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Aplicações - Parte 2

Dalton Couto - Álgebra Linear e Equações Diferenciais Aplicações - Parte 2


Misturas

A mistura de duas soluções salinas com concentrações diferen-


tes dá origem a uma EDO de primeira ordem para a quantidade
de sal na mistura. Vamos analisar um exemplo:
Em um tanque de mistura há 100l de salmoura, contendo 10
gramas de sal. Uma outra salmoura é bombeada para dentro
do tanque a uma taxa de 3l/m e a concentração de sal nessa
salmoura é de 1g /l. Quando a solução estiver bem misturada,
ela será bombeada para fora à uma taxa de 2l/m. Se A(t)
denota a quantidade de sal no tanque no instante t, a taxa de
variação será
dA taxa de entrada taxa de saı́da
=( )−( ) = Re − Rs .
dt de sal de sal

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Misturas

● Re é o produto da concentração de sal pelo fluxo de entrada.


Em nosso exemplo,
3l 1g 3g
Re = ( )( ) = .
m l min
● Rs é o produto da concentração de sal pelo fluxo de saı́da.
Em nosso exemplo,

A(t)g 2l 2A(t) g
Rs = ( )( )= .
(100 + (3t − 2t))l min 100 + t min

Logo, nossa EDO é:


dA 2A
+ = 3.
dt 100 + t

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Exemplo
Analisando a situação, quanto sal haverá no tanque após 60min?
Solução: Temos o seguinte PVI:
dA 2A
+ = 3, A(0) = 10.
dt 100 + t
2
dt
O fator integrante será: e ∫ 100+t = (100 + t)2 . Multiplicando na EDO, temos:

d c
[(100 + t)2 A] = 3(100+t)2 ⇒ (100+t)2 A = (100+t)3 +c ⇒ A(t) = 100+t + .
dt (100 + t)2
900000
Como A(0) = 10, segue que c = −900000, logo A(t) = 100 + t − . Após 60 minutos,
(100 + t)2
teremos:
900000
A(60) = 100 + 60 − ≈ 124, 85g
(100 + 60)2
ou seja, após uma hora, há aproximadamente 124,85g de sal no tanque.

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Exemplo
Um tanque grande está parcialmente cheio com 100 galões de um fluido no qual foram
dissolvidas 10 gramas de sal. Uma salmoura contendo 0, 5 gramas de sal por galão é bombeada
para dentro do tanque a uma taxa de 6 galões por minuto. A solução bem misturada é então
bombeada para fora a uma taxa de 4 galões por minuto. Ache a quantidade de gramas de sal
no tanque após 30 minutos.
Solução: Seja A(t) a quantidade de sal no tanque de acordo com o tempo t. De acordo com
o enunciado, temos o seguinte PVI:

dA A(t)
= 6(0, 5) − 4, A(0) = 10.
dt 100 + (6t − 4t)

A EDO é linear, e o fator integrante é µ(t) = (50 + t)2 . Multiplicando na EDO, temos:

d
(A(50 + t)2 ) = 3(2500 + 100t + t 2 ).
dt

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Continuação do exemplo
Integrando ambos os lados, temos:
1
A(50 + t)2 = 7500t + 150t 2 + t 3 + c ⇒ A= (t 3 + 150t 2 + 7500t + c)
(50 + t)2

Como A(0) = 10, obtemos c = 25000. Agora, queremos saber a quantidade de sal após 30
minutos, ou seja, temos que calcular A(30):
1
A(30) = (303 + 150.302 + 7500.30 + 25000) = 64, 37
802
ou seja, após 30 minutos, haverá 64, 37g de sal no tanque.

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Decaimento radioativo e meia-vida

Vários elementos passam por transformações con-


forme o tempo passa. Os elementos radioativos são
exemplos. Ao longo do tempo, o rádio se transforma
no gás radônio, ou seja, há um decaimento radio-
ativo. Depois de muitos experimentos, percebeu-se
que a taxa segundo a qual o núcleo de uma substância
decai é proporcional à quantidade de substância re-
manescente, ou seja,
dA
= kA,
dt
mas agora, k < 0.

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Exemplo
Um reator regenerador converte urânio em plutônio. Depois de 15 anos, determinou-se que
0, 043% da quantidade inicial A0 de plutônio se desintegrou. Ache a meia-vida desse isótopo.
Solução: Seja A(t) a quantidade de plutônio no instante t. Temos o seguinte PVI:

dA
= kA, A(0) = A0 .
dt
Temos que a solução desse PVI é A(t) = A0 e kt . Se 0, 043% do plutônio se desintegrou em 15
anos, significa que A(15) = 0, 99957A0 , ou seja,

ln 0, 99957
0, 99957A0 = A0 e 15k ⇒ k= ≈ −0, 00002867.
15

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Continuação do exemplo
Logo, A(t) = A0 e −0,00002867t . A meia-vida corresponde ao tempo necessário para metade do
plutônio se desintegrar, ou seja, A(t) = 12 A0 . Resolvendo, obtemos:

1 1
A0 e −0,00002867t = A0 ⇒ −0, 00002867t = ln ⇒ t ≈ 24180,
2 2
ou seja, a meia-vida do plutônio é de aproximadamente 24180 anos.

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Exemplo
O isótopo radioativo de chumbo decai a uma taxa proporcional à quantidade presente no
instante t e tem uma meia-vida de 3,3 horas. Se houver 1 grama de chumbo inicialmente,
quanto tempo levará para que 90% do chumbo decaia?
Solução: Seja A(t) a quantidade de chumbo no instante t. Temos o seguinte PVI:

dA
= kA, A(0) = 1, A(3, 3) = 0, 5.
dt
Temos que a solução dessa EDO é A(t) = e kt . Como A(3, 3) = 0, 5, temos que e 3,3k = 0, 5, e
resolvendo essa equação, obtemos k ≈ −0, 21. Assim, a função que fornece a quantidade de
chumbo em função do tempo é:
A(t) = e −0,21t .

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Continuação do exemplo
Queremos encontrar quanto tempo levará para que 90% do chumbo decaia, ou seja, quanto
tempo levará para que hava 0, 1g de chumbo. Assim, temos de resolver a equação:

e −0,21t = 0, 1 ⇒ t ≈ 10, 96,

ou seja, levará aproximadamente 11 horas para que caia 90% da quantidade de chumbo.

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