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A ocitocina é o hormônio do amor?

A ocitocina é um hormônio poderoso que, por contribuir para o fortalecimento de vínculos positivos
entre as pessoas, tem sido chamado de hormônio do abraço, hormônio da confiança, hormônio da
generosidade e da bondade, e também hormônio do amor e da felicidade. É uma pequena proteína
descoberta em 1906 pelo farmacologista inglês Henry Dale. É fabricado no cérebro, nos neurônios
do hipotálamo, e depositado sob ele na glândula hipófise, de onde é liberado na corrente sanguínea
em diferentes situações de natureza social. Seu nome deriva do grego e é composto de duas
palavras que significam “nascimento rápido”, o que é uma referência a uma de suas principais
funções, pois nas mulheres é liberado antes e durante o parto, facilitando-o ao provocar as
contrações que dilatam o colo do útero. Algumas mulheres, depois de receber ocitocina, relatam se
sentir mais capazes de compartilhar seus desejos sexuais e ter empatia com seu parceiro.

Em alguns casos, foi observado que a ocitocina, aumentou a confiança e a generosidade em relação
a outras pessoas, além de que a ocitocina não reforça os laços e o desejo de continuar juntos somente
no casal sexual e amoroso, mas também entre os progenitores e sua prole. Tanto nos pais como nos
filhos, os níveis de ocitocina aumentam com o trato interativo mútuo.

Mitos e Males

Temos que ser muito cautelosos na hora de avaliar os efeitos e funções da ocitocina. Não há dúvida
de que é um hormônio pró-social, isto é, um hormônio que contribui, embora de modo ainda muito
desconhecido, para estabelecer ou fortalecer os vínculos entre as pessoas, não necessariamente de
natureza sexual. Embora seus benefícios tenham ficado evidentes, os níveis de ocitocina também
podem ser altos em situações indesejáveis, como o estresse, o isolamento social e a infelicidade.
Também foi observado que a ocitocina pode promover vínculos entre pessoas de um mesmo grupo
ou de grupos diferentes que podem ser fonte de favorecimento, consanguinidade, preconceito,
inveja, agressão e até corrupção nascida da colaboração. O ciúme também pode ser exacerbado pela
administração de uma dose desse hormônio.
Talvez, como sugeriu um especialista, o que a ocitocina faz, mais do que criar vínculos afetivos ou nos
tornar pessoas melhores, seja potencializar os sentimentos que já temos. Não nos enganemos nem
criemos novos mitos.

Fonte: A ocitocina é o hormônio do amor? | Ciência | EL PAÍS Brasil (elpais.com)

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