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Índice

Resumo ............................................................................................................................. 4

CAPITULO I .................................................................................................................... 5

1.Introdução ...................................................................................................................... 5

1.1.Objectivos ............................................................................................................... 5

1.1.2.Problema .................................................................................................................. 6

1.2.Revisão de Literatura .............................................................................................. 6

1.3.Definição de conceitos ............................................................................................ 7

1.4.Metodologias .......................................................................................................... 7

1.5.Ideia central ............................................................................................................. 8

CAPITULO II ................................................................................................................. 10

2. Processo de aparecimento das doenças no continente americano .............................. 10

2.1.Doenças e morte dos nativos americanos ................................................................. 11

2.2.Hipótese da epidemia em solo virgem ...................................................................... 13

Conclusão ....................................................................................................................... 15

Referências bibliográficas .............................................................................................. 16

Bibliografia ..................................................................................................................... 18

APÊNDICE .................................................................................................................... 19

ANEXOS ........................................................................................................................ 21
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Resumo
A chegada dos europeus ao novo mundo trouxe um impacto negativo, não só
contribuiu para a morte em massa dos nativos, mas também alterou na totalidade o modus
vivendi de todos os nativos do novo mundo, ou seja, dos nativos americanos, porem estes
também não tinham noção das doenças que transportavam, no decorrer do contato entre
os europeus e os indígenas, varias foram as formas de transmissão dessas enfermidades,
das quais se destacam a comercialização dos produtos alimentares, contato físico, tosse e
dentre outras formas. Os nativos indígenas não eram na sua totalidade imunes a estas
epidemias, pois, é constatado que vários morreram por efeitos destas doenças, e na sua
maioria eram: crianças, idosos, e as mulheres. Em um olhar mais geral, essas epidemias
contribuíram para a extinção de vários povos, pois também eram acompanhadas de
guerras e mortes sucessivas em todos os anos que os europeus estiveram em contato direto
com os povos indígenas do novo mundo.

Palavras-Chave: Doenças, Mortes, Nativos, Conquista.


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CAPITULO I

1.Introdução
Neste presente trabalho com o tema, Doenças e Mortes dos Nativos Americanos
Durante a Conquista Europeia do novo Mundo, partiu-se da premissa que, para um
entendimento adequado do processo de transmissão das doenças e o processo de mortes
dos nativos americanos durante a conquista europeia do novo mundo, ou seja nas
sociedades indígenas, é preciso levar em consideração não somente os aspectos bio
ecológicos que regulam a relação das doenças trazidas pelos europeus ao novo mundo,
por um lado, como também os fatores que contribuíram para a propagação destas mesmas
doenças no ceio dos indígenas do novo mundo, por outra, a meu ver, estas questões, assim
como diversas outras, são passíveis de serem abordadas por meio de um enfoque
histórico. Deve-se ressaltar que a pluralidade aqui manifesta vai além de uma tentativa de
compreender os processos pelos quais a propagação dessas doenças se fez passar no novo
mundo, expressões que ocupam um desenvolvimento diferenciado no discurso científico
contemporâneo. No estudo do processo destas doenças e mortes dos nativos americanos
durante a conquista europeia do novo mundo, ou seja em sociedades indígenas, é essencial
ter em conta de como este problema foi solucionado, o contato entre os europeus e os
indígenas, tem sido a hipótese mais aceite de contaminação das doenças que assolaram
os povos indígenas em várias circunstâncias.

1.1.Objectivos
Geral

 Compreender os factores que contribuíram para a aparição de doenças e


consequente morte dos nativos americanos durante a conquista europeia.

Específicos

 Descrever o processo de aparecimento dessas doenças no continente americano;


 Identificar as doenças e causas da mortalidade dos nativos americanos;
 Explicar a hipótese da epidemia em solo virgem.
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1.1.2.Problema
Durante séculos o continente americano foi habitado por diversos povos nativos,
como os ianomâmis, os astecas, os Toltecas, os incas, os maias, e muitos outros. Que
ocupavam diversas áreas e constituíam suas sociedades. No séc. XV concretamente em
1492, o navegador espanhol Cristóvão Colombo chegou a América, era a descoberta do
novo mundo, no século a seguir os europeus começaram o processo de conquista do novo
mundo que não foi fácil devido a presença dos nativos americanos.

Contudo, apesar da vontade de não se deixar subjugar pelos europeus, durante a


conquista, os nativos americanos sofreram varias baixas, com mortes relacionadas as
doenças, o que provocou a fácil conquista do continente americano pelos europeus. Dessa
forma esse trabalho tem a seguinte pergunta de partida. Quais foram os factores que
contribuíram para a aparição de doenças e consequente morte dos nativos americanos
durante a conquista europeia?

1.2.Revisão de Literatura
Waizbort (2019) diz que "há um consenso entre historiadores e demógrafos
históricos de que houve um colapso populacional dos ameríndios ao longo do século XVI.
O que se discute, de forma intensa, são as dimensões e as causas dessa tragédia humana"
(p. 929).

Até as décadas de 1970 e 1980, muitos historiadores, geógrafos, etnólogos e


infeciologistas postulavam a inexistência de surtos epidemiológicos provocados pelas
doenças eurasianas em solo americano antes do final de 1518 e início de 1519, quando
houve o aparecimento da varíola entre os ameríndios de Santo Domingo (Nunes, 2015)

Aos poucos, porém, alguns pesquisadores, em pequenos ensaios e consultando de perto


essas fontes escassas, começaram a defender a transferência de patógenos do Velho para
o Novo Mundo logo após a primeira viagem de Colombo. Entretanto, somente com
Francisco Guerra, historiador da Medicina, nos anos 1980, que se deu, de fato, início ao
movimento de se identificar as doenças e as causas da mortalidade taina após a segunda
viagem de Colombo, utilizando as crónicas, as cartas e os diários para a sua investigação
(Guerra, 1985, p. 325-347)

Além disso, a varíola, ao lado dos novos conquistadores, abriu caminho para a
chegada de novas doenças e epidemias eurasiana as terras da América a partir de 1531,
como sarampo, peste bubónica e novos tipos de tifos e gripes (influenza).
7

1.3.Definição de conceitos
Doença

Segundo Ribbert, (1911), doença é soma de alterações da estrutura do corpo resultantes


de eventos vitais anormais.

Para Rossle, (1928), doença é uma situação em que há duradouras perturbações de


eventos vitais, provocando prejuízos para o corpo ou suas partes.

Na perspectiva Gross, (1963), doença é uma perturbação dos processos fisiológicos de


um ser vivo pela qual se evidencia diminuição das capacidades deste ser.

Morte

Para Hegenberg (1998), a morte é o termo da vida devido a impossibilidade orgânica de


manter o processo homeostático.

Trata-se do final de um organismo vivo que havia sido criado a partir do seu
nascimento, ou seja, o fim da condição humana e das funções vitais, sociais e psíquicas
do ser e como um dado essencial da existência humana. (Dicionário Michaelis).

Para Cherobin (2020), a morte é a consequência da vida, é algo natural, como o nascer.

Nativos

Adjetivo próprio do lugar onde nasce; oriundo de um determinado local, ou seja,


alguém que pertence a um dado lugar desde a sua existência, acompanhado de sua cultura,
religião, língua dentre outros aspectos que o identifiquem.

1.4.Metodologias
Método de abordagem

Método indutivo

Para Prodanov e Freitas (2013), "é um método responsável pela generalização, isto é,
partimos de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral" (p. 28).

Este método me vai proporcional a visão geral do tema, dando assim um ponto de
vista geral em relação ao processo de contágio das doenças vindas da europa e morte dos
nativos aquando da conquista europeia no novo mundo, com as pesquisas que serão feitas
8

espero alcançar um desenvolvimento que me vai proporcionar uma explicação de como


tudo aconteceu.

Método de procedimento

Método Histórico

Na perspectiva de Lakatos e Marconi (2003), o método histórico "é aquele que seu foco
está na investigação de acontecimentos ou instituições do passado, para verificar sua
influência na sociedade de hoje, estuda as suas raízes visando à compreensão de sua
natureza e função" (p. 107).

Método Monográfico

Criado por Le Play, que o empregou ao estudar famílias operárias na Europa, parte do
princípio de que qualquer caso que se estude em profundidade pode ser considerado
representativo de muitos outros ou até de todos os casos semelhantes, o método
monográfico consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões, condições,
instituições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações. A
investigação deve examinar o tema escolhido, observando todos os factores que o
influenciaram e analisando-o em todos os seus aspectos (Lakatos & Marconi, 2003, p.
108).

Este método me vai ajudar na identificação das doenças e de como essas doenças eram
transmitidas, fazendo um estudo mais aprofundado sobre os nativos e europeus no novo mundo,
ou seja, a partir deste método, procurarei explicar de um modo geral as doenças e as mortes dos
nativos no novo mundo, como foi este processo e quais foram as consequências sofridas pelos
nativos.

1.5.Ideia central
Com chegada dos europeus no novo mundo, as doenças foram se alastrando, isto
fez com que os indígenas após o contacto ficassem mais frágeis, pois, eles estavam em
um ambiente onde detinham suas próprias doenças, porem as enfermidades que os
europeus trouxeram até o novo mundo fez com que os nativos americanos ficassem
contaminados e perdessem a vida durante a propagação de varias enfermidades que os
europeus trouxeram com eles durante o tempo de exploração/ocupação.

Por outro lado, os europeus, estes que eram transmissores diretos dessas
enfermidades gozavam de um sistema imunológico diferente dos nativos indígenas, pois
9

os nativos do novo mundo tinham um sistema imunológico diferente da dos europeus,


diferença esta que mais tarde após a propagação das enfermidades no novo mundo, fez
com que os nativos fossem os mais afetados pelas germes da varíola, sarampo, dentre
outras enfermidades que chegaram a dizimar varias vidas indígenas no novo mundo, que
mais adiante do desenvolvimento do trabalho se fara menção.

Vários historiadores negam a teoria que diz que os nativos eram meramente
virgens tratando-se do sistema imunológico, dai que essas enfermidades sendo que não
pertenciam a aquele ponto do mundo, de uma forma geral, chegaram a afetar direta ou
indiretamente os povos indígenas.
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CAPITULO II
O presente capítulo tem como objectivos, apresentar o desenvolvimento a cerca
das doenças e mortes dos nativos no novo mundo, desta feita, procura-se desenvolver
também a relação existente entre os nativos americanos e os europeus, como objectivo
específico, tentar-se-á explicar a forma de contagio e se fara um balanço geral das varias
mortes dos nativos. Pois assim poderemos chegar a um desenvolvimento e conclusão
desejável.

2. Processo de aparecimento das doenças no continente americano


Segundo Motolínia, a primeira praga que alcançou os nativos mesoamericanos foi a
varíola que, diante de seu desconhecimento, chamaram-na de veyzavatl [hueyzáhuatl],
“grande lepra”.

Para Nunes (2015), somente em 1519, portanto, que os ameríndios entrariam em contacto
com as enfermidades, sendo confundida como uma grande lepra, dada a semelhança dos
seus sintomas. (p. 90)

“Não há remédio, e os índios estão se acabando”, estas foram as palavras do padre


Dom Felipe Huaman Poma de Ayala em 1615, falando sobre os efeitos da conquista
espanhola sobre índios desde o século XVI. (tradução minha).

No pensamento de Crosby (1993), a chegada dos europeus as Américas trouxe consigo


algumas doenças que provocaram a morte de muitos indígenas.

Para Diamond (2009), em todas as Américas, as doenças introduzidas pelos europeus se


alastraram de uma tribo para outra bem antes do avanço dos próprios europeus, matando
um percentual calculado em cerca de 95% da população nativa da América pré-
colombiana. (p.77).

Por exemplo, a varíola se expandiu da América central, por meios de levas


migratórias, dado o horror da doença ou trocas comerciais já existentes, nativos
com a varíola em período de incubação, teria como levar a doença para lugares
distantes, onde continuava o ciclo da propagação.

A varíola teria chagado ao império inca bem antes de Francisco Pizarro,


desorganizando até a estrutura política do império com o adoecimento e morte do inca e
do sucessor por ele indicado.
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2.1.Doenças e morte dos nativos americanos


Na perspectiva de vital (2011),

Os europeus trouxeram consigo não somente armas, mas algo muito mais letal: os germes
do velho mundo, que eram responsáveis por diversas doenças como malária, gripe,
varíola, rubéola, dentre outras, que foram determinantes para a devastação demográfica
do novo mundo (p. 20).

A varíola teria sido a primeira e uma das mais importantes pandemias a atingir o
novo mundo. Doença que afetava principalmente crianças na europa,
desempenhou na América um importante papel na dizimação de diversas
sociedades imediatamente antes e durante o contacto com o Homem europeu.
(idem).

Segundo vital (2011);

A doença exterminou uma grande parcela dos astecas e abriu caminho para os
forasteiros até o centro de Tenochtitlán e à fundação da Nova Espanha.
Adiantando-se aos conquistadores, logo apareceu no Peru, matando uma grande
proporção dos súbditos do inca, o próprio inca e o sucessor que ele havia
escolhido. Guerra civil e caos seguiram-se. E então Francisco Pizarro chegou. Os
triunfos miraculosos desse conquistador, e os de Cortés, a quem ele soube imitar
tão bem, foram em grande parte triunfos do vírus da varíola. (p. 20-21).

Os únicos a perderem com as enfermidades no novo mundo foram os nativos, que


que desconheciam por completo, isso também aconteceu a outras doenças como sarampo,
e coqueluche. (idem).

A epidemia que veio em seguida da varíola matou quase a metade dos astecas,
incluindo o imperador Cuitláhuac. Os sobreviventes astecas ficaram
desmoralizados pela doença misteriosa que matava os índios e poupava os
espanhóis, como que anunciando a invencibilidade dos espanhóis. Em 1618, a
população inicial do México, de quase 20 milhões, caíra para cerca de 1,6 milhão.
(Diamond, 2009, p. 210).

O declínio foi rápido e severo, e as epidemias, o principal assassino. Em muitas


regiões, particularmente nas terras baixas tropicais, as populações caíram 90% ou mais
no primeiro século após o contacto.
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As populações ameríndias (estimadas) declinaram na ilha de Espanhola de 1 milhão, em


1492, para algumas centenas, 50 anos depois, o que corresponde a uma diminuição de
mais de 99%; no Peru, de 9 milhões, em 1520, a 670.000, em 1620 (decréscimo de 92%);
na bacia do México, de 1,6 milhões, em 1519, para 180.000, em 1607 (queda populacional
de 89%); e na América do Norte, de 3,8 milhões, em 1492, para 1 milhão, em 1800 (74%).
Um colapso geral de 53,9 milhões, em 1492, para 5,6 milhões, em 1650, equivale a uma
redução de 89% (Denevan, 1992, p. 371).

Bactérias e vírus foram os aliados mais eficazes. Os europeus traziam, como


pragas bíblicas, a varíola e o tétano, várias enfermidades pulmonares, intestinais e
venéreas, o tracoma, o tifo, a lepra, a febre-amarela, as cáries que apodreciam as bocas.

A varíola foi a primeira a aparecer. Não seria um castigo sobrenatural aquela epidemia
desconhecida e repugnante que provocava a febre e descompunha a carne. Os índios
morriam como moscas; seus organismos não opunham resistência às novas enfermidades,
e os que sobreviviam ficavam debilitados e inúteis (Galeano, 2011, p. 38).

Uma vez alcançada o Novo Mundo, a varíola, com o seu impacto catastrófico,
acabou deixando os ameríndios sem os seus curandeiros e quem pudesse produzir os
alimentos, contribuindo para a suscetibilidade dos nativos à essa doença e,
consequentemente, provocando uma queda demográfica irreparável.

Com base nas informações contidas no Códice, relatadas por León-Portilla, (s/d),
esta foi uma enfermidade muito destruidora, Muitas pessoas morreram dela, Ninguém
podia já andar, não estavam mais deitados, estendidos em sua cama.

Não podia ninguém se mover, não podia virar o pescoço, não podia fazer
movimentos no corpo; não podia deitar-se com a boca [virada para] baixo, nem deitar-se
sobre as costas, nem mover-se de um lado para outro. E quando se movia algo, dava
gritos.

A muitos se deu uma morte pegajosa, endurecida, dura enfermidade de grãos. Muitos
morreram dela, porém muitos somente de fome morreram: houve mortos pela fome;
ninguém já cuidava de ninguém, ninguém com os outros se preocupava. Alguns pegaram
os grãos alimentos de longe: esses não sofreram muito, não morreram muitos disso.
(idem).
13

Para Waizbort (2019),

A importância dos micróbios letais na história humana é bem ilustrada pelas conquistas
europeias e o despovoamento do Novo Mundo. Muito mais ameríndios morreram
abatidos pelos germes eurasianos do que pelas armas e espadas europeias nos campos de
batalha. Esses germes minavam a resistência indígena matando grande parte dos índios e
seus líderes e abalando o moral dos sobreviventes.

2.2.Hipótese da epidemia em solo virgem


A ideia de que as epidemias trazidas pelos europeus foram a causa primordial do
colapso demográfico dos ameríndios do hemisfério ocidental é conhecida como a
hipótese da epidemia em solo virgem, e normalmente é atribuída, a Crosby (1976) e
MacNeill (1976).

Livi-Bacci (2003), apresenta as bases darwinistas (evolutivas) da hipótese da epidemia


em solo virgem, e considera que “o efeito catastrófico das epidemias tende a se atenuar
com o tempo, à medida que se completam os processos graduais de adaptação e selecção”
(p. 41).

Segundo Waizbort (2019), a hipótese da epidemia em solo virgem, parece uma explicação
irretocável para a grande devastação humana, sobretudo em cenários de estimativas
populacionais pré – contacto muito altas.

Para alguns autores, os ameríndios (nativos indígenas) eram imunologicamente


virgens aos patógenos trazidos pelos europeus, isso significa que eles não
possuíam defesas imunológicas presentes nos europeus. A princípio, essas defesas
seriam adaptações genéticas dos europeus, que evoluíram ao longo de séculos em
contacto com parasitas como a (varíola, o sarampo, do tifo, entre muitas outras
doenças infeciosas), conferindo-lhes uma imunidade inata.

Diamond (2009) diz que, a varíola e as doenças trazidas pelos europeus são enfermidades
humanas de multidões. Segundo ele, é o fato de que elas circulam entre muitas centenas
de milhares de pessoas que as facultam a causar epidemias ou mesmo pandemias, capazes
de exterminar grande parte de populações imunologicamente virgens.

A explicação epidemiológica Oculta uma forma de compreender as epidemias que ignora


as circunstâncias ecológicas e sociais específicas que, no mínimo, pavimentaram o
caminho da destruição demográfica. E que o trágico desfecho populacional não era
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necessário, não foi determinado pela chegada das epidemias nas Américas, pois há
exemplos de epidemias entre ameríndios que foram trágicas, mas não desastrosas (Livi-
Bacci, 2003; Jones, 2016).

(Livi-Bacci, 2003, 2007) enfatiza que a discussão sobre os números é fundamental porque
é a partir da estimativa do tamanho das populações ameríndias ‘antes’ do contato com os
europeus, para mais ou para menos, que o poder das epidemias para a devastação
populacional torna-se absoluto (monocausal) ou relativo.

Houve um declínio das populações nativas a partir do contato com os europeus,


independentemente de suas causas, e que esse foi enorme e devastador. Esse declínio
iniciou-se com a chegada de Cristóvão Colombo à América, trazendo, inconscientemente
ou não, “novos habitantes”: os microrganismos que ceifariam as vidas de milhões de
ameríndios (Nunes, 2015. P. 63).

As Américas ficaram isoladas do resto do mundo por dez mil anos. Em virtude do
maior volume populacional e da maior variedade de animais domésticos (dos quais se
originam doenças como varíola, sarampo e gripe) do Velho Mundo, os europeus e
africanos desembarcaram no Novo Mundo carregados com toda uma gama de germes
mortais.

Embora estes ainda provocassem mortes no Velho Mundo, seus habitantes


haviam desenvolvido níveis de imunidade relativamente altos em comparação com os
americanos nativos, que morriam num ritmo e números assombrosos. No século e meio
que se seguiu à primeira viagem de Colombo, a população indígena da América sofrera
uma redução de 90%.

Conclusão

Com a chegada dos europeus a vida dos ameríndios mudou num piscar de olhos,
pois, eles nunca chegaram de ter um contato direto com os europeus, era uma fase de alta
tensão, pois este contato viria a se transformar em um genocídio, com a chegada dos
europeus, as doenças que vinham com eles propagaram-se por todo o novo mundo,
fazendo assim a dizimação de várias vidas indígenas.
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Conclusão
Chegado ao fim do trabalho, pode-se constatar que as Epidemias de sarampo e
varíola eram frequentes no novo mundo apos a chegada dos europeus, estas acarretavam
uma alta mortalidade tanto para os europeus como para os grupos nativos, devido aos
efeitos diretos e indiretos do contato experimentado pelas sociedades indígenas ao longo
do período histórico, possivelmente não é realista assumir uma relação estável entre estas
sociedades e o seu meio ambiente físico e social. Na verdade, a própria existência das
doenças colocou sempre os nativos em um perigo pelo qual eles nunca tinham passado
antes da chegada dos europeus, portanto, a propagação destas enfermidades não só
contribuiu para a dizimação dos nativos no novo mundo, assim como eram também
usadas como armas biológicas para a conquista do novo mundo.

Os povos nativos tinham suas próprias doenças, as quias já se tinham habituado a


combater com os seus próprios meios (medicamentos), desta feita a varíola, o sarampo
dentre outras doenças trouxe um novo olhar para a forma de combate a estas doenças,
sendo que ate os próprios europeus não tinham o controlo (cura) total destas
enfermidades, dai que mesmo na Europa essas doenças não eram conhecidas na
totalidade, pois os seus efeitos eram catastróficos devido a escassez de cuidados, para os
nativos essas enfermidades foram tao desastrosas que chegaram a morrer em um numero
consideravelmente alto, no período da conquista do novo mundo, os europeus usaram
essas mesmas enfermidades como armas biológicas para dizimar ou fazer com que os
nativos pudessem ceder as exigências europeias, mas também para que eles pudessem se
submeter ao comando europeia, fazendo trabalhos de campo, mineração entre outros.

Vários nativos morreram apos o contato com os europeus, porem na sua maioria
eram crianças, mulheres, e os idosos.
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Referências bibliográficas

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Lakatos, E. & Marconi, M. (2003). Fundamentos de metodologia Científica (5ª ed.). São
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Waizbort, Ricardo (2019). O debate inesgotável: causas sociais e biológicas do colapso


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17

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Cherobin Massing, P. (2020). A compreensão da morte e do morrer. Anuário pesquisa e


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http://periodicos.unoesc.edu.nr/apeusmo/article/view/26521.
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Rondônia e Mato Grosso.

Santos, Ricardo V. (1994). Saúde e povos indígenas. Organizado por Ricardo V. Santos,
Carlos Ε. A. Coimbra Jr. — Rio de Janeiro.
19

APÊNDICE
20

Epidemias que dizimaram os Nativos Americanos Apos a Chegada dos Europeus

Ano Doença Mortalidade

1520-1521 varíola Mais de um-quarto morreu entre

Um terço e um-meio ou mais.

1531-1532 Sarampo e/ou varíola morte e contaminação Especialmente alta,

entre as crianças e os idosos.

1563-1564 Sarampo, tifo ou Peste bubônica

cocoliztli Mais de um-meio dos

Nativos morreu durante este período


21

ANEXOS
22

Fig. 1 (Imagem ilustrando nativos infetados pela Varíola)

Fonte: Códice Florentino, v. III, livro XII, f. 54 Apud Field, 2008.).


23

Fig. 2 (Uma das primeiras representações pictográficas feitas por um artista nativo sobre
a epidemia de varíola).

Fonte: Codex en Cruz apud Nunes 2015. p. 100.

Fig. 3 (imagem ilustrando um jovem Europeu contaminado por varíola).

Fonte: Biblioteca Digital Mundial.

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