Estudo das Propriedades Mecânicas do Aço Galvanizado a Quente e Galvalume®
RESUMO: A chapa de aço revestida com zinco ou 55%Al-Zn é
amplamente utilizada na construção civil, principalmente para
aplicações em coberturas e revestimentos. O aço revestido com 55%Al-
Zn apresenta propriedades mecânicas ligeiramente diferentes do aço
revestido com zinco, mesmo sob o mesmo processamento de ciclo
térmico, devido à maior temperatura do metal fundido e também à
maior resistência do revestimento 55%Al-Zn. O conhecimento dessas
diferenças pode ser usado pelos usuários finais para avaliar se alguns
desses produtos não são adequados para alguma aplicação específica.
Embora esses dois produtos revestidos sejam amplamente utilizados na
construção civil no Brasil, existe uma literatura limitada sobre a
diferença entre as propriedades mecânicas desses produtos. Através de
ensaios de tração de amostras de grau comercial – como revestidas e
após a remoção do revestimento – o objetivo deste trabalho é avaliar as
propriedades mecânicas (resistência à tração, limite de escoamento,
alongamento total e coeficiente de endurecimento) e também o quanto
o revestimento influência nas propriedades mecânicas do aço revestido
com zinco e 55%AlZn. O aço revestido com 55%Al-Zn apresentou maior
rendimento e resistência à tração e menor alongamento total e
coeficiente de endurecimento em relação ao aço revestido com zinco e
o revestimento apresentou influência significativa nas propriedades
mecânicas de ambos os produtos.
Introdução: Devido às muitas características favoráveis, o aço é adequado e
amplamente utilizado para um grande número de aplicações de engenharia.
Apresenta uma variedade de excelentes propriedades mecânicas, como
resistência, tenacidade e ductilidade (Akoy et al., 2004). O aço também é
facilmente fabricado e apresenta boa formabilidade, soldabilidade e
pintabilidade (Kumar, 2002). Outros fatores positivos incluem sua
disponibilidade, propriedades ferromagnéticas, reciclabilidade e baixo custo.
Como o aço é suscetível à corrosão na presença de umidade e à oxidação em
temperaturas elevadas, o uso bem-sucedido dessas características favoráveis
geralmente requerem alguma forma de proteção (Dafydd et al., 2005).
Os métodos de proteção contra corrosão empregados para proteger o aço
incluem: alterar o metal por liga, mudar o ambiente diminuindo sua umidade
ou usando inibidores, controlar o potencial eletroquímico aplicando correntes
catódicas ou anódicas e aplicando revestimentos orgânicos e metálicos (Parisot
et al., 2004).
A aplicação de revestimentos metálicos por processo contínuo de imersão a
quente é um dos meios mais utilizados de proteção do aço. Neste processo, a
tira metálica é alimentada através de um banho de metal de revestimento
fundido em um processo contínuo.
Metais e ligas que podem ser aplicados como revestimentos de aço em um
processo contínuo de imersão a quente são limitados àqueles com um ponto
de fusão baixo o suficiente para permitir que o aço seja puxado por um banho
de revestimento sem rasgar. Estes incluem os revestimentos: zinco, liga zinco-
ferro, alumínio, liga alumínio-silício, liga Zn-5Al e liga 55%Al-Zn. Metais como
cromo e titânio não podem ser aplicados ao aço por imersão a quente devido
aos seus altos pontos de fusão (Townsend, 1993).
As chapas de aço de baixo carbono revestidas por imersão a quente estão
disponíveis com uma ampla gama de propriedades mecânicas. Comparados
aos aços não revestidos, eles apresentam ductilidade um pouco menor devido
aos efeitos térmicos do processo de revestimento na precipitação de carbono
no aço associado ao envelhecimento (Safaeirad et al., 2008). Graus de
qualidade de estampagem extra profunda e aço sem intersticial são feitos com
aço que foi desgaseificado a vácuo a níveis de carbono muito baixos e
estabilizado com adições de titânio e/ou nióbio (Gupta e Kumar, 2006). Os
substratos estabilizados são relativamente imunes aos efeitos térmicos da
imersão a quente e proporcionam excelente formabilidade (Livatyali et al.,
2000).

A chapa de aço revestida Galvalume® com 55% de Al foi desenvolvida e vendida

pela Bethlehem Steel Corporation desde 1972 e, devido às suas propriedades
favoráveis, várias das maiores siderúrgicas do mundo estão licenciadas para
usar a tecnologia de produção Galvalume®. No Brasil, a Companhia Siderúrgica
Nacional – CSN – é hoje a única empresa licenciada para produzir Galvalume®,  t = espessura da chapa, mm e espessura total, o que significa a soma das
que é produzido desde 2003 na Linha de Galvanização Contínua #5 (CGL#5), espessuras do aço base e do revestimento, mm tb = espessura do aço base,
localizada na cidade de Araucária – Estado do Paraná. mm
Galvalume® apresenta propriedades mecânicas diferentes em relação à chapa  tb = espessura do aço base, mm
galvanizada devido à temperatura mais alta necessária para o metal de  tc = espessura do revestimento, mm
revestimento fundido da liga 55%Al-Zn (465 ºC para o zinco e 600 ºC para a liga  TS = resistência à tração, MPa
55%Al-Zn). Além disso, o revestimento de 55%Al-Zn apresenta maior  TSs = resistência à tração específica, MPa/ Mm
resistência em comparação com o revestimento de zinco.  TSt = resistência à tração calculada com base na espessura total ou revestida,
MPa
O objetivo deste trabalho é comparar e avaliar os diferentes resultados das  YS = limite de escoamento, MPa
propriedades mecânicas (resistência à tração, limite de escoamento,
 YSb = limite de escoamento calculado com base na espessura do aço base,
alongamento total e coeficiente de endurecimento) das chapas galvanizadas e
MPa
chapas revestidas com Galvalume® e também avaliar o quanto o revestimento
 YSt = limite de escoamento calculado com base na espessura total ou
influencia na propriedades mecânicas de ambos os produtos revestidos. Isso
revestida, MPa
foi feito através de testes de tração realizados com amostras revestidas e
 YSs = limite de escoamento específico, MPa/ mm
decapadas cortadas de chapas de aço produzidas em CGL#5.
Símbolos gregos:
Nomenclatura:

∆TS = increasing of the tensile strength, MPa (aumento da resistência à tração)

∆YS = increasing in the yield strength, MPa (aumento da resistência de

escoamento)
∆ε = difference of the total elongation between the galvanized and Galvalume®
sheets as a function of the thickness, dimensionless (diferença do alongamento
total entre as chapas galvanizadas e Galvalume em função da espessura,
adimensional)
εZn = total elongation for galvanized sheet, dimensionless (alongamento total
para chapa galvanizada, adimensional)
εGL = total elongation for Galvalume® sheet, dimensionless (alongamento total
para folha de galvalume, adimensional)
Revestimentos de Zinco:
A chapa de aço revestida com zinco por imersão a quente, também chamada
de chapa galvanizada, é de longe o produto de chapa revestida mais
amplamente utilizado. Para aplicações gerais, as chapas galvanizadas possuem
19 µm de espessura de zinco por lado. Isto corresponde a uma massa de
revestimento de dois lados de 275 g/m2. Revestimentos mais pesados são
usados em aplicações que exigem maior resistência à corrosão, como bueiros
de drenagem de rodovias. Na indústria automobilística, onde a
conformabilidade e a soldabilidade são considerações importantes,
revestimentos mais leves, como 90 g/m2, são mais típicos (Townsend, 1993).
A escoriação, uma forma de desgaste adesivo, afeta o custo de conformação
do aço na estamparia automotiva, pois aumenta os custos de manutenção da
matriz e as taxas de refugo (Kim et al., 2008)
A maior parte do revestimento é de zinco quase puro. Existe uma camada
intermetálica contendo cerca de 6% Fe, entre o substrato e o revestimento de
zinco.
Alumínio, tipicamente na faixa de 0,1% a 0,2%, é adicionado ao banho de zinco
para evitar a formação de uma camada intermetálica de zinco-ferro espessa e
contínua que poderia levar a uma má adesão do revestimento durante a
formação. O alumínio reage preferencialmente com o aço para formar uma
fina camada intermetálica ferro-alumínio que atua como uma barreira e
retarda o crescimento da camada intermetálica zinco-ferro.
Galvalume® é o nome comercial de chapas de aço revestidas com liga 55%Al-
Zn. É aplicado por um processo contínuo de imersão a quente semelhante ao
dos revestimentos galvanizados. Este revestimento combina a durabilidade do
alumínio e a proteção galvânica do zinco, resultando em um produto que
apresenta excelente resistência à corrosão em ambientes marinhos e
industriais, resistência à oxidação em altas temperaturas, refletividade ao calor
dos revestimentos de alumínio e uma aparência agradável e diferenciada.
A composição química do revestimento é de 55 % de Al, 43,5 % de Zn e 1,5 %
de Si e é composto por uma estrutura trifásica conforme descrito abaixo (BHP
Steel, 1994a):
a) uma fina camada de liga quaternária, composta de Al, Zn, Fe e Si, entre
a base de aço e a camada de revestimento principal;
b) uma fase dendrítica rica em alumínio (80% em volume) e
c) uma fase interdendrítica rica em zinco.
Todas as três fases são necessárias para fornecer as propriedades de
resistência à corrosão melhoradas. A fase rica em zinco confere ao
revestimento sua capacidade de proteção galvânica, propriedade semelhante
a um revestimento galvanizado normal. A fase rica em alumínio e a camada de
liga conferem ao revestimento sua durabilidade uma vez que a fase rica em
zinco é consumida. Cerca de 1,5% de silício é adicionado ao banho fundido para
controlar o crescimento da camada de liga durante o processo de imersão (BHP
Steel, 1994a).
Como o peso específico do alumínio é inferior ao do zinco, o revestimento
55%Al-Zn é mais leve que o revestimento de zinco, ambos com a mesma
espessura de revestimento. Por exemplo, o peso do revestimento de zinco
projetado como G90 (ASTM A653) é 275 g/m2 enquanto o peso do
revestimento 55%Al-Zn projetado como AZM150 (ASTM A792) é 150 g/m2.
Observe que ambos os revestimentos têm aproximadamente a mesma
espessura de 20 µm por lado, o que resulta em maior área de cobertura por
tonelada de Galvalume® em comparação com um produto galvanizado. Como
exemplo da diferença, uma tonelada de Galvalume® de 0,45 mm pode cobrir
4,5% mais área do que a mesma espessura de uma chapa galvanizada (BHP
Steel, 1994b).
O revestimento de 55%Al-Zn mostra resistência à corrosão atmosférica de
longo prazo devido à combinação da durabilidade do alumínio que atua como
barreira mecânica e a proteção galvânica dada pelo zinco (Gronostajski, 1995).
Testes de exposição da chapa de aço zincada (revestimento G90) e Galvalume®
(revestimento AZM 150) foram realizados pela Bethlehem Steel. Os painéis de
teste foram expostos em ambientes rurais, industriais, marinhos moderados e
marinhos severos. Os resultados mostraram que a resistência à corrosão do
55%Al-Zn é geralmente pelo menos duas a quatro vezes maior do que a de uma
espessura igual de revestimento galvanizado (BHP Steel, 1994a). Trabalhos
recentes constataram que o revestimento de zinco apresenta um grau de
corrosão entre 1,7 vezes (atmosfera marinho-industrial) e 4,5 vezes (atmosfera
rural) superior ao do revestimento 55%Al-Zn, considerando os resultados
obtidos após cinco anos de exposição atmosférica (Palma et ai., 1998).
A chapa de aço revestida com liga de 55%Al-Zn pode ser utilizada em condições
de temperatura mais elevadas em comparação com a chapa de aço zincada.
Em termos de aparência em temperaturas mais altas, Galvalume® mantém seu
brilho superficial até 320 ºC, enquanto a chapa galvanizada mantém seu brilho
até 230 ºC (BHP Steel, 1994c).
O Carbono Solúvel Estimado em Substrato de Aço de Chapas
Galvanizadas e Galvalume®
Devido à temperatura mais alta do metal fundido e à maior taxa de
resfriamento no resfriamento da perna superior durante a produção de aço
revestido com 55% Al-Zn (BHP Steel, 1994c), níveis mais altos de carbono na
solução sólida do substrato de 55% Al- São esperadas chapas revestidas com
Zn comparadas ao substrato de chapas galvanizadas (Lake e Browne, 1978). No
ferro puro, a solubilidade do carbono na célula cúbica de corpo centrado foi
medida em função da temperatura (Lake e Browne, 1978). A Tabela 1 mostra
alguns dos valores da solubilidade do carbono.
Tabela 1. A solubilidade do carbono na célula cúbica de corpo centrado de
ferro em equilíbrio com Fe3C em função da temperatura.
Os valores apresentados na Tabela 1 são valores de equilíbrio e não são
necessariamente alcançados na situação prática de linha. A 600 ºC a
solubilidade de equilíbrio é alcançada em poucos segundos, mas a 450 ºC vários
minutos podem ser necessários para atingir o equilíbrio, dependendo da
história metalúrgica anterior do aço (Lake e Browne, 1978). Com base na
afirmação de que o aço revestido com 55%Al-Zn é resfriado rapidamente a
partir de 600 ºC, espera-se que os níveis de carbono solúvel sejam da ordem
de 60 ppm.
O aço revestido de zinco é mantido a cerca de 465 ºC antes da imersão e depois
resfriado a uma taxa menor (em comparação com o aço revestido com 55% de
Al-Zn). O nível de carbono será um pouco maior que 13 ppm, porque não
haverá tempo suficiente para o carbono precipitar ao seu valor de equilíbrio a
450 ºC. As medições do teor real de carbono em uma solução sólida para
55%Al-Zn e para aço zincado apresentam valores de 45-60 ppm e 20-30 ppm,
respectivamente, de modo que há uma diferença significativa entre os níveis
para os dois produtos (Lake e Browne, 1978; Marder, 2000). Essas diferenças
no teor de carbono em solução sólida podem representar diferenças
significativas para as propriedades mecânicas entre 55%Al-Zn e chapas de aço
zincadas (Safaeirad et al., 2008). Os níveis mais altos de carbono solúvel do aço
revestido com 55%Al-Zn podem possivelmente aumentar o escoamento e a
resistência à tração e diminuir a ductilidade (medida pelo alongamento total).
Procedimento experimental
O aço utilizado para produzir os graus comerciais revestidos de acordo com
ASTM A653M (2004) e ASTM A792M (2003) corresponde a um SAE 1006. A
temperatura de laminação a quente foi de 870ºC, a temperatura de bobinagem
a quente foi de 610ºC e a redução de laminação a frio variou de 70% a 80%.
Os parâmetros de processo utilizados para produzir as chapas de aço revestidas
(zinco e 55%Al-Zn), das quais as amostras foram obtidas, estão descritos na
Tabela 2. Os produtos de aço revestidos com zinco e 55%Al-Zn foram
produzidos desta forma para atender aos requisitos descritos nos padrões
ASTM A653M e ASTM A792M, respectivamente.
As temperaturas de recozimento dos substratos de aço foram as mesmas,
independentemente do revestimento aplicado. Com exceção da temperatura
da tira na seção de resfriamento lento que foi 20ºC menor para 55%Al-Zn por
motivos operacionais, e para a temperatura da tira na ponta que foi maior
durante a produção do aço revestido com 55%Al-Zn ( 560ºC a 580ºC) devido à
maior temperatura do metal fundido no pote. As velocidades de
processamento foram controladas de acordo com a capacidade calorífica do
forno de recozimento.
As chapas de aço galvanizado e Galvalume®, das quais foram obtidas as
amostras, foram coletadas durante a produção normal da Linha Galvanizada
Contínua. Quatro espessuras diferentes para foram selecionadas chapas
galvanizadas e cinco para chapas Galvalume®. Seis amostras foram cortadas de
cada chapa de aço para realizar ensaios de tração revestidos e decapados para
as três direções (longitudinal, transversal e diagonal). A Tabela 3 mostra a
quantidade de amostras preparadas (de cada chapa selecionada), os ensaios
realizados e o sentido de corte em relação ao sentido de laminação.
O presente estudo foi realizado utilizando chapas revestidas com zinco e
55%Al-Zn com aproximadamente as mesmas espessuras. Uma designação de
revestimento para cada um dos revestimentos foi escolhida conforme descrito
na Tabela 4. A massa do revestimento foi determinada de acordo com ASTM
A90 (1993). Para os testes de tração decapados, o revestimento foi removido
com ácido clorídrico diluído.
O ensaio de tração foi realizado em uma Máquina Universal de Ensaios
Shimadzu com um extensômetro. A velocidade da cruzeta foi de 3,0mm/min
até 1,5 % de alongamento, quando a velocidade foi aumentada para 10,0 mm/
min até o final do teste. O comprimento do medidor foi de 80,0mm. A
resistência à tração, o limite de escoamento (deslocamento de 0,2%) e o
alongamento total foram obtidos a partir de curvas de tensão-deformação. O
expoente de encruamento foi determinado diretamente do software da
máquina de tração (EMIC).
 foi utilizada uma relação dessas propriedades e a espessura da chapa conforme
a Eq. (1) e (2) descritos abaixo:

𝑌𝑆s = 𝑌𝑆 / 𝑡 (1)

𝑇𝑆𝑠 = 𝑇𝑆 / 𝑡 (2)

Onde:

 YSs = specific yield strength (MPa/mm); limite de escoamento específico.

 TSs = specific tensile strength (MPa/mm); resistência à tração específica.
 YS = yield strength (MPa); limite de escoamento.
 TS = tensile strength (MPa); resistência à tração.
 t = sheet thickness (mm) or total thickness (mm) which means the sum of
the base steel and coating thicknesses. espessura da chapa (mm) ou
espessura total (mm) que significa a soma das espessuras do aço base e
do revestimento.

Os valores do limite de escoamento específico e da resistência à tração

específica, tanto para chapas galvanizadas quanto para Galvalume® ,
apresentaram boa correlação com a espessura da chapa conforme pode ser
observado na Fig. 1. Essas propriedades podem ser representadas em função
da espessura da chapa através das equações de 1º grau conforme mostrado na
Resultados e discussões Fig. 1.

Comparação entre Chapas Galvanizadas e Galvalume® – como

Revestidas

Como esperado, as chapas de aço revestidas com liga 55%Al-Zn apresentaram

maior escoamento e resistência à tração em relação às chapas galvanizadas
para todas as faixas de espessuras (de 0,35 mm a 0,65 mm) e para as três
direções. Para melhor análise dos dados de escoamento e resistência à tração,

(a)
(b)
Figura 1. Propriedades mecânicas em função da espessura da chapa tanto
para chapas galvanizadas quanto para chapas Galvalume® considerando o
valor médio entre as três direções: (a) tensão de escoamento específica e (b)
tensão de tração específica.
Novamente, como esperado, a chapa galvanizada apresentou maior
alongamento total do que a chapa de aço revestida com liga 55%Al-Zn para
toda a faixa de espessuras e para as três direções. O alongamento total
mostrou alguma correlação com a espessura da folha, Fig. 2.
Figura 2. Alongamento total das chapas galvanizadas e Galvalume® – valor
médio entre as três direções.
As equações das linhas retas mostradas na Fig. 2 são reescritas abaixo:
εZn = 12.34 t + 26.765 (3)
εGL = 24.914 t + 13.201 (4)
A equação (5) representa a diferença entre as Eqs. (3) e (4) e mostra a diferença
do alongamento total entre as chapas galvanizadas e Galvalume® em função
da espessura.
∆ε = -12,574 t + 13,564 (5)
Através da equação acima, pode-se verificar que, para 0,50 mm de espessura
total, a chapa galvanizada deve apresentar alongamento total de 7,27 % maior
que a chapa Galvalume®.
A chapa galvanizada apresentou coeficiente de endurecimento superior ao da
chapa de aço revestida com liga 55%Al-Zn para todas as faixas de espessuras e
para as três direções. O coeficiente de endurecimento também apresenta
alguma correlação com a espessura total nas três direções, como pode ser
observado na Fig. 3.
Figura 3. Coeficiente de endurecimento das chapas galvanizadas e
Galvalume® considerando o valor médio entre as três direções.
A Influência do Revestimento nas Propriedades Mecânicas
Para estudar a influência do revestimento nas propriedades mecânicas, foram
feitas medições comparativas para chapas decapadas (após a remoção do
revestimento) e revestidas para chapas galvanizadas e Galvalume®.
Figura 4. Diferença do limite de escoamento específico entre chapas
descascadas e revestidas, no sentido longitudinal, tanto para chapas
galvanizadas quanto para chapas Galvalume®.
O limite de escoamento específico (Fig. 4) e a resistência à tração específica
(Fig. 5) das amostras descascadas foram maiores do que as amostras
revestidas, o que significa que a presença de revestimento diminui o
escoamento específico e as resistências à tração dos galvanizados e Folhas
Galvalume®. As linhas retas mostradas na Fig. 4 representam o quanto o limite
de elasticidade específico das folhas descascadas é maior do que o das folhas
revestidas. O revestimento de zinco apresentou a maior influência na redução
do limite de escoamento específico entre as chapas decapadas e revestidas. A
Figura 4 também indica que a resistência ao escoamento de 55%Al-Zn é maior
que a do revestimento de zinco.
Pode-se observar na Fig. 5 que a diferença da resistência à tração específica
entre chapa decapada e revestida diminui com o aumento da espessura da
chapa devido à diminuição da relação entre a espessura do revestimento e a
espessura do aço base.
As chapas descascadas apresentaram maior alongamento total do que as
chapas revestidas para chapas galvanizadas e Galvalume®, Fig. 6. A presença
do revestimento tem um efeito prejudicial no alongamento total. Pode-se
observar que o efeito prejudicial é maior para o revestimento 55%Al-Zn do que
para o revestimento de zinco.

Para as chapas galvanizadas, não foi observada diferença considerável do

coeficiente de endurecimento entre os estados descascado e revestido. No
entanto, para as chapas Galvalume®, uma diferença significativa desta
propriedade foi observada nas três direções, como pode ser visto na Fig. 7, o
que indica que o revestimento 55%Al-Zn tem um efeito prejudicial no
coeficiente de endurecimento.

Considerando as equações mostradas nas Figs. 7a e 7b, observou-se uma

diferença no coeficiente de endurecimento entre os estados revestido e
descascado, que são 0,0342 para 0,50 mm de espessura na direção transversal
e 0,0398 na direção diagonal.

Pode-se observar também que o coeficiente de endurecimento da chapa

revestida aumenta à medida que a espessura total aumenta devido à
diminuição da relação entre a espessura do revestimento e a espessura do aço
base.

Figura 5. Diferença de resistência à tração específica entre chapa decapada e

revestida: (a) chapa galvanizada e (b) chapa Galvalume®.
Figura 6. Alongamento total dos estados descascado e revestido na direção Figura 7. Coeficiente de endurecimento do Galvalume® nos estados revestido
transversal: (a) chapa galvanizada e (b) chapa Galvalume®. e decapado: (a) direção transversal e (b) direção diagonal.
Comparação entre Chapas Galvanizadas e Galvalume®-Estado

despojado

Pela comparação das chapas galvanizadas e Galvalume®, ambas no estado

decapado, pode-se verificar que a chapa Galvalume® apresentou escoamento
e resistência à tração ligeiramente superiores à chapa galvanizada. Esta
observação é um indicativo da ação da maior temperatura do metal fundido
do banho de 55%AlZn em relação ao banho de zinco, e da maior taxa de
resfriamento do revestimento durante o processamento de Galvalume® nas
propriedades do aço base. A Figura 8 mostra o rendimento específico e as
resistências à tração para chapas galvanizadas e Galvalume®, tanto no estado
descascado quanto na direção diagonal.

A influência do ciclo térmico das chapas galvanizadas e Galvalume® no

alongamento total do aço base é mostrada na Fig. 9. A maior temperatura do
metal fundido do banho de 55%Al-Zn e a maior taxa de resfriamento do
revestimento necessário durante a produção de Galvalume® levam a um
menor alongamento total das amostras descascadas para a chapa Galvalume®
em comparação com a chapa galvanizada. Não foi encontrada correlação entre
o alongamento total e a espessura da tira.

Diferenças significativas do coeficiente de endurecimento das chapas

galvanizadas e Galvalume®, ambas no estado decapado, não foram
observados.

Figura 8. Propriedades mecânicas em função da espessura do aço base para

chapa galvanizada e Galvalume®, ambos no estado decapado para direção
diagonal: (a) limite de escoamento específico e (b) limite de escoamento
específico.
 O aumento da resistência ao escoamento pode ser calculado conforme
descrito abaixo:

YSb = YSt. (t/ tb)

Onde:

YSb = yield strength calculated based on the base steel thickness (MPa); limite
de escoamento calculado com base na espessura do aço base

YSt = limite de escoamento calculado com base na espessura total ou revestida

(MPa); yield strength calculated based on the total or coated thickness

t = total or coated thickness (mm); espessura total ou revestida

Figura 9. Representação gráfica do alongamento total das chapas tb= base steel thickness (mm). espessura do aço base
galvanizadas e Galvalume®, ambas descascadas, no sentido transversal.
Como t = tb + tc

Por substituição da Eq. (7) na Eq. (6):

A resistência de carga extra dos revestimentos
∆YS = YSb – YSt = YSt . (tc/ tb)
O efeito dos revestimentos de 55%Al-Zn e zinco no rendimento e resistência à
Onde:
tração depende do método usado para calcular essas propriedades. Até este
ponto, a espessura total foi usada para calcular o rendimento e as resistências ∆YS= increasing in the yield strength (MPa); aumento do limite de escoamento
à tração (exceto para as amostras descascadas). (MPa);
Mas as especificações padrão (ASTM A924 e EN10142) exigem o cálculo do tc =coating thickness (mm). espessura do revestimento (mm).
escoamento e da resistência à tração usando apenas a espessura do aço base
(descontando a espessura do revestimento). No entanto, como os Uma equação semelhante pode ser usada para avaliar o aumento da
revestimentos de zinco e 55%Al-Zn, assim como o aço base, resistem à carga resistência à tração, quando calculada usando a espessura do aço base:
de tração aplicada, um ligeiro aumento no rendimento e a resistência à tração ∆TS = TSt . (tc / tb)
pontos fortes desses revestimentos é esperado. Ou seja, o revestimento atuará
como uma resistência de carga extra durante o teste de tração. Onde:
∆TS = increasing of the tensile strength (MPa); aumento da resistência à tração
(MPa);

TSt = tensile strength calculated based on the total or the coated thickness
(MPa). resistência à tração calculada com base na espessura total ou do
revestimento (MPa)

Analisando a Eq. (8) e (9), verifica-se que o aumento do escoamento e das

resistências à tração é diretamente proporcional à espessura do revestimento
e indiretamente proporcional à diminuição da espessura do aço base. Já era
esperado que quanto mais espesso o revestimento e mais fino o aço, maior a
resistência à carga extra do revestimento. Para chapas galvanizadas e para
Galvalume® folhas, o aumento da resistência à tração específica e da
resistência à tração específica pode ser observado nas Figs. 10 e 11,
respectivamente.

A resistência de carga extra do revestimento de 55%Al-Zn foi maior do que a

do revestimento de zinco, o que é uma indicação de que o revestimento de
55%Al Zn apresenta maior rendimento e resistência à tração do que o
revestimento de zinco.

Conclusão:

As chapas de aço revestidas com a liga 55%Al-Zn apresentaram maior

rendimento específico e resistência à tração e menor alongamento total e
coeficiente de endurecimento em relação às chapas galvanizadas para todas as
faixas de espessuras (entre 0,35 mm e 0,65 mm) e para as três direções
estudadas. Devido à boa correlação encontrada entre a tensão de escoamento Figura 10. Limite de escoamento específico calculado com base no aço base
específica, a resistência à tração específica, o alongamento total e o coeficiente e espessuras totais (valor médio entre as três direções): (a) chapas
de endurecimento com as espessuras totais, essas propriedades podem ser galvanizadas e (b) chapas Galvalume®.
representadas em função da espessura total através de equações de 1º grau.
O efeito dos revestimentos de 55%Al-Zn e zinco no rendimento e resistência à
tração depende do método usado para calcular essas propriedades. Como as
especificações padrão (ASTM A924 e EN10142) exigem o cálculo do
escoamento e resistência à tração usando apenas a espessura do aço base
(descontada a espessura do revestimento), é esperada uma resistência extra
de carga durante o ensaio de tração, pois o zinco e 55%Al- Os revestimentos
de Zn, assim como o aço base, resistem à carga de tensão aplicada. Quanto
mais espesso o revestimento e mais fino o aço, maior será a resistência à carga
extra do revestimento.

Por comparação entre chapas galvanizadas e Galvalume® chapas, ambas

descascadas, verificou-se que as chapas Galvalume® tendem a apresentar
maior rendimento específico e resistência à tração e menor alongamento total
do que as chapas galvanizadas. Não foi observada diferença significativa do
coeficiente de endurecimento. Esses resultados mostraram a influência das
diferentes temperaturas do metal fundido e diferentes taxas de resfriamento
dos revestimentos nas propriedades mecânicas do aço base.

As chapas de aço revestidas com liga de zinco ou 55%Al-Zn apresentaram

menor rendimento específico e resistência à tração em comparação com as
chapas descascadas. As diferenças entre os estados descascado e revestido
aumentam à medida que a espessura da base de aço aumenta e são um
indicativo de que ambos os revestimentos são menos resistentes que o da base
de aço.

Uma diferença considerável do coeficiente de endurecimento das chapas

Galvalume® foi observada entre os estados descascado e revestido nas três
direções, o que significa que o revestimento 55%Al-Zn tem um efeito
prejudicial considerável no coeficiente de endurecimento.

Figura 11. Representação gráfica da resistência à tração específica

considerando o aço base e espessuras totais (valor médio entre as três
direções): (a) chapas galvanizadas e (b) chapas Galvalume®.