Plantas medicinais e PANC’s mantém uma rede comunitária que também disponibiliza mudas

Por: Professora Ivy Menezes e sementes para quem se interessa em cultivar uma PANC.
Cerca de 300 espécies já foram catalogadas como planta
alimentícia e pelo menos 50 dessas plantas já possuem
O que são as PANC’s?
informações técnicas de cultivo e fazem parte desse trabalho de
São milhares de espécies vegetais já conhecemos, mas que não
hortas locais de multiplicação e promoção de cultivo. Como por
fazem parte da nossa alimentação diária. Dessa forma, as
PANC’s são plantas que possuem uma ou mais partes exemplo Amaranto, Capuchinha, Chuchu-de-vento,
comestíveis, sejam elas nativas ou exóticas. Ao incorporar as Vinagreira, Taioba,Caruru, Jambu, Ora-pro-nóbis, entre outras.
Pesquisadores da Embrapa tem destacado que muitas
PANC’s na alimentação, quer isoladas ou mescladas com outros
hortaliças não convencionais apresentam relevante teor de
ingredientes, amplia-se a possibilidade de complementação
proteína de boa digestibilidade, como o caruru e o ora-pro-nóbis,
alimentar, diversificação dos cardápios e da oferta de nutrientes.
que inclusive tem feito parte de estudos para o desenvolvimento
Além disso, incorporar as PANC’s nas refeições diárias é
também uma forma de valorização dos ingredientes locais, de complemento nutricional funcional a partir de suas folhas. O
regionais e naturais. primeiro Encontro Nacional de Hortaliças Não Convencionais
aconteceu em Brasília, em junho de 2017, na sede da Embrapa
Hortaliças e foi de grande importância para o compartilhamento
O termo PANC foi criado no Brasil pelo professor e biólogo
de conhecimento sobre plantas, que em alguns casos estavam
Valdely Ferreira Kinupp, em 2008. Internacionalmente essas
entrando no esquecimento.
plantas recebem nomes como: Espécies Negligenciadas e
Subutilizadas (Neglected and Underutilized Species – NUS) No entanto, existem casos, em que uma planta não
e Planta Selvagem Comestível (Edible Wild Plants – EWP). convencional pode fazer parte recorrente de pratos tradicionais
a ponto de ser regionalmente consideradas convencionais,
como é o caso do jambu, um ingrediente indispensável em
Nesse sentido, as plantas alimentícias conhecidas como não
pratos típicos para os paraenses. Além deles, o pato no tucupi,
convencionais surgem com o objetivo de diversificação das
o tacacá e a maniçoba. Por isso, cultivar PANCs também é uma
espécies vegetais consumidas no cotidiano. Portanto, para se
ter uma ideia, a dieta alimentar do brasileiro tem como principais forma de resgatar ou até mesmo conhecer a história e a cultura
plantas o feijão, o arroz, o tomate, a alface, entre poucas de uma região.
PANCs do cultivo aos benefícios
outras opções. Além disso, a maioria desses vegetais são de
As plantas alimentícias não convencionais podem ser tão
origem estrangeira. De fato, com exceção da mandioca, são
nutritivas quanto as que já consumimos diariamente.
poucos os alimentos nacionais presentes diariamente em
Geralmente, são plantas rústicas, propagadas por mudas ou
nossas refeições.
sementes, pouco afetadas por pragas e doenças, bem
Assim, estima-se que sejam conhecidas aproximadamente adaptadas ao clima de sua região, apresentam eficiência na
absorção de nutrientes. Essas características, portanto, as
400 mil espécies de plantas. No entanto, cerca de 300
colocam como hortaliças de fácil cultivo. No entanto, para cultivo
espécies são utilizadas pelo homem para alimentação e
comercial recomenda-se efetuar os tratos culturais básicos,
outros fins, como produção de medicamentos, tecidos,
como: irrigação adequada, manejo de plantas espontâneas,
biocombustíveis entre outros. Sendo que, plantas como
arroz, trigo, milho, soja, beterraba, feijão, adubação com nitrogênio, potássio e matéria orgânica, quando
amendoim, batata, mandioca, coco e banana representam necessário, realizar podas.
Mas, caso queira cultivar e consumir uma PANC, é importante
grande parte da alimentação do mundo.
realizar a identificação correta através de seus nomes
científicos. Ponto de partida para estudar as características,
PANCs podem diversificar a alimentação
Algumas PANCs chegam a fazer parte da cultura, identidade e usos culinários, formas de preparo, entre outros.
práticas agrícolas de pequenas comunidades no Brasil.
É comum encontrar PANCs dentro de casa como plantas
Principalmente devido às suas características de serem
ornamentais. Existem pessoas, por exemplo, que mantêm
cultivadas pela agricultura familiar, limitando a expansão dessas
cercas vivas de ora-pro-nóbis e não sabem que na verdade
culturas.
ela é uma planta comestível.
Dessa forma, as PANCs não fazem parte de um sistema de
cultivo comercial em larga escala e dificilmente fazem parte de
uma cadeia produtiva organizada, fragmentando o
conhecimento sobre essas plantas.
REMÉDIO OU ALIMENTO? QUAL A RELAÇÃO DE
A fim de resgatar esses alimentos e diversificar a alimentação,
PLANTAS MEDICINAIS E AS PANC’s?
diversos órgãos públicos e privados, assim como a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e
a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais Plantas alimentícias não convencionais (PANC) são espécies
(EPAMIG), tem buscado realizar levantamentos de espécies pouco conhecidas, mas possuem rico valor nutricional e
propriedades terapêuticas.
que possam ser incorporadas na dieta alimentar. Além disso, a
Embrapa hortaliça possui uma iniciativa que resgata, preserva e
"Que seu Alimento seja seu Remédio, que seu Remédio seja
identifica plantas não convencionais cultivadas por agricultores
seu alimento"(Hipócrates - 460 a.C. - 370 a.C.)
tradicionais de diferentes regiões. Nesse sentido, o projeto
1. TANSAGEM OU TANCHAGEM
A tanchagem é uma planta rica em flavonoides, alcaloides,
terpenoides, iridoides, mucilagem e outros compostos, o que
garante as funções antibacteriana, antiviral e anti-inflamatória
dessa planta. Por isso, a tanchagem é muito utilizada na
preparação de remédios caseiros para tratar a gripe, o resfriado
comum e inflamações da garganta, útero e intestino.
Além das propriedades antimicrobiana e anti-inflamatórias, a
tanchagem também possui ação anticancerígena,
desintoxicante, expectorante, depurativa, diurética,
antiespasmódica, descongestionante, cicatrizante e laxante, no
caso das sementes.
Chips de folha de tansagem - Erva daninha que brota nas
calçadas, tansagem é boa para fazer chips apimentados; sirva
como aperitivo ou esfarelado por cima do arroz. A folha de
tansagem é o tipo de erva mais lembrada por seus atributos
fitoterápicos que pelo seu uso alimentício - mas é claro que, por
vezes, as duas coisas andam juntas, sendo ela um ótimo
exemplo de comida medicinal ou remédio comestível.
Ingredientes
• 30 folhas grandes de qualquer espécie de tansagem
• 2 colheres (chá) de óleo de gergelim ou azeite
• 1/4 colher (chá) de sal
• 1/2 colher (chá) de pimenta calabresa
• 1 colher (sopa) de sementes de gergelim branco e/ou preto
• 1 colher (chá) de açúcar
Preparo
• 1.Pré-aqueça o forno a 150 ºC.
• 2.Lave as folhas e seque-as com pano de prato limpo e seco.
Em seguida, misture as folhas com o tempero em uma tigela
grande.
• 3.Espalhe as folhas de uma só vez em assadeiras (se puder
forrá-las com papel siliconado, melhor).
• 4.Deixe assar até as folhas ficarem crocantes, mas não
queimadas, de 10 a 20 minutos, dependendo do tamanho das
folhas.
• 5.Tire do forno, espere um pouco e prove. Se ainda não
estiverem crocantes, leve ao forno novamente por cerca de um
minuto.
• 6.Quando estiverem completamente frias, guarde as folhas
em recipiente que feche hermeticamente. Assim, podem ser
conservadas por várias semanas.
• 7.Sirva como aperitivo ou use como tempero - esfarele sobre
o arroz, por exemplo.
2. ORA-PRO-NOBIS
A ora-pro-nóbis é uma planta comestível com várias
propriedades medicinais, garantindo diversos benefícios para a
saúde, como prevenção da anemia, melhora do funcionamento
do intestino, perda de peso, prevenção do envelhecimento
prematuro e melhora da saúde dos dentes. Os benefícios são
devido ao fato da ora-pro-nóbis possuir grande valor nutricional,
uma vez que suas folhas são ricas em fibras, proteínas e
antioxidantes, fornecendo aminoácidos essenciais como a lisina
e o triptofano, minerais como fósforo, cálcio e ferro, e vitaminas
C, A e do complexo B. O nome científico da ora-pro-nóbis
é Pereskia aculeata e pode ser consumida em saladas, sopas
ou no arroz, por exemplo.
ARROZ COM ORA-PRO-NOBIS
Ingredientes
Óleo de soja a gosto
✓ 1 colher (chá) de sal
✓ 2 xícaras (chá) de arroz
✓ Cebola e Alho picada a gosto
✓ 1 colher (sobremesa) de açafrão da terra
✓ 2 xícaras (chá) de água
✓ 1 maço de ora-pro-nóbis
Como Fazer
1. Numa paleta quente coloque: alho, cebola e mexa;
2. Coloque o açafrão da terra e misture;
3. Pique ora-pro-nobis e coloque na panela;
4. Coloque o arroz e misture, acrescentando o dobro de água;
5. Coloque sal;
6. Deixe a água ferver até o arroz secar.
3. UMBIGO OU CORAÇÃO DA BANANA
Estudos científicos têm demonstrado que o coração de
bananeira é uma estrutura riquíssima em nutrientes e
compostos bioativos
A presença de grande quantidade de fibras torna o coração da
bananeira um alimento com ótimas propriedades funcionais. O
seu consumo pode incidir no bom funcionamento do intestino,
auxiliar na redução do colesterol ruim, normalizar os níveis de
glicose e insulina, evitar a constipação (“intestino preso”),
prevenir doenças como diverticulite, além de estar associado ao
menor risco de desenvolvimento de câncer de cólon.
As proteínas presentes neste alimento possuem um bom perfil
de aminoácidos, tais como ácido glutâmico, ácido aspártico,
leucina, alanina, entre outros.
A inflorescência da banana é uma boa fonte de ácidos graxos
insaturados que estão associados à redução do risco de
doenças cardiovasculares. A composição de minerais no
coração de bananeira é bastante variada, sendo o potássio o
composto presente em maior concentração, seguido pelo cálcio
e magnésio.
E não para por aí! Pesquisas científicas também demonstraram
que a inflorescência da bananeira possui compostos com
propriedades antioxidantes frequentemente associados à
prevenção de doenças crônicas e degenerativas, como o câncer
e doenças cardiovasculares. Além disso, outros benefícios têm
sido relatados tais como propriedades antimicrobianas, anti-
inflamatórias e antidiabéticas. Já no Brasil, a estrutura mais
interna, semelhante a um palmito é a mais utilizada em
refogados e a inflorescência é utilizada para preparação de
xarope e chás caseiros para fins medicinais (SILVA;SARTORI;
OLIVEIRA, 2014).
INGREDIENTES
• 1 umbigo de bananeira médio
• 1 dente de alho
• 1 xícara (chá) de cebola picada
• 5 colheres de óleo
• 1 xícara (chá) de azeitona picada (OPCIONAL)
• Pimenta do reino a gosto
• Sal a gosto
MODO DE PREPARO
1.Pegue o umbigo e tire as e primeiras folhas, jogue fora pois
são duras.
2.Corte o umbigo em rodelas bem finas.
3.Coloque tudo que cortou em uma panela com água e coloque
no fogo para ferver.
4.Repita o procedimento anterior 1 vez, trocando a água para
tirar o amargo, depois coloque para escorrer.
5.Em seguida em uma panela coloque o óleo, o alho amassado
e quando fritar coloque o umbigo escorrido, mexa e coloque o
sal.
6.Tampe a panela e deixe cozinhar por uns 20 minutos.
7.Acrescente a cebola, a azeitona e a pimenta-do-reino.
8.Veja se está bom de sal e o umbigo esta molinho.
9.Desligue o fogo e esta prontinho para servir com arroz
branco.
4. Como fazer Suco verde - couve, laranja, beterraba e
cenoura
Coloque todos os ingredientes no liquidificador e bata com um
copo de água. Coloque adoçante, se gostar. Sirva e beba sem
coar.
ESTÁ COM FOME? VAI DE PANC!!!!!!!!!!!!!!!!
PARA CRIAR NOVOS HÁBITOS DE VIDA É SÓ DAR O 1º
PASSO.
Exercícios de fixação de conceitos importantes:
1.Considerando o suco de beterraba, laranja, couve e cenoura,
a combinação de nutrientes, por que devemos ter uma
alimentação balanceada?
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2. Pensando na eletiva Plantas Medicinais e agora, no estudo
das PANC’s, qual significado da frase de Hipócrates: "Que seu
Alimento seja seu Remédio, que seu Remédio seja seu
alimento"
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3. O Brasil é um dos principais produtores de alimentos do
mundo, mas infelizmente também é um dos países com o maior
índice de desperdício de alimentos. De acordo com dados
do IBGE, cerca de 30% dos alimentos produzidos no país
acabam sendo jogados fora, o equivalente a cerca de 46 milhões
de toneladas de alimentos por ano.
Isso representa uma perda significativa tanto em termos
econômicos, já que o desperdício de alimentos no Brasil é
estimado em R$ 61,3 bilhões por ano, quanto ambientais e
sociais, colocando, assim, o Brasil na 10ª posição no ranking de
países que mais desperdiçam comida, segundo dados da ONU.
Já no consumo, os alimentos são desperdiçados devido a
compras excessivas, falta de planejamento de refeições e
descuido com a conservação. Por ano, o desperdício no país
chega a 27 milhões de toneladas de alimentos, sendo que 60%
deles vêm do consumo no dia a dia das famílias (Mercado e
consumo, 2023).
Considerando essa triste realidade, bem como a negligência em
financiar mais estudos e estímulo ao cultivo e consumo das
PANC’s, o que é possível fazer para reverter essa realidade? Dê
pelo menos 3 sugestões para combater essa realidade.
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