Você está na página 1de 14

A vitrina é bem mais do que um display estático de


produtos. A vitrina proporciona ao consumidor a vivência
e a experiência da marca, transmitindo valores
intangíveis junto aos produtos. Ela situa e enquadra seu
produto em um cenário, tempo e espaço o qual o passa
uma mensagem específica ao consumidor.

Demestresco (2007) ressalta que a vitrina é uma


manifestação que tem como objetivo não só a
comunicação, mas a construção de um mundo no qual o
produto é inserido. Essa encenação gera um ambiente a
parte, que tem sua própria existência.
Por meio desses conceitos, foram analisadas três vitrines
de lojas de diferentes ramos.
Análise de Vitrinas

Lez a Lez

A franquia Lez a Lez está no mercado de moda desde 2007. É


reconhecida pelos produtos em formas e modelagens diferenciadas, cores, e
principalmente, pela sua estamparia marcante com um conceito fashion e
descolado. Atua, assim, para um público feminino das classes A e B.
Consumidoras exigentes e antenadas na moda, que vivem em um universo
urbano e agitado, mas que são apaixonadas pelo clima da praia. As peças
atendem desejos de exclusividade e inovação, tendo forte sintonia com as
tendências mundiais.

A primeira análise da vitrina coloca-se sob a dimensão do pé direito


duplo e o fato de ser aberta, permitindo a visão do observador para o interior
total da loja, desta forma, os planos de figura (a vitrina) e o fundo (o interior
da loja) não se sobrepõe, mas completam-se. É possível notar que os
elementos foram dispostos de forma organizada e bem distribuída
caracterizando a composição da vitrine assimétrica e os manequins com
influências minimalistas e contemporâneas foram colocados lado a lado
desenvolvendo interação nas roupas colocadas formando diferentes
ambiências para que o cliente tenha várias opções de escolha. A loja
analisada encontra-se na Avenida Dom Luís em um ponto onde há uma
grande concentração de varejo de alto padrão.
As formas da vitrine realçam visualmente os aspetos de clareza e
simplicidade sendo bem horizontais e verticais contribuem, então, para uma
percepção transmitindo um equilíbrio estável de harmonia regular e
ordenada valorizando o display central com a imagem de ambiência e o
logotipo que por sua vez é iluminado captando, mas não absorvendo a total
atenção do consumidor.

Relativo à iluminação, apesar de toda a vitrine ser bastante iluminada,


foram colocados estrategicamente focos no teto interior e no exterior
posicionaram-se focos coloridos para chamar a atenção dos observadores
que passam na via pública durante a noite. As cores são complementares,
pois na estampa utilizada temos o azul com laranjas e vermelhos
proporcionando um cenário de verão e ao mesmo tempo remetendo para
uma sensação de frescor. Não desvalorizando a elegância do preto e
castanho que são cores mais sóbrias e seguras para conseguir abranger
todo o tipo de consumidor dentro do público-alvo.
Track&Field

Voltado para o público misto (masculino e feminino), o


estabelecimento oferece produtos do segmento fitness e também roupas de
banho. Alguns acessórios para natação também podem ser encontrados na
loja. Peças de alto custo e de boa qualidade delimitam o público alvo e
definem o mercado. A loja também se encontra na Avenida Dom Luís,
próxima a primeira loja analisada.

A fachada da loja é composta por um letreiro, estruturas feitas de aço


fosco e vitrines de vidro separadas por uma moldura também em aço que
destaca a porta de entrada. O material utilizado transmite um ar de
modernidade e casualidade, assim como a própria logo. Segundo
Demetresco (2007) poucos objetos, materiais como o aço e com poucas
cores denotam sofisticação. A vitrina feita em vidro e metal, com formas
minimalistas, traduz a objetividade e sofisticação da marca e permite o
desenvolvimento de um trabalho de vitrinismo mais livre.

A vitrina é dividida em duas partes. A primeira possui dois manequins


os quais se encontram em posições de corrida que representa bastante o
segmento da marca. A segunda parte abriga manequins mais estáticos,
apresentando peças mais versáteis para o mundo dos esportes. A
duas a partes da vitrina são semiabertas, permitindo uma visão parcial da
loja. A decoração é simples, composta apenas por dois banners que
remetem à atividade esportiva e ao beachwear. Existe um pequeno display
em cada uma delas que garantem uma posição mais elevada e uma melhor
visualização dos manequins. À frente, pelo lado de fora, há jarros com
plantas que fazem parte da composição do shopping.

A vitrina é em grande parte simétrica, pois as alturas e as proporções


dos manequins nos quais os produtos são apresentados são as mesmas, por
mais que as duas partes tenham quantidades diferentes de manequins, a
composição é harmônica por eles ocuparem espaços semelhantes. As linhas
são verticais, delimitadas pelos próprios manequins, bem como pela porta
que cria a divisão em duas partes. As cores apresentadas são diversas, mas
existe uma coerência. A maior parte das peças escolhidas é lisa e não
atrapalham a visualização geral, porém os banners confundem-se um pouco
entre as peças.

A iluminação é um fator fundamental para a uma boa apresentação de


uma vitrine. Segundo Pegler:
"Você passa por uma loja. Ainda é dia. Você olha de relance uma
vitrina e tudo que você consegue ver é você mesmo refletido na
vitrina de uma loja que pode ou não estar aberta. Nesse olhar você
pode observar o que está vestindo, mas não faz ideia do que existe
por trás do vidro. Que tipo de loja é essa? Que tipo de produto é
vendido? Quando a vitrine de uma loja não é iluminada ou a
iluminação é inapropriada, elas podem se tornar um espelho de um
só lado para a rua ou para o shopping". (PEGLER, 2012, p. 32)

A Track&Field dispõe de uma iluminação planejada, dando enfoque


aos manequins, bem como aos eventuais banners suspensos (com uma
lâmpada de profundidade diferente) com spots direcionáveis. Porém, no
momento em que as fotos foram batidas (à tarde) as luzes não estavam
ligadas, deixando dúvidas sobre a loja estar aberta ou não.

A variedade de produtos dispostos é pequena, deixando de oferecer e


apresentar ao consumidor as opções diversas de produtos presentes na loja.
A exposição poderia ser mais bem trabalhada, buscando maneiras criativas
e atraentes de exibir os produtos, mas sem perder o ar minimalista.
Siach Kids

Esta loja caracteriza-se por possuir duas vitrinas da sua largura nas
extremidades sendo uma virada para a rua e a outra para o interior do
shopping. Ambas são abertas permitindo ao consumidor visualizar o todo
interior da loja. A composição é feita de forma assimétrica sendo que os
manequins estão colocados de forma escalonada com diferenças de alturas
e elevados num display para que estejam nivelados com a altura do
consumidor.

A decoração é obtida por elementos pequenos e atrativos aos olhos


das crianças e por uma moldura digital que exibe o catálogo da estação, num
segundo plano,mas não destoando da composição final, os manequins são
articuláveis e compatíveis com o segmento e o estilo da loja para que se
consiga obter uma boa interação entre o cenário escolhido e o consumidor, o
mesmo acontece na exibição da roupa onde as cores predominantes são
frias contrastando com cores quentes e estão interligadas através de
pequenos detalhes. Segundo Carvalho:

“A vitrine envolve o produto apresentado e destaca as suas


qualidades criando um determinado cenário responsável em atrair
e seduzir o olhar na sua apresentação. Toda mercadoria merece
estar bem exposta e qualquer espaço físico comercial pode servir
para uma montagem.” (CARVALHO, 2012, p. 03)
O layout externo é extremamente importante, pois se trabalhado
corretamente, tem o poder de atrair consumidores para o interior do ponto-
de-venda. De acordo com Cobra (2007), a união entre o layout externo e
interno proporciona atmosfera do ponto de venda. A loja necessita de
atração visual para ser notada e para reter os consumidores Desta forma, o
layout da loja é bem colorido e iluminado para encantar e atingir o público-
alvo. Já no interior a iluminação é geral, mas considerada razoável sendo
que a vitrina não é extensa.

Análise Loja

Para analisar uma loja, vários fatores devem ser levados em


consideração. Uma boa ambientação é crucial para vendas e para as
sensações do consumidor. O posicionamento de objetos, quantidade de
produtos expostas e até mesmo o layout da loja, pode induzir ou afastar o
consumidor da compra.

Siach Kids

Siach Kids uma loja multimarca de moda infantil aberta ao público


desde 2007 localizada em Fortaleza, junto do parque do Cocó, no Shopping
Portugaleria. A loja define-se por um público-alvo de classe A e B,
oferecendo roupa feminina e masculina dos 2 aos 16 anos de idade. As peças
acompanham as tendências de mercado brasileiras proporcionando um
grande leque de escolha para o consumidor.

A loja analisada conta com um espaço relativamente pequeno para a


quantidade de produtos. Em um formato retangular, conta com um provador
compacto, uma bancada de caixa e uma bancada de expositor. Os outros
expositores são fixados nas paredes com hastes móveis, possibilitando criar
diferentes layouts dentro da loja. Os gêneros são divididos fisicamente, um
lado da loja abriga o masculino e outro, o feminino.
A grande variedade de produtos expostas causam reações contrárias.
A curiosidade por tantos produtos e a confusão pela quantidade de
informação. O tipo de produto encontrado é bastante diverso. A loja dispõe
desde sapatos infantis até acessórios como laços, esmaltes e outros artigos
infantis. Essa variedade desconstrói um pouco o foco da marca, porém, o
mix de produtos e as diversas opções atraem clientes que procuram
presentes numa loja só.

As paredes paralelas da loja contam com uma estrutura de MDF com


sulcos que permitem a mobilidade dos cabideiros e expositores.

Gavetões com rodas localizam-se embaixo dos expositores e


conferem um acabamento paras as roupas suspensas, muitas vezes
servindo também de mostradores. Os mesmos servem de display para elevar
os manequins infantis numa altura confortável aos olhos nas vitrinas.
Essa versatilidade oferece ao lojista a comodidade de organizar a loja
da melhor maneira possível, tanto quanto a quantidade de produtos,
segmentos e coleções.

Mesmo que com a quantidade de produtos consideravelmente alta, a


loja ainda dispõe de uma circulação agradável.
Mesmo que com a quantidade de produtos consideravelmente alta, a
loja ainda dispõe de uma circulação agradável. A opção por não ter um
estoque dentro da loja (a lojista alugou um espaço no subsolo do prédio para
estoque), possibilitou um espaço mais amplo e confortável para o cliente.
Referências Bibliográficas

ABRÃO de CARVALHO, M. A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e


Marketing de Produtos. Especialize Ipog Revista Online, Belo Horizonte,
Junho 2012.

BARCELOS, H; SCHUSTER, K. Vitrinismo: Um meio de comunicar. XXXIII


Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Caxias do Sul, 2010.

COBRA, Marcos. Marketing & Moda. São Paulo: Editora SENAC São Paulo;
Cobra Editora & Marketing, 2007.

DEMETRESCO, Sylvia. Vitrina: construção de encenações. 3ª ed. São Paulo:


Editora SENAC, 2007.

FRASER, Tom. O essencial da cor no design. São Paulo: Editora SENAC São
Paulo, 2011.

PEGLER, Martin M. Visual Merchandising and Display. 6th Edition. New York:
Fairchild Books, 2012. (Tradução Livre)

Você também pode gostar