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Basta gostar?

26/06/2011

Por Edison Evaristo Vieira Junior

Possivelmente o leitor já deve ter se deparado com uma resposta do tipo: “mas eu
gosto dele(a)” diante de um questionamento por qual motivo determinada pessoa
ainda se relaciona com outrem, independente de qual tipo de relação seja esta,
excluindo as que possuem laços sangüíneos. Podemos observar isto em relações de
amizade em que os companheiros não possuem uma conduta social adequada, em
uma empresa onde não se respeita os funcionários, em uma relação amorosa em que
o parceiro mente e trai com freqüência, entre outros inúmeros exemplos.
E isto acontece com muita freqüência mesmo. Muitos se relacionam com outras
pessoas ou ambientes simplesmente por que gostam delas(es), por algum motivo.
Mas será que basta gostar para que alguém mantenha um relacionamento com outra
pessoa? Será que o laço afetivo é único critério avaliável para se estabelecer uma
relação? A resposta é “não”.
Muitas pessoas constroem a própria infelicidade no relacionamento simplesmente por
que levam em conta tão somente o fato de “gostarem”, sem levar em consideração
outros critérios como amizade, confiança, honestidade, projetos de vida, conduta
social, entre outros que são valores importantes e que também permeiam as relações
sociais humanas, além do quesito “gostar” ou até mesmo “amar”.
Muitas relações amorosas são completos fracassos e um verdadeiro tormento na vida
de muitos, mesmo quando um gosta do outro em relações muitas vezes duradouras.
Isto ocorre por que podem existir sim os laços afetivos, mas alguns outros vieses do
relacionamento não estão presentes, como a amizade, a confiança, a gratidão, que
fazem falta na vida de todo e qualquer ser humano dito normal. Não adianta gostar de
um parceiro(a) que sempre o está traindo ou fazendo coisas que o outro não gosta,
por exemplo. Muitos vão levando a relação por que gosta do outro, mas o custo disto é
muito e alto e sempre o tédio, o desespero, a raiva e desesperança estarão sempre
espreita.
Outros, por sua vez, tem a grande tendência em se relacionar com supostos amigos
que em nada carregam deste atributo. Também é muito comum ouvir dizer que foram
as “más companhias” que fizeram alguém fazer isto ou aquilo e às vezes isto pode até
ser fato, visto que muitos criam laços afetivos com pessoas que possuem
comportamentos pouco indicados para um cidadão de bem. Para se estabelecer uma
amizade é também preciso verificar outros fatores, além do ‘gostar’ para que esta
amizade seja realmente saudável.
Amizades com pessoas pouco indicadas faz com que as conseqüências venham em
futuro próximo. Fofocas, intrigas, mentiras e oportunismo são os resultados mais
comuns destas ditas amizades, pois o verdadeiro companheirismo está ausente.
Quando é dito que não basta ‘gostar’ para se estabelecer um tipo de relação, não está
sendo dito que as pessoas que não se enquadram no padrão pretendido sejam
ignoradas a própria sorte, ou até mesmo que sejam mal tratadas. Muito pelo contrário.
Pode-se e deve-se ajudar outras pessoas a serem melhores, sobretudo através da
reflexão dos próprios atos e apontamentos do que está lhe fazendo mal, pois uma
visão externa pode ajudar em muito na detecção de um problema. Mas envolver-se
em demasia emocionalmente terá conseqüências futuras, pois parte da
responsabilidade daqueles problemas passará a ser seu, devido a ligação afetiva.
Sem esquecer que ajudar uma pessoa consiste também em promover sua
independência, sua autonomia e deixar que ela resolva suas questões é essencial
para ajudá-la.
Afetos não estão diretamente ligados a vontade e não se escolhe de quem vai gostar
ou não, mas a manifestação deste afeto e forma como ele será exercido está sim
ligado a vontade e um controle adequado neste aspecto pode ajudar em muito no
estabelecimento de relações saudáveis.
Geralmente as pessoas que estão nestas situações geralmente se acomodam, outras
simplesmente mantém uma confiança cega de que o outro irá mudar, outros apelam
para a religião e, - cada vez em maior número – muito apelam para psicoterapia de
casal, pois esta proporciona uma visão diferenciada da situação e auxilia os
envolvidos a tomarem decisões mais cientes da realidade.
Toda ação tem uma reação e esta vai ser positiva ou negativa dependendo da ação
tomada. Ao estabelecer relações com outras pessoas isto não será diferente, pois
estará sendo permitido que situações ocorram e as conseqüências virão. Diante disto,
é mais plausível que as relações saudáveis sejam sempre cultivadas.

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