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Alunos: Carlos Amorim

Manacir Neto
Matheus C. Rotta
Roger Azulay
Rafael Laurido

Turma: 011

Curso: Medicina

Disciplina: Ecologia, Sociologia e Antropologia

Professor: Sully Sampaio

MANAUS - AM

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2024
FICHAMENTO 1

TÍTULO: Desigualdades em Saúde: uma perspectiva global.

AUTOR: Maurício Lima Barreto.

O artigo tem como objetivo apresentar as desigualdades em saúde como problema


global, que afligem as populações dos países mais pobres, mas também as dos mais
ricos, e cuja persistência torna-se um dos mais sérios problemas no campo da saúde
e desafiante para todos que buscam soluções. Diferenciam-se dois componentes das
desigualdades globais: as entre grupos de uma mesma sociedade e as entre nações.
O entendimento de que grande parte destas desigualdades são injustas, portanto
iniquidades, vem dominantemente das existentes entre os diversos grupos sociais de
uma dada sociedade. As desigualdades entre as diversas sociedades e nações,
enquanto relevantes e muitas vezes de maior magnitude, nem sempre são
consideradas injustas. As soluções propostas têm sido várias e variam de acordo com
a fundamentação teórica e as explicações adotadas. Em nível global, a tese mais bem
elaborada tem sido em torno da melhoria dos mecanismos globais de governança.
Enquanto atrativo e com evidências favoráveis, são insuficientes por não incluírem o
entendimento de como o processo histórico de constituição das nações ocorreu e
como se dá o posicionamento de cada país nos circuitos produtivos globais.

A população global como um todo, está distribuída em continentes e nações com


diferentes características demográficas e geográficas. Observam-se diferenças nos
níveis de desenvolvimento e de riqueza, além de outras, fenotípicas e culturais, que
formarão um conjunto diversificado de etnias. Algumas delas, que poderiam ser
apenas diferenças (p.ex homens e mulheres), transformam-se em desigualdades e,
com muita frequência, em iniquidades, na medida em que por relações
essencialmente de poder, o acesso e a posse aos bens, serviços e riqueza, fruto do
trabalho coletivo e acumulado através de gerações, são desigualmente distribuídos.
Estas desigualdades, com frequência, transferem-se para o campo da saúde,
tornando-se visíveis seja nas desiguais condições de saúde dos diferentes grupos,
seja nos níveis de riscos à saúde, seja no acesso diferenciado aos recursos
disponíveis no sistema de saúde.

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O estudo das tendências históricas das condições de saúde das populações continua
sendo uma importante fonte de evidências para a determinação social da saúde e das
doenças e os diferenciais de saúde entre os países. Existem evidências de que
alterações no contexto econômico, social, político, ambiental, cultural ou
comportamental afetam as condições de saúde dos indivíduos e das populações.
Desde pelo menos o século XIX, acentuam-se evidências de que as condições de
saúde de uma população estão relacionadas com características do contexto social e
ambiental em que esta vive. A pobreza, precárias condições de moradia, o ambiente
urbano inadequado, condições de trabalho insalubres são alguns dos fatores que
afetam negativamente as condições de saúde de uma população.

A disponibilidade de dados provenientes de uma diversidade de fontes tem


desvendado e trazido novas evidências sobre a extensão das desigualdades em
saúde e, mais do que isto, evidenciando que, em muitos contextos, está em
crescimento.

Em um mundo em intensas transformações, alguns processos sociais se amplificam


com a globalização, crescendo em importância por suas implicações nas
desigualdades em saúde, dois aspectos serão aqui destacados: a urbanização e as
migrações.

A questão migratória traz um ponto importante no debate das desigualdades.


Estimativas mostram que as desigualdades sociais entre os países explicam uma
parte maior das existentes em nível global do que as dentro dos países.

Em nível global, indicadores das condições de saúde da população mostram, em


geral, tendências positivas. Porém, as observações mais detalhadas das evidências
existentes mostram que esse quadro é bem mais dinâmico. Há a persistência de
problemas de saúde ou doenças que deveriam estar erradicadas ou controladas, ou
emergência de problemas de saúde ou doenças não esperadas. Persistem e, em
muitos casos, aumentam as desigualdades nos níveis de saúde entre nações, ou
entre regiões, grupos sociais ou étnicos de uma mesma nação.

Estima-se que cerca de 800 milhões de pessoas em todo o mundo estejam


cronicamente com fome, uma em cada seis crianças nos países em desenvolvimento
está abaixo do peso e mais de um terço das mortes entre crianças menores de 5 anos
são atribuíveis à desnutrição. O acesso insuficiente a alimentos seguros e nutritivos
existe a despeito do fato de que a produção global de alimentos seja suficiente para
cobrir 120% das necessidades dietéticas globais.

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Em dias atuais, as doenças infecciosas continuam a ser a principal causa de morte
de crianças e uma das principais em adultos. Globalmente, três, entre as 10 principais
causas de óbitos, são por doenças infecciosas. Estas também respondem por 16%
das mortes, ocorridas a cada ano. A maioria dessas mortes acontece em países
pobres e em desenvolvimento e é atribuível a doenças evitáveis ou tratáveis, tais
como diarreia, infecções respiratórias, HIV/Aids, tuberculose e malária.

A construção de um mundo mais equânime tem sido aspiração de diferentes


movimentos políticos, os quais entendem que a redução das desigualdades nas
diversas esferas da vida humana é essencial e garantia para a existência e
sustentabilidade da sociedade humana. As desigualdades em saúde desnudam uma
das facetas das desigualdades prevalentes entre os seres humanos, os efeitos cruéis
e danosos sobre a própria existência, refletido nas imensas diferenças na expectativa
de vida ou na carga de doenças e sofrimentos.

Um primeiro aspecto a considerar é a consolidação de um sistema de saúde fundado


no conhecimento biomédico e nas tecnologias deles resultantes, associados a fortes
setores industriais e de serviços. Estas forças tendem a gerar e consolidar sistemas
de saúde pouco afeito conceitual e estruturalmente a se adequar ou favorecerem
ações direcionadas aos determinantes sociais da saúde.

O desenvolvimento mais recente da ação política no campo das desigualdades em


saúde tem sido a criação e a implementação do conceito de “saúde em todas as
políticas”. Esta estratégia visa incluir considerações sobre a saúde na formulação de
políticas em diferentes setores, tais como trabalho, agricultura e uso da terra,
habitação, segurança pública, educação, transporte, proteção social, etc.

O relatório final da Comissão de Determinantes Sociais em Saúde da OMS coloca


grande ênfase nas desigualdades dentro de uma mesma sociedade e menos na
existente entre as nações.

Concluindo, pode-se destacar que enquanto o interesse pela questão das


desigualdades em saúde tem crescido no ponto de vista acadêmico, o seu uso tem
sido limitado no tocante à sua introdução nas políticas públicas direcionadas à
melhoria da saúde das populações. As desigualdades sociais em saúde são um
problema global que, em maior ou menor grau, aflige todas as sociedades humanas.
As desigualdades entre as diversas sociedades e nações, enquanto relevantes e
muitas vezes de maior magnitude, nem sempre são consideradas injustas e como tal
estão sujeitas a ações políticas. Para sua solução a tese mais bem elaborada tem
sido em torno da melhoria dos mecanismos de governança global, desde que incluam

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o entendimento de como o processo histórico de constituição das nações ocorreu e
como se dá o posicionamento de cada país nos circuitos produtivos globais.

Após a leitura do artigo, indaga-se o porquê da demora e muitas vezes omissão das
políticas públicas em diminuir tal desigualdade, muito mais poderia estar sendo feito,
como por exemplo: investir em sistemas de saúde fortes, promover educação em
saúde, enfrentar disparidades étnicas e raciais, aumentar investimentos em pesquisa
e desenvolvimento, entre outras. Nos resta fiscalizar e principalmente, cobrar avanços
e melhorias.

FICHAMENTO 2

TÍTULO: Imigração, refúgio e saúde: perspectivas de análise sociocultural.


AUTORES: Denise Martin, Alejandro Goldberg, Cássio Silveira.
OBJETIVO: Como políticas de saúde e práticas institucionais podem ser projetadas
para ajudar ou aprimoradas para atender às necessidades dos imigrantes e
refugiados e reconhecer os direitos humanos? São apresentadas algumas pesquisas
e práticas sobre concepções de saúde, enfermidades e cuidados com imigrantes e,
por fim, propomos uma discussão sobre alguns conceitos antropológicos que podem
colaborar para uma abordagem menos estigmatizada dos processos de inclusão nas
instituições de saúde nacionais.

IDEIAS ABORDADAS

Os imigrantes e refugiados vivenciam diversas situações de deslocamento. Um


quadro conceitual das migrações expõe cenários variados nos processos migratórios,
apresentando conceitos distintos que elucidam os significados da imigração,
emigração e refúgio. Esses processos, originados por causas econômicas, políticas
e ambientais, levam ao deslocamento transnacional de indivíduos e famílias, os quais
enfrentam múltiplas fragilidades durante os percursos de trânsito e nas experiências
concretas de vida nas sociedades de acolhimento. Os processos migratórios
contemporâneos são um fenômeno global e têm assumido características específicas
nos diversos continentes, com destaque para a América do Sul. Isso inclui a
circulação de grupos de imigrantes em períodos de tempo relativamente curtos. Um
exemplo disso é o acordo bilateral entre os governos do Haiti e Brasil, mediado pela
Organização das Nações Unidas (ONU), que possibilitou aos imigrantes haitianos a

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obtenção do Cadastro Nacional de Pessoas Físicas (CPF), facilitando assim sua
integração no mercado de trabalho de forma mais rápida.

De maneira geral, o Brasil não se destaca no cenário mundial das migrações


internacionais, porém os fluxos migratórios internacionais que ocorreram aqui nos
últimos trinta anos ganharam relevância devido à sua importância na economia
nacional. Um dos aspectos observados é a estrutura etária composta principalmente
por jovens adultos, o que indica o papel crucial da migração laboral e também a
chegada de mão de obra qualificada. Segundo Oliveira (2013), os estrangeiros
representavam apenas 0,8% da população residente no país, o que demonstra uma
participação insignificante no contexto mundial migratório.

As questões de saúde associadas aos imigrantes muitas vezes são interpretadas


erroneamente como problemas culturais, obscurecendo as verdadeiras relações
sociais, econômicas e de poder envolvidas. Um exemplo disso é a epidemia de
saturnismo infantil ocorrida na França no final dos anos 1990, na qual crianças de
origem africana foram principalmente afetadas. Embora inicialmente tenha havido
interpretações culturais para a doença, como práticas de cura muçulmanas ou uso de
maquiagem, o autor destaca a necessidade de considerar as políticas migratórias
restritivas em vigor na França desde os anos 1970, que limitaram a imigração por
motivos de trabalho. Além disso, o caso evidencia as implicações políticas,
epidemiológicas, clínicas e culturais envolvidas na compreensão de doenças
associadas a imigrantes.

O autor enfatiza a complexidade do conceito de cultura, ressaltando a importância de


considerar todas as tradições e valores carregados pelos imigrantes no diálogo com
o sistema receptor de saúde.

Portanto, foi exposto parte dos processos migratórios internacionais e seus impactos
na sociedade brasileira, sua inclusão reforça a seriedade do debate em torno não
apenas dos refugiados e outros imigrantes, como do assunto da imigração em si,
atribuída por tantos leigos a um problema da contemporaneidade, tais pontos
enfatizam a humanidade destes indivíduos, que carregam consigo memórias e
processos de socialização próprios, e que muitas vezes não escolheram abandonar
suas casas para tentar algo novo em um lugar que lhes é estranho. Embora os países

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que recebem tais sujeitos possuem o infeliz costume de trata-los como números para
suas economias, esquecendo-se, deste modo, de que não foi apenas para o mercado
de trabalho que vieram, felizmente vem crescendo um esforço para cambiar os tipos
de tratamento a eles como o artigo prontamente pontuou, exemplificando os
processos de inclusão desses grupos como agentes comunitários oriundos dos
grupos de imigrantes e o incremento de políticas específicas para os imigrantes.

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