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Ações para cumprir

compromissos
sobre mulheres
e HIV na ALC
Ações para cumprir
compromissos sobre
mulheres e HIV na ALC

Novembro 2017
2 Diálogo de Alto Nível em Costa Rica • Novembro 2017

Preâmbulo
As e os participantes neste Diálogo de Alto Nível – Representantes dos governos, da América Latina e do Caribe; das Oficinas e Programas
Regionais das Nações Unidas na América Latina e Caribe (LAC); da Sociedade Civil organizada e dos movimentos sociais que promovem e
protegem os direitos humanos das mulheres, das jovens, adolescentes e crianças, das pessoas em situação de exclusão, discriminação e
vulnerabilidade; assim como as integrantes da Comunidade Internacional de Mulheres vivendo com HIV/Aids (ICW) – celebrado em Costa
Rica entre 21 e 22 de Novembro de 2017, consideram que: o tema central desta reunião responde a necessidade de examinar o processo
realizado e avançar na concretização das ações que permitam dar respostas á situação das mulheres com HIV na América Latina e Caribe,
tendo presente os compromissos existentes segundo se expressam em Acordos, Declarações, Tratados e Consensos regionais e globais.

Reafirmando a Declaração Política sobre HIV e Aids: em via rápida para acelerar a luta contra o HIV e por fim à epidemia de Aids para
2030. Como resultado da Reunião de Alto Nível de 2016 em que os objetivos prioritários de atenção ao HIV se alinharam com a Agenda de
Desenvolvimento 2030; em que se é reconhecido à necessidade de reforçar uma resposta que promova a igualdade de gênero mediante
a criação de ambientes propícios que defendam os direitos humanos das mulheres e atenda as necessidades das mulheres com HIV, além
de centrar atenção integral ao HIV, que inclua a prevenção e o tratamento, assim como, a atenção à saúde sexual e saúde reprodutiva e, a
violência contra as mulheres.

Lembrando que esta declaração política inclui um capítulo específico sobre igualdade em que os Estados, parte das Nações Unidas, recon-
heceram que a desigualdade socioeconômica das mulheres, compromete sua capacidade de prevenir o HIV e aplacar os efeitos da Aids.
A promoção, a proteção, o respeito dos direitos humanos e as liberdades fundamentais das mulheres devem incorporar-se em todas as
políticas e programas de atenção e resposta ao HIV/Aids.

Tomando em conta que a CEDAW conceitua “discriminação contra a mulher” em todos os aspectos, a exclusão, a restrição, baseada no sexo
que tem como objeto e resultado, prejudicam ou anular o reconhecimento, o gozo ou o exercício pela mulher, dos direitos humanos e das
liberdades fundamentais nas esferas política, econômica, social, cultural e civil, ou em qualquer outra esfera.

Tendo em mente a recomendação geral 15 da CEDAW, que indica a obrigação dos Estados de divulgar informações sobre o risco de infecção
por HIV em mulheres e crianças; que os programas de HIV prestem especial atenção às necessidades das mulheres e crianças; e incluam
informações sobre o HIV em mulheres, em relatórios e estatísticas nacionais.
Considerando a recomendação geral 19 da CEDAW, que reconhece a violência contra as mulheres como uma forma de discriminação que
inibe, gravemente, a capacidade de gozar dos direitos e das liberdades em condições de igualdade, e estabelece que é obrigação dos
Estados, o estabelecimento de medidas afirmativas para eliminá-lo, incluindo aquelas para impedir a coerção em relação à fertilidade e
reprodução.

Aceitando que a Convenção Interamericana, para Prevenir, Sancionar e Erradicar a Violência contra a mulher (Belém do Pará) define a vi-
olência contra as mulheres, os tipos de violência e os âmbitos em que ocorrem, uma vez que estabelecem deveres de aplicação imediata
e medidas progressivas para que os Estados desenvolvam leis e políticas que considerem as situações de vulnerabilidade que enfrentam
algumas mulheres com distintas condições.

Reconhecendo o Consenso de Montevidéu, adotado na primeira reunião da Conferência Regional sobre População e Desenvolvimento da
ALC, é a ferramenta regional - e global – mais avançada em matéria de direitos e populações beneficiárias dos mesmos. Que reconhece
os direitos sexuais das pessoas, o direito à detecção oportuna do HIV, o direito à saúde e acesso integral e universal ao tratamento para as
mulheres com HIV.

Ratificando o compromisso expressado na Agenda 2030, para pôr fim a todas as formas de violência e discriminação contra as mulheres
e crianças, como a violência por questões de gênero, sexual, doméstica, e contra a parceira, por meio de, entre outras coisas, a eliminação
da exploração sexual das mulheres, meninas e meninos, ao tráfico de seres humanos, feminicidio, maus tratos, violações em qualquer
circunstância e outras formas de violência sexual, as leis discriminatórias e as normas sociais que perpetuam a situação desigual das mul-
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heres e meninas, assim como, às práticas tradicionais nocivas como o casamento ou união infantil, precoce e forçada, a gravidez forçada,
a esterilização forçada, em particular das mulheres que vivem com HIV, já que podem ter efeitos graves e duradouros sobre a saúde e bem
estar das mulheres e meninas durante sua vida, contribuindo para aumentar sua vulnerabilidade ao HIV.

Lembrando que a Declaração de Compromisso na luta contra o HIV e Aids (UNGASS, 2001); a Declaração Política sobre HIV e a Aids (NY,
2011); e a Resolução sobre mulheres, crianças e HIV e Aids (CSW, 2016); tiveram como base a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
tendo recuperado compromissos e avanços das nações para construção da igualdade de gênero e os direitos humanos das mulheres.

Reconhecendo que, apesar dos significativos avanços que a região fez na promoção, proteção e garantia dos direitos humanos nos últimos
20 anos, estas conquistas não atingiram todas as pessoas e que, embora as políticas de inclusão econômica e social têm ampliado as
oportunidades e o bem estar, muitas pessoas continua vivendo em condições de extrema pobreza, enfrentando desigualdades e sem o pleno
exercício de seus direitos.

Reafirmando que a promoção e a proteção dos direitos sexuais e direitos reprodutivos são essenciais para conquista da justiça social e
dos compromissos nacionais, regionais e mundiais, para o desenvolvimento sustentável, em seus 3 pilares: social, econômico e ambiental.
Destacando que a elaboração de estatísticas públicas realizadas por distintos organismos do Estado devem seguir a lógica inclusiva e de
ampliação dos direitos levantados das políticas públicas e que a geração de informações sobre as mulheres vivendo com HIV na região,
constituem insumo básico para a elaboração de políticas públicas, sendo de vital importância em favor do acompanhamento dos objetivos
estabelecidos nas agendas nacionais e regionais.

Reconhecendo o avanço regional e o desenvolvimento de leis, políticas e programas de resposta ao HIV que garantiu, progressivamente, o
acesso ao tratamento com anti retrovirais.

Ressaltando que, apesar das conquistas alcançadas em resposta ao HIV na região, existem lacunas de gênero – em matéria de políticas e
programas, de capacidade institucional e financeira – na implementação dos compromissos assumidos pelas nações latino- americanas.

Sublinhando que a violação dos direitos humanos e as desigualdades de gênero constituem importantes barreiras para avançar na resposta
nacional ao HIV, e que estas produzem danos severos às pessoas que vivem com HIV ou afetadas por ele, ao mesmo tempo criam um am-
biente social e político que reduzem suas vidas e opções de desenvolvimento e acesso a serviços e recursos.

Reconhecendo que as metas da estratégia 90-90-90 não podem se alcançadas, se não atender de maneira diferenciada as necessidades,
especificidades e condições das mulheres, para o diagnóstico, a atenção, o cuidado e a aderência ao tratamento.

Reafirmando as descobertas na investigação da CIM/OEA sobre a falta de proteção e promoção dos direitos humanos de todas as mulheres,
incluindo seus direitos à saúde sexual e reprodutiva, como estabelece o Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e
Desenvolvimento, a Plataforma de Ação de Beiijing e os documentos finais de suas conferências exame, reconhecendo que o acesso insu-
ficiente ao mais alto nível possível de saúde física e mental, agravam os efeitos da epidemia, especialmente entre as mulheres e meninas,
aumentando sua vulnerabilidade e colocando em risco a sobrevivência das gerações presentes e futuras.

Destacando as importantes contribuições da sociedade civil, outros atores não governamentais e- prioritariamente – as próprias mulheres
vivendo com HIV, na promoção de compromissos internacionais e na implementação de ações para sua realização.

Princípios Gerais
Reafirmamos que os direitos humanos são inerentes a todas as pessoas, sem distinção alguma de sua nacionalidade, lugar de residência,
sexo, etnia, cor, religião, língua, orientação sexual, identidade de gênero, condição de saúde ou qualquer outra circunstância.

Reafirmando, ainda, que os direitos humanos são universais, irrenunciáveis, inalienáveis, interdependentes e indivisíveis.

Reafirmando que os princípios dos direitos humanos devem ser interpretados de forma mais ampla e protetora possível.
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Decidem adotar os seguintes princípios gerais:


Reafirmar que as ações aqui contidas, fruto do acúmulo histórico das discussões, acordos, tratados, declarações e compromissos, são
referencias indispensáveis das resoluções de cada país.

Reafirmar que o secularismo do Estado e o fortalecimento das formas participativas de governo são fundamentais para garantir o exercício
pleno dos direitos humanos, aprofundarem a democracia e eliminar a discriminação contra as pessoas e as mulheres que vivem com HIV.

Reafirmar que o princípio de maior envolvimento das pessoas com HIV ou Aids (MIPA) – endossado durante a Cúpula de París sobre Aids
em 1994 – seguindo crítico para uma resposta efetiva para a epidemia, entendendo que o Maior Envolvimento, das Pessoas com ou Afe-
tadas por HIV, especificamente as mulheres com HIV, podem combater o estigma, a discriminação e oferecer soluções na concepção de
programas e políticas públicas.

Insistir que o estigma e a discriminação, associados ao status sorológico e a violência – incluindo o abuso sexual, a violação dos direitos
sexuais e reprodutivos - ou mesmo as limitações de acesso ao trabalho, à falta de conhecimento de direitos e o pouco empoderamento da
maioria das mulheres com HIV, são os principais obstáculos, intimamente relacionados com as assimetrias que geram as desigualdades
de gênero.

Afirmar que a liberdade, capacidade e reconhecimento dos direitos sexuais e reprodutivos, assim como o direito a tomar decisões, empod-
eram as pessoas para desenvolver seu potencial e assim, participar plenamente nas áreas econômica e social; que o direito a uma vida livre
de violência, à saúde, à educação, à habitação e meios de vida, permitem o pleno empoderamento e inclusão das pessoas.

Reconhecer que apesar dos avanços na cobertura do tratamento com anti-retrovirais e na diminuição da transmissão vertical do HIV, contin-
uam vigentes os desafios em matéria de conhecimento e prevenção do HIV e Aids, na detecção voluntária, na atenção às pessoas com HIV/
Aids e, na eliminação do estigma e discriminação que seguem sendo generalizados, em especial às pessoas LGBT, trabalhadores sexuais,
mulheres que vivem com HIV, pessoas que usam drogas e outros grupos chave.

Reafirmar a importância da cooperação internacional – incluindo a cooperação Sul, Norte-Sul e a cooperação triangular - para sustentar a
resposta ao HIV, e para assegurar os recursos prioritários de atenção às mulheres.

Reconhecer também que a governabilidade eficaz está baseada na responsabilidade, na ampla participação, na transparência, na vigência
do estado de direito e que, o fortalecimento dos governos nacionais e locais é chave para alcançar o cumprimento dos acordos, tratados,
declarações e compromissos de direitos humanos e uma resposta eficaz ao HIV.

Garantir que o apoio do sistema das Nações Unidas, na região, reflita as prioridades contidas no presente documento e que estas se tradu-
zam em planos estratégicos dos organizamos, fundos e programas, assim como, na possibilidade de gerar ações articuladas.

Reafirmar a vontade política e nosso compromisso em adotar ações prioritárias imediatas que respondam às expectativas, necessidades e
direitos das mulheres com HIV e eliminem as desigualdades prevalecentes, com particular ênfase nos grupos discriminados e em condições
de vulnerabilidade.

Ações Prioritárias
Por todo o exposto acordamos adotar as seguintes ações prioritárias para reforçar e acelerar a implementação dos tratados, acordos,
convenções, declarações, compromissos e consensos existentes, que os países da região se inscreveram ou comprometeram a favor das
mulheres com HIV.
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A. Incluir na resposta ao HIV, a igualdade de gênero e


os direitos humanos das mulheres
Reconhecendo que a resposta ao HIV, desde o início, centrou as ações de prevenção, atenção e a atribuição de recursos nas populações
mais afetadas pelo HIV, adiando ou deixando para segundo plano a situação específica das mulheres.

Considerando que a inclusão das mulheres na resposta ao HIV tem estado focada na eliminação da transmissão vertical, no qual é impor-
tante, porém torna-se insuficiente para responder as múltiplas realidades das mulheres com HIV, desde uma perspectiva integral que as
reconheça como sujeitas de direitos e que responda ao ciclo de vida das mulheres e meninas.

Afirmando que as desigualdades de gênero colocam as mulheres em exclusão e riscos que se agravam com o HIV e, devem ser reconheci-
dos e atendidos compreendendo a interseccionalidade entre as múltiplas discriminações que enfrentam as mulheres com HIV.

Acordam:
1. Revisar protocolos de atenção a pessoas com HIV nos serviços de saúde, de primeiro, segundo e terceiro nível, para garantir a
atenção integral e equitativa, a confidencialidade, tratamento igualitário sensível ao gênero, sem estigma e sem discriminação, para
as mulheres adolescentes, jovens e adultas com HIV.
2. Garantir que cada hospital, centro de saúde ou consultórios, contem com pessoal capacitado e sensível aos temas HIV, gênero e
direitos humanos - que possam proteger os serviços de acordo com os protocolos aprovados e atendendo à interseccionalidade da
discriminação enfrentada pelas mulheres ao longo de seu ciclo de vida.
3. Adaptar os quadros legais, eliminando os conteúdos que criminalizam a exposição ou a transmissão ao HIV, bem como o teste
obrigatório para mulheres grávidas, estabelecendo condições para o consentimento informado na realização de teste para mulheres
grávidas.
4. Revisar a legislação e as políticas públicas de saúde e educação para que adolescentes e jovens possam acessar, sem a necessidade
de tutela, uma educação sexual abrangente, os serviços e insumos e saúde sexual e reprodutiva, incluindo o teste de HIV, o acesso
aos preservativos e outros métodos contraceptivos.
5. Que os sistemas de justiça - administrativa, civil e penal – contem com protocolos de atenção para atender denúncias por discrimi-
nação, por estigma, por atendimento não adequado, omisso e maus tratos médicos, assim como, prejuízos e exclusão de benefícios
sociais às mulheres com HIV.
6. Que os sistemas de justiça possuam estruturas legais, pessoal treinado e juízes para emitir julgamentos com perspectiva de gêne-
ro e direitos humanos, diante de reclamações de ordem administrativa, civil e / ou criminal relacionada a violações de direitos de
mulheres com HIV: como esterilização forçada, violação de direitos sexuais ou direitos reprodutivos, criminalização da transmissão,
discriminação no emprego, violência, entre outros.
7. Incluir as pessoas com HIV, especialmente as mulheres, de forma explicita nos programas de proteção e assistência social.

B. Garantir a atenção integral da saúde sexual e


reprodutiva das mulheres com HIV
Aceitando a premissa de que mulheres com ou sem HIV têm direito à saúde integral, no sentido amplo da OMS, o que implica não apenas
a ausência de doença, mas também estado de completo bem-estar físico, mental e social

Considerando que as lacunas da saúde continuam na região e, que as estatísticas na média geralmente escondem níveis elevados de
mortalidade materna, de infecções por transmissão sexual, de infecções por HIV/Aids e uma demanda insatisfeita de anticoncepção entre
as mulheres com HIV, os serviços de saúde sexual e reprodutiva devem estar disponíveis de maneira integral para todas as mulheres sem
distinção de seu estado sorológico.
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Reconhecendo que os sistemas de saúde seguem considerando que a atenção ao HIV não é um assunto que compete a todos os serviços -
mas apenas a serviços especializados que atendam as pessoas com HIV – e isso acaba sendo um problema, não apenas para a prevenção,
mas para a atenção integral das mulheres com HIV.

Acordam:
8. Verificar que os serviços de atenção à saúde sexual e reprodutiva sejam integrais, livres de estigma e discriminação para as mulheres
com HIV, que tenham disponibilidade de testes de HIV, de diagnóstico precoce para todos e aconselhamento para as decisões infor-
madas, ao mesmo tempo em que incluam um bom sistema de referência e vínculo entre serviços e especialidades – prioritariamente
com os de atenção especializada em violência.
9. Assegurar à detecção a atenção oportuna do câncer cérvico-uterino e mamário, assim como outras ISTs.
10. Garantir que os serviços de saúde reprodutiva oferecidos às mulheres com HIV tenham os mesmos parâmetros de abrangência, co-
bertura e oferta de contraceptivos que são oferecidos a todas as mulheres. E que se respeitem as decisões informadas e consentidas
das mulheres, sobre seu desejo em ter filhos em apego com a autonomia reprodutiva e segundo evidência existente.
11. Estabelecer critérios de desagregação de dados para medir a prevalência de mulheres com HIV, a demanda satisfeita de anticon-
cepcionais modernos, seja por faixa etária, condições sorológica e/ou as que são necessárias – segundo a desagregação ampla de
dados sugeridos no ODS 17.18.
12. Promover que os serviços existentes de Reprodução Humana assistida sejam concedidos, sem distinção, a todas as mulheres, inde-
pendentemente do estado civil, orientação ou status sexual ou sorológico.
13. Revisar as guias de saúde para garantir a opção de parto vaginal a mulheres com HIV quando a carga viral for menor que mil cópias,
seguindo as recomendações da OMS.

C. Reconhecer o vínculo entre a violência contra as


mulheres e o HIV
Reconhecendo que a violência contra as mulheres é o principal fator que impede seu desenvolvimento, o alcance da igualdade, sua partic-
ipação política, comunitária e cidadã, a qualidade de vida, de saúde e o exercício de seus direitos humanos.

Reconhecendo que a violência se manifesta em diferentes esferas da vida pública e privada das mulheres e que tem sua expressão mais
violenta em alta porcentagem de feminicídios/femicidios em nossa região.

Reconhecendo que os níveis de violência experimentados pelas mulheres que vivem com o HIV são elevados, e sobrepõem à alta prevalên-
cia de violência física, sexual, emocional e patrimonial que vive as mulheres como um todo na América Latina e no Caribe.

Acordam:
14. Assegurar que o marco jurídico e/ou político sobre igualdade de gênero e violência contra as mulheres incluam ações de prevenção
e atenção ao HIV, e contemplem de forma explícita as mulheres com HIV, incluindo as adolescentes e jovens.
15. Assegurar que os protocolos de atuação dos albergues, casas e abrigos para mulheres afetadas pela violência, incluam medidas para
facilitar o acesso a mulheres com HIV e seu tratamento.
16. Assegurar que as políticas de atenção considerem a referência e a contra referência entre os serviços de assistência ao HIV e os
serviços de atenção à violência especializados.
17. Capacitar o pessoal que atende a crianças, adolescentes e mulheres afetadas pela violência e abuso, para atender às necessidades
específicas das mulheres com HIV.
18. Harmonizar os códigos penais - federal e local - para tipificar a violência contra as mulheres e o feminicídio / femicídio.
19. Identificar e sancionar a violência contra as mulheres exercida pelos superiores hierárquicos, no local de trabalho.
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20. Criar medidas legais e de políticas públicas para proteger as mulheres da violência nas ruas e nos transportes, contribuindo assim
para realizar o seu direito a uma vida livre de violência.
21. Criar protocolos que garantam às mulheres que foram violadas o acesso a profilaxia pós exposição ao HIV, à Contracepção de
Emergência, o cuidado psicossocial e de justiça - incluindo a coleta de provas sem re-vitimização-.
22. Indicar e erradicar a violência institucional exercida ou tolerada pelo Estado: testes não consentidos, recusa de prestação de serviços
de saúde livres de estigma, discriminação e violência; imposições médicas – temporárias ou permanentes com relação à reprodução
de mulheres com HIV e testes forçados; instituições de saúde que não garantem a presença de profissionais para atenção da inter-
rupção legal da gravidez –ILG – e Anticoncepção de Emergência – AE.
23. Identificar e abordar os obstáculos que afetam de maneira direta ou indireta, a continuidade da assistência em saúde, incluindo a
aderência ao tratamento com anti-retrovirais e, garantir a informação quanto aos benefícios dos mesmos.
24. Garantir que as instâncias de proteção dos Direitos Humanos existam – e operem com eficácia – canais específicos para apresen-
tação de queixas e denúncias por violação a direitos humanos – ou minimamente contem com pessoal capacitado para atender as
necessidades específicas das mulheres com HIV.

D. Fortalecer a participação política e a liderança de


mulheres com HIV
Reconhecendo que a participação política das mulheres é um indicador do nível de desenvolvimento democrático de nossos países.

Aceitando que a participação significativa em espaços de decisão é resultado de um processo de empoderamento que, inicia com a identi-
ficação de mulheres líderes que vivem com o HIV e se interessam por incidência política.

Reconhecendo que a Nova Agenda de Desenvolvimento Global Agenda 2030, tem como premissa para alcançar seus objetivos e metas
propostas, a participação co-responsável e significativa de todos os atores da iniciativa governamental, civil, social, acadêmica e privada.

Acordam:
25. Promover e / ou fortalecer a participação paritária de mulheres com HIV nos Conselhos ou Comitês Cidadãos de instâncias ou pro-
gramas nacionais de HIV.
26. Promover e / ou fortalecer a participação das mulheres com HIV nos espaços de formulação, monitoramento e implementação de
políticas e planos de atenção à violência contra a mulher.
27. Promover e / ou fortalecer a participação das mulheres com HIV em Comitês Cidadãos ou Conselhos de Saúde, Educação ou Desen-
volvimento Social, existentes nos países em todos os níveis de governo.
28. Assegurar que as Comissões Nacionais para o acompanhamento e implementação do Consenso de Montevidéu incluam uma quota
de participação para mulheres com HIV.
29. Promover nos Conselhos de mecanismos de gênero, para o avanço das mulheres na região, a participação das mulheres com HIV.
30. Promover nos Mecanismos de Acompanhamento a implementação de Acordos, Tratados e Consensos de direitos humanos que ex-
istem nos países, que incluem a participação significativa de mulheres com HIV.

E. Assegurar o investimento necessário


Reconhecendo que a vontade política de um governo pode ser observada em relação à alocação de orçamentos e recursos atribuídos a
determinadas ações.
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Reconhecendo também que nenhuma política ou programa prioritário pode existir e fornecer resultados se não tiver recursos suficientes
para o seu funcionamento.

Reconhecendo que as prioridades de desenvolvimento da nova Agenda 2030 estabelecem diretrizes para investimentos e cooperação in-
ternacional nos 17 ODS e seus objetivos e que os ODS 3 (saúde) e 5 (Igualdade) abrem a porta para exigir e buscar recursos para atenção
às múltiplas necessidades e direitos das mulheres com HIV.

Acordam:
31. Gerenciar e acompanhar para que a Cooperação de Desenvolvimento invista nas organizações e redes de mulheres com HIV.
32. Mobilizar recursos nacionais tanto de projetos de co-responsabilidade, de programas de transferências; de convênios de trabalho
entre o Estado e a Sociedade e as empresas socialmente responsáveis, para financiar projetos - criados, operados e / ou dirigidos -
para mulheres com HIV.
33. Realizar os esforços necessários para que as Secretarias de fazenda ou finanças desagreguem e transpareçam os recursos - dos
orçamentos públicos - que são investidos em programas de atenção às mulheres com HIV, indicando a porcentagem do PIB que
representam.
34. Que os ministérios do planejamento incluem programas de atenção às mulheres com HIV e realizem a programação orçamentária
que eles exigem.

Recomendações de Acompanhamento
35. Resolva que essas ações prioritárias sejam divulgadas nos países e antes das instituições públicas e tomadores de decisões envolvi-
dos no seu funcionamento e cumprimento.
36. Solicitamos que os escritórios e programas das Nações Unidas na região continuem acompanhando as ações dos governos e prior-
izando a resposta ao HIV com uma perspectiva de gênero.
37. Solicitamos aos escritórios e unidades nacionais e regionais de produção estatística, em conformidade com a Agenda 2030, apre-
sentar informações desagregadas por sexo, estado sorológico, faixas etárias e meios de transmissão, e todas as desagregações
necessárias para a resposta e para planejamento de programas e políticas de atenção.
38. È chamado os Mecanismo de Acompanhamento da Convenção de Belém do Pará (MESECVI) para que, nos seus indicadores e aná-
lises do avanço na implementação da Convenção pelos Estados Partes, bem como na identificação dos desafios persistentes nas
respostas do Estado ante a Violência contra as mulheres, incluem informações desagregadas sobre mulheres com HIV.
39. È pedido ao Escritório Regional da ONUSIDA e as agências co-patrocinadoras do programa, que continuem gerando informações e
conhecimentos, assim como prestando apoio técnico aos países para monitorar a implementação de respostas ao HIV e para impul-
sionar a atenção específica e prioritária a Mulheres com HIV.
40. Resolve que os participantes neste Diálogo de Alto Nível se constituem em um grupo de referência e acompanhamento da imple-
mentação das ações acordadas - em seus países de origem e na coordenação regional - para alcançar um progresso coordenado,
de modo que nenhum país seja deixado para trás em sua implementação.
41. Solicitamos ao Fundo Mundial de Combate à Aids, Tuberculose e Malária que continuem apoiando ações específicas para mulheres
com HIV e comprometa alocação de recursos necessários, sem excluir nenhum país, para o fortalecimento de organizações, redes e
projetos de mulheres com HIV.
Nada para
nosotras
sin nosotras

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