreta o mesmo efeito no transporte de oxigênio que o
CO, já a inalação de dióxido de nitrogênio (NO2) pode causar sérios danos ao pulmão
levando à morte. O NO2, também está associado a formação por oxidação
fotoquímica, de um dos compostos mais tóxicos conhecidos, o nitrato de
peroxiacetila (PAN) (SPIRO; STIGLIANI, 2009).
Outro poluente de alta periculosidade é o fluoreto de hidrogênio (HF), gás
liberado pelo processamento de minérios fosfatados, sendo produzido na fabricação
do alumínio e de fertilizantes. É um gás tão corrosivo que chega a reagir com o vidro,
quando em contato com o corpo humano causa irritação nos tecidos, principalmente
no sistema respiratório.
O cloreto de hidrogênio (HCl) é um composto altamente tóxico liberado na
atmosfera através da queima de plásticos clorados como o PVC. A exposição ao HCl,
pode causar intoxicação severa ou até mesmo levar à morte. Outro poluente
preocupante é o sulfeto de hidrogênio (H2S), gás liberado pela atividade biogênica nos
processos de decomposição e oxidação de matéria orgânica. A exposição ao sulfeto
de hidrogênio pode ser fatal, como em casos citados na literatura de vazamentos de
dezenas de mortes.
A poluição atmosférica pode ainda se dar pela presença de Material Particulado
e Hidrocarbonetos. Os materiais particulados se referem a quaisquer partículas
P á g i n a | 102

sólidas ou líquidas presente na atmosfera em suspensão, como por exemplo poeira,


fuligem ou pólen. A liberação desses poluentes pode ser por ação humana, como a
queima de combustíveis, ou por processos naturais como a dispersão do pólen.

6.1.1 Agravantes da poluição atmosférica

Um dos agravantes mais sérios da poluição atmosférica é o efeito do Smog,


termo proposto da década de 1920 para representar a mistura entre fumaça e neblina,
muito comum em centros urbanos industrializados.
O smog pode ser caracterizado como smog industrial, quando a poluição
predominante por dióxido de enxofre, compostos de flúor e mercúrio, além do amianto
decorrente da atividade industrial. Este tipo de poluição é mais comum em locais de
clima frio e úmido, com picos de concentração no inverno quando o fenômeno da
inversão térmica agrava o quadro de poluição atmosférica. O quadro de smog
industrial é caracterizado por uma névoa acinzentada longo nas primeiras horas da
manhã (BRAGA et al., 2005).
A outra forma de smog é o fotoquímico, típico de cidades industrializadas com
clima quente e seco. O smog fotoquímico ocorre decorrente da produção de poluentes
secundários, ou seja, a partir da reação química entre poluentes primários, ativada
pela radiação solar. A principal fonte de emissão de poluentes neste caso é a
atividade veicular, que libera grandes quantidades de óxidos de nitrogênio, monóxido
de carbono e hidrocarbonetos. O pico de poluição ocorre nos horários mais quentes
do dia, visível na forma de uma névoa de coloração avermelhada (SPIRO; STIGLIANI,
2009).
Outro fator que agrava o quadro de poluição nos centros urbano-
industrializados é a inversão térmica, um fenômeno meteorológico que agrava o
quadro de poluição, principalmente no período do inverno.
A inversão térmica ocorre devido ao aquecimento do ar sobre o solo das
cidades nos dias frios e ensolarados. O ar aquecido durante o dia sobe por ser menos
denso, formando uma camada sobre acima da cidade (cerca de 100 m). Com o cair
da noite as temperaturas caem, formando uma camada de ar frio abaixo da camada
quente. Com a atividade industrial e veicular das primeiras horas da manhã, esse ar
frio rico em poluentes fica retido junto ao solo por ser mais denso, ficando aprisionado
abaixo do ar quente menos denso (ROCHA et al., 2009).
P á g i n a | 103

Em um dia ensolarado, o ar frio poluído é aquecido e a poluição se dispersa,


entretanto, em dias nublados o acúmulo de poluentes se intensifica pelas atividades
cotidianas, intensificando o quadro de poluição.

6.2 Medidas de controle da poluição atmosférica

Todas as atividades que acarretam poluição atmosférica estão sujeitas ao


Licenciamento Ambiental, sendo condicionante para tal, a adoção de medidas de
controle de poluentes para se alcançar os padrões estabelecidos na legislação, além
das diretrizes específicas para cada tipologia industrial (FEEMA, 2007).
As medidas de controle da poluição atmosférica iniciam com estudos para
conhecer a origem do poluente em questão e quais são os efeitos nocivos do seu
acúmulo. Outra informação imprescindível está relacionada a concentração mínima
que desencadeia tais efeitos (MANAHAN, 2013).
Após a caracterização do poluente, as medidas adotadas no seu controle
podem ter diversas abordagens, iniciando com a minimização dos poluentes na fonte
da emissão, antes de seu lançamento na atmosfera.
A poluição por material particulado é comumente controlada pelas indústrias
com a instalação de filtros, que podem ou não empregar água no processo. Dentre os
filtros secos podemos citar os coletores mecânicos inerciais e gravitacionais, os
coletores mecânicos centrífugos (ciclones), receptadores dinâmicos secos, filtro de
tecido (filtro-manga) e precipitador eletrostático seco (BRAGA et al., 2005).
Já os filtros úmidos empregam a água no processo de retenção do poluente,
como por exemplo a torre de spray (pulverizadores), o lavador ciclônico, o lavador de
gases e lavadores de leito móvel.
Os poluentes gasosos têm seu controle através de sistemas adsorventes, nos
quais o gás se adere a partículas sólidas ou líquidas. Outra forma é o emprego de um
sistema de condensação, no qual o gás é refrigerado para que passe ao estado líquido
e possa ser quimicamente tratado (DAVIS; MASTEN, 2016).
Os poluentes gasosos podem ainda passar por um sistema de conversão, nos
quais são transformados em compostos menos poluentes por um sistema de queima
ou de catalisação.
Outro importante aspecto a ser analisado para minimizar o efeito dos poluentes
de uma localidade são as condições climáticas, como intensidade e direção dos
P á g i n a | 104

ventos, além da temperatura, umidade e relevo. Tais elementos climáticos podem


promover a retenção dos poluentes sobre a área urbana, intensificando os impactos
da poluição (SPIRO; STIGLIANI, 2009).
Na atualidade, se discute muito as estratégias ecológicas no controle da
poluição atmosférica, tais estratégias envolvem aspectos de gestão, como
arborização urbana, a implantação e ampliação de áreas verdes como parques e
praças, e ainda aspectos comportamentais, como a adoção de meios de transporte
coletivo ou não poluente (bicicletas).
Para tal, as cidades devem estabelece políticas públicas específicas,
considerando as demandas da população de forma a ofertar vias de transporte
coletivo ou alternativo que atendam a contento as especificidades de cada localidade.
Resumo

A atmosfera é uma camada de ar que envolve o planeta, sendo sua constituição


formada por uma mistura de gases, cujas proporções variaram ao longo da evolução
do planeta.
A composição da atmosfera do planeta vem sofrendo alterações na
concentração e certos gases decorrente das intervenções humanas, como o processo
de industrialização.
A utilização de combustíveis fósseis nas atividades humanas vem alteando as
concentrações de enxofre e nitrogênio, o que em episódios específicos causou
mortalidade em milhares de pessoas.
A atualidade é marcada pela preocupação com os desequilíbrios nas
proporções de gases atmosféricos, uma das questões mais discutidas é o aumento
das concentrações de gás carbônico, o que implica em aumento das temperaturas
médias do planeta.
Dentre os poluentes mais nocivos à saúde humana estão os poluentes
primários enquadrados como óxidos de enxofre e os de origem secundária como o
PAN e o ozônio.
Um dos efeitos agravantes da poluição atmosférico é o smog, o qual pode ser
diferenciado em smog industrial e fotoquímico. O smog industrial é típico de cidades
de clima frio e úmido, enquanto que o smog fotoquímico é característico de cidades
de clima quente e seco.
O controle da poluição atmosférica é feito na origem do poluente. O material
particulado é comumente retido em sistema de filtros secos, enquanto que os
poluentes gasosos requerem filtro úmidos.
Ações coletivas como o uso de transporte coletivos, adoção de transporte
alternativos como bicicletas e arborização urbana consistem em medidas de combate
à poluição atmosférica.
Complementar

Mudanças Climáticas: https://www.youtube.com/watch?v=QvGwUZB5Nuo


Mudanças no Clima, mudanças de vida: https://www.youtube.com/watch?v=-
xUt31hgYKQ
Terra, existe um futuro?
https://www.youtube.com/watch?v=ZeD7eBWwYSw&t=59s
Referências

Básica:
BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Peranson,
2005.

DAJOZ, R. Princípios de ecologia. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

DAVIS, M. L.; MASTEN, S. J. Princípios de engenharia ambiental. 3. ed. São Paulo:


AMGH editor, 2016.

FUNDAÇÃO ESTADUAL DE ENGENHARIA DO MEIO AMBIENTE. Relatório anual


de qualidade do ar. Rio de Janeiro: FEEMA, 2007.

MANAHAN, S. E. Química ambiental. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013

ODUM, E. P.; BARRET G. W. Fundamentos de ecologia. 5. ed. São Paulo: Cengage


Learning, 2019.

ROCHA J. C.; ROSA, A. H.; CARDOSO, A. A. Introdução à química ambiental. Porto


Alegre: Bookman, 2009.

SPIRO, T. G.; STIGLIANI, W.M. Química ambiental São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2009.
Exercícios
AULA 6

1) A poluição atmosférica está diretamente relacionada


com o surgimento de doenças respiratórias em uma população.
Irritações nas mucosas e casos de cânceres são apenas alguns
dos problemas causados por esse tipo de poluição, que deve ser rapidamente
combatido. Dentre os poluentes mais agressivos à saúde humana podemos destacar.
a) O gás carbônico
b) O gás hidrogênio
c) Os óxidos de enxofre
d) O metano
e) O gás nitrogênio

2) Os poluentes atmosféricos podem ser diferenciados em poluentes primários


e poluentes secundários. Dentre as os compostos listados abaixo o único que se
enquadra na categoria de secundário é:
a) Ozônio
b) Metano
c) Monóxido de Carbono
d) Dióxido de nitrogênio
e) Sulfeto de Hidrogênio

3) O termo smog foi proposto para descrever efeitos de poluição associados à


neblina. O chamado smog industrial é caracterizado por:
a) Ser ativado pela radiação solar em cidades com clima quente e seco.
b) Ser típico de regiões industrializadas com clima seco e quente
c) Ser formado por poluentes de escapamento de veículos em cidades de clima
chuvoso.
d) Ser formado principalmente por dióxido de enxofre em cidades de clima frio
e úmido.
P á g i n a | 109

e) Ser ativado pela presença de dióxido de carbono associado a compostos de


nitrogênio.

4) Descreva as medidas empregadas para controle da poluição atmosférica por


material particulado aplicadas na fonte da poluição.

5) Explique as ações de caráter coletivo que podem ser empregadas no


controle da poluição atmosférica.
Aula 7
Gestão de Resíduos

APRESENTAÇÃO DA AULA

A sociedade atual é marcada por uma série de problemas de caráter ambiental.


Dentre os problemas mais incisivos podemos destacar a crescente produção de
resíduos sólidos.
Os resíduos sólidos, popularmente conhecido como lixo, resultam das mais
diversas atividades humanas, compondo assim um subproduto bastante heterogêneo
em relação a sua composição e características, bem como aos potenciais riscos ao
ambiente e à saúde coletiva.
Nesta aula vamos entender um pouco melhor sobre a gestão de resíduos
sólidos, enfatizando os resíduos enquadrados como perigosos.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Discutir a problemática da produção de resíduos sólidos;


 Conhecer os critérios de classificação dos resíduos sólidos;
 Entender os processos de gestão de resíduos perigosos.
P á g i n a | 111

7 INTRODUÇÃO

De acordo com a Lei 12.305 (2010), podemos conceituar


resíduos sólidos como quaisquer materiais, substâncias, objetos
ou bem descartados pelas atividades humanas, cuja destinação
encontra-se no estado sólido ou semissólido.
A geração de resíduos sólidos está vinculada a qualquer atividade humana,
desde a produção de alimentos até a atividade industrial, o uso de matérias primas
naturais e seu processamento implica na geração de resíduos (ROCHA et al., 2009).
Os resíduos da sociedade atual apresentam uma grande variedade, podendo
ser originado da atividade doméstica, comercial, hospitalar, agropecuária, industrial e
de varrição de vias urbanas. Desta forma, as características apresentadas pelos
resíduos sólidos são bastante diversificas, considerando as matérias primas
empregadas, os insumos envolvidos nos processos de produção, bem como sua
capacidade de incorporação pelo meio (BRAGA et al., 2005).
Com o crescimento da população humana e o aprimoramento do estilo de vida,
a produção de resíduos cresceu consideravelmente nas últimas cinco décadas
(ROCHA et al., 2009). A industrialização de alimentos, por exemplo, aumentou
significativamente a geração de resíduos com o uso de embalagens múltiplas.
Atualmente cada pessoa produz diariamente entre 0,4 e 0,7 Kg de resíduo
diariamente, podendo ultrapassar 1,0 Kg em países desenvolvidos (BRAGA et al.,
2005).
Outra consequência da sociedade pós-industrial é a produção de resíduos
perigosos, ou seja, que apresentam potencial de contaminação ambiental e riscos à
saúde da população. Neste sentido, estabelecer um programa de gestão de resíduos
sólidos que venha a contribuir com a diminuição do impacto ambiental provocado pela
disposição inadequada dos resíduos gerados é de grande valia, tanto para o ambiente,
quanto para a manutenção da qualidade de vida de uma população.

7.1 Classificação dos resíduos sólidos

Os resíduos sólidos podem ser caracterizados de acordo com uma série de


critérios, como, por exemplo, sua origem, considerando qual o setor das atividades
P á g i n a | 112

humanas onde foi gerado. Outro fator de caracterização é seu uso original, ou seja,
se esse resíduo é plástico, vidro, papel, etc. (MIHELCIC; ZIMMERMAN, 2018).
A caracterização do resíduo envolve ainda o risco que ele representa ao ser
descartado no meio, neste caso pode ser enquadrado como perigoso ou não perigoso,
tal critério se baseia na caracterização física e química desses resíduos, indicando de
acordo com sua composição se oferece riscos ao meio e ao homem (SPIRO;
STIGLIANI, 2009).
O enquadramento dos resíduos como perigoso ou não perigoso deve
considerar a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, seus
constituintes e características, e a comparação destes constituintes com listagens de
resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido (NBR
10004, 2004).
De acordo com a NBR 10004 (2004), os resíduos sólidos podem ser
classificados em: Classe I: Perigosos e Classe II: Não perigosos. Sendo que os da
classe II, podem ainda ser subdivididos em classe II A: não inertes, que apresentam
potencial solubilização ou de biodegradação e classe II B: inertes, considerados
insolúveis.
São enquadrados como perigosos todos os resíduos que apresentam
características físicas, químicas ou infecto contagiosas com potencial risco à saúde
pública, provocando mortalidade, risco de doenças ou acentuando seus índices, ou
ainda podem causar danos ao meio ambiente, causando desequilíbrios
biogeoquímicos ou mortandade de organismos.
O enquadramento na Classe I considera o conhecimento da composição do
resíduo, e a presença das substâncias listadas nos anexos A e B da NBR 10004 como
nocivas, dentre as substâncias podemos citar os solventes halogenados, cuja
constituição contém Cloro, Flúor, Bromo e Iodo, considerados tóxicos e compostos a
base de cianeto, além de lodo resultante do tratamento de atividades industriais que
envolvem o uso de metais pesados como cadmio, cromo e chumbo.
Caso a composição do resíduo seja desconhecida, entretanto apresentar pelo
menos uma das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade, toxicidade,
reatividade e patogenicidade, são enquadrados como perigosos.
P á g i n a | 113

Figura 19: Classificação e caracterização de resíduos sólidos.

Fonte ABNT 10004 (2004, s.p)

Em relação a patogenicidade do resíduo, cabe ressaltar que os resíduos


domiciliares não são considerados perigosos, exceto resíduos resultantes de
tratamentos médicos de pessoas ou animais.
Os resíduos sólidos domiciliares podem em um primeiro momento serem
diferenciados em resíduos orgânicos, os quais são originados das atividades
domésticas, como sobras, cascas e talos de alimentos, além de papel descartado e
matéria vegetal. Já os resíduos inorgânicos, comumente chamado de recicláveis, são
constituídos por plásticos em geral, vidro, metais, papeis limpos e papelão e tetrapac
(MANAHAN, 2013).
P á g i n a | 114

Em relação ao grau de periculosidade, os resíduos domiciliares são


considerados não perigoso, podendo ser inerte no caso dos recicláveis como vidro,
metais e plásticos, ou não inertes como os resíduos orgânicos.

7.2 Gestão de resíduos sólidos

Em 2010 foi sancionada a Lei 12.305,


que instituiu em território brasileiro a Política
Nacional de Resíduos Sólidos. De acordo com
essa lei, a gestão do resíduo deve atender os
seguintes critérios de prioridade: não geração,
redução, reutilização, reciclagem, tratamento
Conceito de reutilização e
dos resíduos sólidos e disposição final
reciclagem
ambientalmente adequada dos rejeitos.
Reutilização: aproveitamento do
Outro aspecto estabelecido por essa lei
material para um destino
é a possibilidade de utilização de tecnologias
diferente do originalmente
que possibilite a utilização dos resíduos como
empregado, não alterando a
fonte de energia, desde que sejam
constituição da matéria.
comprovadas sua viabilidade ambiental e
Reciclagem: transformação do
monitoradas as condições de emissão de
material descartado em nova
poluentes. matéria prima, que originará um
A gestão de resíduos requer a produto distinto ou não do
compreensão dos processos de geração, original.
armazenamento, coleta, transporte,
processamento e descarte final do resíduo (ROCHA et al., 2009). Sendo
responsabilidade do gerador do resíduo qualquer dano causado pela contaminação
do meio ou agravos a qualidade da saúde da população.
Os resíduos domésticos, considerados não perigosos podem ter diversas
formas de descarte. Os orgânicos podem ser destinados a formas de tratamento
variadas, como o acondicionamento em aterros sanitários, a compostagem ou
mesmo ao tratamento em fornos pirolíticos. Em todos os casos obtêm-se produtos
aproveitáveis, como gás combustível nos aterros, adubo orgânico na compostagem e
combustível líquido na pirólise. Já os resíduos inorgânicos podem passar por
P á g i n a | 115

processos de reutilização ou reciclagem, fundamentais para a preservação das


matérias primas, principalmente as não renováveis.
Para que o destino dos resíduos orgânicos seja os mais adequados
ambientalmente, se faz necessário a coleta seletiva de resíduos in loco, ou seja, nas
residências, que são a origem do resíduo. Embora esta realidade seja pouco comum
nos municípios brasileiros, a implementação da coleta seletiva já se mostrou viável,
com adesão da população mediante programas de educação ambiental.
Em relação aos resíduos perigosos, a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) estabelece uma série de resoluções que especificam as normas
para acondicionamento, transporte, rotulagem, tratamento e disposição final de
resíduos perigosos, considerando a origem do resíduo, bem como sua natureza,
composição e grau de periculosidade.
Cabe ressaltar, que a gestão dos resíduos radioativos é de competência
exclusiva da Comissão Nacional de Energia Nuclear, que abrange o descarte de
resíduos de Usinas Nucleares de Energia, equipamentos de raios X, e equipamentos
empregados em tratamentos radioterápicos.
A destinação final de resíduos se refere a ações e processos que propiciam a
reutilização, reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento
energético ou demais destinações específicas que efetivamente evitam danos ou
riscos à saúde pública e à segurança, evitando ou diminuindo significativamente
impactos ambientais adversos (LEI 12.305, 2010).
Para a correta destinação do resíduo perigoso, o primeiro passo é a
classificação do resíduo quanto a sua origem, as características e utilização, bem
como sua composição, podendo ser: Dentre os resíduos sólidos, podemos destacar
os resíduos infectantes, considerado quaisquer formas de resíduo que apresentam
potencial de contaminação pela presença de agentes infecciosos que causam
doenças. Pode ser composto por sangue e demais fluídos corpóreos; órgãos, fetos e
peças anatômicas, o tratamento deste resíduo deve se dar com a desinfecção inicial
e disposição em aterros ou valas especializadas (CONAMA Res. 358, 2005).
Materiais não biológicos como agulhas e demais materiais perfurocortantes;
gases, algodão e faixas empregadas em ataduras e curativos, podem ser incinerados
ou encaminhados a sistemas de co-processamento.
P á g i n a | 116

A Lei 12.305 (2010) estabelece ainda a Gestão Integrada dos resíduos sólidos,
na qual estão envolvidos na implementação da Política Nacional de Meio Ambiente
tanto o Poder Público, o setor Empresarial e a Coletividade, para tanto, foi instituída a
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada
de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de
limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos (FARIA 2019).
Nesse contexto fica bem especificado pela Política Nacional de Resíduos
Sólidos a obrigatoriedade de fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes
a implementação da Logística Reversa para embalagens ou resíduos de produtos
como pilhas e baterias; pneus; óleo lubrificantes seus resíduos e embalagens;
lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; produtos
eletroeletrônicos e seus componentes, devido sua toxidade, nocividade, perpetuidade
no meio ambiente e complexidade no descarte mereceu distinta atenção.
Muitos tipos de resíduos industriais podem ser encaminhados ao processo de
incineração, um processo seguro que transforma o resíduo em cinzas que devem ser
descartadas em aterros sanitários. A incineração, entretanto, não é indicada para
certos tipos de resíduo, tendo ainda o inconveniente da emissão de compostos que
podem ser poluentes atmosféricos.
Resumo

A geração de resíduos sólidos constitui uma das problemáticas mais discutidas


na atualidade. A geração de resíduos sólidos apresenta várias origens, podendo ser
de origem doméstica, industrial, hospitalar, das atividades agropecuárias e ainda da
varrição urbana, o que confere uma variação muito grande em suas características.
Os resíduos sólidos podem ser diferenciados em perigosos, quando acarretam
desequilíbrios ambientais ou causam impactos na saúde da população da área
afetada. Já os resíduos não perigosos não apresentam propriedades poluidoras
graves e se decompõem no meio ou não reagem de forma negativa com o ambiente.
A lei 12.305 de 2010 estabeleceu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e
estabelece como prioridade a não geração do resíduo, a redução e reutilização além
da reciclagem como medidas de controle. Os resíduos domésticos são classificados
como não perigosos e sua destinação final deve se dar conforme as propriedades do
mesmo. Resíduos orgânico podem ser encaminhados à aterros sanitários, ou aos
sistemas de compostagem e biodegestão. Já os resíduos domésticos inorgânicos
podem ser encaminhados a reciclagem ou reutilização. Os resíduos classificados
como perigosos podem ter diversos processos de neutralização e disposição final
conforme suas propriedades.
Complementar

Antes e Depois da Lei: https://www.youtube.com/watch?v=yh2itUQ4K0A&t=66s


Política Nacional de Resíduos Sólidos:
https://www.youtube.com/watch?v=CBd7PWb1NlA
https://www.youtube.com/watch?v=Q1IZth6qnnw
Referências

Básica:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10004: resíduos
sólidos: classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson,


2005.

BRASIL. Lei 12.305, 2010. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Disponível em:
https://www.mma.gov.br/pol%C3%ADtica-de-res%C3%ADduos-s%C3%B3lidos Acesso em:
12 ago. 2019.

CONAMA. Resolução 358, 2005. Disponível em


http://www2.mma.gov.br/port/conama/. Acesso em: 12 ago. 2019.

FARIA, M. F. B. Logística reversa de resíduos sólidos perigosos: desafios e


oportunidades para as empresas
http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=195d221c982e47eb. Acesso: 12 ago. 2019.

MANAHAN, S. E. Química ambiental. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.

MIHELCIC, J. R.; ZIMMERMAN, J. B. Engenharia ambiental: fundamento,


sustentabilidade e projeto. 2. ed. Rio de Janeiro: Ltc, 2018.

ROCHA J. C.; ROSA, A. H.; CARDOSO, A. A. Introdução à química ambiental. Porto


Alegre: Bookman, 2009.

SPIRO, T. G.; STIGLIANI, W. M. Química ambiental. São Paulo: Pearson Prentice


Hall, 2009.
Exercícios
AULA 7

1) Os resíduos sólidos enquadrados como perigosos


podem apresentar características como corrosividade,
patogenicidade, inflamabilidade, reatividade ou toxicidade. De
acordo com essa classificação, podemos afirmar corretamente que:
a) Para ser perigoso o resíduo deve apresentar todas as características acima
listadas.
b) Resíduos de origem hospitalar produzido em todos os setores devem ser
enquadrados como perigosos.
c) Resíduos perigosos são aqueles que quando liberados no meio causam
desequilíbrio ambiental ou danos à saúde pública.
d) Os resíduos classificados como perigosos sempre deverão passar por
esterilização antes de sua liberação no meio.
e) O descarte de resíduos perigosos é responsabilidade exclusiva do poder
público.

2) Em relação a classificação dos resíduos sólidos, analise as asserções abaixo


e responda.
I – Resíduos cuja composição é desconhecida pode mesmo assim ser
enquadrado como perigoso.

SE

II – Apresentar pelo menos uma das seguintes características: corrosividade,


patogenicidade, toxicidade, inflamabilidade, reatividade.
a) As asserções I e II estão corretas, e a II justifica corretamente a I
b) As asserções I e II estão corretas, mas a II não justifica a I
c) A asserção I está correta, e a II está incorreta
d) A asserção I está incorreta, e a II está correta
e) As asserções I e II estão incorretas
P á g i n a | 121

3) Os resíduos orgânicos podem ser de diversas fontes, tais como os resíduos


domésticos, de setores alimentícios como restaurantes e lanchonetes, e ainda de
indústria. Duas possibilidades adequadas para destinar os resíduos sólido orgânicos
são:
a) Co-processamento e biodigestão
b) Aterro sanitário e compostagem
c) Reciclagem e reaproveitamento
d) Compostagem e incineração
e) Incineração e co-processamento

4) Os resíduos considerados infectantes são aqueles que apresentam agentes


infecciosos com potencial poder de contaminação. Esses resíduos devem:
a) Ser dispostos diretamente em aterros sanitários.
b) Ser encaminhados a incineradores próprios.
c) Ser depositados em valas cobertas.
d) Ser desinfectado e disposto em aterros sanitários.
e) Ser desinfectado e incinerado.

5) Muitas formas de resíduos considerados perigosos são responsabilidade do


fabricante ou importador, em todos os estágios do resíduo, ou seja, mesmo após o
descarte do consumidor. Explique os processos empregados na Logística Reversa.
Aula 8
Economia e Ambiente

APRESENTAÇÃO DA AULA

A crise ambiental que se instalou a partir da década de 1970, desencadeou


uma série de discussões voltadas para o estabelecimento de ações e medidas que
direcionasse a sociedade atual para práticas mais sustentáveis.
Nesse contexto as discussões permeiam o setor econômico, uma vez que sua
manutenção acarreta profundas alterações no equilíbrio ambiental, sendo um
dificultador da implementação de práticas sustentáveis.
Nesse contexto, se faz importante entender as dicotomias entre os interesses
econômicos e a necessidade de preservação ambiental, tomando como base para tal
discussão os princípios e metas para a sustentabilidade socioambiental.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Compreender a relação Economia e Ecologia;


 Discutir as práticas sustentáveis no contexto econômico;
 Reconhecer os padrões da economia verde para o desenvolvimento
sustentável.
P á g i n a | 123

8 INTRODUÇÃO

O setor econômico em seus moldes tradicionais prioriza


basicamente a geração de bens e produtos para efetivar
transferências monetárias, constituindo o eixo central da geração
de lucros e alimentar a economia.
Apesar de necessário para nossa civilização, o desenvolvimento econômico
tem sido a causa das principais desordens de caráter ambiental, o que nas últimas
décadas chamou a atenção de pesquisadores e gestores, despertando a necessidade
de repensar tal modelo (BITTENCOURT et al., 2012).
Com o crescimento das discussões sobre a problemática ambiental e a
necessidade de se estabelecer uma sociedade mais sustentável, o setor econômico
se vê forçado a repensar sua prática de extração indiscriminada de recursos naturais
e geração de resíduos (ALMEIDA, 2012).
Diante dessa nova postura, a Economia Verde constitui um conceito que ganha
força. O conceito de economia verde pode ser estabelecido como o processo
econômico que resulta em melhoria do bem-estar humano e equidade social, ao
mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez
ecológica.
A economia verde envolve práticas que priorizam baixas emissões de carbono,
uma maior eficiência no uso dos recursos naturais, além de prezar pela redução ou
mesmo anulação dos impactos ambientais (DINIZ; BERMAN, 2012). Tal mudança de
comportamento do setor econômico são bastante difíceis de serem alcançadas, uma
vez que nossa sociedade é pautada em um consumo constante e crescente.
Diante desse cenário, alcançar a sustentabilidade implica, de modo geral, o
grande desafio de se institui uma nova ordem civilizacional, onde existem restrições
de ordem ambiental ao processo de acúmulo de capital e aos padrões de consumo.

8.1 Economia e sustentabilidade

O conceito de sustentabilidade estabelece que as ações desenvolvidas pela


civilização atual para garantir o desenvolvimento, não deverão inviabilizar as
condições de desenvolvimento das gerações futuras.
P á g i n a | 124

Neste conceito fica bastante claro que os impactos ambientais irreversíveis


causados pelo homem moderno desde a Revolução Industrial é algo que deve ser
repensado, uma vez que tais impactos certamente inviabilizam recursos que deixarão
de estar disponíveis para as próximas gerações.
De acordo com Dupas (2008), o sistema econômico vigente até agora é pouco
eficaz, uma vez que excede a capacidade de suporte do meio em relação a oferta
de materiais e apresenta uma dinâmica energética pouco eficiente.
Durante as últimas décadas, a crise ecológica foi se anunciando de forma
crescente, e apesar das inúmeras discussões sobre desenvolvimento sustentável, a
agenda proposta na Rio 92 não foi colocada em prática.
Essa problemática se deve principalmente pela pressão do setor industrial que
diante da possibilidade de restrição de materiais e diminuição de lucros, menospreza
as informações e evidências colocadas pelo meio científico, as quais respalda a
necessidade de novas práticas econômicas.
Os alertas, como por exemplo, sobre as mudanças climáticas, são taxados
como sensacionalistas e catastrofistas, apesar das evidências (figura). A escassez
hídrica e o crescimento do número de doenças associadas ao desequilíbrio ambiental
são muitas vezes minimizados frente à necessidade do crescimento econômico.

Figura 20: Ilustração do derretimento do gelo A: Geleira na Argentina (foto superior em


1928; foto inferior) B: Geleira Sherpard – Estados Unidos (foto superior em 1013; foto
inferior, 2005).

Fonte: VEJA (2019, s.p)

As tensões entre o setor econômico e ecológico pode ser analisada sob a


perspectiva de quatro correntes de pensamento: a dos ecologistas profundos, a dos
ecoeficientes, a dos ecologistas sociais e a dos antiecologistas. As três primeiras
P á g i n a | 125

correntes, mesmo que de formas distintas consideram a responsabilidade do ser


humano na manutenção das condições de vida no planeta. Já os antiecologistas,
ligados aos interesses do capital, se negam a considerar as evidências de que o estilo
de vida tão almejado, pode ser fortemente comprometido pelas alterações ambientais
atuais (DUPAS, 2008).
Após quase seis décadas de estudos, inúmeras evidências indicam que
alterações ambientais como desmatamento, poluição e perda da biodiversidade
acarretam alterações no meio e podem comprometer tanto a qualidade quanto a oferta
de recursos essenciais a nossa sobrevivência.
O setor econômico desenvolvido na era industrial parece desconsiderar que a
disponibilidade de recursos naturais é restrita, e ainda, que muitas vezes a extração
desses recursos compromete a funcionalidade de fenômenos ecológicos essenciais à
manutenção das condições adequadas de vida (ALMEIDA,2012). .
Diante desse quadro, a sustentabilidade econômica da nossa civilização está
diretamente ligada ao equilíbrio ambiental e a manutenção das funções ecológicas,
que como já vimos, mantem a renovação de elementos como água, ar, fertilidade do
solo e estabilidade térmica (DINIZ; BERMAN, 2012).
Sendo o setor econômico integralmente dependente de matérias primas e
fontes de energia que provem do setor ambiental, nos deparamos no século XXI com
uma nova perspectiva econômica, a chamada economia verde.

8.2 Economia verde

Para entendermos claramente a economia verde, é importante fazer uma


distinção entre esta postura econômica e a chamada economia convencional. A
diferença entre ambas está em seus respectivos pontos de partida.
A economia convencional enxerga a economia como um todo, e a natureza é
considerada uma parte ou setor na macroeconomia. Já a economia ecológica a
macroeconomia faz parte de um todo muito mais amplo, que a envolve e sustenta, ou
seja, a economia é um subsistema aberto, que integra um sistema bem maior, que é
finito e não aumenta (MAY, 2010).
De acordo com Bittencourt et al., (2012), a economia verde se fundamenta em
três princípios básicos: aumento da eficiência energética e do uso de recursos
naturais; diminuição da emissão de carbono e prevenção da perda da biodiversidade.
P á g i n a | 126

O conceito de economia verde se estabeleceu após a Rio 92, sendo proposta


como um reforço ao desenvolvimento sustentável, uma vez que propõe que todas as
gerações da civilização humana devem ter as mesmas condições de existência e
desenvolvimento social, econômico e tecnológico (DINIZ; BERMAM, 2012).
Essa concepção de “igualdade de gerações” se vê já de imediato
comprometida, uma vez que 60% dos serviços ambientais já estão comprometidas
pelo estabelecimento de um padrão de desenvolvimento econômico infinito
(BITTENCOURT et al., 2012).
A adoção de uma economia verde é muito mais complexa do que parece, os
relatórios apresentados da Rio+20 indicam que a adoção de práticas sustentáveis não
foi efetivada com a eficácia e velocidade necessárias. Outro fator é o estímulo ao
consumo crescente, o que em princípio vai de encontro as propostas de
desenvolvimento sustentável.
Estudos ecológicos em áreas extrativistas sustentáveis na Amazônica indicam
que mesmo ações consideradas sustentáveis não possibilitam a reposição de certos
recursos no meio. Em um estudo sobre a exploração sustentável da castanha-do-
pará, mostrou que em áreas não exploradas há uma renovação de cerca de 30% das
sementes que germinaram e foram identificadas como plantas jovens. Já em áreas
exploradas, o índice de germinações não ultrapassa 5% (FERNANDEZ, 2011).
Isso nos leva a retornar ao ponto da superpopulação mundial. Mesmos ações
que podem ser sustentáveis e estariam de acordo com os princípios da economia
verde, não têm o efeito esperado, uma vez que a crescente demanda por alimento,
matéria e energia pela população humana promovem uma sobrexploração dos
recursos.
Para Boff (2011) a economia verde seria uma proposta para “amenizar” a
sustentabilidade em sua essência, a qual se estabelece em oposição ao atual sistema
de produção e consumo, mantendo o mesmo modelo de apropriação da natureza.
Essa visão pessimista em torno da economia verde está fundamentada na
visão de que o mercado verde proposto implica na apropriação privada do bem comum
como solução para a crise ambiental do planeta. Nesta concepção se estabelece uma
nova forma de capitalismo, com novas formas de acúmulo e apropriação e desgaste
do capital natural (BITTENCOURT et al., 2012).
A dúvida sobre a eficiência da economia verde no que diz respeito tanto a
conservação ambiental quanto a inclusão social se fundamenta justamente na
P á g i n a | 127

apropriação do capital natural com o pagamento monetário por serviços ambientais


tais como a purificação da água e do ar, a reposição de nutrientes no solo e polinização
para a agricultura e os insumos para a biotecnologia, os quais passam a ser
“mercadorias”, passíveis de compra neste novo sistema (BOFF, 2011).
Entretanto, mesmo implementando valor aos recursos, o valor econômico dos
recursos ambientais não é observável no mercado através de preços, ou seja, o valor
monetário atribuído a um bem ou serviço não considera o valor do capital natural
envolvido em sua oferta.
Para os mais otimistas, a economia verde traz uma resposta às múltiplas crises
que o mundo vem enfrentando em relação as mudanças no clima, a demanda por
alimento e o crescimento econômico menos impactante, uma vez que traz um novo
paradigma econômico, o qual considera as questões ambientais como integrante do
processo.

8.3 Valoração ambiental

O Valor econômico de um recurso ambiental pode ser composto pelo Valor de


Uso (VU) e valor de não-uso (VNU) (TAVARES; IRVING, 2009). Por sua vez o valor
de uso pode ser degrado em:
Valor de Uso Direto (VUD): Quando se utiliza atualmente um recurso, por
exemplo, na forma de extração, visitação ou outra atividade de produção ou consumo
direto.
Valor de Uso Indireto (VUI): Quando o benefício atual do recurso deriva-se
indiretamente das funções ecossistemas, tais como a ciclagem da matéria,
manutenção da química atmosférica e renovação de nutrientes nos solos.
Valor de Opção (VO): Valores de uso diretos e indiretos que poderão ser
utilizados em um futuro próximo.
O valor de não-uso representa o valor de existência (VE) que está associado a
simples existência de espécies não humanas e ao legado cultural, ético e moral
mesmo que tais recursos não representem uso atual ou futuro.
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Valor Econômico Total (VET) = VU (VUD+VUI+VO)+(VE)

A análise do VET indica que em certos casos que um tipo de uso do recurso
ambiental pode inviabilizá-lo para outro, por exemplo, a abertura de novos campos de
cultivo agrícola, considerado um VUD, inviabiliza a manutenção da floresta original
que desempenharia importante função ecológica, considera um VUI.
Nesse contexto a determinação do VET implica em um primeiro momento
identificar tais conflitos de uso, sendo necessário o conhecimento das relações
ecológicas que determinam os múltiplos enquadramentos de um capital natural nas
categorias de valoração.
Outro aspecto importante é a quantificação monetária dos impactos gerados
pelo uso de um recurso, assim, quando a disponibilidade desse recurso ambiental é
afetada, ocorre também o impacto na produção do bem ou serviço a ele associado
(DUPAS, 2008).
O que se percebe na atualidade é o uso abusivo, inconsciente e descontrolado
dos recursos ambientais, isso devido ao fato de que a maioria dos recursos são de
livre acesso às pessoas, não existindo um preço definido no mercado. Esta
postura acarreta a não internalização dos custos ambientais no produto final, ou seja,
não são computados os danos causados ao capital natural (DINIZ; BERMAN, 2012).
Surge assim a necessidade de se estabelecer métodos de valoração ambiental, de
modo que os custos ambientais possam ser internalizados por meio da estimativa de
valores dos recursos ambientais.
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Os métodos de valoração podem ser diretos ou indiretos. Os métodos diretos


envolvem o questionamento sobre a disposição dos indivíduos em pagar por bens e
serviços ambientais, considerando que a diminuição da oferta do bem ou serviço
ambiental afetaria negativamente a qualidade de vida da população (MAY, 2010).
Já os métodos indiretos envolvem a estimativa do valor de um recurso
ambiental através de sua função de produção, ou seja, calcula-se o impacto de uma
alteração do recurso ambiental na atividade econômica, utilizando como referência
um produto de mercado que seria afetado pela indisponibilidade do recurso. O método
indireto exige profundo conhecimento dos ecossistemas naturais, bem como do
impacto da escassez dos recursos no preço de mercado do produto (ALMEIDA, 2012).
Os métodos de valoração têm por objetivo captar as distintas parcelas do valor
econômico do recurso ambiental. Entretanto, cada método apresenta limitações em
suas estimativas diante da complexidade de fatores envolvidos.
Outro fator associado é a questão socioeconômica da população em questão.
A desigualdade social em muitos países que são fonte de recursos, leva muitos povos
a desconsiderar as questões ambientais diante de limitações monetárias para se obter
os recursos essenciais ao sustento.
Voltamos então ao ponto base estabelecido pelo desenvolvimento sustentável
e compartilhado com a Economia Verde, a melhoria das condições de vida das
populações de países mais pobres. A redução das desigualdades sociais parece ser
um dos pontos chave para a sustentabilidade (TAVARES; IRVENG, 2009).
Não há como negar que alcançar o desenvolvimento sustentável e a adoção
de uma Economia Verde é um grande desafio à nossa era. Entretanto, os registros
geológicos e os estudos ecológicos atuais indicam a necessidade urgente de se rever
o modelo econômico vigente.
Resumo

A atualidade é marcada por um dicotomia entre o setor Ecológico e o setor


Econômico.
O setor econômico, com sua necessidade crescente de matéria e energia para
suprir o mercado produtivo acarreta sérios impacto no meio, os quais muitas vezes
são irreversíveis.
Com as discussões sobre sustentabilidade, a preocupação com o suprimento
de recursos e com os problemas causados pela poluição aumentam, levando a
necessidade de propostas de um novo modelo econômico.
A economia verde surge como uma proposta que vem agregar ao
desenvolvimento sustentável.
A economia verde se fundamenta nas necessidades de preservação dos
recursos naturais, na redução das desigualdades sociais e na diminuição da emissão
de carbono na atmosfera.
Muitos estudiosos apresentam críticas à economia verde, argumentando que
a atribuição de valores monetários aos bens e serviços ambientais pode levar a
apenas uma mudança na forma de promover degradação ambiental.
A valoração ambiental constitui um conceito associado à economia verde e
propõe uma análise de aspectos relacionados ao uso ou não uso dos recursos
ambientais.
Os métodos de valoração ambiental podem ser diretos, quanto questiona-se
uma população sobre sua disposição em pagar por um recurso ambiental.
Os métodos indiretos implicam na verificação das variações de preço de
produtos cujas matérias primas vem diminuindo decorrente dos impactos ambientais.
Complementar

Economia e Sustentabilidade
https://www.youtube.com/watch?v=x9Bwj0W8rpk&t=10s

Repensar o Consumo
https://www.youtube.com/watch?v=_t223swPVlA

Economia Ecológica e Sustentabilidade


https://www.youtube.com/watch?v=YjrI7K2IBRw

Entrevista Hugo Penteado


https://www.youtube.com/watch?v=_ucrmpqy_g0
https://www.youtube.com/watch?v=IN-oh3_nhE8
Referências

Básica:
ALMEIDA, L. T. Economia verde: a reiteração de ideias à espera de ações. Estudos
Avançados. v. 26, n. 74, 2012

BITTENCOURT, A. L.; VIEIRA, R. S.; MARTINS, J. N. Economia Verde: conceito,


críticas e instrumentos de transição. I Conferência Internacional Direito Ambiental,
Transnacionalidade e Sustentabilidade. Revista Eletrônica Direito e Política, v.7, n.2, 2012.

BOFF, L. A ilusão de uma economia verde. 2011. Disponível em:


https://leonardoboff.wordpress.com/2011/10/16/a-ilusao-de-uma-economia-verde/). Acesso
em: 18 ago. 2019.

DINIZ, E.; BERMAN, C. Economia verde e sustentabilidade. Estudos Avançados, v.


26, n. 74, 2012.

DUPAS, G. Meio ambiente e crescimento econômico: tensões estruturais. São


Paulo, Editora UNESP, 2008.

FERNANDEZ, F. O poema imperfeito: crônica de biologia, conservação da natureza


e seus heróis. 3. ed. Curitiba: Ed. Universidade Federal do Paraná, 2011.

MAY, P. H. Economia do meio ambiente: teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2010.

TAVARES, F.; IRVENG, M. A. Natureza S.A.: consumo verde na lógica do Ecopoder.


São Carlos: Rima, 2009.

VEJA. Derretimento do gelo. Disponível em: https://veja.abril.com.br/galeria-fotos/as-


evidencias-do-aquecimento-global/. Acesso em 18 ago. 2019.
Exercícios
AULA 8

1) A economia verde surge no final do século XX como


uma proposta alternativa ao atual modelo de desenvolvimento
econômico. Um dos princípios estabelecidos pela economia
verde é:
a) A pesquisa por mecanismos que evitem a poluição
b) A educação da população para consumo
c) A igualdade entre as gerações
d) O estímulo à reciclagem e reutilização de bens e produtos
e) A recuperação e ecossistemas degradados.

2) No contexto da valoração ambiental, o Valor Econômico Total pode ser


fracionado em valor de uso e valor de não uso do recurso. Em relação ao valor de
uso, podemos destacar o Valor de Uso direto, o qual consistem em:
a) O valor das funções dos ecossistemas
b) Os valores futuros de um recurso ambiental
c) Os benefícios da simples existência de uma condição ambiental
d) A utilização dos recursos como fonte de alimento ou matéria prima
e) O valor de legado de uma condição ambiental para as próximas gerações.

3) O posicionamento de muitas correntes ecológicas pode divergir em alguns


aspectos, dentre as linhas que consideram a responsabilidade do ser humano em
manter o equilíbrio ecológico, podemos citar os antiecologistas que se caracterizam
por:
a) Considerar os homens como mais um integrante do meio natural
b) Abordar a necessidade de se estabelecer uma maior igualdade social
c) Ter interesses voltados somente para o capital
d) Buscar a todo custo a redução dos impactos ambientais
e) Promover discussões mais integradas entre os setores econômicos e
ecológico.
P á g i n a | 134

4) A valoração ambiental é uma importante ferramenta da Economia Ecológica


no sentido de internalizar os custos ambientais ao produto final. No processo de
valoração ambiental, o Valor de Uso indireto pode ser corretamente exemplificado
como:
a) Alimento.
b) Matérias primas renováveis.
c) Renovação da água.
d) Poluição.
e) Matérias primas não renováveis.

5) Alguns autores relacionados à temática ecológica fazem algumas críticas à


Economia verde. Explique os argumentos colocados por essa linha de pensamento.
Aula 9
Nome da aula

APRESENTAÇÃO DA AULA

Com a crescente preocupação com os efeitos nocivos causados pelos impactos


ambientais, as discussões sobre sustentabilidade se estendem por todos os setores
da sociedade atual.
Neste cenário o setor industrial passa a ser sujeito ativo na busca por métodos
e ações que promovam o menor impacto possível, promovendo assim um sistema
produtivo mais voltado para redução da poluição e diminuição dos desperdícios.
Com a crescente preocupação do mercado consumidor sobre a origem dos
produtos consumidos, a adoção de uma produção mais limpa e a implementação do
ecodesign se mostram essenciais para a sustentabilidade empresarial.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Conhecer os processos de produção industrial voltadas para a


sustentabilidade;
 Reconhecer os princípios do Ecodesign.
P á g i n a | 136

9 INTRODUÇÃO

Desde o surgimento do conceito de Desenvolvimento


Sustentável, discute-se muito as esferas envolvidas neste
conceito, o ambiente, a economia e a sociedade. Estes três
setores devem ser estudados de forma integrada, uma vez que se
afetam mutuamente. O setor industrial transforma recursos em produtos finais para a
comercialização, este processo envolve o consumo de recursos provenientes da
natureza, e gera impactos negativos ao meio, sendo necessária a identificação dos
impactos nos diversos estágios do processo de produção, e o estudo de medidas que
possam torna-lo mais adequados ambientalmente (OLIVEIRA-NETO et al., 2015).
Neste contexto surge o conceito de Produção Limpa (P+L), que consiste em
uma nova forma de direcionar o processo produtivo através da aplicação contínua de
estratégias que envolvem a viabilidade econômica, a minimização dos impactos
ambientais e o emprego de tecnologias que possibilitem aumentar a eficiência no uso
de matérias primas, água e energia, diminuindo a geração de resíduos no processo
produtivo.
A adoção da produção mais limpa, envolve a incorporação de ideias sobre
sustentabilidade no processo produtivo, por meio da implementação de
procedimentos e práticas que visam reduzir os desperdícios e atender com maior
eficácia as diretrizes e requisitos ambientais.

9.1 Indústria e sustentabilidade

A intensa industrialização vivenciada pela sociedade atual, por muito tempo


desconsiderou os impactos ambientais negativos em prol de um crescimento
constante do setor econômico.
Durante décadas intensas alterações no meio vêm progressivamente
acarretando uma série de desequilíbrios ambientais, os quais por sua vez promovem
uma diminuição na qualidade e quantidade de recursos disponíveis no meio.
Neste sentido, o setor industrial se vê forçado a uma mudança na sua forma de
interagir com o meio. Os inúmeros estudos vêm comprovando ao longo do tempo que
os impactos ambientais decorrentes das ações humanas se mostram nocivos ao
P á g i n a | 137

equilíbrio ambiental e consequentemente comprometem o suprimento de recursos ao


próprio setor.
Com a crescente discussão sobre sustentabilidade socioambiental, e o papel
das empresas nesse processo, as organizações passam a ver a necessidade de se
adotar novos princípios e estratégias para produção e bens e serviços com o menor
impacto ambiental possível (OLIVERIA-NETO et al., 2015).
Como discussões relacionadas a problemática ambiental têm ocupado um
espaço cada vez maior entre a população, tornando-se um fator diferenciado de
competitividade das empresas (BORELLI, 2019). Com isso muitos autores levantam
o questionamento se as empresas estão de fato preocupadas com as questões
ambientais e buscando a sustentabilidade, ou apenas tentando ganhar um mercado
(MAY, 2002).
May (2002) apresenta uma série de relatos de representantes de grandes
empresas que relatam uma sólida preocupação com as questões ambientais e
afirmam a adoção de estratégias mais sustentáveis em suas atividades.
O quadro abaixo representa alguns compromissos estabelecidos pelo setor
industrial no Brasil, de modo a se estabelecer ações e estratégias que priorizem a
diminuição do impacto ambiental e uma perspectiva mais sustentável do setor.
A partir desse ponto, o setor industrial busca por novas tecnologias, de modo a
estabelecer processos de produção menos impactantes, visando uma melhoria da
qualidade ambiental, além de propiciar a redução de custos e atender as exigências
do mercado consumidor.
Surge neste cenário o conceito de Produção Mais Limpa, cuja proposta se
fundamenta na aplicação de uma estratégia ambiental preventiva, na qual busca-se
aumentar a eficiência no uso das matérias primas e a redução dos riscos a sociedade
e ao ambiente. Outros aspectos dessa proposta é a diminuição dos desperdícios, a
redução de custos e ainda o ganho de competitividade no mercado consumidor.
P á g i n a | 138

Figura 21: Ações que promovem maior sustentabilidade adotadas pelas empresas.

Fonte: CNI (2012)

A Produção mais Limpa consiste em uma tarefa bastante trabalhosa, as


atividades industriais em sua essência promovem a geração de resíduos e poluição
independente de qual seja o setor industrial em questão. Isto faz com que as empresas
busquem a evolução de seus métodos de articulação com seus colaboradores,
máquinas e com os demais recursos envolvidos e necessários à produção (PETTER
et al., 2011).
P á g i n a | 139

Figura 22: Mapa conceitual de Práticas de Produção Mais Limpa.

Fonte: FURMANSKI; PETERSON (2015)

Sendo assim, o estabelecimento por parte da indústria de objetivos voltados


para a adoção da Produção Mais Limpa exige o estabelecimento de estratégias
econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos produtivos, a fim de
aumentar a eficiência no uso das matérias primas, água e energia, através da não-
geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um processo produtivo.

9.2 Ecodesign

O ecodesign é entendido como uma prática industrial na qual o processo de


produção está fundamentado na redução do impacto ambiental, por meio de processo
mais eficientes, gerando menos resíduos e promovendo economia no uso de matérias
primas (BORCHARDT et al., 2008).
O conceito de ecodesign surgiu na década de 1990, com a preocupação da
indústria eletrônica dos EUA em reduzir o impacto ambiental decorrente das suas
atividades (NAIME et al., 2012). Com a crescente preocupação com a sustentabilidade
socioambiental, o mercado consumidor passa a se preocupar com a origem dos bens
e produtos de consumo, exigindo um processo de produção ambientalmente correto.
P á g i n a | 140

O desafio de tornar os produtos ambientalmente mais adequados sem dúvida


consistiu um desafio, o qual passa a ser assumido tanto pelas empresas quanto pela
população, uma vez que as decisões devem ser tomadas na fase de projeto e no outro
extremo da cadeia, o consumidor final (GUELERE-FILHO et al., 2008).
Neste sentido a adoção de programas pautados no ecodesign se justifica no
contexto da sustentabilidade, uma vez que tais programas buscam justamente
minimizar os efeitos negativos dos processos produtivos em todas as fases do ciclo
de vida do produto, desde a extração das matérias primais, até o descarte do resíduo
pelo consumidor (BRAGA, 2014).
A figura, demostra justamente o caminho percorrido no processo do ecodesign,
demostrando que o reuso, a reciclagem e a remanufatura são peças fundamentais em
um sistema integrado, que prioriza a minimização de resíduos e a economia de
matérias primas.

Figura 23: Representação de um esquema de Produção Mais Limpa.

Fonte: GUELERE-FILHO et al., (2008)

O estabelecimento de um projeto pautado no Ecodesign necessita de um


entendimento do ciclo de vida do produto, a chamada Análise do Ciclo de Vida (ACV).
P á g i n a | 141

Figura 24: Esquema representado a Análise do Ciclo de Vida (ACV) na implementação do


Ecodesign.

Fonte: BRAGA (2014)

A análise do ciclo de vida constitui uma metodologia que possibilita entender


quantificar todos os materiais e processos envolvidos em todas as etapas do ciclo de
vida de um bem ou serviço, permitindo a identificação dos potenciais impactos
ambientais causados em cada uma das etapas (BRAGA, 2014).
Apesar da ACV ser reconhecida como uma metodologia ambientalmente
correta, sua implementação ainda é limitada, uma vez que demanda muitos recursos
e o conhecimento detalhado de todas etapas do ciclo de vida, as quais muitas vezes
carecem de informações.
Para minimizar esse problema, as políticas públicas passam a estimular a
implementação do Ecodesign como uma prática sustentável, e a aplicação da ACV
como um estímulo ao aumento da competitividade no mercado, uma vez que o
reconhecimento da implantação do Ecodesign estabelece um nicho satisfatório no
mercado consumidor (GUELERE-FILHO et al., 2008).
Podemos destacar que na implementação do Ecodesing devem ser
consideradas pela empresa, as seguintes diretrizes:
Seleção de Materiais de Baixo impacto: A adoção de matérias primas
extraídas com o menor impacto ambiental possível em todas as etapas do ciclo de
vida dos produtos. Este passo envolve a adoção de matérias renováveis e
P á g i n a | 142

biodegradáveis, além de considerar a prevenção de impactos ou recuperação da área


impactada no momento da extração.
Redução no Uso de Materiais e Recursos: Estabelecimento de estratégias,
ações e técnicas que possibilitem o menor consumo possível de materiais e energia.
Neste momento o sistema de produção prioriza a redução de perdas e refugos, com
ações que promovam a reutilização de materiais, além de evitar dimensionamentos
excessivos e partes que não sejam essenciais.
Design para Otimização do Sistema de Produção: Implantação de ações
que possibilitem atender aos aspectos de forma, dimensões e qualidade de forma
compatível com o processo de produção e facilitem a fabricação do produto. Nesta
etapa são priorizados projetos com o menor número de partes possíveis, e que estas
partes sejam multifuncionais e fácil fabricação.
Otimização do Sistema de Transporte: A adoção de sistemas de estocagem
e deslocamento que economizem na demanda de transportes e assim contribuam
menos com a emissão de gases poluentes decorrentes da queima de combustíveis
fósseis. Esta prática pode ser implementada com produtos mais leveis e dobráveis,
que possibilitam otimização no transporte.
Redução dos Impactos Durante o Uso: Envolve a produção de bens e
produtos que são mais econômicos em seus consumos de água, energia ou outros
materiais durante sua utilização pelo consumidor.
Extensão da Vida Útil dos Produtos: Envolve a produção de bens que
tenham maior tempo de duração quando em condições de uso, quanto maior a
durabilidade, mais demorado será o descarte do produto no meio. Este processo pode
ser alcançado com produtos com alta viabilidade de manutenção e reparo, além da
proposta de produtos que possam receber atualização tecnológica e cuja estética seja
perene.
Otimização do Fim de Vida dos Materiais: Adoção de estratégias que
otimizem o fim da vida de materiais ou estende a vida útil dos materiais. Tais práticas
envolvem processo de reutilização e reciclagem dos produtos, ou seja, após sessar
sua utilização pelo consumidor, o produto ou partes dele pode ainda ter uma
sobrevida. Tais práticas promovem tanto a redução do resíduo descartado no meio,
quanto a necessidade de matérias primas novas.
Como podemos perceber os projetos sob a perspectiva do Ecodesign
promovem uma série de benefícios ambientais, seja na economia de materiais e
P á g i n a | 143

energia, seja na diminuição da geração de resíduos. A adoção de práticas de


Ecodesign pelas empresas, constituem desta forma um passo fundamental para a
adoção de práticas mais sustentáveis.
Resumo

Nesta aula vimos:

Com a crescente preocupação com práticas sustentáveis, o setor industrial se


vê diante da necessidade de se adequar em práticas e procedimentos que causem
menos impacto ao ambiente.
A preocupação com a diminuição da poluição e menor consumo de materiais e
energia, leva a indústria a uma nova postura, a de uma produção mais limpa.
O Conceito de Produção Mais Limpa envolve uma série de procedimentos que
envolvem práticas de economia de materiais e energia, além de acompanhamento do
ciclo de vida do produto.
Outro aspecto envolvendo a Produção Mais Limpa é a reutilização e reciclagem
de materiais, evitando seu descarte e diminuindo a geração de resíduos.
Neste cenário o conceito de Ecodesign surge como uma prática que busca
otimizar matérias primas, economizar energia e diminuir a geração de resíduos em
todos os setores do processo de produção
A Análise do Ciclo de Vida do produto é uma metodologia empregada no
contexto do Ecodesign, entretanto a dificuldade de se conhecer quantitativamente os
elementos empregados no processo de produção é uma barreira para sua prática.
Complementar

Design Ecológico - https://www.youtube.com/watch?v=7neWgExucQU&t=115s


Indústria 4.0 https://www.youtube.com/watch?v=f37piMKrIJ8
Referências

Básica:
BORCHARDT, M. et al. Considerações sobre ecodesign um estudo de caso na
indústria eletrônica automotiva. Ambiente e Sociedade. Campoinas, v.11, n.2, p. 341-353,
2008.

BORELLI, A. O que é produção mais limpa?. Disponível em:


http://www4.pucsp.br/eitt/downloads/ix_ciclo/IX_Ciclo_2011_Artigo_Elizabeth_Borelli.pdf
Acesso em: 20 ago. 2019.

BRAGA, J. Ecosedign: Estudo de cado se estratégias aplicadas a produtos nacionais.


Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão. Abr/jun, 2014.

CNI – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. A indústria brasileira no


caminho da sustentabilidade. Brasília: CNI, 2012.

FURMANSKI, L.M.; PETERSON, M. Reciclagem interna do lodo da ETE de uma


indústria de cerâmica. Feira Internacional de Ciência e Tecnologia para Reciclagem e
Recuperação de Resíduo. São José dos Campos, 2015.

GUELERE-FILHO, A.; PIGOSSO, D. C. A.; ROZENFELD, H.; OMETTO, A. R.


Ecodesing: métodos e ferramentas. 28° Encontro Nacional de Engenharia de Produção.
Anais. Rio de Janeiro, 2008.

MAY, P. H. Economia do meio ambiente: teoria e prática. 2 ed. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2010.

NAIME, R.; ASHTON, E.; HUPFFER, H. M. Do Desing ao Ecodesing: Pequena história,


conceitos e princípios. Ver. Elet. Em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental. n. 7, v. 7,
p. 1510-1519, 2012.

OLIVEIRA-NETO, G. C.; GODINHO-FILHO, M.; GANGA, G. M. D.; NAAS, I. A.;


VENDRAMENTTO, O. Princípios e ferramentas da produção mais limpa: um estudo
exploratório em empresas brasileiras. Gest. Produ. São Carlos, v. 22, n. 2, p. 326 – 344,
2015.
Exercícios
AULA 9

1) O conceito de produção mais limpa, inicialmente


designado como tecnologia limpa, foi desenvolvido pelo
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e
significa aplicar, de forma contínua e integrada, uma estratégia
ambiental aos processos, produtos e serviços de uma indústria, a fim de aumentar a
eficiência e reduzir os riscos ao meio ambiente e ao ser humano. Dentre as ações
abaixo listadas, assinale a que está diretamente ligada com este conceito.
a) Diminuição do desmatamento
b) Adoção de políticas educativas
c) Promoção de qualidade de trabalho
d) Redução da geração de resíduos
e) Conscientização quanto ao efeito estufa

2) Considerando o texto apresentado, avalie as seguintes asserções a respeito


da produção de bens e serviços sustentáveis e a relação proposta entre elas.
I. A produtividade dos sistemas de produção em uma economia sustentável é
dependente de certificações do tipo produção mais limpa.

PORQUE

II. Uma economia sustentável depende não apenas de processos industriais


mais limpos, mas também de produtos sustentáveis, ou seja, o foco da produção deve
ser ampliado do gerenciamento de processos para o gerenciamento de produtos ao
longo da cadeia produtiva.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.


a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da
I.
P á g i n a | 148

b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma


justificativa da I.
c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e) As asserções I e II são proposições falsas.

3) A intensa industrialização vivenciada pela sociedade atual, por muito tempo


desconsiderou os impactos ambientais negativos em prol de um crescimento
constante do setor econômico. Na atualidade, as empresas passam a se preocupar
mais com as questões voltadas para a sustentabilidade. Esse posicionamento
promove um benefício direto à empresa que é:
a) Adesão do mercado consumidor
b) Promoção de ações educativas na empresa
c) Ações de renovação da política empresarial
d) Dedução de encargos trabalhistas
e) Adesão a programas sociais e culturais

4) Uma das ações adotadas pelo sistema de produção mais limpa é a


minimização de resíduos e emissões. Neste aspecto uma das práticas adotadas para
reduzir a produção de resíduo na fonte seria:
a) A adoção de políticas empresariais de educação ambiental
b) O entendimento dos ciclos biogênicos que reduzem a emissão de poluentes
c) A prática de processos que viabilizem a comercialização do produto.
d) A redução dos lucros em torno de produtos considerados sustentáveis.
e) Substituição de matérias primas tradicionais por matérias renováveis.

5) A adoção de projetos de Ecodesing constituem uma prática voltada para a


sustentabilidade socioambiental de empresas que buscam se adequar as normas e
se voltam para uma postura mais sustentável. Em relação ao Ecodesing se adota a
Seleção de Materiais de Baixo Impacto. Descreva de que se trata esta postura e dê
exemplo de como podem ser alcançadas.
P á g i n a | 149

6) A adoção de práticas mais sustentáveis traz uma série de benefícios a


empresa que as adota. Explique alguns dos benefícios da adoção de um sistema de
Produção Mais Limpa.
Aula 10
Políticas Públicas Ambientais – Parte I

APRESENTAÇÃO DA AULA

As políticas ambientais constituem um conjunto de ações que abrangem as


esferas públicas e privadas, além da população em geral, e tem como propósito a
promoção de medidas protetivas as condições ambientais.
Em geral, as propostas colocadas na forma de leis ou decretos, visam nortear
princípios e valores ambientais em prol de um direcionamento mais sustentável ao
desenvolvimento de uma sociedade
No Brasil, as políticas públicas voltadas para as questões ambientais surgem
primeiramente na década de 1930 e desde então vêm se estabelecendo por meio de
aprimoramentos e propostas de normatizações que buscam diminuir os impactos
negativos das atividades humanas no meio.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Reconhecer a dinâmica das políticas públicas ambientais;


 Entender os processos e órgãos responsáveis pelas políticas
ambientais.
P á g i n a | 151

10 INTRODUÇÃO

O século XX foi marcado por uma série de problemas de


caráter ambiental, muitos dos quais com sérias repercussões na
qualidade de vida da população.
Mediante a degradação ambiental e a eminente escassez de
recursos naturais surge em cenário global a necessidade da implantação de ações de
caráter coletivo em prol de uma nova postura na relação entre os setores Econômico
e Ecológico.
Neste contexto a partir da década de 1930, surgem as primeiras iniciativas
brasileiras na implementação de políticas ambientais frente ao processo de
industrialização no país (PECCATIELLO, 2011).
O termo “políticas públicas” envolve ações e não ações, além de processos
decisórios, nos quais são definidos os atores políticos e de planejamento (PEREIRA,
2013), sendo seu propósito maior atender simultaneamente os problemas de ordem
sociais, ambientais, econômicos, tecnológicos e culturais da sociedade
(PECCATIELLO, 2011).
Um aspecto importante de ser salientado no contexto da gestão pública é a
diferença entre políticas públicas e políticas governamentais. As políticas
governamentais estão atreladas a gestão vigente pois abrange a esfera administrativa
e suas ações são restritas ao tempo de exercício do governo em vigência. Já as
políticas públicas compreendem instrumentos que extrapolam o tempo de gestão de
um governante, uma vez que implicam na participação popular e apresentam caráter
contínuo (SILVA, 2013 online)
Neste sentido, entender o contexto das políticas públicas ambientais se faz
essencial para uma prática ambiental mais integrada e voltada para ações que
promovam a preservação ambiental como forma de manutenção da qualidade de vida
da população.

10.1 Políticas ambientais regulatórias

No Brasil, a quase totalidade dos temas relacionados aos recursos ambientais


tem como objeto de análise os bens que podem ser considerados públicos e/ou
comuns e, assim, sofrem a ameaça da tragédia dos comuns.
P á g i n a | 152

A política ambiental brasileira deu os primeiros passos na década de 1930, com


a instituição de normativas em relação à gestão dos recursos naturais, tais com o
código de Águas, o primeiro Código Florestal e ainda a criação de alguns parques
visando a preservação de áreas de vegetação (MOURA, 2019).
Com o aumento dos impactos ambientais e a crescente poluição nas décadas
de 1970 e 1980, a demanda por normatizações no setor ambiental cresce mediante a
necessidade de regulamentar os níveis de impacto ambiental e as consequências
formais de seus causadores.
Na década de 1970 foi criada a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA),
cuja agenda se concentrou no problema do controle da poluição industrial e urbana.
Seguindo esse modelo, os estados começam a criar órgãos ambientais em sua esfera
de ação para promoção da qualidade ambiental.
Em 1981 foi sancionada a Lei n. 6.938, que institui a Política Nacional de Meio
Ambiente (PNMA), um dos principais marcos das políticas ambientais no Brasil. A
PNMA, institui o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), órgão que
estabeleceu os princípios, diretrizes, instrumentos e atribuições dos diversos entes da
Federação que atuam na Política Ambiental Nacional.
A PNMA estrutura os instrumentos administrativos para o cumprimento das leis
ambientais, dentre os quais podemos citar os órgãos regulatórios de caráter
fiscalizador como o IBAMA em esfera federal, e os Institutos Estaduais, como o INEA
–RJ, a CETESBE-SP e o IEF – MG.
Em geral, as normas ambientais federais aprovadas na década de 1980
estavam ligadas principalmente à organização institucional, ao controle da poluição e
da degradação ambiental e ao fortalecimento dos mecanismos de participação social
na área ambiental (REANI, 2018).
Um dos principais aspectos da Lei 6.938/81 é a descentralização das decisões
em relação as práticas ambientais em nível local, pois cria órgãos estaduais e
municipais responsáveis pela execução da política ambiental.
Outro fator relevante dessa lei é a criação do princípio do poluidor-pagador,
uma normativa de caráter corretivo-punitivo que estabelece o pagamento pecuniário
pela pessoa física ou jurídica causador de dano ambiental. Este princípio obriga a
entidade de lucro considerar o custo de certa ação considerando os danos ambientais,
bem como o valor a ser pago.
P á g i n a | 153

A PNMA, ainda estabelece a criação do CONAMA , um órgão colegiado, com


representantes de vários segmentos da esfera administrativa, e tem função consultiva
e deliberativa, estabelecendo os padrões ambientais e as normas de conduta a serem
seguidas quanto a proteção e exploração dos recursos naturais em todo o território
brasileiro.
Com a resolução 001/1986 do CONAMA, os empreendimentos cujas atividades
podem ser efetiva ou potencialmente causadoras de danos ambientais passam a ser
fiscalizados e coibidos através de medidas protetivas instituídas pela Avaliação de
Impactos Ambientais
Outro marco nas políticas ambientais foi o estabelecimento de um capítulo
específico sobre o Ambiente na Constituição Federal de 1988, que estabelece que o
equilíbrio ambiental é um bem de uso comum, sendo responsabilidade do poder
público e da coletividade as garantias de um ambiente equilibrado à toda população.
As medidas protetivas são expandidas a partir de diretrizes e normativas que
possibilitam autonomia dos estados no estabelecimento da organização espacial e
territorial com base no Decreto Federal n° 99.193/1990, que institui o Zoneamento
Ambiental, ou Zoneamento Ecológico-Econômico, o qual busca uma melhor
organização territorial, estabelecendo espaços para a exploração e espaços para a
conservação, tomando por base o mais adequado uso e ocupação dos solos.
O CONAMA ainda estabelece em 1997, por meio da Resolução 237/97 o
Licenciamento Ambiental, um protocolo de caráter administrativo exigido de
empreendimentos com potencial risco ambiental, visando estabelecer medida
protetiva de controlo e prevenção de impactos ambientais.
Outro aspecto importante da política ambiental brasileira foi a criação do IBAMA
– Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais, pela Lei n. 7.735 de
fevereiro de 1989, que unifica vários órgãos federais encarregados da questão
ambiental (MOURA, 2019). O IBAMA é um órgão integrante do organograma do
Sistema Nacional de Meio Ambiente, e tem como função principal executar as
diretrizes estabelecidas pela política ambiental.
Em 1992 foi criado o Ministério do Meio Ambiente, órgão central no das
diretrizes e normativas que direcionam a política ambiental no âmbito federal, uma vez
que está diretamente associado ao Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)
e ao IBAMA.
P á g i n a | 154

Outro marco legal importante nesse contexto, foi a criação da Lei de Crimes
Ambientais (Lei 9.605, 1988), que estabelece as penalidades em relação as infrações
ambientais, aspecto apresentado por poucos países. Dois anos depois foi criado o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) pela lei 9.985/2000, o qual
estabelece as categorias e os instrumentos de proteção de Unidades de Conservação
(MOURA, online).
No ano de 1992, o Brasil sediou um dos mais importantes encontros
ambientais, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, conhecida como Rio92, este evento foi marcado por uma intensa
discussão sobre como os impactos ambientais comprometem a sustentabilidade da
espécie humana. Neste evento o Brasil se firma como um líder nas discussões e
assume uma postura de controle e combate aos danos ambientais.
Em 2000, surge no quadro institucional a Agência Nacional de Águas (ANA),
autarquia vinculada ao MMA, com o objetivo de implementar a lei 9.433/1997, que
institui a Política Nacional de Recursos Hídricos. A principal esfera de ação da ANA
vem sendo o gerenciamento de bacias hidrográficas federais, através dos Comitês de
Bacias Hidrográficas, além do enquadramento e monitoramento de rios e na outorga
e cobrança pelo uso da água.
Outra autarquia vinculada ao MMA é o Instituto Chico Mendes para a
Conservação da Biodiversidade (ICMBio), fundado em 2007 a partir do
desmembramento do IBAMA. O ICMBio passa a atuar no gerenciamento do SNUC,
propondo e fomentando as UCs federais. Também atual junto ao desenvolvimento e
execução de programa de pesquisa, proteção, preservação e conservação da
biodiversidade.
Em 2010 foi sancionada a Lei 12.305, que institui em território brasileiro a
Política Nacional de Resíduos Sólidos, a qual estabelece a obrigatoriedade de
destinação adequada aos resíduos sólidos e semi sólidos gerados pelas mais diversas
atividades.
Outro aspecto de destaque foi a reformulação do Código Florestal Brasileiro
pela lei 12.651/2012, denominada popularmente como Novo Código Florestal,
considerados por muitos conservacionistas como um retrocesso nos programas de
conservação, uma vez que reduz as áreas de proteção denominadas Reserva Legal
em biomas críticos como o Cerrado e a Mata Atlântica. O código florestal estabelece
as normativas para proteção e comercialização de produtos florestais, considerando
P á g i n a | 155

ainda a obrigatoriedade de proteção de áreas estratégicas na reposição dos recursos


hídricos, conservação dos solos e manutenção da biodiversidade, as chamadas
Áreas de Proteção Permanente.
Embora os aspectos legais brasileiros estejam bem estabelecidos nos últimos
trinta anos, ainda há muito que se trilhar em termos de cumprimento da lei e
valorização dos bens ambientais no Brasil. Neste sentido, a mobilização da população
por meio de programas e movimentos ambientalistas é de suma importância para que
os aspectos legais sejam de fato implementados.
Resumo

A política ambiental brasileira tem seu início na década de 1030, por meio de
uma série de normas em relação a exploração de recursos como a água e madeira.
Com a intensificação do uso de recursos naturais, crescem os impactos
ambientais decorrentes de tal exploração, o que força os gestores públicos a
estabelecerem normativas que combatam a poluição gerada pela exploração de
recursos naturais.
Um marco da legislação ambiental foi a criação do Sistema Nacional de Meio
Ambiente através da Lei 6.938 de 1981, que instituiu a Política Nacional de Meio
Ambiente.
A PNMA institui o princípio do poluidor pagador, uma normativa de caráter
corretivo-punitivo, aplicado a pessoa física ou jurídica que venham a causar danos ao
meio.
A PNMA estabelece um organograma dos órgãos ambientais em caráter
federal, se destacando entre eles o CONAMA, de caráter consultivo e deliberativo, o
IBAMA, de caráter executivo e o Ministério do Meio Ambiente, que gere os demais
órgãos ambientais.
Outro marco legal em relação as políticas ambientais foi a reformulação do
Código Florestal em 2012.
Complementar

Lei Complementar 140/2011; LC 140 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Política Nacional de Meio Ambiente:


Lei nº 6.938/1981 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Criação de Estações Ecológicas e


Áreas de Proteção Ambiental -
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...
Decreto nº 99.274/1990

Resolução do CONAMA nº 1 —
Relatório de Impacto Ambiental (EIA-
http://www.mma.gov.br/port/conama/res...
RIMA):

Resolução do CONAMA nº 237 —


licenciamento ambiental http://www.mma.gov.br/port/conama/res...

Resolução do CONAMA nº 78 —
empreendimentos potencialmente
causadores de impacto ambiental http://www.mma.gov.br/port/conama/leg...
nacional ou regional IBAMA

Recursos hídricos: Lei nº 9.433/1997 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Resolução do CNRH nº 16/2001;


outorga http://www.aesa.pb.gov.br/legislacao/...

Gestão de florestas públicas Lei nº


11.284/2006, Recursos florestais http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Lei nº 12651/2012 (Novo Código


Florestal) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

SNUC (Lei nº 9.985/2000)


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...
P á g i n a | 158

Lei nº 10.257/2001 – Estatuto das


Cidades http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Lei nº 9.605/1998 – Crimes ambientais


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Agrotóxicos http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Biossegurança http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Legislação ambiental e Diversidade


biológica e patrimônio genético http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Educação Ambiental
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Código de Mineração
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Patrimônio Cultural
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Legislação ambiental - Saneamento


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Cargas Perigosas: Legislação


ambiental http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Constituição Federal de 1988


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Zoneamento Industrial www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6803.htm

Política Nacional de Biocombustíveis


RENOVABIO
(RenovaBio)
Referências

Básica:
KAWAICHI, V. M.; MIRANDA, S.H.G. Políticas públicas ambientais: a experiência
dos países no uso de instrumentos econômicos como incentivo à melhoria ambiental.
Disponível em: http://www.sober.org.br/palestra/9/692.pdf Acesso em: 13 set. 2019.

MOURA, A. M. M. Trajetória da Política Ambiental Federal no Brasil. Disponível


em:
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/160719_governanca_ambient
al_cap01.pdf. Acesso em: 13 set. 2019.

PECCATIELLO, A. F. O. Políticas públicas ambientais no Brasil: da administração dos


recursos naturais (1930) à criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (2000).
Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 24, p. 71-82, jul./dez. 2011.

PEREIRA, M. F. de C. Políticas Públicas e a Questão Socioambiental dentro da Atual


Lógica de Capital. VI Jornada Internacional de Políticas Públicas. São Luiz do Maranhão,
2013.

REANI, R. T. Políticas públicas ambientais no Brasil. Educação, Batatais, v. 8, n. 2,


p. 65-79, jan./jun. 2018.

SILVA, L. P. A Política Ambiental Brasileira. 2013. Disponível em:


https://www.webartigos.com/artigos/a-politica-ambiental-brasileira/108021 Acesso em: 13 set.
2019.
Exercícios
AULA 10

1) A política ambiental no Brasil teve seus primeiros passos


na década de 1930, com a criação de algumas normativas para
regular o uso da água e dos recursos florestais. Entretanto a
demanda por regulação ambiental cresce nas décadas de 1970 e
1980, isso se deve a:
a) Uma preocupação efetiva com a necessidade de regulamentar os níveis de
impacto ambiental e as consequências formais de seus causadores.
b) Uma preocupação em nível internacional com as questões ambientais e uma
meta efetiva pela sustentabilidade.
c) A pressão por parte da população brasileira para uma política ambiental mais
exigente.
d) Uma proposta política mais voltada para a sustentabilidade ambiental, no
sentido de promover mais igualdade social.
e) O reconhecimento por parte dos gestores públicos da importância ambiental
no desenvolvimento socioeconômico do país.

2) A Política Nacional do Meio Ambiente estrutura os instrumentos


administrativos que regulamentam as normas e diretrizes ambientais. Em relação a
poluição um aspecto diferenciado da PNMA foi a instituição do:
a) Princípio da sustentabilidade socioambiental
b) Princípio da pegada ecológica
c) Princípio do poluidor pagador
d) Princípio da regulação ambiental
e) Princípio da proteção ambiental

3) O Conselho Nacional do Meio Ambiente é um órgão integrante do Sistema


Nacional do Meio Ambiente. Este órgão tem uma importante função no organograma
da política ambiental sendo sua função:
a) Executar a política ambiental
P á g i n a | 161

b) Estabelecer as diretrizes da política ambiental


c) Consultiva e deliberativa
d) Fiscalizar a execução da política ambiental
e) Promover programas de preservação ambiental

4) Uma das mais significativas resoluções do CONAMA é a 237/97, essa


resolução institui o:
a) Código Florestal
b) Licenciamento Ambiental
c) Estudo de Impacto Ambiental
d) Relatório de Impacto Ambiental
e) Zoneamento Ambiental

5) Explique a importância da Rio 92 na consolidação das políticas ambientais.


Aula 11
Políticas Públicas Ambientais – Parte II

APRESENTAÇÃO DA AULA

As políticas públicas relacionadas ao Ambiente são bastante diversificadas,


sendo assim, entender as distinções entre elas e sua abrangência se faz relevante
para melhorar a compreensão das diferentes abordagens e dos propósitos de cada
ação.
Nesse contexto, a compreensão das diferenças entre políticas estruturadoras
e indutoras é fundamental para o estabelecimento das ações empresariais para se
adequar às diretrizes ambientais estipuladas.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Reconhecer a dinâmica das políticas públicas ambientais;


 Conhecer as diferenciações entre as diversas formas de políticas
ambientais vigentes.
P á g i n a | 163

11 INTRODUÇÃO

A atualidade é marcada pela ampla discussão sobre


sustentabilidade e um processo econômico menos lesivo ao
ambiente, o que leva a necessidade da elaboração e estruturação
de políticas ambientais que estejam integradas com as questões
econômicas e políticas, tanto em contexto regional, como global.
Entretanto, o que se percebe claramente é que as políticas ambientais ainda
se encontram subjugada às questões econômicas, o que torna tal problemática de
difícil resolução, já que o mercado econômico não tem autonomia conceitual para
resolver os problemas de ordem social e ambiental (SILVA, 2019)
Apesar da melhoria na percepção ecológica da população, estamos longe de
alcançar uma forma de interagir como o meio sem causar tantos impactos, nesse
contexto, a implantação e consolidação das políticas ambientais devem fugir a espera
político-econômica e passar a considerar unicamente o bem comum da população por
meio de medidas protetivas ao ambiente.
Para entendermos melhor o contexto da política ambiental se faz relevante a
distinção entre políticas estruturadoras, que são aquelas que buscam de forma direta,
medidas de proteção ao ambiente, como por exemplo a criação de Unidades de
Conservação e as políticas indutoras, que buscam estabelecer comportamentos e
ações de indivíduos ou grupos sociais, como por exemplo iniciativas destinadas a
aperfeiçoar a alocação de recursos.
Vamos agora analisar um pouco esses dois aspectos da política ambiental.

11.1 Políticas estruturadoras

As políticas ambientais enquadradas como Estruturadoras, envolvem


diretamente a intervenção do Poder Público ou de Organismos não Governamentais
na proteção ambiental. Tais intervenções podem ocorrer por meio de financiamento
de projetos voltados à conservação de áreas de interesse ecológico, ou mesmo
através da criação de Unidades de Conservação, sejam elas públicas ou privadas
demarcadas pelo Poder Público (MOURA, 2019).
Desde meados do século XX, o cenário político brasileiro vem sofrendo pressão
de vários setores. A população mais informada pelos veículos de comunicação, se
P á g i n a | 164

sensibiliza como a situação de populações menos favorecidas, que sofrem com


questões relacionada à impactos ambientais, ou com populações ecológicas
ameaçadas pela perda ou alterações de seus hábitats. Por outro lado, a pressão de
movimentos ambientalistas, constantemente empenhados divulgar o quadro
ambiental local e de órgãos econômicos que buscam garantir maior receptividade do
mercado consumidor.
A década de 1980 foi marcada por dois grandes pontos focais na política
ambiental, a criação da Lei 9.638/81, que estabeleceu a Política Nacional de Meio
Ambiente e a homologação da Constituição Federal Brasileira em 1988, a qual em seu
capítulo 225 especifica o direito de todo cidadão à um Meio Ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever
de preservá-lo (KAWAICHI; MIRANDA, 2019).
A partir nessas regulações, foram estabelecidas algumas leis estruturadoras
dentre as quais podemos destacar a lei 8.171/91, que regulamenta o uso do solo e
estabelece diretrizes para os processos agrícolas e a lei 8.723/93 que estabelece a
redução da emissão de poluentes por veículos automotivos, além de definir os níveis
de emissão permitidos e os prazos para alcança-los (PECCATIELLO, 2011).
Outra importante medida foi a criação de Estações Ecológicas e Áreas de
Proteção Ambiental através do Decreto n°99.274, o qual regulamentou a Política
Nacional de Meio Ambiente. A partir do estabelecimento dessas áreas de proteção,
foram criadas novas unidade de conservação.
Atualmente são 2.201 Unidades de Conservação federais, estaduais ou
municipais, instituídas em território brasileiro, garantindo a preservação de áreas
estratégicas para a manutenção das funções ecológicas. O quadro abaixo ilustra a
classificação destas unidades.
P á g i n a | 165

Figura 25

Fonte: BRASIL (2019)

Cabe ressaltar que as unidades de conservação são de suma importância na


manutenção da biodiversidade, e consequente equilíbrio ecológico, possibilitando
assim que as funções ecológicas sejam mantidas.

Outra medida de grande impacto, no contexto da legislação ambiental, foi o


estabelecimento do regime jurídico da Avaliação de Impacto Ambiental – AIA, o qual
estabelece a obrigatoriedade de um estudo que permita dimensionar e caracterizar o
impacto ambiental de um empreendimento antes de sua implantação.
O Licenciamento Ambiental, constitui mais uma das medidas estruturadoras,
sendo um instrumento regulamentador que vistoria todas as etapas de instalação de
empreendimentos que possam causar danos ao ambiente. O licenciamento se dá em
três etapas, exigindo do empreendedor, medidas e ações que reduzam ao máximo
qualquer forma de poluição ou descaracterização ambiental.
Outro elemento importante da política ambiental é estabelecimento das áreas
de uso restritos estabelecidas pelo Código Florestal reformulado pela Lei 12.605/2012.
O Código Florestal estabelece áreas destinadas a Preservação Permanente (APP),
as quais devem ser protegidas contra o desmatamento ou reflorestadas caso
encontrem-se já desmatadas. As APP constituem áreas de preservação estratégicas,
P á g i n a | 166

ou seja, são regiões do relevo cuja retirada da vegetação pode acarretar sérios danos
ao equilíbrio ecológico. São enquadradas como APP vegetação em torno de
nascentes, nas margens dos rios e lagos, em encostas com declividades igual ou
superior a 45°, topos de colinas, manguezais, regiões com altitude superior a 1.800
metros, veredas e vegetação de dunas.
Além das APP o Código Florestal ainda prevê a proteção de áreas florestadas
enquadradas como Reserva Legal, cujo propósito se assemelha a APP. A
porcentagem da área destinada a Reserva Legal varia de acordo com o bioma
brasileiro, alcançando 80% da propriedade em região de floresta Amazônica e 20%
nos demais biomas brasileiros (SILVA, 2019).

11.2 Políticas ambientais indutoras

As políticas ambientais consideradas indutoras, são aquelas que se


concretizam em iniciativas que visam influenciar o comportamento de indivíduos e
grupos sociais de modo que as pessoas passem a ter um comportamento preocupado
com as condições ambientais (CUNHA; COELHO, 2012).
Um exemplo dessa forma de Política Ambiental é o conceito de
sustentabilidade, ao qual está atrelado a adoção de práticas econômicas que evitam
a degradação ambiental.
As políticas ambientais indutoras contribuem para a formação de uma
sociedade preservacionista e atenta aos processos que causam degradação
ambiental. Nesse contexto a população passa a ter um posicionamento crítico e optam
por um comportamento ambientalmente mais adequado (PEREIRA, 2013).
A implementação de políticas ambientais indutoras se consolidou
principalmente através da publicação da Lei n° 9.795/1999, que instituiu a Política
Nacional de Educação Ambiental. Por meio desta lei, a temática ambiental passa a ter
caráter Transversal em todos os segmentos de ensino, deste modo, a problemática
ambiental passa a ser pauta das discussões da população de forma mais efetiva e
cada cidadão passa a ter condições de contribuir ativamente para uma forma de
desenvolvimento mais sustentável.
P á g i n a | 167

11.3 Políticas ambientais e sustentabilidade

A política ambiental como foi descrito acima envolve tanto o poder público
quanto a população de uma forma geral, tendo como propósito primordial o
desenvolvimento e a conservação ambiental.
Com a crescente notoriedade de processos envolvendo impactos ambientais
como mudanças climáticas e diminuição da biodiversidade, aumenta-se também a
preocupação com a qualidade de vida e o fornecimento de recursos naturais para a
manutenção das condições de desenvolvimento atual.
Diante disso, o estabelecimento de normas e regras de conduta que definam
efetivamente os meios possíveis de utilização de recursos de forma a causar o menor
impacto ambiental possível são essenciais para manter a estabilidade socioambiental
de uma nação.
A relação entre qualidade ambiental e estabilidade socioeconômica encontra-
se tão associada que pode nitidamente descrita por um exemplo notório. A ilha de
Hispaniola localizada no Caribe é hoje dividida entre dois países, República
Dominicana e o Haiti.
A República Dominicana, desde a década de 1970 vem implementando uma
política ambiental voltada para a conservação de áreas de interesse ecológico,
instituindo mais de 70 unidades de conservação. O Haiti, entretanto, estabeleceu uma
nítida política extrativista, promovendo desmatamento intenso e extração de todos os
recursos naturais possíveis (PECCATIELLO, 2011).
O desfecho econômico apresentado por esses dois países não poderia ser
mais distinto. Enquanto que a República Dominicana apresenta uma economia
relativamente estável, com qualidade de vida considerada satisfatória, o Haiti é palco
de cenário de pobreza, com uma notória falta de infraestrutura básica (REANI, 2018).
Neste contexto, o estabelecimento de políticas ambientais sensatas, que
possibilitem que a utilização dos recursos naturais de uma região seja explorada sem
depredação e destruição dos mesmos é o fator chave para um progresso organizado
e sustentável.
Resumo

As políticas ambientais estruturadoras são aquelas que envolvem diretamente


a intervenção do poder público ou Organizações Não Governamentais no propósito
de promover a proteção ambiental
Com o aumento do nível de informação, a população passa ter uma postura
mais crítica em relação aos impactos ambientais caudados pelos mais diversos
setores empresariais. Diante desse cenário os setores privado e público estabelecem
ações diretamente voltadas para garantir menor impacto ambiental em suas ações.
Surgem nesse período uma série de normas regulatórias, como decretos e
resoluções que visam garantir a diminuição da poluição e garantir melhoria da
qualidade ambiental.
Uma das ações diretamente envolvidas com o margo regulatório é a instituição
do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, a partir do qual as Unidades de
Conservação são categorizadas de acordo com seus propósitos de preservação
ambiental.
Já as políticas ambientais enquadradas como indutoras visam influenciar o
comportamento da população em prol da proteção ambiental. Tais influências podem
se dar de maneira formal, através do estabelecimento de conteúdos obrigatórios no
ensino público como a Educação Ambiental, ou ainda de maneira informal, como
propagandas e comerciais em benefício de uma maior e melhor conscientização
ambiental.
As políticas ambientais em suas mais variadas esferas de abrangência adotam
como meta a sustentabilidade socioambiental. Neste contexto, o estabelecimento de
normas e diretrizes para utilização do capital natural é fundamental para se alcançar
a sustentabilidade.
Complementar

Links para acessar as principais leis ambientais direto no site do planalto


atualizada.

Lei Complementar 140/2011; LC 140 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Política Nacional de Meio Ambiente:


Lei nº 6.938/1981 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Criação de Estações Ecológicas e


Áreas de Proteção Ambiental -
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...
Decreto nº 99.274/1990

Resolução do CONAMA nº 1 —
Relatório de Impacto Ambiental (EIA-
http://www.mma.gov.br/port/conama/res...
RIMA):

Resolução do CONAMA nº 237 —


licenciamento ambiental http://www.mma.gov.br/port/conama/res...

Resolução do CONAMA nº 78 —
empreendimentos potencialmente
causadores de impacto ambiental http://www.mma.gov.br/port/conama/leg...
nacional ou regional IBAMA

Recursos hídricos: Lei nº 9.433/1997 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Resolução do CNRH nº 16/2001;


outorga http://www.aesa.pb.gov.br/legislacao/...

Gestão de florestas públicas Lei nº


11.284/2006, Recursos florestais http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Lei nº 12651/2012 (Novo Código


Florestal) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...
P á g i n a | 170

SNUC (Lei nº 9.985/2000) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Lei nº 10.257/2001 – Estatuto das


Cidades http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Lei nº 9.605/1998 – Crimes ambientais


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...

Agrotóxicos http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...
Referências

Básica:
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Classificação das Unidades de conservação.
Disponível em: https://www.mma.gov.br/quem-%C3%A9-quem/itemlist/category/34-
unidades-de-conservacao. Acesso em: 23 ago. 2019.

KAWAICHI, V. M.; MIRANDA, S.H.G. Políticas públicas ambientais: a experiência


dos países no uso de instrumentos econômicos como incentivo à melhoria ambiental.
Disponível em: http://www.sober.org.br/palestra/9/692.pdf Acesso em: 13 set. de 2019.

MOURA, A. M. M. Trajetória da Política Ambiental Federal no Brasil. Disponível


em:
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/160719_governanca_ambient
al_cap01.pdf. Acesso em: 13 set. 2019.

PECCATIELLO, A. F. O. Políticas públicas ambientais no Brasil: da administração dos


recursos naturais (1930) à criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (2000).
Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 24, p. 71-82, jul./dez. 2011.

PEREIRA, M. F. de C. Políticas Públicas e a Questão Socioambiental dentro da Atual


Lógica de Capital. VI Jornada Internacional de Políticas Públicas. São Luiz do Maranhão,
2013.

REANI, R. T. Políticas públicas ambientais no Brasil. Educação, Batatais, v. 8, n. 2,


p. 65-79, jan./jun. 2018.

SILVA, L. P. A Política Ambiental Brasileira. 2013. Disponível em:


https://www.webartigos.com/artigos/a-politica-ambiental-brasileira/108021. Acesso em: 13
set. 2019.
Exercícios
AULA 11

1) As políticas ambientais que envolvem a ação do Poder


Público e de Organizações não Governamentais para a proteção
ambiental são classificadas como:
a) Regulatórias
b) Indutoras
c) Inovadoras
d) Corretivas
e) Estruturadoras

2) Um dos fatores que estimulou o estabelecimento das políticas públicas


voltadas para a proteção ambiental foi atender de forma mais efetiva:
a) A opinião internacional
b) A pressão dos movimentos ambientalistas
c) As empresas exploradoras de minérios
d) O setor privado industrial
e) A demanda do governo federal

3) As unidades de conservação constituem áreas destinadas à preservação


ambiental, podendo ser diferenciadas de acordo com a categoria de manejo. Assinale
a opção que indica a unidade de conservação enquadrada na Classe 1 destinada a
pesquisa e educação ambiental é:
a) Reserva extrativista
b) Florestas nacionais
c) Reserva biológica
d) Área de Proteção Ambiental
e) Refúgio da vida Silvestre
P á g i n a | 173

4) O Licenciamento Ambiental estabelecido pela Resolução 237/97 do


CONAMA constitui uma importante ferramenta para a proteção ambiental. O
Licenciamento Ambiental pode ser enquadrado como uma política:
a) Regulatórias
b) Indutoras
c) Inovadoras
d) Corretivas
e) Estruturadoras

5) Esclareça a importância das políticas indutoras para o estabelecimento de


condutas ambientais mais voltadas para a sustentabilidade.
Aula 12
Licenciamento ambiental

APRESENTAÇÃO DA AULA

O processo de Licenciamento Ambiental foi instituído pela Resolução do


Conama 237/1997 e constitui um dos instrumentos da Política Nacional de Meio
Ambiente para proteção ambiental.
O Licenciamento Ambiental é requerido de quaisquer empreendimentos que
venham a explorar recursos naturais e que possa causar impactos ambientais.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Compreender a relevância do processo de Licenciamento Ambiental


para a proteção ao meio ambiente;
 Descrever as etapas do processo de Licenciamento Ambiental;
 Conhecer os procedimentos vinculados aos processos de
Licenciamento Ambiental.
P á g i n a | 175

12 INTRODUÇÃO

O Licenciamento Ambiental constitui um procedimento de


caráter administrativo, a partir do qual o órgão ambiental
competente analisa as condições para implementação ou
ampliação de empreendimentos que possam ser potenciais ou
efetivamente causadores de degradação ambiental (CONAMA RES 237, 1997). Trata-
se de uma exigência legal e uma ferramenta do poder público no controle de impactos
ambientais que alteram o equilíbrio ambiental (FIRJAN, 2004).
O processo de Licenciamento ambiental busca em primeira instância evitar a
degradação ambiental, uma vez que sua execução deve ser prévia a implementação
do empreendimento e considera a localização os processos durante a fase de
instalação e os processos de operação do mesmo (BRASIL, 2002).
Desta forma para o real entendimento das repercussões que um
empreendimento poderá causar no meio, se faz necessário estudos que possibilitem
entender as características ecológicas do local, bem como os aspectos
socioeconômicos da região.
O Licenciamento ambiental constitui uma conformidade legal, sendo obrigatório
a todos os empreendimentos determinados na Resolução 237/1997 do CONAMA.
Outro aspecto importante são as exigências de mercado, que cada vez mais requer
empresas licenciadas e que cumpram com os parâmetros ambientais definidos na
legislação.
Vamos agora compreender melhor os trâmites para a realização do
Licenciamento Ambiental.

12.1 Órgão responsável pela licença ambiental

A emissão da Licença Ambiental a qualquer empreendimento deve ser


realizada por órgãos ambientais vinculados aos municípios, estado ou federação. A
definição da esfera de ação para o licenciamento depende da dimensão do
empreendimento. Neste caso, cabe aos órgãos ambientais municipais a emissão da
Licença Ambiental para empreendimentos cujo impacto ambiental é local, ou em
casos delegados pelo órgão ambiental federal ou estadual (OLIVEIRA, online).
P á g i n a | 176

O Licenciamento ambiental é emitido pelo órgão ambiental estadual vinculado


ao Sistema Nacional de Meio Ambiente quando a abrangência do empreendimento se
estende por mais de um município, ou afeta unidades de conservação de domínio
estadual.
Ainda é de competência do estado o licenciamento de empreendimentos
situados em formação vegetal enquadrada pelo Código Florestal como Áreas de
Preservação Permanente, ou ainda quando o impacto ambiental do empreendimento
pode afetar mais de um município.
Em situações que o empreendimento situa-se próximo a fronteiras estaduais
ou federais, o licenciamento fica a cargo do IBAMA. De acordo com a Resolução
237/97 em seu artigo 4° especifica as competências do IBAMA para o licenciamento
ambiental que passa a ser o órgão responsável para emissão da Licença nos
seguintes casos:

I. empreendimentos localizados ou desenvolvidos


conjuntamente no Brasil e em país limítrofe, no mar
territorial, na plataforma continental, na zona
econômica exclusiva, em terras indígenas ou em
unidades de conservação de domínio da União.
II. empreendimentos localizados em dois ou mais
Estados.
III. empreendimentos cujos impactos ambientais
ultrapassem os limites territoriais do País ou de um
ou mais Estados.
IV. empreendimentos destinados a pesquisar,
lavrar, produzir, beneficiar, armazenar e dispor
material radioativo, em qualquer estágio, ou que
utilizem energia nuclear em qualquer de suas
formas e aplicações, mediante parecer da
Comissão Nacional de Energia Nuclear.
V. bases ou empreendimentos militares, quando
couber, observada a legislação específica.

12.2 Etapas do licenciamento ambiental

Fica a critério do órgão ambiental competente, a análise do tipo de


empreendimento ou atividade e seu grau de periculosidade ambiental, sendo a partir
dessa verificação estabelecidos os estudos ambientais necessários para o processo
de licenciamento.
A emissão da Licença ambiental se dá em três etapas, sendo elas (1)Licença
Prévia, (2) Licença de Instalação e (3) Licença de Operação, que podem ser
P á g i n a | 177

expedidas de forma isolada ou sucessivamente de acordo com a natureza,


características e fase do empreendimento ou atividade.
Licença Prévia
A Licença Prévia deve ser solicitada na fase preliminar da implantação do
empreendimento ou atividade, ou seja, antes de qualquer atividade efetiva por parte
do solicitante.
Na Licença Prévia o órgão ambiental envolvido no processo de licenciamento
irá analisar a localização e concepção do empreendimento, verificando sua viabilidade
ambiental, além de estabelecer os requisitos básicos e condicionantes para sua
implementação, levando em consideração os planos municipais, estaduais ou federais
de uso e ocupação do solo na região.
Cabe ressaltar que o processo de licenciamento exige certidão emitida pela
Prefeitura Municipal, alegando conformidade do empreendimento com o planejamento
local estipulado no plano diretor municipal.
A expedição da LP está condicionada a análise ambiental local, considerando
os impactos ambientais gerados pelo empreendimento tanto na fase de
implementação quanto na fase de operação do mesmo. Ainda se faz necessária a
apresentação dos programas de redução e mitigação dos impactos que não poderão
ser evitados.
Outro documento que poderá ser solicitado na fase de Licenciamento Prévio é
o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto ao Meio
Ambiente (RIMA) (CONAMA-RESOLUÇÃO 001/1986). Tais estudos devem ser
realizados por equipe multidisciplinar capacitada, sendo solicitado em casos de
empreendimentos ou atividades que já apresentam comprovado potencial de poluição
ou outra forma de impacto ambiental.
Em casos de empreendimentos que por sua concepção e natureza apresentem
baixo risco ambiental, o órgão ambiental pode dispensar a apresentação do
EIA/RIMA, substituindo pelo Relatório de Controle Ambiental (RCA), este documento
deverá apresentar a descrição do empreendimento e do processo de produção, além
de caracterizar as emissões geradas, sejam elas gasosas, líquidas ou de resíduos
sólidos (CONAMA-RESOLUÇÃO 10/1990)
A Licença Prévia não poderá ter prazo superior a cinco anos, conforme
estabelecido na Resolução 237/97 do CONAMA. Este prazo se refere às condições
P á g i n a | 178

ambientais, que no período de cinco anos podem passar por alterações,


comprometendo a realidade das condições ambientais do local.
Licença de Instalação (LI)
A Licença de Instalação autoriza a construção física do empreendimento ou
atividade em questão. A instalação deve estar em conformidade com as
especificações descritas nos planos, programas e projetos apresentados ao órgão
ambiental nos trâmites da Licença Prévia.
Ainda são requisitos da Licença de Instalação as medidas de controle ambiental
e demais condicionantes exigidas pelo órgão ambiental licenciador.
As condicionantes ambientais compreendem quaisquer medidas a serem
cumpridas pelo empreendedor com finalidade de minimizar ou evitar danos ambientais
decorrentes da atividade proposta. A definição dos condicionantes ambientais fica a
critério do órgão ambiental, que deve ser bastante criterioso, de modo a possibilitar o
adequado monitoramento dos condicionantes. A validade da Licença de Instalação
não deve exceder o prazo máximo de seis anos.
Licença de Operação (LO)
A Licença de Operação autoriza o empreendimento ou atividade entre em
funcionamento. Sua expedição se dá após o órgão ambiental incumbido do
licenciamento verificar o efetivo cumprimento dos requisitos solicitados nas licenças
anteriores, incluindo os planos de controle ambiental e condicionantes definidos no
momento da Licença Prévia.
No momento da vistoria para expedição da LO, o órgão ambiental vistoria os
protocolos de operação da empresa, bem como as medidas mitigadoras apresentadas
nos planos de controle ambiental e de monitoramento dos condicionantes.
Vale ressaltar que se faz necessário a implantação das melhores ações e
emprego das tecnologias mais adequadas para controle de poluição e mecanismos
que evitem os impactos ambientais decorrentes das atividades a serem licenciadas.
O prazo de validade da Licença de Operação deve estar entre quatro e dez anos.

12.3 Participação pública no licenciamento ambiental

Durante o processo de Licenciamento Ambiental, a população poderá se


posicionar, opinar e questionar as ações e projetos propostos pelo empreendedor e
até mesmo solicitar alterações e adequações no projeto original.
P á g i n a | 179

A participação pública no licenciamento se dá por meio da Audiências Públicas,


caracterizadas como reuniões de ampla participação popular, com representantes do
poder público, da sociedade civil organizada, de Organizações Não Governamentais,
representantes de associações e demais interessados no empreendimento.
Dentre os objetivos da participação pública, podemos destacar garantir a
divulgação das informações sobre os projetos a serem licenciados, principalmente
quanto aos possíveis riscos à qualidade ambiental das áreas que serão diretas ou
indiretamente influenciadas pelo empreendimento.
Outro propósito das audiências públicas é informar a população sobre as
medidas mitigadoras e de controle ambiental destinada a reduzir os impactos
ambientais, além de ouvir a população quanto as expectativas e inquietações geradas
pelo projeto proposto.

12.4 Compensação ambiental

Outro elemento importante no processo de Licenciamento Ambiental é a


Compensação Ambiental, a qual trata-se de um valor monetário equivalente a 0,5%
dos custos totais para a implantação do empreendimento.
A Compensação Ambiental é requerida de empreendimentos ou atividades que
acarretem a perda da biodiversidade e de recursos naturais através da supressão de
vegetação nativa ou perda de habitat.
Os recursos referentes a Compensação Ambiental é destinado a implantação
e manutenção de Unidades de Conservação enquadradas no grupo de Proteção
Integral como Estações Ecológicas, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento
Natural e Refúgio da Vida Silvestre, as quais detém o propósito de preservar a
natureza, não sendo permitido a exploração dos recursos naturais. A Compensação
Ambiental, entretanto, não deve ser confundida com a implantação de projetos e
programas de controle e de mitigação de impactos ambientais negativos.
Resumo

O Licenciamento Ambiental trata-se de um procedimento de caráter


administrativo, a partir do qual o órgão ambiental analisa as condições e exigências
para a implementação ou ampliação de empreendimentos que possam causar danos
ao meio ambiente
O Licenciamento ambiental se dá em três etapas, sendo a primeira, a Licença
Prévia na qual o órgão ambiental analisa a viabilidade do empreendimento no que se
refere a conformidade entre a localização e a natureza do empreendimento.
Na etapa de LP são ainda analisados os possíveis impactos ambientais
associados ao empreendimento, seja na fase de implantação ou na de operação
A segunda fase do Licenciamento Ambiental é a Licença de Instalação, a partir
da qual o órgão ambiental libera a implementação do empreendimento no que se
refere a sua estrutura física. Nesta etapa são também analisados os planos de
controle ambiental.
A terceira e última etapa do Licenciamento Ambiental é a Licença de Operação.
Nesta etapa o órgão ambiental analisa se o empreendimento ou sua ampliação está
em conformidade com o estabelecido nas fases anteriores, no que se refere aos
equipamentos e as medidas mitigadoras dos impactos ambientais.
Durante o processo de licenciamento ambiental se faz necessária audiências
públicas, para que a população da localidade conheça o empreendimento e possa se
manifestar em relação ao esclarecimento de dúvidas ou a colocação de sugestões.
Complementar

Licenciamento ambiental. https://www.youtube.com/watch?v=M9Bx4EHjud4&t=34s


Referências

Básica:
BRASIL, Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução 001 de 19 de dezembro de
1997. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html. Acesso
em: 23 ago. 2019.

BRASIL, Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução 237 de 23 de janeiro de


1986. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html. Acesso
em: 23 ago. 2019.

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental.


Brasília: MMA, 2009

FIRJAN. Manual de licenciamento ambiental. Rio de Janeiro: GMA, 2004

OLIVEIRA, R. L. O licenciamento ambiental no Brasil: papeis e desafios dos atores


na gestão de riscos ambientais. Disponível
em:http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=213b9c781a1cb374 . Acesso em: 28 ago
2019.
Exercícios
AULA 12

1) De acordo com a legislação ambiental em vigor no


Brasil, todo empreendimento que possa causar danos ao meio
ambiente, sejam esses danos reais ou potenciais necessitam de
Licenciamento Ambiental, a não conformidade com esse documento pode levar o
responsável à penalidades estipuladas pela lei 6.905. O Licenciamento ambiental é
deferido pelo órgão ambiental competente, sendo seu processo efetivado em três
etapas. Sobre essa ferramenta da política Nacional de Meio Ambiente podemos
afirmar corretamente que:
a) Na licença de instalação são averiguados a adequada localização do
empreendimento tomando por base o estabelecido no Zoneamento Ecológico
Econômico da região.
b) O Licenciamento é deferido pelo órgão ambiental em esfera estadual,
devidamente vinculado ao Sisnama, havendo abrangência de fronteira estaduais ou
federais o Ibama é acionado para tal deferimento.
c) Na licença de operação são analisados os instrumentos propostos pelo
empreendedor no que se refere as medidas mitigadoras e compensatórias do
empreendimento.
d) A licença prévia só é concedida mediante a apresentação obrigatória do
Eia/Rima para todo e qualquer empreendimento a ser licenciado.
e) Durante a Licença de Instalação é obrigatório a realização de Audiências
Públicas, nas quais são apresentados os conteúdos do Rima à toda a população que
atingida direta e indiretamente pelos efeitos do empreendimento.

2) Uma indústria de materiais plásticos, levantou a proposta de abrir uma filial


no interior do estado do Rio de Janeiro, sendo sua instalação em um município que
se destaca no cenário regional por ter uma grande porcentagem destinadas às Áreas
de Proteção Ambiental, uma categoria de Unidade de Preservação na qual a
população pode se estabelecer e desenvolver atividades de baixo impacto ambiental
em um sistema de manejo que visa manter as características da vegetação. Esse
P á g i n a | 184

empreendimento deverá solicitar do órgão ambiental competente o Licenciamento


Ambiental, sobre tal situação, avalie as afirmativas abaixo e marque a correta:
a) Sendo uma atividade considerada de alto impacto, mesmo se
comprometendo a instituir medidas mitigadoras e compensatórias, o pedido de
licenciamento não tem garantias de ser concedido.
b) Na situação descrita, o licenciamento será expedido sem grandes
dificuldades por se tratar de um empreendimento que trará desenvolvimento
econômico para a região em questão, sendo este o único critério analisado.
c) O empreendedor mediante a comprovação de não periculosidade do
empreendimento será isento do EIA/RIMA, documento solicitado na Licença de
Instalação.
d) Uma vez que a localização do empreendimento só é averiguada na fase de
licença de instalação, a área de proteção ambiental não será razão para o não
estabelecimento da indústria.
e) A empresa terá dificuldades de obter o licenciamento, pois já na licença
prévia a localização será questionada por se tratar de uma área de domínio de Mata
Atlântica, um bioma em foco nacional.

3) A Política Nacional do Meio Ambiente institui importantes medidas na


preservação e recuperação de áreas degradas. Tal política lança mão de uma série
de recursos dentre os quais podemos destacar as resoluções do Conselho Nacional
de Meio Ambiente, órgão de caráter consultivo e deliberativo. A resolução do
CONAMA no. 237 dispõe sobre o Licenciamento Ambiental uma importante
ferramenta na preservação e controlo das interferências humanas no ambiente
natural. Analise as frases abaixo.
I – O licenciamento ambiental é exigido de atividades que efetivamente causam
danos ambientais, sendo aquelas que constatadamente não oferecem riscos à saúde
da população ficam dispensadas dessa licença.
II - Os empreendimentos que são considerados efetiva ou potencialmente
causadores de significativa degradação ambiental necessitará de realizar previamente
o Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório de Impacto ao Meio
Ambiente.
III – A solicitação de Licença Ambiental deve ser feita diretamente ao IBAMA,
independente da área de abrangência do efetivo ou potencial impacto causado. Isso
P á g i n a | 185

em virtude deste órgão ser o único de caráter executivo da política nacional de meio
ambiente.
IV – A emissão da Licença de Instalação permite o início do projeto no que se
refere a sua estrutura física e logística.
V – No processo de Licença de Instalação a empresa deverá apresentar PCA,
documento no qual devem ser previstas as medidas mitigadoras e compensatória dos
possíveis impactos causados pelo empreendimento.

Estão CORRETAS as afirmativas:


a) I e III
b) III e V
c) I e IV
d) I, III e IV
e) II, IV e V

4) O Licenciamento Ambiental é um procedimento administrativo que se dá em


três etapas. Na fase de Licença Prévia, as empresas cuja natureza indicam alto risco
de impacto ambiental devem apresentar o seguinte documento:
a) Plano de Controle Ambiental
b) Plano de Recuperação de Área Degradada
c) Estudo de Impacto Ambiental
d) Relatório de Impacto Preliminar
e) Estudo de Impacto social

5) Explique a importância das audiências públicas no processo de


Licenciamento ambiental.
Aula 13
Empreendimento sujeitos à
licenciamento ambiental

APRESENTAÇÃO DA AULA

O Licenciamento Ambiental compreende um processo administrativo, que


busca minimizar os impactos ambientais provocados pelas ações humanas pela
exploração de recursos naturais, ou quaisquer outras atividades que venham a
impactar de forma negativa o equilíbrio ambiental.
O processo de licenciamento ambiental se dá em etapas, sendo cada etapa
específica por vistoriar aspectos específicos do empreendimento as ser licenciado.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Reconhecer os empreendimentos que necessitam de Licenciamento


Ambiental.
P á g i n a | 187

13 INTRODUÇÃO

A Constituição Federal em seu artigo 225 estabelece que é


direito de todo cidadão brasileiro usufruir de um ambiente em
equilíbrio e socioambientalmente adequado as atividades
propostas, desde que as mesmas não afetem o referido equilíbrio.
Para garantir este preceito constitucional, a Política Ambiental brasileira lança
mão de diversos instrumentos, sendo o Licenciamento Ambiental um dos mais
significativos, uma vez que sua expedição só é efetivada mediante a comprovação da
adoção, por parte do empreendedor de meios que minimizem ou mitiguem os
impactos das atividades propostas.

13.1 Empreendimentos sujeitos a licenciamento ambiental

Os empreendimentos sujeitos ao Licenciamento Ambiental foram estabelecidos


pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente em sua Resolução 237/1997.
Extração e tratamento de minerais
- pesquisa mineral com guia de utilização
- lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem beneficiamento
- lavra subterrânea com ou sem beneficiamento
- lavra garimpeira
- perfuração de poços e produção de petróleo e gás natural

Indústria de produtos minerais não metálicos


- beneficiamento de minerais não metálicos, não associados à extração
- fabricação e elaboração de produtos minerais não metálicos tais como:
produção de material cerâmico, cimento, gesso, amianto e vidro, entre outros.

Indústria metalúrgica
- fabricação de aço e de produtos siderúrgicos
- produção de fundidos de ferro e aço / forjados / arames / relaminados com ou
sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia
- metalurgia dos metais não-ferrosos, em formas primárias e secundárias,
inclusive ouro
P á g i n a | 188

- produção de laminados / ligas / artefatos de metais não-ferrosos com ou sem


tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia
- relaminação de metais não-ferrosos, inclusive ligas
- produção de soldas e anodos
- metalurgia de metais preciosos
- metalurgia do pó, inclusive peças moldadas
- fabricação de estruturas metálicas com ou sem tratamento de superfície,
inclusive galvanoplastia
- fabricação de artefatos de ferro / aço e de metais não-ferrosos com ou sem
tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia
- têmpera e cementação de aço, recozimento de arames, tratamento de
superfície

Indústria mecânica
- fabricação de máquinas, aparelhos, peças, utensílios e acessórios com e sem
tratamento térmico e/ou de superfície

Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações


- fabricação de pilhas, baterias e outros acumuladores
- fabricação de material elétrico, eletrônico e equipamentos para
telecomunicação e informática
- fabricação de aparelhos elétricos e eletrodomésticos

Indústria de material de transporte


- fabricação e montagem de veículos rodoviários e ferroviários, peças e
acessórios
- fabricação e montagem de aeronaves
- fabricação e reparo de embarcações e estruturas flutuantes

Indústria de madeira
- serraria e desdobramento de madeira
- preservação de madeira
- fabricação de chapas, placas de madeira aglomerada, prensada e
compensada
P á g i n a | 189

- fabricação de estruturas de madeira e de móveis

Indústria de papel e celulose


- fabricação de celulose e pasta mecânica
- fabricação de papel e papelão
- fabricação de artefatos de papel, papelão, cartolina, cartão e fibra prensada

Indústria de borracha
- beneficiamento de borracha natural
- fabricação de câmara de ar e fabricação e recondicionamento de pneumáticos
- fabricação de laminados e fios de borracha
- fabricação de espuma de borracha e de artefatos de espuma de borracha ,
inclusive látex

Indústria de couros e peles


- secagem e salga de couros e peles
- curtimento e outras preparações de couros e peles
- fabricação de artefatos diversos de couros e peles
- fabricação de cola animal

Indústria química
- produção de substâncias e fabricação de produtos químicos
- fabricação de produtos derivados do processamento de petróleo, de rochas
betuminosas e da madeira
- fabricação de combustíveis não derivados de petróleo
- produção de óleos/gorduras/ceras vegetais-animais/óleos essenciais vegetais
e outros produtos da destilação da madeira
- fabricação de resinas e de fibras e fios artificiais e sintéticos e de borracha e
látex sintéticos
- fabricação de pólvora/explosivos/detonantes/munição para caça-desporto,
fósforo de segurança e artigos pirotécnicos
- recuperação e refino de solventes, óleos minerais, vegetais e animais
- fabricação de concentrados aromáticos naturais, artificiais e sintéticos
P á g i n a | 190

- fabricação de preparados para limpeza e polimento, desinfetantes, inseticidas,


germicidas e fungicidas
- fabricação de tintas, esmaltes, lacas , vernizes, impermeabilizantes, solventes
e secantes
- fabricação de fertilizantes e agroquímicos
- fabricação de produtos farmacêuticos e veterinários
- fabricação de sabões, detergentes e velas
- fabricação de perfumarias e cosméticos
- produção de álcool etílico, metanol e similares

Indústria de produtos de matéria plástica


- fabricação de laminados plásticos
- fabricação de artefatos de material plástico

Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos


- beneficiamento de fibras têxteis, vegetais, de origem animal e sintéticos
- fabricação e acabamento de fios e tecidos
- tingimento, estamparia e outros acabamentos em peças do vestuário e artigos
diversos de tecidos
- fabricação de calçados e componentes para calçados

Indústria de produtos alimentares e bebidas


- beneficiamento, moagem, torrefação e fabricação de produtos alimentares
- matadouros, abatedouros, frigoríficos, charqueadas e derivados de origem
animal
- fabricação de conservas
- preparação de pescados e fabricação de conservas de pescados
- preparação , beneficiamento e industrialização de leite e derivados
- fabricação e refinação de açúcar
- refino / preparação de óleo e gorduras vegetais
- produção de manteiga, cacau, gorduras de origem animal para alimentação
- fabricação de fermentos e leveduras
- fabricação de rações balanceadas e de alimentos preparados para animais
- fabricação de vinhos e vinagre
P á g i n a | 191

- fabricação de cervejas, chopes e maltes


- fabricação de bebidas não alcoólicas, bem como engarrafamento e
gaseificação de águas minerais
- fabricação de bebidas alcoólicas

Indústria de fumo
- fabricação de cigarros/charutos/cigarrilhas e outras atividades de
beneficiamento do fumo

Indústrias diversas
- usinas de produção de concreto
- usinas de asfalto
- serviços de galvanoplastia

Obras civis
- rodovias, ferrovias, hidrovias , metropolitanos
- barragens e diques
- canais para drenagem
- retificação de curso de água
- abertura de barras, embocaduras e canais
- transposição de bacias hidrográficas
- outras obras de arte

Serviços de utilidade
- produção de energia termoelétrica
-transmissão de energia elétrica
- estações de tratamento de água
- interceptores, emissários, estação elevatória e tratamento de esgoto sanitário
- tratamento e destinação de resíduos industriais (líquidos e sólidos)
- tratamento/disposição de resíduos especiais tais como: de agroquímicos e
suas embalagens usadas e de serviço de saúde, entre outros
- tratamento e destinação de resíduos sólidos urbanos, inclusive aqueles
provenientes de fossas.
- dragagem e derrocamentos em corpos d’água
P á g i n a | 192

- recuperação de áreas contaminadas ou degradadas

Transporte, terminais e depósitos


- transporte de cargas perigosas
- transporte por dutos
- marinas, portos e aeroportos
- terminais de minério, petróleo e derivados e produtos químicos
- depósitos de produtos químicos e produtos perigosos

Turismo
- complexos turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos e autódromos
Atividades diversas
- parcelamento do solo
- distrito e polo industrial

Atividades agropecuárias
- projeto agrícola
- criação de animais
- projetos de assentamentos e de colonização

Uso de recursos naturais


- silvicultura
- exploração econômica da madeira ou lenha e subprodutos florestais
- atividade de manejo de fauna exótica e criadouro de fauna silvestre
- utilização do patrimônio genético natural
- manejo de recursos aquáticos vivos
- introdução de espécies exóticas e/ou geneticamente modificadas
- uso da diversidade biológica pela biotecnologia
Resumo

O licenciamento Ambiental, instituído pela resolução do CONAMA 237/97,


constitui uma das principais ferramentas para a proteção ambiental.
Todos os empreendimentos que decorrente de sua natureza ou dos recursos
naturais que utilização são potencialmente ou efetivamente causadoras de poluição
ou outras formas de impacto ambiental.
De modo geral as indústrias que extraem ou processam materiais minerais
metálicos ou não, petróleo e derivados, além de recursos madeireiros como papel e
borracha e indústrias que trabalham de diversas formas com produtos químicos de
alta periculosidade.
De modo geral, os empreendimentos industriais estão condicionados ao
licenciamento ambiental.
Referências

Básica:
BRASIL, Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução 237 de 23 de janeiro de
1986. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html. Acesso
em: 23 ago. 2019.
Exercícios
AULA 13

1) Esclareça os benefícios da implementação do


Licenciamento Ambiental como condicionante para a prática de
atividades que venham trazer danos ou desequilíbrios ao meio
ambiente.

2) Cite os empreendimentos condicionados ao Licenciamento ambiental que


utilizam direta ou indiretamente petróleo e derivados.

3) Descreva os empreendimentos que necessitam de licenciamento ambiental


na área química.
Aula 14
Relatórios ambientais empresariais

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nas últimas décadas, a preocupação com as questões ambientais torna-se


cada vez mais urgentes, exigindo que empresas e instituições demonstrem suas
precauções em relação aos impactos ambientais, além de ações que busquem
minimizar tais impactos.
Neste cenário surgem os relatórios ambientais empresariais, os quais divulgam
os processos e as estratégias estabelecidas pelas empresas para o cumprimento da
legislação ambiental.
Vamos agora entender quais os elementos desses relatórios e sua importância.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Discutir a adesão ao desenvolvimento de Relatórios Ambientais


Empresariais.
P á g i n a | 197

14 INTRODUÇÃO

Durante décadas, a administração das empresas ignorou os


impactos ambientais decorrentes das atividades humanas. As
discussões ambientais constituem um quadro recente, e
demostram um conflito entre os impactos causados pelo homem e
a necessidade de manter a preservação ambiental (BICALHO; SANTOS, 2013).
A partir da segunda metade do século XX, as preocupações ambientais se
implementaram como um fator a ser considerado no contexto da administração de
empresas. Este fato está associado à preocupação crescente da população em geral
com os impactos causados pelas empresas ao meio, o que se reflete na imagem da
empresa perante a opinião pública, o que passa a gerar novos desafios corporativos
no sentido de representar uma atuação socialmente responsável (MOTA et al., 2013).
A partir dessa mudança na postura da comunidade, as empresas passam a ver
a necessidade de divulgar quais são seus impactos ambientais, bem como as medidas
adotas para se adequar as questões de sustentabilidade ambiental. Nesse contexto
surgem os relatórios ambientais empresariais, os quais são elaborados com o
propósito de divulgar a postura da empresa em relação a suas ações na preservação
ambiental.

14.1 Relatórios ambientais

Os relatórios de sustentabilidade têm como objetivo divulgar os impactos


socioambientais decorrentes das atividades cotidianas de uma organização. Sua
prática é opcional, entretanto, cada vez mais as empresas vêm aderindo à sua
execução em diversos países, principalmente na Europa, América do Norte e pelo
Japão (CAMPOS et al., 2019).
A adesão por parte das empresas em adotar medidas transparentes em relação
suas atividades e os impactos gerados, está diretamente associada a imagem que se
deseja transmitir em um mercado onde o consumidor está cada vez mais interessado
e preocupado com as questões ambientais (BICALHO; SANTOS, 2013). Diante disso,
um número crescente de empresas vem percebendo as vantagens da adesão aos
relatórios ambientais, os quais se consolidam como um compromisso por parte da
P á g i n a | 198

empresa, constituindo uma força motriz para a construção de uma melhor relação com
a comunidade e com o ambiente (MOTA et al., 2013).
Para se mostrar comprometida com a sustentabilidade socioambiental, a
empresa deve efetivamente implementar ações que se voltem para um equilíbrio entre
os aspectos social, econômico e ambiental, o que passa a ser reconhecido como
Responsabilidade Social Corporativa (RSC).
Embora haja uma grande variedade de conceitos e abordagens sobre a RSC,
um aspecto comum é a obrigatoriedade da empresa em responder às externalidades
ambientais vinculadas às suas atividades, sejam elas positivas ou negativas (MOTA
et al., 2013).
Para se ajustar a questão ambiental, as empresas devem em seus relatórios
ambientais se posicionarem tanto em relação a obtenção de matérias primas, quanto
ao processo de produção em si e o descarte de resíduos gerados.
Neste sentido são especificados aos projetos para redução dos consumos de
energia, água, matérias primais in natura, além da geração de resíduos e o sistema
de transporte de materiais adotados. Para tal, os relatórios devem indicar as ações
efetivadas para tal economia, bem como os dados que demostrem os benefícios das
práticas implementadas (CANTARINO et al., 2007).
Desta forma a comunidade, tendo acesso aos relatórios ambientais de uma
empresa passa a ter ciência das ações no que diz respeito aos meios de transporte
adotados pela empresa, tanto de cargas, quanto de resíduos perigosos gerados. As
informações apresentadas devem especificar os mecanismos empregados no
transporte de resíduos, bem como as formas de destinação empregadas (BICALHO;
SANTOS, 2013).
Outro aspecto relacionado ao transporte é a questão da emissão de poluentes
atmosféricos, os quais afetam diretamente na qualidade de vida da população por
serem muitas vezes precursores de doenças. Desta forma a exposição nos relatórios
das ações que visam minimizar essa contribuição com a poluição atmosfera é
fundamental para a empresa.
Em relação a energia , os relatórios devem demostrar as práticas para a
redução de consumo de fontes de energia não renováveis, bem como a
implementação da adoção de fontes renováveis.
Outro elemento a ser apresentado e discutido em tais relatórios se refere ao
item água. A atualidade é marcada por uma ameaça a esse recurso, uma vez que a
P á g i n a | 199

contaminação de suas fontes cresce com a expansão das atividades humanas. Desta
forma a adoção de fontes alternativas, como água de reuso e a implementação de
formas efetivas de descontaminação e tratamento são fundamentais para a empresa
que deseja se posicionar de forma ativa no quadro da sustentabilidade (BICALHO;
SANTOS, 2013).
No que se refere a matéria prima, as empresas que têm possibilidade de
utilização de materiais recicláveis explicitam tal utilização em seus relatórios de modo
a demostrar seu empenho com a diminuição do impacto na extração de novas
matérias primas. Além disso, as ações que visam diminuição de desperdícios ao longo
do processo produtivo contribuem efetivamente para a imagem de sustentabilidade
ambiental de uma empresa.
Atualmente existe uma demanda para que os relatórios de desempenho
econômica publicado pelas empresas, também contemplem informações que
demostrem as responsabilidades e compromissos estabelecidos pela empresa no que
se refere a melhoria social e ambiental, assim como uma visão de futuro a longo prazo,
pautado na perspectiva de desenvolvimento sustentável (CANTARINO et al., 2007).

14.2 Índice de sustentabilidade empresarial

A proposta para criação de índices de sustentabilidade socioambiental para


empresas surge na Rio 92, por meio das metas estabelecidas na Agenda 21, que
especifica a necessidade de desenvolver indicadores de sustentabilidade. A agenda
21 orienta o desenvolvimento de sistemas que permitam o monitoramento e a
avaliação o avanço na adoção de medidas mais sustentáveis, neste contexto a
proposta de indicadores que avaliem as mudanças nas dimensões econômica, social
e ambiental é uma ferramenta fundamental neste processo (SILVA et al, 2014).
Com o impacto das discussões sobre desenvolvimento sustentável mediadas
na Rio 92, houve uma proliferação de indicadores, o que gerou uma difusão do
propósito de dimensionar a percepção ambiental de uma empresa e seu impacto. Hoje
existe uma diversidade de indicadores relacionados à sustentabilidade, fato
decorrente da proposta de indicadores desenvolvidos por razões específicas, ora
ambientais, ora sociais ou econômicas (MOTA et al, 2013).
No entanto, alguns autores na área entendem que a partir da concepção de
que economia, ambiente e questões sociais convergem para promoção de qualidade
P á g i n a | 200

de vida e sustentabilidade, novos paradigmas de gestão empresarial serão e


indicadores de sustentabilidade serão construídos.
Por enquanto, os indicadores se fazem importantes por possibilitar a
comunicação ou informação sobre o progresso da empresa em direção a uma meta
determinada, como por exemplo, o desenvolvimento sustentável.
A partir da definição dos indicadores de sustentabilidade, as organizações
tentam tornar suas operações e processos mais transparentes à população, o que se
dá através de relatório de sustentabilidade, a partir do qual é possível medir os
desempenhos, estabelecer metas e monitorar as mudanças operacionais. Neste
sentido, os relatórios ambientais empresariais constituem um importante instrumento
na prestação de contas publicado pelas empresas, geralmente com periodicidade
anual (BOTELHO et al., 2015).
De modo geral, as empresas tendem a selecionar indicadores de
sustentabilidade similares as demais organizações que atuam no mesmo setor. É
importante que os indicadores possam refletir as realidades dos processos
desenvolvidos pela empresa.
Resumo

Com a crescente preocupação da população com os problemas ambientais, as


empresas se veem impelidas em demostrar ao seu público alvo sua postura em
relação a preservação ambiental
Nesse contexto a emissão de relatórios periódicos que demostrem a postura
da empresa na busca por uma prática mais sustentável se torna um aspecto
fundamental na competição de mercado
Os relatórios ambientais constituem a forma como a empresa apresenta
perante a comunidade interna e externa as suas metas e ações voltadas para a
sustentabilidade socioambiental.
Os conteúdos dos relatórios podem variar de acordo com a natureza do
empreendimento, entretanto se mostram sempre voltados para as práticas da
empresa para economia de recursos naturais e para a diminuição dos resíduos e
poluição gerada.
A partir das discussões travadas na Rio 92, as empresas passam a apresentar
os indicadores de sustentabilidade, os quais funcionam como um termômetro para o
empreendedor averiguar o quão próximo está de alcançar as metas estabelecidas
pela gestão empresarial no que se refere a sustentabilidade.
Referências

Básica:
BICALHO, E. da S.; SANTOS, D. F. L. Desempenho ambiental de uma empresa do
setor de alimentos, higiene e limpeza analisado a partir de seus relatórios de sustentabilidade.
Gestão e Tecnologia para a Competitividade, 2013.

BOTELHO, K. T. et al. INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL: UM


ESTUDO EXPLORATÓRIO. Diver@ Revista Eletrônica Interdisciplinar. v. 8, n.2 p. 104-
116. 2015.

CAMPOS, L. M. de S. et al. Relatório de Sustentabilidade: perfil das organizações


brasileiras e estrangeiras segundo o padrão da Global Reporting Initiative. Gest. Prod. São
Carlos, v. 20, n.4, p. 913-926. 2013.

CANTARINO, A. A. A.; BARATA, M. M. L.; LA ROVERE, E. L. Indicadores de


Sustentabilidade Empresarial e Gestão Estratégica. Pensamento Contemporâneo em
Administração. v.1, n.1. 2007

MOTA, M. de O.; MAZZA, A. C. A.; OLIVEIRA, F.C. de. Uma Análise Dos Relatórios
De Sustentabilidade No Âmbito Ambiental Do Brasil: Sustentabilidade Ou Camuflagem?
Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos v.10, n.1. p:69-80, janeiro/março
2013.

SILVA, E. A.; FREIRE, O. B. de L.; SILVA, F. Q. P de O. INDICADORES DE


SUSTENTABILIDADE COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO: UMA ANÁLISE DA GRI,
ETHOS E ISE. Revista de Gestão Ambiental e Sustentabilidade. v. 3, n. 1. 2014.
Exercícios
AULA 14

1) Nas últimas décadas, as empresas passam a adotar


práticas mais sustentáveis na sua conduta. Tais práticas são
divulgadas por meio de relatórios ambientais ao público em geral.
Tal divulgação tem como aspecto positivo para a empresa:
a) Isenção de tarifas fiscais
b) Evitar multas ambientais
c) Melhorar sua imagem junto ao público
d) Garantir isenção de multas por poluição
e) Adequação à legislação ambiental

2) As empresas que se mostram comprometidas com os aspectos sociais,


ambientais e econômico em sua esfera de abrangência passam a apresentar o que
se conhece como:
a) Pegada Ecológica Nula
b) Responsável
c) Ambientalmente correta
d) Responsabilidade Social Corporativa
e) Economicamente estável

3) Explique quais os conteúdos apresentados nos relatórios ambientais no que


se refere ao consumo de água.

4) Na Rio 92 as discussões levam a proposta da criação de índices de


sustentabilidade socioambiental. Explique a funcionalidade destes índices.
Aula 15
Sistema de gestão ambiental e a
ISO 14.001

APRESENTAÇÃO DA AULA

Com o aumento da preocupação ambiental por parte da população, as


empresas passam a tomar atitudes em relação às ações e atitudes que demonstram
sua participação na preservação ambiental e adequação à legislação ambiental.
Neste contexto, para promover um formato no qual tanto as empresas quanto
a população pudessem assegurar o grau de comprometimento ambiental por parte do
empreendedor, cria-se as normas da família da ISO 14:000, dentre as quais podemos
destacar a ISO 14:001, que certifica o selo de qualidade ambiental.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Discutir os procedimentos para a implantação do sistema ISO 14:001.


P á g i n a | 205

15 INTRODUÇÃO

Atualmente a população se mostra cada vez mais integrada


com a necessidade de preservação ambiental, o que muitas
vezes desencadeia uma pressão para que as empresas
demostrem ativamente suas ações e metas no propósito de garantir
o mínimo de impacto ambiental possível (SEIFERT, 2010).
Surge neste cenário o selo de certificação ambiental, normatizado pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas como ISO 14001, a qual certifica a
implementação do Sistema de Gestão Ambiental na empresa, o que explicita a
preocupação e o compromisso da empresa com as questões ambientais (ABNT,
2015).
O principal propósito dessa Norma é promover uma estrutura para a proteção
do ambiente por parte das organizações, bem como possibilitar uma resposta às
mudanças ambientais frente as necessidades socioeconômicas.
Vamos agora entender um pouco mais sobre o Sistema de Gestão Ambiental
e a certificação ISO 14001.

15.1 Sistema de gestão ambiental

O Sistema de Gestão Ambiental (SGA), constitui um dos aspectos da gestão


empresarial que visa o controle de seus aspectos ambientais. A implementação do
SGA, envolve toa a estrutura da organização, bem como os setores que são
influenciados por suas atividades, equipamentos, produtos e processos que
promovem ou podem vir a provocar danos ambientais.
O SGA auxilia a empresa no estabelecimento, definição, bem como
implementação de estratégias que busquem ativamente identificar e resolver os
impactos ambientais negativos, assim como potencializar os aspectos positivos
decorrentes das atividades da organização (DONAIRE, 2008).
Dentre as metas propostas pelo Sistema de Gestão Ambiental, podemos
destacar (ABNT, 2015):
 proteção do meio ambiente pela prevenção ou mitigação dos impactos
ambientais adversos;
P á g i n a | 206

 mitigação de potenciais efeitos adversos das condições ambientais na


organização;
 auxílio à organização no atendimento aos requisitos legais e outros
requisitos;
 aumento do desempenho ambiental;
 controle ou influência no modo em que os produtos e serviços da
organização são projetados,
 fabricados, distribuídos, consumidos e descartados, utilizando uma
perspectiva de ciclo de vida
 que possa prevenir o deslocamento involuntário dos impactos ambientais
dentro do ciclo de vida;
 alcance dos benefícios financeiros e operacionais que podem resultar da
implementação
 de alternativas ambientais que reforçam a posição da organização no
mercado;
 comunicação de informações ambientais para as partes interessadas
pertinentes.

O sucesso na implementação e manutenção do SGA depende de todos os


setores da empresa, os quais devem estar em plena consonância com a Alta Direção
no propósito de atender as normatizações estabelecidas pela Legislação Ambiental
(SEIFFERT, 2011).
No contexto socioambiental, a empresa que adere ao SGA estabelece um
compromisso de melhoria contínua em relação as metas ambientais estabelecidas.
Este processo é implementado a partir do ciclo: planejar, executar, verificar e agir
(PDCA, plan, do, check, action), ilustrado na figura abaixo:
P á g i n a | 207

Figura 26: Representação do ciclo PDCA de implementação do SGA.

Fonte: GESTÃO E PESSOA (2019)

A implementação do ciclo se dá em etapas, sendo a primeira, o


estabelecimento do plano. No momento do planejamento são estabelecidos os
objetivos e processos necessários para se alcançar os resultados na adequação da
empresa com as normas ambientais estabelecidas pela legislação, ou aquelas
definidas como pertinentes de acordo com o escopo e metas da empresa.
Em seguida os planos são colocados em prática no momento da execução,
momento no qual são implementados os processos e ações estabelecidas no
planejamento. A terceira etapa consiste na verificação, momento onde são
monitorados e mensurados os processos, de modo a verificar se estão em
conformidade com a política empresária e com os requisitos legais, bem como com
os compromissos assumidos pela empresa.
A última etapa do ciclo consiste no agir, momento no qual são estabelecidas
ações necessárias para melhorar continuamente o desempenho do sistema de
gestão. A partir dessa etapa, a empresa poderá rever o planejamento, a execução e
a verificação, de modo a retificar vieses e promover um processo de melhoria
contínua.
P á g i n a | 208

15.2 ISO 14001

A regulamentação de alguns aspectos empresariais se dá pela adequação a


um sistema de normatização específico. No caso da normas da família ISO, podemos
destacar a séria 14000, a qual se refere às normas de padrões ambientais, abordando
tema como: sistema de gestão ambiental; rotulagem ambiental; auditorias ambientais;
análise do ciclo de vida do produto; comunicação ambiental; desempenho ambiental;
aspectos ambientais e terminologias (MOREIRA, 2006).
A ISO 14001 constitui uma normatização seguida para a implementação do
Sistema de Gestão Ambiental. Esta norma auxilia uma empresa ou organização a
alcançar os resultados pretendidos em relação a diminuição dos impactos ambientais
decorrentes das atividades da empresa (SEIFFERT, 2011).
Essa norma é aplicável a qualquer organização, independentemente do
tamanho, tipo ou natureza. Sua aplicação está voltada para os aspectos ambientais
das atividades da empresa, bem como dos produtos e serviços por ela ofertados. É
bom destacar que a ISO 14001 não estabelece os critérios de desempenho ambiental
específicos para a empresa, mas sim estabelece as diretrizes para se aprimorar
sistematicamente a melhoria do Sistema de Gestão Ambiental da empresa.
Neste contexto, a norma ISO 14:001 apresenta requisitos básicos para avaliar
a conformidade da empresa no cumprimento das determinações ambientais. Para tal
a certificação promove:
 Autoavaliação e autodeclaração;
 Confirmação de sua conformidade por partes que tenham interesse na
organização como clientes;
 certificação/registro do seu sistema de gestão ambiental por uma
organização externa.

A certificação ambiental tem se revelado um elemento muito importante, uma


vez que promove um maior comprometimento por parte das empresas com a
preocupação ambiental.
É fundamental considerar que uma das orientações básicas da ISO 14001 é
sua aplicabilidade a todos os tipos e portes de organizações, em variadas condições
geográficas, culturais e sociais. Desta forma esta norma possibilita um aprimoramento
contínuo dos processos, por meio do comprometimento de todos os níveis
P á g i n a | 209

organizacionais como forma de alcançar o equilíbrio entre preservação ambiental e


necessidades socioeconômicas (SEIFFERT, 2010).
Resumo

O Sistema de Gestão Ambiental constitui um importante aspecto da gestão


empresarial que demostra o comprometimento da empresa na busca pela
sustentabilidade socioambiental.
O SGA auxilia a empresa na definição e implantação de estratégias voltadas
para minimizar os impactos ambientais decorrentes de suas atividades e sua
implementação depende de uma integração de todos os setores da empresa no
compromisso de adequação as metas e estratégias para uma prática mais
sustentável.
A certificação do Sistema de Gestão Ambiental se dá pela aplicação da norma
ISO 14001, que estabelece o roteiro para se verificar a efetividade das metas e ações
propostas.
Para a implementação do SGA é importante a adoção do ciclo PDCA, o qual
subdivide o processo em quatro etapas: estabelecimento dos planos, execução do
plano, verificação das metas alcançadas e ações corretivas dos pontos falhos.
Complementar

https://www.senior.com.br/solucoes/sistema-erp-gestao-
empresarial?gclid=Cj0KCQjwi7DtBRCLARIsAGCJWBoMkGhsGVkyhqQMWMpGIa9hqI
uRcF_nOHTR18W_Kcvob9A-BkKOJqEaAogOEALw_wcB
https://www.teraambiental.com.br/blog-da-tera-ambiental/sistema-de-gestao-
ambiental-sga-o-que-e-e-qual-e-a-sua-importancia
Referências

Básica:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMA TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 14001. Rio de
Janeiro: Abnt, 2015.

DONIRE, D. Gestão ambiental na empresa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

GESTÃO E PESSOA. Sistema de Gestão ambiental. Disponível em


http://gestaoepessoa.blogspot.com/2013/06/o-ciclo-pdca-e-melhoria-continua.html. Acesso
em: 30 ago. 2019.

MOREIRA, M. S. Estratégia e implantação do sistema de gestão ambiental:


modelo ISO 14000. 3. ed. Nova Lima: INDG, 2006.

SEIFFERT, M. E. B. ISO 14001 sistema de gestão ambiental: implantação objetiva


e econômica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

SEIFFERT, M. E. B. Gestão ambiental: instrumentos, esferas de ação e educação


ambiental. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
Exercícios
AULA 15

1) A Norma NBR 14001 de 2015 direciona as


organizações para uma estrutura de proteção ao meio ambiente.
De acordo com essa norma, diante de uma não conformidade
ambiental, a organização deve:
a) propiciar mudanças planejadas nos processos.
b) mitigar os impactos ambientais adversos.
c) buscar a substituição de funcionários.
d) promover uma auditoria interna.
e) realizar uma comunicação interna sobre a inconformidade.

2) O Sistema de Gestão Ambiental, auxilia as empresas a estabelecer as


estratégias que busquem ativamente identificar e resolver os problemas empresariais
que afetem negativamente o maio ambiente. Dentre os objetivos do SGA podemos
destacar:
a) Promover a recuperação ambiental de áreas degradas pela empresa.
b) Discutir as políticas públicas voltadas para a proteção ambiental.
c) Selecionar áreas que seriam destinadas a proteção ambiental pela empresa.
d) Estabelecer metas para redução do impacto ambiental e as estratégias para
alcance das mesmas.
e) Revisão das políticas ambientais as quais a empresa está subjugada.

3) Na implantação do ciclo PDCA, considerado a base do Sistema de Gestão


ambiental, a etapa Checar possibilita que a empresa:
a) Estabeleça as metas ambientais a serem seguidas.
b) Verifique se as metas propostas foram alcançadas.
c) Execute os planos de ação.
d) Defina os problemas a serem resolvidos.
e) Especifique as ações corretivas necessárias.
P á g i n a | 214

4) A normatização da família ISO 14.000 estabelece as diretrizes para a


adequação ambiental nas empresas, sendo esta norma subdividida de acordo com
cada propósito específico para proteção. Dentre as especificidades, a norma ISO
14001 é específica para:
a) A implantação do Sistema de Gestão Ambiental.
b) A rotulagem ambiental.
c) Matéria prima renovável.
d) Diminuição da poluição.
e) Programas de educação ambiental.

5) A norma ISO 14001 pode ser aplicada a qualquer empresa,


independentemente de sua natureza ou tamanho, e possibilita um processo de
aperfeiçoamento contínuo, por meio do comprometimento dos diversos níveis
organizacionais, isso é possível por que:
a) As empresas mudam as metas que não foram cumpridas.
b) O órgão certificador pode mudar os parâmetros de análise continuamente.
c) A empresa não precisa envolver todas as esferas de gestão organizacional.
d) O órgão certificador faz uma vistoria com critérios fixos.
e) São considerados as condições geográficas, culturais e sociais da empresa.
Aula 16
Educação ambiental empresarial

APRESENTAÇÃO DA AULA

Com o aumento das discussões envolvendo a necessidade urgente de


preservação ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, a formação de cidadãos
conscientes e com práticas sustentáveis deixou de ser uma questão opcional e passa
a ser uma necessidade. Diante disso, as escolas passam a contribuir como o cenário
mais propício para as discussões sobre ambiente e sustentabilidade, passando a ter
tais temas como conteúdos transversais, sendo sua abordagem exigida em todos os
níveis de ensino.
Entretanto, as questões voltadas para a Educação Ambiental no contexto das
empresas ainda são de pouca expressão, uma vez que o investimento do setor
privado em práticas educativas ainda é modesto.
Diante de um público cada vez mais exigente de garantias de conformidade
ambiental, levar conhecimentos sobre preservação ambiental aos funcionários e
servidores de uma empresa traz muitos benefícios não só para a própria empresa,
mas também para a vida pessoal de seus funcionários.
P á g i n a | 216

16 INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental constitui uma área da abordagem


ecológica voltada para a sensibilização da população como um
todo de que todos os seres vivos, incluindo o ser humano
partilham a mesma biosfera, sendo todos dependente dos recursos
naturais e das interações que mantém os ecossistemas em equilíbrio.
Tem como propósito fundamental a busca de ações equilibradas e a desmitificação
de que o meio fornece recursos de forma infinita (SILVA & MARTINS, 2019)
A Educação Ambiental constitui um conjunto de processos através dos quais o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos e atitudes
voltadas para a conservação ambiental, o que promove o bem de uso comum da
população e mantem adequada qualidade de vida (BRASIL, 1999)
Com a homologação da Lei 6.938 (1981), a Educação ambiental passa a
compor todos os níveis de ensino da comunidade, partindo do entendimento que a
discussão da problemática ambiental e necessidade de preservação deve ser
incorporada à vida do cidadão desde cedo.
A partir das discussões colocadas na Rio 92 e o posicionamento ativo das
empresas na adoção de práticas sustentáveis, a Educação Ambiental passa a compor
o cenário empresarial, levando muitas empresas a repensar suas posturas de
conservação e preservação ambiental, por meio de um processo educativo, que busca
formar cidadão éticos nas suas relações com a sociedade e com a natureza

16.1 Educação ambiental empresarial

A Educação Ambiental pode ser considerada como um importante instrumento


de gestão ambiental, uma vez que propõe uma visão que materializa a visão do
desenvolvimento sustentável por meio da integração da preocupação ambiental no
cotidiano das pessoas (SEIFFERT, 2011).
Nesse contexto a crescente preocupação com a qualidade ambiental e as
propostas de se alcançar o desenvolvimento sustentável se intensificou nas últimas
décadas, promovendo a necessidade de mudanças no setor produtivo de modo a
atender a demanda da população. Diante disso a preocupação das empresas com
seus impactos socioambientais tornou-se componente constante de qualquer
P á g i n a | 217

processo produtivo. Cada vez mais as corporações se mobilizam para atender as


demandas ambientais e estruturam seus processos de modo a se adequarem a um
sistema de gestão socioambiental, estabelecendo uma relação ética e transparente
com o público consumidor (SEIFFERT, 2010).
A educação ambiental em âmbito empresarial surge mediante uma
preocupação por parte das corporações em atender as demandas estabelecidas pelo
órgão do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA).
Em muitas empresas as práticas de EA se confundem com atividades curtas
de treinamento ambiental regular para os servidores, com as práticas eventuais para
o público externo do entorno da empresa, ou ainda confundidas com as respostas
frente a Termos de Ajustes de Conduta (TCA) devido a acidentes ambientais ou
necessárias para obter a certificação ambiental (ISO 14001).
Entretanto, apesar de estar vinculada aos processos de treinamento, a
Educação Ambiental no contexto empresarial busca uma mudança no contexto
cultural do servidor, ou seja, que os ensinamentos discutidos não fiquem restritos ao
local de trabalho, mas que se estenda para suas residências e ambientes de convívio
pessoal.
Desta forma, um programa de educação ambiental pode melhorar a
comunicação da empresa, resgatar valores ambientais, sensibilizar e motivar os
compromissos ambientais da empresa de modo a facilitar a gestão ambiental
empresarial.
Apesar de contribuir como uma das ações voltadas para o Sistema de Gestão
Ambiental, as práticas educativas realizadas pelas empresas ainda são pouco
conhecidas e sua divulgação é ainda muito modesta. Assim, as empresas não
colaboram muito para divulgar publicamente as ações voltadas para a Educação
Ambiental Empresarial (PEDRINI, 2008).
De acordo com Scholz e Costa (2016), as ações de sensibilização e
conscientização para as questões ambientais requerem persistência e ações
contínuas, as quais podem ser desenvolvidas por diversos instrumentos, como
seminários e palestras, desenvolvidas em diversos espaços organizacionais.
Outro aspecto importante a ser considerado pela empresa ao adotar práticas
de Educação Ambiental é a heterogeneidade de seus colaboradores, uma vez que o
público das práticas educativas pode ter integrantes que já fazem prática de ações
P á g i n a | 218

voltadas para a preservação ambiental, bem como outros que até o momento
desconhecem totalmente a importâncias de tais ações.
Ainda deve ser considerado que as empresas que implementaram o SGA
buscam por meio das práticas de educação ambiental integrar os colaboradores no
processo, incorporando conceitos relevantes e abordando discussões que motivem
os funcionários a adotarem práticas sustentáveis em seu contexto de trabalho.
Os processo e práticas para a EA na empresa em geral fica a cargo do setor
responsável pela Gestão Ambiental da empresa, sendo os profissionais envolvidos no
processo de áreas associadas a ciências sociais e exatas, desconsiderando o caráter
pedagógico do processo (SCHOLZ; COSTA, 2016).
A falta da integração pedagógica no processo de EA pode promover certas
dificuldades em efetivar as práticas sustentáveis no contexto do indivíduo, uma vez
que a visão tecnicista para a prática sustentável passa a meta de cumprimento de
tarefas sem a compreensão efetiva de sua necessidade.
Apesar dos contratempos em relação a implementação da EA nas empresas,
aquelas que já efetivaram o processo relatam alguns aspectos positivos, como a
redução do consumo de insumos; racionalização dos consumos de energia e água;
preservação ambiental; disciplina e pró-atividade; aumento de sugestões na melhoria
de atividades e produtos; adesão aos processos de reciclagem de resíduos e maior
comprometimento dos funcionários com o SGA.
Resumo

A Educação Ambiental constitui na atualidade uma importante ferramenta na


formação de cidadãos consistentes e integrados nos processos voltados para a
sustentabilidade.
Mediante a crescente preocupação com a qualidade ambiental, a população
busca cada vez mais dar preferência para empresas que estejam engajadas nos
processos e ações que possibilitem maior engajamento com a sustentabilidade
socioambiental.
Para tal as empresas buscam promover meios para fundamentar o sistema de
gestão ambiental, sendo as ações de educação ambiental um importante processo.
De uma forma geral a Educação Ambiental estabelece práticas de exposição e
discussão de medidas e ações que podem ser desenvolvidas pela empresa, as quais
favorecem o bom andamento dos projetos voltados para a Gestão Ambiental da
empresa.
Os benefícios da implantação de programas de educação ambiental
empresarial são medidos em vários setores, como a economia de materiais, água e
energia, além de estender tais práticas para fora dos ambientes da instituição.
Complementar

https://www.youtube.com/watch?v=BxIyBzXS6Dw
https://www.youtube.com/watch?v=zLnso1jIG1I
Referências

Básica:
PEDRINI, A. de G. Educação ambiental empresarial no Brasil. São Carlos: Rima,
2008.

PEDRINI, A. de G.; PELLICCIONE, N. B.B. Educação ambiental empresarial no Brasil:


uma análise exploratória sobre sua qualidade Conceitual. Mundo & Vida. v. 8, n.1, 2007.

SCHOLZ, R. H.; COSTA, G. M. da. Educação ambiental como estratégia de gestão


ambiental em pequenas e médias empresas. Encontro Internacional Sobre Gestão
Empresarial e Meio Ambiente. 2016.

SILVA, M. da; MARTINS, D. P. Educação Ambiental empresarial: estudo de caso de


uma indústria pet food. Encontro Internacional Sobre Gestão Empresarial e Meio
Ambiente. 2016.

SEIFFERT, M. E. B. Gestão Ambiental: instrumentos, esferas de ação e educação


ambiental. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
Exercícios
AULA 16

1) A Educação Ambiental é estabelecida pelas Políticas


Públicas como uma importante ferramenta na formação de
cidadãos mais conscientes. No contexto empresarial a E.A. surge
mediante:
a) Uma demanda dos servidores da empresa para entenderem melhor os
processos que geram impactos.
b) Uma pressão da sociedade no propósito de promover melhorias ambientais
nas empresas.
c) Uma normativa legal, que se não cumprida pode levar a penalização jurídica.
d) Uma preocupação das corporações em se adequar as diretrizes do Sistema
Nacional de Meio Ambiente.
e) Uma preconização do gestor preocupado em melhorar sua prática ambiental.

2) Uma das mais comentadas vantagens de se implementar programas de


Educação Ambiental nas empresas se refere a:
a) Mudança no comportamento dos servidores no que se refere a participar
ativamente das diretrizes da empresa.
b) Evitar permanentemente processos legais com relação as questões
ambientais.
c) Economia de recursos e melhor comprometimento dos servidores com os
programas ambientais da empresa.
d) Redução dos gastos com processos de mitigação de impacto ambiental.
e) Melhoria da atuação profissional dos servidores.

3) Explique qual a relação entre a educação ambiental empresarial e o Sistema


de Gestão Ambiental.

4) Descreva a dificuldades que a empresa pode ter na efetivação de programas


de educação ambiental.
Gabarito
AULA 1

1) Letra c

2) Letra b

3) Letra c

4) Com o aumento dos estudos ecológicos, passou-se a conhecer melhor o


funcionamento dos ecossistemas e como as ações humanas poderiam acarretar
danos ambientais. Assim pesquisas que possibilitem tais conhecimentos permitem ao
engenheiro ambiental traçar estratégias que possibilitem minimizar ou mesmo evitar
os impactos ambientais.

5) Com o aumento da industrialização e o crescimento dos ambientes urbanos,


cresce também o aglomerado populacional com pouca estrutura, levando ao despejo
de esgoto doméstico e resíduos de forma indiscriminada. Esta forma de descarte de
rejeito propicia a proliferação de doenças veiculadas pela água, acarretando muitas
vezes epidemias e diminuição da qualidade de vida nesses locais.
Gabarito
AULA 2

1) Letra a

2) Letra c

3) Letra e

4) Letra e

5) Letra b

6) De acordo com a segunda lei da Termodinâmica as transformações


energéticas ocorrem sempre de uma forma de energia mais eficiente para uma menos
eficiente, ou seja, sempre ocorrem perdas nos processos de transformação. Desta
forma, quando a energia passa de um nível trófico para outro uma porcentagem se
perde para o meio na forma de calor, diminuindo sua quantidade à medida que avança
nos elos da cadeia trófica.

7) A queima de combustíveis fósseis libera grandes quantidades de CO2 e


causar aumento no efeito estufa natural, afetando a estabilidade climática do planeta.
Com a elevação das temperaturas médias, muitas espécies podem deixar de existir
reduzindo a biodiversidade, o que afeta negativamente o equilíbrio ambiental. Além
da liberação de CO2, a queima de combustíveis fóssis ainda libera grandes
quantidades de enxofre (H2S e SO2), gase que são tóxicos e reagem formando ácido
sulfúrico, o que aumenta a acidez da chuva.

8) A vegetação absorve água do subsolo e libera na atmosfera na forma de


vapor, contribuindo assim com o aumento da umidade relativa do ar. A condensação
do vapor d'água irá formar nuvens de chuva, contribuindo para a pluviosidade local.
Desta forma a retirada da vegetação afeta a formação de massas de vapor d'água e
diminui a incidência de chuvas em uma região.
Gabarito
AULA 3

1) Letra a

2) Letra c

3) Letra d

4) Letra e

5) A população humana passou por um crescimento muito acelerado após o


período industrial, esse crescimento desencadeou um intenso uso de recursos
naturais (matéria e energia), cuja extração desencadeia uma série de desequilíbrios
ambientais nocivos a manutenção dos próprios recursos, além de despejar no meio
resíduos e efluentes que afetam tanto a qualidade quanto a quantidade dos recursos
renováveis como a água, o ar a fertilidade do solo.

6) Os recursos de acesso livre são aqueles que são de acesso de todos, como
a água, o ar, as funções ecológicas como a ciclagem da matéria. O uso excessivo
desses recursos por parte de algumas pessoas inviabiliza a reposição dos mesmos
pelos ciclos naturais, levando à restrição de uso por outros cidadãos.
Gabarito
AULA 4

1) Letra B

2) Letra A

3) Letra A

4) O sistema convencional considera o ambiente como provedor de recursos e


absorvedor de resíduos, sendo ambas as funções alheias ao sistema econômico, por
isso, nessa concepção o meio não requer atenção nem necessita de cuidados. Já na
concepção sustentável, o sistema econômico integra o ambiente como parte do
sistema, procurando impactar o mínimo possível e sempre que possível, procura
reverter resíduo em matéria prima para evitar os danos ao ambiente.

5) O ambiente deve ser sempre maior que o sistema econômico, ou seja, deve
sempre haver uma carência ambiental para manter as funções ambientais. O setor
econômico não deve retirar do meio mais do que ele é capaz de recuperar, nem
despejar mais resíduos do que ele é capaz de absorver e degradar.

6) A pegada ecológica considera: a emissão de gás carbônico na atmosfera; as


áreas produtivas, tanto agrícola quanto pecuária; os estoques pesqueiros; as áreas
urbanas. Considera ainda as mediadas adotadas pela comunidade em relação a
prática de ações sustentáveis como emprego de fontes de energia renováveis, áreas
de floresta e a adoção de reciclagem.
Gabarito
AULA 5

1) Letra A

2) Letra C

3) Letra D

4) Letra E

5) Letra A

6) O tratamento simplificado consiste em filtragem inicial, seguida da adição de


sulfato de alumínio , cal e cloro, que irão promover a decantação de partículas. Em
seguida a água é filtrada e ocorre a adição de flúor para distribuição. O tratamento
simplificado é indicado para as águas enquadradas na classe 1.

7) A água de reuso é originária de efluentes que foram tratados. A água de


reuso pode ser encaminhada ao abastecimento urbano após passar pela estação de
tratamento de água e ainda pode ser usada pela indústria quando a água é empregada
para processos que não necessita de purificação.
Gabarito
AULA 6

1) Letra C

2) Letra A

3) Letra D

4) O material particulado presente no ar que sai das chaminés das indústrias


pode passar por sistemas de filtros, nos quais as partículas sólidas são retidas.

5) As medidas coletivas consistem em atitudes individuais, como optar por


formas de transporte não poluentes como a bicicleta, ou transportes coletivos. Já os
gestores podem agir no sentido de aumentar a arborização urbana e propiciar maior
eficácia na oferta de vias alternativas de transporte.
Gabarito
AULA 7

1) Letra C

2) Letra A

3) Letra B

4) Letra D

5) A logística reversa se refere a programas estabelecidos por indústrias e


importadoras que estabelecem um sistema de coleta de embalagens ou demais
resíduos gerados pelo consumo de seus produtos. Esses resíduos são de
responsabilidade da empresa e devem ter seu adequado processamento e destino
final.
Gabarito
AULA 8

1) Letra C

2) Letra D

3) Letra C

4) Letra C

5) Essa crítica surge no fato de que a Economia Ecológica pode atrelar valor
monetário aos recursos ambientais, atribuindo assim a conotação de um bem
adquirível e na verdade tais bens ambientais podem ser comprados uma vez que
desempenham funções essenciais ao equilíbrio ecológico.
Gabarito
AULA 9
Gabarito
AULA 10
Gabarito
AULA 11
Gabarito
AULA 12
Gabarito
AULA 13
Gabarito
AULA 14
Gabarito
AULA 15
Gabarito
AULA 15

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