GAARDER, J. Ei! Tem alguém aí?. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

Um adulto, Joakim, marcado por um acontecimento de infância, escreve

uma carta à sua sobrinha que ganhará um irmão, aos 8 anos de idade. Entre
memória e imaginação ele recorda quando conheceu Mika, no exato período
em que ele mesmo ganharia o seu irmãozinho.

a) O protagonista revela que as coisas banais, mais comuns e cotidianas,

na verdade encerram mistérios e, dependendo de nosso olhar, podem
ser considerados verdadeiros acontecimentos. As características
fundamentais do comportamento no cotidiano é exatamente a de não
nos perguntarmos em torno dele;
b) Conveniência dos personagens principais são crianças: sonhadores,
imaginativos, inquiridores. Rubem Alves e Paulo Freire, respeitadas as
suas diferenças, defendiam um modelo educativo pautado pela
Pedagogia da Pergunta.
c) Joakim é extremamente inventivo, curioso (dinossauros, espaços
sideral, etc.). Percebe-se a participação e o exemplo paterno nesta
tendência;
d) No perguntar (a que Mika faz verdadeira reverência) está o princípio de
todo o conhecimento (filosófico, científico, etc.): “A resposta é sempre
um trecho do caminho que está atrás de você. Só
uma pergunta pode apontar o caminho para a frente”.
e) O encontro com Mika, o extraterreste: representativo da alteridade; o
encontro com o totalmente outro. A descoberta que o eu faz do outro.
Através do diálogo com o outro, da investigação, foram capazes de
descobrir o outro em si mesmos e que o outro é um eu também, tão
sujeito quanto eu (eliminar medos, preconceitos e a invenção do outro).
f) Há implicações ontológicas, epistemológicas e éticas no encontro com o
outro. Recordar a “Descoberta da América” e percepção que europeu
tiveram dos indígenas (“o maior encontro de toda história”, Todorov; o
“encobrimento do Outro”, diria Dussel).
g) Ontológica: descobrir qual é a “natureza” do ser de Joakim e Mika
(humano, bárbaro, animal); compreender como e o que cada um
conhece de si e de seu mundo; ética: tratados como um eu,
reconhecidos, ou não.