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Conceitos e Fundamentos
(Uma Visão Espírita)
1
PREÂMBULO
Adeso a Federação Espírita de Mato Grosso do Sul, razoável mantermo-nos seguindo suas
diretrizes, já que a adesão à FEMS demonstra o firme proposito de seguir os ensinamentos de
Kardec, na sua maior pureza doutrinária, ou seja, considerando sempre, como fonte primária de
informação as obras básicas da codificação.
Tanto é assim que em nosso estatuto social, consta, como um dos objetivos da casa, o
estudo, a prática e a difusão do Espiritismo em todos os seus aspectos, com base nas obras de
Allan Kardec, que constituem a Codificação Espírita e nas obras que, seguindo seus princípios e
diretrizes, lhe são complementares e subsidiárias.
Assim, entendemos que, para não nos desviarmos dos ensinamentos de Kardec e de Jesus,
devemos observar a simplicidade dos conceitos escritos, praticados e alicerçados na Codificação,
cujas recomendações básicas foram apoiadas pelos “Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos
Céus” 1 no dizer do Espírito de Verdade, na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Esperamos que, ao final, todos os participantes possam ter ampliado suas visões e firmado
entendimento sobre essa considerável atividade desenvolvida no Centro Espírita Humildade, Amor
e Luz, optando por executar o passe na forma mais simples e eficiente possível.
1
Bezerra de Menezes. (Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, em 9 de novembro de
2003, no encerramento da Reunião do Conselho Federativo Nacional, na sede da FEB – Brasília. Publicada em
Reformador/dezembro de 2003)
"E rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe
imponhas as mãos para que sare, e viva." (Marcos, 5:23)
Jesus impunha as mãos nos enfermos e transmitia-lhes os bens da saúde. Seu amoroso
poder conhecia os menores desequilíbrios da natureza e os recursos para restaurar a harmonia
indispensável.
Nenhum ato do Divino Mestre é destituído de significação. Reconhecendo essa verdade, os
apóstolos passaram a impor as mãos fraternas em nome do Senhor e tornavam-se instrumentos da
Divina Misericórdia.
“Ao pôr-do-sol, todos os que tinham enfermos de diferentes moléstias lhos traziam;
e ele os curava, impondo as mãos sobre cada um.” (Lucas 4. 40).
“E aconteceu estar de cama enfermo de febre e disenteria o pai de Públio, que
Paulo foi ver, e, havendo orado, pós as mãos sobre ele, e o curou.” (Ats 28:8)
Este gesto foi valorizado por Jesus e seu desejo era de que se mantivesse no tempo:
"Estes sinais acompanharão os que creem: (…) imporão as mãos sobre os doentes
e serão curados" (Mc 16, 17-18).
Os estudos de Franz Anton Mesmer acerca do magnetismo abriram novos horizontes para
a pesquisa científica. Suas experiências, embora incompreendidas no início, demonstraram a ação
do psiquismo sobre a moléstia.
Mais tarde, outros experimentadores aprofundaram seus estudos, clareando as noções
sobre os fluidos e a sua movimentação, pela ação da vontade. Não era outro o recurso utilizado por
Jesus para restabelecer a saúde dos enfermos.
A expansão do seu psiquismo superior, pela ação da vontade rigorosa, lograva alcançar as
células enfermas, devolvendo o equilíbrio energético em que culminava toda a cura.
Com Allan Kardec, o estudo do fluidismo ganha a chancela da experimentação científica.
Sem esbarrar no misticismo, o Codificador nos informa sobre a natureza fluídica do Universo
e oferece-nos o método para bem ampliarmos nossas energias ao serviço do próximo.
O passe, terapia de amor, está inserido entre os recursos capazes de auxiliar os sofredores,
na medida em que lhes possibilita a absorção de novas energias, capazes de restabelecer o
equilíbrio físico, mental e espiritual. O método continua sendo o de Jesus, que se valeu do amor
para apaziguar as criaturas aturdidas.
Espírito Augusto, psicografia de Clayton B. Levy (24/8/1995, C. E. "Allan Kardec",
Campinas/SP)
3. FLUIDO
3.2. Fluidoterapia
Os elementos fluídicos do mundo espiritual escapam aos nossos instrumentos de análise e
à percepção dos nossos sentidos, feitos para perceberem a matéria tangível e não a matéria
etérea.
Em falta da observação direta, podem ser observados os seus efeitos (...), adquire-se sobre
a natureza deles conhecimentos de alguma precisão.
É essencial esse estudo, porque está nele a chave de uma imensidade de fenômenos que
não se conseguem explicar unicamente com as leis da matéria. (Allan Kardec, A Gênese, FEB,
cap. XIV, item 4)
Fluidoterapia é a utilização dos fluidos com finalidade terapêutica, para o tratamento dos
enfermos.
4.3. Bibliografia
De Allan Kardec (FEB):
- O Livro dos Espíritos, 1ª parte, cap. II, questões 22 e 27;
- A Génese, caps. VI (itens 3 a 7, 10, 17 e 18) e XIV;
- O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. VIII, item 130;
- Obras Póstumas, 1ªa parte, "Introdução ao Estudo da Fotografia e da Telegrafia do
Pensamento".
5.1. O perispírito
O espírito atrai fluidos da atmosfera fluídica do mundo ao qual está ligado, constituindo com
eles um corpo espiritual, o seu perispírito. Esse corpo fluídico lhe serve para a relação com o
plano espiritual em que vive.
Ao encarnar, é pelo perispírito que o espírito se liga à matéria do nosso plano. O perispírito
influi na moldagem do corpo físico e, durante a vida corpórea, serve de intermediário entre o
espírito e o corpo, transmitindo ao espírito as impressões que recebe do físico e enviando ao corpo
os impulsos que vêm do espírito.
5.3. Aura
Cada Espírito (encarnado ou não) está constantemente envolvido por seus próprios fluidos
perispirituais, formando a sua "atmosfera individual", que o acompanha em todos os seus
movimentos. É a aura que André Luiz chama de "túnica de forças eletromagnéticas".
Essa atmosfera individual se irradia, variando muito na extensão que alcança, conforme a
pessoa. Por meio das irradiações de sua aura, a criatura "estende a própria influência que (à feição
do proposto por Einstein) diminui com a distância do fulcro consciencial emissor (o próprio ser),
tomando-se cada vez menor, mas a espraiar-se no universo infindo."
As diferentes auras:
Encontram-se, cruzam-se, misturam-se sem, contudo, se confundirem;
Harmonizam-se ou se repelem, pelas particularidades dos seus fluidos, causando
impressão agradável ou desagradável.
No encarnado, o perispírito não fica circunscrito pelo corpo, mas irradia ao seu derredor e o
envolve, formando um halo em torno dele. A aura do encarnado, então, é o resultado da difusão
dos campos energéticos que partem do perispírito, envolvendo-se com o manancial de irradiações
das células físicas.
Observação: Não confundir aura com efeito corona, que é observado até nos minerais,
resulta da fuga de alta frequência e voltagem na superfície material em que incide, e não apresenta
as imensas variações do campo áurico.
5.5. Bibliografia
Para tanto:
Elevemos o pensamento (prece, meditação, estudo);
Pratiquemos boas ações e cultivemos bons sentimentos;
6.5. Bibliografia
De Allan Kardec (FEB):
- A Génese, cap. XIV - "Os Fluidos", itens 13 a 21;
- Livro dos Médiuns, cap. VIII, 2a parte, itens 130 e 131.
De Leon Denis (FEB):
- No Invisível, cap. XV - "A força psíquica. Os fluidos. O magnetismo".
7.5. Bibliografia
8.1. Que é?
O passe é uma transfusão de energias psíquicas e espirituais, isto é, a passagem de um
para outro indivíduo de certa quantidade de energias fluídicas vitais (psíquicas) ou espirituais
propriamente ditas.
Emmanuel o define como uma "transfusão de energias fisio-psíquicas", em "O Passe", do
livro Segue-me!...
Beneficia a quem o recebe, porque oferece novo contingente de fluidos bons e modifica para
melhor os fluidos já existentes (saneia, fortalece).
Emmanuel o considera "equilibrante ideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos" e
compara sua ação à do antibiótico e à da assepsia, que servem ao corpo, frustrando instalação de
doenças. (Opinião Espírita, "O Passe")
Há pessoas que têm uma capacidade de maior absorção e armazenamento dessas
energias que emanam do Fluido Cósmico Universal e da própria intimidade do Espírito.
Tal requisito as coloca em condições de transmitirem esse potencial de energias a outras
criaturas que eventualmente estejam necessitando.
A aglutinação dessa força se faz automaticamente e, também, atendendo aos apelos do
passista através da prece.
Assim municiado com essa carga, o passista a transmite pela imposição das mãos sobre a
cabeça do paciente, com discretos movimentos, sem a necessidade de tocar-lhe o corpo, porque a
força se projeta de uma para outra aura, estabelecendo uma verdadeira ponte de ligação.
O fluxo energético se mantém e se projeta à custa da vontade do passista, como também
de entidades espirituais desencarnadas que o auxiliam na composição dos fluídos, não havendo,
portanto, necessidade de incorporação mediúnica.
O médium age somente sob a influência da entidade e, por isso, não precisa falar
aconselhar ou transmitir mensagens concomitantes ao passe.
As forças fluídicas vitais (psíquicas) dependem do estado de saúde do médium e as
espirituais do seu grau de desenvolvimento moral.
Daí se conclui que o médium passista deverá estar o mais possível, em perfeito equilíbrio
orgânico e moral.
B) Espiritual - Quando ministrado pelos Espíritos unicamente com seus próprios fluidos
(magnetismo espiritual), sem o concurso de intermediário (médium, médium aplicador de
passes). Os Espíritos agem com observância da sintonia e considerando os méritos ou
Observação:
No passe também podem ser utilizados (pelos encarnados ou não) os fluidos da própria
natureza, retirados do meio ambiente. (Ver: A Gênese, cap. XIV, itens 31 a 34)
9.3. Bibliografia
O passe não tem contraindicação. Pode ser aplicado em pessoas de qualquer idade
(criança, jovem, velho) e portadora de qualquer tipo de enfermidade (orgânica, psíquica ou
processo obsessivo).
Só é menos rico em resultados nos adultos que estejam em inconsciência temporária por
complicados desajustes do cérebro. Neste caso, cabe ao médium aplicador de passes buscar pela
prece a ajuda do plano superior.
10.4. Bibliografia
De Irmão Jacob, psicografia de Francisco C. Xavier (FEB):
- Voltei, "No Grande Desprendimento".
De André Luiz, psicografia de Francisco C. Xavier (FEB):
- Obreiros da Vida Eterna, cap. 13 - "Companheiro libertado".
1) Concentração
Para tudo que vamos fazer, precisamos primeiro nos concentrar, centralizar a atenção no
que vamos fazer.
No caso do passe, quem o vai transmitir deve firmar o pensamento na atividade espiritual
que irá desenvolver, no bem que deseja fazer ao assistido e no amparo que pretende obter do
Mundo Maior para essa realização.
12.1. Intimamente
Confiança e desejo de ajudar, tudo condicionado à vontade de Deus. Ou seja: fé, amor e
humildade.
Para uma disposição íntima assim, "o amparo divino é seguro e imediato".
Serenidade para poder registrar, pela intuição, a orientação espiritual para o passe que
estiver aplicando.
Mentalizar a recuperação dos órgãos do enfermo, sob a ação dos mensageiros do Senhor;
porque receber, transmitir e fixar energias é função exclusiva da mente.
Substituir a curiosidade (que alguma enfermidade física ou espiritual possa causar) pelo
amor fraternal, ou não haverá êxito.
12.2. Externamente
A fórmula exterior do passe não importa. Poderá obedecer à fórmula que ofereça maior
porcentagem de confiança, não só a quem o dá, como a quem o recebe.
(Emmanuel, psicografia de Francisco C. Xavier, Caminho, Verdade e Vida, "Passes", e O
Consolador, questão 99; Kardec, Obras Póstumas, cap. VI, item 54)
Porém o passe deverá ser sempre ministrado de modo silencioso, com simplicidade e
naturalidade.
Lembrar-se de que na aplicação de passes não se faz preciso a gesticulação violenta, a
respiração ofegante ou o bocejo de contínuo.
“A transmissão do passe dispensa qualquer recurso espetacular." (André Luiz, psicografia
de Waldo Vieira, Conduta Espírita, cap. XXVIII)
Evitar, portanto, gestos cabalísticos, esfregar de mãos, estalar de dedos, mímicas, tremores,
suspiros, assopros, gemidos (se a sua respiração se acentuar durante o passe, faça-a sem ruído).
Esses rituais são oriundos de outras crenças, as quais não cabem na simplicidade necessária à
aplicação do passe espírita.
Quanto ao toque no paciente, diz André Luiz: "nem sempre há necessidade"; isto porque
casos especialíssimos podem requerer o toque, mas mesmo então, será feito por cima das roupas
do enfermo ou das cobertas do leito, e quando não vexe o doente. Normalmente, e
preferencialmente, porém, o passe espírita é feito sem se tocar o enfermo. Lembremos que
podemos agir somente com o pensamento, ele é o veículo da mente.
No Centro Espírita, especialmente, deve-se evitar tocar nos pacientes, porque, além do
toque ser desnecessário, na quase totalidade dos casos que atendemos:
Muitos desconhecem o Espiritismo e eles ou seus acompanhantes veem com estranheza e
suspeita o toque pessoal;
Somos criaturas ainda imperfeitas e o toque físico pode desviar-nos da elevação de
pensamento necessária ao passe e, quem sabe, levar-nos a envolvimentos emocionais
indesejáveis, negativos.
12.4. Exaustão
O médium aplicador de passes, como mero instrumento que, pela prece, recebe para dar,
não precisa "jamais temer a exaustão das forças magnéticas". (André Luiz, psicografia de Waldo
Vieira, Conduta Espírita, cap. XXVIII)
Portanto, desde que haja imperiosa necessidade, o médium aplicador de passes poderá dar
tantos passes quantos forem precisos, confiante no inesgotável manancial da infinita misericórdia
de Deus.
Mas poderá sentir cansaço físico ou mental por estar aplicando passes em muitas
pessoas e por muito tempo.
Cabe ao médium aplicador de passes, pois, dosar sua atividade. E, mesmo reconhecendo
ser um simples intermediário, poupará suas reservas energéticas evitando excessos
desnecessários ou o mau uso, e buscará os meios naturais que o auxiliem na mais rápida
recuperação (oração, repouso, alimentação etc.). Desse modo, ajudará o esforço da espiritualidade
em seu favor.
15.4. A fé é necessária
Para atrair e reter as forças espirituais que vão ser derramadas sobre nós, cada um precisa
estar interessado, de boa vontade, confiante.
Quem não se colocar nesse estado de ânimo favorável, dificilmente conseguirá a bênção
que procura, porque a incredulidade é uma barreira à atuação dos Espíritos em nosso favor.
Jesus sempre dizia, quando alguém, por meio dele, conseguia uma bênção: "Vai, a tua fé te
salvou".
E, de fato, a misericórdia divina está sempre pronta a nos ajudar, dependendo da nossa fé.
Portanto, ore com fervor, silenciosamente, enquanto estiver recebendo o passe.
15.9. Em equipe
É o ministrado por mais de um médium aplicador de passes (dois a quatro), quando o
paciente estiver com muita carência fluídica ou em grande perturbação espiritual, ou quando houver
expressa orientação espiritual para isso.
15.10. Autopasse
É quando a própria pessoa procura medicar-se magnética e fluidicamente.
Nem todos os doentes podem recorrer ao autopasse, pois é necessário concentração,
mesmo que momentânea, para se colocar em condição receptiva, e quem está em aflição, dores
agudas, sistema nervoso abalado, dificilmente manterá boa concentração.
O autopasse poderá ser feito com gestos ou sem eles (neste caso, só pela prece,
disposição íntima).
Para atingi-lo, é indispensável que, antes, a pessoa procure se acalmar, esquecer
ressentimentos, dominar temores etc.
Façamos a nós mesmos duas perguntas: Que vim, realmente, fazer nesta Terra? Por que
estou querendo aprender sobre o passe?
Que mova-nos tão somente o desejo de atender ao convite do Espírito de Verdade,
seguindo seus ensinamentos básicos: “Amai-vos! Este o primeiro mandamento. Instruí-vos! Este o
segundo”.
Certos de que buscamos o entendimento do passe para, conhecendo, melhor servir,
sirvamos com amor e destemor, pois assim a luz não se fará rogada, e iluminará nossas almas,
clareando-nos o Espírito. Por este caminho lograremos a resposta do convite Crístico: “Segue-me!”,
que é o que vimos – e devemos – fazer, aqui e em todo lugar!
A nós, que ainda ajudamos na condição de aprendizes, o alcance da eficiência estará na
razão direta do amor sincero que formos capazes de sentir pela pessoa beneficiada.
Movimentemos as energias em favor dos necessitados, conscientes de que, nesse exercício
de doação fraternal, estaremos beneficiando a nós próprios.
Scheilla, psicografia de Clayton B. Levy (18/11/1994, Centro Espírita "Allan Kardec",
Campinas/SP)
“Se abraçamos o Espiritismo, por ideal cristão, não podemos negar-lhe fidelidade.”
“A verdadeira prática Espírita é a expressão da moral cristã, consubstanciada no
Evangelho do Mestre Jesus.”2
2
MAS O QUE É PUREZA DOUTRINÁRIA? Resguardemos Kardec das enxertias conceituais e práticas exóticas
Jorge Luiz Hessen
— Consideremos, todavia, que surja a necessidade — Vejamos esta irmã — exclamou Anacleto,
prontificando-se ao auxílio afetuoso —, observe-lhe o
imediata de socorrer alguém, no Círculo dos
coração e, principalmente, a válvula mitral.
Todavia, não se vale dele o Senhor para "Felizes os que forem perseguidos sem
alardear os poderes que lhe exornam o Espírito. causa, porque o reino dos Céus lhes pertence.”
54
sensibilidade mediúnica aprimorava-se nas criaturas É tipicamente mágica a atitude do médium
mais sensíveis e assim surgiram os pajés, os que pretende, com sua ginástica, limpar a aura de
feiticeiros, os xamãs, os mágicos terapeutas, uma pessoa ou limpar uma casa.
curadores.
As tentativas de cura através desses bailados
A descoberta do passe acompanhava e mediúnicos revelam confiança mágica do médium no
auxiliava o desenvolvimento do rito, da linguagem e rito que pratica. Por isso Jesus ensinou simplesmente
da descoberta de instrumentos que aumentavam o a imposição das mãos acompanhada da oração
poder das mãos. silenciosa. A oração em voz alta e em conjunto é
também um resíduo mágico, pelo qual se tenta
Podemos imaginar, como o fez Andrew Lang,
obrigar Deus ou os Espíritos a atenderem os
um homem primitivo olhando intrigado o emaranhado
clamores humanos.
de riscos da palma de sua mão, sem a mínima ideia
do que aquilo poderia significar. Seus descendentes A religião racional, e portanto consciente,
iriam admitir, mais tarde, que ali estavam traçados os baseia-se na fé esclarecida pela razão, que não
destinos de cada criatura. comporta de maneira alguma essas e outras práticas
formais e carregadas de misticismo igrejeiro.
O mistério da mão humana foi um elemento
essencial do desenvolvimento da inteligência e
especialmente da descoberta lenta e progressiva,
3- A técnica do passe
pelo homem, do seus poderes internos.
Os elaboradores e divulgadores de técnicas
Dos tempos primitivos até aos nossos dias, a
do passe não sabem o que fazem. A técnica do passe
mão é o símbolo do fazer que nos leva ao saber.
não pertence a nós, mas exclusivamente aos
Enquanto a Lua, o Sol e as estrelas atraíam os
Espíritos Superiores. Só eles conhecem a situação
homens para o mistério do cosmos, a mão os levava
real do paciente, as possibilidades de ajudá-lo em
a mergulhar nas profundezas da natureza humana.
face de seus compromissos nas provas, a natureza
Dessa dialética do interior e do exterior dos fluidos de que o paciente necessita e assim por
nasceram a Magia e a Religião. A Magia é prática, diante.
nasceu das mãos e funcionava através delas.
Os médiuns vivem a vida terrena e estão
A Religião é teórica, nasceu dos olhos, da condicionados na encarnação que merecem e de que
visão abstrata do mundo e funciona no plano das necessitam. Nada sabem da natureza dos fluidos, da
ideias. Na Magia, os homens submetem os deuses ao maneira apropriada e eficaz de aplicá-los, dos efeitos
poder humano, obrigam a Divindade a obedecê-los, a diversos que eles podem causar.
fazer por eles.
Na verdade, o médium só tem uma
Na Religião, os homens se submetem aos percepção vaga, geralmente epidérmica dos fluidos.
deuses, suplicam a proteção da Divindade. Mas, É simples atrevimento – e portanto charlatanismo –
apesar dessa distinção, as religiões não se livraram querer manipulá-los e distribuí-los a seu modo e a
dos resíduos primitivos das fórmulas mágicas. seu critério.
Todas as Igrejas da atualidade, mesmo após As pessoas que acham que os passes
as reformas recentes, apegam-se ao fazer dos ginásticos ou dados em grupos mediúnicos formados
mágicos, através de seus sacramentos. O exemplo ao redor do paciente são passes fortes, assemelham-
mais claro disso é o sacramento da Eucaristia, na se às que acreditam mais na força da macumba, com
Igreja Católica, pelo qual o sacerdote obriga Deus a seus apetrechos selvagens, do que no poder
materializar-se nas espécies sagradas da hóstia, para espiritual.
que o crente possa absorvê-lo e purificar-se com a
As experiências espíritas sensatas e lógicas,
sua ingestão.
em todo o mundo, desde os dias de Kardec até hoje,
No Espiritismo os resíduos mágicos não mostraram que mais vale uma prece silenciosa, às
podiam existir, pois trata-se de uma doutrina vezes na ausência e sem o conhecimento do
racionalista, mas o grande número de adeptos paciente, do que todas as encenações e alardes
provindos dos meios religiosos, sem a formação daqueles que ignoram os princípios doutrinários.
filosófica e científica da Doutrina, transportam esses
resíduos para o nosso meio, numa tentativa de
padronização de práticas espíritas e de
transformação dos passes num fazer dos médiuns e
4- Passe a distância
não dos espíritos.
Não há distância para a ação dos passes. Os
Espíritos Superiores não conhecem as dificuldades
FIM