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A NOVA FUEL EX

A RAINHA
DOS TRILHOS
MESTRE DA
DIVERSÃO
EDITORIAL

EXPORTAÇÕES
CONTINUAM
A CRESCER
Portugal voltou a crescer em 2022, cimentando o seu lugar de líder
europeu na produção de bicicletas. As exportações aumentaram 37%,
passando de 594 milhões de euros em 2021 para pouco mais de 800
milhões em 2022. Aliás, como sugerem os dados apresentados pela
Abimota, 2022 foi o melhor ano de sempre nesta indústria que recen-
temente passou a ter mais um novo cliente,
“AS EXPORTAÇÕES dado que a marca eslovaca Kellys vai pro-
AUMENTARAM 37%, duzir dois modelos de e-bikes cujos quadros
PASSANDO DE 594 serão fabricados no nosso país, mais con-
MILHÕES DE EUROS cretamente na fábrica da Triangle´s.
EM 2021 PARA As empresas do setor têm estado e es-
POUCO MAIS DE 800 tarão em feiras do setor um pouco por todo JÁ TE
MILHÕES EM 2022” o mundo com o intuito de angariar novos INSCREVESTE
clientes e não apenas na produção de bi- EM ALGUM
cicletas completas, mas também componentes e acessórios. Além PASSEIO
disso, a marca Beeq, produzida pela RTE, vai apresentar novidades ESTE ANO?
em breve no mercado das e-bikes, incluindo a entrada num novo seg- Os passeios ou maratonas
permitem-nos conhecer trilhos
mento que poderá alavancar as exportações. Em breve apresentare- novos e também pessoas.
mos todas estas novidades em exclusivo nacional. Posso-vos dizer que fiz ami-
gos para a vida nestes even-
tos. Se ainda não participaste,
inscreve-te num e diverte-te.
Os tempos não interessam,
REVISTABIKE
nem a altimetria, o importante
é fazeres o que gostas, e se
possível com amigos. Vais tra-
Carlos Pinto zer de lá novas amizades, uma
Diretor BIKE Portugal manhã bem passada e ainda
WWW.FACEBOOK.COM/ por cima a fazer desporto.
MOUNTAINBIKES.PT cpinto.bikemagazine@gmail.com
3>
mountainbikes.pt
SUMÁRIO

34 42 48 54
20 28
NOVA SCALE ROTWILD
MONDRAKER
A Mondraker Raze
agora também
está disponível em
RISE&MULLER
As bicicletas de
carga fazem todo o
sentido nas nossas
SPECIALIZED
Esta é a ebike ideal
para as deslo-
cações do dia a dia
SUPERTRAIL
A versão ST da
nova Genius
mostrou-nos todo
A nova versão da A marca alemã alumínio e com as cidades, como esta e para os trilhos no o seu potencial em
Scott Scale é ainda voltou ao nosso mesmas capaci- Multitinker. fim de semana. terrenos difíceis.
mais leve do que mercado, com bi-
Foto: JCD Fotografía

dades.
aparenta e já a cicletas como esta

80
testámos. surpreendente
e-bike.

#30
O QUE É QUE CARBONO

54
QUERES Não tenhas medo
VER NA BIKE? de cortar o carbo-
Que artigos gostarias no. É fácil, basta
de ver nas próximas seguir as nossas
edições? Envia-nos as tuas
sugestões para: recomendações.
bikeportugal@mpib.es

84
QUERES
MAIS BIKE?
Assinaturas:
suscripciones@mpib.es
Contacto Revista BIKE: ENDURO
bikeportugal@mpib.es
FEELVIANA

80
56
Hugo Pigeon
mostrou a sua raça
no duro traçado

# escolhido pela
organização.

MAIS:
NOTICIÁRIO: 06
BEEQ: 60
PERSONAL
TRAINER: 64

26
84 28
MASTERBIKE: 90

20
14

42
48

34 74
99 QUERES L
LER A BIKE EM VERSÃO DIGITAL?
Carrega este código QR
e acede à BIKE digital.

4>
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NOTICIÁRIO

ALVALADE-PORTO CÔVO
TUDO A POSTOS
Como é tradição, no terceiro domingo do de, perfazendo 120 km, sempre por terreno to Côvo. A organização permite a utilização
mês de Maio (neste caso, dia 21/05/2023) marcado pela organização, a cargo do BTT de bicicletas de BTT, incluindo elétricas (des-
realiza-se aquele que é o maior evento de Alvaladense. O evento consiste numa mara- de que cumpram as normas em vigor) e bi-
BTT em território nacional. O Raid Alvalade- tona não competitiva com partida em Alva- cicletas de gravel. As inscrições estão quase
Porto Côvo vai entrar na 23ª edição e, como lade e percorre os concelhos de Santiago do esgotadas, por isso apressa-te. Junta-te a nós
é hábito, o trajeto ronda os 70 km de ex- Cacém e Sines, maioritariamente por estra- neste grande evento nacional.
tensão. Quem estiver bem preparado pode das rurais, caminhos florestais e com algu- [+INFO] https://btt.fc-alvaladense.pt/
continuar o trajeto novamente até Alvala- mas secções de areia nas imediações de Por-

»Um novo
ponto de vista
ÓCULOS SHIMANO COM RIDESCAPE
A Shimano apresentou a segunda geração dos ócu-
los S-Phyre e Aerolite com um novo design. Am-
bos apresentam a tecnologia Ridescape nas lentes,
que realça as cores e destaca as superfícies em di-
ferentes tipos de terreno. O novo modelo topo de
gama S-Phyre tem um sistema de lentes magnéti-
cas que facilita a substituição, enquanto o modelo
Aerolite é compatível com o RX-Clip. A Shimano é
distribuída em Portugal pela Sociedade Comercial
do Vouga. [+INFO] www.scvouga.pt
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GO
A

S
L

3 DIAS DE BTT EM LAGOS


14 a 16 de abril de 2023
14 de abril | 19h30
Par da do Cais da Solaria/Jardim da
Cons tuição (4,2 km)
15 de abril | 9h00
Par da do Estádio Municipal de Lagos
(84 km)
16 de abril | 9h00
Par da do Estádio Municipal de Lagos
(74,5 km)

Inscrições: Solo e Duplas


Prémios por escalões

60,00€/atleta de 2 de janeiro a 31 de
março de 2023

+ INFO em cm-lagos.pt
Organização: Apoios:

»Forma
uma dupla
LAGOS BIKE AVENTURA
Lagos vai ser o palco de uma prova por
etapas que vai decorrer entre 14 e 16 de
Abril organizada pelo Grupo Popular das
Portelas e pela Associação dos Amigos
de Almádena, com o apoio do Município.
Segundo a organização, serão percorridos
durante estes três dias os melhores tril-
hos do concelho de Lagos, estando a prova
aberta a participação a solo ou em duplas,
sendo permitidas e-bikes. O evento está
aberto a atletas federados e não federados
e está enquadrado no Programa Nacional
ENTRAR COM
Ciclismo para Todos da Federação Por- O PÉ DIREITO
tuguesa de Ciclismo. A participação está
limitada a 250 atletas, sendo permitida a
SAPATOS FOX UNION
A marca californiana Fox quer entrar em força no mercado dos sapatos de BTT e acabou
presença de participantes com idade igual de anunciar o lançamento do modelo Union. Os Union estão disponíveis em três versões,
ou superior a 18 anos. A prova é feita atra- duas concebidas para pedais de encaixe e uma para pedais de plataforma. Existem quatro
vés de orientação por GPS, tem 161,70 km cores distintas e o preço varia entre 149,99 euros (na versão com atacadores) e 239,99
de extensão total e estão disponíveis três euros (modelo com aperto BOA).
escalões: Open, Masters e Grand Masters. [+INFO] foxracing.co.uk
[+INFO] cm-lagos.pt

NOVO EXPOENTE
MÁXIMO
CANNONDALE LAB71
A Cannondale sempre foi conhecida devido à sua trajetória em-
presarial inovadora desde o seu nascimento em 1971, e agora
pretende reforçar essa filosofia através do LAB71, a nova gama
exclusiva de bicicletas premium montadas à mão e que inclui
modelos de estrada, gravel, BTT e até e-bike.
[+INFO] www.cannondale.com

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E-BIKE INTELIGENTE
TREK RAIL
A Trek Rail com o novo sistema inteligente Bosch oferece 85 Nm tá emparelhado com o novo mini comando compacto, tornando
de binário. Além disso, os modos inteligentes Tour+ e eMTB ajus- mais fácil navegar entre modos enquanto se pedala. Todos os
tam a potência de acordo com o tipo de terreno e com o utiliza- restantes modelos da Rail utilizam um comando LED, que mostra
dor para uma assistência mais natural e menos brusca. Empare- a carga da bateria e o modo de assistência selecionado, possibili-
lhando esta bicicleta elétrica com a aplicação Bosch eBike Flow, tando atualizar o sistema através de Bluetooth, com a aplicação
os utilizadores podem personalizar a assistência, monitorizar Bosch eBike Flow. A Rail vem com as mesmas rodas de 29”, pa-
as métricas das voltas, mapear percursos e navegar, atualizar o ra dominar qualquer terreno, e com o mesmo curso de 150 mm
sistema via Bluetooth e receber recomendações de manutenção. / 160 mm da geração anterior. Os modelos Rail em Carbono vêm
As novas Rail 9.8 e 9.9 apresentam um controlador do sistema com uma geometria mais alongada, rebaixada e descontraída,
Bosch integrado na perfeição no tubo superior do quadro, per- semelhante à Slash.
mitindo consultar as métricas de uma forma elegante, e que es- [+INFO] www.trekbikes.com

NA MECA DO BTT
FOX ENDURO RACE
A sétima edição da prova FOX Enduro Race já está agendada. De-
correrá nos dias 28, 29 e 30 de abril na serra da Lousã, um local
mítico do Enduro nacional. A organização desta prova está a cargo
da experiente empresa Montanha Clube e são esperados alguns
atletas internacionais neste evento que é uma referência no nosso
país. Para além da vertente competitiva, o fim de semana terá mui-
ta animação, com música e uma grande área de exposição. O cen-
tro nevrálgico do evento estará montado na Praceta Sá Carneiro,
um espaço verde e acolhedor bem no centro da vila beirã, com uma
grande diversidade de restaurantes e bares na sua área envolvente.
A prova é aberta e permite a participação de atletas com bicicletas
de Enduro convencionais ou com bicicletas elétricas. Ambas as
categorias terão pela frente cinco especiais cronometradas (PEC),
no entanto os participantes com elétricas terão duas Power Stages
(especiais de subida). As inscrição são limitadas a 300 participantes
e podem ser feitas até ao dia 23 de abril.
[+INFO] www.fpciclismo.pt

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READY FOR
ANYTHING
One tire. For rural or urban rides.

Available in MTB / EMTB conti-bicycletires.com


MUITO ESTILO
RODAS LAVELLE
Não passarás despercebido com as rodas Lavelle. A proposta mo-
nocromática de carbono destas rodas fabricadas na Galiza inclui
modelos para estrada, BTT (modelo Ridgeline) e agora adicionam à
gama as Fireroad, específicas para gravel, umas rodas com um per-
fil interno de 25 mm, 1.600 g de peso e fabricadas com 5 carbonos
diferentes. Como seria de esperar, não são baratas: custam 2.979
€ o par. [+INFO] www.lavelleeurope.com

MAIS CURSO
ESPIGÃO FOX TRANSFER SL TRÊS ANOS GRÁTIS
Em 2021, a Fox introduziu no mercado o espigão de selim tele-
scópico Transfer SL na busca da máxima leveza, com um peso de- SPECIALIZED EPIC BRAIN
clarado de 327g. Para aqueles que procuram cursos ligeiramente A Specialized anunciou que irá oferecer manutenção anual gratuita em
mais longos, a marca apresentou duas novas versões, uma com todos os modelos Epic com amortecedor Brain de 2018 a 2023 nos
125 mm de curso e outra com 150 mm, com um diâmetro de 31,6 próximos três anos, independentemente da data de compra, uma cam-
mm, para além dos anteriores 50, 70, 75 e 100 mm. O sistema ain- panha que decorrerá até 1 de Fevereiro de 2026. Esta campanha não
da funciona em duas posições, totalmente estendido ou totalmen- invalida a extensão do plano de 2 anos de serviço gratuito para o amor-
te em baixo, e haverá versões Performance Elite e também Fac- tecedor Brain Epic MY21 que a Specialized estava a oferecer até agora.
tory. [+INFO] www.bicimax.pt [+INFO] www.specialized.com

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ABUS

AIRDROP
O novo capacete ABUS Airdrop com protecção facial
NOVAS CORES completa é o capacete perfeito para as situações
mais difíceis.
ORBEA FACTORY TEAM
Após uma grande renovação, a Orbea Factory
Team está a usar novas cores sem perder a essên-
cia do verde menta, que a marca Hiru, responsável
por vestir a equipa, combinará com um calção ver-
de escuro. David Campos e a equipa anunciaram
também que irão equipar as suas bicicletas com
rodas Oquo. [+INFO] www.orbea.com

Au Revoir Gilles
GILLES LAPIERRE DIZ ADEUS
O Grupo Accell anunciou há semanas a partida de Gilles Lapierre
após 26 anos dentro do grupo. Sob a liderança de Gilles, os de-
partamentos de Investigação e Desenvolvimento das marcas de
bicicletas do Grupo Accell foram integrados com o objetivo de se
tornar uma das principais empresas de ciclismo na Europa.
[+INFO] www.lapierrebikes.com

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abus.pt
SÓ VANTAGENS
LAZER COYOTE KINETICORE
A Lazer deu a conhecer o novo capacete Coyote KinetiCore. Ostenta
uma classificação de 5 Estrelas pela Virgina Tech graças à tecnologia
Kineticore contra impactos rotacionais e diretos, bem como uma mel-
hor ventilação e leveza. Tem encaixe ajustável TurnSys no eixo vertical,
um encaixe para fixar óculos, pala integrada, fivela magnética e está
disponível em 7 cores. Pesa 340 g e já está disponível no mercado.
[+INFO] www.scvouga.pt

VESTE-TE
COMO O NINO
SCOTT VAI VESTIR A SCOTT-SRAM
Para além das bicicletas e componentes, a Scott torna-se o fornece-
dor oficial de vestuário da equipa Scott SRAM, e fá-lo com desenhos
inovadores. Estarão disponíveis três kits de roupa, concebidos es-
pecificamente para diferentes condições de competição e de treino,
incluindo um conjunto ultra ligeiro, sem fecho de correr.
[+INFO] www.scott-sports.com

SAGAN EM PARIS
DEIXA A ESTRADA PELO BTT
No dia do seu 33º aniversário, Peter Sagan deu uma notícia
de grande impacto no dia de descanso da Volta a San Juan:
deixará o ciclismo de estrada profissional no final desta tempo-
rada - após 15 anos no pelotão - e concentrar-se-á na preparação
para a sua participação nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 em porque é algo que me dá muito prazer”. Depois da sua anterior
BTT. “Sempre disse que gostaria de terminar a minha carreira tentativa olímpica no Rio, será que desta vez conseguirá ganhar
no BTT, porque iniciei nesta especialidade. Gosto desta decisão uma medalha?

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QUE TIPO DE RIDER ÉS?
CUBE STEREO ONE
A Cube apresentou a renovada gama Stereo ONE, com diferentes
versões que variam em termos de curso, cinemática do sistema de
amortecimento, geometria e equipamento. A Stereo ONE22, com
120 mm de curso, destina-se à utilização em Trail e está disponível
em oito montagens distintas, em alumínio ou carbono. A Stereo
ONE44 eleva o curso para 140 mm, destina-se a All Mountain, tem
ajuste de geometria, armazenamento no quadro e o peso começa
nos 12,2 kg. Mais acima está a versão Stereo ONE55, uma ágil bicicle-
ta de Enduro com 160 mm de curso, quadro de carbono C:62 e ajuste
de geometria também no ângulo de direção. Para provas de Enduro,
a Stereo ONE 77 é o modelo ideal, dado que tem 170 mm de curso e
rodas de 29”. Além disso, pode ser equipada com amortecedor de
ar ou de mola. Por último, os fás das elétricas têm a Stereo Hybrid
ONE55, com motor Bosch Performance CX Gen 4 e bateria de 750Wh.
[+INFO] www.cube.eu

AINDA MAIS CURSO


LIV INTRIGUE LT
A nova Intrigue LT, o modelo de enduro da Liv, destaca-se pe-
lo aumento do curso no sistema de amortecimento e pela al- o ângulo da direção, o ângulo do tubo do selim e a altura do pe-
teração na geometria, com o objetivo de ser uma bicicleta de daleiro. Os tamanhos XS e S são concebidos para uso exclusivo
suspensão total de longo curso com grande versatilidade. Es- em configuração mullet, 27,5 atrás e 29” à frente, e os tamanhos
te modelo tem uma suspensão com 160 mm e um curso traseiro maiores vêm de série com 29” atrás, mas podem ser mudados
de 150mm, sendo a mais “generosa” da gama Liv e, claro, está para mullet. Possui quadro de alumínio ALUXX SL e está à venda
equipada com ajustes personalizados desenvolvidos para mul- numa configuração, Intrigue LT 1, com um PVP de 3.599 €.
heres. Inclui o novo Flip Chip Maestro 3 que lhe permite variar [+INFO] www.liv-cycling.com

16>
mountainbikes.pt
Diretor Geral de Publicações
Desportivas: Fran Chico
Editor Adjunto: Julio Vicioso
Redator Chefe: Miguel Lorenzo
Diretor de Arte da Área de Desporto: Francisco Miguel Yestera
Diretor de Arte BIKE: Juanjo Contreras

Diretor: Carlos Pinto


Redatores: Testes e produto: Héctor Ruiz, Juan Manuel Montero, Pedro Pires.
Colaboradores: Iván Mateos, Carlos Morcillo, Jorge Martínez, Jose María Fernández, Yago
Alcalde, Fernando Villares, Sergio Lorenzo, Jose Antonio Hermida, David Vázquez López, Israel
Romero, Emilio Arenas, Juan Matos, César Cabrera, Alexandre Silva.
E-mail: bikeportugal@mpib.es
DEPARTAMENTO DE ARTE: Juanjo Contreras (Director de Arte), Francisco Javier
Hernández (Chefe de equipa).
Fotografia: César Cabrera, JCD Fotografía. Tecnología Editorial: Tomás García (Director),
Alberto Vicente (Adjunto al Director). Producción: Manuel Torres (Director). Copyrights:
Motorpress Ibérica, Motor Presse Stuttgart GmbH & Co. KG.
EVENTOS DESPORTIVOS: Tino Pérez, Fernando Sebastián.
E-mail: eventos@slib.es
Marketing e Comunicação Editorial de Desporto: Henar Calleja.
Publicidade: Raúl Moreno, rmoreno@slib.es. Tel 618 95 34 90.
DESTINADA A
ALTA COMPETIÇÃO
Publicidade Norte: Javier Aizpurúa, Tel. 609 938 548.
Coordenação de Publicidade: Begoña Calvo, Raquel Carrasco, Tel. 91 347 01 00.
coordinacionpublicidad@slib.es.

GIANT REIGN 2023


Presidenta y Consejera Delegada:
MARÍA WANDOSELL ALCINA A competição está por detrás do design tre uma configuração mullet ou total-
da nova Giant Reign, uma bicicleta de mente 29”, sendo esta última a opção de
enduro desenvolvida pela equipa Giant série. O novo quadro é mais baixo, permi-
Diretor Financeiro, Recursos Humanos e Assinaturas: Carlos Martínez-Millet
Diretor de Estratégia Digital: Juanma Montero
Factory Off-Road. A oitava geração desta tindo uma maior mobilidade, e o flip chip
SEDES: Madrid: Nestares 20. 28045 Madrid. Tel.: 0034 91 347 01 00. Fax: 0034 91 347 bicicleta tem um quadro Advanced Pro oferece ajustes de altura do pedaleiro em
01 52. Barcelona: Rambla Catalunya 78 1º 2ª. 08007 Barcelona. Telefone: 0034 93 467 de carbono, mas existem também opções incrementos de 5 mm (35, 30 ou 25 mm),
00 24. Fax: 0034 93 467 00 40.
em alumínio ALUXX SL da Reign e Reign alterações do ângulo da direção de 63,5,
Impressão: LIDERGRAF - ARTES GRÁFICAS, S.A. - Sustainable Printing , Rua do Galhano, SX, com mais curso e uma atitude mais 63,9 ou 64,2 graus, e alterações do ângulo
15 , 4480-089 Vila do Conde, Portugal.
DH. Em qualquer das três variantes, há do tubo do selim de 78,3, 78,7 ou 70 graus.
Distribuição: VASP - Distribuidora de Publicações, SA. - Quinta do Grajal – Venda Seca – compatibilidade com rodas traseiras de [+INFO] www.giant-bicycles.com
2739-511 Agualva Cacém - Tel.: 21 433 70 00. Fax: 21 433 70 09 geral@vasp.pt.
29” ou 27,5”, pelo que podes escolher en-
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Printed in Portugal.

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também em: »Coloridas
www.mountainbikes.pt TAMPAS MUC-OFF DISCO
As novas tampas de guiador Disco, da
www.facebook.com/mountainbikes.pt Muc-Off, foram concebidas para dar uma
nova estética ao guiador. São maquinadas
e anodizadas, e estão disponíveis em cinco
cores: preto, vermelho, azul, rosa e la-
ranja. Pesam 13g cada (26g no total). São
fixadas com um expansor de borracha e
têm um PVP de 19,99 €.
[+INFO] Comet, tel. 0034 943 33 13 93

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mountainbikes.pt
Multitinker vario mit optionaler Ausstattung.
Mehr Infos unter www.r-m.de

Das neue Multitinker.


(2005):
rim e ir a Scale
P de selim ,9
espigão ensionado (34 ,
s o b re d im
m aio r rigidez s e
o
mm) parav-brake ou disc de
travões ão com 80 mm topo
suspens modelo LTD, o .
curso. O , pesava 8,8 kg
de gama

20>
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SCOTT SCALE RC SL

PESO
PLUMAA SCALE SURGIU EM 2005 COM UM QUADRO QUE PESAVA APENAS 970 G

O
(NA ALTURA TINHA RODAS DE 26 POLEGADAS), O QUE JÁ ERA UM RECORDE.
18 ANOS DEPOIS, AINDA MANTÉM O SEU STATUS QUO COM A CHEGADA
DA QUARTA GERAÇÃO E DESTE IMPRESSIONANTE MODELO RC SL.

D E S E N V O LV I - NÃO SE TRATA
MENTO DESTA DE UMA RÍGIDA QUALQUER
NOVA VERSÃO Um dos aspetos mais impressionantes do
DEMOROU MAIS DE 5 ANOS A SER CONCRETIZA- quadro é que as escoras têm um novo de-
DO. A Scott empenhou-se seriamente na Scale com o ob- sign, tentando aproximar-se ainda mais, em
jetivo de colocar as bicicletas rígidas de volta ao epicentro termos estéticos, dos modelos de estrada
do BTT. Evoluiu em termos de construção, detalhes, geo- e gravel, como a Foil e a Addict, embora no
metria e também a nível estético. De todos os modelos à caso da Scale o faça de uma forma muito
venda, contámos com o mais avançado e inalcançável, o RC mais discreta, de modo a não diminuir a sua
SL, cheio de tecnologias em todos os detalhes. Os modelos capacidade de absorção. Também herda as
RC estão disponíveis com quadro de linhas já vistas na sua irmã Spark,
carbono HMX-SL, apenas presentes
neste modelo, HMX e HMF. A Scott INCLUI especialmente na zona frontal, com
os cabos a entrarem através do co-
também lançou a gama Scale (sem o
“RC”) com quadros de carbono HMF e
DETALHES po de direção e todos integrados no
avanço. Isto permite não só a arru-
alumínio, dependendo do preço. DA SPARK E mação dos cabos e uma estética

TAMBÉM DA perfeita nesta parte do quadro, mas


também é capaz de aliviar 60 gra-
FOIL E ADDICT mas no tubo da direção, segundo a
marca, dispensando reforços para

100mm 29” XC 8,9 12.598

TEXTO: FOTOS:
Héctor Ruiz JCD Fotografia

21>
mountainbikes.pt
os cabos nas suas paredes laterais. Este
tipo de tubo de direção, que também nos
bém foram aligeirados, pesando agora
menos 7 gramas através de uma cons-
PARA ALÉM
dá a possibilidade de ajustar o ângulo trução oca na qual o aperto repousa so- DAS ESCORAS
em 0,6º, é algo mais complexo, sobredi-
mensionado e mais pesado que outros,
bre uma pequena peça de alumínio, im-
pedindo que as paredes do quadro sejam BAIXAS, TEM
razão pela qual não instalaram um siste-
ma de limitação de rotação para proteger
carregadas pela pressão do próprio aper-
to. A fixação do travão foi inserida entre DETALHES
o tubo superior numa queda, de modo a
não adicionar mais gramas - o que tería-
a escora superior e inferior, um desenho
com o qual a Scott conseguiu uma eco-
NOVOS E MUITO
mos preferido, por razões de segurança.
Se descermos à área do pedaleiro encon-
nomia de peso de 20 gramas. O peso al-
cançado pela Scott neste
MINIMALISTAS
tramos uma entrada com a qual pode- quadro HMX-SL topo de
mos aceder ao interior dos tubos e ver o gama é de 847 g, o que
encaminhamento dos cabos, algo que os é cerca de 32 g menos ra interna de 30mm e pneus Maxxis Rekon Race de 2,4”
amantes da mecânica irão apreciar, e ao do que a geração ante- com pressões muito baixas, não são muito absorventes
contrário da Spark e da Genius, onde a rior. Ao descer de gama, no plano vertical, e é preciso habituarmo-nos às suas
cobertura é feita de plástico e tem um sis- o peso é de 912 g para reações mais secas do que em outras rodas de alta ga-
tema de fecho, na Scale é apenas feita de a versão HMX e 1013 g ma, especialmente a alta velocidade. Os travões Trick-
borracha, mais frágil, mas também mais para a HMF. stuff Piccola também requerem alguma habituação, pois
leve. E uma das partes mais curiosas, a sua potência é tão elevada que exigem que aproxime-
embora pequena e simples, são os supor- BIKE DE SONHO mos a manete do guiador para que não exageremos em
tes da grade de bidon. Não é apenas o quadro caso de travagem de emergência. A sua construção em
A Scott concebeu um sistema no qual que é notável, também CNC e com carbono é superleve, praticamente perfeita a
pequenas peças de plástico com as ros- a montagem desta bi- nível visual e o melhor é que não mostram quaisquer si-
cas metálicas inseridas no interior são cicleta está no topo em nais de fragilidade em nenhum ponto, algo sobre o qual
encaixadas nos furos do quadro através quase todos os aspetos, outros travões leves não podem dizer o mesmo. Do lado
de ranhuras, e os parafusos são enros- começando com as ro- negativo, talvez os discos pareçam um pouco grosseiros
cados nestas peças. Isto resulta num das Syncros em carbono. a um nível estético e ruidosos para pertencerem à nobre-
tubo mais leve que não requer grandes Pesam menos de 1.300g za dos travões. As rodas e travões são os componentes
reforços ou rebites, embora esta tecno- por par, são construídas que mais euros acrescentam ao preço deste modelo, mas
logia esteja presente principalmente nos numa só peça transmi- são o preço a pagar por um topo de gama.
modelos de topo de gama, e não nos tindo instantaneamente Além disso, as válvulas SRAM TyreWiz com sensores
quadros mais baratos. cada watt de potência. de pressão e cranques SRAM com medidor de potên-
Além disso, os dropouts traseiros tam- Mesmo com uma largu- cia Quarq realçam a importância da eletrónica no mundo

NEM TODAS SÃO RC


UMA GAMA COM QUASE 20 MODELOS versões no catálogo. A Scale está à venda com quadros de car-
As Scale RC são a ponta de lança tecnológica da Scott, com bono HMF nas versões superiores, enquanto as inferiores têm
quadros mais leves e mais caros. Mas para além destas cin- quadros de alumínio 6061, tentando manter o mesmo nível
co versões RC, existem mais dez modelos não RC no catálogo, estético e também tecnológico dos modelos topo de gama, in-
aos quais devemos acrescentar quatro modelos extra da Sca- cluindo a cablagem através do copo superior da direção. Exis-
le Contessa especificamente para mulheres. E se tivermos em tem cinco modelos de alumínio e outros cinco com quadros de
conta que muitos deles são oferecidos em diferentes versões carbono. Quanto à Contessa, existem quatro modelos, dois em
de cores, passamos de dezanove para um total de vinte e três carbono e dois em alumínio.

Contessa Scale 910 Scale 925 HMF Scale 970 Alu

22>
mountainbikes.pt
23>
mountainbikes.pt
1 2

atual, especialmente numa bicicleta de ga-


ma alta. O grupo, claro, é o XX1 Eagle AXS.
Também são de notar o guiador Fraser IC,
que apresenta um novo encaminhamento
de cabos utilizando abraçadeiras especí-
ficas que se encaixam em orifícios sob o
guiador, e o selim Syncros Belcarra SL, que
também utiliza um método de construção
numa só peça, pesando 150g.

COMEÇA A TREINAR
Com uma bicicleta como esta, o ideal é
4 6 seguir um plano de treino exigente para a
manter em dia. O seu peso a rondar os 9
5 7
kg talvez não seja o mais baixo do mundo,
considerando o preço e a singularidade de
cada componente. Os viciados na leveza
certamente pensarão em baixá-lo ainda
mais. Mas é óbvio que se trata de uma bici-
cleta muito leve e que nos deixa aptos para
enfrentar qualquer prova com a confiança
própria de um vencedor, ou melhor, de um
Nino Schurter.
Graças à nova geometria, que segue as ten-
dências previsíveis por ser um pouco mais
longa no triângulo frontal (20 mm a mais
em termos de Alcance) e com um ângu-

1-2> O desenho das escoras dições lamacentas. dos utilizadores. 6> Válvulas TyreWiz que nos
baixas implica, na verdade, avisam com LEDs vermelhos
uma diferença de apenas 3> O Syncros Belcarra SL 4-5> Detalhe da fixação do intermitentes quando a pres-
14mm de altura entre os tubos. 1.0 é o modelo mais elitista suporte frontal do ciclo compu- são cai abaixo de um nível
O quadro é fabricado em duas fabricado por esta marca e tador, uma rosca dupla que se predefinido através da apli-
partes: triângulo dianteiro (até engloba características de um esconde debaixo da tampa de cação SRAM.
ao tubo do selim e pedaleiro) selim minimalista e de um borracha, e também do novo
e triângulo traseiro (escoras selim confortável. Contudo, é sistema de encaminhamento 7> O acabamento e a qualidade
e ponteiras). O arco da roda é fabricado num tamanho único de cabos e tubos. Este último dos travões Trickstuff serão
muito generoso, e mesmo com de apenas 130 mm de largura, requer guias de cabo especí- difíceis de igualar por outras
os pneus de 2,4” não tivemos o que não é o mais adequado ficas com um terminal que é marcas.
problemas em pedalar em con- para uma grande percentagem inserido no guiador.

24>
mountainbikes.pt
AS RODAS A SYNCROS oferece dois

SYNCROS SÃO
tipos de suportes Garmin/
Wahoo, um no avanço e
outro
na frente, que se aparafus

SINÓNIMO DE
a
debaixo do guiador. São
feitos
de alumínio e as fixações
são
ACELERAÇÃO fabricadas pela K-Ed.

INCRÍVEL, MAS
TAMBÉM DE
REAÇÕES MUITO
RÁPIDAS E SECAS 18 anos mais tarde, a Scale
pesa cerca de 130 g a menos,
passando de 26” para 29”.

Pneus de 2,4” ou 2,35”


da MAXXIS em todos
os modelos, do mais
barato ao mais caro.

O melhor. Minimalismo
em todos os pormenores.
Peso total. Travagem.
Geometria e desempenho.

A melhorar. Poderia
ainda absorver mais na
parte traseira. Prato dian-
teiro de 32”. É melhor não
falar do preço.

DESDE
A GAMA SCALE RC ATÉ
5
MODELOS
3.205 €
SCALE RC TEAM ISSUE (4.325 €),
SCALE RC WORLD CUP (6.738 €), 12.598 €
SCALE RC TEAM SCALE RC WORLD CUP EVO (8.548 €) RC SL

SCOTT SCALE RC SL
I
[QUADRO] Carbono HMX-SL [SUSPENSÃO] Fox 32 SC Factory. 100 mm. [PEDALEIRO] SRAM XX1 Eagle AXS Power GEOMETRIA
A: 1.131
Meter. DUB. [DESVIADOR] SRAM XX1 Eagle AXS 12. [MANETE DE MUDANÇAS] SRAM Eagle AXS Rocker. [CASSETE] B: 313 F E H G

SRAM XX1 XG1299. 10-52. [CORRENTE] SRAM XX1. [TRAVÕES] Trickstuff Piccola Carbon. Discos Ultra Light 180/160 C: 425 D

mm. [DIREÇÃO] Syncros - Acros. [GUIADOR] Syncros Fraser iC SL XC Carbon. -12º, 740 mm. [PUNHOS] Syncros XC D: 440 J
E: 601
Lock-On. Ferramenta Syncros IS Tubeless. [SELIM] Syncros Belcarra SL Regular 1.0. [ESPIGÃO DE SELIM] Syncros F: 75.4º
Duncan SL Carbon. [RODAS] Syncros Silverton SL2-30 CL. SRAM TyreWiz [PNEUS] Maxxis Rekon Race EXO TR. 29x2.4” G: 67.9º
H: 95 C A
[PESO] 8,90 Kg (tamanho M, sem pedais). [TAMANHOS] S, M, L, XL. [PRE
[PREÇÇO] 12.598 €. I: 442
B
[+INFO] Stand Jasma, 212 268 838. www.jasma.pt. www.scott-sports.com J: 605

{ A: Comprimento entre eixos. B: Altura do eixo pedaleiro. C: Comprimento das escoras. D:


25>
25 >
mountainbikes.pt Comprimento do tubo de selim (centro ao topo). E: Comprimento do tubo superior (horizontal
virtual). F: Ângulo de selim. G: Ângulo de direção. H: Testa da direção. I: Reach. J: Stack. Todos os
comprimentos em mm }
TUDO CONTA
execução. Entre as principais marcas no mercado, a Scott é
OS NOVOS DETALHES uma das empresas que mais faz a apologia da utilização de
Causar boa impressão com um quadro rígido de BTT não cockpits fabricados numa só peça, com a cablagem integrada
é algo fácil, considerando que hoje em dias as bicicletas na área da direção - uma tendência quase imparável, embora
de suspensão total atingiram um nível muito competi- tenha os seus inconvenientes quando se trata de manutenção
tivo em todos os aspetos. É por isso que, para além de um - e também das direções do tipo Angleset com ângulo ajus-
design marcante e de um peso excelente, é necessário cui- tável, algo mais comum nas bicicletas de Enduro, mas pouco
dar de cada detalhe e tentar alcançar a excelência na sua explorado nas bicicletas de XC.

0,6° de
diferença,
passando de 67,9°
para 67,3°, com o
objetivo de ainda
mais estabilidade

Tubo de direção
sobredimensionado,
para facilitar a
coexistência de
cabos, mangueiras
e rolamentos.

Graças à
construção oca
os dropouts são 7
g mais leves.

A tampa de
borracha é muito
fácil de remover.

Fixação
do travão
As escoras Postmount entre
baixas a escora inferior
proporcionam e superior. São
conforto e 20 gramas mais
são bastante leves, segundo os
difundidas no dados fornecidos
ciclismo de pela Scott.
estrada e
no gravel.

26>
mountainbikes.pt
lo de direção ligeiramente mais lançado
(menos de 68°), a posição de condução
está algures entre centrada e agressiva.
Hoje em dia, os betetistas que procuram
um desempenho máximo podem preferir
um avanço ligeiramente mais comprido
do que o standard de 60 mm (tamanho M).
Devido ao triângulo traseiro muito com-
pacto - as escoras têm apenas 425mm - e
ao já referido comportamento das rodas,
a transmissão de potência de pedalada é
uma das melhores que já testámos. Faz-
nos sentir como estivéssemos num ní-
vel de forma soberbo quando estamos a
pedalar em potência. Mas não devemos
esperar que a Scale seja uma rígida que
se destaque no conforto traseiro. Como
tem escoras baixas, existe uma diferença

O DETALHE
do tubo superior para o tubo do selim de
14mm, e não foi levado mais longe - como
os designers pretendiam originalmente,
FORQUETA RÍGIDA> Como última surpresa, a Scott lançou uma
principalmente por razões estéticas - de
nova forqueta rígida de carbono para os betetistas que procuram modo a não comprometer a flexão ver-
algo mais radical. É vendida separadamente e pesa apenas 605g, tical do tubo do selim. No entanto, não é
com a opção de encaminhar o cabo interna ou externamente se fo- tão tolerante em termos de absorção co-
res alternar este modelo rígido por uma suspensão. Tem também mo outras bicicletas. E por falar em flexão,
na frente encontramos uma suspensão
roscas para bagageiras, para poder fazer passeios de vários dias do Fox 32 SC, um modelo que brilha mais
estilo bikepacking. pela sua leveza do que pela sua rigidez,
embora não represente nenhum drama,
mas conhecendo bem a sua irmã 34 SC
– mais rígida e ligeiramente mais pesa-
da -, reconhecemos que para pedalar em
ESPANHA É terreno muito técnico teríamos preferido
O PAÍS QUE a versão mais robusta. Todas as suspen-
MAIS VENDE O sões da Scale estão equipadas com bain-
MODELO SCALE has de 32 mm (tanto RC como outras) e
nenhuma delas tem um espigão de selim
telescópico, tornando claro que o peso foi
fundamental nesta bicicleta e justificando
cada escolha de componentes. O que tal-
vez não tenha grande justificação é o fac-
to de vir de origem com um prato de 32
dentes, o que consideramos pequeno para
uma bicicleta com este peso e com uma
orientação tão competitiva. No entanto,
uma coisa é garantida, trata-se de uma bi-
cicleta que nos deixará com um sorriso de
orelha a orelha depois de uma barrigada
de trilhos de XC.

RESUMINDO
» A Scott conseguiu diferenciar-
se com a nova Scale, com um
quadro que tem muita perso-
nalidade e detalhes tecnoló-
gicos.
» Esta RC SL é um unicórnio,
com uma das configurações
mais exclusivas do planeta e a
um preço proibitivo.
» No total, existem quase 20
modelos.
27>
mountainbikes.pt
A Rotwild é
diferente. Trata-se
de uma marca que
se afasta da norma
em termos de design
e tem soluções
exclusivas.

28>
mountainbikes.pt
ROTWILD R.X750 PRO

O REGRESSO
CONCEBIDA PARA BTT PURO E DURO, A R.X750 PRO TEM A POTÊNCIA NECESSÁRIA PARA
AS SUBIDAS MAIS ÉPICAS E A CAPACIDADE DE DOMINAR AS DESCIDAS MAIS AGRESSIVAS.

P ASSARAM-SE ANOS,
PRATICAMENTE DÉ-
CADAS, DESDE QUE
UMA ROTWILD PASSOU PELA NOS-
SA REDAÇÃO. AGORA QUE TIVEMOS
A OPORTUNIDADE DE TESTAR ESTA
R.X750, A VERDADE É QUE JÁ NÃO A
de curso na suspensão frontal, configu-
ração de rodas mullet (29” à frente e 27,5”
atrás) para garantir a agilidade e um sis-
tema de propulsão Brose com uma bateria
que proporciona uma autonomia incrível.

CARBONO TOTAL
QUEREMOS DEVOLVER. É o tipo de bici- O quadro é a “imagem de marca” de cada bi-
cleta que nos faz ver as coisas de um ponto de cicleta, e ainda mais nesta Rotwild, com um
vista diferente da forma como as grandes mar- chassis muito particular. É inteiramente fabri-
cas fazem as coisas. Na sua conceção, a marca cado em fibra de carbono, incluindo o triângu-
teve em conta todos os lo dianteiro e traseiro
detalhes, sendo muitos QUADRO bem com os links,
deles, se não inovado-
res, originais. Detalhes TOTALMENTE sendo as formas dos
tubos orientados
que requerem investi-
mento de tempo e re- FABRICADO EM para a rigidez, a co-
meçar pelo generoso
cursos, algo que tende
a reduzir a rentabilida-
FIBRA DE CARBONO: tubo da direção. A
direção é compac-
de, e algo que as gran- TRIÂNGULO ta, com 110 mm de
des marcas por vezes
esquecem. A R.X750 FRONTAL, BRAÇO altura, mas larga,
com um rolamento
Pro que testámos é
uma potente bicicleta
OSCILANTE E superior de 1,8” para
proporcionar espaço
de Trail, com 150 mm CONJUNTO DE LINKS para a cablagem elé-

150mm 150mm 29/27,5” Trail / AM 750W 23,8 9.159


FOTOS ESTÚDIO:
FOTOS AÇÃO:

JCD Fotografia
César Cabrera
Iván Mateos
TEXTO:

29>
mountainbikes.pt
2

1 3

4 5
trica do display e da luz. O suporte da luz
está posicionado entre os olhais do avanço
e o cabo corre diretamente para dentro,
invisível, enquanto o cabo do display toma
um caminho mais complicado. O guiador
tem uma ranhura na parte inferior, para fa-
cilitar a passagem do cabo do display entre
o guiador e o punho até à extremidade.
Os restantes cabos e tubos dos travões se-
guem uma rota convencional, mas atraves-
sam o tubo inferior através de um suporte
inferior duplo que os mantém separados
da bateria. A montagem do motor foi con-
cebida para receber o motor de lado: O tu-
bo inferior e o tubo do selim estendem-se
do lado esquerdo para criar uma caixa que
segura o motor. Esteticamente é agradável,
mas o carbono fica muito exposto no caso
de bater numa rocha, e não é uma parte
que possa ser substituída, pois faz parte
do quadro. Na parte de trás do motor estão
pivôs principais espaçados 8,5 mm entre si,
mais uma vez na procura de solidez, sobre
os quais giram as escoras, com 7cm de al-
tura no seu ponto mais grosso. No ponto
mais baixo das escoras há um pequeno ori-
fício para drenagem de água, outro detalhe

1> Será que se vai perder? A de 1,4” e integra os botões de um espigão de selim concebido 5> Float X com reservatório
cobertura de borracha que pro- mudança de velocidades, on-ff, para ser colocado dentro de extra para um desempenho
tege a porta de carregamento luzes e menu. um tubo inferior específico superior sob uso mais agres-
é magnética, e pode ser facil- para uma integração quase sivo. Fixação Trunnion com
mente removida e substituída. 3> O quadro cria uma espécie total. Tem ajuste de altura rolamentos..
A nossa não se perdeu, nem de caixa lateral que aloja o surpreendentemente fácil de
ouvimos falar de situações do motor, sendo rebaixada do lado manusear e sem necessidade 6> Horst link. Este sistema
género, por isso é seguro dizer oposto. Tem escotilhas de aces- de ferramentas: basta mover a está situado entre as escoras
que a ideia funciona. so de borracha para cablagem alavanca perto da braçadeira, superiores e inferiores. O
e parafusos de fixação. colocar o selim na altura certa, sensor de rotação está oculto
2> Visualização discreta do e fixar a posição novamente no interior da ponteira, e o
sistema Brose. O novo ecrã 4> Espigão de selim semi- íman“camuflado” está no disco.
integrado. O Eightpins H01 é com a alavanca.
Brose tem um visor a cores
30>
mountainbikes.pt
MUITO LEVE.
QUASE UM PESO O melhor. Muito bom A melhorar. Cárter

RECORDE PARA peso, com 750Wh de


capacidade da bateria.
de carbono exposto.
Geometria compacta

UMA EBIKE
Suavidade do Brose. Baixo em comparação com
ruído do motor. outros tamanhos M.

COM 750WH DE
CAPACIDADE DE
BATERIA E UMA
ORIENTAÇÃO
PARA ENDURO-
TRAIL

Tubo horizontal baixo,


para melhorar a liberdade
de movimentos.

ROTWILD R.X750 PRO


I
[QUADRO] Fibra de carbono. 150mm de curso. [AMORTECEDOR] FOX Float X Performance. [SUSPENSÃO] FOX 36 GEOMETRiA H
Float Performance. 150 mm. [MOTOR
MOTOR]] Brose Drive S-Mag. [BATERIA] Brose Drive S-Mag. [DISPLAY] Brose Allround. A: 1.198 F E G
B: 350
[PEDALEIRO] E*Thirteen Plus. 165mm.
165mm. [DESVIADOR] Shimano Deore XT. XT. [MANÍPULO] Shimano Deore XT.
XT. [CASSETE] C: 445 D J
vel. [CORRENTE] Shimano Deore XT.
Shimano CS 7100. 10-51d. 12 vel. XT. [TRAVÕES] Shimano Deore XT RT800/810. [DISCOS] D: 444
203mm.. [AVANÇO] Rotwild
203mm Rotwild.. [GUIADOR] Rotwild B220 Carbon 35x780mm.
35x780mm. [PUNHOS] Ergon. [SELIM] Ergon Sm. Sm. E: 617
F: 74º
[ESPIGÃO DE SELIM] Eightpins H01. 160mm.
160mm. [RODAS] DT Swiss HX1501 Spline1.
Spline1. [PNEUS] Schwalbe Magic Mary / Hans G: 66º C A
Dampf EVO Super Ground / Trail TLE Soft / 29 x 2.40 / 27.5 x 2.60. [PESO] 23,80 Kg (tamanho M).
M). [TAMANHOS
TAMANHOS]] M, L, XL.
XL. I: 437
[PREÇ
[PRE ÇO] 9.159 €. [+INFO] Bikelec, www.bikelec.es J: 617 B

31>
31 > { A: Comprimento entre eixos. B: Altura do eixo pedaleiro. C: Comprimento das escoras. D:
mountainbikes.pt Comprimento do tubo de selim (centro ao topo). E: Comprimento do tubo superior (horizontal
virtual). F: Ângulo de selim. G: Ângulo de direção. H: Testa da direção. I: Reach. J: Stack. Todos os
comprimentos em mm }
O DETALHE muito rápidas e rochosas é também muito
viva, mas não tão equilibrada. Apesar de
QUICK ser uma bicicleta de Trail, está predisposta
RELEASE> e equipada para resistir a uma utilização
Remoção rá- muito agressiva, e isto é evidente na rigi-
pida e fácil da dez do seu quadro. Um endurista “profis-
bateria à mão. sional” encontrará o ajuste perfeito, rece-
bendo uma resposta controlada em mo-
Basta pressionar mentos críticos, onde outros literalmente
o botão, puxar o vão ter mais dificuldade, embora para o
pino de metal, ebiker normal possa ser um pouco “dura”
pressionar o trin- em certas situações. No final, em termos
de absorção tudo se soma, e se tiveres um
co e a bateria é
quadro algo flexível, rodas confortáveis e
libertada. um sistema traseiro que funciona bem, o
resultado é uma bicicleta em que se anda
a um ritmo moderado. Nem toda a res-
da Rotwild. As escoras “abraçam” os rola- de 340%. Duvidamos que encontres uma ponsabilidade pela absorção recai sobre o
mentos do tipo Horst Link nos dropouts situação em que te falte potência. Tem 4 amortecedor. Mas se fores um rider que
de ambos os lados (conferindo mais rigi- modos de assistência: Eco, Tour, Sport e gosta de andar a fundo, acharás esta res-
dez), o que melhora sempre a suavidade Boost. O arranque é muito suave, sem ruí- posta demasiado “suave”.
do sistema de amortecimento. dos ou solavancos, e tem aquele “atraso”
de um instante extra de impulso quando Este não é o caso da Rotwild, onde en-
90NM paramos de pedalar. Não há fricção ao pe- contramos uma estrutura muito sólida
O sistema Brose é, neste modelo Rotwild, dalar com o motor desligado. É alimenta- concebida para resistir a grandes esfor-
muito discreto. O motor é muito suave e do pela própria bateria de 750Wh que pesa ços. É muito absorvente e confortável,
silencioso (correia de transmissão), talvez 3,560kg na nossa balança (novamente, mas a soma da sua rigidez e da roda tra-
o melhor da categoria no segmento dos em comparação com os 4,4kg da Bosch). seira menor (que penetra mais profun-
motores com mais de 80Nm, e tem carac- Com esta bateria, a autonomia será lon- damente nos buracos no solo) diminui a
terísticas que estão longe de ser discretas: ga, embora nos nossos testes tenhamos suavidade da extremidade traseira, trans-
corpo em magnésio e um peso de 2,9 kg, sentido que é inferior à de outras e-bikes. mitindo uma sensação ligeiramente mais
90Nm de torque (perfeito para ciclistas A R.X750 é divertida e manobrável, com seca em comparação com a Fox 36 que,
pesados ou fãs de mudanças pesadas) e uma geometria compacta que proporcio- mesmo com o acabamento Performance
até 410% de assistência sobre a potência na agilidade nos trilhos. Nas descidas com e sem Kashima é excelente: suave, capaz
exercida sobre os pedais. Para compa- bom flow e curvas, funciona muito bem e e controlada. Ambas as suspensões têm
ração, o novo Bosch Performance Line transmite uma sensação de resistência controlos rápidos para endurecer a ação
CX Race faz 400%, e o Line CX standard é que nos convida a abusar. Em descidas e favorecer a pedalada, que nunca utilizá-
mos, porque com a potência e o alcance
desta bicicleta, poderás andar sempre no
modo desbloqueado.

“À PROVA DE BOMBA.
CONSCIENTEMENTE
CONCEBIDA PARA
RESISTIR A TODOS
OS ABUSOS”
32>
mountainbikes.pt
Uma nova BIKE, todos os dias em:
www.mountainbikes.pt

TUDO SOBRE O MUNDO DO BTT

Nos quiosques de dois em dois meses


Todos os dias em mountainbikes.pt
MONDRAKER RAZE

O MESMO
POR MENOS
HÁ ALGUNS MESES, TESTÁMOS A MONDRAKER RAZE CARBON
RR, UMA BICICLETA QUE NOS SURPREENDEU DEVIDO ÀS SUAS
QUALIDADES. ESTA NOVA VERSÃO DE ALUMÍNIO VOLTOU A
DEIXAR-NOS SURPREENDIDOS E É MUITO MAIS BARATA.

D ENTRO DAS GRANDES


MARCAS, EXISTEM DI-
FERENTES
DE TRABALHAR. HÁ AS QUE SÓ DÃO
ATENÇÃO AOS SEUS MODELOS TOPO DE
GAMA, E HÁ AS QUE SE FOCAM EM TO-
FORMAS
ram para complementar os 3 modelos de fibra de
carbono, formando assim uma gama de 5 bicicle-
tas de Trail muito versáteis. Tanto a Raze como a
Raze R partilham as mesmas características: ro-
das de 29 polegadas, amortecedor traseiro com
130 mm de curso e suspensão dianteira com 150
DOS OS SEGMENTOS, e a Mondraker é uma mm, apta para todas as descidas com que se de-
destas. A Raze é a versão básica da gama, a mais parar pela frente.
económica, mas seja qual for a forma como se
olhe para ela, a coerência da sua montagem glo- BTT UNIVERSAL
bal brilha, devido a uma A Raze foi concebida com o objetivo
boa escolha de componen-
tes sem perder de vista a O NOVO de ser uma bicicleta de BTT univer-
sal, um conceito bem compreendido
faixa de preço, como vere-
mos mais adiante. Foi ofi-
QUADRO DE e difundido além-fronteiras, mas al-
go marginalizado no nosso mercado,
cialmente lançada no final ALUMÍNIO mais apegado a bicicletas de XCO/ma-
do ano passado, mas só
agora conseguimos testar PESA CERCA ratonas ou eventualmente de Enduro.
Felizmente isto está a mudar gradual-
uma das novas versões de
alumínio Raze, que chega-
DE 3,5 KG mente, e cada vez mais pessoas estão
a aperceber-se de que não precisam

150mm 130mm 29” Trail 16,68 2.999


FOTOS ESTÚDIO:
FOTOS AÇÃO:

JCD Fotografia
César Cabrera
Iván Mateos
TEXTO:

34>
mountainbikes.pt
A Raze comporta-
se muito bem nas
descidas e os 130
mm de curso na parte
traseira parecem
realmente muito
mais….

35>
mountainbikes.pt
36>
mountainbikes.pt
de uma rígida de 8 kg ou de uma bici- o ruído e protegem o material. O braço
cleta com 180 mm de curso, mas sim de oscilante é fabricado numa só peça, com
uma bike de Trail confortável e segura duas barras que ligam as escoras supe-
para desfrutar dos seus trilhos locais. riores e inferiores, ao contrário da barra
E é aí que a Raze se encaixa. Este mo- única do lado esquerdo que utiliza o braço
delo rola muito bem e o seu comporta- oscilante de carbono. O quadro de alu-
mento é um mimo quer em subidas rá- mínio tem um peso de-
pidas quer em trilhos, por mais técnicos clarado de aproximada-
que sejam. É mais polivalente do que mente 3,5 kg com amor-
uma bicicleta de DownCountry e mais tecedor, ou seja, cerca de 10 A ZERO
leve do que uma de Enduro. Fica entre 1 quilo a mais do que a O sistema exclusivo de amortecimento ZERO, do tipo Dual
os dois mundos e, surpreendentemente, versão de carbono, um Link (popularmente conhecido como pivot virtual) articu-
como vimos na Raze RR, move-se mui- valor que se encontra la-se numa ligação inferior - que por sua vez comprime
to bem em ambos. dentro da norma habi- o amortecedor com o seu curso - e na ligação superior. O
tual. Geometricamente sistema mantém os parâmetros de afinação que a Raze
MESMA GENÉTICA existem pequenas dife- de carbono, com 130 mm de curso concebidos para serem
O quadro de alumínio hidroformado renças no seu conceito absorventes, mas controlados, permitindo pedalar com
EVO Stealth mantém as linhas refina- Forward Geometry, com valores anti-squat de cerca de 120% na posição de Sag, o
das e leves do modelo de carbono, com um tubo de selim ligei- que se traduz numa qualidade de condução muito eficiente,
diferenças subtis para além do próprio ramente mais vertical com a roda traseira a ser constantemente empurrada con-
material. Por exemplo, na direção o en- e um reach mais curto, tra o terreno em busca de tração. A secção final do curso
caminhamento interno do cabo utiliza a que de acordo com a é progressivamente mais firme para reduzir o “bottom out”
tradicional entrada do tubo diagonal, em Mondraker serve para e, na prática, o que se vê é que se trata de uma bicicleta
vez de passar pela própria testa como no ter uma posição menos com uma traseira teoricamente “curta” que coloca a sua
modelo de carbono, e por esta razão o exigente, menos estica- própria irmã Foxy “em xeque”. É menos ativa, mas com
tubo é mais cónico em vez de cilíndrico. O da do que as versões de uma capacidade de absorção total que eclipsa os 150 mm
link principal é também monobloco, com carbono, onde o utiliza- da suspensão RockShox. A RockShox 35 Gold RL é muito
as fixações às escoras ocultas no interior, dor alvo pode querer fa- sólida, mas o seu modesto sistema hidráulico Motion Con-
preservando a estética. Na escora inferior zer uma utilização mais trol - pertence à gama de entrada da RockShox - pouco po-
direita, as proteções de borracha reduzem explosiva e mais rápida. de fazer para corresponder à qualidade do Fox Float DPS

UMA BICICLETA DE
CURSO “REDUZIDO”
QUE PÕE A SUA
PRÓPRIA IRMÃ 37>
37 >
mountainbikes.pt
O melhor. Espigão de
A RockShox 35 Gold é
selim OnOff Pija. Neste
mais do que adequada quadro de tamanho M a
em termos de robustez, marca optou por uma ver-
mas não consegue são com 150 mm de curso.
acompanhar a qualidade Espigão de selim OnOff descenso.
do amortecedor Fox na Pija. Neste quadro de
parte traseira. tamanho M a marca A melhorar.
optou por uma versão TorqueCaps no cubo
com 150 mm de curso. frontal, para facilitar
a inserção do eixo,
ou adaptadores de
TorqueCaps nas pontei-
ras para as converter
em standard.

Caixa do pedaleiro BSA


de 73mm, com copos
exteriores roscados.
Simples e fiável.

DESDE
A GAMA RAZE ATÉ
5
MODELOS
2.999€
RAZE R (4.099€), RAZE CARBON R (5.599€),
RAZE CARBON RR (6.899€) 8.999€
RAZE RAZE CARBON RR SL

1> Boa combinação de resistência à torção do


pneus, com um pneu conjunto e acrescenta
dianteiro com mais rigidez à parte traseira
tração e composto triplo, do quadro.
e um pneu traseiro mais
compacto e rolante com 5> A “janela” é um
composto duplo. detalhe diferenciador,
além de reforçar a parte
2-3> A concavidade frontal do quadro. Nos
no tubo diagonal per- quadros de alumínio
mite a instalação de Raze os cabos seguem
um amortecedor com um encaminhamento
reservatório extra. O tradicional, entrando no
amortecedor que vem de quadro lateralmente, em
série mede 205x57,5mm vez de passarem através
de comprimento, mas do tubo da direção so-
pode ser montado um bredimensionado, o que
de 205x65mm, o que au- acontece nos modelos
mentaria o curso trasei- de fibra de carbono da
ro para quase 150 mm. Raze.
4> O link principal 6> Eixo traseiro roscado,
é fabricado numa só sem alavanca de aperto
peça, mas é composto rápido. Não aparece na
por duas placas unidas foto, mas no lado oposto
por um encaixe central está um dropout universal
colado, que multiplica a SRAM UDH.
1 2
38>
38>
mountainbikes.pt
EMBORA
PESADA,
É ÁGIL E A
PEDALADA É
EFICAZ, SEM
OSCILAÇÃO
LV EVOL, que com tantos acrónimos no
seu nome já indica o quão complexo é
no interior. Ambas as extremidades
são bloqueáveis para otimizar o com-
portamento nas subidas. A Raze vem
de origem com travões SRAM Level T,
os quais são potentes, e com transmis-
são mecânica SRAM SX Eagle (cassete
e corrente incluídas). Os periféricos são
OnOff, incluindo um espigão de selim
e um guiador largo. As rodas também
são OnOff, com aros de alumínio com
30 mm de largura interna e os pneus
são de boa qualidade, escolhidos com
critério. Ambos os pneus são Maxxis,
com um Dissector na frente com com-
posto triplo 3C MaxxTerra e um pneu
3 traseiro Aggressor, mais estreito e

4 5

39>39>
mountainbikes.pt
mountainbikes.pt
UMA
BICICLETA
DE TRAIL
POLIVALENTE
QUE PROMETE
UMA DOSE
ELEVADA DE
DIVERSÃO

MONDRAKER RAZE
I
[QUADRO] Alumínio 6061. 130 mm. [AMORTECEDOR] Fox Float DPS LV EVOL Performance. [SUSPENSÃO] GEOMETRiA H
A: 1.216
RockShox 35 Gold 29 RL, 150mm. [PEDALEIRO] SRAM SX Eagle, 170mm, 32d. [DESVIADOR] SRAM SX Eagle. B: 340 F E G

[MANÍPULO DE MUDANÇAS] SRAM SX Eagle. [CASSETE] SRAM PG-1210, 11-50d, 12vel. [CORRENTE] SRAM SX C: 435
J
Eagle. [TRAVÕES] SRAM Level T. Discos 180mm. [DIREÇÃO] ONOFF Saturn. [AVANÇO] ONOFF Sulfur FG 30mm. D: 451 D
E: 614
[GUIADOR] ONOFF Sulfur 1.0. 800mm. [PUNHOS] ONOFF Twin. [SELIM] MDK series PU. [ESPIGÃO DE SELIM] F: 77º
ONOFF Pija. 150mm. [RODAS] Aros MDK-EP1 29, 30mm/ cubos Formula DC711 e DHT148. [PNEUS] Maxxis Dissector G: 65,5º
H: 100 C A
29x2.4 3C MAXX TERRA, EXO+ / Maxxis Aggressor 29x2.3, dual compound, EXO. [PESO] 16,68 Kg (tam. M, sem pedais). I: 470
B
[TAMANHOS] S, M, L, XL. [PREÇO] 2.999€. [+INFO] www.mondraker.com J: 623

{ A: Comprimento entre eixos. B: Altura do eixo pedaleiro. C: Comprimento das escoras. D:


40>
mountainbikes.pt Comprimento do tubo de selim (centro ao topo). E: Comprimento do tubo superior (horizontal
virtual). F: Ângulo de selim. G: Ângulo de direção. H: Testa da direção. I: Reach. J: Stack. Todos os
comprimentos em mm }
O DETALHE
FG 30>
A Forward Geometry de-
fine o carácter de todas
as bicicletas Mondraker.
Há alguns anos era mais
difícil adaptarmo-nos
a esta geometria, mas à
medida que este conceito
se tornou mais difundido
no mercado e o estilo de
condução se tornou mais
estandardizado, tudo
mudou. Mesmo assim,
este conceito geométrico
mantém as suas dimen-
sões cada vez maiores,
com quadros mais com-
pridos combinados com
avanços curtos, como
este, de 30 mm.

compacto, com um composto mais duro boa resposta à pedalada, com poucas
para maior durabilidade. As rodas e tra- oscilações no amortecedor, embora seja
vões de qualquer bicicleta melhoram o seu sempre bom ter a opção de poder blo-
desempenho, e neste caso isso é notório, quear completamente o amortecedor
permitindo que a Raze progrida com faci- em determinadas circunstâncias, porque
lidade em subida, com boa segurança em nas subidas em terreno irregular ou es-
descida, tanto pela aderência dos seus corregadio é melhor tê-lo aberto para
pneus como pela capacidade de modular a conseguir a máxima tração. Em descida,
travagem onde quisermos. o amortecedor comporta-se muito bem.
É rápido e controlado, permite ultrapas-
MAIS CONTROLO sar secções complicadas com velocida-
Embora seja pesada, é ágil, e com uma de e facilidade, com a resposta típica de
uma bicicleta de competição, e embora a

RE SUMINDO sua traseira com 130 mm de curso seja


muito progressiva, se abusarmos, encon-
traremos os seus limites. A boa notícia é
» O desempenho da Raze de carbono
a um preço mais acessível. que o quadro pode ser equipado com um
amortecedor mais comprido – logo com
» Subidas e descidas ágeis quase ao mais curso -, mas começaríamos por fa-
ritmo de Enduro. zer um upgrade apostando numa suspen-
são mais capaz e talvez um disco frontal
» O peso extra do alumínio não é de 200 mm. No entanto, ressalvamos que
muito percetível a subir, mas mui- como vem montada de origem é uma bi-
to percetível nas descidas: a bici- cicleta de Trail muito versátil e que pro-
cleta é mais estável. mete muita diversão.
41>
mountainbikes.pt
TESTBIKE

RISE&MULLER MULTITINKER TOURING

A CARGO
BIKE
COMPACTA
COM ESTA BICICLETA ELÉTRICA DE CARGA, LEVAR OS FILHOS À ESCOLA OU TRANSPORTAR
O QUE QUISERMOS NOS RACKS OU NAS BOLSAS IMPERMEÁVEIS É ALGO TÃO FÁCIL E BANAL
QUE FAZ TODO O SENTIDO DEIXAR O CARRO EM CASA. A SUA AGILIDADE IMPRESSIONA, MAS
ONDE GANHA PONTOS É NO CONFORTO E NA SEGURANÇA.

O S PORTUGUE-
SES SÃO CO-
MODISTAS
PREFEREM USAR O AUTOMÓVEL
NAS SUAS DESLOCAÇÕES DIÁ-
RIAS, MESMO QUE SEJAM VOLTAS
CURTAS, INFERIORES A 15 KM.
E
ropeu a dar este passo) e a manutenção
do apoio dado pelo Fundo Ambiental na
aquisição deste tipo de bicicletas, não sei
que incentivos adicionais precisamos pa-
ra compreender que o presente e o futu-
ro passam por sermos inteligentes nas
nossas decisões. Nos países mais des-
das bicicletas para deslocações no meio
urbano. Tem modelos bem concebidos,
com montagens de qualidade, onde a se-
gurança e o conforto estão em primeiro
lugar. As bicicletas de carga, como esta
Multitinker, não são uma novidade, mas
começam a ganhar cada vez mais peso a
Como o automóvel está enraizado como envolvidos, as bicicletas são o meio de nível europeu devido às necessidades das
um objeto de status, muitos nem ponde- transporte prioritário em deslocações de pessoas e empresas. É tipo dois em um:
ram utilizar outros meios de transporte curta/média distância e se em Portugal a uma bicicleta para as nossas deslocações
mais eficientes, económicos e amigos do desculpa são as subidas, as bicicletas elé- normais e um meio de transporte de car-
ambiente. Por mais incrível que pareça, tricas vieram para acabar de vez com as ga (incluindo crianças) num rack próprio
mesmo aqueles que já fizeram as contas dúvidas dos mais céticos. Recentemente muito seguro. É, na verdade, uma bicicle-
e chegaram à conclusão que ir de bicicleta li um estudo que me deixou impressio- ta de carga com rodas de 20 polegadas
para o emprego ou faculdade (em deslo- nado. Na Alemanha foram vendidas mais muito mais compacta do que as cargo-
cações de curta/média duração) é imen- e-bikes (2.2 milhões) do que carros elé- bikes originais lançadas há algumas dé-
samente mais benéfico a nível financeiro e tricos em toda a Europa (1.6 milhões). Dá cadas, mas muito ágil, segura e com aca-
em termos de saúde, estão na expetativa que pensar… bamentos de elevada qualidade. A nível
e ainda aguardam um incentivo extra para de carga, para além de um rack dianteiro
se converterem à utilização de uma bici- UM MODELO PENSADO que nos permite colocar uma caixa com
cleta nestas deslocações. Com a descida PARA O MEIO URBANO os pertences que quisermos, este mode-
do IVA para 6% na compra de bicicletas A Rise & Muller é indiscutivelmente uma lo inclui um rack traseiro onde podemos
(Portugal foi o primeiro país a nível eu- das marcas mais consagradas no capítulo instalar uma cadeira de criança ou bolsas

NÃO SEI QUE INCENTIVOS


ADICIONAIS PRECISAMOS
PARA COMPREENDER QUE O
Carlos Almeida Pinto

PRESENTE E O FUTURO PASSAM


Pedro Lopes

POR SERMOS INTELIGENTES


FOTOS:
TEXTO:

NAS NOSSAS DECISÕES

42>
mountainbikes.pt
43>
mountainbikes.pt
TESTBIKE

1 2

do tipo alforges impermeáveis. Também


podemos transportar duas crianças atrás,
para além de que podemos adicionar um
atrelado. A Multitinker ainda possui uma
bolsa inteligente presa ao chassis na parte
lateral esquerda, onde podemos guardar
documentos, o carregador da bateria, co-
mida, vestuário ou outros itens. Esta bol-
sa tem um cadeado integrado antirroubo
com código. A própria Rise & Muller co-
mercializa vários acessórios que podemos
4 comprar em separado para esta bicicleta,
como uma almofada comprida para que
5
as crianças se possam sentar confortavel-
mente no rack traseiro, uma pega que se
6 prende ao espigão, alforges, uma calha de
7 proteção para as crianças, etc. Tudo a pen-
sar na segurança, no conforto, na poliva-
lência e nas necessidades particulares dos
utilizadores. Aliás, nota-se que a marca
dedica bastante tempo a pesquisar quais
são as exigências dos consumidores e a
testar conceitos.
De origem traz um motor Bosch Perfor-
mance Line CX com Smart System e uma
bateria Powertube de 625 Wh, bem como
uma transmissão Shimano Deore de 10 ve-
locidades e rodas de 20 polegadas (mescla
características da Tinker 2 e da Multichar-
1> O motor Bosch Performance vés de um sistema de velcros rança e a estabilidade gger). Temos de ressalvar que embora ten-
Line CX Smart System é um dos bastante robusto. dos pertences. A luz ha rodas de 20 polegadas, o seu compor-
mais fiáveis do mercado, com 3> O display da Bosch inclui in- frontal Supernova Mini tamento é semelhante ao de bicicletas com
uma entrega de potência muito formações como a velocidade, 2 Pro é potente e é ali-
natural. Incluiu um processador autonomia, estado da bateria, mentada pela bateria
de 32 bits e sensores de potên- de 625 Wh da ebike. assegura conforto na parte dian-
entre outros dados. Junto ao teira, para uma condução segura.
cia, cadência e velocidade, com punho do lado esquerdo está 5> O cadeado Abus Shield X+
1.000 medições por segundo. situado a central de controlo vem de origem com esta e- 7> Esta bolsa lateral foi pro-
2> Estas malas são um extra que gere os modos de assis- bike e é um dos dois principais duzida especialmente para es-
da Rise & Muller e custam tência, os menus do display e sistemas antirroubo desta bici- ta bicicleta pelos engenheiros
178,06€. Incluem compartimen- as luzes. cleta (o outro é a possibilidade da marca, ocupando este es-
tos para guardar pertences e de bloquear o motor através da paço vazio do chassis. É práti-
4> O rack dianteiro tem a ca- ca, tem volume suficiente para
são bastante robustas e im- pacidade de transportar até 5 app RX Connect).
permeáveis. Estas malas ficam colocarmos compras e possui
kg e está preso ao quadro, um 6> A suspensão Suntour é espe- um cadeado que podemos ou
presas ao chassis traseiro atra- pormenor que aumenta a segu- cífica para bicicletas de carga e não usar.
44>
mountainbikes.pt
É TIPO DOIS O melhor. Conforto,

EM UM: UMA segurança e equilíbrio.


Montagem cuidada.
Os punhos Herrmans
BICICLETA PARA
Polivalência. Possibilidade
de adicionar acessórios. são ergonómicos,
para evitar o

AS NOSSAS A melhorar. Peso


adormecimento das
mãos.

DESLOCAÇÕES
muito elevado.
Manobrabilidade
em espaços aper-

NORMAIS E tados.

UM MEIO DE
TRANSPORTE
DE CARGA

O selim Selle Royal


é extremamente
confortável e
robusto. Algo
imprescindível numa
cargobike.

O guarda-lamas dianteiro
tem uma extremidade
maleável, para evitar partir
em caso de impacto.

RISE & MULLER MULTITINKER TOURING


[QUADRO] Alumínio. [SUSPENSÃO] Suntour Mobie 34 CGO Boost, 80 mm. [MOTOR] Bosch Performance Line CX
Smart System. [BATERIA] Bosch Powertube 625 Wh. [PEDALEIRO] Rise & Muller, 56 dentes. [DESVIADOR] Shimano
Deore, 10 vel. [MANÍPULO] Shimano Deore. [CASSETE] Shimano Cues, 11-43. [CORRENTE] KMC X11. [TRAVÕES]
Magura MT5. [DIREÇÃO] Rise & Muller. [AVANÇO] Rise & Muller. [GUIADOR] Satori Horizon, 31,8 mm, 620 mm.
[PUNHOS] Herrmans Grip Line. [SELIM] Selle Roydal New Lookin Male Eco. [ESPIGÃO DE SELIM] JD/Rise & Muller,
alumínio, 34,9 x 430mm. [RODAS] Mach 1 Trucky30, 20 polegadas. [PNEUS] Schwalbe Smart Sam Plus, 20 x 2.35”.
[PESO] 38 kg. [TAMANHOS] tamanho único. [PEDAIS] VP R&M. [PREÇO] 5.494,71€ (tudo incluído).
[+INFO] www.r-m.de

45>
45 >
mountainbikes.pt
TESTBIKE

“FICÁMOS rodas maiores, mas com a vantagem de


MARAVILHADOS ter pneus largos, com cardado e extrema-
COM ESTA mente robustos e aderentes. Em alta velo-
cidade, por exemplo em descidas, a qua-
MULTITINKER, NÃO lidade da montagem vem ao de cima. É
SÓ PELO CONFORTO, muito segura, estável, equilibrada, sem vi-
SEGURANÇA E brações ou ruídos estranhos e como inclui
ESTABILIDADE, MAS de origem uns fantásticos travões de dis-
TAMBÉM PELAS co hidráulicos Magura MT5, a travagem é
eficiente em qualquer condição. Tem uma
VALÊNCIAS” posição de condução erguida e confor-
tável, sendo fácil ajustar a altura do selim
bem como a altura e ângulo do guiador.
E como o guiador tem um comprimento
compacto, conseguimos circular nas ciclo-
vias e estradas sem o receio de embater
em transeuntes ou outros ciclistas.

DETALHES
QUE FAZEM A DIFERENÇA
Para além dos dois racks (um diantei-
ro que pode levar uma carga máxima de
5 Kg e que está preso ao chassis, para
maior segurança em curva e de um tra-
seiro que permite transportar até 65 kg),
inclui repousa pés (para que as crianças
tenham um bom apoio quando estão
sentadas atrás) e luzes (tanto a dianteira
como a traseira são de boa qualidade). A
cablagem está bem aglomerada e oculta
dentro do quadro e tanto a bateria como
o motor Bosch estão devidamente inte-
grados no chassis do quadro. Como a co-
rrente é mais comprida do que o normal,
tem uma roldana extra entre o pedaleiro
e o desviador traseiro, de modo a man-
ter a tensão. A suspensão Suntour Mobie
34 com 80 mm é específica para e-bikes
de carga e inclui bloqueio manual, uma
curiosidade que vale a pena mencionar.
A nível de segurança, tem um bloqueio
Abus na roda dianteira, acionável através
de uma chave, além de ser possível atra-
vés da aplicação RX Connect bloquear o
motor. Simples e muito eficiente. A trans-
missão foi confiada ao grupo Deore da
Shimano, com uma cassete 11-43 e um
prato dianteiro de 56 dentes. A comutação
das mudanças é eficiente, fiável e nunca
sentimos que o rácio fosse curto. Tam-
bém gostámos do protetor de corrente
e dos guarda-lamas integrados, tendo o
frontal uma parte mais maleável na ex-
tremidade que dobra, evitando partir-se,
quando embate em algum obstáculo.
Também inclui uma campainha, um aces-
sório fundamental em ambiente urbano,
sobretudo em ciclovias, um eficaz e ro-
busto descanso, punhos ergonómicos e
um selim muito confortável da Selle Ro-
yal. Acresce o facto de não ter tubo hori-
zontal, o que facilita a entrada na bicicle-
ta, com qualquer tipo de roupa.
Quanto ao motor, é relativamente silen-
cioso, sobretudo nos modos mais baixos
(como o Eco), mas é sobretudo no modo
automático e no Turbo que conseguimos
aproveitar ao máximo as valências da
Multitinker. O modo automático gere atra-
vés dos sensores a nossa exigência e se
nota que precisamos de mais velocida-
46>
mountainbikes.pt
de gere o débito em termos de potência.
Obviamente, os dois modos mais altos
de assistência à pedalada gastam mais a
bateria e reduzem a autonomia, por isso
convém gerir consoante o trajeto que te-
mos em mente. Por exemplo, numa das
nossas deslocações habituais diárias (28
km no total), oscilando entre o modo Au-
to e Turbo a bateria gastou 37% da carga,
a uma média de 17,5 km/h (e máxima de
36,8 km/h). Como possui um display In-
tuvia, podemos sempre estar a par da au-
tonomia restante, gerindo os modos em
total confiança. No lado esquerdo, junto
ao punho, está o centro de comando que
nos permite alterar os campos de visuali-
zação do display, bem como os botões de
gestão dos modos de assistência e ainda
um botão adicional de controlo das luzes.

ASPETOS A TER EM CONTA


Temos de confessar que ficámos maravil-
hados com esta Multitinker, não só pelo
conforto, segurança e estabilidade – de-
vido ao seu baixo centro de gravidade - ,
mas também pelas valências. Existem
vários acessórios que podem ser incluí-
dos, consoante aquilo que pretendermos
fazer com esta bicicleta, o que aumen-
ta a sua polivalência. E mesmo que seja
um investimento algo avultado, a médio
prazo esse investimento estará pago em
termos de redução da nossa pegada am-
biental, benefícios para a saúde, sanidade
mental (não temos de andar no trânsito)
e poupança em termos de combustíveis
fósseis, etc. Temos, no entanto, de ressal-
var alguns detalhes. Por ser uma bicicleta
pesada (cerca de 38 kg), convém ter uma
garagem fechada privada de fácil acesso
para a guardar e em zonas muito aperta-
das requer algum cuidado. Se tivermos de
subir ou descer escadarias que possuam
sistema de calha lateral é preciso cuidado
na entrada, dado que a bicicleta é com-
prida (mede praticamente o mesmo que
uma e-bike tradicional de rodas 29”) e o
chassis pode embater nessa calha. Acres-
ce o facto de o modo walk assist requerer
um empurrão inicial até ficar ativo, o que
em certas circunstâncias é complicado
devido ao peso. São pequenos hadicaps
que não prejudicam a nota final desta Ri-
se & Muller, dado que os prós são muito
maiores do que os contras.
47>
mountainbikes.pt
TESTBIKE

SPECIALIZED TURBO TERO 4.0 EQ

A MECA DA
VERSATILIDADE
QUERES UMA BICICLETA ELÉTRICA PARA AS TUAS DESLOCAÇÕES DIÁRIAS CASA/TRABALHO
E QUE AO FIM DE SEMANA PERMITA PERCORRER ALGUNS TRILHOS NÃO MUITO TÉCNICOS?
EIS A TURBO TERO, A RESPOSTA ÀS TUAS PRECES.

O MUNDO DAS BICI-


CLETAS ESTÁ A EVO-
LUIR DE UMA FOR-
MA IMPRESSIONANTE E SE ATÉ
HÁ POUCO TEMPO AS BICICLETAS
ELÉTRICAS ERAM VISTAS COMO
ALGO EXCÊNTRICO, HOJE EM DIA
UM AUTÊNTICO CANIVETE
SUÍÇO DAS EBIKES
Embora a sede da marca esteja em Mor-
gan Hill, na soalheira Califórnia, o centro
de desenvolvimento das bicicletas Turbo
está localizado no continente europeu.
Não é de estranhar que os engenheiros
te apetrechadas com ciclovias de ligação
em quantidade e em qualidade, por isso
muitos optam pelas estradas, muitas de-
las em mau estado e com inúmeros re-
mendos. As bicicletas de cidade tradicio-
nais costumam vir de origem com pneus
relativamente finos, embora altamente
CONVERTERAM-SE NA PAIXÃO DE que desenvolveram esta bicicleta con- robustos, mas sem tacos e demasiado
MUITOS, PELA SUA VERSATILI- heçam as preocupações dos europeus no rijos, o que torna a experiência de con-
DADE. E num segmento em constante que à mobilidade diz respeito. E no caso dução por vezes desconfortável, perigo-
mudança, como o da mobilidade, é bom particular português, em que o poder de sa e com excesso de vibração. É por isso
saber que existe uma compra é mais baixo do que muitos desistem de usar a bicicleta
bicicleta – como esta
Tero – que nos permite
A TERO É que a média europeia e
em que a rede de trans-
nas suas deslocações diárias. Esta Tero
parece feita de propósito para o consumi-
percorrer as estradas UMA DAS portes públicos não é dor português – embora, obviamente, não
esburacadas e cheias
de tampas de esgoto BICICLETAS a mais eficiente, as bi-
cicletas começaram a
tenha sido esse o objetivo – dado que de-
vido à sua montagem, com uma suspen-
sem termos receio,
fruto da suspensão
DESTE ser cada vez mais uma
opção nas deslocações
são dianteira e pneus volumosos, pode-
mos percorrer qualquer via com conforto
dianteira desta bicicle- SEGMENTO de curta duração, so- e segurança. Acresce o facto de que tem
ta e dos seus pneus
generosos e robustos, MAIS bretudo nos centros ur-
banos. Infelizmente, as
qualidades suficientes para ser usada nos
trilhos, em lazer. Ou seja, tanto serve de
que aderem como la-
pas ao solo. POLIVALENTES nossas cidades ainda
não estão devidamen-
meio de transporte urbano, como permi-
te ser usada em caminhos rurais e trilhos

110mm 29” Cidade/BTT 710W 26,8 4.050


Carlos Almeida Pinto
TEXTO:

FOTOS:
Luís Duarte

48>
mountainbikes.pt
49>
mountainbikes.pt
TESTBIKE

1 2

6
de baixa dificuldade: o expoente máximo da
polivalência. Atrevemo-nos mesmo a dizer
que é a bicicleta ideal para a nova geração
que dispensa o carro e não tem espaço su-
ficiente em casa para várias bicicletas. A
Tero faz tudo, com brilhantismo.

MONTAGEM CUIDADA
O quadro desta Tero é volumoso, sobretu-
do no tubo diagonal, onde está alojada a
bateria, e é fabricado em alumínio E5, com
4 soldas de boa qualidade e uniões unifor-
mes. Toda a cablagem é encaminhada pelo
5
interior, o que lhe proporciona um aspeto
limpo, sobretudo lateralmente, incluindo a
luz frontal e traseira, através dos guarda-
lamas. À frente, a suspensão RockShox Re-
con Silver TK com 110 mm de curso, com
Motion Control, assegura que passamos
com distinção por cima de qualquer buraco,
sarjeta e subimos ou descemos qualquer
passeio como se fosse a coisa mais fácil do
mundo (apesar dos mais de 25 kg desta bi-
cicleta). Curiosamente esta suspensão traz
bloqueio manual no topo da perna direita,
embora o modo totalmente aberto seja o
mais usado. O cockpit inclui um avanço em
alumínio com uma tampa frontal que per-
mite encaminhar a cablagem do display,
enquanto o guiador semi-elevado de 750
1> O Specialized Full Power dados adicionais e é emparel- LED de elevada qualidade e motor Specialized
2.2 está alojado numa posição hável com a aplicação gratuita visibilidade.
semi-horizontal, bem protegido Mission Control. 6> Esta suspensão RockShox é
dos impactos das pedras. 4-5> O espigão de selim te- específica para eBikes, com um
3> Inclui um rack traseiro que lescópico é ativado através de tunning otimizado e permite
2> O ecrã Mastermind per- permite transportar bolsas e um comando localizado no lado dissipar eficazmente as vi-
mite visualizar todas as infor- alforges, além de uma cadei- esquerdo do guiador. Nesta brações do terreno. Além disso,
mações, como autonomia, ve- ra para criança. Tanto a luz zona também está o comando é bloqueável manualmente.
locidade, bem como inúmeros traseira como a dianteira são de controlo da assistência do

50>
mountainbikes.pt
A TURBO TERO
4.0 EQ FAZ
TUDO, COM O melhor. Potência, sua-
A melhorar.
Guarda-lamas
dianteiro podia
BRILHANTISMO vidade, conforto, posição
de condução e polivalência.
ser ligeiramente
mais curto.

Os pneus são uma das


O lettering da marca
peças chave no que ao
é refletor. Um
conforto e segurança
pequeno detalhe que
diz respeito. Os Ground
faz toda a diferença.
Control fornecidos de
origem são fantásticos.

Os travões Sram Guide T


de 4 pistons são potentes
e fiáveis. O diâmetro dos
discos é diferente atrás e
à frente.

A bateria pode ser extraída pela


parte inferior do tubo diagonal
(é necessária uma chave para o
efeito), embora o carregamento
também possa ser feito ligando

DESDE
A GAMA TERO ATÉ
um cabo ao quadro, através de
uma entrada localizada no lado
6
MODELOS
2.622,40€
2.622,40€ (3.0), 3.800€ (4.0),
4.050€ (4.0 EQ), 4.356€ (5.0) 4.500€ esquerdo. O carregamento total
demora 4 horas.
3.0 ST 4.0 ST EQ

SPECIALIZED TURBO TERO 4.0 EQ


I
[QUADRO] Alumínio E5. [SUSPENSÃO] RockShox Recon Silver TK, 110 mm. [MOTOR] Specialized 2.0. [BATERIA] GEOMETRIA
A: 1226
Specialized U2, 710 Wh. [DISPLAY] Mastermind TCD. [COMANDO] remoto com bluetooth. [CRANQUES] Praxis, em B: 313 F E H
G

alumínio, 40 dentes. [MANETE DE MUDANÇAS] SRAM NX. [CASSETE] SRAM PG-1130 (11-42). [CORRENTE] KMC, C: 470,4
11 vel. [TRAVÕES] SRAM Guide T, 4 pistões, discos de 180 e 200 mm. [DIREÇÃO] Tapered 1-1/ 8” a 1-1/ 2”. [AVANÇO] D: 460 D J
E: 650
Specialized Stealth. [DESVIADOR] SRAM NX. [GUIADOR] Specialized Trail alumínio, 750 mm. [PUNHOS] Specialized F: 72,9º
BG Contour. [SELIM] Rivo Sport. [ESPIGÃO DE SELIM] TranzX hidráulico, 120 mm. [RODAS] Stout XC 29”. [PNEUS] G: 66,4º
H: 165 C A
PREÇO] 4.050€. [+INFO] www.
Ground Control 29x2.35. [PESO] 26,8 kg (tamanho L). [TAMANHOS] S, M, L e XL. [[PREÇO] I: 446
specialized.com J: 664 B

{ A: Comprimento entre eixos. B: Altura do eixo pedaleiro. C: Comprimento das escoras. D:


51>
51 >
mountainbikes.pt Comprimento do tubo de selim (centro ao topo). E: Comprimento do tubo superior (horizontal
F: Ângulo de selim. G: Ângulo de direção. H: Testa da direção. I: Reach. J: Stack. Todos os
comprimentos em mm }
TESTBIKE

mm assegura uma posição de condução


neutra e confortável. Os punhos, como
não poderia deixar de ser, incluem a tec-
nologia Body Geometry e são ergonómi-
cos, com aperto lock-on. O espigão de se-
lim é telescópico com bloqueio no guiador
(junto aos botões de controlo do sistema
elétrico) e embora teoricamente sirva
para facilitar a deslocação do nosso peso
para trás em descidas inclinadas – o que
não é o propósito desta bicicleta –, na ver-
dade facilita o processo de nos sentarmos
quando vamos pedalar. Os travões são os
potentes Sram Guide T de quatro pistons,
com discos de 180 e 200 mm. A trans-
missão tem 11 velocidades composta por
manípulos e desviador traseiro SRAM NX,
cassete 11-42 – suficiente para o tipo de
utilização – e um pedaleiro robusto em
O DETALHE alumínio com um prato de 40 dentes.
Tratando-se de uma ebike, as transmis-
SMART CONTROL> A tecnologia está tão avançada que podemos sões têm necessariamente de ser robus-
solicitar ao sistema que ajuste automaticamente a quantidade tas para aguentar o torque máximo a que
de assistência elétrica dependendo de necessidades específicas, estão sujeitas e no caso do grupo NX, faz
tudo através do modo Smart Control. Na prática, através desta app todo o sentido, embora durante o teste
tenhamos notado alguma desafinação.
instalado no nosso telemóvel, conseguimos definir metas específi- Nada que não tenhamos resolvido na
cas (quer seja a duração de uma determinada volta, a distância ou a hora. Possui uma guia de corrente e um
frequência cardíaca). Depois de ativado e emparelhado com a bicicle- protetor minimalista, mas de boa quali-
ta, o sistema faz os ajustes sem termos de fazer mais nada, fruto dos dade e com um design moderno que evi-
sensores da bicicleta e do calculador de autonomia integrado. Além ta sujarmos as calças. As rodas, embora
pesadas, são robustas e têm cubos com
disso, na app Mission Control, conseguimos fazer um diagnóstico do rolamentos selados, para a máxima du-
motor, modificar os modos de assistência, solicitar uma reparação, rabilidade e eficiência. As extremidades
visualizar com mapas as voltas que fizemos, bloquear o motor, etc. levam eixos passantes (15x110 à frente e
12x148 mm atrás). Uma má notícia para
os larápios, pois dificilmente conseguirão
retirar estas rodas, exceto se tiverem a
chave sextavada apropriada. Além disso,
também o espigão de selim requer uma
chave allen, o que demonstra a preocu-
pação da marca na segurança. Falta ainda
mencionar os fantásticos pneus Ground
Control da própria Specialized na medi-
da 29x2.35. São literalmente “à prova de
bala” e aderem ao terreno como lapas,
quer seja em ambiente urbano, quer seja
na serra. Não há buraco ou obstáculo que
mete medo a estes pneus e só os guarda-
lamas fornecidos de origem limitam um
pouco o uso desta bicicleta. Apesar de se-
rem uma mais-valia, sobretudo no Inver-
no e na Primavera, estes guarda-lamas,
sobretudo o frontal, têm um design mui-
to baixo, perto do solo, o que na cidade
não se nota, mas em BTT impede-nos de
enveredar por trilhos mais técnicos com
raízes, pedras, degraus ou pequenos sal-
tos. Tudo na bicicleta convida a abusar um
pouco mais – pois é uma bicicleta muito
estável e eficiente -, mas os guarda-la-
mas são o nosso “travão mental”, fazen-
do-nos lembrar que esta bicicleta não é
a mais indicada para trilhos agressivos.
Nesse aspeto, há outros modelos da co-
leção Tero mais apropriados, sem este
acessório. Por falar em guarda-lamas,
esta é uma versão especial da própria
marca norte-americana que é altamente
resistente e na parte inferior, mais próxi-
ma do solo, é mais maleável, para não
52>
mountainbikes.pt
partir em caso de embate em algum obs- COM CHUVA
táculo. Temos de somar os prós e contras É MUITO
deste guarda-lamas e assumimos que de ESTÁVEL E OS
facto as vantagens são maiores do que PNEUS ADEREM
as desvantagens. Além disso, a cablagem COMO LAPAS
das luzes percorre o seu interior, pelo que
não aconselhamos desmontar sem a su- AO SOLO
pervisão de uma loja da marca.
Por falar em luzes, à frente inclui uma
Lezyne específica para eBikes, com 210
lumens, com potência e capacidade sufi-
ciente para iluminar uma via ou um trilho.
Atrás, possui uma das melhores luzes
traseiras com que já nos deparámos nos
últimos tempos: trata-se da Spanninga
Commuter Glow, com um débito potente
e visível, embora não tenha sensor de ve-
locidade (a nova geração da Tero X já vai
ter este pormenor).
Inclui também um prático e eficiente des-
canso, que mantém a bicicleta estável,
mesmo com algum peso no porta-carga.
O porta carga (ou rack) tem um interface
MIK HD, que permite bloquear a bagagem
(evitando que seja roubada). Também
possibilita colocar alforges lateralmente e
de modo bastante seguro. Uns pedais de
plataforma e uma campainha também fa-
zem parte do pack.

MOTOR EFICIENTE
E PERSONALIZÁVEL
Este modelo vem equipado com um mo-
tor Specialized Full Power 2.0, com 70
Nm de torque e 250 W de potência nomi-
nal (470 W de potência máxima). A bate-
ria é bastante generosa: 710 Wh. Tem 3
modos de assistência (Eco, Trail e Turbo),
além de Walk Assist e um controlo mini-
malista localizado no lado esquerdo do
RESUMINDO
» Bicicleta versátil que pode ser usada nas deslocações do dia
guiador, de fácil acesso. Junto ao avanço,
numa zona de fácil contato visual, está o a dia e nos trilhos ao fim de semana.
display Mastermind (regulável em altu- » Tem várias tecnologias e apontamentos antirroubo que a
ra), o qual nos dá todas as informações tornam uma opção segura, mesmo para os mais céticos.
genéricas acerca das nossas voltas, além
da autonomia da bateria, potência, velo-
cidade, quilometragem, etc. Há um menu
fantástico no Mastemind que nos diz se tubo diagonal - é necessário usar uma cha- água em ambiente urbano, proporcio-
estamos a pedalar eficazmente ou se te- ve, ou seja, mais uma má notícia para os nando muita confiança, segurança e com
mos de alterar algo, de modo a aumentar amigos do alheio! E com a Mission Control os atributos necessários (em termos de
a autonomia ou melhor a potência. Po- podemos bloquear o sistema clicando no motor, travagem, periféricos, posição de
demos também aceder ao Micro Tune, o telemóvel, fazendo com que seja quase im- condução e conforto) para estar à altura
que nos permite aumentar a assistência possível alguém roubar a bicicleta enquan- dos desafios urbanos, quaisquer que eles
com incrementos de 10%. No entanto, do to tomamos um café, ativando um alarme. sejam. Como possui porta-cargas, é a bi-
nosso ponto de vista, é na aplicação Mis- Como nota adicional, é possível empare- cicleta ideal para, por exemplo, percorrer
sion Control que encontramos o “Santo lhar outros gadgets (radares Garmin, por ecovias, o Caminho de Fátima ou o Cam-
Graal” em termos de personalização do exemplo) com a Tero, dado que tem com- inho de Santiago, desde que se faça uma
motor. Para além de podermos custo- patibilidade Bluetooth e Ant+. gestão da carga e das zonas onde é pos-
mizar ao nosso gosto a percentagem de sível fazer carregamentos intercalados.
potência de cada modo, podemos gerir a COMPORTAMENTO Também podemos acoplar reboques de
autonomia, temos acesso a múltiplas in- O motor é muito suave, sem transições crianças, dado que as elétricas são per-
formações acerca das nossas voltas, sa- bruscas nos modos de assistência e devi- feitas para este tipo de utilização. E, claro,
bemos se está alguma manutenção agen- do ao elevado peso da bicicleta, os modos podemos – e devemos – usá-la em trilhos
dada e qual o estado de todo o sistema ou Trail e Turbo foram os mais usados du- com pouca exigência técnica pois tem ar-
se é necessário fazer alguma atualização. rante o nosso teste. A duração da bateria gumentos mais do que suficientes para te
Tudo muito intuitivo e eficiente, com em- em cada modo depende de muitos fatores, deixar um sorriso de orelha a orelha numa
parelhamento encriptado. Podemos reti- por isso, o mais indicado é dar uma es- manhã inteira a pedalar.
rar a bateria para a carregar noutro lado timativa. Pode ir dos 50 km aos 140, de- Não temos dúvidas de que é uma das bici-
ou fazer o carregamento diretamente pendo da gestão dos modos, da carga, da cletas elétricas deste segmento mais poliva-
através de uma porta de entrada lateral. altimetria, etc. Em termos globais, é uma lentes e uma das escolhas mais acertadas se
Para retirar a bateria – sai por baixo do bicicleta que se comporta como peixe na procuras o “canivete suíço” das ebikes.
53>
mountainbikes.pt
SCOTT GENIUS ST 900 TUNED

TRAIL
TO HELL
A GENIUS JÁ DEIXOU DE SER A BICICLETA DE MARATONAS DA SCOTT HÁ MUITOS
ANOS. A SEXTA GERAÇÃO DESTE MODELO APRESENTA VERSÕES SUPER-TRAIL COM
CAPACIDADES QUE PRATICAMENTE FAZEM DELA UMA BICICLETA DE ENDURO LEVE E
PRONTA PARA OS TRILHOS MAIS AGRESSIVOS.

A SCOTT DEU UM PASSO


EM FRENTE NA APLI-
CAÇÃO DAS TECNOLO-
GIAS que se estrearam na Spark, levando-as
a mais modelos, tais como a Genius e a elétrica
Lumen. Como o amortecedor está oculto dentro
diferentes - uma delas Contessa -, a mais barata em alumínio,
as duas seguintes em carbono HMF com braço oscilante de
alumínio e o modelo mais avançado, com carbono HMX em to-
do quadro, a 900 Tuned que testámos.

GRANDE VOLUME
do quadro, a porta está aberta a outros sistemas O quadro Genius é semelhante ao da Spark, obviamente, mas
de integração, tanto em termos de encaminha- na realidade é completamente diferente e por detrás dele há
mento de cabos como em termos estéticos. A no- muito trabalho de desenvolvimento intensivo. Em particular, os
va Genius também vem com uma versão que foi tubos foram reforçados para as necessidades desta bicicleta,
batizada de Super Trail (“ST” para abreviar), com dado que utiliza um amortecedor maior do que o normalmen-
mais capacidade em termos de amortecimento e te usado numa bicicleta de XC. E isto acontece tanto na ver-
uma abordagem mais robusta são Genius normal como na Super Trail. Aliás,
e vocacionada para as desci-
das, aproximando-a da sua TEM O MESMO ambos os modelos partilham o mesmo quadro
e até o curso da suspensão, tanto na parte de
irmã Ramson, que ainda está
disponível com a plataforma
CURSO QUE trás (150 mm) como na dianteira (160 mm). A
principal diferença está no amortecedor, que no
de amortecimento “conven- A GENIUS caso da Super Trail é um modelo com um maior

NORMAL, MAS
cional”, ou seja, com o amor- volume de câmara de ar e um reservatório de
tecedor externo e por cima do compensação, para lhe dar uma sensação mais
pedaleiro, embora agora com
muito poucos modelos no ca- COM MAIS sensível, absorvente e estável em longas des-
cidas. Tal como na Genius anterior, o modelo é
tálogo. Voltando à Genius ST,
estão à venda quatro versões
CAPACIDADE específico da Scott com tecnologia NUDE, nes-
te caso construído com base num Fox Float X

160 mm 150 mm 29” Trail/Enduro 13,39 10.099

TEXTO: FOTOS:
Héctor Ruiz JCD Fotografia

54>
mountainbikes.pt
É muito ágil ou
mais estável?
É uma pergunta
difícil de
responder, com
um equilíbrio
muito bom
entre os dois
parâmetros.

55>
mountainbikes.pt
1 2

4 5
e com três posições de compressão/curso
ajustáveis a partir do controlo Twin Loc,
que difere ligeiramente da sua irmã Spark.
Na posição mais fechada, o amortecedor
fica muito firme, mas não bloqueia. Tam-
bém na Super Trail, ao contrário da Genius
normal, o controlo não atua na suspensão,
somente no amortecedor, uma vez que os
modelos escolhidos são mais orientados pa-
ra o Enduro, na sua maioria com ajuste se-
parado de compressão de alta e baixa velo-
cidade. Embora não sendo visíveis a olho nu,
os reforços acima mencionados podem ser
encontrados não só na estrutura dos pró-
prios tubos (tanto na versão de carbono co-
mo de alumínio), especialmente em torno do
amortecedor, mas também no mecanismo
de amortecimento. A ligação, ou melhor, as
ligações, por serem duas estruturas ligadas
entre si para criar uma forma em L, incorpo-
ram rolamentos novos e maiores e um eixo
mais largo, proporcionando maior rigidez de
torção e suavidade sob cargas elevadas. Os
cabos foram cuidadosamente encaminhados
para dentro da cavidade para evitar fricções
indesejadas contra o amortecedor, tal como
acontece na Spark. Há também um novo

1> O ângulo de direção da dro abre e fecha através de dos grandes desafios deste é pressionado, o indicador de
Genius Super Trail é de 64º, um botão que só tem de ser sistema de amortecimento, sag aumenta e mostra a per-
ajustável em +1º invertendo empurrado para dentro, e não com a sua ligação estriada. O centagem de curso usada, co-
os copos da direção. A Genius rodado como na Spark, sen- link é feito de alumínio forjado mo um relógio com ponteiros.
“normal” vem de série com do assim um pouco menos 7075, que é mais forte do que o
o mesmo kit de direção, mas suscetível à deterioração com alumínio da série 6000 normal- 5> Espigão Syncros Duncan
com 65º, e pode ser invertido. a lama (na Spark é por vezes mente utilizado nos quadros, com 140, 160, 170 e 200 mm,
Também inclui copos neutros difícil virá-lo), embora seja um com a capacidade de suportar dependendo do tamanho. As
para deixar o ângulo na posição pouco mais complexo mecani- cargas mais elevadas. Genius têm um tubo de selim
intermédia de 64,5º. camente. mais curto do que o habitual
4> O novo medidor de sag é para poderem utilizar espigões
2> A tampa inferior do qua- 3> A tecnologia dos links é um soberbo: quando o amortecedor telescópicos mais compridos.

56>
mountainbikes.pt
SUPER TRAIL
É UMA NOVA O ângulo de direção da SUPER TRAIL
é de 64°, ajustável em +1° invertendo

CATEGORIA? os copos. O modelo “normal” vem de


série com o ângulo de direção a 65°.

ESTA BICICLETA
FAZ-NOS
LEMBRAR O
ENDURO MAIS
AGRESSIVO DE O QUADRO pesa 2.295 g (sem
amortecedor) neste carbono

HÁ ALGUMAS HMX. O HMF pesa 2.795 g, e o


de alumínio 3.299 g.

TEMPORADAS
ATRÁS

A altura do pedaleiro
é generosa (342 mm)
e de origem traz
cranques de 170 mm,
para não embatermos
nas rochas e troncos

DESDE
A GAMA GENIUS ST ATÉ
4 MODELOS
4.583 €
GENIUS ST 910 (6.824 €),
CONTESSA GENIUS ST 910 (6.738 €), 10.099 €
GENIUS ST 920 GENIUS ST 900 TUNED

SCOTT GENIUS ST
I
[QUADRO] Carbono HMX. Curso 150 mm. [AMORTECEDOR] Fox Float X NUDE Factory EVOL. TracLoc Technology. GEOMETRIA
A: 1.229 H
[SUSPENSÃO] Fox 36 Factory Grip 2. 160 mm. [PEDALEIRO] SRAM X01 DUB Eagle Carbon. 32 d [DESVIADOR] E
B: 342 F G
SRAM X01 Eagle AXS. [MANÍPULO DE MUDANÇAS] SRAM GX Eagle AXS Rocker. [CASSETE] SRAM X01 XG1295. 10- C: 440
52 d. [CORRENTE] SRAM X01. [TRAVÕES] Shimano XTR M9120. Discos Shimano SM-RT76 203/180 mm. [DIREÇÃO] D: 410 D J
Syncros - Acros ajustável. [GUIADOR] Syncros Hixon iC Carbon. 15x780 mm. [PUNHOS] Syncros AM Lock-On. [SELIM] E: 602.5
Syncros Tofino 1.5 Regular. Titânio. [ESPIGÃO DE SELIM] Syncros Duncan Dropper Post 1.5. 160 mm. [RODAS] F: 77.1º
G: 63.9º
Syncros Revelstoke 1.0-30 CL. [PNEUS] Maxxis Minion DHF, 120 TPI. EXO 3C Maxx Terra 29x2.6”./ Maxxis Dissector. 60 H: 100 C A
TPI. EXO 3CMaxx Terra. 29x2.6”. [PESO] 13,39 kg (tam. M, sem pedais). [TAMANHOS] S, M, L e XL. [PREÇO] 10.099 €. I: 460
B
[+INFO] Stand Jasma, 212 268 838. www.jasma.pt. www.scott-sports.com J: 626

{ A: Comprimento entre eixos. B: Altura do eixo pedaleiro. C: Comprimento das escoras. D:


57>
mountainbikes.pt Comprimento do tubo de selim (centro ao topo). E: Comprimento do tubo superior (horizontal
virtual). F: Ângulo de selim. G: Ângulo de direção. H: Testa da direção. I: Reach. J: Stack. Todos os
comprimentos em mm }
O DETALHE medidor de Sag no próprio link, inteligente
A REFERÊNCIA> e bem construído, embora não seja parti-
cularmente prático (temos de desmontar
Embora seja um siste- da bicicleta para o ler).
ma de amortecimento
recente com pouca ex- SENSAÇÕES VIVAS
periência no mercado, O conceito mais puro da Genius baseia-
é surpreendente como se na polivalência e versatilidade acima
de tudo: uma bicicleta com um sistema
os detalhes são polidos, de amortecimento altamente eficaz e
desde a cablagem in- componentes robustos que permite subir
terna totalmente enca- bem e descer com total confiança. Sem-
minhada sem margem pre foi e continua a ser assim, embora
esta Super Trail encaminhe este equilí-
de erro percetível até
brio um pouco para o lado das descidas.
às tolerâncias da co- Ao pedalar, consegue ser bastante efi-
bertura do quadro. Sob ciente, compensando as suas grandes
esta mesma capa foi capacidades com a presença da tecnolo-
adicionado um autoco- gia NUDE e o controlo Twin Loc, que jun-
tos fazem o amortecedor passar de 150
lante com a tabela de para 100 mm de curso, e a plataforma de
pressões e o diagrama pedalada aumenta muito. O amortecedor
de como todos os cabos mostra o seu caráter quando trocamos
são encaminhados, pa- os estradões pelos trilhos, onde se nota
ra facilitar a tarefa aos que a sua câmara de ar é maior e o seu
comportamento mais linear. Temos mui-
utilizadores que fazem ta tração na traseira, que se comprime
em casa tudo o que diz suavemente para manter a roda traseira
respeito à mecânica. bem colada ao chão ao passar por cima

58>
mountainbikes.pt
de raízes e pedras. Como o tubo do se-
lim é muito vertical (77,1º) e a posição
a marca teve em conta o detalhe de montar
uma carcaça de 60 TPI na traseira - mais re- MUITA TRAÇÃO
de condução é geralmente muito cen-
trada na bicicleta, mesmo quando su-
sistente - em oposição aos 120 TPI na frente.
Os restantes componentes são também bem
NA PARTE
bimos rampas íngremes não notámos escolhidos e quase poderíamos dizer perfei- TRASEIRA,
GRAÇAS AO
peso excessivo na roda traseira ou um tos para o uso desta bicicleta, destacando-se
aumento excessivo do sag, por isso não a leveza, como no caso do guiador Syncros
a consideramos desajeitada. São apenas
as mudanças de ritmo, quando quere-
Hixon, mas também a robustez. E quanto ao
peso final, pesa menos de 13,5 kg (tamanho AMORTECEDOR
mos acelerar, que tornam mais eviden-
te que é uma bicicleta menos reativa do
M, sem pedais). Nas descidas gostamos do
equilíbrio entre agilidade, facilidade de mano-
E À GEOMETRIA
que outros modelos de Trail mais rolan- bra e estabilidade a alta velocidade. Graças à
tes - como a sua irmã Genius normal - e geometria e ao comportamento do amortece-
notamos que a bicicleta se mantém mais dor, não é uma bicicleta que transmite lenti-
perto do chão. Os pneus na medida 2,6” dão quando precisamos (por exemplo, numa
têm uma influência na forma como se secção técnica ou num salto). Nesta Genius
move, uma dimensão que pode soar um ST recuperamos a sensação de Enduro de há
pouco excessiva considerando que esta algumas temporadas atrás, quando não era
ainda é uma bicicleta de Trail. Dito isto, só o tempo de descida que contava, mas tam-
a combinação Minion DHF e Dissector é bém a agilidade em zonas lentas e sinuosas,
um conjunto de pneus muito eficaz, que levando o utilizador a desfrutar também em
afasta qualquer preocupação em ter- descidas fáceis e subidas, agora com a mais
mos de robustez, especialmente porque recente tecnologia.

RESUMINDO
» Sensação de Enduro, mas
com a versatilidade dos mo-
delos de Trail.
»O
 sistema com o amortecedor
oculto beneficia de um quadro
novo, muito robusto e rígido,
com atenção aos detalhes.

59>
mountainbikes.pt
60>
mountainbikes.pt
BEEQ M500 WILD

SEM
CONCESSÕES
ESSÕES
A PRIMEIRA E-BIKE DE BTT DA BEEQ NÃO COMPROMETE EM NADA: TEM UM MOTOR DE BOA
QUALIDADE, UMA BATERIA POTENTE, UMA TRANSMISSÃO DURADOURA E COMPONENTES
DE MARCA. SÃO MUITAS QUALIDADES JUNTAS PARA QUE AS TUAS PRIMEIRAS INCURSÕES

P
NA MONTANHA SEJAM EM GRANDE ESTILO.

rovavelmente já sabes que to. A bateria de 504Wh é composta por uma


A orrência
conc
a Beeq é uma marca por- fileira articulada de pequenos conjuntos de cé-
tuguesa especializada em lulas, o que lhe confere flexibilidade suficiente
bicicletas elétricas, incluindo versões urbanas para caber dentro e fora da pequena abertura » Atala B Cross. Com motor de 80Nm e
e de trekking, caracterizada por diferentes de- do quadro. No quadro há detalhes como ros- bateria Samsung de 500Wh. Rodas de
signs, soluções inteligentes e pela utilização cas para montar um guarda-lamas traseiro na 29” e suspensão Suntour XCM 2.199€.
de materiais e componentes de boa qualida- ponte de junção das escoras, embora não haja
» Coluer Quickvolt. 1.809€. Rodas de 29”
de. A Beeq M500 Wild que testamos é uma roscas em nenhum dos lados para fixar uma
e equipada com motor Shimano E6100 e
bicicleta de montanha versátil, perfeitamente possível bagageira padrão. Temos a opção de
bateria Shimano de 418Wh.
compatível com o uso urbano diário e os pas- instalar duas grades de bidon, no tubo diago-
seios de fim-de-semana nos trilhos. nal e vertical, e também um descanso na pon- » Conor Borneo. Por 2.295 euros esta 29”
teira traseira. Um detalhe a ter em conta é a oferece um motor Conor/Vinka de 80Nm
ROBUSTA pintura utilizada para proteger toda a estrutu- e bateria de 504Wh. Transmissão Deore.
O robusto quadro de alumínio da M500 é im- ra, que é altamente resistente a arranhões.
pressionante, com uma cavidade na parte in-
ferior, entre os tubos vertical e diagonal, que MUITO ÁGIL
aloja a cablagem do conector de carregamento O equipamento não falha em termos de des-
da bateria. O motor Brose Drive S está alojado empenho. A Beeq optou por rodas de 27,5” e
por baixo, numa posição horizontal. Trata-se guiador de 740 mm para dar à M500 um bom
de um motor Brose padrão, com um potente manuseamento, e a verdade é que a bicicleta é
torque de 90Nm e 250W de potência nominal. muito ágil e move-se muito bem. Ainda não a
O motor é posicionado por inserção lateral, testámos na cidade, mas é certamente perfei-
ou seja, não fica “pendura- ta para “ziguezaguear” atra-
do” num suporte criado no vés do trânsito. Em trilhos
quadro, mas assenta dentro O MOTOR BROSE fáceis o seu comportamento
da estrutura de alumínio, fe- DE 90NM foi ideal, a um ritmo mo-
chada nas laterais com tam- DESTACA-SE PELA derado, dentro do limite de
pas de plástico. Esta dispo- 25km/h até ao qual o motor
sição tem os seus prós e
SUA POTÊNCIA ajuda, embora se quisermos
contras: o motor está mais
E ACELERAÇÃO ultrapassar essa velocida-
protegido contra impactos, de não há problema, por-
pois toda a sua parte inferior é coberta por que o Brose não tem atrito após a assistência
alumínio, mas é necessário mais material e é ser cortada. A alta velocidade, a direção é um
mais pesado. A bateria também entra lateral- pouco mais nervosa, bem como em trilhos
mente, através de uma escotilha no lado supe- com algumas dificuldades técnicas.
rior direito do tubo diagonal, que é aberta atra- A transmissão é também um pouco limitada
vés de uma chave de segurança do lado opos- se formos para trilhos em montanha que exi-
FOTOS ESTÚDIO:
FOTOS AÇÃO:

JCD Fotografia
César Cabrera
Iván Mateos

Confortável em
O andamento. Motor
TEXTO:

melhor potente e silencioso, com


assistência personalizável.

a Bateria de 504Wh.
melhorar Apenas disponível em 3
tamanhos.

61>
mountainbikes.pt
jam constantes alterações da desmultiplicação. O
rácio escolhido em termos de mudanças é clara-
mente orientado para uma utilização mista urba-
na ou sem grandes acumulados. Tem um prato de
36 dentes e uma cassete de 11 velocidades com
carretos de 11 a 42 dentes. O resultado é uma en-
grenagem rolante, que proporciona ao motor uma
aceleração suave, e que exigirá mais gasto de
energia para superar os percursos montanhosos,
algo a ter em conta dada a capacidade da bateria.
Em termos de qualidade da transmissão, as pas-
sagens de carreto são precisas, graças aos ele-
mentos fabricados em aço.

DEVIDO À POSIÇÃO
DE CONDUÇÃO,
À SUSPENSÃO E
ÀS RODAS, PEDALAR
NA BEEQ É UM PRAZER

AS3CHAVES 1
>> Potência, suavidade e baixo ruído do sistema elétrico
Brose. Bateria de 504Wh. 2
>> Posição de condução confortável. Fácil
manuseamento, graças às rodas de 27,5”, ágeis e
absorventes.
>> Suspensão de qualidade com bainhas de alumínio e
controlos hidráulicos eficazes.

1 Os punhos ergonómicos aliviam a pressão no nervo


ulnar. Se sofreres de dormência nas mãos, qualquer ajuda é boa.
2 Sensor de velocidade standard, fixado externamente à escora, com íman na roda.
3 Entrada de carregamento bem protegida com cobertura de borracha. A carga completa demora 7 horas.
4 Os cubos Shimano são uma garantia de durabilidade, com esferas de aço inoxidável e manutenção relati-
vamente fácil. O eixo requer algum treino para começar a ser utilizado normalmente.

3 4

62>
mountainbikes.pt
TÃO CONFORTÁVEL tampa da extremidade oposta para reduzir o
O DETALHE
Com uma postura erguida e os componentes expansor para remover o eixo. Se ainda tiveres
certos, pedalar na Beeq M500 é um prazer. Os dúvidas, vê o vídeo publicado no site da Beeq.
punhos anatomicamente moldados aumen-
tam o conforto nas mãos e os pneus grossos AO TEU ESTILO
filtram os mais pequenos solavancos nos tril- A capacidade de personalização do sistema
hos. O resto é tratado pela suspensão. elétrico Brose é uma das qualidades da Beeq
A SR Suntour Raidon é exemplar. É acionada que passa despercebida. Nesta ebike em
por ar e óleo, proporciona 99% de bloqueio, particular, para além da aplicação, podemos
tem rebound ajustável, e uma sensação sua- modificar a quantidade de assistência dos
ve e progressiva que evita que o peso extra da diferentes modos a partir do próprio ecrã no
e-bike a comprima excessivamente em trava- guiador, e também selecionar a informação
gem ou em impactos consecutivos. que aparece no display ou a forma como a
A rigidez é mais do que suficiente, com as informação é exibida. De série, as assistên-
suas bainhas de alumínio de 34 mm, sem cias não requerem qualquer reajuste, com BROSE ALLROUND>
causar a sensação flexível de algumas e-bikes um bom escalonamento entre os modos É um dos novos displays da Bro-
na parte frontal. Eco, Tour, Sport e Boost, todos caracteriza- se. Tem um ecrã TFT de 1,5” com
O eixo Q Loc 2 de libertação rápida, que não dos por um impulso de entrada e saída gra- brilho automático, visor a cores e
tem nada a ver com os convencionais, merece dual e muito silencioso, e com potência mais
6 botões num corpo compacto. Na
parte inferior do suporte está o bo-
uma menção especial: abre-se desapertando do que suficiente para ultrapassar qualquer
tão que ativa o modo Walk.
a alavanca e depois pressionando e rodando a tipo de rampa.

BEEQ M500 WILD


I
GEOMETRIA
[QUADRO] Alumínio 6061 hidroformado. [SUSPENSÃO] Sr Suntour Raidon34 LOR DS. 110 mm de curso. [MOTOR] A: 1.148 H
E
Brose Drive S. [BATERIA] Snake Battery - 504 Wh. [DISPLAY] Brose Allround. [PEDALEIRO] FSA. 36d. [DESVIADOR] B: 300 F G
C: 453
SRAM NX. [MANÍPULO] SRAM NX. [CASSETE] SRAM NX. 11-42d. 11 vel. [CORRENTE] SRAM NX [TRAVÕES] Shimano D: 460
J
D
MT200. [DIREÇÃO] FSA. [AVANÇO] FSA Viper. [GUIADOR] FSA VDrive. 740mm. [PUNHOS] Grip GA30. [SELIM] Selle E: 615
F: 73º
Royal Shadow Gel. [ESPIGÃO DE SELIM] FSA. [RODAS] Aros de alumínio / cubos Shimano MT400/M6010. [PNEUS] G: 69º
Continental Mountain King 27,5x2.6”. [PESO] 23,82 Kg (tamanho M, sem pedais). [TAMANHOS] S, M, L. [PREÇO] H: 120 C A
I: 418
2.149€. [+INFO] www.beeq-bicycles.com J: 646 B

63> { A: Comprimento entre eixos. B: Altura do eixo pedaleiro. C: Comprimento das escoras. D:
mountainbikes.pt Comprimento do tubo de selim (centro ao topo). E: Comprimento do tubo superior (horizontal
virtual). F: Ângulo de selim.
G: Ângulo de direção. H: Testa da direção. I: Reach. J: Stack. Todos os comprimentos em mm }
PERSONAL
TRAINER

“MAIS PESO
SIGNIFICA
MAIS GASTO
DE ENERGIA”
64>
mountainbikes.pt
TEXTO: FOTOS:
Miguel Ángel Sáez Guillem Brunet

QUANTO NOS AFETA O PESO EXTRA (PARTE 2)

+ QUILOS
+ WATTS
NUM ARTIGO ANTERIOR, MEDIMOS, EMPIRICAMENTE E
OBJETIVAMENTE, QUANTO TEMPO PENALIZÁMOS NUMA
SUBIDA À MEDIDA QUE FICÁVAMOS MAIS PESADOS. E, DE
FACTO, COM MAIS QUILOS EM CIMA, SUBIMOS MAIS DEVAGAR.
AGORA VAMOS FAZÊ-LO AO CONTRÁRIO, VAMOS MEDIR
QUANTOS WATTS TEMOS DE DESENVOLVER A MAIS
PARA COMPENSAR O PESO EXTRA.

O O DEBATE SOBRE A RE-


LAÇÃO PESO/POTÊNCIA
É IMPLACÁVEL QUANDO
SE TRATA DE CICLISMO E BTT. NO BTT TE-
MOS DE IMPULSIONAR, COM AS NOSSAS
PERNAS, O PESO DO NOSSO CORPO E O
PESO DA BICICLETA.
É, portanto, o peso que condicionará o nosso mo-
vimento em relação à força com que podemos ou
não pedalar. É evidente que para o mesmo nível
de aptidão física, iremos mais devagar se aumen-
tarmos o nosso peso e vice-versa (poderemos
pedalar com mais força, e andar mais depressa
se reduzirmos o nosso peso corporal, dentro de
limites saudáveis, obviamente). Na edição anterior
da BIKE, realizámos uma interessante “experiên-
cia” baseada neste raciocínio. Foi um exercício em
que, tomando como referência o mesmo ciclista,
a mesma bicicleta e a mesma subida, realizámos
várias séries com a mesma potência (controlando
a pedalada com um medidor de potência) e com
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diferentes pesos extra numa mochila ca-


rregada nas costas. Desta forma, simu-
lámos um ciclista com a mesma forma
física, mas com peso corporal diferen-
te. Os resultados não poderiam ter sido
mais interessantes. Por cada 3 quilos
extra que “engordámos” o ciclista, ele
perdeu cerca de 20’’ de tempo numa su-
bida de cerca de 9’’ de duração. Por ou-
tras palavras, por cada 3 quilos de peso
extra, o ciclista ficava aproximadamente
4% mais lento. Tudo isto, claro, com a
mesma potência.

A MESMA COISA, MAS AO


CONTRÁRIO
Encorajados pelos resultados interes-
santes, que nos dão uma aproximação
muito precisa do quanto somos penali-
zados por aquele peso extra que sempre
preocupa os ciclistas, decidimos fazer
evoluir esta experiência e descobrir co-
mo o peso também nos afeta, mas num
cenário diferente. Se antes medíamos
quanto mais devagar nos tornávamos
com mais peso, agora queremos medir
quanta mais energia temos de gastar pa-
ra nos movermos à mesma velocidade,
quando ficamos mais pesados, claro.

MUITO IMPORTANTE
EM COMPETIÇÃO
O cenário que propomos nesta experiên-
cia é importante para aqueles que se tes-
tam a si próprios em provas. É a situação
típica em que um ciclista ganha peso (no
inverno ou devido a um período de menos
cuidado com a comida) e tem de competir
(nem que seja só com os mesmos amigos
ou grupo de sempre).
mesma rapidez quando de XCM, quer com um
Em geral, o resto dos amigos e, claro, nas pesamos mais. “O OBJETIVO caráter mais intermi-
competições, andam ao mesmo nível e à
mesma velocidade de sempre, mas o ci- OUTRAS É SABER tente, como uma pro-
va de XCO ou semel-
clista, com mais peso do que antes, tenta
andar tão rápido como antes, apesar de
APLICAÇÕES
Saber quanta energia
QUANTA hante.

carregar mais lastro. Quantos mais watts adicional gastamos ENERGIA Outros cenários em
tem de mover para ir tão rápido como
quando estava mais leve?
para ir à mesma ve-
locidade não é ape- EXTRA que seria interessan-
te medir o gasto ex-

TTUDO CONTROLADO, PARA TER


nas mera curiosida-
de. Pode mesmo ser GASTAMOS” tra de energia quando
pesamos mais seriam
DADOS FIÁVEIS fundamental para também modalida-
Agora a mecânica desta experiência era li- calcular ou modificar a quantidade de des como o enduro (onde não devemos
geiramente diferente da anterior. Desta vez hidratos de carbono que precisamos de esquecer que também pode haver zonas
foi a mesma subida, com 1,5 km de compri- ingerir por hora no total de uma volta intensas de pedalada e subidas) e onde a
mento com um declive médio de 9%. ou de uma competição. relação watts/kg também pode ter algu-
ma relevância, mas porque não, também
O mesmo ciclista carregou uma mochila nas Claramente, se gastarmos mais energia, no Downhill. A lógica convida-nos a pensar
costas e fez 4 subidas na mesma secção de precisamos de prestar mais atenção ao que a energia que temos de gastar para
1,5 km com um declive de 9%. A primeira reabastecimento, comendo em movi- mover um corpo de 90 kg não é a mesma
subida foi realizada com 9 kg de excesso mento barras, géis, ingerindo bebidas que para mover 75 kg nas acelerações
de peso, o esforço foi máximo, ou seja, o isotónicas ou qualquer outra fonte de ali- após as curvas, e mesmo quando contro-
ciclista subiu o mais rápido que pôde. A ve- mentos e nutrientes. lamos as inércias na descida e na trava-
locidade média foi de 11,7 km/h e a média gem da bicicleta numa distância específica.
de watts foi de 377. O ciclista subiu então Além disso, como estamos a lidar com
mais três vezes, cada vez com menos três esforços de alta intensidade, esta ener- Estas são medidas que, segundo outros
quilos, mas tentando subir à mesma velo- gia extra de que necessitamos virá prin- protocolos, não excluímos a possibilida-
cidade, para que pudéssemos observar as cipalmente do consumo de glicogénio, de de serem realizadas no futuro. Somos
diferenças em watts e, de facto, ver quanta pelo que a nossa necessidade de hidra- curiosos e gostamos de partilhar toda
energia poupamos quando somos mais le- tos de carbono aumentará consideravel- esta informação contigo, que certamente
ves e vice-versa, quanta energia extra gas- mente, quer em esforços com um cará- também pensas nestas coisas com o ob-
tamos, medida em watts, para subir com a ter mais constante, como uma maratona jetivo de melhorar a tua forma.
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“FIZEMOS
VÁRIAS
SUBIDAS COM
DIFERENTES
PESOS EXTRA”
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ONDE REALIZÁMOS
PROCESSO O TESTE E PORQUÊ
>Escolhemos uma subida de quase 1,5 km, mais concretamente 1.470
>Fizemos 4 subidas, sempre com a metros. A distância é suficiente para nos levar vários minutos e dar ori-
mesma distância, 1,5 km. gem a diferenças notáveis entre os diferentes pesos a serem usados.
>Em cada subida limitámo-nos a subir >A subida tem
à mesma velocidade média, cerca de uma penden-
11,7 km/h e a uma cadência livremente te média de
escolhida. 9%, onde a
>A primeira subida foi feita com todo o influência da
peso extra que tínhamos numa mochi- força da gra-
la, 9 kg. vidade e do
peso corporal
>A segunda subida foi feita com 6 kg já é impor-
de peso extra, 3 kg a menos do que a tante.
anterior.
>O perfil da
>A terceira subida foi feita com 3 kg de subida foi
peso extra, 3 kg menos do que a ante- muito cons-
rior e 6 kg menos do que a primeira. tante, sem
>A quarta subida foi feita sem discos de qualquer
peso extra na mochila. aceleração ou
necessidade
>As subidas foram sempre feitas a um de mudar de
ritmo constante, tentando manter os ritmo.
300 W desde o início.
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QUE DADOS OBSERVÁMOS
Configurámos o ecrã do nosso Garmin olhando para os 3 dados importantes para poder executar melhor o teste:
>Velocidade média por lap (volta) ou velocidade por volta (marcamos uma volta no início e no fim de cada subida).
>Potência média da volta (isto permitiu-nos compará-la com a potência normalizada e verificar que era muito semel-
hante). Quando a potência normalizada difere muito da potência média, isso indica que há muita aceleração, por isso ten-
támos manter os dois números muito semelhantes, pedalando da forma mais consistente possível.
>Tempo de volta. Simplesmente para saber que tempo fazíamos em cada subida. Cada vez era um pouco mais elevado, mas
ajudou-nos a ter certas referências.

OUTRAS QUESTÕES CONCLUSÕES


A CONSIDERAR Depois de analisarmos os resultados, vemos que, para nossa sur-
De modo a assegurar que os resultados não fos- presa, não foi sempre que reduzimos ou aumentámos o peso que
sem alterados e que não tivéssemos desvios sig- houve um aumento ou redução dos watts para irmos à mesma
nificativos, tomámos as seguintes medidas: velocidade. Embora este fenómeno inesperado tenha ocorrido
apenas entre as subidas mais pesadas (9kg extra) e as segundas
>Adaptámos as pressões dos pneus para cada subidas mais pesadas (6kg extra).
subida. Desta forma, garantimos que o aumen-
to da deformação dos pneus devido ao peso ex- >Estimamos que os resultados anómalos entre as subidas mais pesa-
tra em cada subida não era um fator adicional das e as segundas subidas mais pesadas podem ser devidos a um erro
que penalizaria a redução de velocidade que já médio do potenciómetro, uma vez que a nossa perceção de fadiga era
estava a ocorrer devido apenas ao peso extra. mais elevada com 9 kg a mais do que com 6 kg a mais.
Aumentámos as pressões em 0,2 bar nas duas
>Em qualquer caso, no resto das subidas houve diferenças entre a
primeiras subidas (9kg e 6kg de excesso de
quantidade de watts necessários para escalar à mesma velocidade.
peso respetivamente) em comparação com as
pressões utilizadas nas duas últimas (3kg e sem >Na subida mais leve tivemos de desenvolver 354 W para subir à nos-
excesso de peso). As pressões foram de 1,5 bar sa velocidade objetivo. Precisámos de mais 3,6% de potência (367 W)
nas duas primeiras subidas e 1,3 bar nas duas para subir à mesma velocidade, mas com mais 3 kg.
últimas subidas.
>Para a subida com 6 kg extra precisámos de desenvolver 374 W para
>As subidas com pesos diferentes foram efe- praticamente manter a velocidade, ou seja, 5,4% mais potência em
tuadas sucessivamente, sob as mesmas con- comparação com a subida sem excesso de peso (6 kg menos) e 2%
dições atmosféricas, ou seja, pressão, vento e mais potência em comparação com a subida com apenas 3 kg extra.
temperatura, para que estes fatores não in-
>Assim, podemos concluir que para cada 3 kg de aumento de peso,
fluenciassem os resultados.
para uma subida de cerca de 7-8’ a um declive de 9%, precisamos de
>Não variámos nenhum componente, nem se- desenvolver entre 2 a 3% mais potência.
quer a posição de pedalada, que foi sempre senta-
>Há também um aumento no ritmo cardíaco entre 3 e 4 bpm por ca-
da no selim.
da 3 kg de aumento de peso.

RESULTADOS >A subida com 6 kg de excesso de peso levou-nos 7’44’’ a com-


De acordo com os valores obtidos no nosso teste, podemos pletar, pedalando a 374 W em média, mais 20 W do que
ver que: sem excesso de peso.
>A subida sem excesso de peso levou-nos 7’47’’ para comple- >A subida com 9 kg de excesso de peso levou-nos 7’47’’ a com-
tar, cumprindo os 1.470 m pedalando a 354 W em média. pletar, pedalando a 371 W em média, mais 17 W do que
sem excesso de peso.
>A subida com 3kg de excesso de peso levou-nos 7’47’’ a
completar, pedalando a 367 W, gerando 13 W mais do que >Os valores do ritmo cardíaco variam entre 159 e 166 bpm,
quando o fizemos sem excesso de peso. com incrementos de 3-4 bpm por cada 3 kg extra.
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Watts&quilocaloria s
Watts
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TEXTO:
Miguel Ángel Sáez

TREINO POLARIZADO
O QUE É E PARA QUE SERVE?
Certamente já ouviste falar do treino
polarizado, no entanto, nem todos sa-
bem o que é e em que casos deve ser
aplicado.

TREINO NOS DOIS EXTREMOS


O treino polarizado consiste treinar nos
dois extremos. Ou seja, consiste em pla-
nificar o treino de modo a que a maio-
ria do tempo seja ocupado a treinar a
intensidades muito baixas ou muito al-
tas, abaixo ou acima dos limiares, utili-
zando pouco tempo no treino em zonas
intermédias.
Algumas investigações referem que os
maiores benefícios deste tipo de treino,
sobretudo na alta intensidade, alternando
com sessões de recuperação, são as adap-
tações. Isto é, converte o organismo numa
máquina mais eficiente, com maior capa-
cidade de recuperação e, sobretudo, per-
mite render mais a alta intensidade.

MAS SERÁ
QUE FUNCIONA MESMO?
Sim, mas com certas regras. Quando es-
te tipo de treino começou a ser aplicado
nas equipas do ProTour há alguns anos,
como a Sky (agora denominada INEOS),
verificou-se que os benefícios apareciam
rapidamente. No entanto, só acontecia
nos ciclistas mais experientes e nos com
um bom nível de forma prévio.
Treinar a intensidades intermédias des-
envolve uma melhor capacidade aeróbi-
ca, uma capacidade de gerar energia por
processos que utilizam o oxigénio, sendo
bastante interessante devido à eficiên-
cia que provocam (rácio entre energia
produzida versus energia requerida). Por
esse motivo, o treino polarizado só é re-
comendável se previamente foi adotado
o tempo necessário para criar boas adap-
tações no metabolismo aeróbico.
Por isso, o treino polarizado costuma
dar mais resultados num desportista de
elite ou num com um bom nível de for-
ma, dado que geralmente têm uma ca-
pacidade aeróbica muito desenvolvida
que lhes permite suportar bem o treino
intenso dos métodos polarizados e des-
envolver melhor as adaptações que este
pode, potencialmente, produzir.
ser um método pontual de treino que dem a acelerar o processo de melhoria,
deve ser aplicado em fases concretas da mas encurtam o período do mesmo,
A QUEM SE DESTINA planificação, como o aproximar de uma além de provocar sobrecarga e ser mais
Como referimos, é fácil perceber que os competição ou eventualmente para co- duro mentalmente, algo que pode afetar
métodos polarizados podem ser mais rrigir possíveis pontos débeis do atleta também a motivação do atleta e a sua
adequados a ciclistas de nível elevado ou que tenhamos detetado previamente em vontade de seguir o plano de treino.
com muita experiência no treino, com algum teste de modo a conhecer o seu
Neste tipo de desportistas é mais aconse-
uma boa capacidade aeróbica anterior. perfil fisiológico.
lhável optar por métodos menos polari-
No XCO é ideal, pois exige os dois extre-
Em atletas amadores ou com pouco his- zados e que adotem tempo a trabalhar as
mos (alta e baixa intensidade). De qual-
torial em termos de treino não é acon- zonas intermédias ou entre os limiares.
quer modo, mesmo nesses casos, deve
selhável seguir estes métodos, pois ten-

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MENOS WATTS NO INTERVALOS CURTOS
ROLO. PORQUÊ? COM PULSAÇÕES
Esta é uma pergunta muito frequente: porque motivo O que é que devemos fazer quando temos de treinar
no rolo desenvolvo menos watts do que na montanha séries curtas a uma determinada pulsação? Acelera-
ou na estrada? mos muito no início para chegar a essa pulsação o
mais rápido possível? Ou fazemos progressivamente?

A PULSAÇÃO TEM UM ATRASO


Quando queres treinar por intervalos e estes são curtos (por
exemplo 3`de duração), pode acontecer só atingires essas pu-
lações delineadas a meio da série e fazendo mais força nos pedais
do que a que está definida. Alguns tentam adaptar-se iniciando o
esforço ao máximo e prolongando esse intervalo até atingir o va-
lor. Mas isto não se deve fazer, pois acabarás por fazer intervalos
mais longos do que os estabelecidos.
Isto acontece porque quando treinamos de maneira específica, fa-
zemos esforços a uma intensidade específica, mas medimos essa
intensidade com um parâmetro que não é propriamente o esforço,
mas sim uma reação a este. Esta reação tem um atraso no tem-
po. Portanto, mesmo que estejas a fazer um determinado esforço,
não haverá correspondência em termos de pulsações até ter pas-
sado cerca de um minuto ou um minuto e meio, dependendo de
cada desportista.

FAZ UM TREINO MAIS DURO


DO QUE AQUELE QUE ESTÁ PROGRAMADO
Como acabámos de referir, se te empenhas a chegar à pulsação
proposta antes da altura ideal, o mais provável é que treines a
uma intensidade mais alta do que a programada para o nível de
pulsações planificado. E se, pelo contrário, antes sequer de co-
meçar o intervalo já estás a acelerar de modo a chegar ao pulso
recomendado, estarás a prolongar o tempo de treino. De modo a
solucionar o problema, sugerimos o seguinte:

MÉTODO EFICAZ
O mais adequado a fazer é associar uma determinada sensação de
esforço a umas determinadas pulsações (com a prática é possível).
Ou seja, quase sem olhar para o GPS, tens de tentar percecionar a
que pulsações estás. Deste modo, o treino será mais natural. No
início pode parecer complicado, mas com o tempo, se aprenderes
a fazer isto os teus treinos serão muito mais eficientes.
Há outra dúvida frequente e que tem a ver com os intervalos cur-
Não acontece em todos os casos, mas sim na maioria dos ciclistas. Esta tos com nível de esforço máximo (o denominado “all out”). Neste
discrepância entre os watts gerados no rolo e os que obtemos quando caso, não faz nenhum sentido seguir as pulsações recomendadas.
treinamos num ambiente exterior (quer seja BTT, quer seja estrada) não Dá o teu máximo e não ligues aos valores apresentados pelo GPS,
são uma diferença abismal, mas são facilmente detetáveis. pois esse treino baseia-se nas sensações.
Em regra, a diferença ronda entre os 5 e os 10%, dependendo dos casos,
e é no rolo que aparecem os valores mais baixos.

MAIS FADIGA POSTURAL


No rolo a posição costuma ser muito mais estática do que numa bicicle-
ta em ambiente externo. Isto provoca uma maior fadiga ou faz com que
esta apareça mais cedo a nível muscular. Pedalar sempre na mesma po-
sição cansa mais do que fazê-lo adotando diferentes posições em cima
da bicicleta. Isto traduz-se numa alteração dos valores.

PIOR TERMORREGULAÇÃO
A temperatura mais elevada e o menor fluxo de ar na pele também afe-
tam os valores. Estes dois aspetos, frequentes quando fazemos ciclis-
mo indoor, são fundamentais na termorregulação do ciclista, ou seja, na
sua capacidade para regular a temperatura corporal. A temperatura está
intimamente ligada à nossa capacidade de desenvolver potência (à me-
dida que a temperatura aumenta, rendemos menos). O motivo tem a ver
com a energia que o nosso corpo gasta para tentar refrescar o organis-
mo, entre outros aspetos.
É também por isso que geralmente não conseguimos aplicar tanta po-
tência no rolo. Por isso mesmo, recomendamos sempre ter uma vento- Detalhe do desfasamento no tempo da frequência
inha por perto e uma hidratação adequada. cardíaca (a vermelho) face ao esforço produzido
medido em potência (a violeta).
MENOS MOTIVAÇÃO
Os estímulos do treino exterior são muito maiores do que no treino in-
door (uma curva, uma paisagem, pedalar com os amigos, etc). Isto faz
com que física e mentalmente o esforço seja percecionado de formas
distintas. Parece utópico, mas não é.

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TRAINER

“A INTENSIDADE
É FUNDAMENTAL
PARA
RECUPERAR A
FORMA NUM
CURTO PERÍODO
DE TEMPO”
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TEXTO: FOTOS:
Miguel Ángel Sáez Arquivo BIKE

PLANO DE TREINO PÓS-FÉRIAS

VOLTAR AOS
TREINOS
ATUALMENTE, AO CONTRÁRIO DO QUE ACONTECIA ANTIGAMENTE EM
QUE QUASE TODOS TIRAVAM FÉRIAS NO VERÃO, MUITOS OPTAM POR
REPARTIR OS DIAS DE FÉRIAS POR VÁRIAS ALTURAS DURANTE O ANO.
E SE ESTÁS PREOCUPADO COM O TEU ESTADO DE FORMA APÓS ESSAS
FÉRIAS NA “ENGORDA” E A SABOREAR O “DOLCE FAR NIENTE”, ENTÃO
RELAXA. OFERECEMOS-TE UM PLANO DE TREINO CONCENTRADO PARA
TE PÔR DE NOVO EM FORMA EM APENAS 3 SEMANAS.

N ÃO SOMOS A FA-
VOR DE PLANOS
DE TREINO MILA-
GROSOS, COMO É O CASO DAS DIETAS.
A aptidão física só pode ser alcançada com
uma intensidade considerável e uma quanti-
dade bem estruturada de horas de treino. Por
esta razão, gostaríamos de esclarecer que o
plano que vamos desenvolver e propor neste
artigo foi concebido para aqueles que, mesmo
com uma certa falta de treino devido a uma
breve pausa durante as férias, já têm uma boa
condição física acumulada ao longo do ano.

A PAUSA NAS FÉRIAS


Por vezes não é fácil cumprir o ritmo do nosso
treino durante as férias. Horários familiares,
altas temperaturas ou simplesmente viagens
onde é impossível levar a bicicleta podem tra-
var a preparação física para determinadas pro-
vas, especialmente as realizadas logo a seguir
às férias. Por esta razão, qualquer pessoa que
tenha sido forçada a parar durante 2 ou 3 se-
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manas em Março,
por exemplo, enfren- “SE uma subida curta e
explosiva, por exem-
ta agora o desafio
de recuperar alguma
MANTIVERES O plo. Além de sermos
mais lentos em in-
da sua aptidão física TEU PESO NAS tensidades elevadas,
perdida num curto
período de tempo. FÉRIAS SERÁ após alguns dias sem
fazer nada, notare-
Como dissemos no
início destas pági-
MAIS FÁCIL mos uma pulsação
anormalmente eleva-
nas, quem não esta- RETOMAR A da para qualquer ní-
va em forma antes
das férias também FORMA FÍSICA” vel de esforço, maior
desconforto ou dor
não estará em forma nas nossas pernas
agora, com um plano curto e concentra- em intensidades próximas do limiar anae-
do, mas para aqueles que treinaram du- róbico e acima, onde nos sentiremos, em
rante vários meses seguidos, voltar em geral, mais fatigados.
boas condições é um pouco mais fácil, Isto porque os nossos mecanismos de
pois nestes casos o nível de adaptação ao compensação do ácido láctico desapare-
esforço é maior. cem ou são perdidos relativamente de-
pressa, assim que não treinamos durante
O QUE PERDEMOS alguns dias.
Num período razoável de férias sem ati-
vidade, cerca de 2 ou 3 semanas, as ma- NEM TUDO ESTÁ PERDIDO
nifestações do nosso desempenho que O que fazer quando perdemos o nosso
mais provavelmente serão diminuídas são treino durante as férias? Não devemos
as que ocorrem em intensidades elevadas. desesperar e se pelo menos mantiver-
Especialmente a nossa capacidade de nos mos o nosso peso corporal, a coisa mais
esforçarmos em condições de preferência eficaz a fazer é conceber um plano de
anaeróbias e com elevadas concentrações treino progressivo, pois devemos consi-
de lactato sanguíneo. O desempenho nas derar que muito provavelmente começa-
intensidades máximas de consumo de remos em pior forma do que antes, adap-
oxigénio também pode ser afetado. Não tado aos nossos objetivos e constituído
o será em percentagens muito elevadas, por três fases: a geral, a específica e a de
mas o suficiente para se notar uma que- aproximação.
da no desempenho em comparação com
os dias anteriores à nossa interrupção de Quando dizemos que deve ser um plano
atividade. Este desempenho é pior quando progressivo, queremos dizer que as pri-
queremos fazer uma mudança de ritmo ou meiras sessões devem ser adaptadas ao
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“O SEGREDO É
TREINAR COM
INTENSIDADE E
DESCANSAR NOS
DIAS SEGUINTES”
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nosso nível de aptidão após o intervalo. dades mais elevadas de consumo máximo de
Portanto, devem ser sessões de treino oxigénio ou capacidade anaeróbica para aque-
de duração média, mas com intensidades les que participam em provas de XCO. Entre 4
baixas ou moderadas, em qualquer caso, e 6 sessões serão suficientes para o teu corpo
abaixo do nosso limiar anaeróbico. se adaptar a estes estímulos e recuperar parte
do que perdeu durante as 2 ou 3 semanas de
Tendo em conta que és um ciclista que inatividade que possas ter tido nas férias. Isto
treina durante todo o ano e que, portanto, pode demorar uma semana ou uma semana
tens uma boa capacidade de adaptação e meia. Finalmente, e continuando com a exi-
às sessões de treino, 4 ou 5 sessões des- gência das fases, estrutura os últimos dias ou
te tipo na primeira semana após as férias sessões reduzindo ao máximo o volume ou a
serão provavelmente suficientes para res- duração do treino, mantendo ao mesmo tem-
tabelecer uma base considerável de resis- po uma certa intensidade. Estes serão os dias
tência e ativação muscular. Continuando anteriores à competição ou evento importante,
com os requisitos de um plano pós-férias em que o objetivo é reduzir a fadiga produzi-
progressivo e adequado aos nossos ob- da por um plano tão concentrado, mantendo
jetivos neste caso, na segunda semana ao mesmo tempo os níveis de adaptação que
devemos aumentar a intensidade das nos- alcançaste em tão curto espaço de tempo. Pa-
sas sessões de treino para a intensidade ra te ajudar a compreender melhor, propomos
específica dos próximos eventos. Geral- um exemplo de 3 semanas neste artigo, com
mente, estas serão intensidades em tor- dias, sessões e intensidades que, naturalmen-
no do limiar anaeróbico para aqueles que te, cada pessoa terá de adaptar às suas pró-
participam em maratonas (XCM) e intensi- prias circunstâncias.

PLANO DE 3 SEMANAS PÓS FÉRIAS


Segunda feira terça feira Quarta feira Quinta feira Sexta feira Sábado Domingo

Percurso fácil
Rolar fácil
+
+
subidas
Rolar fácil subidas
BTT ou estrada
Terreno rolante BTT ou estrada
Percurso fácil
BTT ou estrada Percurso fácil
Terreno rolante Z2 ou ritmo cardíaco
1ª SEMANA

Z2 ou ritmo cardíaco Terreno rolante


BTT ou estrada 75-80%
Z2 ou ritmo cardíaco no limiar de 75-80% BTT ou estrada
Descanso Descanso Limiar anaeróbico
no limiar de 75-80% anaeróbico
1h 45’ +
anaeróbico + 2h
2 subidas de 10’ a
2 subidas de 10’a
ritmo cardíaco 85%
1h 15’ ritmo cardíaco 85%
limiar anaeróbico
Limiar anaeróbico
2h 45’
1h 15’

Percurso fácil
Intervalos Vo2Max Intervalos Vo2Max
Terreno rolante Intervalos Intervalos
4 x 4’ no nível de 5 x 4’ no nível de
BTT ou estrada Vo2Max curtos Vo2Max curtos
esforço máximo, esforço máximo,
2ª SEMANA

6 x 3’ no nível de 6 x 3’ no nível de
recuperação 4’ recuperação 4’
Z2 ou ritmo cardíaco esforço máximo, esforço máximo,
a ritmo suave Descanso a ritmo suave Descanso
no limiar de 75-80% recuperação 3’ recuperação 3’
BTT ou estrada BTT ou estrada
anaeróbico a ritmo muito suave a ritmo muito suave
BTT ou estrada BTT ou estrada
1h 30’ 1h 30’
1h 15’ 2h 3h

Treino de BTT.
Intervalos Percurso fácil
Z2 ou ritmo cardíaco
Capacidade anae- Terreno rolante
no limiar de 75-80%
Rolar fácil róbica. BTT ou estrada.
3ª SEMANA

anaeróbico
Terreno rolante 8 x 2’ no máximo Z2 ou ritmo cardíaco Primeira prova /
+
BTT ou estrada Descanso nível de esforço, no limiar de 75-80% Descanso competição
10’ a ritmo
1h 15’ recuperação 2’ anaeróbico pós férias
de competição
a ritmo muito suave
BTT ou estrada 1h15’
1h 15’
2h

*Plano genérico para atletas de nível físico intermédio que se preparam para um evento de XC ou maratona de 2 a 4 horas após uma pausa de 2
a 3 semanas. Cada utilizador pode adaptá-lo à sua disponibilidade de tempo, prolongando ou reduzindo a duração das sessões. Quem se prepa-
ra para eventos de longa duração pode reduzir a intensidade dos intervalos em 10%.

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“ESTE PLANO É
CONCEBIDO PARA
AQUELES QUE JÁ TÊM
UMA BOA CONDIÇÃO
FÍSICA ACUMULADA
AO LONGO DO ANO”
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Watts
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TEXTO:
Miguel Ángel Sáez

COMO FAZER UM AQUECIMENTO


A fase de adaptação ao esforço – mais
conhecida como aquecimento – é fun-
damental e não exclusivamente para
aqueles que competem regularmente.
Neste artigo explicamos porquê e co-
mo fazer.

EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS
Existem vários estudos que evidenciam
os benefícios de um bom aquecimento
durante o início de qualquer ativida-
de física. Há uma menor incidência de
lesões durante a atividade física, so-
bretudo em atividades com impacto ou
movimentos explosivos e no desempen-
ho desportivo. Obviamente, se for feito
um bom aquecimento, além de termos
melhores sensações durante o esforço, o
desempenho será melhor. Especialmen-
te quanto mais intenso for o exercício
que formos realizar. Nesse sentido, é
evidente que quem compete, por exem-
plo, é quem mais poderá beneficiar de
um bom aquecimento, o que não quer
dizer que quem só pedala ao fim de se-
mana não deva dedicar algum tempo
a aquecer devidamente, para se sentir
melhor e para ter um desempenho me-
lhor durante as suas voltas de bicicleta.

NOÇÕES GERAIS
A duração do aquecimento é impor-
tante. Obviamente, e tendo em conta
que falamos de BTT e de ciclismo, a fa-
se de aquecimento ou adaptação deve
ser sempre mais curta que a volta que
vamos dar. Em regra, podemos dedicar
pelo menos 20 minutos a pedalar com
alguma fluidez e a intensidades relati-
vamente baixas ou moderadas.
A pedalada deve ser fluida, para evitar
fadiga muscular, mas deve permitir
uma ativação dos músculos envolvidos.
Portanto, a cadência deve ser ligeira-
mente superior à que vamos adotar na
nossa volta. Podemos estabelecer como
ponto de referência uma cadência mé-
dia de 80 a 90 rpm nesta fase inicial
de aquecimento. Também convém não
escolher um sítio com muito desnível,
ou seja, preferencialmente deve ser um
local plano.
A intensidade de esforço moderada sig-
nifica que não deveremos superar 75% sendo mais fácil controlar as variáveis mas de curta duração. Uma boa solução
da frequência cardíaca máxima. Em como a cadência, a intensidade e, claro, passa por fazer intervalos de 30” acele-
todo o caso, podes fazer algumas acele- permite uma melhor concentração. rando a 90% da nossa sensação máxima
rações, mas sem chegar a esforços máxi- de esforço, recuperando posteriormen-
Para começar, o aquecimento antes de te a um ritmo muito suave durante 3´.
mos, para ajudar a aumentar a tempera-
uma prova deve contemplar uma fase Desta maneira, conseguimos estímulos
tura muscular em menos tempo.
inicial, uma espécie de aquecimento para o nosso organismo. A quantidade
dentro do próprio aquecimento. Consis-
PARA AQUELES QUE COMPETEM te em pedalar cerca de 10 a 12 minutos
de intervalos deste tipo depende do tem-
Quem compete, deve fazer um aqueci- po estimado de prova que vamos fazer
a uma intensidade entre 65 a 75% da fre- e do nível desportivo de cada atleta. Por
mento mais estruturado e específico, de
quência cardíaca máxima. último, devemos dedicar os 5 minutos
acordo com as exigências da prova. Por
exemplo, os profissionais geralmente Em segundo lugar, é necessário incluir finais a rolar suavemente, evitando a
aquecem num rolo antes das provas, um bloco com um ritmo mais intenso, acumulação de fadiga.

78>
mountainbikes.pt
CÃIBRAS
Se praticas desporto há alguns anos, certamente já so-
freste as famosas “cãibras” quando treinaste num ní-
vel muito alto. No BTT são menos frequentes do que em
outras modalidades, mas isso não significa que não pos-
samos vir a sofrer numa prova ou treino.
As famosas cãibras são uma dor forte que ocorre a nível muscular
quando realizamos uma atividade demasiado intensa para aquilo a que
estamos acostumados, provocando uma inflamação e destruição no te-
cido muscular. Como provocam uma diminuição no desempenho físico,
são extremamente relevantes, pois condicionam os nossos movimen-
tos, podendo alterar o padrão de pedalada e podem provocar compli-
cações, como tendinites.

VO2MAX:
PODEMOS MELHORAR?
O VO2 Max é o consumo máximo de oxigénio e trata-
se de um dos valores mais relevantes no desempenho
de desportistas que se dedicam a desportos de resis-
tência, como o ciclismo e o BTT, mais precisamente
no XCM. Basicamente significa a quantidade máxima de energia
que podemos obter por via aeróbica, como a utilização de oxigé-
nio. É do conhecimento geral que quanto maior for o valor de oxi-
génio consumido pelo desportista para obter energia, maior será
o Vo2 Max e mais probabilidades terá de ter um bom desempenho
desportivo. No entanto, há uma questão relevante: até quando po-
demos melhorar este valor?

FATORES CENTRAIS
Um dos fatores centrais que condicionam o aumento ou não do
Vo2 Max é o tamanho das cavidades do coração e, portanto, o con-
SE NÃO HOUVER IMPACTO, PERFEITO sumo cardíaco, a quantidade de sangue que o coração ejeta duran-
Quando a atividade física que estamos a praticar – como o BTT – tem te 1´. Quanto mais sangue formos capazes de enviar para os nos-
como principal movimento um gesto que não envolve impactos contra sos músculos, mais energia poderemos, potencialmente, obter.
o solo ou não implica um alargamento forçado e violento do músculo,
não costuma produzir danos a nível muscular. É por esse motivo que o FATORES PERIFÉRICOS
ciclismo e o BTT não costumam ser os desportos que mais implicam o Questões como a distribuição das fibras musculares que temos, a
surgimento de cãibras. No entanto, em voltas longas, nas quais adota- quantidade de mitocôndrias, a quantidade de capilares que irrigam
mos posições de condução demasiado estáticas ou que impliquem es- a nossa musculatura, entre outros, também podem contribuir pa-
forços como travagens mais bruscas em descidas técnicas, podem im- ra um melhor consumo de oxigénio, logo para um melhor desem-
plicar algum pico de dor nos dias seguintes. penho desportivo.
Normalmente, estes aspetos periféricos são mais simples de oti-
COMO ELIMINAR AS CÃIBRAS mizar através do treino do que os centrais, que requerem mais
O processo inflamatório que causa a dor dura alguns dias (quanto mais
tempo e muitos deles estão condicionados pelas características
intenso tiver sido o exercício que o provocou, maior será essa infla-
genéticas do ciclista em questão.
mação). Apesar de existirem inúmeros remédios caseiros para nos livrar-
mos desta dor, está demonstrado que só o exercício físico suave e sem
impacto pode acelerar o processo de recuperação das cãibras. Isto acon- SERÁ GENÉTICO?
tece porque o exercício suave aumenta o fluxo sanguíneo, ajudando a lim- Alguns estudos científicos evidenciaram uma importante relação
par as substâncias nocivas que a inflamação muscular gera. Portanto, se entre a nossa carga genética e o nível de VO2 Max. Isto significa
sofreste cãibras ontem, recomendamos que pedales de modo suave para que quem não tiver as melhores condições genéticas para desen-
acelerar a recuperação. volver o Vo2 Max terá menos margem de melhoria e vice versa.
Isto explica, em parte, a importância da individualização das car-
TREINA NO GINÁSIO OU CORRE gas de treino, para dar a cada desportista o estímulo ideal. Os es-
Apesar dos conselhos que referimos no parágrafo anterior, a melhor tudos indicam que 50% do nível de Vo2 Max alcançado na idade
maneira de evitar as cãibras é ter uma musculatura adaptada ao esforço adulta depende da nossa genética e que os 50% restantes da nos-
concêntrico, mas também excêntrico. sa capacidade de evolução dependem do treino e de aspetos am-
Para este tipo de movimentos podemos praticar qualquer despor- bientais como a recuperação, o tipo de alimentação, o peso corpo-
to coletivo (incluindo a corrida) e exercícios de força com ou sem pe- ral, a seleção das intensidades para estimular o consumo máximo
sos. Estas atividades incluem movimentos nos quais os músculos se de oxigénio, etc.
alongam de maneira forçada, criando adaptações que o protegem de
futuros movimentos idênticos, mas de maior intensidade, cuja reper- Ou seja, metade da nossa evolução no que ao Vo2 Max diz respei-
cussão será menor, logo não criarão inflamação nem danos muscula- to, depende das características genéticas e nesse sentido pouco
res. Se te queres livrar das cãibras, treina mais, mas inclui atividades há a fazer. A outra metade depende de nós, pois está condicionada
que impliquem impacto ou movimentos excêntricos como aqueles que pelo tipo e quantidade de treino que realizarmos, da intensidade do
acontecem na corrida. mesmo, da nossa dieta e de outras questões do dia a dia.
79>
mountainbikes.pt
TEXTO:
Iván Mateos

FOTOS:
César Cabrera

80>
mountainbikes.pt
TEMPO
DIFICULDADE
15’
CORTAR UM GUIADOR DE CARBONO

CORTE À
MEDIDA
QUEM TE DISSE QUE ERA COMPLICADO CORTAR UM GUIADOR DE FIBRA DE CARBONO?
NADA PODERIA ESTAR MAIS LONGE DA VERDADE. COM UMA SERRA DE METAL E UMA
LIXA VAI SER CANJA.

3
1
4 6 7

»FERRAMENTAS
FERRAMENTAS
1 Caneta marcadora. Para marcar onde fazer o corte.
2 Lixa. Pode ser qualquer uma com grão 500 ou mais
fina para um acabamento rigoroso. 3 Fita isolante.
Esta pode ser usada como guia para fazer o corte. 4 Fita
métrica. Para fazer as medições, claro. 5 Serra para
metal. Para um corte exato, melhor se tiver 25 dentes
por polegada ou mais. 6 Guia de corte Parktool. É
opcional, mas se tiveres uma, torna as coisas muito mais
fáceis. 7 Torno. Se não tiveres um, terás de conseguir
manter o guiador firmemente no lugar ao fazer o corte.

81>
mountainbikes.pt
»Passo a passo…

PASSO 1> Escolhe o tamanho certo de acordo com o teu gosto ou o com- PASSO 2> Embora o guiador venha com marcas de corte de tamanhos
portamento que procuras. Alguns guiadores são vendidos no comprimento diferentes nas extremidades, não é má ideia verificar, porque não é o primeiro
mais longo para que possas cortá-los à medida. Conhecemos alguns mode- caso que vimos em que diferem do tamanho real, e se fores muito rigoroso,
los de XC que têm 820mm, um comprimento invulgarmente longo para XC. gostarás de o ter ao milímetro.

PASSO 3> Este guiador PRO vem com marcas de corte a cada 5 mm, ou PASSO 4> O guia de corte Parktool é adequado para qualquer material
seja, a soma de ambos os lados dá-nos possíveis ajustes de 1 cm do compri- (alumínio, titânio, carbono...), apenas necessita de um torno para o manter no
mento total. Escusado será dizer que é preciso cortar na mesma marca em lugar. E por falar em cortes, tem cuidado! O cortador de canos de canalização
ambos os lados do guiador. clássico não é adequado para carbono, apenas para guiadores de metal.

PASSO 5> Antes de cortar, insere a lâmina da serra através do guia PASSO 6> É uma pena, não é? O carbono é tão caro que é uma pena des-
Parktool e verifica se está bem alinhada com a marca onde pretendes cortar. perdiçar alguns gramas. Lembra-te de que os dentes da serra apenas “mor-
dem” na direção da frente, não precisas de usar a força para a trazer para a
tua direção.
82>
mountainbikes.pt
CUIDADO!
EVITA ACIDENTES
Uma percentagem muito elevada de
quebras espontâneas do guiador deve-
se ao aperto excessivo das abraçadei-
ras das manetes de travão, dos maní-
pulos ou do avanço. Eis como evitá-lo:

1> Segue o conselho do fabricante. Se


houver um limite de peso para o ciclis-
ta, ou um limite de aperto para os para-
PASSO 7> Tem cuidado para não respirar o pó PASSO 8> Passa todo o bordo com lixa de grão fusos, respeita-o.
ou as aparas libertadas pelo carbono após o cor- fino, verás que o acabamento é perfeito. Não deixes
te. O passo seguinte é terminar o trabalho. nenhuma lasca saliente.

2> Adiciona massa de alta fricção nos


pontos de contacto. Isto imobiliza as
peças sem a necessidade de um torque
elevado.

PASSO 9> Não te esqueças do interior. Enrola PASSO 10> Se o teu guiador não tiver marcas de
um pedaço de lixa à volta do marcador, e passa corte, o processo é o mesmo, mas mais “manual”.
pelo tubo até que este fique liso. Primeiro marca a medida que pretendes subtrair.

3> Utiliza uma chave dinamométrica


para aplicar o binário correto. Fazê-lo
“a olho” pode sair caro.

PASSO 11> Envolve uma fita isolante à sua PASSO 12> Segura o guiador (tem cuidado se o co-
volta, certificando-te de que está completamente locares num torno, não o esmagues), corta ao longo 4> A massa de montagem para carbono
perpendicular ao tubo. A fita atuará como um da linha da fita e segue os passos 7 a 9. (ou de alto atrito) que fica em excesso po-
guia de corte. de ser removida com um simples trapo.

83>
mountainbikes.pt
O FRANCÊS HUGO PIGEON GANHOU A SEGUNDA EDIÇÃO
DO E-VIANA ENDURO BIKE, UMA PROVA DE ENDURO
RESERVADA A UTILIZADORES DE BICICLETAS ELÉTRICAS. O
EVENTO CONTOU COM A PRESENÇA DE 140 PARTICIPANTES,
INCLUINDO ALGUMAS CARAS BEM CONHECIDAS COMO JOSH
BRYCELAND, GONÇALO BANDEIRA OU FRANCISCO PARDAL,
2º E-VIANA ENDURO BIKE 2023 NUM PERCURSO EXIGENTE FÍSICA E TECNICAMENTE.

PIGEON
DOMINA
EM VIANA
O HOTEL FEELVIANA
ORGANIZOU A SE-
GUNDA EDIÇÃO DO
E-VIANA ENDURO BIKE, E DESTA VEZ
CONTOU COM O DOBRO DOS PARTI-
CIPANTES FACE AO ANO PASSADO,
MOSTRANDO QUE ESTE TIPO DE INI-
CIATIVAS TEM TUDO PARA CRESCER.
O evento é reservado a utilizadores de bici-
cletas elétricas e baseado num percurso duro
física e tecnicamente. José Sampaio, CEO do
hotel, salientou a particularidade deste even-
Carlos Almeida Pinto

to: “É uma prova de Enduro, mas não o que-


remos transformar num evento de massas.
Pedro Lopes

Queremos que tenha a nata da modalidade


e que seja exigente”
exigente”. O E-Enduro Bike contou
FOTOS:
TEXTO:

com o patrocínio oficial da Scott, POC, Crank-


brothers e AbsoluteBlack e com o apoio da
Câmara Municipal de Viana do Castelo, Galfer,
Biciway, Gold Nutrition, Super Bock e Buondi.
Presentes estiveram nomes consagrados do
Enduro e Downhill nacional, como Gonçalo
Bandeira, Francisco Pardal, entre outros.
84>
mountainbikes.pt
Hugo Pigeon
deixou a
sua marca
em Viana
do Castelo.

85>
mountainbikes.pt
“ESTE EVENTO
É IDEAL PARA
E-BIKES, COM
SUBIDAS TÉCNICAS
E CONDIÇÕES DE
PISO DIFERENTES,
POR ISSO ADOREI.”
HUGO PIGEON
30 KM
NO MONTE DE SANTA LUZIA
Embora o centro nevrálgico do evento
estivesse localizado nas imediações do
hotel, toda a ação decorreu no Monte de
Santa Luzia, onde aguardava os partici-
pantes um percurso de 30 km dividido em
seis especiais cronometradas (PEC) com
1.000 metros de acumulado. Estas PEC
incluíam zonas com muito flow, partes
mais técnicas (incluindo a subir), saltos,
escadas, degraus, muita pedra, raízes
e um cenário de cortar a respiração, in-
cluindo uma passagem pelo interior do
antigo convento de São Francisco.

Na categoria elite masculina, o vencedor


foi o francês Hugo Pigeon, atleta da Scott
que participou nesta prova com uma bici-
cleta fornecida pela organização. O poliva-
lente francês não escondeu a satisfação
por esta vitória. “Estou muito feliz por ter
vencido, apesar de o percurso estar um
pouco mais escorregadio nos dois pri-
meiros PEC do que no reconhecimento.
Diverti-me muito. Gostei sobretudo da
última especial pois era rápida e téc-
nica. Na especial mais longa, a quinta,
para além de técnica era exigente fisica-
mente e foi complicado gerir estas duas
valências. Este evento é ideal para este
tipo de bicicletas, com subidas técnicas
e condições de piso diferentes, por isso
adorei.” Joshua Bryceland (Cannonda-
le) acabou em segundo lugar, seguido de
Marco Veiga (Giant Espanha).

EVA CASTRO REPETE VITÓRIA


Na categoria feminina, a espanhola Eva
Castro (Cannondale Iberia) repetiu o feito
de 2022 e confessou-nos que embora não
tenha conseguido treinar, estava muito
feliz por voltar a ganhar esta prova. “Os
PEC estão melhores e um pouco mais
técnicos. Como gosto de descidas exi-
gentes, e de um percurso mais concen-
trado, do meu ponto de vista estava me-
lhor do que no ano passado. O percurso
é muito físico e técnico, com zonas espe-
“O PERCURSO taculares. Como estou habituada a terre-

É MUITO FÍSICO no escorregadio, não tive problemas de


maior, embora tivesse sofrido duas que-
E TÉCNICO, das nos primeiros três PEC, por falta de
concentração. A partir daí fui com mais
COM ZONAS calma e mais concentrada e acabei por
compensar o tempo perdido”.
ESPETACULARES.”
Márcia Luz (Bike in Portugal) é outra das
EVA CASTRO caras conhecidas nas provas de Enduro e
86>
mountainbikes.pt
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“CONQUISTAR
MONTANHAS.
ESSA SERÁ A
NOSSA GRANDE
APOSTA NOS
PRÓXIMOS ANOS”
RICARDO REGO

acabou em segundo lugar. A simpática at-


leta fez questão de participar neste evento,
embora tenha referido que este ano dificil-
mente conseguirá participar em mais pro-
vas nacionais. Ana Leite, da equipa AXPO
Vila do Conde foi terceira classificada.

Nas restantes categorias venceram Jo-


sé Oliveira em Master 30, Márcio “Golias”
Ferreira em Master 40 e Bruno Morais em
Master 50. No total foram atribuídos 15
troféus pelas diferentes categorias e vários
brindes fornecidos pelos patrocinadores.

Ricardo Rego, vereador da Câmara Mu-


nicipal de Viana do Castelo, gostou do
conceito deste evento: “Dentro daquilo
que são as parcerias que nós estabele-
cemos com entidades privadas, como é
o caso do FeelViana, procuramos apoiar
a todos os níveis, quer em termos de lo-
gística, quer no que seja necessário para
a organização desta prova. Da primei-
ra para a segunda edição sofremos um
aumento significativo de participantes,
o que prova que é de alguma forma um
evento para sedimentar em Viana do
Castelo. Este evento representa aquilo
que é o turismo de natureza, o turismo
desportivo, que é o foco do FeelViana.”

Ricardo Rego anunciou algumas novida-


des: “Neste momento estamos a preparar
um projeto para 2024 direcionado para
o desporto de natureza no qual vai fazer
parte o BTT, o ciclismo e o trail. Iremos
incluir percursos e pistas para as classes
mais jovens e a partir daí delinear um
conjunto de trilhos e itinerários corre-
tamente identificados e com toda a ma-
nutenção adequada para potenciar este
foco. Ou seja, Viana do Castelo em 2013
iniciou uma aposta naquilo que foram
os desportos náuticos (rio e mar) e em
2023 e 2024 vamos aproveitar a outra in-
fraestrutura natural que temos e que é a
montanha de Santa Luzia, por isso vamos
mesmo ter um lema que é “Conquistar
montanhas”. Essa será a nossa grande
aposta nos próximos anos”.

No final, José Sampaio, ressalvou o “es-


pírito incrível que se viveu ao longo de
toda a competição” que permitiu que a
segunda edição do “E-Viana Enduro Bike
fosse um verdadeiro sucesso”.
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mountainbikes.pt
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mountainbikes.pt
MASTERBIKE

A IMPORTÂNCIA DA GEOMETRIA

MEDIDAS
CERTAS
ANTIGAMENTE, ESCOLHÍAMOS O TAMANHO DA BICICLETA COM BASE NO
COMPRIMENTO DO TUBO HORIZONTAL. ATUALMENTE, É O REACH E O STACK
QUE ESTABELECEM O PADRÃO. MAS O QUE SIGNIFICAM ESTES TERMOS E COMO
AFETAM O COMPORTAMENTO DA BICICLETA? NESTE ARTIGO EXPLICAMOS-TE ISSO!

O ÂNGULO DE DIREÇÃO mos todos familiarizados com o perfil da


Antes de mais, convém clarificar que o vul- clássica mota chopper: com um ângulo de
garmente conhecido ângulo de direção de- direção de 45°. Estas máquinas rolam bem
veria ser corretamente denominado ângulo em linha reta, o que é ideal para as épicas
de direção da testa do quadro. Este valor e intermináveis estradas sem curvas dos
indica o ângulo da suspensão, ou mais pre- EUA, estilo Route 66. Mas porque é que isto
cisamente da linha reta através do tubo de acontece? O fator decisivo é o que é conhe-
direção da suspensão no que diz respeito à cido como trail, que é causado pelo arquea-
horizontal. Se o valor do ângulo de direção mento da força ou suspensão, causado pelo
for de 90°, significa que a suspensão es- ângulo de direção. Quanto mais próximo do
tá numa posição vertical. Nas bicicletas de plano for o ângulo de direção, mais a roda
estrada e nas de commuting, um ângulo de dianteira é lançada e avançada. O trail é a
direção de cerca de 71° tornou-se a norma distância horizontal desde o ponto de con-
ao longo do tempo. Durante décadas, as BTT tacto do pneu dianteiro até ao ponto em que
também se basearam nestes 71°, sendo a extensão virtual do eixo de direção toca o
apenas reduzidos nas categorias de Freeride solo (ver gráfico). O trail é influenciado não
e DH. Como quase tudo o resto em termos só pelo ângulo de direção, mas também pe-
de geometria, o ângulo de direção também lo avanço da suspensão, ou offset, através
mudou. Atualmente, as bicicletas de en- do qual o ponto de contacto do pneu com o
duro têm ângulos de direção de 62,5 a 64°, solo é deslocado para a frente, o que, por
as bicicletas de trail e all mountain de 64 a sua vez, encurta o trail.
65°, e as bicicletas de XC (apesar de ainda Isto é, poderíamos dizer que a roda dianteira
haver muitas que se mantêm nos “velhos não segue imediatamente o movimento da
padrões”) começam com ângulos de direção direção, mas é “arrastada” um pouco mais
de cerca de 67°. Em geral, quanto mais ver- tarde para ela, e portanto estabiliza. Este
tical for o ângulo de direção, mais direto é efeito de arrastamento ou atraso também
o movimento transmitido e mais ágil e ma- reduz o risco de a roda dianteira ficar presa
nobrável é a bicicleta. Um ângulo de direção num obstáculo. Os obstáculos reduzem ge-
mais plano, por outro lado, torna o manu- ralmente a velocidade, pelo que isto permite
seamento mais lento e mais estável. Esta- andar mais depressa. Além disso, quando
andamos de bicicleta, não só pedalamos em
terreno plano, também há subidas
CROSS-COUNTRY 67,0°–69,0° e descidas. O ângulo de direção,
que é medido estaticamente, mas
DOWN-COUNTRY 66,0°–67,5° é uma variável dinâmica, muda
de acordo com a inclinação do
terreno. Nas subidas, é colocado
TRAIL/TOUR 65,0°–67,0° mais peso no amortecedor da ro-
da traseira do que na suspensão
ALL-MOUNTAIN 64,0°–66,0° da roda dianteira, e no ângulo de
direção: a frente estende-se, a
ENDURO 62,5°–64,0° traseira comprime, e o ângulo de
direção torna-se mais plano. Em
descida torna-se mais vertical, o que é con-
traproducente, pois o centro de gravidade do
corpo desloca-se para a frente e comprime
a suspensão. Durante décadas, habituámo-
TEXTO:
André Schmidt nos a posicionar-nos atrás do selim nas
FOTOS:
descidas. Ao fazê-lo, reduzimos a pressão
Agron Beqiri na roda dianteira e, portanto, a sua mano-
90>
mountainbikes.pt
PROJEÇÃO
VERTICAL
DO EIXO DA
RODA

ÂNGULO DE
DIREÇÃO

PONTO DE
CONTATO
DO PNEU

91>
mountainbikes.pt
MASTERBIKE

brabilidade, sendo fácil perder a direção.


Um ângulo de direção aberto, por outro la-
do, permite-nos manter o corpo e o centro
de gravidade no meio em terreno íngreme.
Uma vez que o eixo da roda dianteira está
mais longe do centro de gravidade do ciclis-
ta, o risco de voar por cima do guiador é re-
duzido. Resumindo: podes exercer pressão
sobre a roda da frente sem ser catapultado
sobre ela.
Um efeito secundário positivo é que a sus-
pensão está mais bem posicionada na di-
reção da absorção e pode, portanto, ultra- OFFSET DA
passar melhor obstáculos maiores vindos SUSPENSÃO
da frente e para cima. No entanto, um ângu-
lo de direção aberto também tem desvanta-
gens. Como já foi mencionado, a sua incli-
nação é ainda maior, o que reduz a pressão
PROJEÇÃO
na roda dianteira e a torna mais imprecisa VERTICAL
na direção. DO EIXO DA
As bicicletas modernas contrariam isto efi- RODA
cazmente com ângulos cada vez mais in-
clinados do selim ou do tubo inferior. No
entanto, ao andar devagar, um ângulo de di-
reção aberto parece geralmente mais nervo- ÂNGULO DE
so. Podes ver isto pedalando sem as mãos DIREÇÃO
no guiador: uma bicicleta com um ângulo de
direção muito avançado dificilmente é ma- TRAIL
nejável a baixas velocidades sem uma mão
no guiador. Isto porque a força da gravidade
gera o binário na direção ao rodar, o que re-
força a curva real.
Com forças giroscópicas elevadas no ponto
de contacto, ou seja, a alta velocidade, isto PONTO DE
é quase impercetível, a bicicleta estabiliza CONTATO
quase sozinha, mas a baixa velocidade este DO PNEU
comportamento de direção é percetível e re-
quer algum esforço para voltar a endireitar
a bicicleta.
É por isso que uma boa técnica a curvar para contrariar a temida lentidão. Hoje em relacionado com o Reach e o tubo superior.
também é importante, e todas as boas es- dia isto mudou, e a tendência é claramente Em geral, uma tendência segue a outra. Co-
colas de ciclismo ensinam consoante este no sentido de uma compensação mais cur- mo o triângulo frontal do quadro tende a
ditado popular: inclina-te mais, vira menos! ta. Logicamente, o trail influencia a distân- alongar-se, os engenheiros têm de aumentar
cia entre eixos. Um offset mais curto resulta o ângulo do tubo de selim apenas por esta
O OFFSET numa distância entre eixos mais curta, o que razão, pois de outra forma a posição do se-
DA SUSPENSÃO não torna necessariamente a bicicleta mais lim seria demasiado alongada, demasiado
Tal como o ângulo de direção, o avanço da ágil (o trail mais longo contraria isto), mas esticada.
forqueta ou suspensão é debatido a quente. de uma forma mais “manejável”. Como o triângulo frontal tende a ser mais
Se olhares atentamente para a suspensão, curto no XC, o ângulo do selim pode ser mais
verás que o eixo está deslocado para a fren- O ÂNGULO DE SELIM plano, que é muitas vezes o que os profissio-
te em comparação com as pernas. A este Tal como o ângulo de direção, o ângulo do nais querem. As bicicletas rígidas têm quase
desalinhamento chama-se Offset, ou com- tubo vertical ou de selim tem sofrido alte- sempre um ângulo de selim mais baixo, por-
pensação. A maioria dos fabricantes ofere- rações significativas nos últimos anos. No que quando te sentas, devido ao sag da sus-
cem os seus modelos com duas compen- passado, 73° também era considerado “co- pensão, o ângulo do selim aumenta até 2°. E
sações diferentes: com suspensões de 27,5” rreto” do ponto de vista ergonómico, atual-
é normalmente de cerca de 37 ou 45 mm, mente os ângulos são tão íngremes como

44 mm
com 29” é quase sempre de 44 ou 51 mm. O 79°! O ângulo é medido através de uma lin-
ângulo de direção não é afetado pelo offset, ha reta virtual a partir do centro do topo do
mas o offset juntamente com o ângulo de espigão do selim para baixo, passando pelo
direção define o Trail. Como explicado no ân- centro do eixo do pedaleiro até à horizontal
gulo de direção, o trail quantifica a distância do solo. Devido ao desvio do espigão do se-
entre o ponto de contacto do pneu da roda lim dentro do tubo do quadro, o ângulo pode QUASE TODAS AS
dianteira no solo e a extensão imaginária do variar dependendo da altura do selim, pelo BICICLETAS NOVAS COM
eixo de direção. que alguns fabricantes especificam ângulos SUSPENSÕES DE 29” VÊM
Quanto maior o avanço, mais baixo é o valor de selim diferentes, dependendo do taman- COM UM AVANÇO DE 44
do trail. Uma vez que um trail longo torna o ho. MM, OU SEJA, O OFFSET
manuseamento mais estável, mas mais len- Atualmente, os ângulos de selim da maioria MAIS CURTO PARA
to, tanto nos primeiros anos de rodas de 29” das bicicletas situam-se aproximadamente
como com o início da tendência para ângu- entre 76° e 78°. Quase não há diferença, ape-
UM COMPORTAMENTO
los de direção mais abertos, era comum uti- nas as bicicletas XC tendem a ter um ângulo DE DIREÇÃO MAIS
lizar valores de compensação mais longos, de selim mais plano (cerca de 75°). Isto está CONTROLADO
92>
mountainbikes.pt
COMPRIMENTO DO
TUBO SUPERIOR

COMPRIMENTO
DO TUBO DO
SELIM

ÂNGULO
DE SELIM

o que é “ideal”? Isto é uma questão de gosto e varia de pes-


soa para pessoa. Basicamente, um ângulo de selim íngreme
permite sentarmo-nos mais no meio e otimiza o comporta-
mento em subidas íngremes.
Um ângulo de selim entre 76,5-78 graus proporciona o
melhor compromisso entre uma posição avançada e uma
agradável sensação a pedalar. Permite colocar pressão na
roda da frente, sem ter de deslizar sobre a parte de cima do
selim. Desta forma, um ângulo do tubo de selim mais incli-
nado compensa parcialmente a inexatidão da roda dianteira
em subidas íngremes causadas pelo ângulo de direção mui-
to plano.
No entanto, ângulos muito inclinados de 77° ou mais po-
dem causar problemas nos joelhos, uma vez que a flexão do
joelho aumenta quando se pedala. Isto pode ser contrariado
movendo o cleat dos sapatos para trás e movendo a selim
mais para trás; esta última modificação também alonga
a “posição de condução”. Também se pensa que um ângu-
lo íngreme do tubo do selim, devido à posição em que nos
sentamos, exerce demasiada pressão sobre o guiador, o que
causa dor nos pulsos. Do nosso ponto de vista, não pode-
mos confirmar isto.
93>
mountainbikes.pt
MASTERBIKE

COMPRIMENTO DO
TUBO SUPERIOR
Este é o comprimento do tubo superior do triângulo frontal.
Desde a introdução dos tubos superiores inclinados há mui- TAMANHO S 560–590 mm
to tempo, estes já não são tão horizontais como antigamen-
te, tendo atualmente uma curvatura abrupta em direção ao TAMANHO M 580–610 mm
tubo do selim. Devido a este fator, este comprimento deve
também ser medido no espaço, razão pela qual é frequente- TAMANHO L 600–630 mm
mente referido como comprimento do tubo superior virtual
ou horizontal e forma uma linha horizontal que começa no
centro superior do tubo da direção até ao centro do espigão
TAMANHO XL 620–660 mm
do selim. O comprimento do tubo superior depende, portan- Na geometria All-Mountain
to, do ângulo do selim, o que por sua vez explica porque é
que o comprimento do tubo superior é particularmente importante para a posição do selim.
Por outras palavras: o tubo superior juntamente com a posição horizontal do selim e o com-
primento do guiador, menos a curva para trás do guiador, resultam na “posição de condução”.
Quanto mais longa, mais esticado te sentas. Os comprimentos dos tubos superiores de BTT
são hoje frequentemente mais longos do que costumavam ser devido ao crescimento do triân-
gulo frontal. Há alguns anos, as bicicletas de tamanho L com um tubo superior de 620 eram
consideradas “demasiado compridas”, mas agora este valor é completamente normal. O facto
de a posição de condução quase não ter mudado deve-se à utilização de avanços mais curtos,
que são hoje cerca de 4 cm mais pequenos do que há dez anos (e 10 cm mais curtos do que
no início do BTT...). Também aqui, as coisas são mutuamente dependentes: sem um ângulo de
direção aberto, avanços curtos não fariam sentido. Importante: embora o comprimento e o al-
cance do tubo superior estejam intimamente relacionados, uma bicicleta com um tubo superior
curto pode teoricamente ter um alcance longo e vice-versa, uma vez que o valor de alcance é
independente da posição de condução.

O TUBO DE SELIM
Durante décadas, o comprimento do tubo do
selim foi o padrão para encontrar o taman-
ho certo. Costumava ser determinado ao
longo do comprimento dos tubos de selim
retos, mas atualmente este valor também
é medido virtualmente: começando no meio
do pedaleiro numa linha imaginária até à ex-
tremidade superior média do tubo inferior
do quadro. O comprimento do tubo inferior
não tem influência sobre o comportamento
da direção, e juntamente com a extensão do
espigão determina a altura do selim. Ainda
existe uma regra válida para encontrar o ta-
manho: o teu próprio comprimento da perna

76,5-78°
(medido desde o chão ao longo do interior
da perna até à virilha) multiplicado por 0,885
dá a altura do selim. A desvalorização do
comprimento do tubo do selim tem as suas
razões e consequências, dependendo de
ESTA GAMA DE VALORES como se olha para o quadro completo. Hoje
É A QUE NOS PARECE SER em dia, uma bicicleta é escolhida menos pe-
O MELHOR COMPROMISSO la sua altura e mais pelo seu comprimento.
ENTRE A POSIÇÃO EFICIENTE Portanto, muitos fabricantes tentam alterar
E AVANÇADA E A PEDALADA o comprimento do tubo inferior minima-
mente ou mesmo mantê-lo, mesmo em ta-
manhos diferentes. Isto funciona muito bem
com os tamanhos M e L cerca de 420-440
mm. O triunfo dos espigões telescópicos
com cada vez mais curso (atualmente até
230 mm!) permite esta flexibilidade, além
disso, juntamente com um tubo superior
que se une mais abaixo do tubo do selim,
isto garante uma enorme liberdade de movi-
mento na bicicleta.

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O REACH reach longo não é do agra-
TAMANHO S 400–440 mm
É o valor geométrico mais falado nos últi- do de todos, e algumas
mos anos. Não admira, porque até há cerca pessoas consideram es-
de dez anos este valor não era determinado tas “bicicletas compridas” TAMANHO M 440–480 mm
ou especificado para as bicicletas de mon- demasiado volumosas e
tanha, ao contrário do motocross, onde te- lentas no manuseamento, TAMANHO L 460–500 mm
ve origem. O reach, ou alcance, juntamente cada vez mais fabrican-
com o comprimento do avanço e a curva tes começam a basear as TAMANHO XL 480–520 mm
para trás do guiador, determina a distância a suas especificações/reco- Na geometria All-Mountain
que o guiador se encontra quando estamos mendações de tamanho de
montados na bicicleta. Tal como o compri- bicicleta no reach. Se procuras uma bicicleta
mento horizontal do tubo superior, o alcance divertida e fácil de virar, vai pelo mais curto,
é medido virtualmente, ou seja, não ao lon- se queres a melhor estabilidade possível, es-
go de um tubo. É o comprimento horizontal colhe um reach maior.
desde o centro do bordo superior do tubo
da direção até ao ponto que é perpendicular
ao centro do eixo do pedaleiro. Como tudo o
resto na geometria, o valor de reach tornou-
se mais extremo recentemente. Há apenas
alguns anos, 450mm era considerado “nor-
mal” para uma bicicleta do tamanho L, mas
agora cerca de 480-490mm é um valor nor-
mal. Alguns excedem mesmo a marca dos
500 mm.
Os pioneiros desta tendência estavam à
frente do seu tempo, tais como as marcas
Mondraker (inicialmente usando avanços
muito curtos), Pole na Finlândia e Nico- O STACK
lai, que outrora tinham medidas de alcance Tal como o reach, o stack tornou-se extremamente importante na escolha
anormalmente longas. À primeira vista, um da bicicleta certa. Até há cerca de dez anos, não fazia sentido porque nem
longo alcance significa um desempenho sequer estava definido. Este valor também vem do mundo do motocross
mais controlado, mais estável nas descidas. e, juntamente com o alcance, fornece informações sobre o “tamanho” do
Quanto maior for o reach, mais espaço tens triângulo frontal do quadro, indicando a altura em relação ao pedaleiro.
na bicicleta para te manteres na posição co- Mede-se verticalmente, começando no centro do pedaleiro até ao pon-
rreta: um erro de manobra ou um obstáculo to de interseção com o comprimento horizontal virtual do tubo superior.
negligenciado não te desequilibrará tão ra- O stack é determinado pelo comprimento do tubo da direção e pelo “BB
pidamente. Além disso, numa bicicleta com drop”, a posição do pedaleiro em relação aos eixos das rodas. Uma vez
um longo alcance, o ciclista é automatica- que o stack, tal como o reach, é medido independentemente do ângulo
mente posicionado um pouco mais à frente, do selim, diz pouco sobre a posição sentada, mas sim sobre a posição na
uma vez que a flexão dos braços se dá fre- bicicleta quando pedalas enquanto estás de pé. Quanto mais alto o valor,
quentemente de forma involuntária. Como mais alto o guiador e mais er-
resultado, o centro de gravidade move-se TAMANHO S 605–620 mm guida e, até certo ponto, mais
mais para a frente do eixo do pedaleiro, a relaxada a posição. Uma vez
pressão sobre a roda dianteira aumenta e TAMANHO M 615–630 mm que nem a altura da suspen-
assim a sua aderência, sem qualquer sen- são, nem a altura do peda-
sação de instabilidade. TAMANHO L 625–640 mm leiro, nem o comprimento do
O que antes era reservado aos profissionais, tubo da direção mudaram sig-
andar sobre a roda da frente, é agora também nificativamente nos últimos
um sucesso para os amadores. Em geral, os
TAMANHO XL 635–650 mm anos, os valores de stack têm
valores de alcance mais longos têm encon- Na geometria All-Mountain permanecido mais ou menos
trado o seu caminho em todas as catego- constantes nos últimos tem-
rias. Do XC ao enduro, as dimensões diferem pos. Podes definir a tua própria altura ajustando a elevação do guiador,
pouco. As exceções podem ser encontradas altura ou ângulo e comprimento do avanço, bem como o espaçador do
em ambos os extremos. avanço. Os profissionais da Taça do Mundo de XC “corrigem” o stack até
Por exemplo, as bicicletas de Downhill, para 2 cm para baixo com avanços invertidos. Os adeptos do Trail e Enduro au-
o máximo desempenho em descida, têm va- mentam o stack até 5 cm através de espaçadores e guiador elevado, mas
lores de alcance mais curtos do que as bici- não deve passar muito mais do que isso. Além disso, o “alcance efetivo”
cletas de enduro. A razão: nas bicicletas de muda devido à posição angulada do tubo de direção/suspensão. Quanto
DH o ângulo de direção é ainda mais plano, as mais alto o guiador, mais curto o alcance efetivo. O guiador baixo aumen-
escoras são normalmente mais longas e um ta o alcance efetivo.
alcance mais longo tornaria simplesmente a
bicicleta demasiado longa e demasiado lenta,
especialmente no ar. As bicicletas de XC são
(ainda) um pouco mais curtas do que as bici-
cletas de Trail e afins. Algumas pistas da Taça
do Mundo têm curvas apertadas mesmo a
subir, o que requer bicicletas particularmen-
te ágeis e manobráveis, e as posições de pi-
lotagem que normalmente se usam (avanço
negativo e longo, guiador plano) atingem
um “alcance efetivo” longo. Uma vez que um
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MASTERBIKE

REACH

COMPRIMENTO
DO TUBO DA
DIREÇÃO STACK

O COMPRIMENTO DO TUBO DA DIREÇÃO


O comprimento do tubo da direção é o único comprimen-
to de uma BTT que é medido diretamente no tubo, desde o
centro da borda inferior até ao centro da borda superior. O
comprimento do tubo da direção influencia a posição na bi-
cicleta, tanto na posição sentada como em pé. Como regra
geral, quanto maior for o tamanho do quadro, maior será
o tubo da direção. No entanto, uma vez que os tamanhos
das bicicletas são cada vez mais selecionados com base no
comprimento, ou seja, alcance, e não na altura, os fabrican-
tes tentam, tal como acontece com o comprimento do tubo
do selim, alterar o menos possível o comprimento do tubo
da direção entre os tamanhos ou mesmo deixá-lo na mes-
ma. As bicicletas de tamanho M e L podem definitivamente
“partilhar” um tubo de direção de 115 mm. Em geral, é tam-
bém verdade que as bicicletas com menos curso de suspen-
são têm ou podem ter tubos da direção mais curtos do que
as bicicletas com curso mais longo. Isto deve-se às forças
de alavanca em ação (quanto mais longa suspensão, maior
a alavanca, mais forte o tubo da direção precisa de ser), mas
também porque a maioria dos atletas de XC querem uma
posição muito aerodinâmica na sua bicicleta.

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COMPRIMENTO
DA ESCORA

ALTURA DO
PEDALEIRO
PONTO DE
CONTATO DA
PONTO DE RODA
CONTATO DA
RODA
DISTÂNCIA
ENTRE EIXOS

COMPRIMENTO DAS ESCORAS distância do centro do eixo da roda traseira a po Bosch) ocupam espaço atrás do pedaleiro.
uma linha vertical que passa pelo centro do
O comprimento das escoras e, portanto, o Em termos de manuseamento, as escoras
pedaleiro. O comprimento da escora influen-
comprimento do triângulo traseiro (e braço mais curtas geralmente proporcionam mais
cia a distância entre eixos. A dimensão da ro-
oscilante) é o único parâmetro geométrico agilidade e facilidade de levantar a dianteira.
da ou pneu é decisiva para o seu comprimen-
da bicicleta que está atualmente a sofrer uma Escoras mais longas garantem maior esta-
to. Um pneu de 29 x 2,6” requer mais espaço
espécie de moderação. O comprimento das bilidade nas descidas, mas especialmente
e, portanto, escoras mais longas do que um
escoras é também medido virtualmente e não nas subidas: a bicicleta sobe melhor e mais
pneu de 27,5 x 2,4”. Como resultado, as bici-
diretamente na escora, uma vez que a escora suavemente. Com o início da tendência para
cletas de 29” geralmente têm escoras mais
nunca está paralela à linha horizontal no solo triângulos dianteiros mais longos, a extremi-
longas do que os modelos de 27,5” ou “mu-
e é também por vezes interrompido por uma dade traseira tornou-se cada vez mais curta
llet” (29” à frente, 27,5” atrás). Estes últimos
junta (“Horst link”) no caso de sistemas mul- para quase todos os fabricantes a fim de “re-
permitem por vezes variar o comprimento,
ti-articulados. Em vez disso, é determinada a cuperar” a capacidade de aceleração supos-

435-445 mm
por exem- tamente perdida na parte traseira. Cada vez
plo, com mais fabricantes reconhecem que o equilíbrio
drop outs da bicicleta muda com o tamanho do ciclista,
ajustáveis. especialmente com triângulos dianteiros cada
Além disso, vez mais longos. A solução são escoras dife-
ESCORAS LONGAS SÃO A ESCOLHA quase todas rentes para cada tamanho: quanto maior for
PREFERIDA PARA BICICLETAS COM RODAS as eMTBs o tamanho da roda e a medida da bicicleta,
TRASEIRAS DE 29” E UM CURSO DE têm escoras maior será a extremidade traseira, de modo
SUSPENSÃO DE CERCA DE 150 MM, NOS mais longas, que mesmo as bicicletas XL permitem uma
uma vez que distribuição equilibrada do peso na bicicleta.
TAMANHOS M E L. AQUI O COMPROMISSO os motores
ENTRE “TRAÇÃO NAS SUBIDAS” E de “potência
“ESTABILIDADE NAS DESCIDAS” É A CHAVE. máxima” (ti-
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MASTERBIKE

DISTÂNCIA ENTRE EIXOS


A distância entre eixos é medida desde o ponto de contacto de uma roda até ao ponto de contacto da outra
roda no solo. A distância entre eixos de uma bicicleta de Enduro é significativamente maior devido ao ângulo
de direção mais lançado do que o de uma bicicleta de trail, com um ângulo de direção mais vertical. Como re-
sultado, a distância entre eixos não influencia o comportamento de direção de uma bicicleta, mas é a soma dos
parâmetros que a afetam: quanto mais aberto for o ângulo de direção e quanto mais longa for a distância entre
eixos, mais estável será a bicicleta, e vice-versa. A distância entre eixos tem uma in-
CROSS-COUNTRY 1160–1200 mm fluência na vida quotidiana, fora do domínio do comportamento da bicicleta nos tril-
hos. Por exemplo, uma e-MTB em tamanho XL pode atingir uma distância entre eixos
de até 1300 mm. Este tipo de bicicleta é difícil de armazenar na garagem, ultrapassa
DOWN-COUNTRY 1180–1220 mm as extremidades do porta-bicicletas do carro, e provavelmente já é difícil de encaixar
numa telecadeira do bike park ou no teleférico. As diferenças extremas nas tabelas
TRAIL/TOUR 1200–1250 mm devem-se também ao facto de os parâmetros se somarem: as bicicletas que são mui-
to avançadas em relação à sua categoria têm frequentemente tanto um ângulo de di-
ALL-MOUNTAIN 1220–1270 mm reção aberto como um triângulo dianteiro longo, o que significa que os resultados são
uma distância entre eixos extrema.
ENDURO 1250–1290 mm
Tamanho L, 29”

ALTURA DO PEDALEIRO
A maioria dos fabricantes não especifica a altura
do pedaleiro, embora seja muito importante na
prática. Quanto mais alto for o pedaleiro (medi-
do desde o solo até ao meio do eixo), maior é a
distância ao solo que a bicicleta tem. Isto mini-
miza o impacto do pedal ou das escoras quando
se passa por cima de obstáculos. No entanto, a
maioria dos engenheiros (há aqui filosofias defi-
nitivamente diferentes) tentam colocar o peda-
leiro baixo porque isto assegura um centro de
gravidade mais baixo tanto para a bicicleta como
para o ciclista. Quanto mais baixo for o pedalei-
ro, melhor será o manuseamento. Isto acontece
em todos os aspetos, porque um centro de gra-
vidade baixo aumenta a agilidade e estabilidade,
a bicicleta sente-se mais controlável e segura:
pode inclinar-se rapidamente de lado, mas tam-
bém encontra rapidamente o seu caminho de
volta à posição vertical. Uma bicicleta de enduro
com 170 mm de curso neces-
CROSS-COUNTRY 325–335 mm sita de um pedaleiro mais alto
em comparação com uma de
DOWN-COUNTRY 330–340 mm XC de 100 mm. Porque é que
os fabricantes não especificam
TRAIL/TOUR 335–345 mm a altura? Porque medem o BB
drop, ou seja, quantos milíme-
tros o pedaleiro está em relação
ALL-MOUNTAIN 335–350 mm à linha entre os dois eixos das
rodas. Este é o valor que dão,
ENDURO 340–355 mm muitas vezes dado de forma
negativa (por exemplo -30) nos
gráficos de geometria. Em contraste com a al-
tura do pedaleiro, o BB drop não é afetado, por
exemplo, pela altura dos pneus.

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L E VO, PA R A L Á D O I M AG I N ÁV E L

Poder
Sobrenatural

Specialized Turbo Levo Base Alloy


www.specialized.com

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