Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
73 | 2018
Revisitar a Pneumónica de 1918-1919
Edição electrónica
URL: http://journals.openedition.org/lerhistoria/4070
DOI: 10.4000/lerhistoria.4070
ISSN: 2183-7791
Editora
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa
Edição impressa
Data de publição: 1 Dezembro 2018
Paginação: 67-92
ISSN: 0870-6182
Refêrencia eletrónica
Helena Rebelo-de-Andrade e David Felismino, « A pandemia de gripe de 1918-1919: um desafio à
ciência médica no princípio do século XX », Ler História [Online], 73 | 2018, posto online no dia 27
dezembro 2018, consultado no dia 03 maio 2019. URL : http://journals.openedition.org/
lerhistoria/4070 ; DOI : 10.4000/lerhistoria.4070
Ler História está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0
Internacional.
Ler História | 73 | 2018 | pp. 67-92
67
Helena Rebelo-de-Andrade
Dep. de Doenças Infecciosas e Museu da Saúde, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ri-
cardo Jorge; Host-Pathogen Interaction Unit, iMed.ULisboa, Faculdade de Farmácia,
Lisboa, Portugal
H.Rebelo.Andrade@insa.min-saude.pt
David Felismino
Museu da Saúde, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, Portugal
david.felismino@insa.min-saude.pt
A pandemia de gripe pneumónica foi, à escala mundial, das mais mortíferas de todo
o século XX. Entre a primavera de 1918 e abril 1919 grassou em Portugal, com uma
virulência irregular e invulgar, em três ondas sucessivas, que estimularam um intenso
debate científico. Aconteceu numa altura em que o agente etiológico da gripe (o vírus
influenza) não tinha sido identificado e os antibióticos não tinham sido descobertos, lan-
çando inúmeros desafios profiláticos e terapêuticos às autoridades sanitárias nacionais
e internacionais. Neste artigo, abordam-se alguns destes aspetos, com base na literatura
médica coeva e na investigação desenvolvida posteriormente, procurando discutir algumas
características biológicas da epidemia que possam explicar, em parte, a gravidade deste
fenómeno epidémico.
Abstract (EN) at the end of the article. Résumé (FR) en fin d’article.
1 A primeira estirpe de vírus Influenza isolada a partir do homem, em 1933, foi classificada como A(H0N1).
Este subtipo circulou de 1933 a 1946, quando surgiu uma nova variante designada A(H1N1) que depois
se verificou ser semelhante à estirpe de 1918. Estes subtipos A(H1N1) e A(H0N1), que circularam entre
1918 e 1956, ocasionaram epidemias regulares com difusão limitada, provavelmente porque sofreram
variações antigénicas pouco significativas, o que levou a que fossem incluídas no mesmo subtipo
A(H1N1).
H. Rebelo-de-Andrade, D. Felismino | A pandemia de gripe
a maior frequência das complicações, dos casos graves e das fatalidades que
caracterizaram a segunda e a terceira onda epidémica, tanto em Portugal
como a nível global.
72
Pese embora o estudo epidemiológico de Ricardo Jorge e as referências
jornalísticas coevas mencionarem os primeiros casos em terras alenteja-
nas, no princípio do mês de maio de 1918, uma leitura mais atenta dos
relatórios hospitalares e médicos da época parece sugerir múltiplas frentes
de entrada do vírus no território nacional e em cronologia ligeiramente
anterior. Em detalhado relatório do médico Mário de Castro, subdiretor
clínico do hospital da Cruz Vermelha, instalado no Palácio das Carrancas
(Porto) a partir de finais de fevereiro de 1918 para acolher e tratar os
militares infetados por tifo exantemático, referem-se 19 casos de interna-
mento com diagnóstico de gripe (num total de 98 internamentos), entre
8 de março e 7 de maio. A partir do primeiro caso diagnosticado em 8 de
março, nota-se uma aceleração do número de infetados, com novos inter-
namentos numa periodicidade quase diária (21, 23, 24 e 26 de março, e
11, 19, 26, 28, 29 e 30 de abril). Por outro lado, estes casos apresentam
períodos de internamento e convalescença (entre 10 a 15 dias em média,
podendo chegar às três semanas) invulgares no contexto de uma epide-
mia tradicional de gripe, sugerindo formas agravadas da doença, o que se
vem a verificar com a referência aos primeiros casos de infeções agravadas
do foro pneumónico em 2 e 7 de maio (Castro 1921). Ainda que esta
hipótese careça de um estudo mais alargado e detalhado, com base numa
revisão dos boletins clínicos hospitalares a nível nacional, os elementos
supramencionados parecem apontar para múltiplas frentes de entrada do
vírus da gripe em 1918, nomeadamente logo a partir de março, na região
norte do país, através dos militares portugueses regressados da frente de
combate francesa.
4 Por exemplo, La Mañana, 30/05/1918; El Sol, 01/06/1918; El País, 03/06/1918; Le Matin, 01 e 12/10/1918;
Le Petit Parisien, 31/10/1918; A Medicina Contemporânea, 31/08 e 17/11/1918, 23/03/1919; O Comércio
do Porto, 25/09/1918; Diário de Notícias, 10/10/1918.
H. Rebelo-de-Andrade, D. Felismino | A pandemia de gripe
76
Figura 2. Ilustração esquemática da origem dos vírus Influenza pandémicos
entre 1918 e 2009
depois de 1830 seria a mais bem protegida contra o vírus de 1918, por
exposição na infância a uma linhagem homosubtípica para H1 e N1,
correspondendo a uma menor mortalidade durante a pandemia (Woro-
bey, Han e Rambaut 2014). Para além das bases virológicas que tentam 77
explicar a mortalidade invulgarmente elevada entre os adultos jovens
que se observou durante a pandemia de gripe de 1918, podemos ainda
encontrar justificação na movimentação das tropas mobilizadas para a
guerra, constituídas por grupos etários em idade ativa, e na sua exposição
a condições de precariedade alimentar e sanitária, a armas químicas e
ao stress da guerra, ficando assim mais suscetíveis perante a doença e as
suas complicações. Por outro lado, os acampamentos militares e hospitais
superlotados e a proximidade nos campos de treino, nos alojamentos e
nos cenários de guerra foram também propícios à transmissão rápida da
doença.
A elevada patogenia do vírus da pandemia de 1918 e a resposta imuno-
lógica exacerbada à infeção foram, ainda, fatores determinantes no apareci-
mento dos casos graves e na grande mortalidade atribuída a esta pandemia.
De facto, as proteínas NS1 e PB1-F2 do vírus influenza da pandemia de
1918 podem ter sido determinantes no aumento da inflamação durante a
infeção viral primária e na frequência e severidade da pneumonia bacteriana
secundária. Ou seja, a potente capacidade supressora da resposta imune inata,
induzida por uma carga viral elevada, produziu um concomitante aumento
e desregulação da expressão das citoquinas pro-inflamatórias (tempestade
de citoquinas) (Taubenberger 2012; Auley et al 2015).
Neste contexto, as formas graves da doença e as suas complicações,
nomeadamente a pneumonia viral primária e a pneumonia bacteriana
secundária, assim como a consequente mortalidade elevada, resultaram de
uma complexa conjugação de fatores inerentes: (a) à patogénese do vírus
influenza de 1918; (b) à resposta inflamatória que induziu no hospedeiro
e às suas consequências na progressão da doença; (c) à exposição prévia
a outras estirpes do vírus influenza, particularmente durante a infância;
(d) ao contexto de particular suscetibilidade dos adultos jovens como
resultado do envolvimento na guerra. Não podemos, ainda, esquecer a
ausência de opções terapêuticas para o tratamento da pneumonia bac-
teriana, uma vez que só a partir da II Guerra Mundial se generalizou o
uso dos antibióticos (apesar de a descoberta da penicilina ter ocorrido
ocasionalmente em 1928).
H. Rebelo-de-Andrade, D. Felismino | A pandemia de gripe
3. Etiologia da pneumónica
6 La Manãna, 23/05/1918.
7 A Capital, 04/06/1918.
Ler História | 73 | 2018
8 La Manãna, 04/06/1918.
9 El Sol, 24/05/1918. Vide também La Mañana, 28/05/1918; El Sol, 06/06/1918 e 07/06/1918; El País,
05/06/1918 e 09/09/1918.
10 El Siglo Médico, 24/08/1918.
H. Rebelo-de-Andrade, D. Felismino | A pandemia de gripe
11 Relatório publicado no jornal O Dia, citado pelo autor em texto publicado em A Medicina Contemporânea,
30/06/1918.
12 A Medicina Contemporânea, 14/07/1918.
13 A Medicina Moderna, 14/07/1918.
14 A Medicina Contemporânea, 18/07/1918.
Ler História | 73 | 2018
21 El País, 24/05/1918.
22 A Capital, 20/07/1918.
23 A Capital, 18/06/1918; Le Petit Parisien, 02/10/1918; Le Journal, 02/11/1918, 07/11/1918; Le Matin,
07/11/1918; A Medicina Contemporânea, 02/03/1919.
24 El País, 06/06/1918.
H. Rebelo-de-Andrade, D. Felismino | A pandemia de gripe
44 A Capital, 02/11/1918.
45 Le Journal, 03/11/1918; El Sol, 28/09/1918; Le Matin, 05/10/1918.
H. Rebelo-de-Andrade, D. Felismino | A pandemia de gripe
5. Conclusão
Referências
Almeida, Maria Antónia Pires de (2013a). Saúde pública e higiene na imprensa diária em anos de
epidemias, 1854-1918. Lisboa: Colibri.
Almeida, Maria Antónia Pires de (2013b). “Epidemias no Porto em 1918: saúde e higiene na imprensa
diária em períodos de crise sanitária”, in A. L. Pereira, J. R. Pita (eds), Saberes e práticas em
torno do adoecer da alma e do corpo. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, pp. 65-72.
Almeida, Maria Antónia Pires de (2014). “Combatendo epidemias: Bernardino António Gomes, Sousa
Martins, Ricardo Jorge, Câmara Pestana, Almeida Garrett, Fernando da Silva Correia”, in M. F.
Rollo et al (eds), Espaços e Actores da Ciência em Portugal (XVIII-XX). Lisboa: Caleidoscópio,
pp. 309-326.
Aragão, Henrique de Beaupaire (1918). “A propósito da grippe”. Brazil-Médico, 32 (45).
Aulley, Julie; Kedzierska, Katherine; Brown, Lorena; Shanks, G. Dennis (2015). “Host immunological
mortality of young adults during the 1918 influenza pandemic”. Frontiers in Immunology. Mini
Review, 6 (419), pp. 1-17.
Castro, Mário de (1921). O Hospital da Cruz Vermelha durante a epidemia de Tifo Exantemático de
1918. Relatório dos serviços médicos prestados, apresentado à Ex.ª Comissão Central de
Sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha. Porto: Imprensa Social.
Chowell, Gerardo; Viboud, Cécile; Simonsen, Lone; Miller, Mark; Hurtado, José; Soto, Gabriela; Vargas,
Rodrigo; Guzmán, M. A.; Ulloa, M.; Munayco, Cesar (2011). “The 1918-1920 influenza pandemic
in Peru”. Vaccine 29 supl., pp. 21-26.
Chowell, Gerardo; Viboud, Cécile; Simonsen, Lone; Miller, Mark; Acuna-Soto, Rodolfo; Ospina Díaz,
Jua; Martínez-Martín, Abel Fernando (2012). “The 1918-19 Influenza Pandemic in Boyacá,
Colombia”. Emerging Infectious Diseases, 18 (1), pp. 48-56.
Chowell, Gerardo; Erkoreka, Anton; Viboud, Cécile; Echeverri-Dávila, Beatriz (2014). “Spatial-temporal
excess mortality patterns of the 1918-1919 influenza pandemic in Spain”. BMC Infectious
Diseases, 14 (371), pp. 1-12.
Cordeiro, Ricardo (2012). Filantropia: as cozinhas económicas de Lisboa (1893-1911). Lisboa:
ISCTE-IUL (dissertação de Mestrado).
Erboreka, Anton (2010). “The Spanish Influenza Pandemic in Occidental Europe (1918-1920) and
victim age”. Influenza and Other Respiratory Viruses, 4, pp. 81-88.
Frada, João José Cúcio (1989). Leiria e a Pneumónica de 1918, numa perspectiva médica, económica
e social. Lisboa: Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (Provas de Aptidão Pedagógica
e Capacidade Científica).
Frada, João José Cúcio (2005). A gripe pneumónica em Portugal continental, 1918. Estudo socioe-
conómico e epidemiológico com particular análise do concelho de Leiria [1998]. Lisboa: Sete
Caminhos.
Gagnon, Alain; Acosta, J. Enrique; Madrenas, Joaquin; Miller, Matthew S. (2015). “Is Antigenic Sin
Always “Original”? Rexamining the Evidence Regarding Circulation of a Human H1 Influenza Virus
Immediately Prior to the 1918 Spanish Flu”. PLOS Pathogens, 11 (3), pp.1-6.
Hannoun, Claude (1993). «La Grippe», Documents de la Conférence de l’Institut Pasteur: La Grippe
Espagnole de 1918, in Encyclopédie Médico-Chirurgicale, Maladies infectieuses. Paris: Ed.
Téchniques EMC.
Jorge, Ricardo (1918a). A Influenza. Nova Incursão Peninsular. Relatório apresentado ao Conselho
Superior de Higiene, em sessão de 18 de Junho de 1918. Lisboa: Imprensa Nacional.
Jorge, Ricardo (1918b). A Influenza e a Febre dos Papatazes. Lisboa: Imprensa Nacional.
Jorge, Ricardo (1919). La Grippe. Rapport Préliminaire présenté à la Comission Sanitaire des Pays
Alliés dans sa session de mars 1919. Lisbonne: Imprimerie Nationale.
Ler História | 73 | 2018
Lai, Kang Yui; Cheng, Fanny Fang; George, Wing Yiu. (2015). “The W-Shaped Mortality-Age Distribution
of Novel H1N1 IInfluenza Virus Helps Reconstruct the Second Wave of Pandemic 1918 Spanish
Flu”. Journal of Pulmonary & Respiratory Medicine, 5.02, pp. 1-21.
Mergoupi-Savaidou, Eirini; Papane-Lopoulou, Faidra; Carneiro, Ana (2016). “Popularization of Sci-
ence, Technology, and Medicine in the ‘Periphery’: A Step Further?”. Technology and Culture, 91
57 (4), pp. 966-977.
Nicolle, Charles; Lebailly, Charles (1918). “Quelques notions expérimentales sur le virus de la grippe.
Note de MM. Charles Nicolle et Charles Lebailly présentée par M. Emile Roux, séance du 14
Octobre 1918“. Comptes rendus de l’Académie des Sciences, pp. 607-611.
Nunes, Baltazar; Silva, Susana; Rodrigues, Ana; Roquette, Rita; Batista, Inês; Rebelo-de-Andrade,
Helena (2018). “The 1918-19 Influenza Pandemic in Portugal: A Regional Analysis of Mortality
Impact”. American Journal of Epidemiology, kwy164, pp. 1-30.
Nunes, Maria de Fátima (2014). “Ricardo Jorge and the Construction of a Medico-Sanitary Public
Discourse: Portugal and International Scientific Networks”, in M. A. Porras-Gallo, A. D. Ryan
(eds), The Spanish Influenza Pandemic of 1918-1919. Perspectives from the Iberian Peninsula
and the Americas. Rochester: University of Rochester Press, pp. 83-107.
Oxford, John (2001). “The so-called Great Spanish Influenza Pandemic of 1918 may have origi-
nated in France in 1916”. Philosophical Transactions of the Royal Linnean Society, 356,
pp. 1857-1859.
Pereira, Ana Leonor; Pita, João Rui (2011). “A higiene: da higiene das habitações ao asseio pessoal”,
in I. Vaquinhas (coord), A Época Contemporânea, vol III de J. Mattoso (dir), História da Vida
Privada em Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, pp. 92-116.
Pereira, Joana Dias (2014). “O ciclo de agitação social global de 1917-1920”. Ler História, 66, pp. 44-55.
Pereira, Joana Dias; Varela, Raquel; Noronha, Ricardo (2012). Greves e Conflitos Sociais em Portugal
no Século XX. Lisboa: Colibri.
Rebelo-de-Andrade, Helena (2001). Aspectos Epidemiológicos e Virológicos da Gripe: Desenvolvi-
mento de um sistema de vigilância. Lisboa: Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
(tese de doutoramento).
Redondo Cardeñoso, Jesús-Angel (2017). “Protestas populares por las subsistencias en el Alentejo
durante la Gran Guerra, 1914-1918”. Ler História, 70, pp. 141-160.
Richard, Sean Grayson; Sugaya, Sari; Simonsen, Lone; Miller, Mark; Viboud, Cécile (2009). “A com-
parative study of the 1918–1920 influenza pandemic in Japan, USA and UK: mortality impact
and implications for pandemic planning”. Epidemiology & Infection, 137 (8), pp. 1062-1072.
Rockwood, Charles; O’Donoghue, Don (1960). “The Surgical Mask: Its Development, Usage, and
Efficiency. A Review of the Literature, and New Experimental Studies”. AMA Archives of Surgery,
80 (6), pp. 963-971.
Sampaio, Arnaldo (1958). Subsídios para o estudo da epidemiologia da gripe. Lisboa: Faculdade de
Medicina da Universidade de Lisboa (tese de doutoramento).
Shanks, Dennis (2015). “Insights from unusual aspects of the 1918 influenza pandemic”. Travel
Medicine and Infectious Disease, 13 (3), pp. 217-222.
Simonsen, Lone; Chowell, Gerardo; Andreasen, Viggo; Gaffey, Robert; Barry, John; Olson, Don; Viboud,
Cécile (2018). “A Review of the 1918 herald pandemic wave: importance for contemporary
response strategies”. Annals of Epidemiology, 28, pp. 281-288.
Sobral, José Manuel; Lima, Maria Luísa; Castro, Paula; Sousa, Paulo Silveira (org.) (2009a). A Epi-
demia Esquecida: olhares comparados sobre a Pneumónica 1918-1919. Lisboa: Imprensa de
Ciências Sociais.
Sobral, José Manuel; Lima, Maria Luísa; Sousa, Paulo Silveira; Castro, Paula (2009b). “Perante a
Pneumónica: a Epidemia e as Respostas dos Agentes de Saúde Pública e dos Agentes Políticos
em Portugal (1918/1919)”. Vária História, 25 (42), pp. 377-402.
Sousa, Paulo Silveira; Sobral, José Manuel; Lima, Maria Luísa; Castro, Paula (2009). “A epidemia
antes da pandemia: o tifo exantemático no Porto (1917-1919)”, in J. M. Sobral et al (org), A
Pandemia Esquecida. Olhares comparados sobre a Pneumónica 1918-1919. Lisboa: Imprensa
de Ciências Sociais, pp. 279-290.
H. Rebelo-de-Andrade, D. Felismino | A pandemia de gripe
Taubenberger, Jeffery (2012). “Reconstruction of the 1918 Influenza Virus: Unexpected Rewards from
the Past”. MBio. Mini Review, 3.05, pp. 1-6.
Taubenberger, Jeffery; Morens, David (2006). “1918 Influenza: The Mother of All Pandemics”. Emerging
Infectious Diseases, 12.01, pp. 15-22.
92 Trilla, Antoni; Trilla, Guillem; Daer, Carolyn (2008). “The 1918 ‘Spanish Flu’ in Spain”. Clinical Infectious
Diseases, 47 (5), pp. 668-673.
Trindade, Luís (1998). “A epidemia da gripe pneumónica. A morte anunciada”. História, XX, 8, pp. 36-45.
Worobey, Michael; Han, Guan-Zhu; Rambaut, Andrew (2014). “Genesis and pathogenesis of the 1918
pandemic H1N1 influenza A virus”. PNAS, 11 (22), pp. 8107-8112.
•
THE 1918-1919 FLU PANDEMIC: A CHALLENGE TO MEDICAL SCIENCES IN THE EARLY 20TH
CENTURY
The pneumonic influenza pandemic was, on a world scale, the deadliest of the entire 20th
century. Between spring 1918 and April 1919, it raged in Portugal in three successive
waves, with an irregular and unusual virulence, which were marked by an intense scientific
debate. It happened at a time when the etiologic agent of influenza (the influenza virus)
had not been identified and the antibiotics had not been discovered, launching numerous
prophylactic and therapeutic challenges to national and international health authorities. In this
article, some of these aspects are approached, based on medical literature of that period
and the research developed later, trying to discuss some of the biological characteristics
of the epidemic that may explain, in part, the seriousness of this epidemic phenomenon.
Keywords: flu, influenza pandemic, pneumonic, therapeutics, prophylaxis, Portugal.