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Uma das principais estratégias para a contenção da COVID-19 é o distanciamento físico, ainda mais na

fase de acelerada expansão de casos, época que fora realizada a pesquisa. Porém, apesar de sua
importância para a contenção da COVID-19, o distanciamento físico tem um custo considerável para as
pessoas, porque implica na redução de seus contatos ou em não ter contato com pessoas que são muito
importantes umas para as outras (Pfatticher, Nockur, Bohm, Sassenrath & Petersen, 2020

Em estudo, Pfattheicher (fataiker)et. al. (2000) ressaltam o papel que componentes socioemocionais
como a empatia e a prosocialibidade podem ter na mobilização do comportamento da população,
diante de uma emergência sanitária, como a pandemia da COVID-19.

O objetivo principal deste trabalho foi investigar se existem relações entre empatia, prosociabilidade e a
adesão a medidas de combate à COVID-19 em uma amostra de participantes brasileiros. Além disso,
buscou-se verificar se as atitudes e comportamentos da população em relação à COVID-19 estariam
associados variáveis: sexo, idade, renda, escolaridade, orientação política, concordância com
manifestações públicas de apoio e de crítica ao distanciamento social, e dados epide miológicos
relacionados à evolução da doença no país.

Os dados foram coletados ao longo de nove semanas, entre os meses de outubro e dezembro de 2020.
A amostra final foi composta por 704 respondentes das cinco regiões do Brasil, com idades variando
entre 18 e 68 anos de idade. Os participantes responderam questões destinadas para o levantamento
de dados sociodemográficos, avaliação da empatia, prosociabilidade, adesão ao distanciamento físico e
concordância com frases ditas por figuras de autoridade brasileiras em relação a pandemia. Também
foram coletados os dados referentes ao número de casos de COVID-19 e de óbitos decorrentes da
doença registrados nas cidades dos respondentes e os números absolutos no Brasil, no dia em que as
pessoas responderam ao formulário. Para tanto, recorreu-se ao Painel Coronavírus, mantido pelo
Ministério da Saúde brasileiro (https://covid.saude.gov.br/).

O maior nível de escolaridade se associou significativamente com o uso de máscaras e adoção de


medidas de contenção do vírus,

Foram observadas correlações significativas entre a percepção da importância de que todos pratiquem o
distanciamento físico e o grau de concordância com pronunciamentos públicos de apoio e de crítica ao
distanciamento físico durante a pandemia.

correlações significativas fracas entre as medidas de empatia e de prosociabilidade e o comportamento


e atitudes em relação à pandemia. O resultado que a consideração empática predisse significativamente
a intenção de não praticar o distanciamento físico nos próximos meses foi inesperado, contrariando
nossas expectativas iniciais. Tomando-se como base a literatura no campo da empatia, era esperado que
pessoas com maior compaixão e preocupação em relação aos outros demonstrassem maior intenção de
aderir ao distanciamento físico, já que essa prática, em um contexto de pandemia, é compreendida
como uma medida de cuidado interpessoal (Pfattheicher et al., 2020a). Supõe-se que tal resultado
ocorreu porque os respondentes podem ter tido uma compreensão não planejada dos itens que foram
usados para mensurar a intenção de não praticar o distanciamento nos próximos meses, e tentaram
manifestar intenção de se engajar em comportamentos que representariam formas de cuidado com o
outro, mas que envolveriam a necessidade de interagir mais com outras pessoas.

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