O artigo discute o uso excessivo de promessas assistencialistas nas campanhas eleitorais municipais de 2012. O autor argumenta que muitos candidatos fazem promessas vazias e irrealistas apenas para agradar os eleitores, em vez de propor soluções estruturais ou discutir as reais necessidades das cidades. Além disso, o assistencialismo faz com que as pessoas se acostumem a receber benefícios sem esforço próprio, prejudicando o desenvolvimento social.
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Eleições Municipais 2012 e a apelação assistencialista
O artigo discute o uso excessivo de promessas assistencialistas nas campanhas eleitorais municipais de 2012. O autor argumenta que muitos candidatos fazem promessas vazias e irrealistas apenas para agradar os eleitores, em vez de propor soluções estruturais ou discutir as reais necessidades das cidades. Além disso, o assistencialismo faz com que as pessoas se acostumem a receber benefícios sem esforço próprio, prejudicando o desenvolvimento social.
O artigo discute o uso excessivo de promessas assistencialistas nas campanhas eleitorais municipais de 2012. O autor argumenta que muitos candidatos fazem promessas vazias e irrealistas apenas para agradar os eleitores, em vez de propor soluções estruturais ou discutir as reais necessidades das cidades. Além disso, o assistencialismo faz com que as pessoas se acostumem a receber benefícios sem esforço próprio, prejudicando o desenvolvimento social.
Eleições Municipais 2012 e a apelação assistencialista
10/10/2012
Por Edison Evaristo Vieira Junior
Estive acompanhando as campanhas eleitorais municipais pela TV em
algumas cidades de diferentes estados do Brasil e pude observar que em todas as campanhas havia sempre um ponto em comum: a apelação ao assistencialismo. É claro que pode-se observar também as propostas vagas, sem sentido e desconexas com a realidade. Muitos candidatos, creio eu, mal sabem o que o cargo eletivo a que se propuseram a concorrer precisa realizar para cumprir sua função constitucional. E muitos eleitores sabem menos ainda, sendo facilmente enganados por promessas vazias. Muitos candidatos a vereadores diziam que iriam lutar por saúde, educação, segurança, mais isto, mais aquilo, mas não se preocuparam em sistematizar como iriam fazer tudo isto e se realmente está na alçada legal de um vereador fazer certas coisas. A um vereador cabe legislar no município, fiscalizar as ações da prefeitura e da própria câmara municipal e organizar audiências públicas para que temas importantes sejam debatidos com a população. Já os candidatos a prefeito, assim como muitos candidatos a vereador também, imbuídos de uma cultura política assistencialista, prometiam mais e mais “assistencialismos” com a clara intenção de agradar ao eleitorado ao invés de leva-los a uma reflexão sobre as reais necessidades da cidade. O Brasil possui um grave defeito social e cultural que é o assistencialismo, que não é o mesmo que serviço social. O assistencialismo é a prática institucional na qual se transfere benefícios para um certo número de pessoas sem lhe exigir nada em troca, ou exigindo-lhe muito pouco, não lhe proporcionando subsídios materiais e emocionais para que o beneficio não lhe seja mais necessário no futuro. Com isto, as pessoas vão se acostumando e criando a concepção de que alguém tem que auxilia-las sempre nas suas necessidades mais básicas, pois não foram educadas a utilizarem o esforço pessoal para a conquista do seu próprio sustento e para muitos é uma verdadeira ofensa exigir-lhe autonomia, independência e esforço para conquistar o que quer na vida. Esta concepção, obviamente, é utilizada pelos candidatos para conquistarem mais votos, pois o que oferecer mais agrados e mimos (assistencialismos) com certeza irá cair nas graças de uma boa parcela do eleitorado. Vê-se com raridade alguma candidato prometer uma discussão com a sociedade sobre um tema importante. É bem mais atrativo prometer a construção e casas populares, por exemplo, do que prometer que irá proporcionar boas condições de trabalho para a população mais carente que não possui casa própria para que possam comprar a sua casa. Ou ainda prometer um sistema educacional eficiente para reduzir as desigualdades sociais mais gritantes no lugar de cotas e outras facilidades. Enfim, sempre prometem o mais fácil, mas não o mais adequado. Um candidato, além do projeto político para a cidade, é preciso ser um intermediário entre a população e o objetivo comum. Deve ser aquele que irá sistematizar as reflexões e demandas levantadas pela comunidade e executá-las da melhor forma possível. O candidato deve estar sempre em contato com o eleitorado. Mas aqui no Brasil, com raras exceções, une-se a falta de interesse da população em participar das atividades políticas de sua cidade com a falta de interesse do político em formar um público consciente. A participação popular é o melhor caminho para a construção de uma sociedade melhor e o assistencialismo faz com que esta sociedade se dissolva, não se renove e torne seus cidadãos mais individualistas. Mas os políticos só irão mudar se a sociedade mudar. Nenhuma transformação social acontece sem que as pessoas se transformem antes. E o assistencialismo simplesmente barra esta transformação para melhor, pois recebendo pronto o que deveria estar conquistando, nada é exigido desta pessoa, deixando suas habilidades adormecidas. Já pararam para pensar que muitas medidas assistencialistas servem para comprar voto dos beneficiários, que votam com receio de perder o beneficio? Já pensaram que geralmente é o seu dinheiro que é utilizado para efetuar assistencialismos? Vale ressaltar que medidas que visem aliviar o sofrimento das pessoas de forma imediata e diante de causas específicas não pode ser considerado assistencialismo. Candidatos a prefeito e a vereador são apenas reflexo da sociedade a que se propõem a governar e legislar e cabe a todos mudarem de postura para a construção de uma cidade melhor e conseqüentemente de um país melhor.