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Manual módulo 7

INTRODUÇÃO AO VITRINISMO

3º ANO

CURSO PROFISSIONAL TÉCNICO DE COMÉRCIO

2020/2021
INTRODUÇÃO AO VITRINISMO

Uma vitrine, vitrina ou montra (do francês vitrine e montre) é um espaço


envidraçado dentro de uma loja, onde são dispostos produtos para venda de tal forma
que possam ser vistos da rua pelos clientes e potenciais clientes.

Elas são a ligação entre a loja e o consumidor, sendo geralmente a responsável pela
primeira impressão que o público tem dos produtos. A sua função não se limita a
expor os produtos, mas também a de ajudar a construir a comunicação conceitual e a
identidade da loja.
O vitrinismo é uma arte: a arte de expor produtos. E a exposição de produtos foi
sempre uma preocupação dos comerciantes, a fim de despertar o interesse de compra
dos consumidores.

Os primeiros relatos que confirmam a ocorrência desta prática surgiram na


Antiguidade, antes mesmo da era Jesus Cristo, na Arábia.
Na época, os comerciantes locais já valorizavam muito as cores vivas, representadas
nos tecidos típicos da região.
Para atrair o cliente a entrar nas lojas e realizarem uma venda, mesmo diante de
outros fornecedores, os comerciantes expunham amostras dos tecidos na parte
externa da fachada, de modo a convidar e despertar a curiosidade dos clientes a
entrarem e conferirem o que estava disponível.

Com o passar dos anos, a prática foi sendo adotada pelos mais diversos setores do
comércio, tornando-se um fator determinante para o sucesso de um negócio.

Mas foi somente em 1838 que as vitrines passaram a ter a forma que conhecemos
hoje. A loja de departamentos Le Bom Marché, fundada por Aristide Boucicaut em
Paris, trouxe uma nova ideia de comercialização de produtos, com base em reunir
diversos tipos de mercadorias e estilos diferentes em um só ambiente, criando a
primeira loja de departamentos
do mundo. E foi então, que
através de janelas fechadas com
vidros, o conceito de vitrine
tradicional que conhecemos hoje
foi lançado. Esse facto fez com
que a forma de expor
mercadorias e organizar as lojas
mudasse. O conceito da loja de departamento espalhou- se pelo mundo inteiro e
mantém- se até hoje.

Atualmente, muitas técnicas de vitrinismo podem ser utilizadas para valorizar os


produtos comercializados, criar e comunicar um conceito de marca ou de coleção.
O que surgiu naturalmente, através da necessidade dos comerciantes, hoje
consolidou- se como importante ferramenta de vendas no comércio.

Vitrinismo – Tendência atual

Tendências de Visual Merchandising para 2020

Para trabalhar na área de visual


merchandising e store design é
fundamental dominar algumas
técnicas e ferramentas, mas
também estar atualizado sobre as
tendências de mercado e o que a
concorrência está a fazer.
Visual merchandising é uma estratégia que valoriza produtos, marcas e o próprio ponto de
venda para atrair clientes e estimulá-lo a fechar a compra. O visual merchandising combina
marketing e comunicação visual, mas também compreende conceitos de arquitetura e design
de interiores.

Contar histórias através de storytelling, criar ambientes diferenciados e experiências


únicas, recorrer às novas tecnologias de informação e introduzir práticas sustentáveis
no ponto de venda são algumas das iniciativas usadas, pelos profissionais de
merchandising.

1. Apostar na experiência completa do cliente


É importante proporcionar uma experiência completa do consumidor no ponto de
venda.
Elementos como a fachada da loja, a organização e a gestão do espaço, os
estímulos sensoriais e a equipa de apoio ao cliente são fundamentais para gerar
vendas.
Uma montra atrativa convida o cliente a entrar na loja. Por isso, aposte em
elementos que surpreendam e despertem a atenção das pessoas, como manequins,
adereços e fundos, que criem um impacto positivo na mente das pessoas.

Já no interior da loja, o objetivo é facilitar a vida ao cliente. Aqui, convém não


esquecer detalhes importantes, como a iluminação, o cheiro e a música ambiente.
Os artigos em destaque devem estar em locais de fácil acesso e visualização, à altura
dos olhos dos clientes. E as promoções devem estar bem visíveis.

A exposição dos produtos, bem como a colocação de espelhos e de provadores, em


locais estratégicos, facilita ainda a experimentação dos artigos.
Pode também apostar na organização de workshops para levar as pessoas a
experimentar os produtos na loja.
Outra dica, é colocar os produtos de menor valor, junto à caixa de pagamento, para
aumentar as suas vendas.
Nas boutiques Nespresso, a marca aposta num serviço personalizado ao cliente,
explicando a origem e a composição do café, seguido de uma prova no Coffee Bar.
Além disso, incentiva os clientes a entregarem nas lojas as cápsulas usadas para
reciclagem.

2. Saber contar uma história: Storytelling

O Storytelling é a capacidade de contar histórias de maneira relevante, com o apoio de


recursos audiovisuais. É um método que promove o negócio, mas numa vertente mais
persuasiva do que comercial.

O objetivo é cativar a audiência e despertar emoções, através de uma narrativa.


Como tal, é essencial conhecer o perfil dos seus clientes para que a mensagem seja mais
personalizada e assertiva.

Mas como pode fazer storytelling através do visual merchandising?


Aproveite datas comemorativas, como o Dia dos Namorados ou o Halloween, ou as tendências
de moda do momento, como os anos 80, para contar uma história.
Surpreenda os clientes com elementos decorativos, como frases, cores e imagens,
relacionadas com a temática escolhida. Assim, o cliente será envolvido no universo da marca.

3. Integrar novas tecnologias de informação e de interação


Com a nova geração de millenials, (geração da internet) a forma de consumo mudou. É
fundamental que os retalhistas proporcionem experiências mais envolventes e interativas com
os consumidores.
Os clientes recorrem, cada vez mais, aos smartphones. Quer seja para pesquisar e
comparar produtos, antes de
tomarem uma decisão, quer seja
para partilharem conteúdos nas
redes sociais.
Corner na flagship store da L’Occitane en Provence

A marca L’Occitane en Provence criou uma flagship store, com um cenário local decorado
com elementos da natureza e bicicletas. Este espaço convida os clientes a tirarem fotografias
para o Instagram, sendo depois as imagens automaticamente exibidas num video wall.

As novas tecnologias de informação, como a realidade aumentada, devem ser integradas


na estratégia de visual merchandising.

Lembre-se de que quanto mais exclusiva for a experiência, mais impacto terá junto dos
consumidores.

Em abril de 2018, a cadeia de moda Zara


disponibilizou uma experiência de realidade
aumentada, em 120 lojas, a nível mundial,
durante duas semanas. Com um smartphone, a
aplicação ZARA AR e distribuição de QR Codes
nas lojas, o cliente assistia ao desfile da nova
coleção Studio SS18 no seu dispositivo móvel.

ALGUMAS DAS DINÂMICAS, QUE OS


PROFISSIONAIS PODEM INTEGRAR NO ESPAÇO
FÍSICO:

 Colocar QR Codes, que levem o cliente a interagir com a marca, através do telemóvel
 Criar aplicações na loja, em que as pessoas possam experimentar e visualizar o
resultado de produtos (maquilhagem, coloração para cabelo ou roupa)
 Incentivar ao uso de hashtags e partilha de conteúdos nas redes sociais.
Em 2018, a marca de moda Mango implementou espelhos inteligentes nos provadores, que
permitem fazer a leitura digital de uma peça de roupa e contactar automaticamente um
colaborador da loja para pedir diferentes cores e tamanhos. Além disso, o espelho sugere
outras peças de roupa para complementar a primeira escolha do cliente.

4. Respeitar o meio ambiente e o consumo consciente

Uma das tendências de consumo são os temas relacionados com a sustentabilidade.

Utilizar materiais reciclados é uma boa opção de respeito pelo meio ambiente. Mas
também fazer o reaproveitamento de peças comuns na decoração.

Como é o caso de usar caixas de madeira pintadas


como prateleiras; fazer um candeeiro com cabides
de roupa; criar um canto com livros, no local de
espera; ou colocar bicicletas antigas como suporte.

A ideia é economizar nos materiais, mas também


acrescentar elementos surpresa, inovando na
decoração.

5. Investir na criatividade e criação de ambientes

Além das questões relacionadas com o consumo consciente, investir na criatividade e


na criação de ambientes distintos, pode adicionar valor à marca.

Loja Ikea no Fórum Sintra


Podem ser criados espaços onde seja necessária uma maior privacidade para o cliente,
como salas privadas com atendimento VIP, como é frequente nas marcas de luxo. Ou
então, apostar numa decoração temática diferenciada.

A cadeia de restaurantes Hard Rock Café é conhecida pela atmosfera musical, ao oferecer
concertos de música ao vivo, bem como expor objetos relacionados com artistas famosos,
como roupa usada em digressões, instrumentos musicais e fotos autografadas.

6. Garantir uma Iluminação Dinâmica

Uma das vertentes mais importantes no Retail Design é a iluminação, já que pode tornar o
espaço mais acolhedor ou, pelo contrário, deixá-lo desconfortável.

Sabia que uma má iluminação no provador pode levar o cliente a desistir da compra?

De igual modo, as luzes muito fortes e coloridas podem perturbar e provocar desconforto nas
pessoas, pelo que devem ser usadas com moderação.

A iluminação deve servir para destacar um objeto específico, criar um ambiente


confortável para os clientes e realçar determinadas áreas da loja.

Por exemplo, os artigos em destaque e junto à caixa devem ter uma boa iluminação, para
captar a atenção do cliente.

7. Integrar as Tendências de Consumo

Um das tarefas do visual merchandising é conhecer as tendências atuais, de modo a integrar


novos elementos no ponto de venda.
As cores, as texturas e os materiais utilizados na montra, bem como no seu interior, podem
chamar a atenção e despertar o interesse das pessoas.

Catálogo com as tendências de cores e design para o ano de 2020 do Pantone Color Institute

O Pantone Color Institute lança um novo catálogo de cores tendência, todos os anos, que
ajuda os profissionais a tomarem decisões informadas, sobretudo nas áreas de design,
cosmética, moda e mobiliário.

O visual merchandiser deve pesquisar, com antecedência, quais são as tendências do seu
setor de indústria e recorrer à criatividade, aplicando-as de forma estratégica no
espaço.

Para tal, deve ter formação adequada, de forma a dominar as melhores técnicas e
ferramentas na área de merchandising e store design.
A vitrina como ferramenta de comunicação

A influência da vitrine nas vendas

A comunicação é indispensável para se


vender.

As lojas têm uma grande variedade de


meios que utilizam para a comunicação.
Exemplo: cartazes, site, mail, anúncios,
vitrina, etc.

No caso da vitrina é considerada a mais poderosa ferramenta de comunicação que


uma loja pode adotar. Corresponde ao marketing mais imediato e de menor custo.

Imediato, pois, o cliente está frente a frente com o produto (merchandising) com
todas as informações necessárias para a compra, num ambiente adequado, bastando
entrar na loja e a vitrina cumpre o seu papel.

Menor custo, porque os gastos com montagem e criação é relativamente pequena em


comparação com as vendas.

A vitrina é responsável diretamente por 60 % das vendas. Esta escala aumenta ou


diminui de acordo com o segmento de mercado, mas de maneira geral situa-se acima
de 50% das vendas.

Estes são números muito expressivos para serem ignorados. Mas o oposto também
pode acontecer quando se monta uma vitrina sem uma adequada programação visual.

Como fazer corretamente uma vitrina?

O ideal é que se contrate um designer de vitrinas mas nem sempre é possível por
vários motivos como:
falta de verba,
falta de profissionais na região.
Nestes casos deve-se observar os seguintes aspetos:

1. Localização geográfica (cidade, bairro, loja de rua ou shopping, etc)

2. Público alvo (nível sócio-económico-cultural)

3. Tipos de Segmento de Mercado (Exemplo: se é confeção, loja multimarca,


decoração, alimentação, etc.)

4. Produto (cada produto tem seu estilo de vitrina e tipos de materiais a serem
utilizados na mesma)

Analisando estes dados podemos criar um estilo ou padrão visual da loja coerente com
o público alvo.
A criação e informações são outras determinantes no sucesso da vitrina. Nada adianta
estar de posse de informações sem aplicá-las, a vitrina tem todo um dinamismo no
aspeto da criação e informação.

Cabe a quem cria determinar a estratégia de sedução para o cliente. Em alguns casos
pode-se trabalhar com vitrina quotidiana (sem decoração), mas vitrinas estéticas
(feitas com projeto de vitrinista, ou decorada) atraem muito mais o cliente.
Por vários motivos: psicológicos, estéticos ou pelo simples prazer de observar. Em
todos estes aspetos existem estudos comportamentais que atestam o quanto as
pessoas são influenciadas a comprarem pelo visual.

A informação está intrinsecamente ligada a todas as vitrinas, e elas variam desde


informar a tendência da moda, se a loja recebeu uma coleção nova, os preços dos
produtos, até informações de acontecimentos em âmbito regional, nacional ou
internacional. E estas informações refletem diretamente todo um comportamento
social de uma determinada época.
Mas existe uma outra função de uma vitrina, e esta cabe somente ao lojista:
Agradecer ao seu cliente pela preferência. Sabe-se que 91% das pessoas saem de casa
para ver vitrinas como um passeio.
Isto significa que elas realmente sentem prazer nisto. Mas muitos lojistas não dão aos
clientes um bom motivo para tanto. Quando o lojista agradece, eles se sentem mais
importantes e retribuídos por serem seus clientes, afinal a loja não está simplesmente
a gritar “Olhem o que tenho e comprem”.

O produto em destaque: conheça o trabalho de vitrinista

Conheça 6 competências essenciais para o trabalho de vitrinista.

Já pensou na importância do trabalho do


vitrinista?

É função do vitrinista tornar aqueles


sapatos inesquecíveis ou transformar a última versão daquele smartphone no nosso
“amor à primeira vista”.

É missão deste profissional:


 compor uma vitrine atrativa na fachada da loja que encante e atraia os
clientes, transformando o interesse inicial no produto, numa venda, em
qualquer segmento do mercado;
 organizar a vitrine de maneira estética, utilizando recursos como cores,
paisagens, imagens, iluminação, texturas, cenários e até sensações,
trabalhando de acordo com o tema escolhido ou a história a ser contada.

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