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RESUMO – Consciência Histórica (Jorn Rusen)

A Didática da História é a ciência da aprendizagem histórica. Seu objeto é a consciência


histórica das pessoas como lócus dessa aprendizagem, seu formato, seu desenvolvimento e
sua função na vida pessoal e na social dos alunos.

O debate sobre a consciência histórica tem diversas ênfases, uma delas está na perspectiva de
Piaget e Kohlberg. Para a apreciação dessa perspectiva é necessário fazer algumas
considerações preliminares: Como a consciência histórica se relaciona com as condições sociais
e políticas de seu contexto?

O ensino de História é um fator essencial na cultura de orientação histórica, ora, para a


construção de significado para a vida social das pessoas é preciso saber que pontos de vista da
orientação cultural são adotados pelo ensino e aprendizagem da História em seu contexto
político e social.

A consciência histórica não trata o passado como uma negação, ou abandono, do presente e
dos problemas da vida prática, visto que o pensamento histórico se fundamenta justamente
pela motivação de orientação de questões do presente que o direcionam a obter as respostas
no passado. Em sua maioria, tais questões se referem a identidade histórica que aspira por
estabilidade. Sem esses elementos estabilizadores da cultura histórica, a vida social não
funciona.

A consciência histórica abre um leque de questões tanto acerca de um passado desafiador


quanto de um futuro crítico ou afirmativo. Essa consciência se enraíza no presente,
encontrando sentido no passado e projetando o futuro.

A ciência da História fornece o saber histórico necessário à interpretação e à compreensão


Com seu formato especializado, como ciência, a História aporta elementos e fatores
específicos à cultura histórica de seu tempo: crítica e método. Ambos servem à consolidação
do poder de convencimento do saber histórico. Ela faz do saber histórico disponível na cultura
histórica do presente o objeto de controle crítico, podendo, assim, produzir novos saberes a
partir dos interesses cognitivos de seu presente. Transforma-se, assim, em instância de
verificação da validade de tradições e costumes, expandindo o horizonte temporal da
percepção e da compreensão do presente.

Esta validação, entretanto, encontra-se muitas vezes distante das necessidades de legitimação
e às necessidades de orientação do presente. Da mesma forma, apesar do aprofundamento da
produção científica em História, ela produz mais do que seria necessário para os interesses de
legitimação do presente.

No processo de aprendizagem histórica busca-se operar o pensamento histórico em uma


forma lógica própria com o objetivo de obter conteúdos específicos que sirvam à vida prática.
Sua forma é a narrativa do pensar e do saber histórico, seu conteúdo são os acontecimentos
do passado humano, a partir do qual o presente é orientado e o futuro projetado.

Dito isso, a Didática da História constitui-se como parte autônoma da ciência da História, com
relação estreita com a pedagogia e com a psicologia.

“A Didática da História possui três vertentes distintivas: empírica, normativa e pragmática.


Empiricamente, ela analisa os processos de ensino e aprendizagem da História.
Normativamente, ela reflete os objetivos do conteúdo e da apropriação dos conhecimentos
históricos. Pragmaticamente, ela elucida as competências do ensino de História e seus efeitos
sobre a consciência histórica dos alunos. Nas três vertentes, a Didática da História, mediante
investigação própria, produz entendimento, saber e competência para atuar (no ensino),
caraterístico da especificidade profissional do ensino de História”. (p. 19)

Como se forma essa consciência? Ontogênese das faculdades mentais, segundo Piaget e
Kohlberg, que distinguiam diversas formas de competências mentais divididas em níveis
sucessivos de desenvolvimento de acordo com a idade dos aprendizes. Investigações
ontogenéticas da consciência histórica praticamente não existem, já que as várias
competências narrativas da consciência histórica e sua estrutura lógica são mais difíceis de
estabelecer teoricamente e de investigar empiricamente.

Podemos distinguir quatro tipos: perspectivas tradicionais, exemplares, genéticas e críticas.


Podendo ser ordenadas quanto a sua evolução.

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