Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
outraspalavras.net/trabalhoeprecariado/pochmann-um-retrato-do-brasil-dos-precarizados/
19 de dezembro de 2022
A partir dos anos 1880, com a dominância do modo de produção e distribuição capitalista
no Brasil, a escravidão foi interrompida, dando lugar ao regime de trabalho assalariado.
Sua trajetória foi crescente, avançando continuamente sobre as relações de produção
não tipicamente capitalistas até então vigentes.
1/3
Um século depois, quando o país ingressou de forma passiva e subordinada na
globalização durante a última década do século 20, o regime de trabalho assalariado
típico das atividades capitalistas (circuito superior) passou a retroceder significativamente
no país.
No auge da sociedade urbana e industrial transcorrida na virada dos anos 1970 para
1980, o regime de trabalho assalariado nas atividades capitalistas atingiu a sua maior
expressão. Em 1989, por exemplo, 57% do total da População Economicamente Ativa
pertencia às atividades tipicamente capitalistas, ao passo que o emprego público
respondia por 11% da PEA e a economia popular e de subsistência com 32% da força de
trabalho.
Nota-se que em quase meio século, o regime de trabalho capitalista se tornou dominante
com expansão média anual de 0,5% entre 1940 e 1989. Para o mesmo período de
tempo, o emprego público cresceu ainda mais rápido (2,4% em média anual), enquanto a
ocupação na economia popular e de subsistência regrediu 0,7% em média ao ano.
2/3
financeirizada. O resultado disso foi a alteração substancial na composição das
ocupações no total da força da População Economicamente Ativa.
Nas atividades não tipicamente capitalistas prevalece a presença dos trabalhadores sem
proteção social e laboral, distantes da Justiça do Trabalho e da organização sindical.
Também se destaca a ausência de políticas públicas adequadas justamente quando o
circuito inferior da economia mais avança.
Marcio Pochmann
3/3