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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

FACULDADE DE CIÊNCIA HUMANAS (FACH) – HISTÓRIA

MARIANA LOPES ALVES

QUESTÕES AVALIATIVAS
Antropologia

CAMPO GRANDE
2020
MARIANA LOPES ALVES

QUESTÕES AVALIATIVAS

Trabalho apresentado para fins de


avaliação parcial da disciplina
Antropologia, sob a orientação do Dr.
Victor Ferri Mauro, no curso de História
da UFMS.

Campo Grande

2020
1. Com base na leitura de "O crisântemo e a espada", explique com exemplos a
importância de valores como honra, hierarquia, disciplina e perseverança para a
cultura japonesa tradicional e no contexto da II Guerra Mundial.
No livro “O crisântemo e a espada” é muito bem frisado as várias facetas do
povo japonês para as diversas circunstâncias, mas tendo em ressalva – a questão da
derrota. “O virtuoso assim era considerado na proporção em que se oferecia para
“honrar” os bens, a família e a própria vida” (BENEDICT, pág.126). O sentimento de
culpa quando suas falhas tornam-se conhecidas, o teor da vingança como reparador de
reputação, o suicídio como validador de honra são alguns dos temas abordados no que
diz respeito aos valores japoneses e seus respectivos pesos.
A honra – em minha visão – para os japoneses é aquilo que lhe é maior que a
própria vida. Ela transcende, em muitos pontos, o existir do indivíduo uma vez que
inúmeras ocasiões mencionadas no livro, estes se colocam em situação de sérias
penalidades em busca de uma “honra intacta”. Uma delas é a situação dos samurais,
que eram exigidos ao extremo no que tange o físico e o psicológico – sendo proibidos
de manifestar dor, fome até que chegue-se á morte – sendo essa a única circunstância
“compreensível” para que a guarda se baixe.
Outra questão preponderante e muito comparada entre Ocidente e Oriente é
sobre admitir o “não-saber”. Enquanto no Ocidente é muito mais valoroso que se
admita a própria ignorância (muito de herança da linha Socrática), no Oriente, é
penoso que se admita o “não-saber”, quase como um insulto dentro do que se concerne
à obra – uma vez que esta não se sapara da pessoa.
No que diz respeito aos valores japoneses durante a Segunda Guerra Mundial,
algo muito dialógico é a questão dos kamikazes (já apontados por Durkheim como
suicidas altruístas) que seguem a mesma lógica de alguns samurais – suicidar-se para
livrar-se de uma execução desonrosa, mas por honrar também a hierarquia em relação
ao imperador – morrer por aquele e/ou aquilo que lhe é maior. Isso não se cabe apenas
aos que participaram da linha de frente, mas também em todas as esferas da sociedade
civil como um todo, que tem a disciplina para a valorização dos mais velhos e o culto
ao imperador – que é próximo a deusa Sol. Mas a partir do momento em que houve a
derrota, o povo japonês não a recebeu com inimizade – e sim com boa vontade.
Uma vez que a derrota, lhes foi mostrada como uma segunda chance de
reconquistar sua honra. Se pelo caminho militar, que antes parecia o certo para lhe
oferecer respeito, na verdade lhe trouxe a derrota – então entende-se que eles podem
buscar a honra por outro: “Também esperam que como nação conseguirão novamente
envidar os maiores esforços no futuro, a fim de lutar por um lugar de respeito na
Organização das Nações Unidas. Isso seria de novo trabalhar pela honra, mas numa
direção nova. Se houver paz entre as Grandes Potências no futuro, o Japão poderá
trilhar o caminho da dignidade. Pois, no Japão, o objetivo constante é a honra.”
(BENEDICT, pág.146.)

2. Tendo em conta as referências bibliográficas da disciplina, explique a divisão interna


que ocorreu na comunidade japonesa no Brasil nos tempos da Segunda Guerra
Mundial, as estratégias e crenças de cada grupo e as consequências dessa cisão.

Diante do contexto de admissão da derrota japonesa e do corpo mundano do


Imperador, no Brasil, a comunidade nipônica dividiu-se em duas vertentes: Os
patriotas ou vitorias e os derrotistas ou esclarecidos.
Os patriotas eram aqueles que acreditavam que o pronunciamento de derrota
nada mais era do que, uma estratégia do inimigo para desanimar o exército pátrio e
tornar a vitória desfavorável para os nipônicos. Eles representavam a grande maioria
da comunidade e tinham traços nacionalistas extretamente fortes, sendo o público-alvo
das sociedades secretas – que dissiminavam notícias falsas e ideologias que basearam
muitos crimes.
Os esclarecidos eram aqueles que reconheciam a derrota japonesa aos aliados e
detinham uma situação econômica e um lastro cultural para com o Brasil muito mais
flexível do que o outro grupo. Por conta do radicalismo dos patriotas, os derrotistas se
viram obrigados a publicar uma nota – em língua japonesa – para evitar uma possível
ruptura na comunidade japonesa, que já passava por repressão suficiente com a
política antinipônica do Estado Novo.
Entretanto, esta nota serviu como motivação para os patriotas pensarem no
outro grupo como “traidores” e aos poucos, todos aqueles relacionados para com as
ideias dos esclarecidos passaram a ser estigmatizados. A socidedade secreta de Shindo
Renmei – provavelmente a maior e mais influente – passou a organizar panfletos e
dissiminação do que eles chamavam de “espírito japonês” nos territórios brasileiros
com maior concentração de japoneses.
Porém, como houve a tese destes que clamavam pela manutenção do culto ao
imperador e do comportamento ideal também houve a antítese daqueles que presavam
pelo esclarecimento aos japoneses, esse atrito resultou em 23 execuções e 142 pessoas
feridas.

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