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Por Anayra Giacomelli Lamas Alcantara

Editado por Marilia de Oliveira e Natália H. P. Coelho

A liberação de determinados hormônios no organismo está associada ao


desencadeamento de emoções e sentimentos. Por exemplo, o sentimento de medo,
gerado em situações de risco, estimula a produção e secreção do hormônio
adrenalina pelas glândulas suprarrenais na corrente sanguínea, atuando nos
receptores de diversas musculaturas e órgãos, preparando o corpo para a
realização de grande esforço físico, como fugir ou lutar. A adrenalina gera sinais no
corpo como aumento da frequência cardíaca, sudorese e dilatação das pupilas.

A ocitocina é conhecida como o hormônio do amor, ela atua nas contrações


uterinas durante o trabalho de parto, e no pós-parto, estimula a liberação do leite
materno. Cientistas vêm estudando como esse hormônio interfere em outras
relações pessoais, como na formação de laços, bem-estar e comportamento social
e se o uso dessa substância produzida sinteticamente poderia causar efeito
semelhante ao hormônio produzido naturalmente. Vamos compreender melhor
como essa substância atua no corpo humano.

As ocitocinas são pequenas moléculas, chamadas peptídeos, que são produzidas


em uma região do cérebro chamada hipotálamo. Essas moléculas podem ser
classificadas como neuro-hormônios porque atuam como neurotransmissores,
quando agem no próprio sistema nervoso durante as conexões neurais, mas
também como hormônios, quando são liberadas direto na circulação atingindo os
órgãos-alvo.

As moléculas de ocitocina agem na musculatura da parede uterina estimulando sua


contração, sendo essenciais durante o trabalho de parto. O nascimento de um bebê
por parto natural, depende da grande liberação desse hormônio na corrente
sanguínea da gestante, que ocorre gradualmente ao longo das horas de trabalho de
parto, de forma que a maior liberação de ocitocina, leva a maior contração uterina,
estimulando os receptores para que mais hormônio seja liberado. Como resultado
da quantidade de ocitocina no organismo materno, as glândulas mamárias
começam a agir na produção e ejeção de leite, que irá nutrir o bebê.

Além de todos os efeitos fisiológicos da ocitocina no organismo materno, sabe-se


que essa produção hormonal está diretamente relacionada à sensação de
bem-estar e de facilitação da criação de um vínculo de afeto e amor entra a mãe e o
bebê. Ainda, sabe-se que a ocitocina contribui com a facilitação de processos
durante a neurotransmissão relacionada a diversos comportamentos sociais, tais
como a criação de confiança, empatia e fidelidade.
Kati Molin. Shutterstock

A ocitocina produzida durante o trabalho de parto está relacionada à criação de um vínculo


afetivo entre mãe e bebê.

A ocitocina atua em regiões cerebrais que desencadeiam a sensação de


recompensa e bem-estar. É liberada também durante as relações sexuais, ela cria e
fortalece vínculos emocionais, sendo chamada de hormônio do amor, apesar de
não ser a única substância agindo no organismo nessas situações (outras
moléculas como a dopamina e a serotonina também são liberadas). Outros efeitos
periféricos estão relacionados com a atuação da ocitocina no coração, causando a
redução da frequência cardíaca.

Estudos também demonstram que o hormônio ocitocina, pode auxiliar na melhora


de quadros de ansiedade, depressão e estresse, atuando também na diminuição da
sensação de dor física, auxiliando no processo de aprendizagem e influenciando na
memória de curto prazo.

Atualmente, os cientistas buscam responder as seguintes questões: se as emoções


e sentimentos humanos seriam apenas o resultado de reações fisiológicas no
organismo ou estariam muito além disso? Como a administração de moléculas
sintéticas pode interferir nos aspectos emocionais do ser humano? Qual o papel de
hormônios como a ocitocina para a preservação da espécie humana? Estas e outras
perguntas são alvo de estudos científicos e de questionamentos sobre o que torna
nossa espécie humana.

HIPERTEXTO

Leia a reportagem do jornal El pais A ocitocina é o hormônio do amor?.

Disponível em:
<https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-02-14/a-ocitocina-e-o-hormonio-do-amor.html
>.

Paul Zak, neuroeconomista norte-americano, discute as razões para confiarmos


nossas vidas e bens a estranhos. De acordo com as pesquisas de Zak, as relações
que implicam alguma confiança, mesmo que sem motivo à primeira vista, são
impulsionadas pela liberação do hormônio.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YrJH6pWOrQI>.

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