ACADEMIA DE ALTOS ESTUDOS ESTRATÉGICOS

MALUANE-MANHIÇA

Disciplina: Economia do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Nível: 2º ano de Licenciatura em Economia
Horário: 3ª e 6ª das 14h30 às 16h20
Docente: Maria Albertina Chambe

Ficha de estudo 2

1. Desenvolvimento Sustentável

1.2. Conceito de desenvolvimento Sustentável

É fundamental que se entenda que a forma pela qual se produz produtos actualmente ocasiona
consumismo e desperdício. Um aumento excessivo da produção e, ao mesmo tempo, da
pressão exercida sobre o meio ambiente de onde se extrai a matéria - prima, conduzirá a uma
nítida degradação da natureza.

Os preceitos do desenvolvimento sustentável procuram justamente eficiência económica

aliada à justiça social e à harmonia ambiental. Trata-se não só de um conceito, mas sim é um
processo de mudança, em que a exploração de recursos e a orientação dos investimentos
levam em conta também as necessidades das gerações futuras.

Há́ inúmeros sinais de que o processo económico, baseado no crescimento ilimitado e na

exacerbação do livre mercado, encontrou seus limites, e que mais crescimento económico
dentro dos actuais padrões pode levar a Terra para mais longe ainda de uma sociedade
sustentável (MERICO, 1996).

Os desafios atuais da sustentabilidade, da sobrevivência e da convivência humana pacífica no

planeta acirram dúvidas sobre a realidade construídas com base em uma racionalidade anti
ecológica (LEFF, 2010).

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Sustentabilidade quer dizer o reconhecimento de limites biofísicos colocados pela
biosfera no processo económico. Essa é uma perceção que sublinha o fato de que a
ecologia sustenta a economia, o que obriga esta a operar em sintonia com os princípios
da natureza.

Do ponto de vista económico, é manter a capacidade de suprir as gerações futuras com as

mesmas condições, em termos de utilidade per capta.

“(...) desenvolvimento sustentável pode ser conquistado com o crescimento infinito,

desde que certas ressalvas de proteção ambiental sejam observadas”

Para ser sustentável, com efeito, o sistema económico deve possuir uma base estável de apoio,
o que requer que capacidades e taxas de regeneração e absorção da natureza sejam
respeitadas, caso contrário, o processo económico tornar-se-á́ irremediavelmente
insustentável.

Sustentável é o desenvolvimento que supre as necessidades das gerações atuais sem

comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as suas necessidades
(BRUDTLAND, 1987)

Mais que um novo conceito, o desenvolvimento sustentável é um processo de mudança, em

que a exploração de recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento
ecológico e a mudança institucional devem levar em conta as necessidades das gerações
futuras.

Para isso, é fundamental haver equilíbrio entre os pilares do desenvolvimento sustentável: o

meio ambiente, a economia e a sociedade. (o Tripé da Sustentabilidade)

Planeta

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 Lucro Pessoas

Tripé da sustentabilidade – formulado pelo sociólogo e consultor britânico John Elkington há

14 anos. o conceito Triple Bottom Line – o tripé da sustentabilidade – está consagrado
atualmente e também conhecido como os “Três Ps” (people, planet and profit) ou, em
português, “PPL” (pessoas, planeta e lucro). Segundo essa compreensão de sustentabilidade,
para ser sustentável uma organização ou negócio deve ser financeiramente viável,
socialmente justo e ambientalmente responsável. (CREDIDIO, 2009).

São elementos presentes no conceito de desenvolvimento sustentável, os seguintes:

 a questão de ESCALA sustentável da atividade económica em relação aos
mecanismos de suporte da vida;
 a distribuição EQUITATIVA de recursos e oportunidades entre as gerações presentes
e futuras;
 a ALOCAÇÃO eficiente de recursos com adequada QUANTIFICAÇÃO do Capital
Natural .

O desenvolvimento sustentável apresenta as seguintes dimensões

 Performance financeira
Dimensão  Criação de valor
económica  Competitividade

 Cidadania corporativa
 Responsabilidade
social

Desenvolvime
Dimensão nto Dimensão
social sustentável ambiental

 Conservação e reciclagem de recursos

 Redução de desperdício
 Descarte correcto de resíduos
 Minimização dos impactos ambientais

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A noção de desenvolvimento sustentável tem sua origem no debate internacional sobre o
conceito de desenvolvimento. Foi necessário reavaliar a noção do desenvolvimento ligada à
ideia de crescer. Portanto, se faz necessário diferenciar crescer e desenvolver:

 Crescer significa aumentar de tamanho por acréscimo ou assimilação de material.

Crescimento, significa aumento quantitativo na escala das dimensões físicas da
economia.
 Desenvolver implica uma melhoria qualitativa na estrutura, design e composição dos
estoques físicos de riqueza e bens, o que resulta de um maior conhecimento tanto da
técnica quanto do seu propósito. Uma economia crescente está cada vez maior; uma
economia em desenvolvimento está cada vez melhor (DALY, 1991, p. 152-154).

“Um ser humano cresce e se desenvolve até 16 ou 18 anos, sendo que cresce fisicamente, e,
se desenvolve ao adquirir novas habilidades. Depois dessa idade continua seu
desenvolvimento, embora deixe de crescer, afinal, é capaz de aprender coisas novas e ter
novas experiências até sua morte” (MARTÍNEZ ALLIER, 2000).

O conceito de desenvolvimento económico deve ser visto como uma alternativa ao conceito
de crescimento económico, o qual está associado ao crescimento material quantitativo da
economia. O que, porém, não quer dizer que como resultado de um desenvolvimento
sustentável, o crescimento económico deva ser totalmente abandonado. (CAVALCANTI,
1998)

1.3. Perspectiva histórica de desenvolvimento sustentável

A Revolução industrial que ocorreu no século XVIII derivou de uma série de transformações
nos processos produtivos. O “progresso” era o modo de pensar e agir da sociedade e, com
isso, o consumismo era incentivado cada vez mais e, com o passar do tempo, o desperdício
era visível, resultando em inúmeros impactos ambientais, por vezes irreversíveis. Disso
derivou discussões e análises sobre os limites do crescimento económico, tendo em mente o
uso dos recursos naturais e seus limites.

A poluição atmosférica e da água, inversão térmica, aquecimento global, efeito estufa, chuva
ácida, entre outros, são observados e discutidos no contexto do crescimento económico
derivado da revolução industrial e do modo de produção capitalista. Produzir se
materializavam em questões e/ou fenómenos climáticos como:

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Poluição atmosférica – caracterizada principalmente pela queima incompleta de combustíveis
fósseis, para fins de transporte, aquecimento e produção industrial, por meio de fontes fixas
e fontes móveis, com foco nos grandes centros urbanos.

Poluição da água – de modo geral, são caracterizados como: a poluição por esgotos
domésticos, industrial, disposição dos resíduos de origem Agrícola e outros. Também há
problemas de poluição dos oceanos, devido ao aumento da população em zonas costeiras,
além dos vazamentos oriundos de actividades como extração de petróleo.

Inversão térmica – ocorre durante à noite, quando a superfície encontra-se fria e o ar

atmosférico quente, desfazendo-se este processo ao amanhecer.

Aquecimento global – causado por actividades humanas, em especial pelo consumo de

combustíveis fósseis, como carvão mineral, petróleo e gás natural, assim como pelos
desmatamentos e queimadas.

Chuva ácida – entre os vários problemas ambientais consequentes da Revolução industrial

está a chuva ácida. A chuva contém um pequeno grau natural de acidez que, por sua vez, não
agride o meio ambiente. No entanto, esse processo é intensificado em virtude do grande
lançamento de gases poluentes na atmosfera, fenómeno esse que ocorre principalmente nas
cidades industrializadas com grande quantidade de veículos automotores e em locais onde
estão instaladas usinas termoelétricas. As chuvas ácidas prejudicam as lavouras, alteram os
ecossistemas aquáticos, contribuem para a destruição de florestas, danificam edifícios,
corroem monumentos históricos, contaminam a água potável e, portanto prejudicam a saúde
humana.

Efeito estufa – O efeito estufa é um fenómeno natural causado por uma camada de gases na
atmosfera terrestre que impede que uma parte da radiação e do calor emitido pelo sol seja
reflectida de volta para o espaço.

Portanto, o desenvolvimento do século XVIII até metade do século XX era associado ao

progresso a qualquer custo.

Foi necessária uma mudança de paradigma de desenvolvimento que começou com discussões
e analises dos problemas que o crescimento económico e a exploração em demasia de
recursos naturais poderiam trazer.

Deste modo, surge o conceito de desenvolvimento sustentável, que representa a busca de

progresso da civilização compatibilizado com os padrões de preservação da natureza, como
resposta aos problemas ocasionados pelo progresso sem limites. As actividades de qualquer
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cunho, ao serem projetadas, deverão seguir padrões de conservação em primeiro plano, ou
seja, adequar o progresso em níveis cada vez menores de degradação ambiental.

1.4. Perspectivas futuras

A sustentabilidade é a forma de repensar o processo produtivo e económico. Para ser

alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de uma planificação que reconheça que os
recursos naturais são finitos.

Como referiu-se na aula passada, o crescimento económico, depende do consumo crescente

de energia e recursos naturais. Ao confundir este fenómeno com o desenvolvimento, este tipo
de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais
dos quais a humanidade depende. O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade
em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e de produtos e o aumento da
reutilização e da reciclagem.

O desenvolvimento económico é vital para os Países mais pobres, mas o caminho a seguir não
pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados no passado. Deste modo, em vez de
aumentar os níveis de consumo dos Países em desenvolvimento, é preciso reduzir os níveis
observados nos Países industrializados.

A sustentabilidade tem em conta um modo de produzir que visa por um futuro em que
existam recursos naturais necessários para possibilitar uma vida harmónica entre as
sociedades. Uma nova economia pode estar sendo construídas pelos novos movimentos
sociais indígenas e camponeses, com o reconhecimento e resgate das suas visões, suas
tradições e suas práticas produtivas, reposicionando suas identidades nesta reconfiguração do
mundo diante da globalização económica e atribuindo valores culturais à natureza. A
desconstrução da racionalidade económica deverá passar por um longo processo de
construção e institucionalização dos princípios em que se fundamenta a vida sustentável no
planeta. (LEFF, 2010).

Questões:

A sustentabilidade pode ser classificada de fraca e forte:

1. Defina os conceitos e diga a origem dos mesmos

2. Descreva as características de cada conceito salientando seus paradigmas e suas
diferenças

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 3. Diga quais as razoes de existência dos conceitos

Maluana, 03 de Março de 2023