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SUMÁRIO EXECUTIVO

A chegada da 5ª década da epidemia de AIDS sob o impacto da pandemia de COVID-19


traz importantes desafios para a prevenção do HIV e da AIDS. A reafirmação dos princípios
ético-políticos que fundamentaram respostas bem-sucedidas à AIDS no Brasil é relevante
para que não desperdicemos tal experiência. Recuperamos, neste documento, experiências
como a invenção do sexo seguro, a redução de danos, o controle do sangue e a mobilização
para o acesso universal ao tratamento para apontar caminhos para reimaginarmos a
prevenção e recomendamos abordagens e um pacote mínimo de recursos preventivos de
acesso universal.

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REAFIRMANDO PRINCÍPIOS ÉTICOS E POLÍTICOS
A última década foi marcada pela promessa do fim da epidemia de AIDS, o que não se
efetivou. É inegável, no entanto, que chegamos ao início desta 5ª década da epidemia com
um contexto bastante diverso. Impactados com a chegada da COVID-19, experimentamos
uma forma de adoecimento muito distinta da AIDS, mas que compartilha inúmeras
condições de vulnerabilidade. Ademais, a pandemia da COVID-19 teve impactos negativos
nos cuidados em saúde em geral e no que tange ao HIV: no acesso das pessoas aos
recursos preventivos, aos testes diagnósticos e aos serviços de saúde. Neste contexto, é
valioso que possamos recuperar alguns dos sucessos das quatro décadas de experiência
com a epidemia de AIDS.

Partimos da compreensão de que um momento de grandes desafios se configura


como uma oportunidade para a reflexão crítica e a construção de novos caminhos. Para
contribuir com aqueles que, nos mais diversos espaços, vêm atuando no campo da AIDS,
a ABIA vem reafirmar os princípios éticos e políticos que fundamentam respostas bem-
sucedidas à AIDS no Brasil, particularmente no que tange à prevenção da infecção pelo
HIV e do adoecimento pela AIDS. Reafirmamos, assim, que experiências bem-sucedidas
de políticas de AIDS baseiam-se:

✓ na defesa dos direitos humanos;

✓ no reconhecimento inequívoco da solidariedade como modo de compreensão e de


enfrentamento dos determinantes da AIDS;

✓ no respeito à autonomia das pessoas;

✓ na abordagem aberta, positiva e não-repressiva da sexualidade e do uso de drogas;

✓ no reconhecimento de que as práticas são mediadas pelo contexto e, portanto, sua


transformação depende de ações integradas intersetoriais e interdisciplinares;

✓ no enfrentamento das desigualdades e injustiças sociais e dos processos de


estigmatização e discriminação, compreendidos como relações de poder; e

✓ na gestão participativa, articulando as próprias comunidades envolvidas, ativistas,


especialistas, gestores e pesquisadores na sua construção, desenvolvimento e controle.

Este documento reúne experiências emblemáticas destes princípios em ação como um


convite ao diálogo e à troca com quem está ousando inventar e agir em sua comunidade.
A recuperação de experiências bem-sucedidas não pretende mobilizar sua reprodução e

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repetição, mas busca evitar o desperdício1 da extensa e rica experiência brasileira – que
tanto já nos orgulhou e pode ser inspiradora para quem está comprometido com o campo.

Este documento é produto de várias fontes de informação e inspiração. Partindo da


compreensão de que o campo da AIDS integra as respostas coletivas produzidas
articuladamente entre ativistas, comunidade, pesquisadores, profissionais e gestores,
realizamos reuniões com estes atores para ouvir lições da sua experiência (para ver com
quem dialogamos, consulte a seção de Agradecimentos na página 16). Dialogamos
com a literatura científica e efetivamos recuperação histórica da experiência da resposta
brasileira à epidemia. Também tivemos importantes aprendizados com os participantes de
inúmeros eventos e atividades realizados pela ABIA, como seminários, capacitações, rodas
de conversas, e outras experiências do nosso cotidiano institucional.

1   Para conhecer mais sobre a noção de desperdício da experiência na resposta brasileira à AIDS, veja em: SEFFNER, Fernando;
PARKER, Richard. Desperdício da experiência e precarização da vida: momento político contemporâneo da resposta brasileira à
AIDS. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 20, p. 293-304, 2016, Disponível em: https://www.scielosp.org/article/icse/2016.
v20n57/293-304/ (acesso em 28.nov.2021).

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RECUPERANDO A EXPERIÊNCIA
Diferentemente de quando surgiu a AIDS, temos na atualidade um conjunto de recursos
tecnológicos que permitem que pessoas se protejam da infecção pelo HIV e que aqueles
que se infectaram possam ser cuidados, acessar o tratamento e viver com dignidade e
qualidade de vida. A existência de tais recursos mobilizou, nesta última década, enorme
expectativa com o fim da AIDS. Entretanto, apesar de tais recursos tecnológicos, infecções
por HIV e adoecimento e morte por AIDS continuam acontecendo e há grupos sociais
particularmente afetados.

O Brasil tem uma epidemia de HIV e AIDS concentrada em grupos mais vulneráveis, com
ênfase em homens gays, outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres
trans e travestis, em particular jovens. Apesar de sermos todos suscetíveis à infecção pelo
HIV, observamos historicamente diferenças na distribuição dos casos de infecção pelo HIV
e morte por AIDS. Tais diferenças estão frequentemente associadas a formas desiguais
de distribuição dos recursos sociais, a hierarquias sociais que permitem que alguns
possam se proteger e outros fiquem subordinados em suas possibilidades, a processos
de estigmatização e discriminação que justificam socialmente a distribuição desigual de
recursos e de oportunidades.

Quando a AIDS surgiu no Brasil, o país vivia o período final da ditadura civil-militar e o início
do processo de abertura e redemocratização. Foi muito importante para constituir a resposta
brasileira à epidemia, a intensa mobilização da sociedade civil em prol da democracia que
marcava a sociedade brasileira neste período histórico por meio de articulações entre o
movimento pela reforma sanitária, o movimento feminista e de mulheres, o emergente
movimento homossexual e segmentos religiosos progressistas, como aqueles inspirados
pela teologia da libertação e de outras denominações religiosas. Alguns princípios éticos
e políticos, que marcam a resposta brasileira à AIDS, foram estabelecidos neste caldo.

A compreensão do caráter coletivo da experiência da doença, naquele momento incurável


e fatal, e a resistência a perspectivas moralizantes mobilizou como principal resposta social
a solidariedade. O reconhecimento de que muitas das comunidades diretamente afetadas
pela pandemia provinham de grupos historicamente estigmatizados e marginalizados
mobilizou como resposta um significativo respeito pela diversidade e combate ao estigma
e à discriminação, o que se articulou à promoção de seu reconhecimento, e dos direitos
de cidadania de todos, incluindo estes grupos marginalizados e as pessoas vivendo com
HIV e AIDS. Dentre estes direitos, destaca-se o direito à saúde, reconhecido como direito
de todos e dever do Estado na Constituição Federal promulgada em 1988, produto da
luta destes distintos e articulados movimentos sociais. Trazendo como implicação para as
políticas de AIDS, o reconhecimento do direito à prevenção e do direito ao tratamento e
ao cuidado dignos.

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Foi assim que grupos afetados pela epidemia demandaram respostas dos governos, ainda
na primeira metade dos anos 1980 (CALAZANS, 2018). Articularam-se com outros atores
sociais e constituíram as primeiras organizações do movimento de AIDS, realizando ações
de prevenção e mobilização social, pressionando os governos por políticas efetivas de
prevenção, informação, cuidado e tratamento. A forte atuação do movimento de AIDS
forjou historicamente uma relação de colaboração, crítica e pressão sobre as políticas
públicas governamentais que marcou o caráter democrático da resposta brasileira à AIDS.

Uma marca definidora da prevenção que caracterizou a resposta brasileira à AIDS se deu
por colocarmos em prática abordagens culturais e de intensa mobilização comunitária.
Na esperança de mobilizar a imaginação criativa das pessoas, vamos recuperar quatro
histórias significativas da prevenção à brasileira.

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A INVENÇÃO DO SEXO SEGURO
A AIDS está intrinsecamente associada ao sexo (PARKER, 2021). Práticas sexuais
desprotegidas são das principais vias de transmissão do vírus HIV e se constituem na sua
principal forma de propagação no Brasil, afetando homens e mulheres, cis e transexuais.
Desde o início da epidemia, alguns dos grupos mais afetados foram os homens cis
homossexuais masculinos e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), assim
como as travestis e as mulheres transexuais. Ao longo da história da prevenção, um
dos recursos preventivos mais longevos é a camisinha. Se hoje sua recomendação está
amplamente incorporada ao discurso técnico sobre prevenção, como se “use camisinha”
fosse uma prescrição, isto não foi sempre assim.

A epidemia explicitou grande diversidade sexual (entre diferentes comunidades e


segmentos populacionais) e variabilidade de práticas sexuais, colocando em xeque
concepções essencialistas e naturalistas sobre o sexo e a sexualidade. As comunidades
afetadas começaram a usar camisinha e a inventar novas práticas sexuais que implicassem
em menos riscos de infecção pelo HIV premidas pela doença fatal, pelo reforço do estigma
e da discriminação associados à sexualidade e pelas medidas restritivas de prevenção
fundadas na abstinência. Foi assim que uma invenção comunitária revolucionou a
prevenção na primeira década da epidemia, mostrando ser possível manter o desejo e uma
vida sexual prazerosa em uma epidemia: o sexo seguro (ou sexo mais seguro). Além da
camisinha, incluía estratégias como o sexo sem penetração, a masturbação compartilhada,
a adoção do sexo oral ao invés do sexo anal ou vaginal, a tomada de decisões sobre
posições (ativo/passivo) e práticas com base no status sorológico para HIV e outras formas
de segurança negociada.

A reinvenção de práticas sexuais demandou uma abordagem aberta e positiva, ampliando


as possibilidades de se falar e refletir sobre sexo e sexualidade. A transformação das práticas
também exigiu mudanças de sentidos e significados associados aos atos e às identidades,
rompendo com tabus e silêncios, dando evidência a experiências e comunidades
marginalizadas. Tais transformações só foram possíveis, pois foram protagonizadas pelas
comunidades diretamente afetadas que dominavam a linguagem própria de suas culturas
sexuais, suficientemente para ousar construir “inéditos viáveis” (FREIRE, 2021; PAIVA, 2002).
Ou seja, soluções para situações-limite que só são possíveis a partir da reflexão crítica dos
sujeitos envolvidos, constituindo-se como projetos coletivos mobilizados pela denúncia e
a indignação com o lugar atribuído socialmente a tais sujeitos (PARO e cols., 2019).

Tristemente, no entanto, na medida em que a proposição do sexo seguro (ou mais seguro)
foi sendo incorporada ao discurso oficial da prevenção e adquirindo caráter técnico,
ela também foi perdendo sua capacidade de falar para as pessoas que mais precisam
(PINHEIRO, 2015; PINHEIRO, 2018; CALAZANS, 2019).

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REDUÇÃO DE DANOS
Outra importante reinvenção da prevenção se deu com a redução de danos (RD), práticas
e discursos que visam minorar riscos e danos relacionados ao consumo de drogas, mesmo
que os usuários não quisessem ou não conseguissem interromper o uso (INGLEZ-DIAS e
cols., 2014) e defender seus direitos, respeitando sua autonomia individual e afastando-
se de julgamentos morais. A ênfase da RD é nas pessoas usuárias e não nas drogas
consumidas, assim como na prevenção de danos, como a infecção pelo HIV, e não na
prevenção do uso de drogas (IHRA, 2010). Entre as ações mobilizadas incluíam-se de forma
integrada a garantia da troca de seringas e agulhas usadas por novas, oferta de tratamento
para dependência e doenças clínicas, vacinação e distribuição de material educativo,
camisinhas e kits para injeção mais segura. Outra inovação se deu com a inclusão dos
usuários de drogas injetáveis como agentes de redução de danos, o que rompeu com sua
clandestinidade e apagamento e os reconheceu como promotores de saúde, cuidados e
cidadania.

Tratou-se, novamente, de uma abordagem comunitária da prevenção mobilizada por uma


comunidade discriminada e julgada moralmente, tanto pela ilegalidade das drogas, como
pela atribuição de sentidos de frouxidão moral associados ao seu uso. A despeito das
inúmeras dificuldades enfrentadas, como a repressão policial aos redutores de danos,
foram estabelecidas políticas ousadas, que chegaram a ser legalizadas e implantadas
nacionalmente por municípios, estados e governo federal.

Posteriormente, os princípios da RD – de ênfase nas pessoas e suas reais possibilidades


de ação e contextos de vida, não-julgamento e redução de danos e riscos – foram
transferidos para o contexto da prevenção da transmissão sexual do HIV em noções como
o posicionamento estratégico2 e a segurança negociada3 (TERTO JR., 2015).

2   A decisão sobre que posição tomar nas práticas sexuais (ativo/receptivo) em função do status sorológico (positivo/negativo/
interrogativo).

3   O uso de camisinha com parceiros casuais.

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O CONTROLE DO SANGUE
Surpreendentemente para muitos de nós, até a década de 1980 era possível comercializar
sangue e produtos derivados no Brasil. O que se tornou importante via de infecção pelo
HIV, especialmente entre pessoas com hemofilia que dependem de transfusões frequentes
e se transformaram em um dos primeiros segmentos da população afetados pela AIDS.
A transmissão sanguínea de doenças (como Chagas e hepatites) já era frequente no país,
mas não conseguia sensibilizar a outros segmentos sociais para impulsionar mudanças.
No contexto de profundas desigualdades sociais e crise econômica, que marcava o país
naquela década, a doação de sangue podia ser compensada financeiramente, muitas vezes
em um mercado clandestino e sem regulamentação, possibilitando situação ampla e livre
de exploração dos doadores de sangue “voluntários” (SANTOS, MORAES e COELHO, 1992;
CALAZANS 2019; PARKER, 2020; PARKER, 2021).

Este debate ganhou destaque em meados dos anos 1980, quando figuras públicas que
foram infectadas pelo HIV por transfusões de sangue vieram a público e mobilizaram
simpatia e solidariedade da sociedade. Com o aumento do número de casos de HIV entre
pessoas com hemofilia houve crescente insatisfação pública com a falta de controle sobre
o sangue, o que mobilizou discussão acirrada sobre o papel dos setores público e privado
na organização dos serviços de saúde e a necessidade de controle público sobre o setor
privado. Este debate e as articulações políticas em torno das noções de solidariedade
e injustiça aproximaram ainda mais o movimento da reforma sanitária e o movimento
de AIDS em suas lutas e seus discursos em prol da responsabilização do Estado, como
representação da coletividade, pelo direito à saúde (PARKER, 2020; PARKER, 2021).

Esta foi uma importante discussão da VIII Conferência Nacional de Saúde, a primeira a
contar com intensa participação social (NORONHA e cols., 2009), e orientou a reforma
sanitária brasileira que se consumou, a partir dos debates ocorridos na Assembleia
Constituinte, na Constituição Federal de 1988 (PARKER, 2020; PARKER, 2021). O período
entre os dois eventos, de 1986 a 1988, foi palco de vigorosa articulação liderada por
Betinho e a ABIA envolvendo uma ampla gama de atores da sociedade civil. Coalizão
que culminou na iniciativa Pacto de Sangue – que promoveu mobilização social sobre o
controle do sangue e ofertou assistência jurídica contra o governo e bancos de sangue
para pessoas que se infectaram – e na campanha “Salve o Sangue do Povo Brasileiro” –
de defesa da proibição do comércio de sangue e seus derivados voltada à Assembleia
Constituinte com o slogan “Sangue não é mercadoria”, por meio de protestos públicos,
teatro de rua e outros dispositivos de mobilização (PARKER, 2020; PARKER, 2021).

Estas fortes coalizões para o enfrentamento de uma luta em comum promoveram


uma importante política de solidariedade, buscando a luta em comum e não a cisão
entre “inocentes” e “culpados” dentre as pessoas infectadas pelo HIV. Por meio de
ações e campanhas de mobilização da opinião pública e da Assembleia Constituinte,

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protagonizaram uma potente intervenção estrutural: a aprovação de um marco legal que
proibiu a comercialização do sangue e seus derivados e assegurou seu controle estatal
no país. Contribuíram fortemente, ainda, para assegurar, na Constituição Federal, a saúde
como direito de todos e dever do Estado, garantida por um sistema único e público, que
pode ser complementado pelo setor privado, sob regulamentação, fiscalização e controle
públicos. Ainda em 1988, foi promulgada a Lei Henfil4 que estabeleceu a obrigatoriedade
da realização de exames laboratoriais no sangue coletado, para prevenir a propagação de
doenças, reduzindo a transmissão de HIV pelo sangue transfundido a níveis desprezíveis.
Uma importante lição do caso do controle do sangue nos mostra que a prevenção
depende de mobilização social e política para assegurar o bom uso dos recursos técnicos
disponíveis.

4   Lei nº 7.649, de 25 de janeiro de 1988. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1988/lei-7649-25-janeiro-1988-


368221-publicacaooriginal-1-pl.html [acesso em: 18.10.2021].

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A MOBILIZAÇÃO PARA ACESSO UNIVERSAL AO TRATAMENTO
Outra conquista que caracterizou a resposta brasileira foi a distribuição gratuita e universal
dos antirretrovirais (ARV) que compõem a terapia tríplice, ou o “coquetel”, como ficou
conhecido. Isso se deu a partir de 1996, poucos meses depois de ter sido relatada a eficácia
da terapia antirretroviral altamente ativa (Highly Active Antiretroviral Therapy, HAART) na
Conferência de AIDS de Vancouver. Anteriormente, desde 1988, houve o fornecimento de
medicamentos para infecções oportunistas e, desde 1991, a oferta da terapia antirretroviral
disponível. A terapia tríplice propiciou mudança significativa na qualidade de vida das
PVHA, diminuição da mortalidade e transformação da experiência social com a AIDS. Este
direito foi assegurado pela Lei Sarney5 (GALVÃO, 2002).

Inúmeros organismos internacionais discordavam da política nacional de tratamento para


a AIDS. Advogavam que países em desenvolvimento só deveriam investir em prevenção,
com base em argumentos epidemiológicos e econômicos, enfatizando a ideia de
“controle da epidemia” como norte central de uma política de AIDS (CALAZANS, 2018).
Desconsiderando, desta forma, as vidas daqueles vivendo com o HIV e a AIDS.

Uma forte resistência mobilizou e uniu a distintos atores que compõem a resposta nacional
à epidemia – ativistas, técnicos e gestores de políticas públicas e pessoas da universidade
– em defesa da indissociabilidade entre tratamento e prevenção. A elaboração deste
discurso foi tributada à adoção do conceito de vulnerabilidade, tendo por referência os
direitos (CALAZANS, 2018). Nessa perspectiva, ter acesso à prevenção é direito das pessoas
soronegativas, enquanto ter acesso ao tratamento é direito das pessoas soropositivas,
assegurando-se a todos o direito à saúde.

Gradualmente, foi se reconhecendo no cenário internacional o acerto deste horizonte ético


e mais países passaram a dispor de políticas de acesso à terapia antirretroviral. Constatou-
se também seu papel em reduzir a circulação comunitária do vírus, o que posteriormente
veio a orientar políticas como o estabelecimento das metas 90-90-906 (UNAIDS, 2014)
e outras políticas de prevenção como a da transmissão vertical (CONNOR e cols., 1994;
SPERLING e cols., 1996), Testar e Tratar (MONTANER e cols., 2006; DIEFFENBACH & FAUCI,
2009; GRANICH e cols., 2009), Tratamento como Prevenção (COHEN e cols., 2011), quando
se comprovou que pessoas soropositivas que obtinham a supressão viral por meio da
adoção dos antirretrovirais não transmitiam o vírus. Esta constatação é que permitiu o
desenvolvimento de campanhas com abordagens positivas como a de Indetectável =
Intransmissível. Abriu caminho também para a adoção de ARV em estratégias de prevenção

5   Lei n° 9.313, de 13 de novembro de 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9313.htm [acesso em:
18.10.2021].

6   Meta estabelecida pelo UNAIDS que prevê que 90% da população deve ser testada, 90% daqueles identificados como soropositivos
devem ser tratados e 90% dos tratados devem ter carga viral indetectável. Disponível em: http://www.unaids.org/en/resources/
documents/2017/90-90-90 [acesso em: 18.10.2021].

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voltadas a pessoas soronegativas para o HIV, como as profilaxias pré- e pós-exposição
(PrEP e PEP) (GRANT e cols., 2014; GRANGEIRO e cols., 2015).

Apesar dos bons resultados do Brasil no acesso aos ARV, questões como os altos preços
dos medicamentos, regulações internacionais de comércio, transferência de tecnologia
e propriedade intelectual, ainda são grandes obstáculos para a sustentabilidade e a
ampliação do programa brasileiro de acesso a ARV, tanto para tratamento, como para a
prevenção.

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REIMAGINANDO A PREVENÇÃO
Muitas destas abordagens preventivas de base comunitária foram gradualmente sendo
incorporadas aos serviços do SUS. Isso se deu com a expectativa de ampliação da
escala das ações de prevenção dada a grande capilaridade da rede de serviços, o que
permitiria ampliar significativamente o acesso da população e a cobertura das ações de
prevenção, otimizando recursos financeiros e humanos. Entretanto, o distanciamento das
comunidades afetadas, da sua experiência de indignação e dos seus valores fez com que
a prevenção fosse se tornando progressivamente mais normativa e tecnicista (CALAZANS,
2018; FERRAZ, 2021; PINHEIRO, 2018; PINHEIRO, 2021).

Sob o modelo vigente da prevenção combinada, é importante reconhecer que a


abordagem atual da prevenção tem ênfase excessiva na dimensão biomédica da
prevenção, com enfoque predominantemente prescritivo e normativo, fundada no discurso
técnico, esvaziada de sentidos práticos e das necessárias conexões com a vida daqueles
mais afetados pelo HIV e a AIDS. A noção de prevenção combinada que adotamos –
considerando que se trata de um termo em disputa –, incorpora, além das estratégias de
prevenção biomédicas e comportamentais, também as estratégias culturais e estruturais,
que devem estar fundamentadas em direitos e na mobilização social. É central refletirmos
criticamente sobre a linguagem e os conceitos que orientam as ações de prevenção e a sua
interface com as relações de poder (PARKER e cols., 2016). Incorporando uma abordagem
interseccional que articule gênero, raça, sexualidade, classe, território, e combinando o
conceito de vulnerabilidade com o de direitos humanos, como instrumento de análise e
intervenção social. A perspectiva da vulnerabilidade e dos direitos humanos fornece meios
para compreender os aspectos comportamentais da prevenção (dimensão individual), à
luz das suas relações com os contextos materiais e culturais das pessoas e comunidades
afetadas (dimensão social) e com as características das políticas, programas, serviços e
recursos disponíveis nestes contextos (dimensão programática) (AYRES e cols., 2021).

Para favorecer e mobilizar capacidades de respostas, precisamos de uma pedagogia da


prevenção de caráter dialógico, fundamentada na educação popular, com metodologias
que permitam construir conjuntamente entre técnicos, pessoas e comunidades para
quem se dirige a prevenção, assegurando autonomia e liberdade de escolha dos recursos
preventivos mais convenientes a cada pessoa que deles precise (PAIVA, 2012; ZUCCHI e
cols., 2018).

Para não desperdiçarmos a experiência que constitui o sucesso da resposta brasileira, as


políticas de prevenção devem fundar-se em duas abordagens centrais:

✓ a redução de riscos, de forma a abordar o que é possível na vida das pessoas,


considerando os diferentes momentos de vida e das relações, não enfocando apenas as
dimensões normativas, mas levando a sério o que as pessoas estão fazendo, pensando

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e falando, valorizando a escuta sobre o que se sabe, como se entende, sobre as práticas
e com ênfase radical na dimensão comunitária da prevenção, mobilizando redes de
profissionais de saúde e de atores da sociedade civil; e

✓ a redução de vulnerabilidades, buscando assegurar a reestruturação da prevenção


combinada, tendo a dimensão social, em seu caráter estrutural – considerando relações
de poder, iniquidades, processos de discriminação e estigmatização – e os princípios
de direitos humanos e justiça social no centro da estratégia, sem abandonar as outras
dimensões.

Tendo em vista recomendações de políticas de prevenção, sugerimos duas abordagens


diferentes e complementares:

✓ Para a população geral: recomenda-se a institucionalização de políticas articuladas


de educação, saúde, informação e mobilização social; e

✓ Para a população mais vulnerável: sugerem-se ações mais focadas e intensivas


nos seus espaços de encontro e nos seus termos.

Apresentamos um conjunto de recomendações, agrupadas segundo as dimensões de


vulnerabilidade — individual, social e programática (MANN e cols., 1993; PAIVA e cols.,
2012):

1 – Na dimensão individual – considerando as práticas sexuais e de uso de álcool e


drogas:

✓ Para garantir grau e qualidade da informação, destacamos a relevância das ações de


comunicação em saúde em diferentes meios (impresso, rádio, internet e redes sociais),
reconhecendo a limitação de acesso à internet por parte da população e, por isso,
a necessidade de se trabalhar também com os meios tradicionais e disponíveis nos
serviços de saúde.

✓ Considerando a capacidade de elaborar as informações disponíveis e as incorporar


aos repertórios cotidianos de preocupações, bem como de transformá-las em práticas
protegidas e protetoras, é fundamental reconhecer o aspecto relacional da comunicação,
de forma a assegurar espaços de escuta e fala para pessoas e comunidades afetadas,
sem discriminações.

2 – Na dimensão social – considerando os aspectos sociais, políticos, econômicos e


culturais que constrangem as práticas individuais e institucionais, é fundamental:

✓ Estabelecer coalizões com diferentes movimentos e segmentos sociais para fomentar


contextos socioculturais abertos, positivos e não repressivos em relação à sexualidade e
ao uso de drogas;

✓ Desenvolver ações voltadas à mobilização comunitária e à promoção do debate


público acerca da prevenção, do sexo mais seguro e da redução de danos;

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✓ Defender marcos legais e políticas sociais que assegurem o reconhecimento e os
direitos das comunidades mais afetadas, a não criminalização da transmissão do HIV e
o combate à discriminação e à intolerância;

✓ Adotar estratégias culturais e estruturais para criar ambientes sociais e culturais livres
de estigmas associados à sexualidade, ao uso de drogas, aos jovens e à soropositividade
para HIV.

3 – Na dimensão programática – considerando que a vida das pessoas é mediada por


instituições sociais – como serviços de saúde, escolas, locais de trabalho – é importante
assegurar a oferta e o acesso a:

✓ Intervenções preventivas culturalmente adequadas e negociadas com as comunidades,


que valorizem a autonomia das pessoas para escolher de forma livre e cientificamente
informada sua prevenção, de acordo suas necessidades, situação afetiva, fase de vida e
seus projetos de felicidade;

✓ Mensagens de prevenção ousadas, que enfoquem o desejo e o prazer;

✓ Espaços compartilhados e comunitários de diálogo e escuta, livres de julgamentos


morais, para que as pessoas possam falar das suas dificuldades com a prevenção, trocar
conhecimentos e que propiciem invenções comunitárias para superar tais dificuldades;

✓ Acolhimento e aconselhamento que propiciem avaliação de risco e vulnerabilidade


nas práticas sexuais e de uso de álcool e drogas, subsidiem as escolhas de recurso
preventivo e apoiem na sua adesão a ele e ao seguimento clínico;

✓ Pacote mínimo de recursos preventivos para todas as pessoas, que precisem e queiram,
com: informações sobre sexo mais seguro, redução de danos e prevenção combinada;
camisinhas (interna e externa); gel lubrificante; kit de redução de danos; testes para HIV
e as demais infecções sexualmente transmissíveis (IST); profilaxias pré- e pós-exposição
(PrEP – oral e injetável – e PEP); vacinas para hepatite B e HPV; acesso universal ao
diagnóstico oportuno e à terapia antirretroviral, assegurando o Tratamento como
Prevenção; prevenção da transmissão vertical;

✓ Ações de prevenção fundamentadas no princípio da equidade, articulando pelo


menos sexualidade, gênero, raça, classe e território como marcadores importantes do
acesso e da adesão aos recursos preventivos;

✓ Acolhimento dos jovens em espaços amigáveis, conjugando diagnóstico e tratamento


no mesmo momento, ampliando os cenários de acesso, adotando estratégias de
educação entre pares e com a comunidade local;

✓ PEP e PrEP, de forma simplificada e universal, distinguindo da prescrição de tratamento


para HIV, expandindo também para a Atenção Básica.

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✓ Ações que manejem o temor do estigma – sobre os jovens, a sexualidade e o HIV e
a AIDS – e mobilizem articulações intersetoriais para a constituição de redes de apoio
social para aqueles a quem se dirigem as ações de prevenção.

Ao elaborar este documento esperamos que possa se constituir em uma ferramenta a ser
utilizada por atores da sociedade civil e operadores locais da política de saúde e de outras
políticas intersetoriais, espalhados pelo país. De forma a promover diálogos, reencantar
a imaginação e favorecer sua incidência política sobre planejamentos locais, municipais
e estaduais. Tomando como inspiração respostas culturais e sociais à epidemia que já
mobilizaram transformações profundas na sociedade brasileira.

Nossa experiência com a pandemia da COVID-19 tem nos mostrado sobre inúmeros
prejuízos compartilhados, reforçando o ensinamento sobre o caráter coletivo de uma
pandemia. Ao mesmo tempo em que expressa como tais prejuízos são desigualmente
distribuídos em nossa coletividade. É notável, entretanto, como os discursos públicos
sobre doenças e epidemias tendem a reforçar a responsabilização individual das pessoas
diante da prevenção e do cuidado. Informações7 nos mostram, entretanto, como neste
momento de crise houve queda na dispensação de antirretrovirais a PVHA e no acesso a
diagnósticos, cuidados e prevenção, pelas incontáveis dificuldades socialmente enfrentadas
nestes tempos.

As lições aprendidas com a experiência acumulada no enfrentamento da epidemia de


AIDS nos mobilizam a, novamente, reinventar a prevenção. Para isso, é crucial que as
pessoas e comunidades afetadas possam se apropriar dos desafios, incômodos, dores e
desrespeitos vividos e compartilhados – falando, expressando, trocando, refletindo – para
que possam reivindicar seus direitos, sentidos e valores mais essenciais para a prevenção
e o cuidado nesta 5ª década com ousadia, mobilização e resistências coletivas. Neste
contexto, é imprescindível que técnicos e gestores se mantenham abertos e disponíveis
para escutar as demandas de pessoas e comunidades afetadas pelo HIV e a AIDS de forma
a assegurar as respostas mais convenientes às suas necessidades singulares.

7   Ver mais em: http://www.aids.gov.br/pt-br/painelcovidHIV

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AGRADECIMENTOS
A prevenção é sempre uma construção coletiva. Queremos, portanto, agradecer aos
participantes de diversos grupos de discussão realizados para apoiar a construção deste
texto: Alexandre Grangeiro, Carlos Duarte, Cláudia Santamarina, Cristina Pimenta, David
Oliveira, Denize Lotufo, Inês Dourado, Jorge Beloqui, Juan Carlos Raxach, Marcelo Jardim,
Márcia Lima, Maria Inês B. Nemes, Maria Letícia Ikeda, Nêmora Barcellos, Rafael Sann,
Ronaldo Hallal, Sílvia Aloia, Simone Monteiro, Thiago Torres, Vagner de Almeida e Vera Paiva.
Também queremos agradecer aos membros da equipe da ABIA pelas suas contribuições
ao longo deste processo e os diversos participantes das atividades (rodas de conversa,
capacitações e seminários) realizadas pela ABIA com temáticas de relevância direta para
o conteúdo deste documento. Qualquer limitação nos argumentos desenvolvidos aqui é
responsabilidade da coordenação editorial.

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EXPEDIENTE
Diretor Presidente: Associados/as Participantes:
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Visite também:
Observatório Global de Políticas de AIDS
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Grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual (GTPI):
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Observatório de Sexualidade e Política
(SPW, sigla em inglês): www.sxpolitics.org
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Esta publicação tem a cooperação da UNESCO no âmbito do Projeto 914BRZ1138, o qual tem
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da resposta nacional às IST, aids, hepatites virais, com foco na prevenção e educação em saúde,
bem como na ampliação do acesso e qualidade dos serviços prestados às populações vulneráveis.
As indicações de nomes e a apresentação do material ao longo deste livro não implicam a
manifestação de qualquer opinião por parte da UNESCO a respeito da condição jurídica de
qualquer país, território, cidade, região ou de suas autoridades, tampouco da delimitação de suas
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